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Apostila de Pavimentação

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL 
 
 
Pavimentação 
 
 
 
Marcos Antonio Garcia Ferreira 
 
Eng. Civil - EESC-USP 
Prof. Associado UFSCar – DECiv 
Engenharia de Transportes 
 
 
 
 
São Carlos, 1995 
(Revisada 2000) 
 
 
 
ÍNDICE 
1. CONCEITOS E ENSAIOS DA MECÂNICA DOS SOLOS 1 
 1.1. Solo 1 
 1.2. Finalidade do Estudo 1 
 1.3. Propriedades Índices 2 
 1.4. Compactação dos Solos 6 
 1.5. Índice de Suporte dos Solos 8 
2. O ESTUDO DO MEIO FÍSICO NA ESCOLHA DO TRAÇADO 11 
 2.1. Introdução 11 
 2.2. Exploração dos Recursos Minerais 11 
 2.3. Consulta a Bancos de Dados 12 
 2.4. Consideração Sobre as Informações Encontradas 12 
3. CONSTRUÇÃO DO PAVIMENTO 14 
 3.1. Introdução 14 
 3.2. Camadas do Pavimento 14 
 3.3. Classificação dos Pavimentos 16 
 3.4. Estudo da Fundação (Sub-leito) do Pavimento 18 
4. CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS 22 
 4.1. Classificação Highway Research Board (HRB) 22 
 4.2. Classificação do Bureau of Public Roads (BPR) 23 
5. ESTABILIZAÇÃO DOS SOLOS 26 
 5.1. Introdução 26 
 5.2. Estabilização Mecânica 26 
 5.3. Estabilização Química 28 
6. BASES 29 
 6.1. Base Estabilizada Granulometricamente 29 
 6.2. Bases Estabilizadas Quimicamente 32 
 6.3. Outros Tipos de Bases 36 
 
 
 
 
7. MATERIAIS BETUMINOSOS USADOS NA PAVIMENTAÇÃO 39 
 7.1. Introdução 39 
 7.2. Tipos de Materiais Betuminosos 39 
 7.3. Tipos de Asfalto de Petróleo 41 
 7.4. Propriedades dos Materiais Betuminosos 44 
 7.5. Ensaios nos Cimentos Asfálticos de Petróleo 48 
8. REVESTIMENTOS BETUMINOSOS 53 
 8.1. Introdução 53 
 8.2. Tratamentos Superficiais 53 
 8.3. Misturas Asfálticas 56 
 8.4. Ensaio Marshall 59 
9. DIMENSIONAMENTO DO PAVIMENTO 63 
 9.1. Método de Dimensionamento de Pavimento Flexível 63 
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 71 
 
 
 
 
 
 
 
 
PAVIMENTAÇÃO 
1. CONCEITOS E ENSAIOS DA MECÂNICA DOS SOLOS 
 
1.1.SOLO 
 
A parte mais externa do globo terrestre, denominada crosta, é constituída 
essencialmente de rochas que são agregados naturais de um ou diversos 
materiais, podendo eventualmente ocorrer vidro ou matéria orgânica. 
A ação contínua dos agentes atmosféricos e biológicos (intempéries) 
provoca a decomposição das rochas (intemperismo) originando o solo. Quando o 
solo, produto do processo de decomposição, permanece no próprio local em que 
ocorreu o fenômeno, é chamado de "residual". Quando é carregado pela água 
das chuvas ou dos rios, pelo vento, pela gravidade ou pela associação desses 
agentes, o solo é chamado de "transportado". Existem também os solos 
provenientes de uma evolução pedogênica, tais como os solos superficiais que 
suportam as raízes das plantas ou os solos "porosos" dos países tropicais. 
O significado da palavra "solo" não é o mesmo para todas as ciências que 
estudam a natureza. Para fins de engenharia civil, admite-se que os solos são 
misturas naturais de um ou diversos minerais (às vezes com matéria orgânica) 
que podem ser separados por processos mecânicos simples, tais como agitação 
em água ou manuseio. Numa conceituação mais simplista, solo é todo material 
que pode ser escavado, sem o emprego de técnicas especiais, como, por 
exemplo, explosivos, etc. 
Esse material forma a fina camada superficial que recobre quase toda a 
crosta terrestre e no seu estado natural apresenta-se composto de partículas 
sólidas (com diferentes formas e tamanhos), líquidas e gasosas. Os solos 
normalmente são caracterizados pela sua fase sólida, enquanto as fases líquida e 
gasosa são consideradas conjuntamente como porosidade. Entretanto, na 
análise de comportamento real de um solo, há necessidade de se levar em conta 
as porcentagens das fases componentes, bem como a distribuição dessas fases 
através da massa de solo. 
 
1.2.FINALIDADE DO ESTUDO 
 
 O êxito de uma obra de terra ou fundação, pelo menos em tese, exige o 
conhecimento da totalidade das propriedades físicas e químicas dos solos com 
que, ou sobre que, são feitas as construções. Entretanto o conhecimento de tal 
totalidade é difícil, caro e demorado. O que deve-se fazer, como nas ciências 
naturais, é procurar inferir estas propriedades a partir de outras mais simples, 
mais gerais e mais facilmente determináveis. Estas propriedades são chamadas 
"propriedades índices". 
 Na mecânica dos solos adota-se como propriedades índices as 
propriedades físicas dos solos mais imediatas, tais como: granulometria ou 
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textura, plasticidade e atividade da fração fina dos solos, relacionadas 
essencialmente ao material com que são constituídos os solos. Também são 
adotadas propriedades relacionadas à compacidade, consistência e a estrutura, 
obtidas através dos diversos estados em que o solo se apresenta na natureza. 
Essas propriedades são estudadas na mecânica dos solos, e seus 
resultados são aproveitados pelos engenheiros, não só para delas poderem inferir 
propriedades mais particulares dos solos com que lidam, como também, por meio 
delas, poderem classificar os solos em grupos, pelos quais, o comportamento dos 
solos a que eles pertencem, seria facilmente previsível. 
 Na construção e pavimentação de estradas, a finalidade do estudo dos 
solos é obter informações, baseadas em conceitos da mecânica dos solos, quanto 
à natureza e tipo de solos encontrados nos cortes e nas fundações de aterro, para 
avaliar o comportamento dos mesmos durante as operações construtivas e à 
futura manutenção da obras. De posse destas informações, é possível definir a 
fase inicial do projeto da estrada a ser construída, em planta e perfil, separando 
os materiais adequados e inadequados para a construção. São também úteis 
para a localização dos dispositivos de drenagem e no dimensionamento das 
camadas do futuro pavimento. 
 
1.3.PROPRIEDADES ÍNDICES 
 
 Os solos na natureza apresentam-se compostos por elementos das três 
fases físicas, em maior ou menor proporção. O arcabouço do solo, constituído do 
agrupamento de partículas sólidas, apresenta-se entremeado de vazios, os quais 
podem estar preenchidos com água e/ou ar. O ar é extremamente compressível, 
e a água pode fluir através de canalizações formadas pelos vazios entre os grãos. 
 A determinação das propriedades índices: índices físicos, 
granulometria, e estados de consistência, aplica-se na classificação e 
identificação do solo e pode-se correlacioná-las às características mais complexas 
do solo. 
 
1.3.1. ÍNDICES FÍSICOS 
 
 Os índices físicos são relações entre as diversas fases, em termos de 
massas e volumes, os quais procuram caracterizar as condições físicas em que 
um solo se encontra. 
As três relações de volumes mais utilizadas são: a porosidade, o índice de 
vazios e o grau de saturação. A porosidade (n) é definida pela relação entre o 
volume de vazios e o volume total da amostra, n = Vv / V. O índice de vazios (e) 
é definido pela relação entre o volume de vazios e o volume de sólidos, e 
= Vv / Vs. O grau de saturação (Sr) representa a relação entre o volume de água 
e o volume de vazios, Sr = Vw / Vv. 
A relação entre as massas mais utilizada é o teor de umidade (w), que é a 
relação entre a massa da água e a massa de sólidos presentes na amostra, w(%) 
= (Mw / Ms). 100. 
Esses índices físicos são adimensionais e, com exceção do índice de 
vazios (e), todos os demais são expressos em termos de porcentagem. 
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As relações entre massas e volumes mais usuais são a massa específica 
natural, a massa específica dos sólidos e a massa específica da água. A massa 
específica natural (γ) é a relação entre a massa do elemento e o volume deste 
elemento, γ = M / V. A massa específica dos sólidos (γs) é determinada, dividindo-se a massa de sólidos pelo volume ocupado por esses sólidos, γs = Ms / 
Vs. A massa específica da água (γw) é definida como, γw = Mw / Vw, que na 
maioria dos casos práticos, é tomada como γw = 1.0 g/cm3 
 
1.3.2. GRANULOMETRIA 
 
A medida do tamanho das partículas constituintes de um solo é feita por 
meio da granulometria e a representação dessa medida se dá costumeramente 
por intermédio da curva de distribuição granulométrica. 
As curvas são desenhadas em gráfico semi logarítmico. Nas abcissas tem-
se o logaritmo do tamanho das partículas e nas ordenadas, à esquerda, a 
porcentagem retida acumulada, ou seja, a porcentagem de solo em massa, que é 
maior que determinado diâmetro: à direita, tem-se a porcentagem que passa, isto 
é, a porcentagem do solo, em massa, que é menor que determinado diâmetro. 
Para a determinação do tamanho dos grãos de um solo grosso, recorre-se 
ao ensaio de peneiramento, no qual se faz passar, uma quantidade de solo, por 
uma bateria de peneiras, de abertura sucessivamente menores, determinando-se 
as porções retidas em cada peneira. Para um solo de graduação fina, o 
peneiramento se torna impraticável. Neste caso, faz-se uso do ensaio de 
sedimentação, que consiste basicamente em medir indiretamente a velocidade de 
queda das partículas em água. 
 
1.3.3. PLASTICIDADE E ESTADOS DE CONSISTÊNCIA 
 
Alguns solos, ao serem trabalhados, fazendo variar a sua umidade, 
atingem um estado de consistência característico, denominado estado de 
plasticidade. Em cerâmica, tais solos são chamados de argilas, palavra que foi 
incorporada à mecânica dos solos com o mesmo significado. 
A forma lamelar das partículas é a responsável pelas características de 
plasticidade e de compressibilidade dos solos finos. A forma dessas partículas é 
determinada pelo mineral argila, presente, que depende da estrutura cristalina de 
cada argilo-mineral. Como a estrutura cristalina é própria de cada mineral, o solo 
apresenta características de plasticidade em função do argilo-mineral presente. 
A plasticidade pode ser definida em mecânica dos solos, como a 
propriedade que um solo tem de experimentar deformações rápidas, sem que 
ocorra variação volumétrica apreciável e ruptura. 
Para que essa propriedade possa manifestar-se, compreende-se que a 
forma característica das partículas finas permite que elas deslizem, uma por sobre 
as outras, desde que haja quantidade suficiente de água para atuar como 
lubrificante. Entretanto, se a quantidade de água for maior que a necessária, 
implicará na formação de uma suspensão com características de um fluído 
viscoso (alteração no estado de consistência do solo). 
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Em resumo, pode-se dizer que a plasticidade está associada aos solos 
finos, e depende do argilo-mineral e da quantidade de água do solo. 
Os estados de consistência dependem da quantidade de água presente no 
solo, podendo assumir os estados líquido, plástico, semi-sólido e sólido, em 
ordem decrescente de teor de umidade. 
O estado líquido é quando o solo apresenta as propriedades e a aparência 
de uma suspensão e, portanto, não apresenta nenhuma resistência ao 
cisalhamento. 
O estado plástico é quando o solo apresenta a propriedade de plasticidade, 
ou seja, é quando o solo pode sofrer deformações rápidas, sem que ocorra 
variação volumétrica apreciável e ruptura. 
O estado semi-sólido é quando o solo tem a aparência de um sólido, 
entretanto, ainda passa por variações de volume ao ser secado. 
O estado sólido é quando não ocorrem mais variações volumétricas, no 
solo, pela secagem. 
 FIG - 1.1 - Estados de Consistência 
Os limites de consistência foram estabelecidos arbitrariamente, a partir de 
ensaios padronizados, tentando definir um critério para demarcar a passagem de 
um estado para outro. Os limites de consistência são conhecidos como limites de 
Atterberg, que foi quem primeiro se preocupou em estabelecê-los. As ideias 
iniciais de Atterberg, baseadas em conceitos estritamente empíricos 
permanecem, entretanto, houve necessidade de realizar algumas modificações na 
técnica de obtenção dos limites para obter um resultado padronizado. 
 
a-) Limite de Liquidez (LL): pode ser considerado como o teor de umidade que 
determina a fronteira entre o estado líquido e o estado plástico. A técnica do 
ensaio consiste em colocar na concha do aparelho de Casa Grande uma 
pasta de solo, que passou na peneira No 40 (0,42 mm). Faz-se com o cinzel 
uma ranhura e, em seguida, gira-se a manivela, à razão de duas revoluções 
por segundo, fazendo com que a concha caia em queda livre e bata contra a 
base do aparelho. Conta-se o número de golpes para que a ranhura se feche 
e, em seguida determina-se a umidade do solo. Os valores obtidos são 
lançados em gráfico semilogarítmo em que as ordenadas se têm os teores de 
umidade e nas abcissas o número de golpes. Traça-se uma reta média, que 
passa por esses pontos e determina-se o teor de umidade correspondente a 
25 golpes, que será o limite de liquidez do solo. (Na pavimentação LL mede a 
tendência de absorção d'água dos solos) 
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 FIG - 1.2 - Determinação do Limite de Liquidez 
b-) Limite de Plasticidade (LP): pode ser considerado como o teor de umidade que 
determina a fronteira entre o estado plástico e o semi-sólido. Para sua 
determinação, faz-se uma pasta com solo que passou na peneira No 40 
(0,42mm), e em seguida procura-se rolar esta pasta, com auxílio da palma da 
mão, sobre um placa de vidro esmerilhado, a fim de se formar pequenos 
cilindros. Quando o cilindro o cilindro atingir um diâmetro de +/- 3 mm, e 
começar a apresentar fissuras, interrompe-se o ensaio e determina-se o teor 
de umidade do solo do cilindro. Este teor de umidade é considerado o 
limite de plasticidade do solo. 
 
FIG - 1.3 - Determinação do Limite de Plasticidade 
c-) Limite de Contração (LC): É definido como a fronteira convencional entre o 
estado de consistência semi-sólido e o sólido. O limite de contração 
corresponde à umidade do solo no momento que este não apresenta redução 
de volume, quando submetido à secagem (lenta e à sombra). 
A partir dos limites de consistência, são calculados vários índices, dentre 
os quais podemos destacar o índice de plasticidade (IP). Esse índice é definido 
como a diferença entre o limite de liquidez (LL) e o de plasticidade (LP), ou seja, 
IP = LL - LP. 
O índice de plasticidade (IP) tenta medir a maior ou menor plasticidade do 
solo, e fisicamente representa a quantidade de água necessária a acrescentar a 
um solo, para que ele passe do estado plástico ao estado líquido. (Na 
pavimentação IP mede a tendência de expansão do solo). 
 
1.4.COMPACTAÇÃO DOS SOLOS 
 
É o processo pelo qual se comunica ao solo não só a densidade e 
resistência como também, e principalmente a estabilidade. Entende-se como 
estabilidade a existência de uma resistência que, embora possa ser a mais alta 
que o solo possa oferecer, mantem-se permanente, independente das estações 
do ano e das condições climáticas. 
Por outro lado a compactação dá à massa de solo condições de resistência 
e compressibilidade capazes de tornar possível seu uso imediato. É assim, um 
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processo mecânico, pelo qual se procura, por aplicação de peso ou apiloamento, 
aumentar a densidade aparente do solo lançado e, aumentar-lhe a resistência. 
Em 1933, "Ralph Proctor" publicou uma série de artigos divulgando o seu 
método de compactação, baseado numa técnica de projeto e construção de 
barragens de terra compactada, empregada na Califórnia. Nesses artigos estão 
enunciados um dos mais importantes princípios da mecânica dos solos, " A 
densidade com que um solo é compactado, sob uma determinada energia de 
compactação, depende da umidade do solo no momento da compactação",em 
outras palavras é que um dado solo quando compactado com uma certa energia 
padrão, alcança um estado de densidade máxima para uma umidade particular, 
denominada umidade ótima. 
O ensaio de compactação consiste no seguinte: em um cilindro metálico de 
volume igual a 1 litro, compacta-se a amostra de solo, em três camadas, cada 
uma delas por meio de 25 golpes de peso de 2,5 kg, caindo de uma altura de 30 
cm. O cilindro é provido de um anel sobressalente para prender o excesso de 
material, o qual é retirado depois de completada a compactação. Raspa-se, 
então, a superfície do solo no cilindro para que se obtenha o volume exato de 1 
litro. 
Esse ensaio foi padronizado pela AASTHO - Americam Association of State 
and Highway and Transportation Officials, e denominado de "Proctor Standard 
(normal)". A figura No 1.4 mostra as dimensões do cilindro e soquete 
padronizado. 
 
 
 
 
 
 
FIG - 1.4 - Dimensões do cinindro e soquete para Proctor Normal 
Uma vez compactado o solo, com uma determinada umidade, no cilindro 
de Proctor, determina-se a massa específica aparente e a umidade de uma 
pequena porção do solo, retirada do material compactado. Repetindo-se o ensaio 
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para várias umidades teremos pares de valores ( δd , w), com os quais pode-se 
traçar a curva da FIG - 1.5. 
 
FIG - 1.5 - Curva de Compactação 
Os equipamentos modernos utilizam pesos cada vez maiores, permitindo 
obter no campo densidades mais altas. Isso exigiu a modificação do ensaio 
normal de compactação. utilizando-se soquetes de 5 kg, caindo de 45 cm de 
altura, e compactando-se o solo em 5 camadas com 50 golpes do soquete. Esse 
ensaio foi denominado de Proctor Modificado. 
 
Ensaio de 
Proctor 
Dimensões do 
cilindro 
Peso do 
soquete 
No de 
camadas
Altura de 
queda 
No golpes/ 
camada 
Energia / 
Volume 
 Diâm. Alt. (kg) (cm) kg.cm/cm 3 
NORMAL 10 13 2.5 3 30 25 5.5 
MODIFICADO 10 13 5.0 5 4.5 25 27.5 
CBR 15 12.5 5.0 5 45 55 28.0 
 
As curvas da FIG. 1.6, foram obtidas através do ensaio de Proctor 
executados nas energias normal, intermediária e modificada. Observa-se que a 
medida que a energia vai crescendo, a umidade ótima vai diminuindo e a massa 
específica aparente seca máxima vai aumentando. Assim, a umidade ótima de 
compactação e a respectiva massa específica aparente seca máxima dependem 
da energia de compactação empregada. 
 
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 FIG – 1.6 – Curvas de Compactação 
 A AASTHO ( American Association of State Highway and transportation 
Officials) optou pela padronização do ensaio, da seguinte maneira: 
E = Ng . Nc . ( P . h ) / V , onde: 
Unidade: ( kg . cm) / cm3 ; 
Ng : N
o de golpes; 
Nc : N
o de camadas (5) 
P : peso do soqute (kg); 
h : altura de queda (cm); 
V : volume so cilindro (cm3) 
 
Ng = 13 (energia do Proctor Normal) 
Ng = 28 (energia do Proctor Intermediário) 
Ng = 60 (energia do Proctor Modificado) 
 
1.5.ÍNDICE DE SUPORTE DOS SOLOS 
 
 Para medir a capacidade de suporte de um solo compactado utiliza-se do 
método do índice de suporte que fornece o " Índice de Suporte Califórnia - ISC" 
(California Bearing Ratio - CBR), que foi idealizado pelo engenheiro O. J. Porter, 
em 1939 no estado da Califórnia - USA e posteriormente desenvolvido e 
modificado pelo United States Corps of Engineers da U. S. Army. 
O método de ensaio, embora empírico é adotado por uma grande parcela 
de órgãos rodoviários, no Brasil e no Mundo. 
Pavimentação - Página 9 
O objetivo do método é determinar o índice de suporte Califórnia (CBR) e a 
expansão (E) de materiais utilizados na construção rodoviária e também fixar 
parâmetros de compactação para a execução dos serviços de campo. 
Compacta-se a amostra de um solo, em 5 camadas, num cilindro 
apropriado, na umidade ótima, ou em várias umidades ( as mesmas do ensaio de 
Proctor ), na energia especificada no projeto. Sobre a amostra, compactada no 
cilindro, é colocado um peso (sobrecarga) para simular a resistência que o peso 
do pavimento impõe à sua expansão. 
Assim preparado o ensaio, o(s) cilindro(s) com o(s) corpo(s) de prova é 
(são) imerso(s) em um poço com água durante 4 dias, a fim de atingir a saturação 
da amostra, simulando a pior condição possível. Aproveita-se a saturação para 
medir, por meio de um relógio extensômetro, a expansão que a amostra sofre ao 
saturar-se. Após os 4 dias de imersão, dá-se início ao ensaio de penetração, 
executado em equipamento próprio (macaco hidráulico). 
O ensaio de penetração consiste em pressionar no corpo de prova um 
pistão cilíndrico metálico de diâmetro φ = 5 cm. A pressão aplicada é registrada 
através de um manômetro (anel dinamométrico, extensômetro) e as deformações 
sofridas são registradas através de um extensômetro acoplado ao sistema. 
Com os pares de valores correspondentes, pressão e deformação, traça-se 
um gráfico e define-se o CBR como sendo o maior valor da razão expressa em 
porcentagem, entre a resistência à penetração do pistão no material e a 
resistência à penetração do mesmo pistão em uma mistura estabilizada padrão, 
obtidas para deformações de 0.1"(2,5 mm) e 0.2"(5,0 mm). 
FIG. 1.7 - Ensaio do CBR 
Define-se o Índice de Supote California - CBR (%) como sendo o maior 
valor obtido das expressões: 
 
CBR (%) = C1. 100 / (π. d2/4) . 70 = C1 .100 / 1350 
CBR (%) = C2 . 100 / (.π d2/4). 105 = C2 . 100 / 2050 
 
 
 
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 FIG. 1.8 - Gráfico Pressão X Deformação 
Pode-se fazer a analogia do Ensaio do CBR entre o laboratório e o campo: 
 
LABORATÓRIO CAMPO 
Cilindro Confinamento do solo 
Sobre-carga Peso do pavimento 
Penetração Esforço da compactação 
Imersão Condição mais crítica admissível 
 
 
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2. O ESTUDO DO MEIO FÍSICO NA ESCOLHA DO TRAÇADO 
PRELIMINAR DA ESTRADA 
 
2.1. INTRODUÇÃO 
A necessidade crescente de utilização dos recursos naturais do meio 
físico, determinada pela carência de recursos financeiros e pelo crescimento 
acelerado da população, nos grandes centros urbanos, faz com que as 
técnicas de exploração e aproveitamento destes recursos, sejam 
continuamente desenvolvidas. 
A construção de estradas envolve uma grande utilização de recursos 
naturais, tornando imprescindível seu uso, a partir de critérios de 
aproveitamento das potencialidades, que definam as limitações do meio 
físico. 
A não consideração das potencialidades e limitações do meio físico é 
cada vez menos admissível, nas áreas da engenharia, tanto com relação ao 
gasto desnecessário de recursos financeiros, quanto com relação à 
preservação do meio ambiente, evitando o surgimento de problemas da 
implantação não planejada (erosões, escorregamento de encosta, etc.). 
O caminho a ser seguido na avaliação das potencialidades e limitações 
do meio físico, na construção de estradas, passa pela utilização de alguns 
instrumentos de orientação. 
2.2. EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS 
O estudo do meio físico deve ser utilizado como um instrumento 
auxiliar na determinação das potencialidades e das limitações dos recursos 
naturais. A importância deste estudo no projeto, construção e manutenção 
de estradas é ressaltada nas seguintes atividades: 
- Pesquisa de jazidas de materiais de empréstimo para execução de 
aterros, e camadas do pavimento; 
- Pesquisa de exploração de pedreira, porto de areia e materiais 
naturais usados na pavimentação; 
- Previsão de problemas associados à execução de cortes e aterros em 
função das condições geotécnicas locais; 
- Delimitação de áreas de ocorrência de materiais favoráveis, com 
relação à capacidade de suporte do sub-leito; 
- Delimitação de áreas de deposição aluvial ou marinha, de ocorrência 
de solos moles; 
- Delimitação de áreasde falhamento, que podem apresentar problemas 
geotécnicos graves; 
- Previsão das características de erodibilidade associadas aos diversos 
horizontes dos solos; 
- Previsão das características geotécnicas gerais dos solos, como 
granulometria, plasticidade, resistência, permeabilidade, etc. 
Pavimentação - Página 12 
 
 
 
2.3. CONSULTA A BANCOS DE DADOS 
Uma consulta a banco de dados, quando cuidadosa e bem feita, 
fornece diversas informações a respeito do estudo do meio físico, podendo 
assim evitar a duplicação de uma série de esforços. No estado de São 
Paulo, o volume de informações disponíveis, de todas as regiões, é vasto e 
bastante variável. 
As informações podem ser obtidas junto às Instituições de pesquisa, 
Órgãos Rodoviários, Universidades e Prefeituras Municipais e outros centros 
de mapeamento em geral. 
O "Inventário Cartográfico do Estado de São Paulo", de 1981, 
apresenta uma série de informações em forma de mapeamentos 
topográficos, geológicos, de ocorrência de minerais, de recursos hídricos, de 
vegetação, climáticos, geomorfológicos, pedológicos, etc. 
2.4. CONSIDERAÇÕES SOBRE AS INFORMAÇÕES ENCONTRADAS 
Os estudos do meio físico, necessários à classificação de terrenos de 
acordo com sua potencialidade e adequação para o aproveitamento são 
feitos desde o século passado voltados à agricultura. 
As primeiras tentativas de abordagem do problema da classificação 
dos terrenos basearam-se no conhecimento de aspectos geológicos e 
topográficos. Posteriormente verificou-se que outros dados, como o caráter 
de ocorrência de vegetação, solos, água e outros aspéctos do meio físico, 
inclusive os geomorfológicos, se mostraram valiosos para a análise das 
potencialidades do meio físico e confecção de mapas de solos, com 
estimativa do perfil de solos. 
Os mapas de solos mostram a distribuição das unidades de 
mapeamento de solos, relacionados com as principais características físicas 
e culturais da superfície do terreno. 
O perfil esquemático de solos é a representação dos diversos 
horizontes de solo, que podem ser definidos da seguinte maneira. O 
horizonte "A", contêm a camada de solo superficial, com restos de vegetais e 
matéria orgânica, com espessura média em torno de 0.2 m. É a camada que 
apresenta maior interesse à agronomia. O horizonte "B", horizonte 
intermediário, constitui-se da camada de solo superficial de espessura 
bastante variável em função das condições de intemperização locais e da 
rocha matriz. O horizonte "C", constitui-se da camada de solo de alteração 
de rocha (solo saprolítico), que herdou grande parte das características da 
rocha matriz. O desenho do perfil esquemático mostrado abaixo é bastante 
simplificado, pois não considera o solo transportado ( coluvionar, eólico ou 
aluvionar) 
 
 
 
 
 Os mapas geológicos são destinados a informar sobre a geologia de 
uma determinada região, abstraindo-se o manto de decomposição. Contêm 
observações geológicas, referentes aos grupos ou formações do substrato 
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rochoso, feitas no campo ou em fotografias aéreas, registradas mais 
comumente em mapa topográfico. Fenômenos importantes são registrados, 
tais como contatos litológicos e estratigráficos, atitudes tectônicas (direção, 
inclinação, dobramentos, lineação, xistosidades), etc. 
 FIG. - 2.1 - Perfil Esquemático 
Os mapas pedológicos informam a origem, morfologia, distribuição, 
mapeamento, taxonomia e classificação dos solos. A pedologia divide-se em 
"Pedografia", que se relaciona à descrição sistemática dos solos e, 
"Pedogênese", que estuda a origem dos solos. 
Os mapas geomorfológicos procuram subsídios para a compreensão 
dos mecanismos de formação e evolução das rochas e solos da crosta 
terrestre, considerando basicamente as características do relevo: declividade, 
amplitude e características das elevações (colinas, morros, morretes, serras), 
características do sistema de drenagem, das decomposições aluvionares, 
etc. 
A utilização dos diversos tipos de mapeamentos é útil na engenharia 
rodoviária, no planejamento de traçados e identificação de materiais de 
construção e também no planejamento urbano. 
A interpretação de fotos aéreas no planejamento e projeto de uma 
rodovia, principalmente em regiões de difícil acesso, é outra fonte importante 
de informações que pode ser utilizada na escolha do traçado preliminar. 
Além das informações topográficas, uma boa interpretação pode indicar os 
prováveis substratos rochosos encontrados na região. 
A análise do meio físico não deve ser restrita a uma boa revisão 
bibliográfica e a interpretação de material cartográfico, o trabalho de campo é 
indispensável na verificação e aprofundamento das informações obtidas. 
 
 
Pavimentação - Página 14 
 
3. CONSTRUÇÃO DO PAVIMENTO 
3.1. INTRODUÇÃO 
A nossa sociedade, de um modo geral, se cartacteriza por um sistema 
de trocas e de produção industrial, que condiciona a necessidade contínua de 
deslocamento de pessoas e mercadorias. 
O deslocamento periódico entre dois ou mais pontos gerou a 
construção de caminhos, cuja necessidade de utilização em qualquer época 
do ano gerou os revestimentos dos caminhos, que evoluiram, posteriormente 
para a construção dos pavimentos. 
O pavimento é a estrutura construída sobre o terreno de fundação 
(leito), e pode ter sua espessura variada, como também os materiais 
utilizados, em consonância com as solicitações sofridas e de outros 
parâmetros, dependendo do seu dimensionamento. 
Existem vários métodos de dimensionamento de pavimentos, que são 
utilizados para a determinação das espessuras das camadas do pavimento e 
recomendação dos materiais utilizados. 
 
3.2. CAMADAS DO PAVIMENTO 
O pavimento é a estrutura construída sobre a terraplenagem 
(movimento de terra executado para conformação do greide) destinada 
técnica e economicamente à resistir e distribuir os esforços verticais oriundos 
do tráfego, resistir aos esforços horizontais, de rolamento, frenagem e 
aceleração centrífuga nas curvas, tornando mais durável a superfície de 
rolamento, e melhorar as condições de rolamento quanto ao conforto e 
segurança. 
A fig. 3.1. mostra a representação esquemática simplificada das 
camadas que compõem um pavimento. 
FIG - 3.1 - Representação Esquemática do Pavimento 
Quando as condições da fundação (sub-leito) não permitem a 
eliminação de nenhuma camada, o pavimento passa a assumir uma 
disposição completa com diversas camadas como mostra a FIG. 3.2 . Os 
materiais usados na construção das camadas têm sua "nobreza" decrescente 
de cima para baixo, ou seja do revestimento para o sub-leito. 
Pavimentação - Página 15 
 
 FIG - 3.2 - Seção Típica do Pavimento 
A espessura das camadas do pavimento é dimensionada em função 
do peso e da frequência das cargas de solicitação, de tal modo que a 
estrutura (todas as camadas do pavimento) resista, transmita e distribua as 
pressões oriundas das cargas ao sub-leito, sem sofrer deformações 
apreciáveis. 
As camadas do pavimento são definidas de acordo com suas 
respectivas funções, como: 
- Sub-leito: É a plataforma da estrada, que compreende a infra-
estrutura implantada, bem acabada em termos de movimento de terra 
(limpeza, cortes e aterros) e de seu aspecto superficial. É o terreno 
de fundação do pavimento; 
- Regularização: É a camada de espessura irregular, construída sobre 
o sub-leito e destinada a conformá-lo, transversal e 
longitudinalmente, com o projeto. Deve ser executada sempre em 
aterro; 
- Reforço do sub-leito: É uma camada de espessura constante, 
construída se necessária ( quando o sub-leito apresenta pequena 
capacidade de suporte) acima da regularização e com 
características técnicas superiores ao material do sub-leito e 
inferiores ao material da camada quevier acima; 
- Sub-base: É a camada complementar à base e existe quando, por 
circunstâncias técnicas e econômicas (de projeto) não for 
aconselhável construir a base diretamente sobre a regularização ou 
reforço do sub-leito. Tem como funções básicas resistir às cargas 
transmitidas pela base, drenar infiltrações e controlar a ascensão 
capilar d'água, quando for o caso; 
- Base: É a camada destinada a receber e distribuir os esforços 
oriundos do tráfego, e sobre a qual se constrói o revestimento. 
Como deve apresentar uma determinada resistência (especificada) 
Pavimentação - Página 16 
 
é geralmente construída de materiais estabilizados 
granulométricamente ou quimicamente através do uso de aditivos 
(cal, cimento, betume, etc.); 
- Revestimento ou capa de rolamento: É a camada tanto quanto 
possível impermeável, que recebe diretamente a ação do tráfego, e 
destinada a melhorar a superfície de rolamento quanto as condições 
de conforto e segurança, além de resistir ao desgaste. 
A determinação do tipo e espessura de cada uma das camadas 
componentes do pavimento é feita através da aplicação de um método de 
"Dimensionamento do Pavimento". Existem na bibliografia de construção de 
pavimento, diversos métodos para o dimensionamento de pavimentos, cada 
um deles com suas próprias particularidades. 
 
3.3. CLASSIFICAÇÃO DOS PAVIMENTOS 
Os pavimentos são classificados segundo as camadas constituintes de 
sua estrutura. Como o pavimento é constituído de diversas camadas, fica 
difícil encontrar um termo que defina toda a estrutura. 
De um modo geral, os pavimentos são classificados em pavimento 
rígido e pavimento flexível, de acordo com os materiais usados em seus 
revestimentos. 
O pavimento rígido é constituído por placas de concreto de cimento, 
rejuntadas entre si. Essas placas podem ter espessura uniforme e são 
dimensionadas como se fossem lajes de concreto. O coeficiente de recalque 
da camada em que se apoia o pavimento tem influência decisiva nas tensões 
que se desenvolvem no concreto sob a ação das cargas produzidas pelo 
tráfego. É denominado "rígido"por ser menos flexível e deformável do que o 
outro tipo de pavimento. 
A FIG. 3.3. mostra o esquema de distribuição da carga sobre o 
pavimento rígido. 
 
FIG. - 3.3 - Pavimento Rígido 
O pavimento flexível é constituído por uma combinação de agregado 
mineral e material betuminoso, processada por vários métodos construtivos e 
em várias espessuras. O agregado suporta e transmite as cargas aplicadas 
pelos veículos, bem como resiste ao desgaste imposto pelas solicitações. 
 
 
Pavimentação - Página 17 
 
O material betuminoso (asfalto) é o elemento aglutinante, que 
proporciona uma ligação íntima entre os agregados, capaz de resistir à ação 
das águas provenientes das chuvas. São ditos "flexíveis", pois deformam-se 
sob a ação das cargas, com vantagens de adaptação a eventuais recalques 
do sub-leito, rapidez de execução e liberação ao tráfego, reparação fáceis e 
rápidas. 
A FIG. 3.4. mostra a distribuição da carga no pavimento flexível. 
 
FIG. 3.4 - Pavimento Flexível 
O pavimento, tanto o rígido como o flexível, é constituído de diversas 
camadas, e portanto é muito difícil classificá-lo, segundo uma nomenclatura 
que defina toda a estrutura. 
As vias Anchieta e Anhanguera (até Jundiaí) são exemplos dessa 
dificuldade: 
- Base: macadame hidráulico (flexível); 
- Revestimento: lajes de concreto de cimento (rígido); 
- Recapeamento executado: concreto betuminoso (flexível). 
A "Terminologia Brasileira TB-7", adotada pela ABNT aponta as 
seguintes definições: 
 
 
 Concreto de cimento 
 Rígida macadame de cimento 
 solo-cimento 
 
Base solo estabilizado granulométricamente 
 com aditivos 
 Flexível macadame hidráulico 
 macadame betuminoso 
 paralelepípedos 
 brita graduada 
 
 
 
 
 
 
 Rígido Concreto de cimento 
 Macadame de cimento 
 Paralelepípedo rejuntado com cimento 
Pavimentação - Página 18 
 
 
Revestimento Betuminoso Usinado Concreto betuminoso 
 Pré-misturado à quente 
 Pré-misturado à frio 
 
 Flexível Tratamento Penetração direta 
 Superficial Penetração invertida 
 
 Calçamento Paralelepípedo 
 Blocos de concreto pré-moldados e 
 articulados 
 
Na classificação dos revestimentos, deve-se considerar também a 
lama asfáltica, devido à sua utilização cada vez maior como 
rejuvenescimento da capa de rolamento. 
 
3.4. ESTUDO DA FUNDAÇÃO (SUB-LEITO) DO PAVIMENTO 
A história da construção rodoviária, praticamente, inicia-se no ano de 
1920, com um marco, na forma de abordagem do projeto estrutural do 
pavimento. 
Antes, porém, valorizava-se muito mais o pavimento em detrimento do 
sub-leito, sem a preocupação de estudo detalhado de seus materiais e 
maneira própria de preparação. 
Depois, com o aumento da velocidade e da capacidade de carga 
transportada dos veículos, foi necessária uma adequada definição dos 
projetos, tanto do geométrico, como do pavimento, que traduzisse aos 
usuários maior segurança e conforto e economia aos órgãos rodoviários. 
Uma forma racional encontrada pelos engenheiros rodoviários para 
análise dos materiais do pavimento e do sub-leito foi a utilização de alguns 
índices gerais, facilmente determináveis e que agrupassem os solos com 
propriedades semelhantes. Essa forma permite, por meio de uma 
nomenclatura padronizada, a rápida identificação de suas características de 
resistência e compressibilidade. 
O projeto do pavimento é feito em duas fases: ante-projeto e projeto 
definitivo. 
A fase de ante-projeto é iniciada após a definição do traçado 
geométrico, através da execução de sondagens ao longo do eixo da estrada, 
para o reconhecimento dos materiais do sub-leito (prospecção geológica). 
A prospecção geológica fornece informações a respeito da natureza 
dos solos encontrados, do perfil geológico da região e das condições 
existentes no local, no que se refere à densidade e umidade dos solos, 
afloramento de rochas e nível d'água. 
Essas informações servem de apoio ao dimensionamento preliminar 
do pavimento a ser construído, a escolha dos métodos mais adequados para 
o manuseio dos materiais e aos ensaios convenientes para o controle da 
execução dos trabalhos de campo e da obra acabada, a serem incluídos nas 
especificações da construção. 
Pavimentação - Página 19 
 
 FIG - 3.5. - Esquema de Sondagens 
A prospecção geológica compreende o levantamento do perfil 
geológico do sub-solo e a coleta de amostras para ensaios dos materiais que 
constituem o perfil geológico. Os tipos de sondagens mais executados para a 
coleta de materiais são: à percussão, poços de sondagem, à trado e outros 
se necessários. 
A fase de projeto é iniciada quando a terraplanagem estiver concluída, 
isto é, o reconhecimento dos solos será somente do sub-leito da estrada. 
O reconhecimento, feito em duas etapas, visa obter o traçado do perfil 
de solos do sub-leito e a caracterização de suas diversas camadas. 
Inicialmente devem ser executadas sondagens no eixo e nos bordos 
da estrada para identificação das diversas camadas, através da inspeção 
expedita no campo, seguindo-se de sua representação no perfil dos solos. 
Posteriormente, de posse do perfil dos solos, deve-se executar a 
coleta de amostras das diversas camadas para a realização de ensaios 
necessários, dos tipos: granulometria, limites de consistência (LL e LP), 
compactação, índice de suporte, etc. 
 
FIG - 3.6. - Localização das Sondagens 
O espaçamento entre os furos de sondagem deve ser de no máximo 
de 100 m., com profundidade variando de 0.60 a 1.00 m, abaixo do greide 
projetado. Para pesquisa de lençol d'água, a profundidade deve ser de 
cerca de 1.50 m, também abaixo do greide de projeto.A quantidade das amostras coletadas deve ser representativa para a 
execução dos ensaios de caracterização ( granulometria, LL e LP) e 
compactação (Proctor), de 100 em 100 m, e índice de suporte (CBR), de 300 
em 300m. 
Os materiais coletados, para efeito de inspeção expedita, no campo, 
devem ser classificados de acordo com a textura, nos seguintes grupos: 
- Bloco de rocha, pedaço de rocha isolado que apresenta diâmetro 
superior a 1.00 m; 
- Matacão, pedaço de rocha com diâmetro entre 1.00 e 0.25m; 
- Pedra, pedaço de rocha com diâmetro entre 25 cm e 9.5 mm; 
- Pedregulho, solo constituído de grãos minerais com diâmetro entre 
9.5 e 2.00 mm; 
- Areia, grãos minerais com diâmetro entre: 
Pavimentação - Página 20 
 
 Grossa - 2.00 e 0.42 mm; 
 Fina - 0.42 e 0.074 mm; 
- Silte e argila, partículas com diâmetros inferiores à 0.074 mm. 
Os solos recomendados para uso como fundação para apoio das 
pistas de estradas de rodagem ou de aeroportos, e também como outras 
camadas do pavimento, devem ser resistentes às cargas, possuir boas 
qualidades de compactação e drenagem e apresentar características 
aceitáveis de compressão e expansão. 
Caso o solo não satisfaça algumas destas propriedades, é possível 
superar o problema através da utilização de métodos construtivos 
convenientes e também procurando, na região próxima à obra, materiais com 
as qualidades necessárias para serem usados como matéria prima na 
pavimentação. 
A procura de matéria prima é feita através de pesquisas de jazida ou 
caixa de empréstimo. Para os estudos de materiais que podem ser utilizados 
como fonte de matéria prima na confecção dos pavimentos são necessários 
os seguintes procedimentos: (a), execução de sondagens ( trado-concha, pá, 
picareta e cavadeira) para coleta das amostras, em alguns pontos conforme 
mostra a FIG - 3.7; (b), execução dos ensaios de laboratório ( granulometria, 
índices físicos, índice de suporte e ensaios tecnológicos de rochas, escórias 
e cascalhos). 
A possibilidade do aproveitamento da jazida, considerando a qualidade 
do material e seu volume, é verificada a partir da análise dos resultados 
obtidos dos ensaios. 
 
 
 FIG - 3.7 - Estudo preliminar de Jazida 
Uma vez, confirmada a possibilidade do aproveitamento da jazida, 
segundo o critério técnico-econômico, deve ser feito um novo estudo do 
material da jazida em um nível de detalhamento muito maior, como mostra a 
FIG - 3.8. 
Pavimentação - Página 21 
 
A área da jazida é demarcada por uma malha quadrada de 30 m, e 
cada nó da malha é um ponto (furo de sondagem) de coleta de amostras. O 
material coletado em cada ponto, separado por camadas diferentes, é 
submetido aos ensaios de laboratório ( granulometria, índices físicos, etc). 
Para a determinação do índice de suporte (CBR) do material da jazida, 
a malha de orientação dos furos deve ser ampliada para 60 m. 
 
 
FIG - 3.8 - Prospecção Definitiva da Jazida 
Após todo esse procedimento é possível se ter uma avaliação 
completa do aproveitamento da jazida como matéria prima para uso na 
pavimentação de rodovias. 
Pavimentação - Página 22 
 
4. CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS 
A existência de um número elevado de tipos de solos, levou os técnicos 
a desenvolverem sistemas baseados em critérios que os agrupassem em 
conjuntos de características similares, ou seja, classificados em vários grupos 
de acordo com sua origem, propriedades e comportamento. 
Existem diversos sistemas de classificação de solos, dentre os quais, 
podemos citar alguns mais mais comuns utilizados na pavimentação: 
Classificação do Highway Research Board (HRB); Classificação do antigo 
Bureau of Public Roads (BPR); Classificação Pedológica; Classificação do Prof. 
Arthur Casagrande; Classificação pelo Índice de Suporte Califórnia; Sistema 
Unificado de Classificação de Solos. 
 
4.1. CLASSIFICAÇÃO DO RIGHWAY RESEARCH BOARD (HRB) 
Os solos são separados, em função da granulometria, em solos 
granulares ou de graduação grossa ( menos de 35% de material passa 
na peneira No 200 (0,074 mm) e solos finos ou de granulação fina (silte e 
argila), (mais de 35 % de material passa na peneira No 200 (0,074 mm). 
De acordo com a separação,os solos são reunidos em grupos e 
subgrupos, em função da granulometria e do Limite de liquidez (LL) e do Índice 
de plasticidade (IP). 
Os solos granulares são disignados pelos grupos A - 1 , A - 2 e A - 3, e 
pelos respectivos subgrupos A - 1 - a, A - 1 - b, A - 2 - 4 , A - 2 - 5, A - 2 - 6 
e A - 2 - 7, os quais se atribui comportamento de excelente a bom como 
camadas de subleito de estradas. 
Os solos finos se enquadram nos grupos A - 4, A - 5, A - 6 e A - 7, de 
comportamento fraco a pobre para camadas do subleito de estradas. 
Além da granulometria e dos índices físicos (LL e IP), a classificação 
HRB inclui também um índice, denominado de "índice de grupo (IG)", o qual é 
um número inteiro, variando de 0 a 20, indicativo do comportamento do solo em 
relação às qualidades para uso na pavimentação (capacidade de suporte do 
terreno de fundação). 
O IG = 0, representa um solo de qualidade ótima para ser usado na 
pavimentação. O IG = 20, representa um solo de péssima qualidade. 
O índice de grupo (IG), pode ser calculado através da fórmula, IG 
= 0.2a + 0.005ac + 0.01 bd (detalhada no item 4.2.),ou determinado por meios 
de gráficos, apresentados na FIG. - 4.1. 
 Para classificar os solos, segundo a classificação HRB, usa-se o quadro 
4.1. , segundo as instruções. Determina-se o grupo do solo, por processo de 
eliminação, da esquerda para a direita, no quadro de classificação. O primeiro 
grupo, a partir da esquerda, com o qual os valores do solo ensaiado coincidir, 
será a classificaçào correta. 
 
 
Pavimentação - Página 23 
 
 FIG. - 4.1 - Gráficos para determinação do Índice de Grupo 
O valor do índice de grupo (IG), deve ser colocado, entre parentesis, 
depois do símbolo do grupo. 
4.2. CLASSIFICAÇÃO DO BUREAU OF PUBLIC ROADS (BPR) 
Os solos são classificados em oito grupos, representados pelos 
símbolos A 1 a A 8, cujo comportamento como base ou pavimento é de 
qualidade decrescente na ordem dos grupos. Os solos do grupo A 1 são de 
comportamento ótimo, enquanto que os solos do grupo A 8 são materiais 
imprestáveis para serem usados na pavimentação. 
A tabela 4.1. mostra os grupos distribuídos em 5 classes: pedregulhos, 
areias, solos siltosos, solos argilosos e solos orgânicos e turfosos, mostra 
também o comportamento e as principais características dos solos de cada 
grupo e um índice, denominado "índice de grupo", pelo qual se pode fazer a 
classificação. 
O índice de grupo é calculado pela expressão abaixo: 
 
IG a ac bd= + +0 2 0 005 0 01. . . 
 
a = [( % φ < # 200 ) – 35], é o excesso sobre 35% da porcentagem 
de grãos que passam na peneira no 200 
(0.074 mm), quando "a" for menor que 
zero , adota-se o valor zero (0), e quando 
"a" for maior que 40 adota-se o valor 40; 
 
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b = [( % φ < # 200 ) – 15], é o excesso sobre 15 % da porcentagem 
de grãos que passam na peneira no 200 
(0.074 mm), quando "b", for menor que 
zero, adota-se o valor zero (0), e quando for 
maior que 40, adota-se o valor 40; 
 
c = (LL – 40), é o excesso de LL sobre 40, quando "c"for menor que 
zero, adota-se o valor zero (0), e quando for maior que 
20, adota-se o valor 20; 
 
d = (IP - 10 ), é o excesso de IP sobre 10, quando "d" for menor que 
zero, adota-se zero (0), e quando for maior que 20, 
adota-se 20. 
 
TAB. 4.1 - Classificação Bureau of Public Roads - BPR 
Classes Grupos Comportamento (base / pavimento) 
Principais Características Índice de 
grupo 
Solo Grosso A1 Ótimo 
Bem graduado / Bom 
ligante 0 
35 % φ < # 200 A2Satisfatório 
 
Mal graduado, com finos 4 (máx.) 
Pedregulho / 
Areia 
A3 
Bom como base / precário 
quanto ao ligante Sem finos 0 (NP) 
Solo Fino A4 
Precário ( inchamento devido 
às chuvas) 
Siltes / argilas baixa 
plasticidade 8 (máx.) 
35 % φ > #200 A5 Tolerado com sub-base Contra indicado como base Siltes elásticos 12 (máx.) 
Solo Siltoso A6 Contra indicado 
Argilas inorgânicas 
média e alta plasticidade 16 (máx.) 
Solo Argiloso A7 
Empregado só com finalidades 
especiais 
 argilas inorgânicas e solos 
orgânicos 20 (máx.) 
Turfa A8 Imprestáveis Solos orgânicos e turfas 
 
 
 Calculado o índice de grupo "IG", o solo será classificado no grupo 
correspondente. É importante verificar que o índice de grupo não é suficiente 
para para enquadrar o solo em um grupo, pois os valores da tabela designam 
valores máximos e não intervalos de valores. Assim há solos intermediários 
entre dois grupos, como por exemplo solo A7/5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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QUADRO 4.1. – CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS SEGUNDO O HBR 
 
CLASSIFICAÇÃO 
GERAL 
MATERIAIS DE GRANULAÇÃO GROSSA 
[ menos de 35% passando na peneira No 200 (0,074 mm)] 
MATERIAIS DE GRANULAÇÃO FINA 
[mais de 35% passando na peneira No 200 (0,074 
mmm)] 
CLASSIFICAÇÃO A - 1 A - 3 A - 2 A – 4 A – 5 A - 6 A - 7 
POR GRUPO A – 1-a A – 1-b A – 2-4 A – 2-5 A – 2-6 A – 2-7 A – 7-5/A 7-6 
Granulometria 
No 10 
No 40 
No 200 
 
30 máx. 
50 máx. 
15 máx. 
 
 
50 máx. 
25 máx. 
 
 
51 mín. 
10 máx. 
 
 
 
35 máx. 
 
 
 
35 máx. 
 
 
 
35 máx. 
 
 
 
35 máx. 
 
 
 
36 min. 
 
 
 
36 min. 
 
 
 
36 min. 
 
 
 
36 min. 
Características 
Frações φ < 0,42 mm
LL (%) 
IP (%) 
 
 
 
6 máx. 
 
 
 
N. P. 
 
 
40 máx. 
10 máx 
 
 
41 mín. 
10 máx 
 
 
40 máx. 
11 mín. 
 
 
41 mín. 
11 mín. 
 
 
40 máx. 
10 máx. 
 
 
41 mín. 
10 máx. 
 
 
40 máx. 
11 mín. 
 
 
41 mín. 
11 mín. 
Índice de Grupo 0 0 0 4 máx. 8 máx. 12 máx. 16 máx. 20 máx. 
Tipos usuais de 
Constituintes 
Significativos dos 
materiais 
 
Fragmentos de pedra, 
pedegrulho e areia 
 
Areia fina
 
Pedregulho e areia, com silte ou argila 
 
Solos siltosos 
 
 
Solos argilosos 
Comportamento 
como sub-base 
 
Excelente a bom 
 
Regular a ruim 
 
OBSERVAÇÃO: 
 
A -7-5 ,se: (LL – 30) ≥ IP 
ou 
A – 7-6 se: (LL – 30) < IP 
 
Pavimentação - Página 26 
 
 
 
5. ESTABILIZAÇÃO DOS SOLOS 
 
5.1. INTRODUÇÃO 
O estudo das propriedades dos solos ocorre mediante a consideração 
de modelos que representam os solos como agregados de partículas. A 
diversidade de formas e de dimensões das partículas pode ser representada 
por dois modelos extremos, onde as ações interpartículas são explicadas em 
termos de forças mássicas e de forças de superfície oriundas da estrutura 
elétrica das partículas. 
O primeiro modelo reproduz o comportamento dos solos granulares, 
sem coesão, onde o esqueleto formado pelas partículas é o principal 
determinante do comportamento do solo. No segundo, dos solos coesivos 
(solos finos), o comportamento é nitidamente influenciado pela fração 
argilosa, mas sofrendo as ações dos grãos rígidos, que se deslocam quando 
a estrutura se deforma. 
Contudo, existe na natureza uma parcela de solos que situam-se no 
intervalo desses dois modelos, que formam um sistema constituído de um 
conjunto de grãos rodeados por uma massa de partículas dispersas de argila. 
Os grãos de silte e, ou areia, formam uma estrutura contínua, em cujos 
interstícios se encontra a massa argilosa, ou se apresentam na forma isolada. 
O modo pelo qual se pode modificar o comportamento do solo (modelo 
de representação), conferindo-lhe capacidade de resistir às ações erosivas 
naturais e aos esforços e desgaste submetido pelo tráfego de veículos, é 
denominado "Estabilização dos Solos". 
A estabilização de um solo representa qualquer modificação artificial 
introduzida no seu comportamento com a finalidade de torná-lo passível do 
uso em obras de engenharia, conferindo uma maior resistência estável às 
cargas, desgaste ou à erosão, por meio de uma compactação eficiente, 
correção da granulometria e plasticidade, ou a adição de substâncias que lhe 
confiram uma coesão proveniente da cimentação ou aglutinação de seus 
grãos. 
De uma maneira geral, as técnicas mais usuais de estabilização dos 
solos podem ser divididas em Estabilização Mecânica e Estabilização 
Química. 
5.2. ESTABILIZAÇÃO MECÂNICA 
A estabilização mecânica, em geral, restringe-se a dois métodos para 
a melhoria das propriedades dos solos, que consistem do rearranjo das 
partículas ( compactação ) e da adição ou retirada de partículas (correção 
granulométrica). 
A compactação é um processo de estabilização que faz parte de todos 
os serviços de manipulação dos solos para o fim de pavimentação. 
A correção granulométrica também chamada de estabilização 
granulométrica consiste na combinação e manipulação de solos, em 
proporção adequada, de forma a obter um produto final de estabilidade maior 
Pavimentação - Página 27 
 
 
 
que os solos de origem, e adequado para a aplicação em cada caso 
particular. 
Para um solo ser considerado estável, é necessário que o mesmo 
possua uma granulometria bem proporcionada de material grosso, podendo 
conter uma certa dose de material argiloso de enchimento. 
Quando iniciou-se os estudos de estabilidade, achava-se que o 
conhecimento da distribuição granulométrica e índices físicos (LL e LP) do 
material, seriam suficientes para análise do comportamento, pois existe uma 
relação direta entre a granulometria e estabilidade, e entre índices físicos (LL 
e LP) e a permanência relativa desta estabilidade em função da perda e 
absorção d'água. 
Entretanto, sabe-se que a fixação de valores rígidos para LL e IP não é 
muito representativa, pois a influência desses valores, sobre o 
comportamento do solo, depende da quantidade de material que passa na 
peneira No 40 (0,42 mm) e também das condições climáticas. 
Posteriormente, em decorrência destas restrições, desenvolveu-se um 
outro procedimento, para análise do comportamento da estabilização de 
solos, baseado em um ensaio mecânico que forneça dados para 
determinação do índice de suporte do material, após o processo de 
estabilização. 
Atualmente há tendência de utilizar os dois conceitos com a finalidade 
de se conseguir uma análise mais completa do comportamento do material 
estabilizado. 
Quando da combinação e manipulação dos materiais para a 
elaboração de uma mistura estabilizada, deve-se considerar dois fatores que 
influenciam no seu comportamento: 
- Natureza das partículas, as partículas devem apresentar resistência 
suficiente e não sofrerem alterações indesejáveis, pois a 
fragmentação do material pode provocar a formação de finos, 
alterando as propriedades da composição; 
- Estabilização da composição, ao ser submetido à compactação, os 
grãos maiores se aproximam e devem ser travados e terem seus 
vazios preenchidos pelos finos que compõem a mistura. A otimização 
da estabilidade depende do intercorrelacionamento das 
características dos grãos, da distribuição granulométrica, do formato, 
etc. 
A distribuição granulométrica da composição se relaciona diretamente 
com a estabilização da composição e consequentemente com a estabilidade. 
A representação granulométrica que apresenta a melhor distribuição (bem 
graduada) é representada pela equação abaixo, desenvolvida por Fuller - 
Talbot: 
 
P = 100 ( d / D ) n , onde: 
 
Pavimentação - Página 28 
 
 
 
P, é a porcentagem, em peso do material,que passa na peneira 
estudada; 
d, é a abertura da peneira estudada; 
D, é a máxima dimensão do agregado; 
n, é um coeficiente variável, em função da máxima densidade, 
tomado geralmente como igual a 0.5. 
5.3. ESTABILIZAÇÃO QUÍMICA 
A estabilização química de um solo (material) se relaciona às reações 
produzidas na sua massa pela introdução de uma pequena quantidade de 
aditivo. O aditivo confere ao solo propriedades pré-determinadas, podendo a 
estabilização ocorrer via diversos mecanismos. 
Para fins de pavimentação, os aditivos comumente usados são o 
cimento, a cal e o betume, que produzem melhor estruturação da massa do 
solo, com o estabelecimento de ligações reforçadas entre os agregados. 
Existem, outros produtos que têm sido empregados na estabilização química, 
como lignina, vinhoto e o DS-328, cujos resultados práticos, ainda não 
permitem uma definição precisa de suas potencialidades. 
 
Pavimentação - Página 29 
 
 
 
6. BASES 
 
6.1. BASE ESTABILIZADA GRANULOMETRICAMENTE 
Os solos naturais possuem geralmente características arenosas ou 
argilosas. Os solos arenosos, em razão da falta de material ligante (finos) 
entre os grãos, são facilmente destruídos por razões abrasivas, e os solos 
argilosos são muito deformáveis, com resistência ao cisalhamento reduzida, 
quando em contato com a água. 
Quando o solo disponível se encontra em qualquer dessas situações, é 
necessário submetê-lo a um processo de melhoria de suas propriedades 
através de mistura com outros materiais (solos ou agregados), que 
possibilitem o obtenção de um produto final com propriedades adequadas 
para uso como camada do pavimento. 
A maneira de se conseguir um produto final (mistura adequada), com 
qualidade superior ao produto de origem, levou os técnicos rodoviários a 
adotarem regras empíricas, fundamentadas no conceito básico de 
estabilização granulométrica, com respaldo de ensaios de laboratório e 
campo, que originaram as especificações de serviço ou construtivas, que 
vigoram até hoje. 
 
6.1.1. CONSIDERAÇÕES PARA ELABORAÇÃO DE ESPECIFICAÇÃO 
PARA A BASE 
A seguir são dados os passos para a elaboração da especificação de 
uma base estabilizada granulometricamente: 
1.1. - Escolha do diâmetro da maior partícula do agregado, toma-se o 
diâmetro da maior partícula do agregado em função do tráfego 
para o qual estamos especificando a base. Para tráfego pesado 
e intenso, o diâmetro do maior agregado deve ser o maior 
possível, porém por motivos construtivos, o máximo diâmetro da 
partícula admitido é de 50.8 mm (2") e o mínimo por motivo de 
resistência e estabilidade é de 25.4 mm (1"). 
1.2. - Cálculo da curva de maior densidade (Fuller - Talbot). Estudos 
de Fuller - Talbot, mostram que o solo granular, quando 
compactado, atinge maior massa específica seca máxima 
(ρd max.), quando as dimensões das partículas têm uma 
distribuição de frequência acumulada que obedece a equação, 
P(%) = 100 (d / D)0.5, anunciada inicialmente em 1907, para 
misturas de concreto. 
1.3. - Determinação da "Faixa Granulométrica". Deve-se estabelecer 
tolerância em torno da curva de maior densidade, sendo que as 
maiores devem ocorrer na parte da curva representativa dos 
materiais mais grossos e as menores na parte da curva dos 
materiais mais finos. 
1.4. - Outros parâmetros da granulometria. Para evitar a acumulação 
de finos na parte inferior da curva de máxima densidade deve-
se impor a relação: 
Pavimentação - Página 30 
 
 
 
 
% de material que passa na peneira No 200 (0.074 mm) 
% de mateiral que passa na peneira No 40 (0.42 mm) ≤
2
3
 
 
6.1.2. SUPORTE E QUALIDADE DO MATERIAL 
A grande maioria das especificações, inclusive as utilizadas no Brasil, 
preconizam a utilização de um ensaio de resistência da mistura estabilizada 
e de um ensaio que avalia a qualidade do agregado utilizado na mistura. No 
ensaio de resistência utiliza-se o método do CBR, que determina o índice de 
suporte e a expansão da mistura e no ensaio da qualidade do agregado 
recomenda-se o método de "Abrasão Los Angeles", que empiricamente 
correlaciona a qualidade do material com sua durabilidade em serviço. 
Dependendo da utilização da mistura estabilizada, os valores mínimos 
obtidos dos ensaio são fixados como segue: 
 
a) Para Base: 
- Trânsito até 5 x 106 solicitações do eixo padrão de 8.2 ton. 
CBR ≥ 80 % na energia intermediária 
Exp. ≤ 0.5 % 
Abrasão Los Angeles 50 % 
 
- Trânsito ≥ 5 x 106 solicitações 
CBR ≥ 80 % na energia modificada 
Exp. ≤ 0.5 % 
Abrasão Los Angeles 50 % 
 
b) Sub-base: 
CBR ≥ 30 % na energia intermediária 
Exp. ≤ 1.0 % 
 
6.1.3. ESPECIFICAÇÕES DO DER-SP E DNER PARA BASE 
ESTABILIZADA GRANULOMETRICAMENTE 
As especificações do DER-SP e DNER para base estabilizada 
granulometricamente recomendam os valores de suporte e qualidade do 
material (item 6.1.2), o enquadramento da granulometria das misturas em 
faixas granulométricas próprias, a limitação dos índices físicos (LL e IP) e a 
verificação da acumulação de finos. 
 
 
 
 
A - Faixas granulométricas: 
 
Peneiras FAIXAS / DNER 
Pavimentação - Página 31 
 
 
 
(mm) A B C D 
50.8 100 100 - - 
25.4 - 75-90 100 100 
9.52 30-65 40-75 50-85 60-100 
4.76 25-55 30-60 35-65 50-85 
2.00 15-40 20-45 25-50 40-70 
0.42 8-20 15-40 15-30 25-45 
0.074 2-8 5-15 5-15 5-20 
 
Peneiras FAIXAS / DER-SP 
(mm) A B C D E F 
50.8 100 100 - - - - 
25.4 - - 100 100 100 100 
9.52 30-65 40-75 50-85 60-100 - - 
2.00 15-40 20-45 25-50 30-65 40-100 55-100 
0.42 8-20 10-25 12-30 15-40 20-50 30-70 
0.074 2-8 3-10 4-12 5-15 6-20 8-25 
 
B - Índices Físicos (DER-SP / DNER): 
LL ≤ 25 % 
IP ≤ 6 % 
 
C - Acumulação de Finos (DER-SP / DNER): 
 
A % que passa na peneira no 200 (0.074 mm) deve ser inferior a 2/3 
da % que passa na peneira no 40 (0.42 mm) 
 
6.1.4. DOSAGEM DOS COMPONENTES NA ESTABILIZAÇÃO 
GRANULOMÉTRICA 
Como foi visto, até agora, a partir do maior diâmetro "D" disponível, 
pode-se traçar uma curva granulométrica de densidade máxima. Nesse 
contexto, dada a faixa granulométrica exigida pela especificação de serviço, o 
problema passa a ser a obtenção da mistura que se enquadre nessa faixa, a 
partir dos materiais disponíveis. 
Existem alguns processos de determinações das proporções dos 
materiais disponíveis para a obtenção do produto estabilizado 
granulometricamente que atenda à especificação solicitada. Dentre eles, 
podemos citar os dois mais comumente empregados. 
a) Processo Gráfico de Rothfuchs, plota-se a curva média da especificação 
de serviço como a diagonal de uma figura retangular e representa-se a 
porcentagem que passa no eixo das ordenadas em escala de 0 a 100 %. 
Define-se a escala de peneiras no eixo das abcissas, a partir da curva 
média da especificação de serviço. Traçam-se, no mesmo gráfico, as 
curvas granulométricas dos materiais disponíveis e, a partir de 
considerações geométricas, definem-se os quantitativos de cada um dos 
Pavimentação - Página 32 
 
 
 
materiais de empréstimo, de modo a produzir novo material que atenda às 
especificações de serviço. 
b) Processo Analítico, onde a determinação das frações constituintes do 
material estabilizado se processa pela solução de um sistema de 
equações, no qual as variáveis são as frações procuradas e as constantes 
são as quantidades dos vários materiais disponíveis. 
6.2. BASES ESTABILIZADAS QUIMICAMENTE 
 
6.2.1. BASE SOLO-CIMENTO 
 
A base de solo-cimento é um produto da combinação de solo, cimento 
e água, em proporções adequadas e previamente determinadas por ensaios 
de laboratório. 
A dosagem solo-cimento consiste na realização de ensaios de 
laboratório com determinado tipo de solo e quantitativos variáveis de cimento 
e água e na interpretação dos resultadosdesses ensaios via critérios técnico-
econômicos estabelecidos em função da experiência. O resultado é a 
definição das quantidades de solo, cimento e água que garantem à mistura 
características mínimas exigidas de resistência e durabilidade. 
A mistura assim obtida, convenientemente uniformizada e compactada, 
apresenta, após cura e após a cobertura por uma capa de rolamento, boas 
condições de durabilidade e trafegabilidade. 
A experiência brasileira no uso de camadas de base e sub-base de 
solo-cimento alicerça-se nos métodos de dosagem da "Portland Cement 
Association (PCA)", com adaptações da Associação Brasileira de Cimento 
Portland (ABCP). 
Na dosagem solo-cimento trabalha-se com uma "Norma Geral" e uma 
"Norma Simplificada. Os ensaios de laboratório envolvem os aplicados aos 
solos (limites de Atterberg, granulometria conjunta, absorção e densidade) e 
às misturas (compactação, durabilidade e compressão simples). 
Os ensaios de compactação das misturas são realizados na energia do 
ensaio do Proctor normal e a avaliação da qualidade da mistura é feita 
através dos resultados dos ensaios de durabilidade ou compressão simples. 
A norma geral fixa a sequência de ensaios a serem realizados com 
determinado tipo de solo e com a mistura solo-cimento, e estabelece os 
critérios para a interpretação dos resultados. O teor de cimento a ser 
empregado na moldagem dos corpos de prova, para a execução do ensaio 
de durabilidade, pode ser obtido em tabelas recomendadas pela ABCP. A 
dosagem de uma mistura solo-cimento através da aplicação da norma geral 
tem uma duração que varia de 40 a 60 dias. 
A norma simplificada tem como elemento básico para a dosagem o 
ensaio de compressão simples e fundamenta-se em constatações 
experimentais de pesquisadores ingleses que concluíram que, na maioria dos 
solos, as características de resistência determinadas no ensaio de 
Pavimentação - Página 33 
 
 
 
durabilidade refletiam-se diretamente na resistência à compressão simples 
das misturas. 
A norma simplificada é mais adequada a dosagem de solos arenosos, 
e utiliza-se de tabelas e ábacos de dosagem recomendados pela ABCP para 
a determinação do teor ótimo de cimento. São impostos para a sua utilização 
os seguintes requisitos: 
- O solo deve ter, no máximo, 50% de silte + argila; 
- Menos de 20% de argila; 
- LL ≤ 40% e IP ≤ 18%; 
- O solo não deve ter porcentagens significativas de matéria orgânica e 
impurezas. 
Os efeitos corretivos do cimento também podem ser usados para 
garantir a determinados tipos de solos características de projeto, sem 
conferir-lhes o caráter estrutural da mistura solo-cimento, compondo o que se 
denomina "Solo Melhorado com Cimento". 
Essa mistura pode ser usada como base e sub-base do pavimento e 
como reforço do sub-leito. Como camada de base, sua aplicação insere-se 
na filosofia dos pavimentos alternativos ou de baixo custo e as porcentagens 
de cimento empregadas variam de 1 a 5% em peso de solo seco. O efeito 
produzido pelo cimento pode ser visto de duas formas distintas, de acordo 
com o tipo de solo, granular ou coesivo. 
No solo granular, o efeito do cimento destina-se, principalmente, a criar 
ligações nos contatos intergranulares, de modo a garantir resistência mais 
efetiva do material às solicitações externas por aumento da parcela resistente 
relativa `a coesão, no caso do solo coesivo (solos finos), os grãos de cimento 
comportam-se como núcleos, as quais aderem as pequenas partículas que 
os rodeiam, formando regiões de material floculados que apresentam 
ligações oriundas dos fenômenos de cimentação. 
A dosagem do solo melhorado com cimento é feita através de um 
estudo do solo por meio de ensaios de caracterização e da mistura através 
de ensaio de compressão simples ou CBR. 
 
6.2.2. BASE DE SOLO-CAL 
A cal pode ser utilizada para melhorar as características de resistência 
mecânica de um solo visando sua aplicação na construção rodoviária. A 
palavra "Cal", na etimologia, refere-se ao óxido de cálcio, mas em geral é 
aplicada para designar o óxido e seus derivados. 
A cal é comercialmente produzida pela calcinação do calcário britado, 
onde o carbonato de cálcio presente na rocha, é reduzido a óxido de cálcio. 
O óxido de cálcio produzido é recebe o nome de cal calcica, e o produto 
contendo este óxido e o óxido de magnésio é denominado cal dolomítica, 
sendo ambos conhecidos como "cal viva". A adição controlada de água a cal 
viva produz a cal hidratada, que é o produto de maior uso para fins rodoviário 
no Brasil. 
De modo geral, todos os solos finos reagem com a cal. Ocorrem 
trocas catiônicas e floculações entre o solo e a cal que afetam as suas 
Pavimentação - Página 34 
 
 
 
características de trabalhabilidade, plasticidade e expansibilidade. Contudo, 
as reações pazolânicas entre os solos e a cal nem sempre ocorrem, sendo 
influenciadas pelas propriedades naturais dos solos, pelos tipos e teores de 
cal empregados, pelas condições de cura e pelas características de 
compactação. 
Com relação aos mecanismos da estabilização solo-cal, verifica-se que 
as reações de troca catiônica e floculação processam-se rapidamente e 
produzem alterações imediatas na plasticidade e, em menor escala, na 
resistência ao cisalhamento da mistura. Podem ocorrer reações pazolânicas 
entre o solo e a cal, dependendo das características dos solos utilizados na 
estabilização. Essas reações resultam na formação de vários compostos de 
cimentação, que aumentam a resistência e a durabilidade da mistura e 
desenvolvem-se a longo prazo. 
A estabilização solo-cal, para fins de pavimentação, visa atender a 
duas condições distintas: melhoria das qualidades do solo, propiciando a 
estabilização com outro agente; e estabilização direta do solo com o uso da 
cal. 
Estas condições, por sua vez, englobam três modalidades de serviço: 
modificação dos solos pela ação da cal; estabilização do sub-leito; e 
estabilização das camadas de base, sub-base e reforço. A primeira, funciona 
como expediente construtivo em regiões onde os solos apresentam-se, 
naturalmente, com umidade excessiva para o emprego em construção de 
estradas; a segunda, inclui a melhoria "in situ" das propriedades dos solos do 
sub-leito; e a terceira, compreende a melhoria das qualidades de materiais de 
empréstimo, que se mostram reativos à ação da cal. 
O emprego da cal em nosso meio, com o propósito exposto, é ainda 
incipiente, e pouca experiência pode ser mencionada, pelo menos no que 
concerne à real apreciação de resultados. 
Com relação aos ensaios para fins de dosagem, podemos citar a 
compressão simples de amostras moldadas na energia do Proctor normal, 
para situações em que se deseja ganhar resistência com a adição da cal. 
Para melhorar a trabalhabilidade do solo, com pequenos ganhos de 
resistência, são recomendados os ensaios de compressão simples e o CBR. 
Em Assis-SP, foram feitas experiências de estabilização com uso da 
cal em um solo A 7-5 ( LL= 35%, IP= 13% e p = 33%), com características 
bem próximas aos solos A 2-4 . O resultado dos ensaios de laboratório 
mostrou que com teor de cal variando de 3 a 7% em peso, a mistura 
apresentava características razoáveis para ser utilizada como base de 
pavimento. 
 
 
6.2.2. BASE SOLO-BETUME 
A base solo-betume é um processo de estabilização química com uso 
de material betuminoso como aditivo. O material betuminoso é adicionado a 
um solo, ou misturas de solos, visando a melhoria das propriedades desses 
solos, para o aproveitamento como base ou sub-bases de pavimento 
rodoviário. 
Pavimentação - Página 35 
 
 
 
A eficiência desta estabilização química é devida ao revestimento das 
partículas do solo e ao fechamento de seus vazios pela ação dos ligantes 
betuminosos. De um modo geral, três modalidades de misturas são 
comumentesusadas em obras rodoviárias, denominadas areia-betume, solo-
betume e pedregulho arenoso-betume. 
A areia-betume é a mais difundida, não só pela facilidade com que se 
pode controlar a qualidade da mistura, mas também por ser economicamente 
competitiva, em face de outros processos de estabilização química. Os finos 
do solo devem estar na faixa de 5 a 12%, mas, em areias mono granulares, 
admite-se um quantitativo da ordem de 25%, recomendando-se IP ≤ 10%. A 
natureza desses solos possibilita o emprego de quase todos os produtos 
betuminosos na sua estabilização. 
O solo-betume engloba as misturas de materiais betuminosos e solos 
argilo-siltosos e argilo-arenosos. Enquanto na areia-betume a função do 
ligante é gerar forças de natureza coesiva ao solo, no solo-betume o solo já 
exibe esta parcela e o que se busca é garantir a constância do teor de 
umidade da mistura, após a compactação. Trata-se de uma ação 
impermeabilizante, realizada pelo fechamento dos vazios do solo, onde 
poderia ocorrer uma ação capilar d'água e pela criação de películas 
envolventes, que agregam as partículas finas e impendem que a água 
exterior penetre na mistura. 
O pedregulho arenoso-betume difere das duas modalidades anteriores, 
pois encontra-se em condição intermediária entre as areias e outros solos. 
Nessa estabilização, o betume gera efeito de coesão entre as partículas 
grossas, sem interferir na coesão existente entre as partículas finas. Nesse 
caso, os finos do solo devem ser inferiores a 12% e o IP inferior a 10%. 
A estabilização química pode empregar outros estabilizantes químicos, 
além dos mais conhecidos, como o cimento, a cal e o betume. O vinhoto, 
também considerado com estabilizante químico tem sido empregado, em 
menor escala, em estradas secundárias de usinas de açúcar e álcool. Como 
seu uso é restrito a pequenas rodovias, os estudos que confirmem sua 
eficiência como agente estabilizante são ainda incipientes. 
 
 
 
6.3. OUTROS TIPOS DE BASES 
 
6.3.1. BASE DE MACADAME HIDRÁULICO 
A base de macadame hidráulico pode ser definida como uma ou mais 
camadas de pedra britada, de fragmentos entrosados entre si, e material de 
enchimento, aglutinados pela água, que apresenta, após uma compactação 
adequada e recoberta por uma capa de rolamento, boas condições de 
durabilidade e trafegabilidade. 
Pavimentação - Página 36 
 
 
 
Denomina-se macadame hidráulico pois, a utilização da água facilita a 
penetração do material de enchimento nos vazios dos agregados, e promove 
a aglutinação da mistura. 
O material de enchimento ocupa os vazios dos agregados e reduz ao 
mínimo seus deslocamentos, quer sob a ação do tráfego, quer em 
consequências de recalques do sub-leito. Associado à água, atua como 
ligante entre as partículas graúdas do macadame. 
A função da água é igualmente dupla, auxilia a penetração do 
enchimento nos vazios e forma junto com o material de enchimento uma 
argamassa de relativo poder ligante. O fundamental para se obter um bom 
macadame é que os elementos resistentes (agregados graúdos) forme uma 
estrutura bem travada pelos finos, e a mais indeformável possível. 
A especificação recomenda três faixas granulométricas para os 
agregados graúdos (A, B e C) e limita os valores de Abrasão Los Angeles em 
40% e as porcentagens de fragmentos alongados e lamelares em 10%. 
A tabela abaixo mostra as faixas granulométricas especificadas do 
agregado graúdo para base de macadame hidráulico. 
 
Peneira Granulometria (% que passa) 
(pol.) A B C 
4" 100 - - 
3 1/2" 90-100 - - 
3" - 100 - 
2 1/2" 25-60 90-100 100 
2" - 35-70 90-100 
1 1/2" 0-15 0-15 35-70 
1" - - 0-15 
3/4" 0-5 0-5 0-5 
 
Admitindo-se que o máximo diâmetro do agregado não deve ser 
superior a faixa de 1/2 a 2/3 da espessura da camada final da base, 
recomenda-se a graduação "A" para base de até 12 cm de espessura, a 
graduação "B" para base até 9 cm e a graduação "C" para base até 7cm de 
espessura. 
 
A tabela a seguir, especifica a faixa granulométrica para o material de 
enchimento para a base de macadame hidráulico. 
 
Peneira Granulometria (% que passa) 
(pol.) tipo 1 tipo 2 
3/4" 100 - 
1/2" 85-100 - 
3/8" - 100 
No 4 - 85-100 
No 100 10-30 10-30 
Pavimentação - Página 37 
 
 
 
O material de enchimento "tipo 1"é aplicado para a graduação "A", o 
"tipo 2"é aplicado para a graduação "C" e para a graduação "B", deve-se 
verificar qual o material de enchimento mais adequado. 
 
6.3.2. BASE DE BRITA GRADUADA 
 
A base de brita graduada vem ganhando a preferência dos 
engenheiros rodoviários, pelas facilidades que oferece, quer quanto à 
obtenção do produto acabado, bastante uniforme, quer quanto à execução. 
A base de brita graduada é resultante da mistura, em usina, de 
agregados previamente dosados, contendo material de enchimento e água. 
Essa mistura, devidamente compactada, oferece excelente condições de 
resistência e durabilidade. 
Guardadas as proporções no que se refere à granulometria, a base de 
brita graduada é a sucessora, e com vantagens, da tradicional base de 
macadame hidráulico. As diversas etapas da construção do macadame 
hidráulico oferecem reais dificuldades executivas, as quais são eliminadas na 
base de brita graduada. 
O agregado a ser utilizado deve enquadrar-se na especificação 
mostrada na tabela abaixo: 
 
Peneira Granulometria (% que passa) 
 φmax= 1 1/2 " φmax= 3/4 " 
2" 100 - 
1 1/2" 90-100 - 
1" - 100 
3/4" 50-85 90-100 
3/8" 34-60 80-100 
No 4 25-45 35-55 
No 40 8-22 8-25 
No 200 2-9 2-9 
A diferença P4 - P40 deve variar entre 20 e 30%. 
A especificação, também determina que os agregados devem 
satisfazer os requisitos mínimos: CBR(EM) ≥ 90%; Equivalente Areia ≥ 30% 
e Índice de Durabilidade ≥ 35%. 
 
6.3.3. BASE DE MACADAME BETUMINOSOS 
Consiste na superposição de camadas de agregados, interligadas 
entre por pintura de material betuminoso. O número de camadas depende da 
espessura prevista no projeto e , de baixo para cima, as camadas são 
construídas com agregados de granulometria mais fina, podendo chegar-se 
ao nível superior do revestimento, constituindo-se as duas camadas num 
revestimento de penetração. 
A especificação recomenda que os agregados devem enquadrar nas 
faixas granulométricas especificadas para a base de macadame betuminosos 
Pavimentação - Página 38 
 
 
 
e que tenham uma resistência de 40%, medida pelo ensaio de abrasão Los 
Angeles. 
O cimento afáltico de petróleo - CAP (betume) recomendado deve ser 
do tipo CAP-7, aplicada à temperatura variando de 135 a 175 oC. 
A tabela abaixo mostra as faixas granulométricas especificadas para a 
base de macadame betuminoso. 
 
 
Peneira (mm) Granulometria (% que passa) 
 Grossa Média Fina 
76.2 100 - - 
63.5 90-100 100 - 
50.8 35-70 90-100 - 
38.1 0-15 35-70 - 
25.4 - 0-15 100 
19.1 0-5 - 90-100 
12.7 - 0-5 - 
9.52 - - 20-55 
4.76 - - 0-10 
2.38 - - 0-5 
 
 
Pavimentação - Página 39 
 
 
7. MATERIAIS BETUMINOSOS USADOS NA PAVIMENTAÇÃO 
 
7.1. INTRODUÇÃO 
Ao longo da história os materiais betuminosos tem sido um elemento 
bastante familiar ao homem, que o tem usado das mais variadas maneiras. 
Relata-se que os materiais betuminosos tiveram seu uso primitivo iniciado 
antes da era Cristã e consolidado como material estudado a partir de 1902, 
nos Estados Unidos da América. 
Os materiais betuminosos (betume) são misturas de hidrocarbonetos 
de origem natural e/ou artificial acompanhados de seus derivados não 
metálicos, que são completamente solúveis em bissulfeto de carbono ( CS2), 
de cor, dureza e volatilidade variáveis. 
Na construção rodoviária, o termo "betuminoso" se refere a materiais 
de caráter de cimentação, por si ou por seus resíduos, e são incluídos nesta 
designação os conhecidos asfaltos

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