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Relatório Design e Cultura

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
Design e Cultura – Cesar Eduardo Kieling
Ângela Stocco Maschio
RELATÓRIO FINAL – DRAG QUEEN
Caxias do Sul, 2016
INTRODUÇÃO
Este relatório tem como objetivo mostrar a realização de uma análise sobre Drag Queens, na qual foi possível aprender mais sobre sua história e compreender melhor seus interesses e comportamentos.
DESENVOLVIMENTO
A primeira etapa do nosso trabalho foi escolher de qual tribo faríamos a pesquisa. Ficamos em dúvida entre os grupos de lutadores, funkeiros e drag queens. Após decidirmos que a pesquisa seria realizada com o grupo das drag quenns, já começamos a fazer a pesquisa sobre sua história, onde descobrimos um pouco mais sobre as drags, como por exemplo, que as drag queens existem há bastante tempo, antigamente quando as mulheres não faziam teatro, quem faziam os papéis femininos eram os homens. Drag queens são consideradas como personagens. Depois começamos a fazer a pesquisa netnográfica, como análises de perfis de redes sociais e drags na mídia. Conseguimos bastante material, pois as drags estão alcançando cada vez mais espaço na mídia e no mundo.
A partir das pesquisas desenvolvemos um questionário via Google, para as pessoas responderem na internet com perguntas relacionadas as drag queens. Obtivemos um grande número de respostas, com opiniões distintas de pessoas que vivem dentro e fora do grupo das drags. 
Após fazer as pesquisas virtualmente, começamos a construir personas para poder criar um produto para drag queens e também conseguimos conversar com um amigo nosso que estuda no Campus 8, com nome de Guilherme Schineider, para gravarmos uma entrevista presencial com ele. Elaboramos um novo questionário com perguntas um pouco mais pessoais sobre o seu dia-a-dia e como ele lida com a opinião das pessoas que o rodeiam. Gravamos a entrevista na sala de Fotografia do Campus, com os equipamentos de lá, e assim tivemos uma ótima qualidade de vídeo. 
Depois disso começamos a pensar em qual produto faríamos para poder ajudar o público de drag queen. Primeiramente tínhamos pensado em algo informativo para distribuir às pessoas, com o intuito de mostrar a elas um pouco mais sobre drag queens. Mas logo depois surgiu a ideia de fazermos uma plataforma digital, onde colocaríamos informações para ajudar as drags no seu dia-a-dia e também como uma forma delas se comunicarem, por exemplo, com tutoriais, músicas, redes sociais de outras drags, etc.
ENTREVISTA
Meu colega Vinícius foi quem fez as perguntas á ele, mas todos nós estávamos presentes observando a entrevista. O entrevistado Guilherme, sempre agiu de forma descontraída, em alguns momentos pude perceber que ele se sentiu um pouco desconfortável quanto a algumas perguntas que citarei ao decorrer do relatório.
Ele comentou um pouco sobre a importância da drag queen na sociedade, e que é um ato político que foge da normatividade de o que deve ser um homem, é uma forma de desconstruir tabus e tentar acabar com o preconceito de hoje em dia. Ele falou um pouco da história das drags, que elas na verdade são personagens, e é também uma forma de manifestação artística. 
Pedimos à ele como foi para a família quando ele decidiu ser drag queen, e ele respondeu: 
Na verdade Miranda Scandall, que sou ‘euzinha’, ela existe dentro de mim desde os meus dezesseis anos, eu fui montar Miranda dia dezessete de outubro do ano passado. Então, foi meio que uma brincadeira [...] fiquei belíssima e fui pra noite na fé e na coragem, esperando muitas críticas, mas eu fui elogiado, e tive reconhecimento. Já a família foi uma coisa mais complicada, porque é bonito na casa dos outros, é legal ver na televisão, não é legal ter dentro de casa, não é legal ver o filho comprando maquiagem, [...] não é legal ver o filho gastando dinheiro com peruca, [...] não é legal ver teu filho treinando salto dentro de casa, mas depois que passou o primeiro momento da minha mãe achando que aquilo era uma brincadeira de uma só noite e não eu ‘tá’ desenvolvendo um personagem ela [...] na verdade ela não concorda, mas ela aceita.
	Depois disso eu realmente fiquei pensando o quanto deve ser difícil para eles. No questionário que nós fizemos online uma das perguntas era se aceitaria na sua casa ou grupo de amigos, mas será que se realmente acontecesse com a pessoa ela aceitaria? 
	Quando pedimos quais eram as diferenças entre Guilherme e Miranda, ele respondeu que na verdade eram poucas, a única coisa era que a Miranda tem a liberdade de fazer o que ela quiser.
	Pedimos sobre o preconceito e ele disse que “eu mesmo tinha medo de drag, eu era ignorante, eu, que faço drag hoje [...] eu era meio preconceituoso com drag, porque eu queria fazer drag...”. 
	Perguntamos à ele o que ele espera atingir tanto pessoalmente como no cenário em que atua, ele nos respondeu que na verdade a parte pessoal dele já esta muito satisfeita, ele comentou que a Miranda na verdade é uma válvula de escape, e não uma forma de renda, porque sendo assim se tornaria obrigatório e chato, e isso causa certa aversão nele.
	A próxima pergunta foi sobre suas dores, nesse momento foi possível perceber que ele mudou a forma de falar, fechou-se um pouco e se sentiu desconfortável ao responder:
Acho que, eu não tenho dores, [...] mas eu tenho um ressentimento, porque assim, porque existe realmente o preconceito e por eu fugir ao máximo da heteronormatividade, eu fico triste porque realmente ter preconceito de gay com gay, eu continuo sendo um homem [...] é uma personagem e as pessoas, [...] não conseguem entender isso de uma forma clara, tipo perguntam porque eu não me visto de Miranda sempre, porque eu fico muito mais bonito. E isso não foi uma, não foi duas, não foi três, foram várias vezes e isso me incomoda muito, porque ‘poxa’ eu só tenho valor se eu estou parecendo uma mulher e não como um gay gordo. Eu sou feio? Não, o que é feio é o teu preconceito, é a tua construção [...].
	Perguntamos também qual era a opinião dele sobre o ataque que aconteceu há alguns dias em uma boate Orlando, em que um homem deixou cinquenta pessoas mortas e mais cinquenta feridas, e o que ele respondeu me tocou muito, e pude perceber que ao falar ele também ficou muito triste:
Eu como ser humano, foram vidas por um ato sem noção e banal, [...] eu sinto pela minha mãe, pela mãe dos meus amigos, que vão ter medo de deixar o filho sair de casa, [...] o medo ‘tá’ cada vez maior, eu tenho medo de sair na rua, [...] mas eu vejo que eu fazendo drag é um ato político, é não passar em branco e isso pra mim é satisfatório, mesmo sabendo que eu vá sofrer um tipo de agressão, mesmo que a minha vida esteja em jogo.
A ultima coisa que pedimos à ele, foi que deixasse uma mensagem:
‘Vamo’ fugir minhas ‘migas’ da heteronormatividade, ‘vamo’ se desconstruir, e ‘vamo’ ser feliz, e ‘vamo’ amar e amor pra todo mundo, e se montem um dia, tenham a oportunidade de se montar, e ver o quanto é libertador fazer drag queen.
CONCLUSÃO
	Fazendo este trabalho e essa pesquisa pude aprender muito mais sobre o grupo das drag queens, pude perceber o quanto é difícil passar por cima do preconceito que existe no país hoje em dia. Eu gostei muito de pesquisar sobre a tribo das drag queens, pois não conhecia muito a história delas e como era o seu dia-a-dia, consegui abrir minha mente e perceber que drag queens não são apenas homens que se vestem de mulher, mas sim personagens criados para dar mais liberdade à quem os faz e assim acaba tornando-se uma profissão.

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