Buscar

Tópico 7 - Estruturas de Mercado

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 18 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Tópico 7 – Estruturas de Mercado 
 
 
Introdução 
 
O preço e a quantidade de equilíbrio nos mercados é resultado da ação da oferta e da demanda. 
Entretanto, a oferta e a demanda interagem de modo a apresentar resultados muito distintos em 
cada mercado que o torna único, pois cada um tem características específicas de produto, 
condições tecnológicas, acesso, informação, tributação, regulamentação, participantes, 
localização no espaço e no tempo. Porém, existem características comuns que permitem 
classificar as diferentes estruturas de mercado. O objetivo deste tópico é justamente expor as 
estruturas de mercado mais comuns. 
 
As estruturas de mercado são modelos que captam aspectos inerentes de como os mercados estão 
organizados. Cada estrutura de mercado destaca alguns aspectos essenciais da interação da oferta 
e da demanda, e se baseia em algumas hipóteses e no realce de características observadas em 
mercados existentes, tais como: o tamanho das empresas, a diferenciação dos produtos, a 
transparência do mercado, os objetivos dos empresários, o acesso de novas empresas etc. 
 
1. Concorrência Perfeita 
 
A estrutura de mercado caracterizada por concorrência perfeita é uma concepção mais teórica, 
ideal, porque os mercados altamente concorrenciais existentes, na realidade, são apenas 
aproximações desse modelo, posto que, em condições normais, sempre parece existir algum grau 
de imperfeição que distorce o seu funcionamento. 
 
O seu conhecimento é importante não só como estrutura ideal, que é empregada em muitos 
estudos que procuram descrever o funcionamento econômico de uma realidade complexa, como 
também pelas inúmeras consequências derivadas de suas hipóteses, que condicionam o 
comportamento dos agentes econômicos em diferentes mercados. 
 
As hipóteses do modelo de concorrência perfeita são: 
 
a) Os produtos são homogêneos, isto é, são substitutos perfeitos entre si; sem diferenças 
significativas entre o que um ofertante e o outro oferecem ao comprador: tomate é tomate, 
impressora é impressora e assim por diante; 
b) O número de produtores (vendedores) e o de compradores é muito grande, 
impossibilitando que qualquer um deles individualmente imponha preços no mercado (o 
vendedor não pode elevar impunemente seus preços, pois perderá a clientela para os 
concorrentes; o consumidor não tem condições de “pechinchar”, pois há uma multidão de 
outros interessados); 
c) O preço é determinado pelo mercado; 
d) O lucro obtido no longo prazo é um “lucro normal”, ou seja, é o lucro apenas suficiente 
para remunerar o capital e o risco do empresário e é igual àquele obtido em qualquer 
outro mercado operando no regime de concorrência perfeita. 
e) Ambos os lados do mercado (produtores e consumidores) dispõem do mesmo nível de 
informações sobre o produto e o mercado, sem que nenhum deles possa levar vantagem 
sobre o outro com base em informações privilegiadas, ou seja, existe uma simetria de 
informações no mercado. 
f) A entrada e saída de firmas no mercado são livres, não havendo barreiras. Esta hipótese 
também é conhecida - como livre mobilidade. Isso permite que as firmas menos eficientes 
saiam do mercado e que nele ingressem firmas mais eficientes. 
 
 
Não é todo dia que participamos de um mercado desse tipo. Na verdade, eles existem em número 
limitado. Um caso que TALVEZ se assemelhe é o das hortaliças, frutas e legumes – 
especialmente se estiver próximo ao centro de consumo e não houver grandes atacadistas e 
transportadores entre o produtor e o consumidor. Bares comuns (“botecos”), armazéns e 
armarinhos, bancas de jornal, salões de cabeleireiros comuns em bairros são outros possíveis 
exemplos. 
 
A hipótese de que a firma, individualmente, é incapaz de alterar o preço do produto tem uma 
consequência importante, porque implica que a curva de demanda do produto da firma seja 
perfeitamente elástica ou, em outros termos, horizontal. A empresa no regime de concorrência 
perfeita só fixa a quantidade a ser vendida, pois o preço é fixado pelo mercado, conforme o 
gráfico abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como o preço do produto para a firma é uma variável exógena (isto é, não é por ela 
determinado), essa firma pode vender a quantidade que desejar pelo preço vigente no mercado. 
Se o preço do produto for P por unidade, a firma receberá sempre P reais por unidade adicional 
que vender. Sendo a receita marginal (RMg = ΔRT/Δq) igual à variação da receita total quando a 
firma produz um produto adicional e a receita média (RMe = RT/q) igual a receita total dividida 
pela quantidade vendida, então, a RMg será de P reais, o mesmo ocorrendo com a RMe
1
. Por 
exemplo: 
 
q P RT RMg RMe 
0 10 - - - 
1 10 10 10 10 
2 10 20 10 10 
3 10 30 10 10 
 
Portanto, a curva de demanda com que se defronta determinada empresa em um mercado 
competitivo é, ao mesmo tempo, suas curvas de RMg e RMe. Ao longo dessa curva da demanda, 
a RMg, a RMe e o preço são iguais, conforme o gráfico acima. 
 
A firma competitiva maximiza seu lucro quando a receita marginal for igual ao custo marginal, 
ou seja, CMg = RMg. Assim, sendo a RMg da firma competitiva igual ao preço, podemos dizer 
que a firma competitiva maximiza seu lucro quando o CMg = P. 
 
 
1
 RMe = RT/q  RMe = P.q/q  RMe = P. 
P0 
S 
D 
P 
Q Q0 
P0 
Milhões 
D=RMe=RMg=P 
P 
q 
Dezenas 
 
 
Portanto, se a firma competitiva não determina o preço, mas apenas a quantidade produzida, uma 
firma racional deve produzir até que seu CMg seja igual ao preço. Por exemplo, considere que a 
firma se encontra produzindo a quantidade q1 no gráfico abaixo. 
 
Nesse nível de produção o P > CMg (ou RMg > CMg), de modo que a firma não está 
maximizando seu lucro. Isto significa que a receita de produzir uma unidade de produto a mais é 
maior que o custo de produção dessa unidade, de modo que a firma pode aumentar seu lucro 
aumentando a produção até q*, onde a curva de CMg toca a curva de RMg, satisfazendo a 
condição de maximização de lucro da firma competitiva, ou seja, RMg = CMg (ou P = CMg). 
Isto ocorrerá no ponto E do gráfico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porém, se a firma resolver produzir uma quantidade maior que q*, como q2? Nesse nível de 
produção a RMg < CMg, de modo que a firma não está maximizando seu lucro. Isto significa que 
a receita de produzir uma unidade de produto a mais é menor que o custo de produção dessa 
unidade, de modo que a firma pode aumentar seu lucro reduzindo a produção até q*, onde a curva 
de CMg toca a curva de RMg, satisfazendo a condição de maximização de lucro da firma 
competitiva, ou seja, RMg = CMg. Isto ocorrerá também no ponto E do gráfico acima. 
 
No curto prazo a firma competitiva pode obter um lucro acima do normal, mas no longo prazo 
não, isto é, a condição de equilíbrio RMg = CMg pode coincidir com uma situação em que o P > 
CTMe. Para observar isso, precisamos colocar no gráfico a curva de CTMe, como se encontra no 
gráfico 1b abaixo. 
 
 Gráfico – 1a Gráfico – 1b 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
q1 
1 
0 
1 
0 
D0=RMe=RMg=P P0 
P1 = CTMe P1 
E 
q* q1 q2 
P d = RMg = P 
P 
q 
CMg 
P0 
S0 
D 
P 
Q Q0 
S1 
Mercado P 
q 
Firma 
D1=RMe=RMg=P 
CMg 
CMTe 
q0 Q1 
 
 
No gráfico 1b o preço é maior que o CTMe de produção, a firma aufere um lucro extraordinário. 
No entanto, esse lucro acima do normal faz com os investidores transfiram seus recursos de 
outros setores e invistam nesse setor, entrando,portanto nesse mercado. Além disso, firmas que 
estão operando em prejuízo em outros setores (com o P < CTMe) também serão atraídas por esse 
lucro extraordinário, entrando no mercado. 
 
Com efeito, com a entrada dessas firmas no mercado, o nível de produção do mercado aumenta 
(de Q0 para Q1 no gráfico 1a) e, consequentemente, ocorre o deslocamento da curva de oferta 
para a direita. À medida que as empresas forem entrando no mercado, a curva de oferta vai se 
deslocando e o preço caindo (de P0 para P1) até que a entrada seja encerrada. Isto ocorre quando 
as firmas deixam de auferir um lucro extraordinário e passam a obter apenas um lucro normal. 
 
Portanto, precisamos entender melhor esse ajuste que está representado no gráfico 1b. Vimos que 
a firma competitiva não determina preço, mas aceita o preço determinado no mercado e ajusta 
seu nível de produção de acordo com esse novo preço. Assim, conforme o preço for caindo a 
firma vai ajustando sua produção a esse preço. Esse ajuste é necessário porque o CMg de 
continuar produzindo q0 é maior que a RMg. Ou seja, para maximizar o lucro, a firma agora terá 
que produzir um nível de produção mais baixo, já que a curva de CMg intercepta a curva de RMg 
a esquerda da interseção inicial. Consequentemente, o nível de produção da firma será reduzido 
de q0 para q1 no gráfico 1b. 
 
Todo esse processo ocorre até que a curva de demanda da firma (ou de RMe, RMg) se intercepte 
no ponto mínimo da CTMe, isto, é até que o preço seja igual ao CTMe de produção. Em outras 
palavras, o ajuste ocorre até que a firma deixe de auferir um lucro extraordinário e passe a auferir 
um lucro normal, como no ponto 1 do gráfico 1b. 
 
Nestas circunstâncias, nenhuma firma tem estímulos para sair ou entrar nesse mercado. Quando 
acontece isso, diz que o mercado e a firma alcançaram o equilíbrio competitivo de longo prazo. 
Nesse equilíbrio, o lucro obtido pela firma é apenas suficiente para remunerar o capital e o risco 
do empresário, e é igual àquele obtido em outros mercados operando no regime de concorrência 
perfeita, no que se refere ao melhor uso alternativo dos recursos. 
 
A firma competitiva pode operar em prejuízo, ou seja, com um preço menor que o custo total 
médio (P < CTMe)? Para encontrar essa resposta, precisamos inserir a curva de custo variável 
médio no gráfico que representa a firma competitiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nesse gráfico, o preço é menor que o custo total médio, de modo que a firma encontra-se 
operando em prejuízo. No entanto, o preço é igual ao custo variável médio. Quando o preço é 
CTMe 
CMg  curva de oferta da firma a partir de P = CVMe 
q0 
CTMe 
CVMe 
P0 
P 
D0=RMe=RMg=P 
q 
 
 
igual ou maior que o custo variável médio (CVMe), esse preço permite a firma competitiva obter 
recursos suficientes para pagar pelo menos seus custos variáveis, de modo que a firma ainda pode 
continuar operando por algum tempo, na expectativa de que o preço de mercado aumente. Porém, 
se o preço for menor que o custo variável médio (P < CVMe), a empresa deve encerrar suas 
atividades. 
 
Desse modo, a curva de oferta da firma competitiva corresponde ao ramo ascendente da curva 
de custo marginal (CMg) a partir do ponto em que o preço for igual ao CVMe (P = CVMe ou a 
partir do ponto de mínimo da curva de CVMe), que no gráfico se encontra representada pela 
curva tracejada. 
 
O equilíbrio da firma competitiva pode ser calculado. Considere que a firma competitiva se 
encontre em equilíbrio com um preço de R$ 83,00 dado pelo mercado e sua função de custo seja 
dada pela função CT = 5 + 3q + 2q
2
. Diante disso pergunta-se: a) Qual a quantidade de 
equilíbrio? (q = 20). b) Qual a receita total? (RT=1.660). c) Qual o custo total? (CT = 865). d) 
Qual o lucro total? (LT = 795). e) Qual o CMg? (83) f) Qual o CTMe? (43,25). g) A empresa 
opera com lucro normal, extraordinário ou em prejuízo? Lucro extraordinário. 
 
Para encontrar a quantidade de equilíbrio se deve considerar a condição de maximização do 
lucro, isto é CMg = RMg (ou CMg = P no caso da firma competitiva): 
 
CMg = RMg 
CMg = P 
 
O preço já foi dado, para encontrar o CMg é preciso determinar a derivada da função de custo. 
Fazendo isso, e isolando para q, obtemos a quantidade de equilíbrio: 
 
CMg = 83 
3 + 4q = 83 
q = 80/4 
q = 20 
 
Encontrado a quantidade é possível encontrar agora a receita total, basta substituir na respectiva 
função: 
RT = p.q 
RT = 83(20) = 1660 
 
Substituindo q = 20 na função de custo, podemos encontra o custo total da firma: 
 
CT = 5 + 3q + 2q
2 
CT = 5 + 3(20) + 2(20)
2 
CT = 865 
 
Tendo a receita total é possível obter o lucro total (LT) da firma: 
 
LT = RT – CT 
LT = 1660 – 865 
LT = 795 
 
O CMg pode ser encontrado pela substituição de q = 20 na função CMg = 3 + 4q, cujo resultado 
é igual ao preço (P = 83). 
 
 
 
Para sabermos se a firma opera com lucro normal, extraordinário ou em prejuízo precisamos 
saber o CTMe, que é determinado pelo CT/q, portanto: 
 
CTMe = CT/q 
CTMe = 865/20 = 43,25 
 
Como o preço é maior que o CTMe (P > CTMe = 83 > 43,25), a empresa opera com um lucro 
extraordinário. 
 
Essas respostas podem ser ilustradas graficamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Monopólio 
 
A situação oposta à concorrência perfeita é o monopólio. Assim, o monopólio é um mercado no 
qual existe apenas um vendedor, mas muitos compradores. Neste caso, um único produtor 
abastece todo o mercado, por isso, o setor é representado pelo monopolista. Dessa forma, a oferta 
da firma é a oferta do setor, e a demanda da firma é a demanda do setor. É importante ressaltar 
que o monopólio “puro” é uma construção teórica, porque, na prática, ele não existe. 
 
Nesta estrutura de mercado, os consumidores não têm escolha: compram do monopolista ou 
renunciam ao produto. Em outras palavras, o monopolista produz um produto para o qual não 
existem bens substitutos próximos. Portanto, as condições de equilíbrio são diferentes para cada 
um dos lados: o monopolista pode buscar o máximo de lucro impondo preços e quantidades, de 
forma que o preço de monopólio seja sempre superior ao preço de concorrência perfeita e a 
quantidade seja inferior àquela que existiria naquele mercado. 
 
No caso de uma redução da demanda, por exemplo, o monopólio pode preferir reduzir a produção 
e manter o preço elevado (na concorrência perfeita isso seria impossível, pois cada produtor 
individual correria atrás dos consumidores oferecendo preços melhores, tentando evitar 
prejuízos). Dessa forma, ele pode compensar no aumento da margem de lucro de cada unidade de 
produto a queda na quantidade vendida. Portanto, o monopolista possui o poder de determinar 
preço. 
 
Em razão dessas vantagens, o monopólio pode apresentar um lucro maior que outros setores. Isto 
é, um lucro extraordinário. 
 
CTMe 
CMg 
20 
43,25 
83 
P 
D =RMe=RMg=P 
q 
 
 
Embora este tipo de estrutura não apresente uma concorrência direta, uma vez que o monopolista 
é único, podem ocorrer dois tipos de concorrência indireta: 
 
1) Primeiro, como a produção é reduzida para manter os preços elevados, a demanda sempre 
será maior que a oferta. Sendo assim, há uma espécie de concorrência entre os 
consumidores para adquirir o produto. 
2) Segundo, como a renda dos consumidores é limitada, o monopolista concorre 
indiretamente com dois fatores: a própria renda do consumidor e com os demais bens de 
interesse do consumidor. 
– Se com o objetivo de aumentar seu lucroo monopolista passar a cobrar um preço 
muito alto, a renda do consumidor pode ser insuficiente para adquirir esse bem, de 
modo que se ocorrer com a maioria dos consumidores desse monopolista, seu lucro 
apresentará queda e não aumento. Portanto, embora o monopolista tenha poder de 
determinar preço, esse poder deve ser ponderado pela capacidade de compra dos 
consumidores (renda média do mercado); 
– Dada a limitação de renda, o consumidor pode preferir comprar outros bens e 
renunciar o bem produzido pelo monopolista. 
 
Assim, as hipóteses do monopólio podem ser resumidas em: 
 
a) O setor é constituído de uma única firma; 
b) A firma produz um produto para o qual NÃO existe substituto próximo; 
c) Tem o poder de determinar preço; 
d) Aufere um “lucro extraordinário”, ou seja, acima do lucro normal; 
e) Existem barreiras à entrada; 
f) Existe concorrência entre os consumidores; 
g) O monopolista concorre com dois fatores: outros bens e a renda do consumidor. 
 
Na qualidade de único produtor de determinado produto, o monopolista encontra-se em uma 
posição singular. Se decidir elevar o preço do produto, não terá de se preocupar com concorrentes 
que, cobrando um preço menor, poderiam capturar uma fatia maior do mercado à sua custa. Mas 
como vimos, isso não significa que o monopolista possa cobrar qualquer preço que desejar. 
 
Se o monopolista tem por objetivo maximizar seu lucro, deve em primeiro lugar determinar seus 
custos e as características da demanda de mercado. Dispondo de tal conhecimento, o monopolista 
precisa decidir o nível de produção que maximiza seu lucro para então conhecer o preço que deve 
cobrar. 
 
Esse nível de produção é conhecido a partir de sua receita marginal, isto é, da variação da receita 
total resultante da variação da produção em uma unidade. Para entender o relacionamento entre a 
receita total, receita média e receita marginal, considere um monopolista que se defronta com a 
seguinte curva de demanda: 
 
P = 6 – q 
 
A tabela abaixo mostra as receitas total, média e marginal para essa curva de demanda. Observe 
que a receita é zero quando o preço é de 6 R$: a esse preço, nenhuma unidade é vendida. 
Entretanto, ao preço de 5 R$ é vendida uma unidade e a receita total (e marginal) é de 5 R$. Um 
aumento na quantidade vendida de 1 para 2 unidades resulta em um acréscimo da receita de 5 R$ 
para 8 R$, de tal maneira que a receita marginal é de 3 R$. À medida que a quantidade se eleva 
de 2 para 3 unidades, a receita marginal cai para 1 R$ e, quando o número de unidades vendidas 
aumenta de 3 para 4, a receita marginal se torna negativa. Quando a receita marginal é positiva, a 
 
 
receita aumenta com o aumento da quantidade. Contudo, quando a receita marginal é negativa, a 
receita diminui. 
 
Preço (R$) Quantidade (q) Receita Total (RT = P.q) – R$ RMg (R$) RMe (R$) 
6 0 0 - - 
5 1 5 5 5 
4 2 8 3 4 
3 3 9 1 3 
2 4 8 -1 2 
1 5 5 -3 1 
 
Quando a curva de demanda é descendente, o preço (receita média) é superior à receita marginal, 
uma vez que todas as unidades são vendidas ao mesmo preço. Se as vendas aumentarem em 1 
unidade, o preço deve diminuir. Nesse caso, todas as unidades vendidas e, não apenas aquela 
unidade adicional, obtêm uma receita menor. Observe, por exemplo, o que ocorre na tabela acima 
quando o nível de produção aumenta de 1 para 2 unidades e o preço é reduzido para 4 R$. A 
receita marginal é de 3 R$: 4 R$ de receita da venda de uma unidade adicional de produto menos 
1 R$ da perda de receita decorrente da venda da primeira unidade por 4 R$ em vez de 5 R$. 
 
Os dados da tabela acima, criada a partir da função de demanda P = 6 – q, gera um gráfico 
semelhante ao que se encontra ilustrado abaixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observe que a curva de receita média (RMe) do monopolista (o preço que recebe por unidade 
vendida) é exatamente a curva de demanda do mercado (D)
2
, que indica diferentes preços por 
unidade que serão recebidos quando o monopolista decidir vender quantidades diferentes do 
produto. Como o monopólio tem o poder de determinar o preço, sua curva de demanda será 
descendente, bem como sua curva de RMe e RMg. 
 
A curva de RMg fica abaixo da curva de RMe porque para se vender uma unidade a mais, por 
exemplo, o preço terá que diminuir, gerando um acréscimo na receita total menor do que o 
acréscimo gerado pela venda da unidade anterior. 
 
No entanto, é preciso determinar o nível de produção que maximiza o lucro do monopolista. Para 
isso, o monopolista deve determinar seu nível de produção de tal forma que a RMg seja igual ao 
CMg. Na figura abaixo a curva de demanda (D) é a curva da receita média do monopolista. Ela 
 
2
 A curva de demanda é desenhada a partir das coordenadas cartesianas P x q, dadas na tabela acima e encontradas 
através da função de demanda. 
RMg D = RMe 
P 
q 
 
 
especifica o preço unitário a ser recebido pelo monopolista em função de seu nível de produção. 
São também apresentados suas curvas de RMg e CMg. 
 
A RMg e o CMg são iguais para a quantidade q*. Então, a partir da curva da demanda, podemos 
descobrir o preço P* que corresponde a quantidade q*. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como podemos ter certeza de que q* é a quantidade capaz de maximizar o lucro? Suponhamos 
que o monopolista produza uma quantidade mais baixa, q1, e receba o preço correspondente mais 
elevado, P1. Como mostra a figura, a RMg então excederia o CMg. Nesse caso, se o monopolista 
produzisse um pouco mais do que q1, ele poderia receber um lucro adicional (RMg – CMg), 
aumentando, portanto, seu lucro total. 
 
De fato, o monopolista poderia continuar aumentando seu nível de produção e seu lucro até 
atingir o nível de produção q*, ponto em que seu lucro incremental obtido por meio da produção 
de uma unidade adicional de produto seria zero. Portanto, a quantidade mais baixa q1 não 
maximiza o lucro, apesar de permitir que o monopolista cobre um preço mais elevado. Se o 
monopolista produzisse q1 em vez de q*, seu lucro total seria diminuído em um valor 
representado pela área sombreada situada abaixo da curva de RMg e acima da curva de CMg, 
entre q1 e q*. 
 
Na figura a quantidade mais alta q2 também não é capaz de maximizar o lucro. Para essa 
quantidade, o CMg excede a RMg. Por isso, se o monopolista produzisse um pouco menos do 
que q2, ele poderia aumentar seu lucro total (em um valor igual a CMg – RMg). O monopolista 
poderia aumentar seu lucro ainda mais se reduzisse o nível de produção até atingir q*. O lucro 
maximizado obtido pelo nível de produção q*, em vez de q2, é representado pela área situada 
abaixo da curva CMg e acima da curva RMg, entre q* e q2. 
 
Observe que diferente da firma competitiva, no equilíbrio o monopólio consegue praticar um 
preço maior que seu custo marginal. Além disso, o monopólio consegue obter lucros 
extraordinários (no curto e longo prazos), uma vez que o monopolista tem sempre condições de 
cobrar um preço acima de seu custo total médio. 
 
O equilíbrio do monopolista também pode ser encontrado matematicamente. Por exemplo, 
considere um monopólio que tenha uma curva de demanda determinada por P = 220 – 6q e que 
seu custo total que é dado por CT = 4q
2
 + 20q + 10. Encontre: i) a quantidade (q = 10); ii) o preço 
(P = 160); iii) o lucro de equilíbrio (LT = 990); iv) o grau de poder de monopólio (= 0,375). 
 
CTMe 
CTMe 
P* 
P1 
RMg 
q* q1 q2 
CMg 
P2 
D = RMe 
P 
q 
 
 
Para encontrar a quantidade produzida pelo monopólio quando este maximiza seu lucro,precisamos considerar a regra: 
 
CMg = RMg 
 
O custo marginal pode ser encontrado a partir da derivada da função de custo: 
 
CMg = 8q + 20 
 
Já a receita marginal é dada pela função receita total. Sendo esta igual RT = p.q, temos: 
 
RT = 220q – 6q2 
RMg = 220 – 12q 
 
Substituindo o CMg e a RMg na condição de maximização de lucro e resolvendo para q, 
obtemos: 
 
8q + 12q = 220 – 20 
20q = 200 
q = 200/20 
q = 10 
 
Agora precisamos substituir q na função de demanda para encontrar o preço: 
 
P = 220 – 6q 
P = 220 – 6(10) 
P = 220 – 60 
P = 160 
 
O lucro de equilíbrio é dado por: 
 
LT = RT – CT 
LT = 1600 – 610 
LT = 990 
 
Quando uma empresa enfrenta uma curva de demanda negativamente inclinada, então tem 
capacidade para escolher o preço de mercado. Dizemos então que a firma tem poder de mercado, 
sendo este medido pela percentagem de markup sobre o custo marginal. Esta medida do poder de 
mercado foi definida pelo economista Abba Lerner, sendo por isso denominada de Índice de 
Lerner de Poder de Mercado. 
 
P
CMgP 
Lerner de Índice
 
 
O índice de Lerner tem sempre valor entre zero e um. Quanto maior o valor do índice, maior o 
poder de monopólio. Observe que na firma competitiva o preço é igual ao CMg, portanto o índice 
de Lerner é igual a zero, isto é, em concorrência perfeita o poder de mercado é zero. Assim, 
quanto maior este índice, maior é a distância entre o preço praticado e o preço da firma 
competitiva. 
 
 
 
 
 
Para o exemplo anterior, o poder de monopólio é: 
 
375,0
160
100160
Lerner de Índice 

 
 
Na estrutura de mercado monopolista, a firma é única, de maneira que a entrada de novas firmas 
alteraria a estrutura do mercado. Em consequência, o monopólio somente se mantém se a firma 
conseguir impedir a entrada de outras firmas no mercado. Diversos fatores podem concorrer para 
a manutenção do monopólio, representando barreiras ao acesso de novas firmas, dentre os quais 
destacamos: 
 
a) A dimensão reduzida/limitada do mercado; 
b) A existência de patentes, o que impede a produção de um dado produto por uma possível firma 
concorrente; 
c) A proteção oferecida por leis governamentais; e 
d) O controle das fontes de suprimento de matérias-primas para a produção de seu produto. 
 
Se o mercado de uma firma é muito reduzido, é provável que ele permaneça no regime de 
monopólio, mesmo auferindo lucros vantajosos. Se outra firma entrasse no mercado, o preço do 
produto poderia tornar-se tão baixo que as duas sofreriam prejuízo. 
 
A existência de patentes trata-se de uma proteção legal para uso exclusivo do produto que a 
empresa desenvolveu, permitindo a recuperação dos investimentos assumidos e fomentando a 
inovação (exemplo: indústria farmacêutica). Porém, a patente não permanece indefinidamente, 
mas durante um período de tempo limitado no qual está protegido da concorrência. Passado esse 
período, outras empresas podem produzir o bem em questão. 
 
Do mesmo modo, a proteção oferecida por leis governamentais garante a empresa protegida uma 
situação de monopólio, dado que o governo não permite a produção por outras empresas. Em 
contrapartida, o governo regula o monopólio estabelecendo preços, quantidades, qualidade, 
padrões etc. 
 
A empresa pode constituir um monopólio quando ela detém o controle das fontes de matéria-
prima, ou seja, sem insumos, as outras empresas não podem produzir o produto. Este controle 
pode ser realizado através de contratos onde a empresa não permite o fornecedor vender a 
matéria-prima para outras empresas. Outra forma de ter o controle das fontes de matéria-prima 
ocorre quando a empresa consegue produzir seus próprios insumos e não permitindo que outras 
empresas tenham acesso as informações necessárias para fazer o mesmo (o que pode ser feito 
através de patentes ou não) e, assim tornando-se um segredo comercial ou industrial. 
 
No entanto, a longo prazo, o desenvolvimento tecnológico dá origem à produção de novos 
métodos e técnicas que determinam o surgimento de novos produtos de melhor qualidade, e 
substitutos daqueles bens anteriormente monopolizados. Existem, entretanto, alguns instrumentos 
que podem exercer um certo controle sobre o poder do monopólio como, por exemplo, a 
regulamentação do preço do produto e a imposição fiscal. 
 
Uma vez que o monopólio produz danos ao consumidor/comprador, sua existência é invocada 
para justificar a presença do governo na regulamentação das atividades monopolizadas, impondo 
regras sobre preços, tarifas, quantidades e qualidade. Atualmente, as agências reguladoras têm 
essa incumbência diante das empresas prestadoras de serviços públicos privatizados. Já o 
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) tem a incumbência de impedir excessiva 
 
 
concentração do mercado, evitando tendências monopolistas (lembrar os casos Nestlé/Garoto, 
Kolynos e Ambev). 
 
Mas, por que existem mercados assim? São muitos os motivos. Primeiramente, existe o que 
chamamos de monopólio natural. Algumas atividades exigem um volume de capital imobilizado 
muito alto. Se não houver garantia de exclusividade do mercado, ninguém irá se dispor a investir, 
porque o risco de sofrer prejuízos com a concorrência envolve montantes elevados demais de 
capital. Além disso, o caráter do bem ou serviço nesses casos impossibilita cobrar preços ou 
tarifas muito altos, pois há uma exigência social de atendimento universal. Só uma escala muito 
ampla de mercado permite compensar os altos custos do capital envolvido com tarifas módicas. 
Isso acontece, por exemplo, em determinados serviços públicos como abastecimento de água, 
saneamento básico (coleta e tratamento de esgotos) e geração e distribuição de energia elétrica. É 
impossível imaginar um cenário em que os consumidores, a cada dia, escolhem de quem 
comprarão esses serviços. 
 
Outra situação é aquela em que a sociedade, por razões político-estratégicas, manifesta-se a favor 
da concessão de um monopólio a alguma empresa. Esse é tipicamente o caso da Petrobrás, criada 
em meio a forte campanha popular sob o mote: “O petróleo é nosso!”. Nos anos 1950, temia-se 
que as companhias estrangeiras sabotassem o petróleo que se imaginava existir no subsolo 
brasileiro (escondendo as reservas ou subtraindo o produto da economia nacional). 
 
Por isso, exigiu-se que uma empresa pública controlasse a extração e o refino do produto. Apenas 
duas décadas depois é que se começou a abrir ligeiramente o mercado brasileiro para os 
“contratos de risco”, em que áreas eram concedidas as empresas privadas, geralmente 
estrangeiras; e o monopólio, de fato, foi eliminado somente na última década. 
 
Há ainda situações em que empresas mais fortes ou mais espertas deslocam os concorrentes e 
montam um esquema tão poderoso de controle do mercado que ninguém se arrisca a penetrar 
nele. O poder financeiro de empresas monopolistas pode permitir-lhes manter preços abaixo de 
seu custo de produção por tempo suficiente para quebrar um concorrente potencial, quando então 
o preço volta ao nível de monopólio. 
 
Contudo é pouco provável que um monopólio se perpetue no longo prazo: as patentes tornam-se 
obsoletas; novos produtos, e mais refinados, são desenvolvidos por outras firmas; matérias-
primas substitutas tornam-se disponíveis etc. A manutenção do monopólio somente é mais 
factível quando o mercado é garantido por meio de leis governamentais como, por exemplo, 
serviços de utilidade pública de telefone e energia elétrica. 
 
3. Monopsônio e Oligopsônio 
 
O monopsônio é caracterizado pela existência de um único comprador e pela existência de um 
númerogrande de pequenos vendedores. Diante dessas circunstâncias, o monopsônio tende a 
exigir preços baixos aos vendedores. As exigências em relação à quantidade e qualidade do 
produto que os sufocam os produtores são comuns. 
 
Nesse caso também requer a ação do governo para estabelecer regras mais equilibradas nesse 
mercado. Essa é uma estrutura que pode prevalecer especialmente no mercado de trabalho. É o 
caso, por exemplo, da empresa que se instala em uma determinada cidade do interior e, por ser 
única, torna-se demandante exclusiva da mão-de-obra local. Portanto, ou os trabalhadores 
empregam-se no monopsônio, ou precisam trabalhar em outra localidade. 
 
 
 
O oligopsônio é o mercado onde existem poucos compradores, que dominam o mercado, para 
muitos vendedores. Observamos esse tipo de mercado em um caso conhecido no Brasil: a 
indústria de suco de laranja, onde três ou quatro empresas absorvem a maior parte da produção de 
milhares de citricultores, pequenos, médios e grandes. 
 
4. Monopólio Bilateral 
 
No monopólio bilateral defrontam-se um monopolista e um monopsonista. Tipicamente, o 
monopolista deseja vender uma dada quantidade de produto por um preço, e o monopsonista 
pretende obter a mesma quantidade por um preço abaixo daquele pretendido pelo monopolista. 
 
Como ambas as posições são conflitantes, somente a negociação recíproca permite a definição do 
preço. Inicialmente, concordam que a quantidade a ser transacionada será a que ambos querem, 
respectivamente, comprar e vender e que o monopolista nada venderá por um preço abaixo, 
digamos de p, e o monopsonista não pagará nenhum preço acima de p‟. 
 
Entre os limites p e p‟, no qual o preço em princípio é indeterminado, monopolista e 
monopsonista negociarão o preço final que dependerá do poder de barganha de cada um dos 
oponentes: o monopsonista tentando pagar o preço mais baixo, por ser o único comprador, e o 
monopolista querendo vender por um preço mais elevado, tentando usar a força de ser o único 
vendedor. 
 
Reflita: No caso de produtos perecíveis quem terá maior vantagem na negociação? 
 
5. Concorrência Monopolística 
 
Embora apresente uma estrutura de mercado em que existe um número reduzido de empresas, a 
concorrência monopolista (também chamada concorrência imperfeita) caracteriza-se pelo fato de 
que as empresas produzem produtos diferenciados, porém substitutos próximos. Por exemplo, 
diferentes marcas de cigarro, de sabonete, refrigerante etc. Trata-se, assim, de uma estrutura mais 
próxima da realidade que a concorrência perfeita, onde se supõe um produto homogêneo, 
produzido por todas as empresas. 
 
Em geral, a diferenciação de produtos pode dar-se por características físicas (composição 
química, potência, etc.), pela embalagem, pelo esquema de promoção de vendas (propaganda, 
atendimento, fornecimento de brindes, manutenção, etc.), pela qualidade, pela marca, modelo, 
localização do ponto de venda ou na entrega e entre outras formas de manter a fidelidade do 
consumidor. 
 
Nesta estrutura, cada empresa tem certo poder sobre a fixação de preços, embora bastante 
elástico, pois a existência de substitutos próximos permite aos consumidores alternativas para 
fugirem de aumentos de preços. 
 
A livre mobilidade é outra hipótese importante nessa estrutura. Da mesma forma que o modelo de 
concorrência perfeita, prevalece a suposição de que não existem barreiras a entrada de firmas, o 
que significa que, a longo prazo, há uma tendência para a existência de lucros normais. No curto 
prazo as empresas podem auferir um lucro extraordinário, contudo esse lucro extraordinário 
chama a atenção de outras empresas que estão operando em outros mercados com prejuízo, de 
modo que como existe livre entrada e livre saída, estas últimas empresas passam a se direcionar 
para o mercado que se encontra auferindo um lucro extraordinário. Com efeito, a oferta do 
mercado aumenta e os preços caem, gerando a redução do lucro extraordinário até que o lucro 
 
 
auferido no mercado seja o lucro normal. Portanto, embora as empresas possam auferir um lucro 
extraordinário no curto prazo, há uma tendência para o lucro normal no longo prazo. 
 
Esta estrutura de mercado também é intermediária, aproximando-se um pouco mais da 
concorrência perfeita, mas mantendo certas características monopolistas. Trata-se de um tipo de 
empresa que, por algumas razões, mantém a fidelidade dos clientes, podendo cobrar preços mais 
altos do que os de concorrência perfeita. Esta vantagem, porém, dura um certo tempo, após o que 
ela deixa de ter essa possibilidade. Assim, nesse período transitório, a empresa típica do mercado 
que estamos estudando pode auferir lucros superiores à média do mercado concorrencial. 
 
Por que a vantagem é temporária? Isso decorre da livre entrada de novos produtores. Em relação 
a isso, ela difere do monopólio e do oligopólio (respectivamente, entrada impossível ou muito 
difícil). Isso explica porque o local da moda é passageiro (alguns duram mais, outros menos); as 
grifes do mesmo modo; modelos que eram o “must” do mercado acabam sendo substituídos por 
outros mais novos ou melhores; e assim por diante. 
 
Resumindo as hipóteses: 
 
1) Número reduzido de firmas; 
2) Produzem bens levemente diferenciados, isto é, são substitutos próximos; 
3) As firmas podem determinar preço; 
4) Existe livre mobilidade; 
5) Podem auferir um lucro extraordinário no curto prazo, mas não no longo prazo. 
 
Quais seriam os casos típicos de concorrência monopolística? Você certamente conhece muitos. 
Roupas de grife: as pessoas pagam mais para adquiri-las. Salões de cabeleireiros/barbeiros 
comuns tem uma característica mais concorrencial, porém existem alguns salões famosos que, 
por razões ligadas à qualidade dos serviços e/ou dos produtos utilizados, acabam tornando-se 
pontos da moda, frequentados por “socialites”, empresários, artistas famosos, etc. Obviamente, os 
preços são bem mais salgados e isso não expulsa a clientela. Algumas empresas fidelizam seus 
clientes com o atendimento pós-venda. Enfim, diversos expedientes são utilizados para manter a 
fidelidade dos consumidores, permitindo a prática de preços mais altos do que em um mercado 
totalmente concorrencial. 
 
6. Oligopólio 
 
O oligopólio é uma estrutura de mercado que hoje prevalece no mundo ocidental (inclusive no 
Brasil), como, por exemplo, na indústria do transporte aéreo, rodoviário, química, siderurgia, de 
certos tipos de serviços etc. Esta estrutura de mercado caracteriza-se pela existência de um 
reduzido número de produtores onde cada um detém uma participação significativa no mercado, 
produzindo produtos que são substitutos próximos entre si. Em outras palavras, estes produtos 
têm alta elasticidade cruzada. 
 
A noção fundamental subjacente ao oligopólio é a da interdependência econômica. Então, se 
todos os produtores são importantes, ou possuem uma fatia significativa do mercado, as decisões 
sobre o preço e a produção de equilíbrio são interdependentes, porque a decisão de um vendedor 
influi no comportamento econômico dos outros vendedores. 
 
Alguns exemplos são muito conhecidos: quando se fala das companhias petrolíferas, costuma-se 
fazer referência às “Sete Irmãs”. Efetivamente, até duas ou três décadas atrás, sete grandes grupos 
(na maior parte norte-americanos e alguns europeus) comandavam esse mercado. Nas últimas 
 
 
décadas algumas empresas se somaram a esse clube seleto, mas ele não deixou de ser muito 
concentrado. 
 
A indústria automobilística e a produção de cimento (esta, especialmente no Brasil) são outros 
exemplos sempre lembrados quando se fala em oligopólio. O oligopólio segue doiscaminhos 
principais para estabelecer preços: 
 
1) Sinalização de preços e liderança de preços 
 
Um grande obstáculo à prática de coalizão implícita para os preços é a dificuldade de as empresas 
concordarem (sem que conversem umas com as outras) a respeito de qual seria o preço a ser 
praticado. A coordenação fica particularmente difícil quando as condições de custo e demanda – 
e, da mesma maneira, o preço „correto‟ - apresentam mudanças. A sinalização de preço é uma 
forma de acordo implícito ou informal que às vezes possibilita que esse problema seja 
contornado. 
 
Por exemplo, uma empresa pode anunciar que aumentou seu preço (talvez por meio de uma nota 
à imprensa) e esperar seus concorrentes captem esse anúncio como um sinal, no sentido de que 
eles também deveriam elevar seus preços. Se as empresas concorrentes seguirem essa indicação, 
todas as empresas poderiam obter lucros maiores. 
 
Às vezes, é estabelecido um comportamento padrão por meio do qual uma empresa anuncia 
regularmente mudança em seus preços e outras empresas do setor fazem o mesmo. Esse 
comportamento padrão é chamado de liderança de preço: uma empresa é reconhecida 
implicitamente como líder, enquanto as demais, isto é, as “seguidoras de preço”, acompanham 
seus preços. Esse procedimento resolve o problema de coordenação dos preços: cada uma 
simplesmente cobra o preço que a líder estiver cobrando. 
 
Suponhamos por exemplo, que três empresas oligopolistas estejam atualmente cobrando R$10 
por seu produto. Suponhamos que, por meio de uma coalizão, elas pudessem acertar um preço de 
R$20, aumentando assim substancialmente seus lucros. Reuniões e acordos formais para a 
determinação do preço de R$20 seriam ilegais. Mas, por outro lado, suponhamos que a Empresa 
A eleve seu preço para R$15 e anuncie à imprensa que o objetivo de tal elevação é restaurar a 
vitalidade econômica do setor. 
 
As Empresas B e C podem entender que se trata de uma mensagem clara - ou seja, que a Empresa 
A está procurando obter sua cooperação para conseguir elevar os preços. Elas podem então elevar 
seus respectivos preços para R$15. A Empresa A pode assim aumentar um pouco mais seu preço, 
ou seja, para R$18 - e as Empresas B e C podem fazer o mesmo. Tenha ou não sido alcançado 
(ou mesmo ultrapassado) o preço de R$20, que maximiza os lucros, o fato é que um padrão de 
coordenação e acordo implícito foi estabelecido, de tal forma que, do ponto de vista das 
empresas, ele pode estar sendo tão eficaz quanto a própria realização de uma reunião com o 
objetivo de formalizar um acordo em torno de determinado preço. 
 
Assim, em alguns setores, uma empresa de grande porte pode naturalmente despontar como líder, 
com as demais empresas decidindo que, para elas, o melhor é igualar seus respectivos preços aos 
da empresa maior em vez de tentar vender por um valor inferior ao estabelecido por ela ou pelos 
demais concorrentes. Um exemplo disso seria o setor automobilístico dos Estados Unidos, no 
qual a General Motors tem tradicionalmente atuado como líder de preços. 
 
A liderança de preços tem condições também de contribuir para que empresas oligopolistas 
enfrentem a própria relutância em alterar os preços, relutância esta que advém do temor de iniciar 
 
 
uma guerra de preços ou de estar “balançando o barco”. À medida que as condições de demanda 
e custo variam, as empresas podem concluir que é cada vez mais necessário modificar preços que 
já tenham permanecido constantes por algum tempo. Nesse caso, elas podem estar à procura de 
um líder de preços capaz de sinalizar quando e em quanto os valores devem variar. Às vezes, uma 
empresa de grande porte poderá atuar naturalmente como líder; às vezes, diferentes empresas 
serão líderes de tempos em tempos. 
 
2) Cartel 
 
O outro caminho que o oligopólio pode seguir para determinar preço é o cartel. Em um cartel, os 
produtores concordam explicitamente em agir em conjunto na determinação de preços e níveis de 
produção. Nem todos os produtores de um setor necessitam fazer parte do cartel, e a maioria dos 
cartéis envolve apenas um subconjunto de produtores. Entretanto, se uma quantidade 
suficientemente grande de produtores optar por aderir aos termos do acordo do cartel, e se a 
demanda do mercado for suficientemente inelástica, o cartel poderá conseguir elevar seus preços 
bem acima dos níveis competitivos. 
 
Os cartéis são frequentemente internacionais. Embora a legislação antitruste dos Estados Unidos 
proíba que empresas norte-americanas façam coalizão, as leis de outros países são muito menos 
rigorosas ou às vezes são implementadas de forma pouco efetiva. Além disso, nada pode evitar 
que países ou empresas pertencentes ou controladas por governos estrangeiros formem cartéis. 
Por exemplo, o cartel da Opep é um acordo internacional entre nações produtoras de petróleo que 
vem obtendo sucesso na elevação dos preços mundiais do petróleo acima dos níveis 
competitivos. 
 
Por que alguns cartéis obtêm sucesso enquanto outros não? Há duas condições para que um cartel 
tenha êxito. A primeira delas é que venha a se formar uma organização estável, cujos membros 
sejam capazes de fazer acordos relativos a preços e níveis de produção, cumprindo, depois, os 
termos do acordo feito. Os membros de um cartel podem conversar entre si para formalizar os 
termos de um acordo. 
 
Entretanto, isso não significa que seja fácil chegar a esse acordo. Diferentes membros possuem 
diferentes custos, diferentes estimativas da demanda do mercado e até mesmo diferentes 
objetivos, de tal modo que poderão estar dispostos a praticar níveis de preços também diferentes. 
Além disso, cada membro do cartel poderá sentir-se tentado a „furar‟ o acordo, fazendo pequenas 
reduções de preços para obter uma fatia de mercado maior do que lhe fora alocada. 
Frequentemente, apenas a ameaça de um retorno aos preços competitivos no longo prazo evita 
„furos‟ desse tipo. Mas, se os lucros decorrentes da cartelização forem bastante grandes, tal 
ameaça pode ser suficiente para manter o acordo. 
 
A segunda condição para o sucesso do cartel é que haja espaço para o poder de monopólio. 
Mesmo que o cartel consiga resolver seus problemas organizacionais, haverá pouca possibilidade 
de elevação do preço caso ele esteja diante de uma curva da demanda altamente elástica. A 
possibilidade do poder de monopólio pode ser considerada a condição mais importante para a 
obtenção de sucesso. Se forem grandes os ganhos potenciais decorrentes da cooperação, os 
membros do cartel terão maior estímulo para resolver seus problemas organizacionais. 
 
No caso do oligopólio, também é comum as empresas compensarem na margem de lucro as 
perdas na quantidade quando a demanda cai, reduzindo a produção em lugar de abaixar os preços. 
O controle do mercado lhes dá esta possibilidade. 
 
 
 
Há competição entre empresas oligopolistas? Sim, e se trata de uma “guerra de gigantes”. 
Tecnologia, serviços incorporados ao produto e estratégias de produção e de vendas fazem parte 
dessa guerra. Uma coisa é certa: é um jogo para poucos. A entrada no oligopólio é extremamente 
restrita, quase como no monopólio. 
 
Evidentemente, o consumidor também sofre danos com o oligopólio, semelhantes àqueles 
causados pelo monopólio: preços elevados, quantidades mais limitadas, riscos quanto à 
qualidade. Para isso, mais uma vez, o governo costuma interferir, seja para evitar excessiva 
concentração do mercado num só grupo, seja para impor regras menos desequilibradas. O papel 
do CADE no caso brasileiro também é relevante para os setores oligopolizados. A Lei Anti-
Truste nos EUA é outro exemplo (embora muitos considerem que seus efeitos a favor do 
consumidorsão limitados, já que os EUA apresentam um forte caráter oligopolizado em setores-
chave de sua economia; na verdade, a lei foi relativamente eficaz em impedir monopólios, mas 
menos no tocante aos oligopólios). 
 
Segundo a “substitutibilidade” perfeita ou imperfeita dos produtos, o oligopólio pode ser perfeito 
ou diferenciado. 
 
Oligopólio perfeito – é caracterizado pela concentração relativamente alta da produção, isto é, 
pelo fato de que algumas empresas detém participação considerável no mercado, mas, ao mesmo 
tempo, recorrem à competição em preços para ampliar as fatias de mercados vis a vis as empresas 
pequenas, relativamente pouco resistentes a eliminação, mas que ocupam um espaço não 
desprezível no mercado. 
 
Oligopólio Diferenciado – é caracterizado pelo fato de que as empresas concorrem via 
diferenciação do produto, como forma predominante. A concorrência em preços, não é um 
recurso habitual, não só porque ela colocaria em risco a estabilidade do mercado e a própria 
sobrevivência das empresas, mas também porque o esforço permanente de vendas, em nível 
elevado, requer markups muito altos e rígidos a baixa; qualquer movimento irregular de preços 
teria uma incidência proporcionalmente grande sobre os custos indiretos unitários, que são muito 
altos devido às despesas de publicidade e comercialização, afetando seriamente as vendas e/ou o 
nível dos lucros. 
 
7. O Modelo de Sweezy 
 
Como o acordo implícito tende a ser frágil, as empresas oligopolistas quase sempre apresentam 
um forte desejo de manter a estabilidade dos preços. E por esse motivo que a rigidez de preços 
pode se tornar uma característica dos setores oligopolistas. Mesmo que os custos ou a demanda 
sofram alterações, as empresas se mostram relutantes em modificar os preços. 
 
Essa rigidez de preços é à base do modelo da o modelo de Sweezy para o oligopólio. Esse 
modelo também é conhecido como o modelo da “curva de demanda quebrada”. Foi desenvolvido 
buscando explicar por que os preços dos oligopólios são relativamente estáveis, isto é, 
permanecem constantes por longos períodos de tempo, mesmo quando os custos mudam. O 
modelo supõe que cada oligopolista tem uma curva de demanda “quebrada”. 
 
De acordo com esse modelo, cada empresa estaria diante de uma curva de demanda quebrada no 
preço P* que prevalece atualmente. 
 
Para preços acima de P*, a curva de demanda é bastante elástica. Isso ocorre porque a empresa 
crê que, se ela aumentar seu preço além de P*, as outras não a acompanharão e, assim, ela poderá 
perder vendas e uma boa fatia do mercado. Por outro lado, a empresa acredita que, caso torne seu 
 
 
preço menor do que P*, as demais empresas a acompanharão porque não desejam ver reduzidas 
suas respectivas fatias de mercado. Nesse caso, as vendas aumentarão apenas à medida que o 
preço de mercado mais baixo elevar a demanda total de mercado (ou seja, à medida que os preços 
menores atraírem novos consumidores para o mercado). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como a curva de demanda da empresa é quebrada, sua curva da receita marginal (RMg) não é 
contínua (a parte de baixo da curva da receita marginal corresponde à parte menos elástica da 
curva de demanda), mas também possui uma quebra de acordo com a quebra da demanda. 
Consequentemente, os custos da empresa podem variar sem que ocorram correspondentes 
variações no preço. Como mostra a Figura acima, o custo marginal (CMg) pode apresentar uma 
elevação, mas ainda assim ele será igual à receita marginal (RMg) para um mesmo nível de 
produção, de modo que o preço permanecerá inalterado e o oligopólio continua maximizando seu 
lucro. 
 
Síntese 
 
Neste tópico, vimos que os mercados obedecem a estruturas bastante variadas. Embora o modelo 
de concorrência perfeita seja simplificado, ele é bastante restrito nas economias contemporâneas. 
Por outro lado, observamos mercados que se organizam como monopólio, oligopólio e a 
concorrência monopolística. Os dois primeiros casos, especialmente, produzem tantas distorções 
no funcionamento dos mercados que são usados para justificar a ação dos governos no sentido de 
criar regras inibidoras da ação dessas empresas no sentido de prejudicar seus respectivos 
consumidores (ou fornecedores). Simplificadamente, o modelo de Sweezy constitui uma razoável 
explicação para a estabilidade de preços em situações de oligopólio. 
Ramo inelástico 
RMg CMg1 
Q* 
P* 
Ramo elástico 
D 
P 
Q 
CMg0

Continue navegando