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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA MATERIAIS ELÉTRICOS Felipe Santos Ladeia Loiola (201712060228) Henrique Silva Cardoso (20183025704) Larissa de Castro Braga (20183000581) Lucas Coelho de Lima (20183001542) MATERIAIS MAGNÉTICOS Belo Horizonte, Minas Gerais Julho, 2019 Felipe Santos Ladeia Loiola (201712060228) Henrique Silva Cardoso (20183025704) Larissa de Castro Braga (20183000581) Lucas Coelho de Lima (20183001542) MATERIAIS MAGNÉTICOS Trabalho apresentado à disciplina Materiais Elétricos do curso de graduação de Engenharia Elétrica do CEFET-MG como requisito parcial para a aprovação no semestre letivo (2019/1). Professora: Cássia Regina Santos Nunes Almeida. Belo Horizonte, Minas Gerais Julho, 2019 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO .............................................................. 1 2. CONCEITOS BÁSICOS ................................................................................................. 2 2.1 O domínio .................................................................................................................... 2 2.2 Classificação magnética dos materiais .......................................................................... 3 3. PRINCIPAIS APLICAÇÕES .......................................................................................... 5 3.1 Ressonância Magnética ................................................................................................ 5 3.2 Transformadores .......................................................................................................... 7 3.3 Motores de Indução ...................................................................................................... 9 3.4 Motores de Indução Trifásicos ....................................................................................10 3.5 Motores de Indução Monofásicos ................................................................................11 4. APLICAÇÕES MODERNAS .........................................................................................13 4.1 Controle de micro robôs a partir de campo magnéticos ................................................13 4.2 Nanocristais de alta permeabilidade.............................................................................13 4.3 Carregamento de baterias por indução .........................................................................13 4.4 Trem Maglev ..............................................................................................................14 4.5 Metamateriais .............................................................................................................14 5. CONCLUSÃO ................................................................................................................16 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................17 1 1. INTRODUÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO O magnetismo está presente em muitas situações cotidianas, seja de forma explícita, como no caso dos ímãs de geladeira, no uso de bússolas, ou seja, de forma menos evidente, como no funcionamento de aparelhos auto-falantes, televisores, telefones, entre outras. O primeiro fenômeno magnético observado foi a atração entre objetos que contêm ferro e imãs naturais. Houve um longo caminho desde a primeira observação até a construção da teoria do eletromagnetismo como conhecemos hoje. Na Grécia antiga, os gregos observaram que certo mineral encontrado na região da Magnésia, na Turquia, em estado natural, era capaz de atrair pedaços de ferro. Posteriormente, esse mineral foi chamado de magnetita. Atualmente, sabe-se que o principal constituinte da magnetita é um óxido de Ferro (Fe3O4) e que esse material tem a propriedade física de atrair não somente o Ferro, mas também o Cobalto, o Níquel, o Manganês e numerosas ligas desses metais. Embora o uso social dos ímãs naturais como a magnetita já fosse difundido, depois da invenção da bússola pelos chineses (por volta do século XI), houveram poucos estudos sobre o magnetismo nos séculos seguintes. Uma exceção ocorreu no século XIII, quando o francês Pierre Pèlerin de Maricourt, propôs que a força atrativa dos ímãs estava concentrada em dois pontos, os quais chamou de pólos, orientados espontaneamente um para o Norte e o outro para o Sul da Terra. O primeiro estudo de magnetismo considerado importante foi o livro “De Magnete”, publicado em 1600 pelo inglês William Gilbert, médico da rainha Elizabeth I. Gilbert realizou muitos experimentos sobre o assunto e descreveu, de maneira sistemática, certas propriedades dos ímãs como o seu poder de atração e repulsão. Para Gilbert, a atração de alguns objetos metálicos por ímãs e a repulsão por outros ímãs se daria por meio de correntes fechadas, chamadas de “effluvia”, as quais emergiam do pólo de um ímã em direção ao pólo de outro ímã. As effluvias arrastariam consigo os metais e outros ímãs ao retornarem ao ímã que as originava ou empurrariam outros ímãs quando houvesse repulsão. Gilbert também propôs que os pólos dos ímãs podem se atrair ou repelir, dependendo de serem iguais ou diferentes, mas ambos atraem materiais feitos de Ferro, Cobalto e Níquel, materiais chamados de hoje de ferromagnéticos. Os fenômenos elétricos e magnéticos foram estudados separadamente até 1820, quando o físico dinamarquês Hans Christian Oersted descobriu que a passagem de uma corrente elétrica em um fio condutor desvia uma agulha imantada que esteja próxima. Nos anos seguintes, o vínculo entre a eletricidade e o magnetismo tornou-se cada vez mais evidente, após os trabalhos efetuados por diversos cientistas, em que se destacaram Jean Marie Ampère, Michael Faraday e James Clerk Maxwell, até que ficou plenamente estabelecida a área da Física conhecida como eletromagnetismo, que é fundamental para a Engenharia Elétrica. 2 2. CONCEITOS BÁSICOS 2.1 O DOMÍNIO Quando André-Marie Ampère descobriu que os efeitos magnéticos também poderiam ser produzidos por correntes ele propôs a teoria de que as propriedades magnéticas de um corpo fossem originadas por um grande número de minúsculas correntes circulares dentro desse corpo. O campo magnético total no material seria, então, a soma do campo gerado pela corrente externa com o campo gerado por estas correntes microscópicas. Mais tarde, foi desenvolvida a teoria dos domínios onde se mostra que, os elétrons apresentam uma propriedade chamada spin que faz com que eles se comportem como pequenos imãs. Nos materiais magnéticos, o campo total devido aos spins dos elétrons é zero, seja porque eles se anulam naturalmente, seja porque estão orientados de forma aleatória. Em materiais magnéticos, como o ferro e o aço, os campos magnéticos dos elétrons (grupos de até 1012 elétrons) se alinham formando regiões que apresentam magnetismo espontâneo. Essas regiões são chamadas de domínios. Em uma peça não-magnetizada de um material magnético os domínios estão distribuídos de forma aleatória e o campo magnético total em qualquer direção é zero. Quando esse material sofre a ação de uma força magnetizante externa, os domínios que estão aproximadamente alinhados com o campo aplicado crescem à custa dos outros domínios, como mostrado na figura abaixo. Se o campo externo aplicado for suficientemente intenso, todos os domínios se orientarão nessa direção e, daí em diante,qualquer aumento do campo externo não causará nenhum aumento na magnetização da peça. Nesse caso diz-se que o material atingiu a saturação. Quando o campo magnético externo é removido, o grau de alinhamento diminui e o campo no interior do material cai para um valor, não necessariamente igual ao anterior, ou seja, a remoção da força magnetizante faz com que alguns domínios voltem a ficar desalinhados. Essa perda do alinhamento, porém, não é total e os domínios alinhados remanescentes são os responsáveis pela existência dos imãs permanentes. Figura 1: Domínios antes e depois de uma magnetização. Fonte: https://bit.ly/2WX2tN4 3 2.2 CLASSIFICAÇÃO MAGNÉTICA DOS MATERIAIS Fisicamente, os materiais podem pertencer ao grupo dos materiais ferromagnéticos, diamagnéticos, paramagnéticos, antiferromagnéticos e ferrimagnéticos Ferromagnéticos: Os materiais ferromagnéticos, ferro, níquel e o cobalto, têm átomos com momentos magnéticos permanentes. Esses momentos magnéticos estão alinhados, mesmo em ausência de um campo magnético externo. Entretanto a agitação térmica em temperaturas suficientemente elevadas transforma esse tipo de material em paramagnético. Nos materiais ferromagnéticos, devido ao alinhamento dos momentos magnéticos no interior do material, estes produzem um campo magnético, mesmo em ausência de campo externo. Caracterizam-se por uma magnetização espontânea, que é totalmente independente de campos magnéticos externos. A grandeza dessa magnetização depende da temperatura que, quando crítica o material passa de ferromagnético para diamagnético. Diamagnético: Um material diamagnético como o bismuto, quando é colocado na presença de um campo magnético externo, a densidade do fluxo magnético resultante dentro do material é reduzida drasticamente. Os momentos magnéticos no interior do material são alinhados contra o campo externo. Neste sentido os materiais diamagnéticos são caracterizados, também, pelo fato de que os átomos não produzem um momento magnético permanente. Ou, mais exatamente, os efeitos das micro-correntes no interior de um dos átomos se anulam, tal que o momento magnético resultante no átomo é zero. Nessas circunstâncias, quando aplicamos um campo magnético, pequenas correntes são produzidas no interior do átomo por indução magnética. De acordo com a lei de Lenz, essas correntes são tais que se opõem ao crescimento do campo externo. Então os momentos magnéticos induzidos nos átomos serão na direção oposta ao campo magnético aplicado. Assim, os momentos magnéticos induzidos nos átomos serão na direção oposta ao campo externo. Paramagnético: Quando um material paramagnético tal como a platina, é colocada na presença de um campo magnético externo, os momentos magnéticos do material são alinhados com o campo externo, e o fluxo de campo dentro do material é aumentado. As linhas de campo magnético externo penetram no material se alinhando com a mesma direção do campo. Em termos dos parâmetros magnéticos, os materiais paramagnéticos são caracterizados pela magnetização M na mesma direção de B. Os materiais paramagnéticos são caracterizados, também, por átomos que têm um momento magnético permanente. Os movimentos orbitais dos elétrons e os spins produzem correntes circulares que são diferentes de zero. O paramagnetismo é completamente inexplicado em termos do eletromagnetismo clássico. Se a magnetização dos materiais fossem atribuídas somente aos elétrons orbitando nos átomos, a partir da lei de Lenz poderíamos esperar que todos os materiais se comportariam como os diamagnéticos na presença de campo externo. A origem do paramagnetismo é o momento magnético constante 4 associado com o spin eletrônico. Como não existe um conceito clássico equivalente ao spin (quântico) podemos afirmar que este fenômeno só pode ser explicado com a ajuda da teoria quântica. Antiferromagnético: A interação antiferromagnética em materiais como dióxido de manganês, encontram-se, atreladas às interações de troca que ocorrem entre átomos vizinhos. Assim como no ferromagnetismo a interação implica a existência de momentos magnéticos permanentes nos átomos, mas ao contrário do que ocorre no ferromagnetismo, as interações de troca levam nesse caso ao alinhamento dos momentos magnéticos dos átomos em sentidos opostos, em um processo bem similar ao que ocorre com as orientações dos spins de dois elétrons quando ocupam o mesmo orbital atômico. Materiais antiferromagnético apresentam assim momentos magnéticos efetivos extremamente pequenos para não dizer completamente nulos. Materiais antiferromagnéticos tradicionalmente não respondem de forma significativa à aplicação de campos magnéticos moderados. Podem vir a fazê-lo de forma moderada se imersos em campos magnéticos exorbitantes, contudo. Nesse caso alguns dos momentos de dipolo magnéticos da estrutura alinham-se paralelos ao campo em detrimento do alinhamento antiparalelo com os íons vizinhos. Materiais antiferromagnéticos também têm suas propriedades dependentes da temperatura. Em temperaturas acima de uma temperatura limite conhecida como temperatura de Néel estes tornam-se paramagnéticos. Ferrimagnético: Nos materiais inclusos na classe ferrimagnéticos observa-se que a ação da interação de troca leva os momentos de dipolos magnéticos a se alinharem em configuração antiparalela, em um processo muito similar ao observado em materiais antiferromagnéticos. Diferentes desses últimos, contudo, nas substâncias ferromagnéticas estão presentes dois ou mais tipos diferentes de íons, esses com momentos de dipolo diferentes, de forma que a magnetização resultante não é nula. Há assim a formação de domínios similares aos observados no ferromagnetismo. Os materiais ferrimagnéticos, também chamados de ferrites, exibem comportamento magnético macroscópico intermediário entre os observados em materiais ferromagnéticos e em materiais antiferromagnéticos. O comportamento dos domínios em ferrites são similares aos observados nos materiais ferromagnéticos no que se refere aos aspectos que levam a uma elevada permeabilidade magnética característica desses materiais. O ferrites magnetizam-se com extrema facilidade. Contudo, ao contrário do observado em materiais ferromagnéticos, os ferrites não retêm magnetização quando o campo excitante é removido. 5 3. PRINCIPAIS APLICAÇÕES 3.1 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA A imagem por Ressonância magnética representa o mais excitante avanço nos métodos de imagem desde que se iniciou a radiologia médica em 1895, com a construção do primeiro equipamento de raios-X. O aparelho é composto por uma estrutura semelhante a do equipamento de tomografia computadorizada, mas no seu caso, possui um magneto potente e uma unidade de processamento, na qual a imagem é gerada. A técnica fundamenta-se em três etapas: alinhamento, excitação e detecção de rádio frequências. O alinhamento se refere à propriedade magnética de núcleos de alguns átomos, que tendem a se orientar paralelamente a um campo magnético. Por razões físicas e pela abundância nos tecidos corporais, o núcleo do hidrogênio (próton) é o elemento utilizado para produzir imagens de seres biológicos. Assim, para que estes átomos sejam orientados numa certa direção, é necessário um campo magnético intenso, que é habitualmente de 1,5T (30 mil vezes o campo magnético produzido pelo planeta). Cada núcleo de hidrogênio vibra em uma determinada frequência proporcional ao campo magnético em que está localizado. Em 1,5T, o hidrogênio tem frequência de 63,8MHz. O aparelho emite então uma onda eletromagnética nessa mesma frequência. Existe uma transferência de energia da onda emitida pelo equipamento paraos átomos de hidrogênio, fenômeno conhecido como ressonância. Quando os núcleos recebem esta energia, tornam-se instáveis. Ao retornar ao estado habitual, eles emitem ondas eletromagnéticas na mesma frequência (63,8MHz - faixa de ondas de rádio). Então o equipamento detecta essas ondas e determina a posição no espaço, uma vez que o sinal retornado é proporcional à concentração de prótons. Essa intensidade é mostrada como “brilho” na imagem, sendo utilizada a nomenclatura de intensidade de sinal. Deve-se considerar que a imagem final do exame é formada com a adição aleatória de pontos nos diversos cortes, sendo que qualquer movimentação acarretará na perda de pontos, inviabilizando a formação final das imagens e obrigando a repetição do exame desde o início. Desta forma, pacientes que, mesmo que colaborativos não conseguem manter a imobilidade devem ser submetidos à anestesia. Deve-se ter cuidado especial em relação aos portadores de próteses, clipes, marca passos e objetos metálicos, pois qualquer metal que contenha ferro, ao ser submetido a um campo magnético, pode gerar calor, provocando queimaduras, ou ser atraído violentamente pelo magneto, levando a danos tanto do aparelho como das pessoas em sua proximidade. Objetos que contenham bronze, alumínio, cobre, titânio, ouro e prata são permitidos. Os magnetos utilizados nos equipamentos de ressonância magnética podem ser de três tipos: 6 • Magneto resistivo: os fios que constituem a bobina são enrolados ao redor de um cilindro por onde passa a corrente elétrica. Esses magnetos são mais baratos de construir, porém necessitam de até 50kW e produzem campos de até 0,3T. • Magneto permanente: é constituído por um ímã permanente. São muito pesados e produzem campos magnéticos de até 0,4T. • Magneto supercondutor: são os mais utilizados. O fio é continuamente banhado em hélio líquido a uma temperatura de -233,5°C. O hélio que é utilizado para transformar o material da bobina em supercondutor ainda é muito caro, mas o equipamento que possui este tipo de magneto pode gerar facilmente campos de 0,5 a 2,0T, produzindo imagens com uma qualidade altíssima. Uma vez que a corrente passa pelo magneto, ela circula indefinidamente sem a necessidade de uma fonte, já que não há perdas elétricas nos supercondutores. Isto impede, consequentemente, o desligamento do aparelho de ressonância magnética. Quando há algum problema na máquina de ressonância magnética ou alguma emergência que requeira a diminuição imediata do campo magnético, o gás hélio deve ser esgotado através de um duto especial chamado de “tubo quench” ou duto de exaustão de emergência. Figura 2: Tubo quench. Etapas para a geração da imagem: • Alinhamento: o núcleo do hidrogênio presentes nos tecidos alinha-se com o campo magnético intenso produzido pelo equipamento. • Excitação: o aparelho de ressonância magnética emite uma onda eletromagnética de frequência de 63,8MHz. Esta energia é transferida aos átomos, que ficam instáveis. • Detecção: ao retornar ao estado habitual, eles emitem ondas eletromagnéticas na mesma frequência em que foram excitados, e o equipamento detecta este sinal. O sinal é proporcional a concentração de prótons nos diversos tecidos. 7 • Processamento dos sinais: através de um software, os dados obtidos na etapa anterior são processados computacionalmente para a geração da imagem em tons pretos e brancos. Quando se compara com outros métodos de geração de imagens pode-se apontar as vantagens da ressonância magnética: • Não utiliza radiação ionizante; • Alta resolução e alto contraste entre órgãos internos; • Largamente utilizado para imagens do cérebro, coluna e articulações. Entre as desvantagens, além da necessidade do resfriamento do gás hélio: • Equipamento caro e nem sempre disponível; • Incidência alta (até 10%) de varredura interrompida, resultado de claustrofobia. Esta incidência tem diminuído dentro das máquinas mais novas que são mais abertas; • Contraindicação para alguns casos de próteses e de marca passo. 3.2 TRANSFORMADORES Os transformadores são utilizados em vários equipamentos do nosso cotidiano, como, por exemplo, nas instalações elétricas e em equipamentos que utilizam como princípio de funcionamento a eletricidade. Também são utilizados na transformação de valores de tensão e corrente, além de serem usados na modificação de impedâncias em circuitos elétricos. Figura 3: Esquemático de um transformador. Fonte: https://bit.ly/2Uu8Vz3 É importante, tanto para a segurança quanto para o bom funcionamento (eficiência) dos aparelhos elétricos, que a tensão que sai da usina geradora de energia elétrica e a tensão que chega até as residências sejam relativamente baixas. Mas, por outro lado, quando se transmite energia da usina até as casas, indústrias etc., é preferível que se trabalhe com uma corrente elétrica muito baixa, mas para que a corrente seja relativamente baixa a tensão produzida deve ser bastante alta. Para que se eleve a tensão são utilizados os transformadores. O princípio de funcionamento de um transformador é baseado nas leis de Faraday e Lenz, as leis do eletromagnetismo e da indução eletromagnética, respectivamente. 8 Quando ligamos uma corrente alternada no enrolamento primário é produzido um campo magnético que é proporcional ao número de voltas do fio em torno do metal e a intensidade da corrente aplicada. O fluxo magnético que é produzido chega ao núcleo do braço metálico e sem encontrar resistência chega ao enrolamento secundário. Após chegar ao enrolamento secundário, por indução eletromagnética, cria-se uma corrente elétrica que tem variação de acordo com corrente do enrolamento primário e com o número de espiras dos dois enrolamentos. Estes equipamentos possuem mais de um enrolamento, sendo que estas partes são chamadas de primário e secundário em casos de transformadores com dois enrolamentos, e em transformadores que possuem três enrolamentos, além dos dois nomes já citados, o terceiro enrolamento é denominado terciário. Figura 4: Equação fundamental do transformador. Fonte: https://bit.ly/2KM6mmA Existem diversos tipos de transformadores: os monofásicos, que operam no máximo em duas fases (127V -220V ); os trifásicos (ou de potência), que funcionam em três fases (220V-380V-440V) e são aplicados na transformação de tensão e corrente, em que eleva-se a tensão e diminui-se a corrente, assim diminuindo a perda por Efeito Joule (perdas por sobreaquecimento nos enrolamentos); os autotransformadores, que tem o seu enrolamento secundário ligado eletricamente ao enrolamento primário e os de baixa potência, que são utilizados unicamente para diminuir impedâncias de circuitos eletrônicos e para casar impedâncias, a utilização deste tipo de transformador se dá a partir da acoplagem deste à entrada do primário de outro transformador. Além de serem classificados de acordo com o fim a ser usado, ainda existe a classificação de acordo com o núcleo. Os tipos de transformadores de acordo com o núcleo são: os de núcleo de ar, cujos enrolamentos ficam em contato com a própria atmosfera e os de núcleo ferromagnético, onde são usadas chapas de aço laminadas (no geral usam-se chapas de aço-silício, por diminuírem a perda por Corrente de Foucault ou correntes parasitas). Alguns transformadores são sensíveis a acoplamento estático nos enrolamentos, por isso eles recebem uma proteção chamada de Blindagem Eletrostática. Exemplos práticos de transformadores: Aquele transformador que você vê na rua é um típico transformador de potência trifásico, este recebe a tensão que vem da estação de distribuição, que está no nível de 13,8 KV(13800 Volts) e transforma em 127V e 220V. O transformador que você usa 9 em casa, é um transformador monofásico, ele transforma tanto 127V em 220V como 220V em 127V. E ainda existem os transformadores usados em circuitos eletrônicos, que transformam a tensão da sua rede em tensões significativamente menores. 3.3 MOTORES DE INDUÇÃO Os motores elétricos são máquinas assíncronas que possuem a capacidade de converter a energia elétrica em energia mecânica. Os motores combinam as vantagens da energia elétrica com o baixo custo, facilidade de transporte, limpeza e simplicidade no comando. Os motores de indução possuem uma construção aparentemente simples e seus custos são reduzidos, como por exemplo manutenção, fabricação e montagem, além de fácil adaptação às cargas de diversos tipos. Podemos separar os motores por uma infinidade de características, mas o fator determinante, que diferencia as classes de motores é a sua fonte de energia, pois existem os motores que funcionam com corrente contínua e outros com corrente alternada, monofásicos, bifásicos e finalmente trifásicos. Um motor de indução é composto basicamente de duas partes: Estator e Rotor. O espaço entre o estator e o rotor é denominado entreferro. O estator constitui a parte estática e o rotor a parte móvel. O estator é composto de chapas finas de aço magnético tratadas termicamente ou de aço silício para reduzir ao mínimo as perdas por correntes parasitas e histerese. Estas chapas têm o formato de um anel com ranhuras internas (vista frontal) de tal maneira que possam ser alojados enrolamentos, os quais por sua vez, quando em operação, deverão criar um campo magnético no estator. O rotor é tudo que gira em torno de seu próprio eixo, de forma a produzindo movimentos de rotação. Também é composto de chapas finas de aço magnético tratadas termicamente, com o formato também de anel (vista frontal) e com os enrolamentos alojados longitudinalmente. Figura 5: Esquema de um motor de indução. Fonte: https://bit.ly/2KPoATn 10 3.4 MOTORES DE INDUÇÃO TRIFÁSICOS Antes entender o que é e como funciona um motor elétrico trifásico é bom destacar o que exatamente um sistema de distribuição trifásica. Inventado no fim da década de 1880, o sistema trifásico é a forma mais comum da geração, transmissão e distribuição de energia elétrica em corrente alternada. Este sistema incorpora o uso de três ondas senoidais balanceadas, defasadas em 120 graus entre si, de forma a equilibrar o sistema, tornando-a muito mais eficiente ao se comparar com três sistemas isolados. As máquinas elétricas trifásicas tendem a ser mais eficientes pela utilização plena dos circuitos magnéticos. A aplicação de tensão alternada nos enrolamentos do estator irá produzir um campo magnético variante no tempo que devido à distribuição uniforme do enrolamento do estator irá gerar um campo magnético resultante girante na velocidade proporcional à frequência da rede trifásica. O fluxo magnético girante no estator atravessará o entre-ferro e por ser variante no tempo induzirá tensão alternada no enrolamento trifásico do rotor. Como os enrolamentos do rotor estão curto circuitados essa tensão induzida fará com que circule uma corrente pelo enrolamento do rotor o que por consequência irá produzir um fluxo magnético no rotor que tentará se alinhar com o campo magnético girante do estator. Figura 6: Representação das fases no estator do motor. Fonte: https://bit.ly/2wWX4v6 Figura 7: Fechamento das bobinas do estator por fase. Fonte: https://bit.ly/2R9jz9l Como o valor das tensões induzidas no rotor no caso de rotor bobinado dependem da relação de espiras entre o rotor e o estator, o estator pode ser considerado como o primário de um transformador e o rotor como seu secundário. 11 Este tipo de motor quando acionado por uma turbina e operando com uma rotação acima da síncrona pode gerar potência ativa e entregá-la ao sistema onde está conectado, passando então a funcionar como gerador. Velocidade de sincronismo, também chamada de velocidade síncrona, é a velocidade de rotação do campo girante. O valor desta velocidade depende da maneira como estão distribuídas e ligadas as bobinas no estator do motor, bem como a frequência da corrente que circula no enrolamento do mesmo. É calculada pela seguinte expressão: 𝑁𝑠 = 120 ∙ 𝑓 𝑝 Na qual: Ns= velocidade do campo girante, em rpm; f= frequência da rede de alimentação, em Hz; p= número de pólos. Escorregamento ou deslizamento ou SLIP, é a diferença entre a velocidade do campo girante e a velocidade do rotor, expresso em percentagem. É calculado pela seguinte expressão: 𝑆 = (𝑁𝑠 − 𝑁) 𝑁𝑠 ∙ 100 Na qual: S= escorregamento, em %; Ns= velocidade do campo girante, em rpm; N é a velocidade do rotor, em rpm. O escorregamento tem influência direta na frequência da força eletromotriz induzida na barra do rotor. No instante da partida, ou seja, quando o rotor está parado, o escorregamento é máximo, ou seja, S=1 e a frequência é igual a da tensão de alimentação. Sabemos que a frequência rotórica depende da velocidade de corte das linhas de força do campo girante, e como o escorregamento é diretamente proporcional a essa velocidade, conclui-se que a frequência rotórica é diretamente proporcional ao escorregamento. 3.5 MOTORES DE INDUÇÃO MONOFÁSICOS A crescente necessidade de utilização de motores elétricos em atividades das mais diversas se tornou algo comum ao nosso dia a dia, no entanto os motores elétricos trifásicos foram feitos com utilizações mais pesadas em mente, portanto possui níveis de potência maiores dos que a necessidade de algumas aplicações, foi com esta situação em mente que os Motores de Indução Monofásicos (MIM) foram desenvolvidos. Pelo fato de possuir apenas uma fase o MIM possui níveis de potência consideravelmente menores se comparados aos níveis do MIT, no entanto esse é o objetivo! Uma menor potência desenvolvida reduz os gastos com redes elétricas trifásicas e possibilita pequenos comerciantes/industriais a realizar tarefas que se utilizado o MIT seria considerado um exagero para realizar. No entanto um problema ao pensar em um MIM é o fato do campo magnético não conseguir induzir movimento ao rotor da máquina devido a característica pulsativa do conjugado 12 eletromagnético que apenas uma fase realiza. Tal problema é resolvido com a utilização de bobinas auxiliares para a partida do MIM, que uma vez em velocidade nominal, consegue manter o movimento do rotor sem a necessidade do enrolamento auxiliar. Estas bobinas auxiliares são controladas por uma chave e o fato dela possibilitar o movimento do rotor está ligado a componente eletromagnética que esta bobina induz junto a bobina principal, fazendo com que o conjugado eletromagnético das duas bobinas seja girante, e não mais pulsativo. Umas das características das máquinas elétricas em geral é a possibilidade de utilizá-las para algumas tarefas específicas, e no MIM isto não é diferente, podemos controlar o conjugado da máquina utilizando modificações no enrolamento auxiliar e, junto a todas as vantagens de um motor elétrico nos dias de hoje, é possível considerar os motores elétricos em geral um avanço gigantesco na tecnologia aplicada ao desenvolvimento. 13 4. APLICAÇÕES MODERNAS 4.1 CONTROLE DE MICRO ROBÔS A PARTIR DE CAMPO MAGNÉTICOS Uma das mais interessantes aplicações de materiais magnéticos deste estudo é a possibilidade de controle de micro robôs com as propriedades dos campos magnéticos de eletroímãs controlados por computadores, tornando avanços na medicina e nas indústrias algo mais concreto. O estudo estásendo realizado pelo laboratório de micro robótica da universidade de Toronto e um dos principais desafios para sua aplicação prática tem sido a dificuldade em controlar múltiplas células robóticas com variadas orientações muito próximas de si, devido a interferência dos campos magnéticos de umas nas outras. O potencial desta aplicação é muito grande e a tecnologia só tem a ganhar com os avanços potenciais desta aplicação, assim como as demais abordadas no estudo. 4.2 NANOCRISTAIS DE ALTA PERMEABILIDADE Nanocristais de alta permeabilidade são ligas ferrosas com propriedades especiais como por exemplo baixas perdas, alta permeabilidade inicial, magnetostricção próxima de 0 e magnetização de saturação em torno de 1,2T. Estas ligas são constituídas por nanoestruturas de Fe-Si e por isso são denominadas Nanocristalinos. Por conta destas propriedades especiais os Nanocristais podem ser aplicados em Transformadores para Fornos de Indução e também em Indutores de modo comum; Os transformadores para fornos de indução necessitam de uma operação em alta frequência para funcionar, isso faz dos Nanocristais candidatos muito bons para serem utilizados na construção deste equipamento específico e, aliado a necessidade de se reduzir as perdas magnéticas presentes no transformador os nanocristais são amplamente recomendados para esta aplicação. No caso do Indutor de modo comum a necessidade de se usar os nanocristais se dá devido ao fato de que estes podem alcançar valores altos de indutância devido a sua alta permeabilidade, o que resulta num menor espaço físico ocupado pelo equipamento na hora de construí-lo pois será necessário bem menos espiras de nanocristais para a correta aplicação. 4.3 CARREGAMENTO DE BATERIAS POR INDUÇÃO As tecnologias por trás dos smartphones têm avançado cada vez mais. Agora a grande novidade da área são os carregadores sem fio, que permitem que você recarregue seu celular e outros acessórios apenas colocando-os sobre o carregador ou nas proximidades deste, o chamado carregamento por indução. 14 Apesar de estar em alta, não é uma tecnologia tão nova assim. Já era falada dessa tecnologia desde os anos 90, porém em smartphones começou em 2015, chegando em alta no ano de 2018 e é muito útil, principalmente para aqueles usuários que buscam se livrar de fios cada vez mais. A tecnologia por trás desses carregadores é a indução magnética, é ela que permite que o cabo seja substituído por proximidade. Possui uma bobina no carregador e outro no celular, o carregador possui um transformador que diminui a tensão, quando passa a corrente pela bobina do carregador, induz uma corrente na bobina do celular, gerando uma corrente induzida, carregando a bateria do celular. O padrão de carregamento mais popular é o Qi, já teve adesão de grandes corporações, como Samsung e Apple. As vantagens desse tipo de carregador é a praticidade e segurança, já que a chance de ocorrer acidentes elétricos com o celular é menor, como curtos. E a principal desvantagem é o tempo de carregamento, pois a perdas de cerca de 30% no processo de indução. 4.4 TREM MAGLEV Um dos desafios da humanidade atualmente é o transporte público em grandes centros urbanos, o crescente aumento da população mundial e a popularização de carros tem afetado diretamente o transporte em inúmeras metrópoles ao redor do mundo, no entanto uma das soluções que a tecnologia propões são métodos de transportes eficientes e rápidos como o Trem Maglev. A tecnologia por trás deste trem é baseada nos materiais magnéticos e suas propriedades, onde podem ser exploradas a levitação do trem por meio da repulsão magnética, atração magnética ou indução magnética, o que aumenta o leque de opções para a implementação do Trem Maglev em algum centro urbano; Outra característica interessante é a propulsão magnética, que faz o trem se mover a velocidades muito altas de até 500 Km/h, sendo esta baseada nos mesmos princípios usados na levitação dos vagões. As vantagens de se utilizar um Trem Maglev são: • Baixa emissão de poluentes e poluição sonora; • Viagens mais rápidas; • Economia de espaço na construção de trilhos e vagões. No entanto as desvantagens são: • Altos custos de implantação e manutenção; • Instabilidade dos vagões; • Sensibilidade dos circuitos de controle dos vagões. 4.5 METAMATERIAIS O metamaterial é projetado para ter uma propriedade que não é encontrada em um material natural. Sua ideia principal é interagir com a luz de forma que materiais naturais não conseguem. Sua 15 construção é feita com interligação das características como densidade, permissividade, entre outras. Duas de suas possíveis aplicações são as lentes e a transmissão de energia elétrica sem fio. A lente é normalmente feita em formato específico de vidro para desacelerar a luz incidente, criando um foco. E se fosse possível maior flexibilidade nas propriedades do material para criar lentes mais simples, porém desenvolvendo a mesma função? Para isso, pode-se utilizar o metamaterial, a sua grade de estrutura metamaterial deve ter tamanho significamente menor que o comprimento de onda que se deseja controlar, isso a torna sofisticada. Na sua construção seria possível criar ondas totalmente diferente, além de criar lentes mais simples. A transmissão de energia elétrica ainda não tem estudos avançados pelo fato da dificuldade do sistema em atingir a frequência de ressonância, devido a distância. O uso do metamaterial propõe a alteração da propriedade de permeabilidade magnética, tornando-a negativa para aumentar o acoplamento magnético entre o transmissor e o receptor, gerando assim uma melhor eficiência do sistema. 16 5. CONCLUSÃO Através deste trabalho foi possível conhecer sobre os materiais magnéticos e as novas tecnologias que estão sendo desenvolvidas com os mesmos. Pode-se concluir que a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias nesta área são fundamentais para o avanço tecnológico e melhoria na qualidade de vida, além de ser fundamental para a manutenção da Engenharia Elétrica. Ademais, foi uma excelente oportunidade para aprimoramento de conhecimentos teóricos sobre o tema do trabalho, conteúdo que intercepta a matéria vista na disciplina de Física II, proporcionando assim, uma base mais sólida para a formação profissional dos autores deste trabalho. 17 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brum, Bruno. Transformadores. s.d. https://bit.ly/2J9zhgx (acesso em 01 de Jul. de 2019). ILSEC. Motor trifásico e motor monofásico. Como funciona? 13 de Ago. de 2015. https://bit.ly/2XDasmZ (acesso em 01 de Jul. de 2019). Magalhães, Michel. Materiais Magnéticos. s.d. https://bit.ly/2NqRQmp (acesso em 01 de Jul. de 2019). Mundim, Kleber C. Materiais magnéticos. 16 de Fev. de 2001. https://bit.ly/2XJuxYN (acesso em 01 de Jul. de 2019). Mundo da Elétrica. Motor trifásico. Como funciona e qual sua aplicação? s.d. https://bit.ly/2XfNMVq (acesso em 01 de Jul. de 2019). —. Tipos de Transformadores. s.d. https://bit.ly/2LgvhL4 (acesso em 01 de Jul. de 2019). Silva, Domiciano Correa Marques da. Transformadores. s.d. https://bit.ly/2Uu8Vz3 (acesso em 01 de Jul. de 2019). Silva, Márcio Melquíades. “Ressonância magnética.” Em Equipamentos de diagnóstico e terapia por imagem, 69-73. Belo Horizonte, 2017. Só Física. Transformadores. s.d. https://bit.ly/2SoDV2i (acesso em 01 de Jul. de 2019). Válio, Adriana Benetti Marques. “Magnetismo em ímãs e bússolas.” Em Ser protagonista - Física 3, 109. São Paulo: Edições SM, 2016. Wikipedia. Magnetismo. 24 de Jun. de 2019. https://bit.ly/2RQF5jE (acesso em 01 de Jul. de 2019). —. Motor de indução. 03de Jun. de 2019. https://bit.ly/2LUDuWv (acesso em 01 de Jul. de 2019). —. Sistema trifásico. 29 de Mar. de 2018. https://bit.ly/2FKquRL (acesso em 01 de Jul. de 2019).
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