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Téchne - Edição 139 (16-10-2008)

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‘a revista do engenheiro civil
techne
téchne
139 outubro
2008
www.revistatechne.com.br
IPT
apoio
Edição 139 ano 16 outubro de 2008 R$ 23,00Kum
ar M
ehta ■
G
estão de carreira ■
Lençol freático ■
Casa Concreto/PVC ■
Segurança do trabalho ■
Transporte de m
ateriais ■
Steel fram
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Elevadores
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3
9
Fabio Villas Bôas
diretor técnico 
TECNISA
Rodrigo Martins
gerente de 
planejamento e controle 
SCHAHIN
Paula Petroni
engenheira
coordenadora
GAFISA
ENTREVISTA
Kumar Mehta:
concreto
sustentável
Setor aquecido volta a valorizar profissionais.
Saiba como aproveitar a onda de oportunidades,
mas com responsabilidade e profissionalismo 
Setor aquecido volta a valorizar profissionais.
Saiba como aproveitar a onda de oportunidades,
mas com responsabilidade e profissionalismo
SISTEMA
CONSTRUTIVO
Casa 
Concreto/PVC
SEGURANÇA 
DO TRABALHO
Como fazer um
plano de gestão
SUBSOLOS
Rebaixamento
de lençol freático
Gestão de carreiraGestão de carreira
capa tech 139.qxd 8/10/2008 09:00 Page 1
outras capas 139.qxd 6/10/2008 17:24 Page 2
outras capas 139.qxd 6/10/2008 17:24 Page 3
outras capas 139.qxd 6/10/2008 17:25 Page 4
1
SUMÁRIO
SEÇÕES
Editorial 2
Web 6
Área Construída 8
Índices 14
IPT Responde 16
Carreira 18
Melhores Práticas 22
Técnica e Ambiente 30
P&T 66
Obra Aberta 70
Agenda 74
Capa
Layout: Lucia Lopes
Foto: Marcelo Scandaroli
ENTREVISTA 
Concreto sustentável
"Papa" mundial do concreto, Povindar
Kumar Mehta defende a redução de
clínquer no cimento e menos
cimento na pasta de concreto
46
24
CAPA
Futuro planejado 
Boom imobiliário, crescimento econômico e
falta de profissionais levam engenheiros
a planejar mais sua carreira
32 SISTEMAS
CONSTRUTIVOS
Construção plástica
Braskem amplia unidade administrativa
em Paulínia (SP) com escritórios 
de Concreto/PVC
36 DRENAGEM
Recalques indesejáveis
Riscos de colapsos levam prefeituras 
a restringir rebaixamento de 
lençol em áreas urbanas 
40 SEGURANÇA
Contra as estatísticas
Ex-recordista de acidentes, setor 
da construção investe mais em
segurança do trabalho mas 
tropeça nos índices elevados
54 ELEVADORES – 
PINI 60 ANOS
Subida rápida 
Dos elevadores pantográficos aos
elevadores sem casa de máquinas
58 INSTALAÇÕES
HIDRÁULICAS
Pressão reduzida 
Força da coluna d'água e risco de
rompimento de equipamentos exige
controle da pressão da água
60 ARTIGO
Racionalização do transporte de
materiais em edificações
Pesquisadores da Universidade Federal
do Paraná propõem medidas para
racionalizar movimentação
77 COMO CONSTRUIR
Steel frame – Fechamento – parte 3 
Veja como executar as paredes internas
e externas da casa
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sumario.qxd 6/10/2008 18:17 Page 1
EDITORIAL
2 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008
Povindar Kumar Mehta acaba de lançar, em parceria com oengenheiro brasileiro Paulo Monteiro, a 3a edição do livro
"Concreto: Microestrutura, Propriedades e Materiais", editado pelo
Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto). Em rápida passagem
pelo País, onde ministrou a palestra “Uma Proposta Sustentável
para os Cimentos do Futuro”, Mehta defendeu duas medidas
polêmicas: a redução do clínquer no cimento e a diminuição de
cimento na pasta de concreto. O autor reconhece a importância de
reduzir o consumo de água e energia nas edificações, mas chama a
atenção para os processos de fabricação dos materiais de
construção. Critica severamente o governo dos Estados Unidos, país
onde leciona, por não ter assinado o Protocolo de Kyoto – acordo
para a redução dos gases de efeito estufa.As chamadas cinzas
volantes, pozolanas e microssílicas constituem, na opinião dele, os
elementos necessários para reduzir as emissões da indústria
cimenteira, pois substituem parte do clínquer que precisa ser
produzido pelo processo de queima. Para ilustrar a proposta, Mehta
recorre à mitologia hindu. Os homens, na sua ganância, teriam
contaminado os mares. Shiva então absorveu toda a água
contaminada do oceanos. Em vez de se envenar como temiam os
deuses, Shiva tornou-se azul e nada lhe aconteceu.A indústria do
cimento seria Shiva. Poderia “absorver”ainda mais os resíduos de
vários processos industriais e utilizá-los como matéria-prima, como
é feito hoje parcialmente. Mehta não se esqueceu de recomendar
aos projetistas que reduzam o volume de concreto em seus projetos
e utilizem concretos de maior durabilidade. Esse seria, na visão do
professor, o verdadeiro concreto sustentável.
Concreto, Shiva e a 
verdadeira sustentabilidade
VEJA EM 
CONSTRUÇÃO MERCADO
VEJA EM AU
� João Filgueiras Lima, Lelé
� Comperj, Itaboraí
� Showroom Drastosa
� Construção sustentável
� Gestão de riscos
� Copa 2014
� Baixa renda
� Instalações elétricas
� Espaçador de armaduras
� Estimativa de tijolos
� Steel frame
VEJA EM EQUIPE DE OBRA
Paulo Kiss
editorial.qxd 6/10/2008 17:27 Page 2
editorial.qxd 6/10/2008 17:27 Page 3
4 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008
Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003)
DDiirreettoorr GGeerraall
Ademir Pautasso Nunes
DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo 
Eric Cozza eric@pini.com.br
EEddiittoorr:: Paulo Kiss paulokiss@pini.com.br
EEddiittoorraa--aassssiisstteennttee:: Kelly Carvalho RReeppóórrtteerr:: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial) 
RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes 
DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Renato Billa; Gabriela Malentacchi (trainee) 
IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli PPrroodduuççããoo eeddiittoorriiaall:: Agatha Sanvidor (trainee)
CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz,
Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E.
Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano,
João Fernando Gomes (presidente), Günter Leitner, José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam),
José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi, Osmar Mammini,
Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Fernandes Hachich
EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Bernardo Corrêa Neto 
PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira 
AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Anderson Vasconcelos Fernandes e Leonardo Santos de Souza
EEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Ana Carolina Ferreira
ÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Maria Fernanda Matos Silva
CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Mônica de Oliveira Ferreira
SSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio Pini
PPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Oliveira,Adriano Andrade, Jane Elias,
Eduardo Yamashita, Silvio Carbone e Flávio Rodriguez 
EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: A C Perreto, Daniele Joanoni, Danilo Alegre, Ricardo Coelho e Marcelo Coutinho.
MMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Margareth Alves 
LLIIVVRROOSS EE AASSSSIINNAATTUURRAASS:: José Carlos Perez RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini 
AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval Bezerra CCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini 
SSIISSTTEEMMAASS:: José da Cruz Filho e Pedro Paulo Machado
MMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza
EENNDDEERREEÇÇOO EE TTEELLEEFFOONNEESS
Rua Anhaia, 964 – CEP 01130-900 – São Paulo-SP – Brasil
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MMiinnaass GGeerraaiiss (31) 2535-7333 RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull (51) 3333-2756 
RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2247-0407/9656-8856 BBrraassíílliiaa (61) 3447-4400
RReepprreesseennttaanntteess ddee LLiivvrrooss ee AAssssiinnaattuurraass::
AAllaaggooaass (82) 3338-2290 AAmmaazzoonnaass (92) 3646-3113 BBaahhiiaa (71) 3341-2610 CCeeaarráá (85) 3478-1611 
EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528 
MMaattoo GGrroossssoo ddoo SSuull (67) 9951-5246 PPaarráá (91) 3246-5522 PPaarraaííbbaa (83) 3223-1105 
PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336 
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RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull (51) 3470-3060 SSããoo PPaauulloo Marília (14) 3417-3099 
São José dos Campos (12) 3929-7739 Sorocaba (15) 9718-8337
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0800-707-6055 (demais localidades)
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PINIserviços de engenharia
fone (11) 2173-2369 
e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PROIBIDA A REPRODUÇÃO E A TRANSCRIÇÃO PARCIAL OU TOTAL TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
techne´
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6 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008
Fórum Téchne
O site da revista Téchne tem um espaço
dedicado ao debate técnico e qualificado
dos principais temas da engenharia.
Confira o tema em andamento.
Você é a favor da paridade de
diploma entre os países?
Sou a favor desde que o currículo escolar
seja igual ao de nossas universidades.
Seria muito fácil um profissional
estrangeiro atuar no País como
engenheiro ou arquiteto com formação e
carga horária equivalentes a um curso
Tecnológico no Brasil. Fora que o sistema
Confea/Crea cumpre de forma sofrível
sua atividade de fiscalizar o exercício
profissional. Talvez, na verdade, as
empresas é que iriam se beneficiar de tal
paridade, pois quanto maiores as ofertas
de mão-de-obra, menores os salários. 
Fabiano Luiz da Costa [02/10/2008]
Claro. O mundo vive uma época em
que profissionais podem e devem
trocar informações e conhecimentos
além de fronteiras e oceanos. 
O progresso está na integração dos
conhecimentos e a engenharia civil no
Brasil, apesar de contar com ótimos
profissionais, ainda é carente de
tecnologia. Somos tão competentes
quanto os engenheiros de outros
países e já estamos aptos a contribuir
um pouco com a engenharia mundial.
Gabriel Carvalho [30/09/2008] 
Conceitualmente sou a favor, encaro
como ampliação de possibilidades de
trabalho. Porém, hoje o Brasil está
precisando de engenheiros, passamos
anos com a construção civil em baixa e
logo agora que estamos em alta vamos
aumentar a oferta e conseqüentemente
reduzir os salários?
Bernardo Corrêa Neto [30/09/2008] 
Não existe uma regra para o sucesso em uma carreira, mas é fato que a atualização
constante rende pontos a favor do candidato que disputa uma vaga de trabalho. Em
complemento à reportagem, confira algumas opções de cursos de atualização profissional. 
Gerenciamento de carreira
Mais que EPIs, redução do elevado
índice de acidentes nos canteiros
depende de mudança da cultura
organizacional e implantação efetiva de
planejamento de segurança. Confira
mais a respeito do tema em outras
reportagens sobre o assunto já
publicadas pela Editora PINI. 
Gestão de segurança
Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos
publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista
www.revistatechne.com.br
O sistema de Concreto/PVC foi
adotado na construção da
unidade administrativa de
indústria da Braskem em
Paulínia (SP). Para entender
mais sobre o sistema confira,
no site da Téchne, passo-a-
passo de instalação do
Concreto/PVC fornecido pela
Royal do Brasil Technologies.
Construção plástica
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TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 20088
ÁREA CONSTRUÍDA
A administração da cidade de Portland,
nos Estados Unidos, está construindo,
junto com a iniciativa privada,um bair-
ro inteiro de edifícios a serem certifica-
dos com o selo ambiental LEED (Lea-
dership in Energy and Environmental
Design). Chamado de South Water-
front,o novo bairro tem 17 quarteirões,
Portland constrói bairro sustentável
que ocupam uma área de aproximada-
mente 150 mil m² às margens do rio
Willamette. É parte de um projeto
maior de renovação urbana de uma an-
tiga e desvalorizada região industrial
conhecida como North Macadam,pró-
xima ao Centro da cidade. A primeira
etapa do projeto iniciou-se em 2004. Já
foram construídas cinco torres de edifí-
cios residenciais. Uma torre residencial
e um centro médico ligado à Universi-
dade de Saúde e Ciências de Oregon (na
foto) estão em fase de execução. Mais
duas devem começar a ser construídas
em 2009.O bairro é também certificado
com o selo Salmon Safe, pela iniciativa
de recuperação e manutenção da quali-
dade da água do rio Willamette.Div
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 I
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 E
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ee
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O 50o Congresso Brasileiro do Concre-
to realizado em setembro na cidade de
Salvador reuniu profissionais de todo
o País para discutir as tecnologias do
material. Entre as principais temáticas,
discussões sobre o concreto para infra-
estrutura e para a preservação ambien-
tal. Foram realizadas 413 palestras téc-
nico-científicas,11 conferências plená-
rias, workshops e simpósios. Entre os
destaques, a proposta do professor da
universidade de Berkeley (EUA), Po-
vindar Kumar Mehta,pelo uso mais
eficiente do concreto, o que implicaria
a redução do uso do próprio produto,
do cimento e do clínquer. "A maioria
dos países baseou-se nas normas ame-
ricanas, que não consideram um uso
eficiente. Se há problema, colocamos
mais concreto. Os arquitetos podem
auxiliar nessa questão também com
seus projetos", afirmou após a plenária
"Ternary Blended Cements – A Power-
Ful Tool for Sustainable Structures of
The Future". Mehta também se mani-
festou sobre os problemas resultantes
da velocidade da execução das obras.
"Não há uma preocupação adequada
com a cura do concreto. Podemos es-
perar alguns dias a mais. Há constru-
ções romanas de dois mil anos em
bom estado, por que nós não conse-
guimos isso?", criticou.
O engenheiro Paulo Monteiro discor-
reu sobre a caracterização da nanoes-
trutura e microesturura do concreto
para a otimização da sua durabilida-
de. Já Surenda Shah, professor da Uni-
versidade norte-americana North-
western, revelou que a instituição es-
tuda a utilização de fibras de celulose.
As linhas, as dimensões, os apoios del-
gados e a quantidade de escoramento
do projeto da Cidade da Música, loca-
lizada no Rio de Janeiro, impressiona-
ram o público durante a apresentação
do calculista estrutural Bruno Conta-
rini. Projetado em cimento branco de-
senvolvido para a obra, o empreendi-
mento abrigará uma grande sala de
Congresso discute concreto para infra-estrutura 
concerto (1.800 lugares), ópera (1.300
lugares), sala de música de Câmara
(500 lugares), salas de ensaio,adminis-
tração, conjunto de lazer com cinema
e restaurante. O prédio também será
sede da Orquestra Sinfônica Brasileira.
O Simpósio sobre CCR (Concreto
Compactado com Rolo) realizado em
paralelo ao Congresso discutiu, com
quórum expressivo, as melhores prá-
ticas do sistema construtivo. "Não
havia uma discussão em eventos
desse tipo há dez anos, estava na
hora", afirmou o presidente do Ibra-
con (Instituto Brasileiro do Concre-
to) Rubens Machado Bittencourt.
Durante o Congresso, houve ainda o
lançamento da nova edição do livro
Concreto – Microestrutura, Proprie-
dades e Materiais, de autoria de Po-
vindar Kumar Mehta e Paulo Montei-
ro, além da premiação dos profissio-
nais que se destacaram em 2008.
Confira relação completa dos premia-
dos em www.revistatechne.com.br.
Furnas Centrais Elétricas implementou
um sistema de assinatura digital de seus
projetos técnicos de Engenharia.A ferra-
menta substitui,inclusive juridicamente,
uma assinatura de próprio punho e ga-
rante a autenticidade e integridade de
documentos enviados eletronicamente.
Furnas tem a intenção de exigir a utiliza-
ção da tecnologia de todas as empresas
parceiras. A exigência ocorrerá após a
elaboração de uma instrução normativa
e o estabelecimento de prazos e metas
para atendimento a essa demanda. As
certificações de todos os projetos deve-
rão respeitar um padrão único.
Furnas implanta
assinatura digital para
seus projetos
area construida.qxd 6/10/2008 17:34 Page 8
area construida.qxd 6/10/2008 17:34 Page 9
Á R E A C O N S T R U Í D A
Mais de 4,3 mil m³ de concreto
foram aplicados de uma só vez na
execução da laje de fundo do Poço
Sul da estação Vila Prudente da linha
Verde do Metrô de São Paulo. A con-
cretagem – realizada a uma taxa de
75 m³/h – durou 58 horas, 12 horas a
menos que o previsto no planeja-
mento do serviço. A peça concretada
possui 43 m de diâmetro e 3,20 m de
espessura. O concreto foi resfriado
com gelo e lançado por meio de qua-
tro bombas. Em novembro do ano
Metrô realiza mais uma megaconcretagem
passado, o Consórcio Via Amarela
realizou duas concretagens seme-
lhantes na execução dos poços Norte
e Sul da estação Luz da Linha 4 –
Amarela. A construção da estação
Vila Prudente, a cargo da Andrade
Gutierrez, faz parte do plano de ex-
pansão da Linha 2 – Verde para a
zona Leste da cidade de São Paulo.
Após sua entrega, prevista para 2010,
será integrada ao corredor de ônibus
Expresso Tiradentes e deverá receber
cerca de 75 mil usuários por dia. Div
ul
ga
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Associação amplia lista de destinatários de resíduos à base de gesso
A Associação Drywall incluiu três
novas ATTs (Áreas de Transbordo e
Triagem) em sua lista de recomenda-
ções de destinatários dos resíduos de
produtos à base de gesso, somando
oito locais.Pela primeira vez,a entida-
de recomenda empresas fora do mu-
nicípio de São Paulo. As novas ATTs
estão localizadas em Contagem (MG),
Balsa Nova (PR) e Imbituba (SC). Ini-
cialmente, os locais de destinação do
gesso eram as próprias fábricas de
materiais à base do insumo, que os
reincorporavam em seu processo pro-
dutivo, e a agricultura, na qual o pro-
duto era utilizado para melhorar as
qualidades do solo e corrigir seu teor
de acidez. Recentemente, as fábricas
de cimento passaram a utilizar o
gesso, cerca de 4% a 5% da composi-
ção do insumo, como retardante de
pega. A Associação Drywall mantém
em seu site a relação atualizada dessas
unidades, com seus respectivos ende-
reços, telefones e responsáveis técni-
cos. Mais informações no endereço
www.drywall.org.br.
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Á R E A C O N S T R U Í D A
CDHU incorpora conceito de acessibilidade a projetos de casas populares
ciência. Segundo a companhia, as
novas casas terão banheiros maiores
com barras de apoio na porta, próxi-
mas ao sanitário e ao chuveiro, e vãos
de portas e corredores ampliados para
A CDHU (Companhia de Desenvolvi-
mento Habitacional e Urbano) de São
Paulo apresentou em setembro um
novo modelo a ser adotado em suas
casas populares. O novo padrão ar-
quitetônico incorpora conceitos de
Desenho Universal, estabelecidos para
facilitar a vida de pessoas com defi-
ciência temporária ou permanente,
crianças, idosos, gestantes e obesos.
Para viabilizar o projeto, foi assinada
uma resolução conjunta entre a Secre-
taria da Habitação e a Secretaria de Es-
tado dos Direitos da Pessoa com Defi-
90 cm, que permitem a passagem de
cadeiras de rodas e maior mobilidade
para pessoas com restrições motoras.
Tomadas, interruptores de luz, pias e
janelas serão adaptados com altura
adequada a todos os usuários. Cam-
painhas com sinais sonoros e lumi-
nosos para deficientes auditivos ou vi-
suais, pisos antiderrapantes e com
diferença de textura também serão in-
corporados ao projeto. As áreas co-
muns do condomínio passam a ter
rampas de acesso e faixas elevadas
para a travessia de ruas.
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O governo da Argentina declarou em
setembro que considera de interesse
público o projeto de construção de
um túnel ferroviário sob a Cordilhei-
ra dos Andes, que ligará o país ao
Chile. O governo chileno havia feito
uma declaração semelhante em agos-
to. A licitação para a construção da
passagem subterrânea transandina
deverá ocorrer em 2009 e custará
cerca de US$ 3 bilhões. Seu prazo esti-
mado de construção é de oito a dez
anos. Até a licitação, serão realizados
os estudos de viabilidade técnica para
Argentina e Chile construirão túnel sob a Cordilheira dos Andes
a execução do túnel de 23 km de com-
primento e 9,5 m de diâmetro a 2,5
mil m de altitude. O projeto inclui
ainda a construção de estações multi-
modais nas duas pontas do túnel para
o transporte de passageiros, veículos
leves e caminhões.
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Á R E A C O N S T R U Í D A
Mais de 4,3 mil m³ de concreto
foram aplicados de uma só vez na
execução da laje de fundo do Poço
Sul da estação Vila Prudente da linha
Verde do Metrô de São Paulo. A con-
cretagem – realizada a uma taxa de
75 m³/h – durou 58 horas, 12 horas a
menos que o previsto no planeja-
mento do serviço. A peça concretadapossui 43 m de diâmetro e 3,20 m de
espessura. O concreto foi resfriado
com gelo e lançado por meio de qua-
tro bombas. Em novembro do ano
Metrô realiza mais uma megaconcretagem
passado, o Consórcio Via Amarela
realizou duas concretagens seme-
lhantes na execução dos poços Norte
e Sul da estação Luz da Linha 4 –
Amarela. A construção da estação
Vila Prudente, a cargo da Andrade
Gutierrez, faz parte do plano de ex-
pansão da Linha 2 – Verde para a
zona Leste da cidade de São Paulo.
Após sua entrega, prevista para 2010,
será integrada ao corredor de ônibus
Expresso Tiradentes e deverá receber
cerca de 75 mil usuários por dia. Div
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Associação amplia lista de destinatários de resíduos à base de gesso
A Associação Drywall incluiu três
novas ATTs (Áreas de Transbordo e
Triagem) em sua lista de recomenda-
ções de destinatários dos resíduos de
produtos à base de gesso, somando
oito locais.Pela primeira vez,a entida-
de recomenda empresas fora do mu-
nicípio de São Paulo. As novas ATTs
estão localizadas em Contagem (MG),
Balsa Nova (PR) e Imbituba (SC). Ini-
cialmente, os locais de destinação do
gesso eram as próprias fábricas de
materiais à base do insumo, que os
reincorporavam em seu processo pro-
dutivo, e a agricultura, na qual o pro-
duto era utilizado para melhorar as
qualidades do solo e corrigir seu teor
de acidez. Recentemente, as fábricas
de cimento passaram a utilizar o
gesso, cerca de 4% a 5% da composi-
ção do insumo, como retardante de
pega. A Associação Drywall mantém
em seu site a relação atualizada dessas
unidades, com seus respectivos ende-
reços, telefones e responsáveis técni-
cos. Mais informações no endereço
www.drywall.org.br.
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14
ÍNDICES
Frete alto
Custos de transporte puxam alta de
preços de insumos em São Paulo
OIPCE (Índice PINI de Custos deEdificações) encerrou o mês de se-
tembro apresentando alta de 0,71%.
No mesmo mês, a variação do IGP-M
(Índice Geral de Preços do Mercado),
medido pela Fundação Getúlio Vargas,
foi de apenas 0,11%.
A diferença entre o IPCE e o IGP-
M deve-se, sobretudo, ao aumento dos
fretes, mais sentido pela indústria de
materiais de construção. Insumos
como areia lavada média e bloco cerâ-
mico de vedação 9 cm x 19 cm x 19 cm
sofreram aumento de 3,27% e 8,16%.
A areia lavada média, que em agosto
custava R$ 68,89/m³, passou a custar
em setembro R$ 71,14/m³. O milheiro
do bloco cerâmico de vedação pulou
de R$ 328,60 para R$ 355,40.
Após seguidos reajustes, a barra
de aço CA-50 3/8" (Ø = 10 mm =
0,617 kg/m) apresentou a menor alta
em três meses. Em setembro, o reajus-
te foi de 3,11%, e o preço saltou de R$
4,53/kg para R$ 4,67/kg.
Cimento Portland CPII e a pedra
britada no 2 foram outros itens a sofrer
reajuste em setembro. O primeiro apre-
sentou alta de 2,10%, e o segundo,
0,61%.O tubo de ferro fundido PP para
esgoto e águas pluviais (Ø=100 mm) e a
manta butílica (espessura de 0,80 mm)
não tiveram seus preços reajustados.
Com os aumentos, construir em
São Paulo ficou em média 13,34%
mais caro nos últimos 12 meses de
acordo com Índice PINI de Custos de
Edificação. Entretanto, apesar da alta
mais acentuada de preços em setem-
bro, o acumulado pelo IGP-M, medi-
do pela Fundação Getúlio Vargas,
ainda é de 1,03 pontos percentuais in-
ferior (12,31%).
SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373
ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail:
economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com
TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008
Data-base: mar/86 dez/92 = 100
Mês e Ano IPCE – São Paulo
gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraa
SSeett//0077 111144..663366,,8800 5544..111199,,1100 6600..551177,,7711
out 114.860,42 54.342,72 60.517,71
nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71
dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71
jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71
fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71
mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71
abr 116.185,57 55.667,86 60.517,71
mai 123.736,89 58.257,90 65.478,99
jun 124.358,19 58.879,20 65.478,99
jul 126.483,39 61.004,39 65.478,99
ago 129.006,55 63.527,56 65.478,99
SSeett//0088 112299..992255,,7733 6644..444466,,7744 6655..447788,,9999
Variações % referente ao último mês
mês 0,71 1,45 0,00
acumulado no ano 12,65 17,57 8,20
acumulado em 12 meses 13,34 19,08 8,20
Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das
variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por
pesquisa realizada em São Paulo (SP). Período de coleta: a cada 30 dias com 
pesquisa na última semana do mês de referência.
Fonte: PINI
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Envie sua pergunta para: 
iptresponde@pini.com.br
16
IPT RESPONDE
TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008
Pontos de tomada 
Quantos pontos de tomada são
recomendados em cada ambiente de uma
residência?
Nelson Rugheri
Curitiba
De acordo com a norma brasileira
NBR 5410 – Instalações Elétricas de
Baixa Tensão, o número de pontos de
tomada deve ser determinado em fun-
ção da destinação do local e dos equi-
pamentos elétricos que podem ser aí
utilizados, observando-se, no míni-
mo, os seguintes critérios: em banhei-
ros, deve ser previsto pelo menos um
ponto de tomada,próximo ao lavatório;
em cozinhas, copas, copas-cozinhas,
áreas de serviço, cozinha-área de servi-
ço, lavanderias e locais análogos, deve
ser previsto no mínimo um ponto de
tomada para cada 3,5 m, ou fração, de
perímetro, sendo que acima da banca-
da da pia devem ser previstas no míni-
mo duas tomadas de corrente, no
mesmo ponto ou em pontos distintos;
em varandas, deve ser previsto pelo
menos um ponto de tomada; em salas
e dormitórios deve ser previsto pelo
menos um ponto de tomada para
cada 5 m, ou fração, de perímetro, de-
vendo os pontos serem espaçados tão
uniformemente quanto possível. Par-
ticularmente no caso de salas de estar,
deve-se atentar para a possibilidade de
que um ponto de tomada venha a ser
usado para alimentação de mais de
um equipamento, sendo recomendá-
vel equipá-lo, portanto, com a quanti-
dade de tomadas julgada adequada.
Em cada um dos demais cômodos e
dependências de habitação devem ser
previstos, pelo menos: um ponto de
tomada, se a área do cômodo ou de-
pendência for igual ou inferior a 2,25
m2. Admite-se que esse ponto seja po-
sicionado externamente ao cômodo
ou dependência, a até 0,80 m, no má-
ximo, de sua porta de acesso; um
ponto de tomada, se a área do cômodo
ou dependência for superior a 2,25 m2
e igual ou inferior a 6 m2; um ponto de
tomada para cada 5 m, ou fração, de
perímetro, se a área do cômodo ou de-
pendência for superior a 6 m2, deven-
do esses pontos serem espaçados tão
uniformemente quanto possível.
Douglas Messina
Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do 
Ambiente Construído)
Chapisco
Que traço deve ter a "boiaca", o chapisco
que serve como ponte de aderência para
gesso em tetos? Como deve ser aplicado?
Donato Menezes
São Paulo
A "boiaca" deve ser preparada com
areia grossa lavada – um volume de ci-
mento para um volume de areia.A água
de amassamento deve ser preparada
diluindo-se aproximadamente 1 l de
resina PVA (Bianco, Rhodopás etc.) em
4 l de água.O principal segredo da cola-
gem é a limpeza do teto,com escovação
e hidrojateamento, removendo-se com-
pletamente o desmoldante. A boiaca
deve ser aplicada com rolo de espuma
para textura grossa, sendo desejável
aplicação com dupla camada,de forma
que a superfície fique bem rugosa. O
ideal é que a segunda aplicação da
boiaca seja feita um ou dois dias antes
da aplicação do gesso, devendo-se evi-
tar, entre as sucessivas aplicações,que o
teto fique impregnado com poeira re-
sultante, por exemplo, de serviços fei-
tos nas proximidades.Se em alguns tre-
chos do teto a camada de gesso resultar
muito grossa (em torno de 1,5 cm, por
exemplo), é recomendável que o gesso
seja aplicado em duas vezes. Tanto cui-
dado assim pode parecer bobagem,
mas já temos constatado importantes
destacamentos do revestimento de
tetos, às vezes, no período de até uma
semana após a aplicação.
Ercio Thomaz
Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do 
Ambiente Construído)
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1818
CARREIRA
V ale a pena se especializar emEngenharia de Segurança do
Trabalho? A contratação desse en-
genheiro pelas empresas está previs-
ta na NR-4 (Norma Regulamenta-
dora no 4), que determina quantos
Engenheiros de Segurança e Médi-
cos do Trabalho a empresa deve
contratar, levando em conta o ta-
manho do quadro de funcionários e
do grau de risco das atividades exer-
cidas pela companhia.
Engenheiro de 
Segurança do Trabalho
Profissional deve planejar detalhadamente os cuidados necessários em cada
etapa para garantir a integridade física dos funcionários da obra
TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008
"A desvantagem nessa modalida-
de é que [para a empresa ser obrigada
a contratar um Engenheiro de Segu-
rança do Trabalho] o número míni-
mo estipulado pela NR-4 é de 501 em-
pregados, o que faz com que o campo
de trabalho fique restrito a poucas
construtoras com esse porte", afirma
Bruno Caruso Bilbao Adad, enge-
nheiro de segurança do Senai (Servi-
ço Nacional de Aprendizagem Indus-
trial) do Paraná. Entretanto, ele per-
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André Luiz Simões 
gerente de Segurança do Trabalho da BKO
Engenharia
Como é sua rotina diária?
Eu supervisiono uma equipe de técnicos
volante. No início da obra, o gerente de
obra solicita nossa ida ao local para
desenvolver o projeto da área de vivência.
Acompanho o trabalho das empresas que
desenvolvem o PCMAT (Programa de
Condições e Meio Ambiente de Trabalho) e
o PPRA (Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais). Chamo empresas que
fazem apresentações para os
trabalhadores nos canteiros. Oriento os
técnicos a sempre conversarem com os
funcionários. Além disso, faço a inspeção
do canteiro e deixo o relatório na obra
para que sejam tomadas as 
medidas necessárias.
Com que outras áreas da empresa
você normalmente se relaciona? 
Meu relacionamento praticamente diário
é com os departamentos de Suprimentos
– para verificar a conformidade dos
equipamentos com os itens de
segurança –, de Engenharia – para
discutir as ações a serem tomadas no
canteiro – e eventualmente com o de
Marketing – para solicitar as placas para
as obras, o padrão dos tapumes etc.
Quais as maiores dificuldades 
no trabalho?
O que dá mais trabalho é conscientizar a
equipe da obra quanto aos requisitos da
NR-18. É difícil fazer alguns funcionários
perceberem que a segurança é parte
importante do trabalho do operário, não
só sua produtividade.
Do que você mais gosta 
na profissão?
De tudo, mas fico especialmente eufórico
quando vejo que uma sugestão que dei foi
útil, quando vejo que as pessoas se
conscientizaram sobre a importância de
se preocupar com sua segurança.
cebe um crescimento na procura por
consultores na Construção Civil.
Opinião compartilhada pela coorde-
nadora da pós-graduação em Enge-
nharia de Segurança do Trabalho da
UFRJ (Universidade Federal do Rio
de Janeiro), Cláudia do Rosário Vaz
Morgado. "O grande mercado para o
engenheiro de segurança é prestando
consultoria, já que o Brasil possui
muitas empresas pequenas e médias
com poucos funcionários", explica.
O profissional
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19
A função do profissional é orga-
nizar e planificar, para cada etapa da
obra, os cuidados que devem ser to-
mados para neutralizar as situações
de risco possíveis no dia-a-dia do
canteiro. "Ele deve ter um sentido
apurado de percepção do meio am-
biente da obra, assim como antever as
reações e os comportamentos dos co-
laboradores no processo", explica
Adad. Para tanto, ele deve lidar com
todas as áreas relacionadas ao em-
preendimento – Diretoria, Engenha-
ria, Compras, Recursos Humanos,
Cipa (Comissão Interna de Preven-
ção de Acidentes). Uma parceria im-
portante, segundo Cláudia, da UFRJ,
é com o departamento de Medicina
do Trabalho da empresa. "Quando o
médico nota que um determinado
grupo de trabalhadores vem apresen-
tando sintomas semelhantes, é sinal
da existência de um agente no am-
biente de trabalho. É aí que entra o
engenheiro, que deve remodelar os
processos para eliminar a causa des-
ses problemas", explica a professora.
Tanto engenheiros (de qualquer es-
pecialidade) quanto arquitetos podem
se especializar em engenharia de segu-
rança do trabalho. A carga mínima de
600 horas-aula pode ser completada
em 12 ou 18 meses.Para Cláudia,ter ex-
periência anterior em canteiro de obras
não é condição indispensável para in-
gressar no mercado de trabalho. Entre-
tanto, para Adad, do Senai-PR, dado o
elevado grau de risco do setor (3,numa
escala que vai até 4), é aconselhável que
o profissional tenha vivenciado por al-
guns anos a rotina de uma obra. "Não é
determinante,mas é desejável,uma vez
que as atividades no canteiro são muito
dinâmicas e os riscos estão presentes a
cada momento", defende.
Na Construção Civil, esse enge-
nheiro deve dominar as normas de se-
gurança. Destaque para a tradicional
NR-18, de Condições e Meio Am-
biente de Trabalho na Indústria da
Construção, e para a NR-17, de Ergo-
nomia, devido às características pecu-
liares do processo de produção na
construção brasileira. "É um processo
industrial ainda predominantemente
manufatureiro, que exige dos traba-
lhadores muito esforço físico", lem-
bra Cláudia Morgado.
De acordo com Bruno Adad, um
dia típico do engenheiro de seguran-
ça começa pela inspeção do canteiro,
observando com atenção as condi-
ções de trabalho. Munido de um
checklist, ele passeia pela obra, verifi-
cando as atividades que estão sendo
executadas no dia, as condições das
proteções coletivas e o uso adequado
dos EPI's. "Normalmente, quando a
construtora tem um engenheiro de
segurança, conta também com Téc-
nicos de Segurança, que são os 'olhos'
do engenheiro", explica Adad. Com o
checklist consolidado, o profissional
planifica as ações necessárias para
neutralizar os eventuais riscos cons-
tatados e negocia com o engenheiro
responsável pela obra a implantação
de medidas de proteção. Se necessá-
rio, pode até solicitar a interrupção
de atividades que, a seu ver, tragam
risco e perigo de acidente grave e imi-
nente. "Essa é uma tarefa desgastante
e difícil", sublinha o engenheiro.
As etapas iniciais da obra, sobre-
tudo as fases de escavação e de funda-
ções, são, na opinião de Cláudia Mor-
gado, aquelas que os engenheiros de
Segurança do Trabalho devem plane-
jar e acompanhar com mais cuidado.
"São fases muito dinâmicas, com
muitos trabalhadores e diversas ativi-
dades ocorrendo ao mesmo tempo",
explica. Para Adad, o profissional
também deve estar atento às ativida-
des de execução da estrutura. Nessa
etapa há riscos de queda de grandes
alturas, de choques elétricos durante
o manuseio dos equipamentos e de
acidentes na operação das serras cir-
culares na confecção das fôrmas.
E quanto à remuneração? "Varia
regionalmente, mas vai de seis salários
mínimos a mais de 20, em casos espe-
ciais", afirma Adad. Segundo Cláudia,
alunos já saíram de seu curso de pós-
graduação com salários iniciais maio-
res do que R$ 10 mil.Se,mesmo com o
mercado aquecido o Engenheiro de
Segurança não encontrar trabalho na
Construção Civil, ainda tem a opção
de mudar de área. Nesse setor, os pro-
fissionaissão responsáveis pelo geren-
ciamento e pela análise de riscos am-
bientais decorrentes das atividades da
empresa. "O engenheiro de segurança
na construção civil tem características,
adquiridas no dia-a-dia de uma obra,
que fazem com que ele possa encarar
com tranqüilidade ambientes mais 'es-
táveis',como uma indústria,por exem-
plo", acredita Adad.
Renato Faria
Atribuições: estudar as condições de
segurança dos locais de trabalho e
equipamentos; planejar e desenvolver a
implantação e técnicas relativas a
gerenciamento e controle de riscos;
vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar,
emitir pareceres e laudos técnicos;
especificar, controlar e fiscalizar sistemas
de proteção coletiva e equipamentos de
segurança, inclusive os de proteção
individual, dentre outras.
Formação: Engenharia (qualquer
especialidade) ou Arquitetura, pós-
graduação em Engenharia de
Segurança do Trabalho.
Experiência: desejável vivência em
canteiro de obras.
Aptidões: domínio da NR-17 e da NR-18;
conhecimento dos processos de
produção, facilidade na comunicação com
os trabalhadores; capacidade de antever
riscos e perigos no cotidiano do canteiro.
Remuneração inicial: seis salários
mínimos.
Currículo
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TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 200822
MELHORES PRÁTICAS
Protensão aderente de pré-moldados
Sistema é composto por bainhas e cordoalhas de protensão, 
aderidas ao pré-moldado por uma nata de cimento
Cuidado especial deve ser tomado
durante a instalação das placas de
ancoragens, para que as cordoalhas
mantenham o perfil de projeto, de
modo a ficarem alinhadas com a frente
e fundo do macaco.
Montagem Corte e
montagem 
das cordoalhas
Nessa etapa os cabos são
preparados por meio do corte
adequado das cordoalhas.
Suas pontas devem contar
com um comprimento
adicional para o encaixe dos
macacos de protensão. Em
seguida, as cordoalhas são
inseridas nas bainhas e
posicionadas no interior da
armação de aço doce.
A partir dos projetos de detalhamento,
os cabos são instalados (elevados) após
a montagem das armaduras passivas
das vigas. Atenção especial com a região
de ancoragem e do nicho, cuja face deve
ser perpendicular ao cabo.
Colocação das placas de ancoragens
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Colaboração: engenheiro Evandro Porto Duarte, diretor da MAC – Sistema Brasileiro de Protensão
Injeção de nata de cimento
Equipamentos Protensão
O macaco e a bomba de protensão
devem ser dimensionados levando em
consideração a força de protensão
determinada em projeto.
Todos os equipamentos (macacos e bombas) deverão
ser calibrados e aferidos antes da execução dos
serviços de protensão. 
Após aprovação dos alongamentos pelo
calculista, é executada a injeção de
nata de cimento. O traço dessa mistura
deverá ser acompanhado e aprovado
pela empresa de controle
tecnológico de concreto.
melhores praticas.qxd 6/10/2008 17:44 Page 23
ENTREVISTA
24 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008
POVINDAR 
KUMAR MEHTA
Engenheiro químico por formação na
Universidade de Delhi (Índia), o
especialista indiano é mestre na
Universidade Estadual da Carolina do
Norte e doutor em Ciência e
Engenharia de Materiais da
Universidade da Califórnia, em
Berkeley. Professor Emeritus em
Engenharia Civil na Universidade de
Berkeley, Mehta se aposentou em
1993 após lecionar durante 30 anos
sobre concreto. Em 2006, suas
décadas de pesquisa na utilização de
cinzas volantes no concreto foram
reconhecidas pelo Coal Combustion
Products Partnership. É também
membro honorário do ACI (American
Concrete Institute) e Ibracon
(Instituto Brasileiro do Concreto). 
Oaquecimento global deve-se emgrande parte à emissão de CO2. Na
indústria do concreto, 90% da emissão
de carbono ocorre nos fornos que
queimam o clínquer. É assim que Po-
vindar Kumar Mehta, professor da
Universidade de Berkeley (USA), tenta
convencer o setor da construção a re-
pensar a fórmula e o próprio uso do
concreto. Mehta realizou palestras no
50o Congresso Brasileiro do Concreto e
também na Poli-USP (Escola Politéc-
nica da Universidade de São Paulo)
sobre o tema "A Glimpse into Sustain-
ableTernary-blended Cements of the
Future". Sua proposta inclui a atuação
em três frentes, mas que têm uma pala-
vra em comum: redução. Mehta defen-
de que se consuma menos concreto nas
novas estruturas, menos cimento nas
misturas para concreto e pouco clín-
quer para produzir o cimento. Segun-
do Mehta, cerca de 50% a 70% da
massa de clínquer presente no cimento
Portland pode ser substituída por di-
versos materiais complementares. En-
tre os exemplos estão as cinzas volan-
tes,pozolanas naturais e cinzas de casca
de arroz. O especialista propõe que
pelo menos dois desses materiais sejam
utilizados de forma complementar ao
clínquer, substituindo 40% em massa.
Durante o Congresso, organizado pelo
Ibracon (Instituto Brasileiro do Con-
creto), o indiano lançou a terceira edi-
ção do livro "Concreto: Microestrutu-
ra, Propriedades e Materiais". O brasi-
leiro Paulo Monteiro, que também le-
ciona na faculdade norte-americana, é
novamente co-autor do livro. A edição
recebeu novos capítulos e um CD com
vídeos e outras informações.
Concreto sustentável 
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"Papa" do concreto, Kumar Mehta defende a redução de clínquer no cimento
Portland e menos cimento na mistura, para tornar o material "mais"
sustentável. Alvos são as fábricas e projetistas
entrevistax.qxd 6/10/2008 17:47 Page 24
Uma de suas propostas para uma
construção mais sustentável é reduzir
o consumo de concreto, do cimento e
diminuição do clínquer no último. Os
profissionais e a indústria estão
preparados para essa mudança?
Eu não considero que haja resistência
por parte dos arquitetos, engenheiros
ou qualquer profissional dessas áreas.
Esses aceitam bem a redução do concre-
to, do cimento e do clínquer no próprio
cimento. O problema está na indústria
do concreto, que teme mudanças. Ela
está acostumada ao crescimento e aos
paradigmas atuais. Para não afetar isso,
a indústria apóia o desenvolvimento de
edifícios sustentáveis,que estão em toda
parte,mas é preciso,também,estender a
questão ao consumo de cimento.
Como espera alcançar esse concreto
mais sustentável?
Os edifícios ecológicos estão empregan-
do soluções que utilizam aspectos natu-
rais para aquecimento, ventilação, ilu-
minação e estão reduzindo o consumo
de energia, por exemplo. Entretanto, é
necessário estender esse conceito para
os materiais ecológicos. Precisamos
convencer,de forma maciça,os arquite-
tos e projetistas a utilizarem materiais e
soluções ecológicas em seus projetos.
São eles que especificam os detalhes
dos projetos e que movem a indústria.
São eles que movem também a indús-
tria do concreto. Quer gostem ou não,
os fabricantes deverão obter soluções
mais sustentáveis para o concreto. É a
mão que balança o berço, é assim que
funciona. Enquanto isso, eles vão dizer
que essa tecnologia "ainda não existe".
É uma maneira de confundir.Não é ne-
cessário mudar nada. São como as pes-
soas que querem votar em McCain e
não em Obama, porque têm medo de
mudanças.O cenário do status quo está
muito ruim,mas eles têm medo de mu-
danças. Há todo tipo de desculpas. Por
“Estou tentando
dizer ao pessoal do
LEED que deveriam
ir direto à questão da
emissão de carbono”
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exemplo,a administração do presiden-
te Bush não assinou o Protocolo de
Kyoto. Só que o país é responsável por
25% das emissões de carbono. Qual a
razão disso? Algumas pessoas lucram
com o status quo e há aquelas que têmmedo de mudar. Só que em longo
prazo,estão se tornando um obstáculo.
Outro exemplo é que McCain deve ga-
nhar as eleições. Só que não por méri-
to, mas pelo receio de muitas pessoas
de mudar certas questões. O medo é
muito poderoso.
O concreto auto-adensável ainda é
uma tecnologia onerosa no Brasil.
Seus estudos indicam uma solução
com os mesmos benefícios técnicos 
e mais barata?
Não considero o concreto auto-aden-
sável mais caro. Recentemente, a estru-
tura de um templo na Índia foi total-
mente executada com auto-adensável.
Foram lançados 8.200 m³/h, um gran-
de volume de concreto com cinzas vo-
lantes.Não houve custos extras,não foi
acrescentado nenhum aditivo modifi-
cador de viscosidade. Portanto, dizer
que o concreto auto-adensável é muito
caro é porque os vendedores querem
promover seu aditivo modificador de
viscosidade. Eles querem vender aditi-
vos. Só que isso não é necessário com
um volume alto de cinzas volantes no
sistema. Assim, temos o que se pode
chamar de sistema quase auto-aden-
sável. Nessa obra, o concreto foi lança-
do durante 12 horas, sem parar. Isso só
foi possível porque o concreto flui e se
auto-adensa.
No Brasil, é fato que o concreto
auto-adensável é mais caro.Talvez
isso esteja ligado à abordagem feita
à dosagem. Para partículas mais
finas, coloca-se mais cimento. A
maioria das combinações e dos
materiais combinantes estão
relacionados ao insumo. O módulo
de deformação é muito baixo, o pico
de hidratação é muito alto e às vezes
não funciona. Há estruturas que
foram executadas com 800 kg de
cimento, sendo 70% de escória.
Ah, meu Deus! Nunca executaríamos
nesses parâmetros. Ainda assim são
560 kg de escória. Para as muitas es-
truturas que projetei, nunca especifi-
quei mais do que 200 kg. Nunca.
Qual a sua visão sobre o LEED na
questão do concreto?
Estou tentando dizer ao pessoal do
LEED que deveriam ir direto à questão
da emissão de carbono.Essa opção seria
bem mais eficiente ambientalmente, há
o foco de quantidade no LEED. Por
exemplo, é possível reduzir de 20% a
25% o teor de cimento com o uso de su-
perplastificante. Essa questão não é va-
lorizada pela certificação.Se um edifício
economizou 2.000 t de emissões de car-
bono, qual o problema de ser pontuado
no LEED? É uma questão global, atual,
que deveria ser pensada.
Aumentar a produtividade do concreto
no canteiro é uma preocupação do setor.
Qual a sua recomendação para isso?
O concreto é pesado para transportar,
nisso alguém decide colocar mais água ou
cimento.Logo surgem as fissuras,é neces-
sário consertar. Só que a adição de mate-
riais complementares ao cimento Por-
tland aumenta a trabalhabilidade do ma-
terial, que é um dos problemas mais co-
muns nos canteiros. Os processos envol-
vendo o concreto são simples. Não é ne-
cessária uma mão-de-obra especializada
para vibração e consolidação. Também
não vejo impacto algum para introduzir
tecnologias sustentáveis. Os responsáveis
e os operários necessitam ter consciência
do processo da cura. Quando o concreto
padrão está adensado, é preciso esperar
antes de fazer qualquer acabamento na
superfície e que a água evapore. Há casos
em que os operários ficam até mesmo
cinco horas aguardando sentados e
perde-se a produtividade. Só que se não
há exsudação,já é possível começar o aca-
bamento após o lançamento.Isso é possí-
vel com o uso de 5% de microssílica,10%
de pó de calcário. Essas tecnologias aju-
dam os trabalhadores, aumentam a efi-
ciência,não necessitam de equipamentos
ou treinamentos complexos.
A nanotecnologia e o concreto estão
sendo muito discutidos. Como encara
a questão? 
A nanotecnologia utiliza material parti-
culado muito fino. Há três décadas o
termo nanotecnologia não era usado, só
que a indústria do concreto já empregava
materiais de nanodimensões. A micros-
sílica, que ainda é muito utilizada, é um
exemplo. De forma aproximada, 5%
desse material preenche os espaços entre
partículas grandes de agregados que pos-
sui até cerca de dez vezes o tamanho da
microssílica. Há materiais que, se traba-
lhados, permitem obter partículas em
outras faixas de tamanho que podem
chegar até cerca de 15 micra. Entretanto,
se utilizarmos a microssílica no concreto,
essa faixa pode ser de até 0,15 micra.Por-
tanto,é um nanomaterial.Esse preenchi-
CONCRETO:
MICROESTRUTURA,
PROPRIEDADES E MATERIAIS
Autores: Povindar Kumar Mehta, 
Paulo J. Monteiro
Editora: Ibracon (Instituto Brasileiro
do Concreto)
674 páginas 
Valores: R$ 100,00 (sócio do Ibracon),
R$ 150,00 (não-sócio do Ibracon)
“A nanotecnologia é
empregada de forma
limitada por dois
motivos. O primeiro
é que ela é cara.
O segundo, é que
nesse valor ela 
não é viável”
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mento do espaço entre o agregado e a
pasta do cimento ocorre de forma uni-
forme e é muito bom para a hidratação.
O pó de calcário também é interessante
e possui uma granulometria extrema-
mente fina. Além disso, não é tão caro
quanto a microssílica. Ele é muito inte-
ressante por sua dispersão, por reduzir
os espaços entre a pasta de cimento e os
agregados. Por esse motivo, o concreto
auto-adensável está usando bastante o
pó de calcário. A nanotecnologia é em-
pregada de forma limitada por dois mo-
tivos. O primeiro é que ela é cara. O se-
gundo é que,nesse valor,ela não é viável.
Há muitos estudos envolvendo
nanotecnologia?
O material precisa ser moído em uma
granulometria muito fina. Isso está no
meu livro. Estou tentando dizer que
não é uma novidade. Na Noruega, o
concreto com cerca de 3% a 5% de mi-
crossílica é empregado há 30 anos em
construções em alto-mar para pros-
pecção de petróleo. Nessa dosagem, o
uso desse material na mistura deixa o
veneno.Só que ninguém estava disposto a
fazer nada para consertar isso.Shiva sorveu
o veneno com um canudo e a única conse-
qüência foi que sua pele ganhou a cor azul.
No livro,faço essa comparação entre Shiva
e o concreto.Acho que esse material pode
beber todos os tipos de veneno.Onde colo-
caríamos um bilhão de toneladas de cinzas
volantes, que contêm elementos tóxicos?
Se entrarem em contato com lagos, lagoas
e aterros haverá contaminação dos lençóis
freáticos com arsênico, chumbo. Se forem
utilizadas no concreto,não haverá proble-
mas.O concreto é uma das maiores indús-
trias,produz muito e é a única com capa-
cidade para absorver essa enorme quanti-
dade de resíduo.Só que ela precisa reduzir
a emissão de carbono. A sociedade vai
continuar consumindo grandes quanti-
dades de concreto, para infra-estrutura,
para edificações,renovação.Só que é pre-
ciso utilizá-lo de forma eficiente,é preciso
controlar o consumo e reduzir o consu-
mo de clínquer para diminuir a emissão
de carbono.
Rafael Frank
Tradução: Cristina Borba
concreto livre de exsudação. Assim,
essa tecnologia não é tão nova.
E por que essa discussão está tão
evidenciada ultimamente?
Há mais implicações para um material
altamente sofisticado. É como a fibra
de carbono, plásticos reforçados, cerâ-
micas, onde a trabalhabilidade pode
ser melhorada por meio da dispersão
de pequenas quantidades de partícu-
las finas. Estão, cada vez mais, desco-
brindo esses materiais. Só que no caso
do concreto, microssílica e pó de cal-
cário são comuns na área de materiais
de partículas muito finas e a constru-
ção civil está utilizando essas duas
substâncias há bastante tempo.
Qual seu vislumbre para o concreto
do futuro, ainda mais com a
sustentabilidade?
Acho que o futuro do concreto é brilhante.
Na mitologia hindu, há o deus Shiva que
controla os venenos. No mito, as pessoas
começaram a vasculhar o oceano em
busca de algo valioso e liberaram muito
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TÉCNICA E AMBIENTE
Com a fase dealvenaria já em an-damento, o proprietário de uma
casa em um condomínio residencial
de Itu, interior de São Paulo, decidiu
modificar o projeto da cobertura
para instalar um "telhado verde" de
160 m². Além de buscar uma solução
estética alternativa, a intenção tam-
bém era proporcionar ao imóvel um
melhor isolamento térmico e acústi-
co com a barreira vegetal contra os
raios solares.
A instalação do sistema utilizado
foi realizada em quatro etapas. A pri-
meira, de impermeabilização da laje,
exigiu os maiores cuidados na execu-
ção, a começar pela especificação do
produto. Preferiu-se utilizar mem-
Cobertura viva
Confira como foi a execução de um jardim suspenso sobre uma
residência em Itu (SP)
branas de PEAD (Polietileno de Alta
Densidade) em vez de mantas e resi-
nas aderentes à laje – temia-se que, no
longo prazo, as dilatações e movi-
mentações naturais da estrutura cau-
sassem fissuras no produto imper-
meabilizante. As bordas das camadas
de PEAD foram soldadas por termo-
fusão,processo seguido pelo imediato
teste de estanqueidade do sistema. A
área impermeabilizada passou pelo
ensaio das 72 horas de lâmina d'água
previsto em norma.
Na etapa seguinte foi realizado o
posicionamento dos elementos de
drenagem. São placas feitas em plásti-
co com resistência suficiente para su-
portar o peso de pessoas e pequenos
equipamentos de manutenção. Asse-
melham-se a bandejas de ovos vaza-
das, que servem de reservatórios de
água para suprir as raízes das plantas
do jardim. Furos na parte superior
das bandejas permitem que o excesso
de água escoe para a membrana im-
permeabilizante e seja drenada para
os ralos nas bordas da laje.
A camada para o plantio dos ve-
getais foi feita em seguida. Não se
trata de terra pura. Cerca de 80% de
seu volume é composto por material
inerte. O restante, por material or-
gânico – com essa quantidade, a
perda de volume de substrato de-
corrente do processo de decomposi-
ção não é tão relevante. Com isso,
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TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008
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31
diminui-se a necessidade de ações de
manutenção no jardim. Segundo
Sérgio Rocha, diretor técnico do Ins-
tituto Cidade Jardim, empresa que
executou a cobertura verde, o mate-
rial possui alta absorção de água.
"Cerca de 60% do volume de água
fica retido no substrato", afirma
Rocha. Completamente saturado, o
substrato tem peso específico de
cerca de 800 kg/m³. A deposição foi
feita com auxílio de caminhão-guin-
daste, que transportava à cobertura
sacos com cerca de 900 kg cada um.
Por fim, foram plantados os vege-
tais. A escolha das espécies foi realiza-
da com muito critério, pois deveriam
se adaptar às características climáticas
da cobertura. "Apesar de morarmos
* já considerando pesos do substrato
saturado e biomassa
Carga máxima permitida pelo
projeto estrutural: 300 kg/m²
Peso atingido pelo sistema: 190 kg/m²*
Biomassa: 16 kg/m²
Absorção de carbono estimada: 5 kg/m²
Telhado verde
Para execução do jardim suspenso, executores optaram por impermeabilização
não-aderente à laje
Bordas das membranas de polietileno de alta densidade são unidas por termofusão.
Teste de estanqueidade é feito imediatamente após o serviço
Sacos são içados à cobertura por
caminhão-guindaste para deposição
do substrato
Elementos de drenagem: bandejas
vazadas retêm apenas água necessária
para suprir raízes das plantas; excesso
é escoado por furos no topo dos cones
num país predominantemente tropi-
cal, o telhado tem um clima peculiar,
mais parecido com o desértico: am-
plitude térmica alta, que pode variar
dos 17ºC aos 70ºC, alta incidência de
raios solares e de ventos e drenagem
rápida da água das chuvas", explica
Rocha. As mudas escolhidas são de
origem desértica, importadas da Áfri-
ca do Sul. Segundo Rocha, não se en-
contram no mercado brasileiro espé-
cies de plantas nativas, do cerrado ou
da caatinga. De alta capacidade de re-
tenção de água, os vegetais escolhidos
pesam aproximadamente 16 kg/m².
O jardim atingirá o tamanho e vo-
lume final depois de aproximada-
mente 12 meses, que serão completa-
dos no Carnaval de 2009. Não foi rea-
lizada uma análise térmica dos cômo-
dos da casa. No entanto, os executores
se sustentam em pesquisas acadêmi-
cas que indicam uma redução da am-
plitude térmica superficial da cober-
tura – que se refletiriam no conforto
térmico interno do imóvel.
Renato Faria
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SISTEMAS CONSTRUTIVOS
32 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008
Aplanta industrial de polipropilenoda Braskem localizada em Paulí-
nia, interior de São Paulo, possui qua-
tro edificações que se destacam por
seu método construtivo. A empresa
optou por executar o prédio adminis-
trativo e ambulatório, o refeitório, a
portaria e o descanso dos caminho-
neiros no sistema Concreto/PVC –
perfis plásticos servem de fôrma para
o concreto leve utilizado no preenchi-
mento das paredes.
A fábrica é localizada em um terre-
no de 420 mil m², com 25,5 mil m² de
área construída e consumiu R$ 700 mi-
lhões em investimentos. A parcela cor-
respondente à execução foi de R$ 560
milhões. Os trabalhos no canteiro fo-
Construção plástica
Sistema de Concreto/PVC foi utilizado em edificações de fábrica de polipropileno
ram iniciados em setembro de 2006 e
entregues no dia 25 de abril de 2008.Os
números da planta são consideráveis.
Há 1.500 t de tubulação, 38 mil m³ de
concreto, 2.500 estacas em hélice contí-
nua.Com a operação da fábrica,a Bras-
kem acrescentará 350 mil t/ano de poli-
propileno à sua produção.
Há sete prédios auxiliares que
somam 1.500 m² na unidade de Paulí-
nia. No total, 1.155 m² foram executa-
dos no sistema de Concreto/PVC por-
taria (100 m²),refeitório (450 m²),des-
canso de caminhoneiros (45 m²), ad-
ministração (560 m²). O diretor de
contrato da CNO (Construtora Nor-
berto Odebrecht), José Carlos Aversa,
afirma que a Braskem cogitou que ou-
tras edificações, como o laboratório e a
oficina de manutenção, fossem feitos
nesse sistema construtivo. "Mas como
não conhecíamos bem o sistema, pre-
ferimos executá-las de forma conven-
cional. Aquelas que poderíamos admi-
nistrar sem problemas, foram feitas de
Concreto/PVC", esclarece.
Inicialmente, o orçamento conso-
lidado especificava e quantificava
todos os prédios da planta no sistema
construtivo de alvenaria. Por ser uma
empresa petroquímica, a Braskem
optou por executar as quatro edifica-
ções com o sistema de Concreto/PVC.
Entretanto, encontrou resistência na
CNO, responsável pela obra. Além
disso, algumas paredes já estavam le-
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33
vantadas. "Foi necessário rever todo o
projeto e até mesmo o design de inte-
riores", lembra o arquiteto Gilberto
Williams, da WW Arquitetura.
Apesar de as primeiras edificações
no Brasil, todas habitações sociais,
serem do ano 2000, o setor industrial
não havia utilizado o sistema até abril
deste ano.Até então,unidades hospita-
lares de múltiplo uso, banheiros públi-
cos, estações de tratamento de esgoto
compactas e outras instalações foram
executadas com o Concreto/PVC.
Origem do sistema
O sistema construtivo Concreto/
PVC foi desenvolvido no Canadá para
projetar e construir,de forma industria-
lizada, vários tipos de edificações de até
cinco pavimentos. Formado por perfis
leves e resistentes de PVC que operam
como fôrmas para o concreto,o sistema
utiliza encaixe modulado. Esses perfis
são preenchidos com concreto e, de-
pendendo do projeto, aço estrutural. A
película de PVC confere acabamento
interno e externo às paredes, mas há a
possibilidade de revesti-las com outros
materiais. "A própria fôrma é um aca-
bamento lavável e possui diversas cores.
Não há necessidadede tinta, azulejo.
São melhorias que você pode incorpo-
rar ao sistema", diz Williams.
A CNO se deparava com a falta de
experiência da construtora com o sis-
tema, inexistência de mão-de-obra ex-
periente para contratar e o prazo aper-
tado. "Por isso nós relutamos em exe-
cutar as edificações em Concreto/PVC.
Fomos para a fábrica da Royal Group
Technologies del Sur, na Argentina,
para estudar o sistema. Não sabia
como executar,como alinhar,o que co-
locar dentro da fôrma, como fazer a
amarração", conta Aversa.
A visita à fábrica das fôrmas mo-
dificou a visão do diretor de contrato.
"A fornecedora analisou o projeto,
modulou-o e fabricou os perfis. Ela
também sugeriu modificações. Com
o projeto, a fornecedora entregou um
kit de paredes que possui peças identi-
ficadas com etiquetas adesivas no in-
terior, indicando altura e posição.
Essa mesma identificação é inserida
no desenho de plano de montagem.
"É um quebra-cabeças", explica Aver-
sa. Para coordenar os trabalhos no
canteiro, a Royal também enviou um
encarregado para acompanhar a exe-
cução e tranqüilizou a CNO.
O entulho proveniente da demo-
lição das paredes já levantadas em al-
venaria foi utilizado na sub-base após
britagem. "Em vez de pagar cerca de
R$ 40 para destinar a um lugar licen-
ciado, contratamos uma empresa
próxima que retirava o material por
R$ 12 e recomprávamos a brita, fe-
chando em R$ 35", diz Aversa. Já no
sistema Concreto/PVC, o engenheiro
diz que se surpreendeu com a baixa
geração de resíduos.
As edificações estão sobre funda-
ções do tipo radier, nas quais as paredes
são apoiadas diretamente.Na fundação,
já estavam previstos todos os pontos de
tubulações de água, de esgoto e elétrica.
Assim,foram criados nichos para que as
ferragens não fossem interrompidas e
áreas rebaixadas para as tubulações ho-
rizontais.Após a concretagem da funda-
ção,foram marcadas no piso as posições
das paredes internas,externas e suas fer-
ragens de arranque – que são dimensio-
nadas de acordo com os esforços verti-
cais e horizontais, fixadas com resina à
base de epóxi bicomponente.
Os perfis encaixam-se pelo sistema
macho-e-fêmea, deslizando da parte
superior até o radier. Na obra foram
utilizados perfis de 150 mm de espes-
sura nas paredes externas e 100 mm
nas internas.As cargas sobre as paredes
portantes do sistema construtivo
podem ser distribuídas ou pontuais.
As paredes são apoiadas em
fundações do tipo radier, na qual 
são previstos todos os pontos de
tubulações de água, de esgoto 
e elétrica
Etapas básicas
A concretagem das fôrmas deve ser
por camadas entre 50 cm e 70 cm para
não as abrir e o slump deve ser entre 
20 cm e 24 cm
As lâminas de PVC podem ser
utilizadas como acabamento. Lixar ou
usar um primer é outra opção para
realizar revestimentos ou texturas
O prumo, um dos momentos críticos na
montagem dos perfis, é obtido pela
combinação dos escoramentos internos
e externos com auxílio de sarrafos e
escoras de madeira na diagonal
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S I S T E M A S C O N S T R U T I V O S
34 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008
A CNO seguiu a recomendação da
fornecedora de iniciar a montagem
pelos cantos, para que as paredes
pudessem se sustentar sem a necessida-
de de um operário. Os reforços verticais
e horizontais dos perfis foram feitos
com barras amarradas aos arranques fi-
xados no radier com espaços entre 0,50
m e 1 m. O processo é similar à emenda
de pilares em estruturas de concreto ar-
mado. "Aqui, furávamos o próprio ra-
dier sem precisar de nenhuma amarra-
ção.Se fôssemos fazer um segundo piso,
seria necessário", informa o engenheiro.
Se mais de um pavimento for exe-
cutado, o aço das barras utilizado varia
conforme cálculo estrutural específico
para os carregamentos e as resistências
características dependem do tipo de
concreto utilizado e da espessura da
parede. Os métodos de cálculo estão
baseados em considerações das pare-
des de concreto, com o diferencial da
fôrma de PVC. O sistema também já
apresenta um conjunto de marcos e
contramarcos em PVC, que deixam os
vãos prontos para receber esquadrias
de qualquer tipo.
Um dos momentos críticos da
montagem do sistema Concreto/PVC
é o prumo. Os montantes foram pos-
tos a prumo por meio da combinação
dos escoramentos internos e externos.
Para manter o alinhamento, foi utiliza-
da uma cantoneira de aço fixada às pa-
redes. Sarrafos e escoras de madeira
na diagonal entre o topo do perfil e o
solo também auxiliaram. A utilização
de escoras intermediárias na monta-
gem do sistema não foi necessária.
Com os perfis ainda ocos, os ope-
rários executaram as instalações elé-
tricas e hidráulicas. Como os dutos já
são integrados, o sistema construtivo
dispensa todos os trabalhos de abertu-
ra de dutos em paredes.Os pontos elé-
tricos se encontram nas caixas de dis-
tribuição acima do forro. "No perfil, já
vem um baguetezinho para passar o
fio. Você só precisa furar com uma
serra-copo e instalar a caixa de passa-
gem. A fiação pode até passar depois
de concretado, por ser protegida", ex-
plica Aversa. O ponto de abastecimen-
to de água foi realizado na posição
vertical. As saídas nos pontos deseja-
dos também foram feitas com serra-
copo, e para ter acesso à tubulação, os
operários poderiam levantar o perfil
ao lado do qual se pretende fazer algu-
ma conexão.
Com as fôrmas alinhadas e insta-
ladas, deu-se início ao enchimento
com concreto de 24 MPa. Como os
perfis são vazados nas laterais em
que se entretravam, é necessário uti-
lizar pedrisco como agregado para
dar maior fluidez e garantir o preen-
chimento das fôrmas. Os nichos do
radier também foram concretados
nessa fase.
Concretagem e acabamentos
O índice de conforto, no que diz
respeito às paredes, está relacionado
com o tipo de preenchimento dos
painéis e espessura das paredes.
Como o PVC é um material total-
mente impermeável a gases e líqui-
dos, não existe troca de vapores entre
meio interno e externo, apenas de
temperatura, que ocorre de acordo
com a resistência térmica da parede. É
dos cantos
e laterais de janelas
e portas
Reforço amarrado
à ancoragem
Ancoragem
Reforço
Ancoragem
Guia de montagem
Sarrafo
Prego 2”
Ancoragem
de aço
Preenchimento
com concreto
Solo natural
Esquema de
montagem
pronta
Junta de
dilatação
Calçada
Barras amarradas aos arranques fixados no
radier com espaços entre 0,50 m e 1 m
realizam os reforços verticais e horizontais
A montagem dos perfis de PVC se inicia pelos cantos dando sustentação, sem o
auxílio de um operário, para as paredes
Montagem dos
perfis de PVC 
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35
possível adicionar materiais isolantes
no concreto para aumentar o confor-
to térmico ou acústico. Em algumas
paredes dos edifícios, foi adicionado
EPS. O uso de aditivos acelerantes ou
retardantes não é recomendado, ape-
nas de superfluidificantes.
O enchimento é outro ponto cru-
cial do sistema. "É necessário tomar
cuidado. O PVC é resistente, mas você
precisa concretar com certo cuidado
para a fôrma não abrir", adverte Aver-
sa. O concreto foi lançado do topo das
paredes por meio de bombas, exigin-
do maior cuidado e lentidão para que
o material flua entre as fôrmas. "O es-
tufamento pode provocar problemas,
principalmente no acabamento das
portas e janelas", alerta Williams.
A concretagem dos painéis ocor-
reu por camadas variando entre 50 cm
e 70 cm. Para agilizar o processo, per-
corre-se todo o layout da planta até
completar a altura completa da parede.
A fabricante das fôrmas recomenda
um slump entre 20 cm e 24 cm. É im-
portante observar a cura do concreto,
seguindo o tempo recomendado ou
usando aditivos específicos para o con-
creto.A utilização de cimento ARI (Alta
Resistência Inicial) é uma opção para
acelerar ainda mais oprocesso.
A fim de evitar bolhas de ar e para
que o concreto se acomode, pequenas
batidas são dadas com martelos de
borracha para não danificar o acaba-
mento das fôrmas.
A CNO levantou as paredes em 60
dias.No processo de montagem da pa-
rede oca, escoramento e colocação de
ferragens foram utilizados dois car-
pinteiros e dois ajudantes. Já para a
concretagem e limpeza das fôrmas
foram dois pedreiros e dois ajudantes.
A construtora também reviu o
projeto da cobertura metálica, for-
mada por tesouras planas. O projeto
inicial foi desenvolvido para edifí-
cios em alvenaria, assim, foi necessá-
rio detalhar novamente esse sistema.
"Tivemos que fazer modificações,
pois a própria estrutura da cobertu-
ra faz a amarração nas paredes. Não
havia viga ou cinta de amarração",
relembra Aversa.
Após a finalização da cobertura, a
Braskem optou pelo acabamento de
PVC da própria fôrma e também pela
utilização de acabamentos como azu-
lejos e texturas.As fôrmas são fabrica-
das em um processo de co-extrusão,
contendo uma camada especial com
proteção contra a ação dos raios UV,
garantindo que os painéis de PVC não
tenham alteração de cor e resistência
ao longo dos anos ainda que sofram
ação de maresia e mudanças bruscas
de temperatura.
Como o sistema in natura pode ser
utilizado como acabamento, é impor-
tante observar o transporte e o arma-
zenamento dos perfis para evitar ris-
cos ou danos à superfície das fôrmas.
Já para aplicar os revestimentos é ne-
cessário que a superfície de PVC seja
tratada com um primer para, então,
aplicar o material. "Você pode fazer o
que quiser, colocar até imitação de ti-
jolo ou madeira", diz o diretor de con-
trato. Na linha do conceito do uso do
PVC, as esquadrias escolhidas tam-
bém são do mesmo material plástico.
Se a Braskem optar por ampliar as
edificações, é possível utilizar sistemas
convencionais ou Concreto/PVC. No
caso de aberturas de paredes ou
mesmo remoção, as paredes de con-
creto deverão ser cortadas com equi-
pamentos convencionais para corte do
concreto e os arremates feitos de acor-
do com o projeto de reforma proposto.
O diretor de contrato da CNO
afirma que a implantação do sistema
Concreto/PVC foi interessante finan-
ceiramente, apesar da demolição de
paredes de alvenaria, retrabalhos e
readequação de projetos. "Os custos
foram distorcidos, pois no primeiro
momento tivemos que lidar com um
sistema novo. A mão-de-obra é muito
simples", finaliza Aversa.
Rafael Frank
Detalhe B
Detalhe C
Detalhe A
Detalhe A
Detalhe B
Detalhe C
A parte que
tem a aba vai
para o interior
do cômodo
Última peça a ser
colocada deve
ficar removível
Barra de ø 8 mm
amarrada na
ancoragem
do radier
Marco básico
cortado a 45º
Corte do PVC
para baixo de
onde passarão
as barras
Os perfis possuem marcos e contramarcos
em PVC que deixam os vãos prontos para as
esquadrias. O acabamento das portas e
janelas pode ser comprometido se houver
estufamento das fôrmas
Marcos e
contramarcos
em PVC
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DRENAGEM
36 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008
Os contrastes entre as idades, portese métodos construtivos das edifi-
cações que compõem as cidades brasi-
leiras devem ser levados em conta no
momento de fazer projetos de conten-
ções de novos prédios, principalmente
em solos moles, quando é preciso es-
cavar subsolos de garagens. A cidade
de São Paulo é um exemplo do que
vem acontecendo. Diante do ritmo
acelerado das obras, com o aqueci-
mento do mercado imobiliário, a exe-
cução de subsolos está provocando
transtornos e problemas para as edifi-
cações vizinhas.
Bairros tradicionalmente residen-
ciais, na maioria das vezes formados
Recalques indesejáveis
Norma recomenda investigação de terrenos vizinhos quando há necessidade
de rebaixamento do lençol freático, mas só isso não basta. Em São Paulo,
Comissão prepara novas regras
por casas assentadas sobre fundações
rasas (radiers e baldrames), são os que
mais sofrem com a situação. Trincas e
rachaduras nas casas vizinhas são co-
muns e assustam seus proprietários.
Essas alterações no maciço podem
provocar, ainda, abaulamentos em
ruas e avenidas, como nos exemplos
recentes na cidade de São Paulo, tais
como os ocorridos nos bairros de
Moema, região do Ibirapuera e ou-
tros, casos imediatamente associados
à construção de edificações com vá-
rios níveis de subsolos, em regiões
com presença de argila mole, suscetí-
vel ao fenômeno de adensamento. No
entanto, na maioria dos casos, não re-
presenta maiores perigos. Mas há
ocorrências mais graves, em que as
construtoras precisam refazer alguma
construção vizinha que ficou com-
prometida de maneira mais séria.
Geralmente os problemas aconte-
cem nas partes baixas da cidade, onde
o lençol freático é aflorado e há pre-
sença de argila orgânica. "Nessas
áreas, que historicamente eram as
mais desvalorizadas (as várzeas dos
rios) foram realizados aterros sobre
solo mole.As pessoas construíam suas
casinhas, sem muita engenharia, com
baldrames ou radiers, em cima desses
aterros. Com o passar do tempo, essas
áreas também se tornaram valoriza-
das. Construir um edifício de grande
porte, com escavações e fundações
profundas, realmente abala esse tipo
de casinha", explica Milton Golom-
bek, presidente da Abeg (Associação
Brasileira de Empresas de Projetos e
Consultoria em Engenharia Geotéc-
nica) e diretor da Consultrix, empresa
projetista de fundações. Mesmo
assim, o lençol está bem mais baixo
em vários bairros de São Paulo, atesta
ele. "Hoje, quando fazemos sonda-
gens em alguns bairros da cidade
onde já trabalhamos, verificamos que
o lençol está numa profundidade 4 m
maior que há dez anos." 
A situação se repete em todo o
País, dependendo da região, onde os
aluviões, solos com camadas pouco
espessas de solos de várzeas, deposi-
tados por sedimentação na planície
de inundação de rios, são heterogê-
Alterações no maciço podem provocar abaulamentos em ruas e avenidas além de
rachaduras e trincas nas construções vizinhas. Casas sobre fundações rasas são as
mais suscetíveis aos recalques
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37
neos, formados por areias e argilas
moles e turfosas compressíveis. Nes-
ses casos, um rebaixamento de ape-
nas 1 m a 2 m do lençol freático é su-
ficiente para causar recalques que
podem danificar quarteirões de resi-
dências apoiadas em fundação direta
sobre argilas muito moles.
Impermeabilização do solo
Além disso, os problemas de recal-
que não são causados apenas pela dre-
nagem de água feita nas obras de edi-
fícios, mas também pelas mudanças
no solo devido à urbanização das ci-
dades. O processo de ocupação vem
há anos trazendo a impermeabiliza-
ção do solo, resultado do asfaltamen-
to de ruas, drenagem superficial e
preenchimento completo da superfí-
cie, o que impede as águas da chuva de
penetrarem para reabastecer os len-
çóis freáticos. Assim, surgem vazios
onde antes havia água, aumentando a
instabilidade dos solos e possibilidade
de recalques. A conseqüência mais
comum é o surgimento de trincas e
fissuras em edificações, além de abau-
lamentos de pisos, ruas e passeios.
Durante as construções, em solos
mais permeáveis, o rebaixamento do
nível d'água, em geral feito de forma
provisória, permite a escavação de
subsolos, utilizando bombeamento.
Dependendo da localização do terre-
no (várzeas de rios e locais baixos)
onde o lençol é mais aflorado, torna-
se necessário o bombeamento per-
manente, mas esses casos são mino-
ria. Em outras situações, nas escava-
ções de solos de baixa permeabilida-
de, o rebaixamento acontece natu-
ralmente e utiliza-se apenas o bom-
beamento no fundo da escavação.
Para evitar recalques, a realiza-
ção do projeto de subsolos e das
próprias fundações

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