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‘a revista do engenheiro civil techne téchne 139 outubro 2008 www.revistatechne.com.br IPT apoio Edição 139 ano 16 outubro de 2008 R$ 23,00Kum ar M ehta ■ G estão de carreira ■ Lençol freático ■ Casa Concreto/PVC ■ Segurança do trabalho ■ Transporte de m ateriais ■ Steel fram e ■ Elevadores IS SN 0 10 4- 10 53 9 7 7 0 1 0 4 1 0 5 0 0 0 0 0 1 3 9 Fabio Villas Bôas diretor técnico TECNISA Rodrigo Martins gerente de planejamento e controle SCHAHIN Paula Petroni engenheira coordenadora GAFISA ENTREVISTA Kumar Mehta: concreto sustentável Setor aquecido volta a valorizar profissionais. Saiba como aproveitar a onda de oportunidades, mas com responsabilidade e profissionalismo Setor aquecido volta a valorizar profissionais. Saiba como aproveitar a onda de oportunidades, mas com responsabilidade e profissionalismo SISTEMA CONSTRUTIVO Casa Concreto/PVC SEGURANÇA DO TRABALHO Como fazer um plano de gestão SUBSOLOS Rebaixamento de lençol freático Gestão de carreiraGestão de carreira capa tech 139.qxd 8/10/2008 09:00 Page 1 outras capas 139.qxd 6/10/2008 17:24 Page 2 outras capas 139.qxd 6/10/2008 17:24 Page 3 outras capas 139.qxd 6/10/2008 17:25 Page 4 1 SUMÁRIO SEÇÕES Editorial 2 Web 6 Área Construída 8 Índices 14 IPT Responde 16 Carreira 18 Melhores Práticas 22 Técnica e Ambiente 30 P&T 66 Obra Aberta 70 Agenda 74 Capa Layout: Lucia Lopes Foto: Marcelo Scandaroli ENTREVISTA Concreto sustentável "Papa" mundial do concreto, Povindar Kumar Mehta defende a redução de clínquer no cimento e menos cimento na pasta de concreto 46 24 CAPA Futuro planejado Boom imobiliário, crescimento econômico e falta de profissionais levam engenheiros a planejar mais sua carreira 32 SISTEMAS CONSTRUTIVOS Construção plástica Braskem amplia unidade administrativa em Paulínia (SP) com escritórios de Concreto/PVC 36 DRENAGEM Recalques indesejáveis Riscos de colapsos levam prefeituras a restringir rebaixamento de lençol em áreas urbanas 40 SEGURANÇA Contra as estatísticas Ex-recordista de acidentes, setor da construção investe mais em segurança do trabalho mas tropeça nos índices elevados 54 ELEVADORES – PINI 60 ANOS Subida rápida Dos elevadores pantográficos aos elevadores sem casa de máquinas 58 INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS Pressão reduzida Força da coluna d'água e risco de rompimento de equipamentos exige controle da pressão da água 60 ARTIGO Racionalização do transporte de materiais em edificações Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná propõem medidas para racionalizar movimentação 77 COMO CONSTRUIR Steel frame – Fechamento – parte 3 Veja como executar as paredes internas e externas da casa Fo to s: M ar ce lo S ca nd ar ol i sumario.qxd 6/10/2008 18:17 Page 1 EDITORIAL 2 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008 Povindar Kumar Mehta acaba de lançar, em parceria com oengenheiro brasileiro Paulo Monteiro, a 3a edição do livro "Concreto: Microestrutura, Propriedades e Materiais", editado pelo Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto). Em rápida passagem pelo País, onde ministrou a palestra “Uma Proposta Sustentável para os Cimentos do Futuro”, Mehta defendeu duas medidas polêmicas: a redução do clínquer no cimento e a diminuição de cimento na pasta de concreto. O autor reconhece a importância de reduzir o consumo de água e energia nas edificações, mas chama a atenção para os processos de fabricação dos materiais de construção. Critica severamente o governo dos Estados Unidos, país onde leciona, por não ter assinado o Protocolo de Kyoto – acordo para a redução dos gases de efeito estufa.As chamadas cinzas volantes, pozolanas e microssílicas constituem, na opinião dele, os elementos necessários para reduzir as emissões da indústria cimenteira, pois substituem parte do clínquer que precisa ser produzido pelo processo de queima. Para ilustrar a proposta, Mehta recorre à mitologia hindu. Os homens, na sua ganância, teriam contaminado os mares. Shiva então absorveu toda a água contaminada do oceanos. Em vez de se envenar como temiam os deuses, Shiva tornou-se azul e nada lhe aconteceu.A indústria do cimento seria Shiva. Poderia “absorver”ainda mais os resíduos de vários processos industriais e utilizá-los como matéria-prima, como é feito hoje parcialmente. Mehta não se esqueceu de recomendar aos projetistas que reduzam o volume de concreto em seus projetos e utilizem concretos de maior durabilidade. Esse seria, na visão do professor, o verdadeiro concreto sustentável. Concreto, Shiva e a verdadeira sustentabilidade VEJA EM CONSTRUÇÃO MERCADO VEJA EM AU � João Filgueiras Lima, Lelé � Comperj, Itaboraí � Showroom Drastosa � Construção sustentável � Gestão de riscos � Copa 2014 � Baixa renda � Instalações elétricas � Espaçador de armaduras � Estimativa de tijolos � Steel frame VEJA EM EQUIPE DE OBRA Paulo Kiss editorial.qxd 6/10/2008 17:27 Page 2 editorial.qxd 6/10/2008 17:27 Page 3 4 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008 Fundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Sérgio Pini (1928-2003) DDiirreettoorr GGeerraall Ademir Pautasso Nunes DDiirreettoorr ddee RReeddaaççããoo Eric Cozza eric@pini.com.br EEddiittoorr:: Paulo Kiss paulokiss@pini.com.br EEddiittoorraa--aassssiisstteennttee:: Kelly Carvalho RReeppóórrtteerr:: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial) RReevviissoorraa:: Mariza Passos CCoooorrddeennaaddoorraa ddee aarrttee:: Lucia Lopes DDiiaaggrraammaaddoorreess:: Leticia Mantovani e Renato Billa; Gabriela Malentacchi (trainee) IIlluussttrraaddoorr:: Sergio Colotto FFoottóóggrraaffoo:: Marcelo Scandaroli PPrroodduuççããoo eeddiittoorriiaall:: Agatha Sanvidor (trainee) CCoonnsseellhhoo AAddmmiinniissttrraattiivvoo:: Caio Fábio A. Motta (in memoriam), Cláudio Mitidieri, Ercio Thomaz, Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira CCoonnsseellhhoo EEddiittoorriiaall:: Carlos Alberto Tauil, Emílio R. E. Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano, João Fernando Gomes (presidente), Günter Leitner, José Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam), José Maria de Camargo Barros, Maurício Linn Bianchi, Osmar Mammini, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Fernandes Hachich EENNGGEENNHHAARRIIAA EE CCUUSSTTOOSS:: Bernardo Corrêa Neto PPrreeççooss ee FFoorrnneecceeddoorreess:: Juliana Cristina Teixeira AAuuddiittoorriiaa ddee PPrreeççooss:: Anderson Vasconcelos Fernandes e Leonardo Santos de Souza EEssppeecciiffiiccaaççõõeess ttééccnniiccaass:: Ana Carolina Ferreira ÍÍnnddiicceess ee CCuussttooss:: Maria Fernanda Matos Silva CCoommppoossiiççõõeess ddee CCuussttooss:: Mônica de Oliveira Ferreira SSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE EENNGGEENNHHAARRIIAA:: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mário Sérgio Pini PPUUBBLLIICCIIDDAADDEE:: Luiz Oliveira,Adriano Andrade, Jane Elias, Eduardo Yamashita, Silvio Carbone e Flávio Rodriguez EExxeeccuuttiivvooss ddee ccoonnttaass:: A C Perreto, Daniele Joanoni, Danilo Alegre, Ricardo Coelho e Marcelo Coutinho. MMAARRKKEETTIINNGG:: Ricardo Massaro EEVVEENNTTOOSS:: Margareth Alves LLIIVVRROOSS EE AASSSSIINNAATTUURRAASS:: José Carlos Perez RREELLAAÇÇÕÕEESS IINNSSTTIITTUUCCIIOONNAAIISS:: Mário S. Pini AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO EE FFIINNAANNÇÇAASS:: Durval Bezerra CCIIRRCCUULLAAÇÇÃÃOO:: José Roberto Pini SSIISSTTEEMMAASS:: José da Cruz Filho e Pedro Paulo Machado MMAANNUUAAIISS TTÉÉCCNNIICCOOSS EE CCUURRSSOOSS:: Eric Cozza EENNDDEERREEÇÇOO EE TTEELLEEFFOONNEESS Rua Anhaia, 964 – CEP 01130-900 – São Paulo-SP – Brasil PPIINNIIPublicidade, Engenharia, Administração e Redação – fone: (11) 2173-2300 PPIINNII Sistemas, suporte e portal Piniweb – fone: (11) 2173-2300 - fax: (11) 2173-2425 Visite nosso site: www.piniweb.com RReepprreesseennttaanntteess ddaa PPuubblliicciiddaaddee:: PPaarraannáá//SSaannttaa CCaattaarriinnaa (48) 3241-1826/9111-5512 EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3299-2411 MMiinnaass GGeerraaiiss (31) 2535-7333 RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull (51) 3333-2756 RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2247-0407/9656-8856 BBrraassíílliiaa (61) 3447-4400 RReepprreesseennttaanntteess ddee LLiivvrrooss ee AAssssiinnaattuurraass:: AAllaaggooaass (82) 3338-2290 AAmmaazzoonnaass (92) 3646-3113 BBaahhiiaa (71) 3341-2610 CCeeaarráá (85) 3478-1611 EEssppíírriittoo SSaannttoo (27) 3242-3531 MMaarraannhhããoo (98) 3088-0528 MMaattoo GGrroossssoo ddoo SSuull (67) 9951-5246 PPaarráá (91) 3246-5522 PPaarraaííbbaa (83) 3223-1105 PPeerrnnaammbbuuccoo (81) 3222-5757 PPiiaauuíí (86) 3223-5336 RRiioo ddee JJaanneeiirroo (21) 2265-7899 RRiioo GGrraannddee ddoo NNoorrttee (84) 3613-1222 RRiioo GGrraannddee ddoo SSuull (51) 3470-3060 SSããoo PPaauulloo Marília (14) 3417-3099 São José dos Campos (12) 3929-7739 Sorocaba (15) 9718-8337 ttéécchhnnee:: ISSN 0104-1053 Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares) Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares) Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva do autor e não expressam, necessariamente, as opiniões da revista. VVeennddaass ddee aassssiinnaattuurraass,, mmaannuuaaiiss ttééccnniiccooss,, TTCCPPOO ee aatteennddiimmeennttoo aaoo aassssiinnaannttee Segunda a sexta das 9h às 18h 44000011--66440000 principais cidades* 00880000 559966 66440000 demais municípios fax ((1111)) 22117733--22444466 vendas web wwwwww..LLoojjaaPPIINNII..ccoomm..bbrr AAtteennddiimmeennttoo wweebb:: www.piniweb.com/fale conosco *Custo de ligação local nas principais cidades. ver lista em www.piniweb.com/4001 ++IInnffoo?? email: ssuuppoorrttee..ppoorrttaall@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PPuubblliicciiddaaddee fone (11) 2173-2304 fax (11) 2173-2362 e-mail: ppuubblliicciiddaaddee@@ppiinnii..ccoomm..bbrr TTrrááffeeggoo ((aannúúnncciiooss)) fone (11) 2173-2361 e-mail: ttrraaffeeggoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr EEnnggeennhhaarriiaa ee CCuussttooss fone (11) 2173-2373 e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr RReepprriinnttss eeddiittoorriiaaiiss Para solicitar reimpressões de reportagens ou artigos publicados: fone (11) 2173-2304 e-mail: ppuubblliicciiddaaddee@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PINIrevistas RReeddaaççããoo fone (11) 2173-2303 fax (11) 2173-2327 e-mail: ccoonnssttrruuccaaoo@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PINImanuais técnicos fone (11) 2173-2328 e-mail: mmaannuuaaiiss@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PINIsistemas SSuuppoorrttee fone (11) 2173-2400 e-mail: ssuuppoorrttee@@ppiinniiwweebb..ccoomm VVeennddaass fone (11) 2173-2423 (Grande São Paulo) 0800-707-6055 (demais localidades) e-mail: vveennddaass@@ppiinniiwweebb..ccoomm PINIserviços de engenharia fone (11) 2173-2369 e-mail: eennggeennhhaarriiaa@@ppiinnii..ccoomm..bbrr PROIBIDA A REPRODUÇÃO E A TRANSCRIÇÃO PARCIAL OU TOTAL TODOS OS DIREITOS RESERVADOS techne´ techne´ expediente.qxd 6/10/2008 17:28 Page 4 expediente.qxd 6/10/2008 17:28 Page 5 6 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008 Fórum Téchne O site da revista Téchne tem um espaço dedicado ao debate técnico e qualificado dos principais temas da engenharia. Confira o tema em andamento. Você é a favor da paridade de diploma entre os países? Sou a favor desde que o currículo escolar seja igual ao de nossas universidades. Seria muito fácil um profissional estrangeiro atuar no País como engenheiro ou arquiteto com formação e carga horária equivalentes a um curso Tecnológico no Brasil. Fora que o sistema Confea/Crea cumpre de forma sofrível sua atividade de fiscalizar o exercício profissional. Talvez, na verdade, as empresas é que iriam se beneficiar de tal paridade, pois quanto maiores as ofertas de mão-de-obra, menores os salários. Fabiano Luiz da Costa [02/10/2008] Claro. O mundo vive uma época em que profissionais podem e devem trocar informações e conhecimentos além de fronteiras e oceanos. O progresso está na integração dos conhecimentos e a engenharia civil no Brasil, apesar de contar com ótimos profissionais, ainda é carente de tecnologia. Somos tão competentes quanto os engenheiros de outros países e já estamos aptos a contribuir um pouco com a engenharia mundial. Gabriel Carvalho [30/09/2008] Conceitualmente sou a favor, encaro como ampliação de possibilidades de trabalho. Porém, hoje o Brasil está precisando de engenheiros, passamos anos com a construção civil em baixa e logo agora que estamos em alta vamos aumentar a oferta e conseqüentemente reduzir os salários? Bernardo Corrêa Neto [30/09/2008] Não existe uma regra para o sucesso em uma carreira, mas é fato que a atualização constante rende pontos a favor do candidato que disputa uma vaga de trabalho. Em complemento à reportagem, confira algumas opções de cursos de atualização profissional. Gerenciamento de carreira Mais que EPIs, redução do elevado índice de acidentes nos canteiros depende de mudança da cultura organizacional e implantação efetiva de planejamento de segurança. Confira mais a respeito do tema em outras reportagens sobre o assunto já publicadas pela Editora PINI. Gestão de segurança Confira no site da Téchne fotos extras das obras, plantas e informações que complementam conteúdos publicados nesta edição ou estão relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista www.revistatechne.com.br O sistema de Concreto/PVC foi adotado na construção da unidade administrativa de indústria da Braskem em Paulínia (SP). Para entender mais sobre o sistema confira, no site da Téchne, passo-a- passo de instalação do Concreto/PVC fornecido pela Royal do Brasil Technologies. Construção plástica M ar ce lo S ca nd ar ol i M ar ce lo S ca nd ar ol i D iv ul ga çã o Br as ke m web 139.qxd 6/10/2008 17:31 Page 6 web 139.qxd 6/10/2008 17:31 Page 7 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 20088 ÁREA CONSTRUÍDA A administração da cidade de Portland, nos Estados Unidos, está construindo, junto com a iniciativa privada,um bair- ro inteiro de edifícios a serem certifica- dos com o selo ambiental LEED (Lea- dership in Energy and Environmental Design). Chamado de South Water- front,o novo bairro tem 17 quarteirões, Portland constrói bairro sustentável que ocupam uma área de aproximada- mente 150 mil m² às margens do rio Willamette. É parte de um projeto maior de renovação urbana de uma an- tiga e desvalorizada região industrial conhecida como North Macadam,pró- xima ao Centro da cidade. A primeira etapa do projeto iniciou-se em 2004. Já foram construídas cinco torres de edifí- cios residenciais. Uma torre residencial e um centro médico ligado à Universi- dade de Saúde e Ciências de Oregon (na foto) estão em fase de execução. Mais duas devem começar a ser construídas em 2009.O bairro é também certificado com o selo Salmon Safe, pela iniciativa de recuperação e manutenção da quali- dade da água do rio Willamette.Div ul ga çã o: I nt er fa ce E ng in ee ri ng O 50o Congresso Brasileiro do Concre- to realizado em setembro na cidade de Salvador reuniu profissionais de todo o País para discutir as tecnologias do material. Entre as principais temáticas, discussões sobre o concreto para infra- estrutura e para a preservação ambien- tal. Foram realizadas 413 palestras téc- nico-científicas,11 conferências plená- rias, workshops e simpósios. Entre os destaques, a proposta do professor da universidade de Berkeley (EUA), Po- vindar Kumar Mehta,pelo uso mais eficiente do concreto, o que implicaria a redução do uso do próprio produto, do cimento e do clínquer. "A maioria dos países baseou-se nas normas ame- ricanas, que não consideram um uso eficiente. Se há problema, colocamos mais concreto. Os arquitetos podem auxiliar nessa questão também com seus projetos", afirmou após a plenária "Ternary Blended Cements – A Power- Ful Tool for Sustainable Structures of The Future". Mehta também se mani- festou sobre os problemas resultantes da velocidade da execução das obras. "Não há uma preocupação adequada com a cura do concreto. Podemos es- perar alguns dias a mais. Há constru- ções romanas de dois mil anos em bom estado, por que nós não conse- guimos isso?", criticou. O engenheiro Paulo Monteiro discor- reu sobre a caracterização da nanoes- trutura e microesturura do concreto para a otimização da sua durabilida- de. Já Surenda Shah, professor da Uni- versidade norte-americana North- western, revelou que a instituição es- tuda a utilização de fibras de celulose. As linhas, as dimensões, os apoios del- gados e a quantidade de escoramento do projeto da Cidade da Música, loca- lizada no Rio de Janeiro, impressiona- ram o público durante a apresentação do calculista estrutural Bruno Conta- rini. Projetado em cimento branco de- senvolvido para a obra, o empreendi- mento abrigará uma grande sala de Congresso discute concreto para infra-estrutura concerto (1.800 lugares), ópera (1.300 lugares), sala de música de Câmara (500 lugares), salas de ensaio,adminis- tração, conjunto de lazer com cinema e restaurante. O prédio também será sede da Orquestra Sinfônica Brasileira. O Simpósio sobre CCR (Concreto Compactado com Rolo) realizado em paralelo ao Congresso discutiu, com quórum expressivo, as melhores prá- ticas do sistema construtivo. "Não havia uma discussão em eventos desse tipo há dez anos, estava na hora", afirmou o presidente do Ibra- con (Instituto Brasileiro do Concre- to) Rubens Machado Bittencourt. Durante o Congresso, houve ainda o lançamento da nova edição do livro Concreto – Microestrutura, Proprie- dades e Materiais, de autoria de Po- vindar Kumar Mehta e Paulo Montei- ro, além da premiação dos profissio- nais que se destacaram em 2008. Confira relação completa dos premia- dos em www.revistatechne.com.br. Furnas Centrais Elétricas implementou um sistema de assinatura digital de seus projetos técnicos de Engenharia.A ferra- menta substitui,inclusive juridicamente, uma assinatura de próprio punho e ga- rante a autenticidade e integridade de documentos enviados eletronicamente. Furnas tem a intenção de exigir a utiliza- ção da tecnologia de todas as empresas parceiras. A exigência ocorrerá após a elaboração de uma instrução normativa e o estabelecimento de prazos e metas para atendimento a essa demanda. As certificações de todos os projetos deve- rão respeitar um padrão único. Furnas implanta assinatura digital para seus projetos area construida.qxd 6/10/2008 17:34 Page 8 area construida.qxd 6/10/2008 17:34 Page 9 Á R E A C O N S T R U Í D A Mais de 4,3 mil m³ de concreto foram aplicados de uma só vez na execução da laje de fundo do Poço Sul da estação Vila Prudente da linha Verde do Metrô de São Paulo. A con- cretagem – realizada a uma taxa de 75 m³/h – durou 58 horas, 12 horas a menos que o previsto no planeja- mento do serviço. A peça concretada possui 43 m de diâmetro e 3,20 m de espessura. O concreto foi resfriado com gelo e lançado por meio de qua- tro bombas. Em novembro do ano Metrô realiza mais uma megaconcretagem passado, o Consórcio Via Amarela realizou duas concretagens seme- lhantes na execução dos poços Norte e Sul da estação Luz da Linha 4 – Amarela. A construção da estação Vila Prudente, a cargo da Andrade Gutierrez, faz parte do plano de ex- pansão da Linha 2 – Verde para a zona Leste da cidade de São Paulo. Após sua entrega, prevista para 2010, será integrada ao corredor de ônibus Expresso Tiradentes e deverá receber cerca de 75 mil usuários por dia. Div ul ga çã o: M et rô -S P Associação amplia lista de destinatários de resíduos à base de gesso A Associação Drywall incluiu três novas ATTs (Áreas de Transbordo e Triagem) em sua lista de recomenda- ções de destinatários dos resíduos de produtos à base de gesso, somando oito locais.Pela primeira vez,a entida- de recomenda empresas fora do mu- nicípio de São Paulo. As novas ATTs estão localizadas em Contagem (MG), Balsa Nova (PR) e Imbituba (SC). Ini- cialmente, os locais de destinação do gesso eram as próprias fábricas de materiais à base do insumo, que os reincorporavam em seu processo pro- dutivo, e a agricultura, na qual o pro- duto era utilizado para melhorar as qualidades do solo e corrigir seu teor de acidez. Recentemente, as fábricas de cimento passaram a utilizar o gesso, cerca de 4% a 5% da composi- ção do insumo, como retardante de pega. A Associação Drywall mantém em seu site a relação atualizada dessas unidades, com seus respectivos ende- reços, telefones e responsáveis técni- cos. Mais informações no endereço www.drywall.org.br. area construida.qxd 6/10/2008 17:34 Page 10 area construida.qxd 6/10/2008 17:35 Page 11 Á R E A C O N S T R U Í D A CDHU incorpora conceito de acessibilidade a projetos de casas populares ciência. Segundo a companhia, as novas casas terão banheiros maiores com barras de apoio na porta, próxi- mas ao sanitário e ao chuveiro, e vãos de portas e corredores ampliados para A CDHU (Companhia de Desenvolvi- mento Habitacional e Urbano) de São Paulo apresentou em setembro um novo modelo a ser adotado em suas casas populares. O novo padrão ar- quitetônico incorpora conceitos de Desenho Universal, estabelecidos para facilitar a vida de pessoas com defi- ciência temporária ou permanente, crianças, idosos, gestantes e obesos. Para viabilizar o projeto, foi assinada uma resolução conjunta entre a Secre- taria da Habitação e a Secretaria de Es- tado dos Direitos da Pessoa com Defi- 90 cm, que permitem a passagem de cadeiras de rodas e maior mobilidade para pessoas com restrições motoras. Tomadas, interruptores de luz, pias e janelas serão adaptados com altura adequada a todos os usuários. Cam- painhas com sinais sonoros e lumi- nosos para deficientes auditivos ou vi- suais, pisos antiderrapantes e com diferença de textura também serão in- corporados ao projeto. As áreas co- muns do condomínio passam a ter rampas de acesso e faixas elevadas para a travessia de ruas. Cl ov is D ea ng el o/ CD H U O governo da Argentina declarou em setembro que considera de interesse público o projeto de construção de um túnel ferroviário sob a Cordilhei- ra dos Andes, que ligará o país ao Chile. O governo chileno havia feito uma declaração semelhante em agos- to. A licitação para a construção da passagem subterrânea transandina deverá ocorrer em 2009 e custará cerca de US$ 3 bilhões. Seu prazo esti- mado de construção é de oito a dez anos. Até a licitação, serão realizados os estudos de viabilidade técnica para Argentina e Chile construirão túnel sob a Cordilheira dos Andes a execução do túnel de 23 km de com- primento e 9,5 m de diâmetro a 2,5 mil m de altitude. O projeto inclui ainda a construção de estações multi- modais nas duas pontas do túnel para o transporte de passageiros, veículos leves e caminhões. area construida.qxd 6/10/2008 17:35 Page 12 area construida.qxd 6/10/2008 17:35 Page 13 Á R E A C O N S T R U Í D A Mais de 4,3 mil m³ de concreto foram aplicados de uma só vez na execução da laje de fundo do Poço Sul da estação Vila Prudente da linha Verde do Metrô de São Paulo. A con- cretagem – realizada a uma taxa de 75 m³/h – durou 58 horas, 12 horas a menos que o previsto no planeja- mento do serviço. A peça concretadapossui 43 m de diâmetro e 3,20 m de espessura. O concreto foi resfriado com gelo e lançado por meio de qua- tro bombas. Em novembro do ano Metrô realiza mais uma megaconcretagem passado, o Consórcio Via Amarela realizou duas concretagens seme- lhantes na execução dos poços Norte e Sul da estação Luz da Linha 4 – Amarela. A construção da estação Vila Prudente, a cargo da Andrade Gutierrez, faz parte do plano de ex- pansão da Linha 2 – Verde para a zona Leste da cidade de São Paulo. Após sua entrega, prevista para 2010, será integrada ao corredor de ônibus Expresso Tiradentes e deverá receber cerca de 75 mil usuários por dia. Div ul ga çã o: M et rô -S P Associação amplia lista de destinatários de resíduos à base de gesso A Associação Drywall incluiu três novas ATTs (Áreas de Transbordo e Triagem) em sua lista de recomenda- ções de destinatários dos resíduos de produtos à base de gesso, somando oito locais.Pela primeira vez,a entida- de recomenda empresas fora do mu- nicípio de São Paulo. As novas ATTs estão localizadas em Contagem (MG), Balsa Nova (PR) e Imbituba (SC). Ini- cialmente, os locais de destinação do gesso eram as próprias fábricas de materiais à base do insumo, que os reincorporavam em seu processo pro- dutivo, e a agricultura, na qual o pro- duto era utilizado para melhorar as qualidades do solo e corrigir seu teor de acidez. Recentemente, as fábricas de cimento passaram a utilizar o gesso, cerca de 4% a 5% da composi- ção do insumo, como retardante de pega. A Associação Drywall mantém em seu site a relação atualizada dessas unidades, com seus respectivos ende- reços, telefones e responsáveis técni- cos. Mais informações no endereço www.drywall.org.br. area construida.qxd 8/10/2008 09:02 Page 10 14 ÍNDICES Frete alto Custos de transporte puxam alta de preços de insumos em São Paulo OIPCE (Índice PINI de Custos deEdificações) encerrou o mês de se- tembro apresentando alta de 0,71%. No mesmo mês, a variação do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), medido pela Fundação Getúlio Vargas, foi de apenas 0,11%. A diferença entre o IPCE e o IGP- M deve-se, sobretudo, ao aumento dos fretes, mais sentido pela indústria de materiais de construção. Insumos como areia lavada média e bloco cerâ- mico de vedação 9 cm x 19 cm x 19 cm sofreram aumento de 3,27% e 8,16%. A areia lavada média, que em agosto custava R$ 68,89/m³, passou a custar em setembro R$ 71,14/m³. O milheiro do bloco cerâmico de vedação pulou de R$ 328,60 para R$ 355,40. Após seguidos reajustes, a barra de aço CA-50 3/8" (Ø = 10 mm = 0,617 kg/m) apresentou a menor alta em três meses. Em setembro, o reajus- te foi de 3,11%, e o preço saltou de R$ 4,53/kg para R$ 4,67/kg. Cimento Portland CPII e a pedra britada no 2 foram outros itens a sofrer reajuste em setembro. O primeiro apre- sentou alta de 2,10%, e o segundo, 0,61%.O tubo de ferro fundido PP para esgoto e águas pluviais (Ø=100 mm) e a manta butílica (espessura de 0,80 mm) não tiveram seus preços reajustados. Com os aumentos, construir em São Paulo ficou em média 13,34% mais caro nos últimos 12 meses de acordo com Índice PINI de Custos de Edificação. Entretanto, apesar da alta mais acentuada de preços em setem- bro, o acumulado pelo IGP-M, medi- do pela Fundação Getúlio Vargas, ainda é de 1,03 pontos percentuais in- ferior (12,31%). SSuuppoorrttee TTééccnniiccoo:: para tirar dúvidas ou solicitar nossos Serviços de Engenharia ligue para (11) 2173-2373 ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, São Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail: economia@pini.com.br. Assinantes poderão consultar índices e outros serviços no portal www.piniweb.com TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008 Data-base: mar/86 dez/92 = 100 Mês e Ano IPCE – São Paulo gglloobbaall mmaatteerriiaaiiss mmããoo--ddee--oobbrraa SSeett//0077 111144..663366,,8800 5544..111199,,1100 6600..551177,,7711 out 114.860,42 54.342,72 60.517,71 nov 115.225,62 54.707,92 60.517,71 dez 115.335,12 54.817,42 60.517,71 jan 115.733,11 55.215,41 60.517,71 fev 116.040,01 55.522,30 60.517,71 mar 116.121,80 55.604,09 60.517,71 abr 116.185,57 55.667,86 60.517,71 mai 123.736,89 58.257,90 65.478,99 jun 124.358,19 58.879,20 65.478,99 jul 126.483,39 61.004,39 65.478,99 ago 129.006,55 63.527,56 65.478,99 SSeett//0088 112299..992255,,7733 6644..444466,,7744 6655..447788,,9999 Variações % referente ao último mês mês 0,71 1,45 0,00 acumulado no ano 12,65 17,57 8,20 acumulado em 12 meses 13,34 19,08 8,20 Metodologia: o Índice PINI de Custos de Edificações é composto a partir das variações dos preços de um lote básico de insumos. O índice é atualizado por pesquisa realizada em São Paulo (SP). Período de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na última semana do mês de referência. Fonte: PINI indices 139.qxd 6/10/2008 17:36 Page 14 indices 139.qxd 6/10/2008 17:36 Page 15 Envie sua pergunta para: iptresponde@pini.com.br 16 IPT RESPONDE TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008 Pontos de tomada Quantos pontos de tomada são recomendados em cada ambiente de uma residência? Nelson Rugheri Curitiba De acordo com a norma brasileira NBR 5410 – Instalações Elétricas de Baixa Tensão, o número de pontos de tomada deve ser determinado em fun- ção da destinação do local e dos equi- pamentos elétricos que podem ser aí utilizados, observando-se, no míni- mo, os seguintes critérios: em banhei- ros, deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada,próximo ao lavatório; em cozinhas, copas, copas-cozinhas, áreas de serviço, cozinha-área de servi- ço, lavanderias e locais análogos, deve ser previsto no mínimo um ponto de tomada para cada 3,5 m, ou fração, de perímetro, sendo que acima da banca- da da pia devem ser previstas no míni- mo duas tomadas de corrente, no mesmo ponto ou em pontos distintos; em varandas, deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada; em salas e dormitórios deve ser previsto pelo menos um ponto de tomada para cada 5 m, ou fração, de perímetro, de- vendo os pontos serem espaçados tão uniformemente quanto possível. Par- ticularmente no caso de salas de estar, deve-se atentar para a possibilidade de que um ponto de tomada venha a ser usado para alimentação de mais de um equipamento, sendo recomendá- vel equipá-lo, portanto, com a quanti- dade de tomadas julgada adequada. Em cada um dos demais cômodos e dependências de habitação devem ser previstos, pelo menos: um ponto de tomada, se a área do cômodo ou de- pendência for igual ou inferior a 2,25 m2. Admite-se que esse ponto seja po- sicionado externamente ao cômodo ou dependência, a até 0,80 m, no má- ximo, de sua porta de acesso; um ponto de tomada, se a área do cômodo ou dependência for superior a 2,25 m2 e igual ou inferior a 6 m2; um ponto de tomada para cada 5 m, ou fração, de perímetro, se a área do cômodo ou de- pendência for superior a 6 m2, deven- do esses pontos serem espaçados tão uniformemente quanto possível. Douglas Messina Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente Construído) Chapisco Que traço deve ter a "boiaca", o chapisco que serve como ponte de aderência para gesso em tetos? Como deve ser aplicado? Donato Menezes São Paulo A "boiaca" deve ser preparada com areia grossa lavada – um volume de ci- mento para um volume de areia.A água de amassamento deve ser preparada diluindo-se aproximadamente 1 l de resina PVA (Bianco, Rhodopás etc.) em 4 l de água.O principal segredo da cola- gem é a limpeza do teto,com escovação e hidrojateamento, removendo-se com- pletamente o desmoldante. A boiaca deve ser aplicada com rolo de espuma para textura grossa, sendo desejável aplicação com dupla camada,de forma que a superfície fique bem rugosa. O ideal é que a segunda aplicação da boiaca seja feita um ou dois dias antes da aplicação do gesso, devendo-se evi- tar, entre as sucessivas aplicações,que o teto fique impregnado com poeira re- sultante, por exemplo, de serviços fei- tos nas proximidades.Se em alguns tre- chos do teto a camada de gesso resultar muito grossa (em torno de 1,5 cm, por exemplo), é recomendável que o gesso seja aplicado em duas vezes. Tanto cui- dado assim pode parecer bobagem, mas já temos constatado importantes destacamentos do revestimento de tetos, às vezes, no período de até uma semana após a aplicação. Ercio Thomaz Cetac-IPT (Centro de Tecnologia do Ambiente Construído) M ar ce lo S ca nd ar ol i ipt responde.qxd 6/10/2008 17:39 Page 16 ipt responde.qxd 6/10/2008 17:39 Page 17 1818 CARREIRA V ale a pena se especializar emEngenharia de Segurança do Trabalho? A contratação desse en- genheiro pelas empresas está previs- ta na NR-4 (Norma Regulamenta- dora no 4), que determina quantos Engenheiros de Segurança e Médi- cos do Trabalho a empresa deve contratar, levando em conta o ta- manho do quadro de funcionários e do grau de risco das atividades exer- cidas pela companhia. Engenheiro de Segurança do Trabalho Profissional deve planejar detalhadamente os cuidados necessários em cada etapa para garantir a integridade física dos funcionários da obra TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008 "A desvantagem nessa modalida- de é que [para a empresa ser obrigada a contratar um Engenheiro de Segu- rança do Trabalho] o número míni- mo estipulado pela NR-4 é de 501 em- pregados, o que faz com que o campo de trabalho fique restrito a poucas construtoras com esse porte", afirma Bruno Caruso Bilbao Adad, enge- nheiro de segurança do Senai (Servi- ço Nacional de Aprendizagem Indus- trial) do Paraná. Entretanto, ele per- M ar ce lo S ca nd ar ol i André Luiz Simões gerente de Segurança do Trabalho da BKO Engenharia Como é sua rotina diária? Eu supervisiono uma equipe de técnicos volante. No início da obra, o gerente de obra solicita nossa ida ao local para desenvolver o projeto da área de vivência. Acompanho o trabalho das empresas que desenvolvem o PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho) e o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais). Chamo empresas que fazem apresentações para os trabalhadores nos canteiros. Oriento os técnicos a sempre conversarem com os funcionários. Além disso, faço a inspeção do canteiro e deixo o relatório na obra para que sejam tomadas as medidas necessárias. Com que outras áreas da empresa você normalmente se relaciona? Meu relacionamento praticamente diário é com os departamentos de Suprimentos – para verificar a conformidade dos equipamentos com os itens de segurança –, de Engenharia – para discutir as ações a serem tomadas no canteiro – e eventualmente com o de Marketing – para solicitar as placas para as obras, o padrão dos tapumes etc. Quais as maiores dificuldades no trabalho? O que dá mais trabalho é conscientizar a equipe da obra quanto aos requisitos da NR-18. É difícil fazer alguns funcionários perceberem que a segurança é parte importante do trabalho do operário, não só sua produtividade. Do que você mais gosta na profissão? De tudo, mas fico especialmente eufórico quando vejo que uma sugestão que dei foi útil, quando vejo que as pessoas se conscientizaram sobre a importância de se preocupar com sua segurança. cebe um crescimento na procura por consultores na Construção Civil. Opinião compartilhada pela coorde- nadora da pós-graduação em Enge- nharia de Segurança do Trabalho da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Cláudia do Rosário Vaz Morgado. "O grande mercado para o engenheiro de segurança é prestando consultoria, já que o Brasil possui muitas empresas pequenas e médias com poucos funcionários", explica. O profissional carreira.qxd 6/10/2008 17:42 Page 18 19 A função do profissional é orga- nizar e planificar, para cada etapa da obra, os cuidados que devem ser to- mados para neutralizar as situações de risco possíveis no dia-a-dia do canteiro. "Ele deve ter um sentido apurado de percepção do meio am- biente da obra, assim como antever as reações e os comportamentos dos co- laboradores no processo", explica Adad. Para tanto, ele deve lidar com todas as áreas relacionadas ao em- preendimento – Diretoria, Engenha- ria, Compras, Recursos Humanos, Cipa (Comissão Interna de Preven- ção de Acidentes). Uma parceria im- portante, segundo Cláudia, da UFRJ, é com o departamento de Medicina do Trabalho da empresa. "Quando o médico nota que um determinado grupo de trabalhadores vem apresen- tando sintomas semelhantes, é sinal da existência de um agente no am- biente de trabalho. É aí que entra o engenheiro, que deve remodelar os processos para eliminar a causa des- ses problemas", explica a professora. Tanto engenheiros (de qualquer es- pecialidade) quanto arquitetos podem se especializar em engenharia de segu- rança do trabalho. A carga mínima de 600 horas-aula pode ser completada em 12 ou 18 meses.Para Cláudia,ter ex- periência anterior em canteiro de obras não é condição indispensável para in- gressar no mercado de trabalho. Entre- tanto, para Adad, do Senai-PR, dado o elevado grau de risco do setor (3,numa escala que vai até 4), é aconselhável que o profissional tenha vivenciado por al- guns anos a rotina de uma obra. "Não é determinante,mas é desejável,uma vez que as atividades no canteiro são muito dinâmicas e os riscos estão presentes a cada momento", defende. Na Construção Civil, esse enge- nheiro deve dominar as normas de se- gurança. Destaque para a tradicional NR-18, de Condições e Meio Am- biente de Trabalho na Indústria da Construção, e para a NR-17, de Ergo- nomia, devido às características pecu- liares do processo de produção na construção brasileira. "É um processo industrial ainda predominantemente manufatureiro, que exige dos traba- lhadores muito esforço físico", lem- bra Cláudia Morgado. De acordo com Bruno Adad, um dia típico do engenheiro de seguran- ça começa pela inspeção do canteiro, observando com atenção as condi- ções de trabalho. Munido de um checklist, ele passeia pela obra, verifi- cando as atividades que estão sendo executadas no dia, as condições das proteções coletivas e o uso adequado dos EPI's. "Normalmente, quando a construtora tem um engenheiro de segurança, conta também com Téc- nicos de Segurança, que são os 'olhos' do engenheiro", explica Adad. Com o checklist consolidado, o profissional planifica as ações necessárias para neutralizar os eventuais riscos cons- tatados e negocia com o engenheiro responsável pela obra a implantação de medidas de proteção. Se necessá- rio, pode até solicitar a interrupção de atividades que, a seu ver, tragam risco e perigo de acidente grave e imi- nente. "Essa é uma tarefa desgastante e difícil", sublinha o engenheiro. As etapas iniciais da obra, sobre- tudo as fases de escavação e de funda- ções, são, na opinião de Cláudia Mor- gado, aquelas que os engenheiros de Segurança do Trabalho devem plane- jar e acompanhar com mais cuidado. "São fases muito dinâmicas, com muitos trabalhadores e diversas ativi- dades ocorrendo ao mesmo tempo", explica. Para Adad, o profissional também deve estar atento às ativida- des de execução da estrutura. Nessa etapa há riscos de queda de grandes alturas, de choques elétricos durante o manuseio dos equipamentos e de acidentes na operação das serras cir- culares na confecção das fôrmas. E quanto à remuneração? "Varia regionalmente, mas vai de seis salários mínimos a mais de 20, em casos espe- ciais", afirma Adad. Segundo Cláudia, alunos já saíram de seu curso de pós- graduação com salários iniciais maio- res do que R$ 10 mil.Se,mesmo com o mercado aquecido o Engenheiro de Segurança não encontrar trabalho na Construção Civil, ainda tem a opção de mudar de área. Nesse setor, os pro- fissionaissão responsáveis pelo geren- ciamento e pela análise de riscos am- bientais decorrentes das atividades da empresa. "O engenheiro de segurança na construção civil tem características, adquiridas no dia-a-dia de uma obra, que fazem com que ele possa encarar com tranqüilidade ambientes mais 'es- táveis',como uma indústria,por exem- plo", acredita Adad. Renato Faria Atribuições: estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e equipamentos; planejar e desenvolver a implantação e técnicas relativas a gerenciamento e controle de riscos; vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir pareceres e laudos técnicos; especificar, controlar e fiscalizar sistemas de proteção coletiva e equipamentos de segurança, inclusive os de proteção individual, dentre outras. Formação: Engenharia (qualquer especialidade) ou Arquitetura, pós- graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho. Experiência: desejável vivência em canteiro de obras. Aptidões: domínio da NR-17 e da NR-18; conhecimento dos processos de produção, facilidade na comunicação com os trabalhadores; capacidade de antever riscos e perigos no cotidiano do canteiro. Remuneração inicial: seis salários mínimos. Currículo carreira.qxd 6/10/2008 17:42 Page 19 carreira.qxd 6/10/2008 17:42 Page 20 carreira.qxd 6/10/2008 17:42 Page 21 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 200822 MELHORES PRÁTICAS Protensão aderente de pré-moldados Sistema é composto por bainhas e cordoalhas de protensão, aderidas ao pré-moldado por uma nata de cimento Cuidado especial deve ser tomado durante a instalação das placas de ancoragens, para que as cordoalhas mantenham o perfil de projeto, de modo a ficarem alinhadas com a frente e fundo do macaco. Montagem Corte e montagem das cordoalhas Nessa etapa os cabos são preparados por meio do corte adequado das cordoalhas. Suas pontas devem contar com um comprimento adicional para o encaixe dos macacos de protensão. Em seguida, as cordoalhas são inseridas nas bainhas e posicionadas no interior da armação de aço doce. A partir dos projetos de detalhamento, os cabos são instalados (elevados) após a montagem das armaduras passivas das vigas. Atenção especial com a região de ancoragem e do nicho, cuja face deve ser perpendicular ao cabo. Colocação das placas de ancoragens Fo to s: M ar ce lo S ca nd ar ol i melhores praticas.qxd 6/10/2008 17:44 Page 22 23 Colaboração: engenheiro Evandro Porto Duarte, diretor da MAC – Sistema Brasileiro de Protensão Injeção de nata de cimento Equipamentos Protensão O macaco e a bomba de protensão devem ser dimensionados levando em consideração a força de protensão determinada em projeto. Todos os equipamentos (macacos e bombas) deverão ser calibrados e aferidos antes da execução dos serviços de protensão. Após aprovação dos alongamentos pelo calculista, é executada a injeção de nata de cimento. O traço dessa mistura deverá ser acompanhado e aprovado pela empresa de controle tecnológico de concreto. melhores praticas.qxd 6/10/2008 17:44 Page 23 ENTREVISTA 24 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008 POVINDAR KUMAR MEHTA Engenheiro químico por formação na Universidade de Delhi (Índia), o especialista indiano é mestre na Universidade Estadual da Carolina do Norte e doutor em Ciência e Engenharia de Materiais da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Professor Emeritus em Engenharia Civil na Universidade de Berkeley, Mehta se aposentou em 1993 após lecionar durante 30 anos sobre concreto. Em 2006, suas décadas de pesquisa na utilização de cinzas volantes no concreto foram reconhecidas pelo Coal Combustion Products Partnership. É também membro honorário do ACI (American Concrete Institute) e Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto). Oaquecimento global deve-se emgrande parte à emissão de CO2. Na indústria do concreto, 90% da emissão de carbono ocorre nos fornos que queimam o clínquer. É assim que Po- vindar Kumar Mehta, professor da Universidade de Berkeley (USA), tenta convencer o setor da construção a re- pensar a fórmula e o próprio uso do concreto. Mehta realizou palestras no 50o Congresso Brasileiro do Concreto e também na Poli-USP (Escola Politéc- nica da Universidade de São Paulo) sobre o tema "A Glimpse into Sustain- ableTernary-blended Cements of the Future". Sua proposta inclui a atuação em três frentes, mas que têm uma pala- vra em comum: redução. Mehta defen- de que se consuma menos concreto nas novas estruturas, menos cimento nas misturas para concreto e pouco clín- quer para produzir o cimento. Segun- do Mehta, cerca de 50% a 70% da massa de clínquer presente no cimento Portland pode ser substituída por di- versos materiais complementares. En- tre os exemplos estão as cinzas volan- tes,pozolanas naturais e cinzas de casca de arroz. O especialista propõe que pelo menos dois desses materiais sejam utilizados de forma complementar ao clínquer, substituindo 40% em massa. Durante o Congresso, organizado pelo Ibracon (Instituto Brasileiro do Con- creto), o indiano lançou a terceira edi- ção do livro "Concreto: Microestrutu- ra, Propriedades e Materiais". O brasi- leiro Paulo Monteiro, que também le- ciona na faculdade norte-americana, é novamente co-autor do livro. A edição recebeu novos capítulos e um CD com vídeos e outras informações. Concreto sustentável M ar ce lo S ca nd ar ol i "Papa" do concreto, Kumar Mehta defende a redução de clínquer no cimento Portland e menos cimento na mistura, para tornar o material "mais" sustentável. Alvos são as fábricas e projetistas entrevistax.qxd 6/10/2008 17:47 Page 24 Uma de suas propostas para uma construção mais sustentável é reduzir o consumo de concreto, do cimento e diminuição do clínquer no último. Os profissionais e a indústria estão preparados para essa mudança? Eu não considero que haja resistência por parte dos arquitetos, engenheiros ou qualquer profissional dessas áreas. Esses aceitam bem a redução do concre- to, do cimento e do clínquer no próprio cimento. O problema está na indústria do concreto, que teme mudanças. Ela está acostumada ao crescimento e aos paradigmas atuais. Para não afetar isso, a indústria apóia o desenvolvimento de edifícios sustentáveis,que estão em toda parte,mas é preciso,também,estender a questão ao consumo de cimento. Como espera alcançar esse concreto mais sustentável? Os edifícios ecológicos estão empregan- do soluções que utilizam aspectos natu- rais para aquecimento, ventilação, ilu- minação e estão reduzindo o consumo de energia, por exemplo. Entretanto, é necessário estender esse conceito para os materiais ecológicos. Precisamos convencer,de forma maciça,os arquite- tos e projetistas a utilizarem materiais e soluções ecológicas em seus projetos. São eles que especificam os detalhes dos projetos e que movem a indústria. São eles que movem também a indús- tria do concreto. Quer gostem ou não, os fabricantes deverão obter soluções mais sustentáveis para o concreto. É a mão que balança o berço, é assim que funciona. Enquanto isso, eles vão dizer que essa tecnologia "ainda não existe". É uma maneira de confundir.Não é ne- cessário mudar nada. São como as pes- soas que querem votar em McCain e não em Obama, porque têm medo de mudanças.O cenário do status quo está muito ruim,mas eles têm medo de mu- danças. Há todo tipo de desculpas. Por “Estou tentando dizer ao pessoal do LEED que deveriam ir direto à questão da emissão de carbono” entrevistax.qxd 6/10/2008 17:47 Page 25 E N T R E V I S T A 26 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008 exemplo,a administração do presiden- te Bush não assinou o Protocolo de Kyoto. Só que o país é responsável por 25% das emissões de carbono. Qual a razão disso? Algumas pessoas lucram com o status quo e há aquelas que têmmedo de mudar. Só que em longo prazo,estão se tornando um obstáculo. Outro exemplo é que McCain deve ga- nhar as eleições. Só que não por méri- to, mas pelo receio de muitas pessoas de mudar certas questões. O medo é muito poderoso. O concreto auto-adensável ainda é uma tecnologia onerosa no Brasil. Seus estudos indicam uma solução com os mesmos benefícios técnicos e mais barata? Não considero o concreto auto-aden- sável mais caro. Recentemente, a estru- tura de um templo na Índia foi total- mente executada com auto-adensável. Foram lançados 8.200 m³/h, um gran- de volume de concreto com cinzas vo- lantes.Não houve custos extras,não foi acrescentado nenhum aditivo modifi- cador de viscosidade. Portanto, dizer que o concreto auto-adensável é muito caro é porque os vendedores querem promover seu aditivo modificador de viscosidade. Eles querem vender aditi- vos. Só que isso não é necessário com um volume alto de cinzas volantes no sistema. Assim, temos o que se pode chamar de sistema quase auto-aden- sável. Nessa obra, o concreto foi lança- do durante 12 horas, sem parar. Isso só foi possível porque o concreto flui e se auto-adensa. No Brasil, é fato que o concreto auto-adensável é mais caro.Talvez isso esteja ligado à abordagem feita à dosagem. Para partículas mais finas, coloca-se mais cimento. A maioria das combinações e dos materiais combinantes estão relacionados ao insumo. O módulo de deformação é muito baixo, o pico de hidratação é muito alto e às vezes não funciona. Há estruturas que foram executadas com 800 kg de cimento, sendo 70% de escória. Ah, meu Deus! Nunca executaríamos nesses parâmetros. Ainda assim são 560 kg de escória. Para as muitas es- truturas que projetei, nunca especifi- quei mais do que 200 kg. Nunca. Qual a sua visão sobre o LEED na questão do concreto? Estou tentando dizer ao pessoal do LEED que deveriam ir direto à questão da emissão de carbono.Essa opção seria bem mais eficiente ambientalmente, há o foco de quantidade no LEED. Por exemplo, é possível reduzir de 20% a 25% o teor de cimento com o uso de su- perplastificante. Essa questão não é va- lorizada pela certificação.Se um edifício economizou 2.000 t de emissões de car- bono, qual o problema de ser pontuado no LEED? É uma questão global, atual, que deveria ser pensada. Aumentar a produtividade do concreto no canteiro é uma preocupação do setor. Qual a sua recomendação para isso? O concreto é pesado para transportar, nisso alguém decide colocar mais água ou cimento.Logo surgem as fissuras,é neces- sário consertar. Só que a adição de mate- riais complementares ao cimento Por- tland aumenta a trabalhabilidade do ma- terial, que é um dos problemas mais co- muns nos canteiros. Os processos envol- vendo o concreto são simples. Não é ne- cessária uma mão-de-obra especializada para vibração e consolidação. Também não vejo impacto algum para introduzir tecnologias sustentáveis. Os responsáveis e os operários necessitam ter consciência do processo da cura. Quando o concreto padrão está adensado, é preciso esperar antes de fazer qualquer acabamento na superfície e que a água evapore. Há casos em que os operários ficam até mesmo cinco horas aguardando sentados e perde-se a produtividade. Só que se não há exsudação,já é possível começar o aca- bamento após o lançamento.Isso é possí- vel com o uso de 5% de microssílica,10% de pó de calcário. Essas tecnologias aju- dam os trabalhadores, aumentam a efi- ciência,não necessitam de equipamentos ou treinamentos complexos. A nanotecnologia e o concreto estão sendo muito discutidos. Como encara a questão? A nanotecnologia utiliza material parti- culado muito fino. Há três décadas o termo nanotecnologia não era usado, só que a indústria do concreto já empregava materiais de nanodimensões. A micros- sílica, que ainda é muito utilizada, é um exemplo. De forma aproximada, 5% desse material preenche os espaços entre partículas grandes de agregados que pos- sui até cerca de dez vezes o tamanho da microssílica. Há materiais que, se traba- lhados, permitem obter partículas em outras faixas de tamanho que podem chegar até cerca de 15 micra. Entretanto, se utilizarmos a microssílica no concreto, essa faixa pode ser de até 0,15 micra.Por- tanto,é um nanomaterial.Esse preenchi- CONCRETO: MICROESTRUTURA, PROPRIEDADES E MATERIAIS Autores: Povindar Kumar Mehta, Paulo J. Monteiro Editora: Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) 674 páginas Valores: R$ 100,00 (sócio do Ibracon), R$ 150,00 (não-sócio do Ibracon) “A nanotecnologia é empregada de forma limitada por dois motivos. O primeiro é que ela é cara. O segundo, é que nesse valor ela não é viável” entrevistax.qxd 6/10/2008 17:47 Page 26 entrevistax.qxd 6/10/2008 17:47 Page 27 E N T R E V I S T A mento do espaço entre o agregado e a pasta do cimento ocorre de forma uni- forme e é muito bom para a hidratação. O pó de calcário também é interessante e possui uma granulometria extrema- mente fina. Além disso, não é tão caro quanto a microssílica. Ele é muito inte- ressante por sua dispersão, por reduzir os espaços entre a pasta de cimento e os agregados. Por esse motivo, o concreto auto-adensável está usando bastante o pó de calcário. A nanotecnologia é em- pregada de forma limitada por dois mo- tivos. O primeiro é que ela é cara. O se- gundo é que,nesse valor,ela não é viável. Há muitos estudos envolvendo nanotecnologia? O material precisa ser moído em uma granulometria muito fina. Isso está no meu livro. Estou tentando dizer que não é uma novidade. Na Noruega, o concreto com cerca de 3% a 5% de mi- crossílica é empregado há 30 anos em construções em alto-mar para pros- pecção de petróleo. Nessa dosagem, o uso desse material na mistura deixa o veneno.Só que ninguém estava disposto a fazer nada para consertar isso.Shiva sorveu o veneno com um canudo e a única conse- qüência foi que sua pele ganhou a cor azul. No livro,faço essa comparação entre Shiva e o concreto.Acho que esse material pode beber todos os tipos de veneno.Onde colo- caríamos um bilhão de toneladas de cinzas volantes, que contêm elementos tóxicos? Se entrarem em contato com lagos, lagoas e aterros haverá contaminação dos lençóis freáticos com arsênico, chumbo. Se forem utilizadas no concreto,não haverá proble- mas.O concreto é uma das maiores indús- trias,produz muito e é a única com capa- cidade para absorver essa enorme quanti- dade de resíduo.Só que ela precisa reduzir a emissão de carbono. A sociedade vai continuar consumindo grandes quanti- dades de concreto, para infra-estrutura, para edificações,renovação.Só que é pre- ciso utilizá-lo de forma eficiente,é preciso controlar o consumo e reduzir o consu- mo de clínquer para diminuir a emissão de carbono. Rafael Frank Tradução: Cristina Borba concreto livre de exsudação. Assim, essa tecnologia não é tão nova. E por que essa discussão está tão evidenciada ultimamente? Há mais implicações para um material altamente sofisticado. É como a fibra de carbono, plásticos reforçados, cerâ- micas, onde a trabalhabilidade pode ser melhorada por meio da dispersão de pequenas quantidades de partícu- las finas. Estão, cada vez mais, desco- brindo esses materiais. Só que no caso do concreto, microssílica e pó de cal- cário são comuns na área de materiais de partículas muito finas e a constru- ção civil está utilizando essas duas substâncias há bastante tempo. Qual seu vislumbre para o concreto do futuro, ainda mais com a sustentabilidade? Acho que o futuro do concreto é brilhante. Na mitologia hindu, há o deus Shiva que controla os venenos. No mito, as pessoas começaram a vasculhar o oceano em busca de algo valioso e liberaram muito entrevistax.qxd 6/10/2008 17:47 Page 28 entrevistax.qxd 6/10/2008 17:47 Page 29 30 TÉCNICA E AMBIENTE Com a fase dealvenaria já em an-damento, o proprietário de uma casa em um condomínio residencial de Itu, interior de São Paulo, decidiu modificar o projeto da cobertura para instalar um "telhado verde" de 160 m². Além de buscar uma solução estética alternativa, a intenção tam- bém era proporcionar ao imóvel um melhor isolamento térmico e acústi- co com a barreira vegetal contra os raios solares. A instalação do sistema utilizado foi realizada em quatro etapas. A pri- meira, de impermeabilização da laje, exigiu os maiores cuidados na execu- ção, a começar pela especificação do produto. Preferiu-se utilizar mem- Cobertura viva Confira como foi a execução de um jardim suspenso sobre uma residência em Itu (SP) branas de PEAD (Polietileno de Alta Densidade) em vez de mantas e resi- nas aderentes à laje – temia-se que, no longo prazo, as dilatações e movi- mentações naturais da estrutura cau- sassem fissuras no produto imper- meabilizante. As bordas das camadas de PEAD foram soldadas por termo- fusão,processo seguido pelo imediato teste de estanqueidade do sistema. A área impermeabilizada passou pelo ensaio das 72 horas de lâmina d'água previsto em norma. Na etapa seguinte foi realizado o posicionamento dos elementos de drenagem. São placas feitas em plásti- co com resistência suficiente para su- portar o peso de pessoas e pequenos equipamentos de manutenção. Asse- melham-se a bandejas de ovos vaza- das, que servem de reservatórios de água para suprir as raízes das plantas do jardim. Furos na parte superior das bandejas permitem que o excesso de água escoe para a membrana im- permeabilizante e seja drenada para os ralos nas bordas da laje. A camada para o plantio dos ve- getais foi feita em seguida. Não se trata de terra pura. Cerca de 80% de seu volume é composto por material inerte. O restante, por material or- gânico – com essa quantidade, a perda de volume de substrato de- corrente do processo de decomposi- ção não é tão relevante. Com isso, Fo to s: F ab ia na S ca rd a TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008 tecnica.qxd 6/10/2008 17:49 Page 30 31 diminui-se a necessidade de ações de manutenção no jardim. Segundo Sérgio Rocha, diretor técnico do Ins- tituto Cidade Jardim, empresa que executou a cobertura verde, o mate- rial possui alta absorção de água. "Cerca de 60% do volume de água fica retido no substrato", afirma Rocha. Completamente saturado, o substrato tem peso específico de cerca de 800 kg/m³. A deposição foi feita com auxílio de caminhão-guin- daste, que transportava à cobertura sacos com cerca de 900 kg cada um. Por fim, foram plantados os vege- tais. A escolha das espécies foi realiza- da com muito critério, pois deveriam se adaptar às características climáticas da cobertura. "Apesar de morarmos * já considerando pesos do substrato saturado e biomassa Carga máxima permitida pelo projeto estrutural: 300 kg/m² Peso atingido pelo sistema: 190 kg/m²* Biomassa: 16 kg/m² Absorção de carbono estimada: 5 kg/m² Telhado verde Para execução do jardim suspenso, executores optaram por impermeabilização não-aderente à laje Bordas das membranas de polietileno de alta densidade são unidas por termofusão. Teste de estanqueidade é feito imediatamente após o serviço Sacos são içados à cobertura por caminhão-guindaste para deposição do substrato Elementos de drenagem: bandejas vazadas retêm apenas água necessária para suprir raízes das plantas; excesso é escoado por furos no topo dos cones num país predominantemente tropi- cal, o telhado tem um clima peculiar, mais parecido com o desértico: am- plitude térmica alta, que pode variar dos 17ºC aos 70ºC, alta incidência de raios solares e de ventos e drenagem rápida da água das chuvas", explica Rocha. As mudas escolhidas são de origem desértica, importadas da Áfri- ca do Sul. Segundo Rocha, não se en- contram no mercado brasileiro espé- cies de plantas nativas, do cerrado ou da caatinga. De alta capacidade de re- tenção de água, os vegetais escolhidos pesam aproximadamente 16 kg/m². O jardim atingirá o tamanho e vo- lume final depois de aproximada- mente 12 meses, que serão completa- dos no Carnaval de 2009. Não foi rea- lizada uma análise térmica dos cômo- dos da casa. No entanto, os executores se sustentam em pesquisas acadêmi- cas que indicam uma redução da am- plitude térmica superficial da cober- tura – que se refletiriam no conforto térmico interno do imóvel. Renato Faria tecnica.qxd 6/10/2008 17:49 Page 31 SISTEMAS CONSTRUTIVOS 32 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008 Aplanta industrial de polipropilenoda Braskem localizada em Paulí- nia, interior de São Paulo, possui qua- tro edificações que se destacam por seu método construtivo. A empresa optou por executar o prédio adminis- trativo e ambulatório, o refeitório, a portaria e o descanso dos caminho- neiros no sistema Concreto/PVC – perfis plásticos servem de fôrma para o concreto leve utilizado no preenchi- mento das paredes. A fábrica é localizada em um terre- no de 420 mil m², com 25,5 mil m² de área construída e consumiu R$ 700 mi- lhões em investimentos. A parcela cor- respondente à execução foi de R$ 560 milhões. Os trabalhos no canteiro fo- Construção plástica Sistema de Concreto/PVC foi utilizado em edificações de fábrica de polipropileno ram iniciados em setembro de 2006 e entregues no dia 25 de abril de 2008.Os números da planta são consideráveis. Há 1.500 t de tubulação, 38 mil m³ de concreto, 2.500 estacas em hélice contí- nua.Com a operação da fábrica,a Bras- kem acrescentará 350 mil t/ano de poli- propileno à sua produção. Há sete prédios auxiliares que somam 1.500 m² na unidade de Paulí- nia. No total, 1.155 m² foram executa- dos no sistema de Concreto/PVC por- taria (100 m²),refeitório (450 m²),des- canso de caminhoneiros (45 m²), ad- ministração (560 m²). O diretor de contrato da CNO (Construtora Nor- berto Odebrecht), José Carlos Aversa, afirma que a Braskem cogitou que ou- tras edificações, como o laboratório e a oficina de manutenção, fossem feitos nesse sistema construtivo. "Mas como não conhecíamos bem o sistema, pre- ferimos executá-las de forma conven- cional. Aquelas que poderíamos admi- nistrar sem problemas, foram feitas de Concreto/PVC", esclarece. Inicialmente, o orçamento conso- lidado especificava e quantificava todos os prédios da planta no sistema construtivo de alvenaria. Por ser uma empresa petroquímica, a Braskem optou por executar as quatro edifica- ções com o sistema de Concreto/PVC. Entretanto, encontrou resistência na CNO, responsável pela obra. Além disso, algumas paredes já estavam le- Fo to s: d iv ul ga çã o Br as ke m materia_secundaria.qxd 6/10/2008 17:50 Page 32 33 vantadas. "Foi necessário rever todo o projeto e até mesmo o design de inte- riores", lembra o arquiteto Gilberto Williams, da WW Arquitetura. Apesar de as primeiras edificações no Brasil, todas habitações sociais, serem do ano 2000, o setor industrial não havia utilizado o sistema até abril deste ano.Até então,unidades hospita- lares de múltiplo uso, banheiros públi- cos, estações de tratamento de esgoto compactas e outras instalações foram executadas com o Concreto/PVC. Origem do sistema O sistema construtivo Concreto/ PVC foi desenvolvido no Canadá para projetar e construir,de forma industria- lizada, vários tipos de edificações de até cinco pavimentos. Formado por perfis leves e resistentes de PVC que operam como fôrmas para o concreto,o sistema utiliza encaixe modulado. Esses perfis são preenchidos com concreto e, de- pendendo do projeto, aço estrutural. A película de PVC confere acabamento interno e externo às paredes, mas há a possibilidade de revesti-las com outros materiais. "A própria fôrma é um aca- bamento lavável e possui diversas cores. Não há necessidadede tinta, azulejo. São melhorias que você pode incorpo- rar ao sistema", diz Williams. A CNO se deparava com a falta de experiência da construtora com o sis- tema, inexistência de mão-de-obra ex- periente para contratar e o prazo aper- tado. "Por isso nós relutamos em exe- cutar as edificações em Concreto/PVC. Fomos para a fábrica da Royal Group Technologies del Sur, na Argentina, para estudar o sistema. Não sabia como executar,como alinhar,o que co- locar dentro da fôrma, como fazer a amarração", conta Aversa. A visita à fábrica das fôrmas mo- dificou a visão do diretor de contrato. "A fornecedora analisou o projeto, modulou-o e fabricou os perfis. Ela também sugeriu modificações. Com o projeto, a fornecedora entregou um kit de paredes que possui peças identi- ficadas com etiquetas adesivas no in- terior, indicando altura e posição. Essa mesma identificação é inserida no desenho de plano de montagem. "É um quebra-cabeças", explica Aver- sa. Para coordenar os trabalhos no canteiro, a Royal também enviou um encarregado para acompanhar a exe- cução e tranqüilizou a CNO. O entulho proveniente da demo- lição das paredes já levantadas em al- venaria foi utilizado na sub-base após britagem. "Em vez de pagar cerca de R$ 40 para destinar a um lugar licen- ciado, contratamos uma empresa próxima que retirava o material por R$ 12 e recomprávamos a brita, fe- chando em R$ 35", diz Aversa. Já no sistema Concreto/PVC, o engenheiro diz que se surpreendeu com a baixa geração de resíduos. As edificações estão sobre funda- ções do tipo radier, nas quais as paredes são apoiadas diretamente.Na fundação, já estavam previstos todos os pontos de tubulações de água, de esgoto e elétrica. Assim,foram criados nichos para que as ferragens não fossem interrompidas e áreas rebaixadas para as tubulações ho- rizontais.Após a concretagem da funda- ção,foram marcadas no piso as posições das paredes internas,externas e suas fer- ragens de arranque – que são dimensio- nadas de acordo com os esforços verti- cais e horizontais, fixadas com resina à base de epóxi bicomponente. Os perfis encaixam-se pelo sistema macho-e-fêmea, deslizando da parte superior até o radier. Na obra foram utilizados perfis de 150 mm de espes- sura nas paredes externas e 100 mm nas internas.As cargas sobre as paredes portantes do sistema construtivo podem ser distribuídas ou pontuais. As paredes são apoiadas em fundações do tipo radier, na qual são previstos todos os pontos de tubulações de água, de esgoto e elétrica Etapas básicas A concretagem das fôrmas deve ser por camadas entre 50 cm e 70 cm para não as abrir e o slump deve ser entre 20 cm e 24 cm As lâminas de PVC podem ser utilizadas como acabamento. Lixar ou usar um primer é outra opção para realizar revestimentos ou texturas O prumo, um dos momentos críticos na montagem dos perfis, é obtido pela combinação dos escoramentos internos e externos com auxílio de sarrafos e escoras de madeira na diagonal materia_secundaria.qxd 6/10/2008 17:50 Page 33 S I S T E M A S C O N S T R U T I V O S 34 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008 A CNO seguiu a recomendação da fornecedora de iniciar a montagem pelos cantos, para que as paredes pudessem se sustentar sem a necessida- de de um operário. Os reforços verticais e horizontais dos perfis foram feitos com barras amarradas aos arranques fi- xados no radier com espaços entre 0,50 m e 1 m. O processo é similar à emenda de pilares em estruturas de concreto ar- mado. "Aqui, furávamos o próprio ra- dier sem precisar de nenhuma amarra- ção.Se fôssemos fazer um segundo piso, seria necessário", informa o engenheiro. Se mais de um pavimento for exe- cutado, o aço das barras utilizado varia conforme cálculo estrutural específico para os carregamentos e as resistências características dependem do tipo de concreto utilizado e da espessura da parede. Os métodos de cálculo estão baseados em considerações das pare- des de concreto, com o diferencial da fôrma de PVC. O sistema também já apresenta um conjunto de marcos e contramarcos em PVC, que deixam os vãos prontos para receber esquadrias de qualquer tipo. Um dos momentos críticos da montagem do sistema Concreto/PVC é o prumo. Os montantes foram pos- tos a prumo por meio da combinação dos escoramentos internos e externos. Para manter o alinhamento, foi utiliza- da uma cantoneira de aço fixada às pa- redes. Sarrafos e escoras de madeira na diagonal entre o topo do perfil e o solo também auxiliaram. A utilização de escoras intermediárias na monta- gem do sistema não foi necessária. Com os perfis ainda ocos, os ope- rários executaram as instalações elé- tricas e hidráulicas. Como os dutos já são integrados, o sistema construtivo dispensa todos os trabalhos de abertu- ra de dutos em paredes.Os pontos elé- tricos se encontram nas caixas de dis- tribuição acima do forro. "No perfil, já vem um baguetezinho para passar o fio. Você só precisa furar com uma serra-copo e instalar a caixa de passa- gem. A fiação pode até passar depois de concretado, por ser protegida", ex- plica Aversa. O ponto de abastecimen- to de água foi realizado na posição vertical. As saídas nos pontos deseja- dos também foram feitas com serra- copo, e para ter acesso à tubulação, os operários poderiam levantar o perfil ao lado do qual se pretende fazer algu- ma conexão. Com as fôrmas alinhadas e insta- ladas, deu-se início ao enchimento com concreto de 24 MPa. Como os perfis são vazados nas laterais em que se entretravam, é necessário uti- lizar pedrisco como agregado para dar maior fluidez e garantir o preen- chimento das fôrmas. Os nichos do radier também foram concretados nessa fase. Concretagem e acabamentos O índice de conforto, no que diz respeito às paredes, está relacionado com o tipo de preenchimento dos painéis e espessura das paredes. Como o PVC é um material total- mente impermeável a gases e líqui- dos, não existe troca de vapores entre meio interno e externo, apenas de temperatura, que ocorre de acordo com a resistência térmica da parede. É dos cantos e laterais de janelas e portas Reforço amarrado à ancoragem Ancoragem Reforço Ancoragem Guia de montagem Sarrafo Prego 2” Ancoragem de aço Preenchimento com concreto Solo natural Esquema de montagem pronta Junta de dilatação Calçada Barras amarradas aos arranques fixados no radier com espaços entre 0,50 m e 1 m realizam os reforços verticais e horizontais A montagem dos perfis de PVC se inicia pelos cantos dando sustentação, sem o auxílio de um operário, para as paredes Montagem dos perfis de PVC materia_secundaria.qxd 6/10/2008 17:50 Page 34 35 possível adicionar materiais isolantes no concreto para aumentar o confor- to térmico ou acústico. Em algumas paredes dos edifícios, foi adicionado EPS. O uso de aditivos acelerantes ou retardantes não é recomendado, ape- nas de superfluidificantes. O enchimento é outro ponto cru- cial do sistema. "É necessário tomar cuidado. O PVC é resistente, mas você precisa concretar com certo cuidado para a fôrma não abrir", adverte Aver- sa. O concreto foi lançado do topo das paredes por meio de bombas, exigin- do maior cuidado e lentidão para que o material flua entre as fôrmas. "O es- tufamento pode provocar problemas, principalmente no acabamento das portas e janelas", alerta Williams. A concretagem dos painéis ocor- reu por camadas variando entre 50 cm e 70 cm. Para agilizar o processo, per- corre-se todo o layout da planta até completar a altura completa da parede. A fabricante das fôrmas recomenda um slump entre 20 cm e 24 cm. É im- portante observar a cura do concreto, seguindo o tempo recomendado ou usando aditivos específicos para o con- creto.A utilização de cimento ARI (Alta Resistência Inicial) é uma opção para acelerar ainda mais oprocesso. A fim de evitar bolhas de ar e para que o concreto se acomode, pequenas batidas são dadas com martelos de borracha para não danificar o acaba- mento das fôrmas. A CNO levantou as paredes em 60 dias.No processo de montagem da pa- rede oca, escoramento e colocação de ferragens foram utilizados dois car- pinteiros e dois ajudantes. Já para a concretagem e limpeza das fôrmas foram dois pedreiros e dois ajudantes. A construtora também reviu o projeto da cobertura metálica, for- mada por tesouras planas. O projeto inicial foi desenvolvido para edifí- cios em alvenaria, assim, foi necessá- rio detalhar novamente esse sistema. "Tivemos que fazer modificações, pois a própria estrutura da cobertu- ra faz a amarração nas paredes. Não havia viga ou cinta de amarração", relembra Aversa. Após a finalização da cobertura, a Braskem optou pelo acabamento de PVC da própria fôrma e também pela utilização de acabamentos como azu- lejos e texturas.As fôrmas são fabrica- das em um processo de co-extrusão, contendo uma camada especial com proteção contra a ação dos raios UV, garantindo que os painéis de PVC não tenham alteração de cor e resistência ao longo dos anos ainda que sofram ação de maresia e mudanças bruscas de temperatura. Como o sistema in natura pode ser utilizado como acabamento, é impor- tante observar o transporte e o arma- zenamento dos perfis para evitar ris- cos ou danos à superfície das fôrmas. Já para aplicar os revestimentos é ne- cessário que a superfície de PVC seja tratada com um primer para, então, aplicar o material. "Você pode fazer o que quiser, colocar até imitação de ti- jolo ou madeira", diz o diretor de con- trato. Na linha do conceito do uso do PVC, as esquadrias escolhidas tam- bém são do mesmo material plástico. Se a Braskem optar por ampliar as edificações, é possível utilizar sistemas convencionais ou Concreto/PVC. No caso de aberturas de paredes ou mesmo remoção, as paredes de con- creto deverão ser cortadas com equi- pamentos convencionais para corte do concreto e os arremates feitos de acor- do com o projeto de reforma proposto. O diretor de contrato da CNO afirma que a implantação do sistema Concreto/PVC foi interessante finan- ceiramente, apesar da demolição de paredes de alvenaria, retrabalhos e readequação de projetos. "Os custos foram distorcidos, pois no primeiro momento tivemos que lidar com um sistema novo. A mão-de-obra é muito simples", finaliza Aversa. Rafael Frank Detalhe B Detalhe C Detalhe A Detalhe A Detalhe B Detalhe C A parte que tem a aba vai para o interior do cômodo Última peça a ser colocada deve ficar removível Barra de ø 8 mm amarrada na ancoragem do radier Marco básico cortado a 45º Corte do PVC para baixo de onde passarão as barras Os perfis possuem marcos e contramarcos em PVC que deixam os vãos prontos para as esquadrias. O acabamento das portas e janelas pode ser comprometido se houver estufamento das fôrmas Marcos e contramarcos em PVC materia_secundaria.qxd 6/10/2008 17:50 Page 35 DRENAGEM 36 TÉCHNE 139 | OUTUBRO DE 2008 Os contrastes entre as idades, portese métodos construtivos das edifi- cações que compõem as cidades brasi- leiras devem ser levados em conta no momento de fazer projetos de conten- ções de novos prédios, principalmente em solos moles, quando é preciso es- cavar subsolos de garagens. A cidade de São Paulo é um exemplo do que vem acontecendo. Diante do ritmo acelerado das obras, com o aqueci- mento do mercado imobiliário, a exe- cução de subsolos está provocando transtornos e problemas para as edifi- cações vizinhas. Bairros tradicionalmente residen- ciais, na maioria das vezes formados Recalques indesejáveis Norma recomenda investigação de terrenos vizinhos quando há necessidade de rebaixamento do lençol freático, mas só isso não basta. Em São Paulo, Comissão prepara novas regras por casas assentadas sobre fundações rasas (radiers e baldrames), são os que mais sofrem com a situação. Trincas e rachaduras nas casas vizinhas são co- muns e assustam seus proprietários. Essas alterações no maciço podem provocar, ainda, abaulamentos em ruas e avenidas, como nos exemplos recentes na cidade de São Paulo, tais como os ocorridos nos bairros de Moema, região do Ibirapuera e ou- tros, casos imediatamente associados à construção de edificações com vá- rios níveis de subsolos, em regiões com presença de argila mole, suscetí- vel ao fenômeno de adensamento. No entanto, na maioria dos casos, não re- presenta maiores perigos. Mas há ocorrências mais graves, em que as construtoras precisam refazer alguma construção vizinha que ficou com- prometida de maneira mais séria. Geralmente os problemas aconte- cem nas partes baixas da cidade, onde o lençol freático é aflorado e há pre- sença de argila orgânica. "Nessas áreas, que historicamente eram as mais desvalorizadas (as várzeas dos rios) foram realizados aterros sobre solo mole.As pessoas construíam suas casinhas, sem muita engenharia, com baldrames ou radiers, em cima desses aterros. Com o passar do tempo, essas áreas também se tornaram valoriza- das. Construir um edifício de grande porte, com escavações e fundações profundas, realmente abala esse tipo de casinha", explica Milton Golom- bek, presidente da Abeg (Associação Brasileira de Empresas de Projetos e Consultoria em Engenharia Geotéc- nica) e diretor da Consultrix, empresa projetista de fundações. Mesmo assim, o lençol está bem mais baixo em vários bairros de São Paulo, atesta ele. "Hoje, quando fazemos sonda- gens em alguns bairros da cidade onde já trabalhamos, verificamos que o lençol está numa profundidade 4 m maior que há dez anos." A situação se repete em todo o País, dependendo da região, onde os aluviões, solos com camadas pouco espessas de solos de várzeas, deposi- tados por sedimentação na planície de inundação de rios, são heterogê- Alterações no maciço podem provocar abaulamentos em ruas e avenidas além de rachaduras e trincas nas construções vizinhas. Casas sobre fundações rasas são as mais suscetíveis aos recalques D iv ul ga çã o: G eo so nd a materia_drenagem.qxd 6/10/2008 17:53 Page 36 37 neos, formados por areias e argilas moles e turfosas compressíveis. Nes- ses casos, um rebaixamento de ape- nas 1 m a 2 m do lençol freático é su- ficiente para causar recalques que podem danificar quarteirões de resi- dências apoiadas em fundação direta sobre argilas muito moles. Impermeabilização do solo Além disso, os problemas de recal- que não são causados apenas pela dre- nagem de água feita nas obras de edi- fícios, mas também pelas mudanças no solo devido à urbanização das ci- dades. O processo de ocupação vem há anos trazendo a impermeabiliza- ção do solo, resultado do asfaltamen- to de ruas, drenagem superficial e preenchimento completo da superfí- cie, o que impede as águas da chuva de penetrarem para reabastecer os len- çóis freáticos. Assim, surgem vazios onde antes havia água, aumentando a instabilidade dos solos e possibilidade de recalques. A conseqüência mais comum é o surgimento de trincas e fissuras em edificações, além de abau- lamentos de pisos, ruas e passeios. Durante as construções, em solos mais permeáveis, o rebaixamento do nível d'água, em geral feito de forma provisória, permite a escavação de subsolos, utilizando bombeamento. Dependendo da localização do terre- no (várzeas de rios e locais baixos) onde o lençol é mais aflorado, torna- se necessário o bombeamento per- manente, mas esses casos são mino- ria. Em outras situações, nas escava- ções de solos de baixa permeabilida- de, o rebaixamento acontece natu- ralmente e utiliza-se apenas o bom- beamento no fundo da escavação. Para evitar recalques, a realiza- ção do projeto de subsolos e das próprias fundações
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