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Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas Microeconomia II Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas Autora: Elizama do Nascimento Oliveira Campos Revisora: Cláudia Katherine Rodrigues Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas Introdução As diferentes estruturas de mercado estão condicionadas por três variáveis principais: número de firmas produtoras no mercado, diferenciação de produto e existência de barreiras à entrada de novas empresas neste mercado. As estruturas também podem se diferenciar a partir de seus objetivos. Existem diversos modelos sobre o comportamento das empresas na formação de preços de seus produtos, a diferença entre os modelos está no objetivo ao qual a empresa se propõe: maximização de lucros, maximização da participação no mercado, maximização da margem de rentabilidade sobre os custos. Nesta unidade, vamos supor que o principal objetivo das empresas é maximizar o lucro. Para tanto, você aprenderá sobre a estrutura de mercado em concorrência perfeita, tais como suas principais características, e qual a quantidade ótima produzida pela empresa de forma a maximizar o lucro. Além disso, você vai entender como se dá a tomada de decisão da empresa em permanecer no mercado, considerando uma relação de curto e longo prazo, até que ponto a empresa deve produzir e não obter prejuízos neste mercado. No segundo ponto desta unidade, você aprenderá como a empresa monopolista determina o preço e quantidade de mercado que maximizam o seu lucro. Além de entender o conceito de poder de monopólio e como esta estrutura de mercado pode gerar ineficiências e perda de bem-estar social. E como o governo interfere de forma a minimizar os custos para sociedade causados pela presença do monopolista. Por fim, aprenderemos as principais características dos mercados em concorrência imperfeita, do mercado em concorrência monopolística e o mercado oligopolista. 1. Concorrência perfeita O modelo de concorrência perfeita se caracteriza como mercado atomizado, com infinitos compradores e infinitos vendedores, em que os agentes são considerados como “átomos”, pois isoladamente não conseguem afetar o preço de mercado. Neste caso, o preço de mercado é dado como fixo tanto para as empresas quanto para os compradores. Assim, uma firma isolada ou um consumidor não é capaz de alterar o preço de mercado. Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas Os produtos nesta estrutura são considerados homogêneos, ou seja, todas as firmas ofertam produtos semelhantes, sendo indiferente ao comprador consumir da empresa A ou da empresa B. Desta forma, esses produtos são denominados substitutos perfeitos. Além disso, considera-se que os agentes se comportam de forma racional. Os empresários buscam a maximização do lucro, enquanto que os consumidores buscam maximizar o seu bem-estar, ou seja, sua satisfação, ou ainda a utilidade que advém do consumo de um bem. A existência de livre entrada e saída tanto de compradores quanto dos vendedores também é um comportamento desse mercado, não existem barreiras à entrada. Destaca-se também a transparência de mercado, em que tanto consumidores quanto compradores possuem todas as informações neste mercado, sem inclusão de custos. Conhecem os preços, a qualidade dos produtos, os custos, as receitas e os lucros dos referidos concorrentes. Ademais, na concorrência perfeita não há existência de externalidades. Nenhuma firma influencia nos custos das suas concorrentes, tal como nenhum consumidor afeta a compra de outro. Na concorrência perfeita, uma firma isolada não consegue modificar o preço de mercado. Desta forma, a curva de demanda individual é horizontal (infinitamente elástica), uma vez que se ocorrerem variações de preços neste mercado, a firma deve ajustar suas quantidades produzidas. Isso porque não é capaz de alterar o preço, que é dado pelo equilíbrio de mercado. Essa relação pode ser verificada graficamente, pelas curvas de demanda individual e de mercado (Figura 1). Figura 1: Curva de demanda de mercado da firma total e individual. Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas 1.1. Escolha ótima da produção e maximização de lucros Partiremos da suposição que as empresas analisadas aqui têm como objetivo principal a maximização do lucro. Desta forma, buscaremos entender a decisão da firma num mercado competitivo, sobre o quanto produzir para maximizar o lucro (π). 1.1.1. Receita marginal, Custo marginal e maximização do lucro O lucro de uma empresa é dado pela receita total (RT) menos os custos totais (CT). Tal que, a RT é igual a quantidade vendida (q) vezes o preço do bem (P). E os custos totais dependem da quantidade produzida (q). Para alcançar o máximo de lucros, a empresa deve definir qual será a quantidade produzida em que a receita seja máxima e os custos sejam mínimos. Na concorrência perfeita, essa maximização se dará onde a receita marginal (𝑅𝑚𝑔)for igual ao custo marginal (𝐶𝑚𝑔). A (𝑅𝑚𝑔) é o quanto que a receita total varia, dada uma unidade adicional a mais na produção. Nesse mercado, a 𝑅𝑚𝑔 é fixa e se iguala ao preço de mercado, tendo em vista que o preço não depende da quantidade vendida pela empresa. Portanto, a 𝑅𝑚𝑔 é dada por: 𝑅𝑚𝑔 = 𝑑𝑅𝑇 (𝑞) 𝑑𝑞 = 𝑑(𝑝𝑞) 𝑑𝑞 = 𝑝 Enquanto que o (𝐶𝑚𝑔) é o custo proveniente da produção de uma unidade a mais na produção total. Logo, podemos definir que 𝐶𝑚𝑔 = 𝑅𝑇 (𝑞) − 𝐶𝑇 (𝑞), em que o π, RT e CT estão em função da quantidade. Logo, a maximização do lucro é dado por: Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas 𝑑 (𝑞) 𝑑𝑞 = 0 ⟹ 𝑑𝑅𝑇 (𝑞) 𝑑𝑞 − 𝐶𝑇 (𝑞) 𝑑𝑞 = 0 ⟹ 𝑅𝑚𝑔 = 𝑅𝑚𝑔 Assim, o lucro será máximo quando o custo marginal se igualar a receita marginal. Graficamente, esta relação ocorre na interseção entre as curvas de 𝐶𝑚𝑔 e 𝑅𝑚𝑔, conforme a Figura 2. Onde 𝑃𝑐 e 𝑄𝑐 são respectivamente preço e quantidade no mercado competitivo. Figura 2: maximização do lucro em concorrência perfeita. #PraCegoVer: gráfico Preço x Quantidade. Um ponto Pc na reta de Preço, parte uma linha onde D=RMg. Uma parábola vermelha CMg corta Pc, seu ponto mais alto é o ponto Qc, que parte da reta Quantidade. Aprendemos que a curva de demanda da firma é horizontal e que a 𝑅𝑚𝑔 = 𝑝 Assim, o nível de produção ótimo da firma em concorrência perfeita é tal que: 𝐶𝑚𝑔(𝑞) = 𝑅𝑚𝑔 = 𝑝. Como o preço é fixo, as empresas fazem suas escolhas quanto ao nível de produção que maximiza o lucro, que são diferentes dependendo do prazo estabelecido, conforme veremos a seguir. 1.2. Maximização do lucro no curto prazo O equilíbrio de uma empresa em concorrência perfeita é dado pela igualdade da 𝑅𝑚𝑔 e 𝐶𝑚𝑔. Tendo em vista que o preço é fixo e a maximização do lucro se dará na quantidade produzida quando 𝑅𝑚𝑔 = 𝐶𝑚𝑔. Conforme visualizado na Figura 2, isto ocorre em dois pontos do gráfico, quando o custo marginal é decrescente e quando o custo marginal é crescente. Qual deve então ser o ponto que a empresa deve produzir para maximizar seu lucro? Vamos examinar cada ponto, conforme a Figura 3. Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas Figura 3: maximização do lucro no curto prazo. #PraCegoVer: Mesmo gráfico Preço x Quantidade. Ao invés de estar relacionada em função de Qc, a parábola CMg está medida a partir de diferentes pontos em Quantidade (q1, q2, q3, q4, q5, q6) em diferentes pontos de sua curva. Nos pontos 𝑞1, 𝑞2 e 𝑞3 o custo marginal é decrescente, sendo vantajoso para a firma aumentar a produção. Como a 𝑅𝑚𝑔 é constante, e os 𝐶𝑚𝑔𝑠 são decrescentes, logo, oslucros marginais serão crescentes. No ponto 𝑞4 o custo marginal é crescente, entretanto a 𝑅𝑚𝑔 > 𝐶𝑚𝑔, portanto ainda é vantajoso para a firma continuar aumentando sua produção. No ponto 𝑞5 é o ponto de lucro máximo, sendo esta a quantidade que maximiza o lucro, uma vez que neste ponto 𝑅𝑚𝑔 = 𝐶𝑚𝑔 e o 𝐶𝑚𝑔 é crescente. A partir daí não é mais vantagem para firma continuar produzindo. No ponto 𝑞6 , o 𝐶𝑚𝑔 é crescente e a 𝑅𝑚𝑔 < 𝐶𝑚𝑔, tal que, se a empresa continuar produzindo poderá auferir em prejuízos neste mercado. No curto prazo, considera-se que um dos insumos da empresa deve ser fixo. Neste caso, vamos supor que a empresa opera com quantidade fixa de capital, e os níveis de matéria-prima e trabalho são escolhidos pela firma de forma a obter o máximo lucro possível. A figura 4 mostra como a empresa toma sua decisão de produção de curto prazo de forma a maximizar o lucro. De forma que 𝑅𝑚𝑒 é a receita média, que é a receita por unidade de produto vendida, 𝐶𝑇𝑚𝑒 é custo total médio e 𝐶𝑚𝑔 o custo marginal, 𝑅𝑚𝑔 é a receita marginal. E a 𝑅𝑚𝑒 = 𝑅𝑚𝑔 = P. Conforme a figura 4, o lucro é máximo é representado pelo ponto A em que a quantidade ótima é igual a 𝑞∗ e o preço de mercado é igual a 𝑃𝑚 . Perceba que para quantidades abaixo de 𝑞∗ (q<𝑞∗) a 𝑅𝑚𝑔 será menor que o 𝐶𝑚𝑔, logo é vantajoso para Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas a empresa continuar aumentando a produção até 𝑞∗. A área sombreada entre 𝑞1 e 𝑞∗ representa o lucro que a empresa deixará de ganhar, caso decida produzir em 𝑞1. Figura 4: Maximização de lucro no curto prazo e perda de lucros pelo produtor Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2013). #PraCegoVer: Gráfico Preço x Produção. De Preço partem as linhas DA e CB. A parábola CMG corta ambas as linhas. Com o ponto q1 e q*, as retas formam um triângulo tendo a hipotenusa a parábola, este é o lucro perdido quando q1<q*. Outro triângulo é possível, na marcação mais a frente em Produção, a partir de q2. O triângulo se forma a partir do vértice do anterior e representa o lucro perdido quando q2>q*. Outras duas parábolas cortam as linhas DA e CB, as CTMe e CVMe. Há ainda o ponto q0 em Produção, no começo da linha. Para quantidades acima de 𝑞∗ (q>𝑞∗), a 𝑅𝑚𝑔 será maior que o 𝐶𝑚𝑔, portanto, caso a empresa deseje continuar produzindo haverá prejuízos, representado pela área sombreada acima de 𝑞2. No ponto 𝑞0, o 𝑅𝑚𝑔 é igual 𝐶𝑚𝑔 e igual ao preço. Porém a empresa ainda possui incentivos para continuar produzindo e aumentar o lucro, uma vez que o 𝐶𝑚𝑔 é decrescente, e o máximo lucro se dá quando o 𝐶𝑚𝑔 é crescente e igual a 𝑅𝑚𝑔. O lucro da empresa é dado pela área sombreada ABCD com nível de produção igual a 𝑞∗. Qualquer nível de produção diferente deste implicará em perdas de lucros para a empresa. A área AB representa o lucro médio por unidade produzida dado pela diferença entre o preço e o custo médio de produção e BC é o total de unidades produzidas. As decisões da empresa de permanecer ou não neste mercado dependerá se ela está obtendo prejuízos ou não. Essa relação pode ser descrita pela curva de oferta da firma no curto prazo. A curva de oferta relaciona o nível de produção da firma conforme os níveis de preço no mercado, que descreve até que ponto é eficaz para a empresa permanecer neste mercado, conforme a Figura 5. Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas Figura 5: Curva de oferta da firma em concorrência perfeita no curto prazo. Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2013). #PraCegoVer: Gráfico Preço x Produção. Três curvas, parábolas invertidas. 4 linhas, sendo 3 verticais, paralelas à Produção: DB, CA e FE; 1 horizontal, BE (Bq*). Parábola CTMe tangenciona B. Parábola CMg parte de D e tangenciona A. Parábola CVMe tangenciona E. Aprendemos que no mercado competitivo a empresa deve aumentar produção até o ponto que o preço é igual ao 𝐶𝑚𝑔. Entretanto, se o custo for inferior ao custo variável médio (𝐶𝑉𝑚𝑒), a empresa deve encerrar suas atividades. Desta forma, a curva de oferta da empresa é representada pela parte do ramo crescente do 𝐶𝑚𝑔 e quando este é maior que 𝐶𝑉𝑚𝑒. Neste caso, se o preço de mercado (𝑃𝑚) for menor que 𝐶𝑉𝑚𝑒 (𝑃𝑚< 𝐶𝑉𝑚𝑒) a empresa não deverá produzir, logo não haverá oferta nesta empresa. Uma vez que a RT será menor que CT, e a receita não cobrirá nem os custos variáveis. Portanto, se a empresa permanecer neste mercado haverá prejuízos. Se o preço for maior o custo variável médio (𝑃𝑚 > 𝐶𝑉𝑚𝑒) a empresa deverá produzir, pois neste caso a RT pagará os custos variáveis e parte dos custos fixos, reduzindo o prejuízo. Se o preço for igual ao custo variável médio (𝑃𝑚= 𝐶𝑉𝑚𝑒) será indiferente para a empresa produzir ou não, uma vez que a receita total cobre o valor dos custos fixos. Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas 1.3. Maximização do lucro no longo prazo Vimos que no curto prazo pelo menos um dos fatores de produção será fixo, o que dependendo do tempo isso pode limitar a flexibilidade da firma e adaptação do processo produtivo. Entretanto, no longo prazo a empresa possui mais flexibilidade, podendo variar todos os insumos necessários para produção, de forma a escolher a quantidade ótima que maximiza o lucro. Essa relação pode ser verificada a partir da Figura 6. Figura 6: Decisão de produção que maximiza o lucro no longo prazo Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2013). #PraCegoVer: Gráfico Preço x Produção. 3 retas exponenciais, CMgCP, CMgLP, CMeLP. Uma linha reta em que P=RMg. Tal como no curto prazo a curva de demanda é horizontal, que é igual a 𝑅𝑚𝑔 = P, tal que 𝐶𝑇𝑚𝑒 é custo total médio no curto prazo e 𝐶𝑚𝑔𝐶𝑃 é o custo marginal no curto prazo. Neste caso, considere que os custos são baixos de forma que a empresa auferirá lucros positivos no curto prazo, dado pelo retângulo ABCD, em que o nível ótimo de produção é 𝑞1, em que 𝐶𝑚𝑔𝐶𝑃 = 𝑅𝑚𝑔 = 𝑃. 𝐶𝑚𝑒𝐿𝑃 é o custo médio de longo prazo e 𝐶𝑚𝑔𝐿𝑃 é o custo marginal de longo prazo. Até o ponto 𝑞2 na curva de 𝐶𝑚𝑒𝐿𝑃 há presença de economias de escala1 e deseconomias de escala nos pontos mais altos de produção. Perceba que 𝐶𝑚𝑔𝐿𝑃 intercepta o 𝐶𝑚𝑒𝐿𝑃 em seu ponto mínimo, no ponto 𝑞2. 1 Economias de escala surgem quando uma empresa pode dobrar o nível de produção com menos do que duas vezes o custo (PINDYCK; RUBINFELD, 2013) Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas Portanto, se a empresa espera que o preço de mercado não se altere ela irá aumentar sua planta até a quantidade 𝑞3, preço em que o 𝐶𝑚𝑔𝐿𝑃 é igual ao preço de mercado. Logo, a margem de lucro aumentará e o novo lucro da firma será EFGD. A quantidade 𝑞3 será o nível de produção de longo prazo que maximiza o lucro, e, portanto, níveis menores ou maiores que 𝑞3 reduzirá os lucros da empresa. Desta forma, no longo prazo a quantidade de produção que maximiza o lucro da firma competitiva se dá no ponto em que o 𝐶𝑚𝑔 é igual ao preço. No longo prazo, a curva de oferta da empresa vai depender dos custos com os fatores de produção de cada setor. Se a empresa atua num setor em que os custos de produção são constantes, a curva de oferta neste caso será horizontal, tendo em vista que um aumento na demanda por insumos (relacionadas à demanda do bem) não irá influenciar os preços. Nos setores de custos crescentes, nos quais a demanda por insumos de produção afetará os preços, levando a aumento de preços, a curva de oferta de longo prazo neste setor será ascendente. O inverso ocorre para setores com custos decrescentes, sua curva de oferta será descendente (PINDYCK; RUBINFELD, 2013). Para Praticar: A estrutura de mercado em concorrência perfeita se caracterizapelo grande número de firmas que produzem bens semelhantes, e não existem barreiras à entrada e saída de firmas neste mercado, tal que o objetivo principal das firmas é a maximização do lucro. Sobre a maximização no longo prazo, assinale a alternativa INCORRETA: a) A curva de oferta da empresa vai depender dos custos com os insumos de cada setor. b) A quantidade de produção que maximiza o lucro da firma competitiva se dá no ponto em que o é igual ao preço. c) Tal como no curto prazo a curva de oferta é horizontal, que é igual a = P. d) Se a empresa acredita que o preço de mercado se manterá, ela irá aumentar sua planta, produzindo mais. Gabarito: letra c. No longo prazo, a curva de oferta da empresa vai depender dos custos com os fatores de produção de cada setor. Se a empresa atua num setor em que os custos de produção são constantes, a curva de oferta neste caso será horizontal, tendo em vista que um aumento na demanda por insumos (relacionadas à demanda do bem) não irá influenciar os preços. Nos setores de custos crescentes, onde a demanda por insumos de produção afetará os preços, levando a aumento de preços, a curva de oferta de longo prazo neste Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas setor será ascendente. O inverso ocorre para setores com custos decrescentes, sua curva de oferta será descendente. 2. Monopólio O monopólio representa a inexistência de concorrência e competição, pois uma única firma domina este mercado. Desta forma, o monopolista tem o poder de elevar o preço do bem e administrar a quantidade ofertada deste produto. Neste mercado, três características são importantes: 1) uma única firma é produtora de um bem ou serviço; 2) não há existência de substitutos próximos; e 3) existência de barreiras à entrada, que é o que caracteriza a própria existência dos monopólios. As barreiras à entrada podem se dar de diversas formas, conforme destacadas a seguir. 1) Monopólio natural ou puro: se refere ao tipo de empresa que já está estabelecida no mercado, de forma que sua operação se dá com baixos custos, implicando na dificuldade de outras firmas neste mercado para fornecer o mesmo bem ou serviço, caracterizando uma barreira à entrada. O setor de energia elétrica é um exemplo de monopólio natural. 2) Proteção de patentes: neste caso, a empresa monopolista detém, unicamente, os direitos legais para produzir determinado bem ou serviço, caracterizado como monopólio legal. 3) Controle sobre fornecimento de matérias-primas chaves: desta forma a empresa detém o fornecimento exclusivo dos insumos para produção do bem/serviço, que são os recursos chaves nesta produção. 4) Tradição de mercado: no curto prazo, devido aos altos preços e lucros elevados, serão atraídas novas firmas para esse mercado. Entretanto, no longo prazo, devido aos altos custos para se manter, essas empresas não continuarão. Assim, a tradição de mercado da empresa monopolista afasta as demais, como uma espécie de barreira à entrada no mercado. 5) Existe ainda o tipo de monopólio estatal ou institucional, em que se possui por lei uma proteção para se atuar sozinho no mercado. 2.1. Maximização de lucro e Escolha ótima da produção Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas Tal como você aprendeu na concorrência perfeita, o monopolista também busca maximizar o lucro onde a 𝑅𝑚𝑔 é 𝑖𝑔𝑢𝑎𝑙 𝑎𝐶𝑚𝑔, determinando qual o nível de produção ótima que irá maximizar os lucros. Vimos que o monopolista é único neste mercado, logo a quantidade produzida é igual a quantidade de mercado, dada por Q. Logo, 𝑄∗é a quantidade que maximiza o lucro. O mesmo é válido no monopólio, em que o lucro é igual a𝑅𝑇 (𝑄) − 𝐶𝑇 (𝑄), tal que π, RT e CT estão em função da quantidade. E a condição de maximização de lucro é dada por: 𝑑 (𝑄) 𝑑𝑄 = 0 ⟹ 𝑑𝑅𝑇 (𝑄) 𝑑𝑄 − 𝐶𝑇 (𝑄) 𝑑𝑄 = 0 ⟹ 𝑅𝑚𝑔 = 𝐶𝑚𝑔 Logo, a quantidade ótima que maximiza o lucro no monopólio se dá no ponto em que 𝑅𝑚𝑔 = 𝐶𝑚𝑔. A figura 7 ilustra graficamente esta situação. Figura 7: Nível ótimo de produção que maximiza o lucro no monopólio. Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2013). #PraCegoVer: Gráfico Preço x Produção. Duas retas que vão do maior preço à maior produção: RMe e RMg. Duas curvas, uma que vai do menor ao maior preço e outra que equilibra o preço enquanto aumenta a produção: CMg e CMe, respectivamente. Entre as 4 linhas, a partir dos pontos p1, p*, p2, q1, q*, q2, formam-se duas áreas triangulares representando o lucro perdido na diferença entre os momentos 1 e 2. Perceba que para quantidades abaixo de 𝑄∗, a empresa deixará de ganhar parte dos seus lucros, uma vez que a 𝑅𝑚𝑔 > 𝐶𝑚𝑔 e ainda é benéfico para empresa Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas continuar aumentando a quantidade produzida e aumentar os lucros. Portanto, se a empresa escolhe produzir no ponto 𝑄1, por exemplo, a empresa perderá lucro ao vender por um preço muito alto. Quantidades produzidas acima de 𝑄∗ também resultam em redução do lucro, uma vez que 𝑅𝑚𝑔 < 𝐶𝑚𝑔, e caso a empresa produza no ponto 𝑄2, por exemplo, haverá prejuízos para o monopolista. Logo, o ponto de produção do monopolista não deve ser diferente de 𝑄∗. 2.1.1. Poder de monopólio e determinação de preços O poder de monopólio de uma empresa advém da capacidade dos vendedores ou compradores afetar o preço de mercado de um bem/serviço. Portanto, o poder de mercado se dá quando as empresas conseguem cobrar um preço acima do 𝐶𝑚𝑔, dependendo da proporção de quão maior seja esse preço maior será o poder de monopólio que essa empresa terá. Dizemos ainda que quanto mais próximo no “monopólio puro” maior será o poder de mercado que a empresa obterá e maior a margem de determinação de preço neste mercado. O poder de monopólio, entretanto, depende da elasticidade da demanda, de forma que quanto menor a elasticidade de demanda neste mercado maior será o poder de monopólio. A principal diferença entre a concorrência perfeita e o monopólio é que no mercado competitivo o preço de mercado é igual ao 𝐶𝑚𝑔 da empresa, enquanto que uma empresa com poder de monopólio o preço é superior ao 𝐶𝑚𝑔, conforme a Figura 7. Portanto, uma forma natural de medir o poder de monopólio é examinar a medida pela qual o preço que maximiza o lucro excede o custo marginal. Em particular, podemos utilizar a relação de markup, ou seja: preço menos custo marginal, dividido pelo preço. A relação de mark-up é utilizada para medir o poder de monopólio de uma empresa e foi desenvolvida pelo economista Abba Lerner em 1934, sendo definida como Índice de Lerner de Poder de Monopólio. Matematicamente, expressa por: 𝐿 = (𝑃 − 𝐶𝑚𝑔) 𝑃 O índice de Lerner varia entre zero e um. Numa empresa competitiva, o 𝑃 = 𝐶𝑚𝑔, desta forma 𝐿 será igual a zero. Quanto menor 𝐿 menor será o poder de Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas monopólio e mais próximo de zero. Quanto maior o poder de monopólio mais perto de 1 o 𝐿 estará. 2.1.2. O custo do bem-estar social Na concorrência perfeita, o preço mercado se iguala ao 𝐶𝑚𝑔. No monopólio, os preços cobrados são maiores que o 𝐶𝑚𝑔, pois o monopolista tem certo poder de margem de preço, uma vez que é o único produtor neste mercado. Assim, o monopolista lucra com preços mais altos, o que é desejável para ele. Por outro lado, os consumidores têm uma piora da situação, pois os preços mais altos são indesejáveis para eles. Supondo que o bem-estar dos proprietários seja igual ao dos consumidores, o monopólio será desejável ou indesejável do ponto de vista social? Para analisar essa questão vamos recorrer ao excedente total, dado pela soma do excedente do consumidor mais o excedente do produtor,conforme a Figura 8. Figura 8: Peso morto do poder de monopólio. Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2013). #PraCegoVer: Gráfico Preço X Quantidade. 4 Pontos Pm e Pc (em Preço); Qm e Qc (em Quantidade). CMg é uma curva que vai da menor à maior quantidade, aumentando o preço. Duas retas (RMe e RMg) descendentes partem do maior preço a maior quantidade. Com uma linha que parte de Pm e forma um ângulo reto com Qm; outra que parte de Pc e faz o mesmo com Qc; RMe e RMg formam dois triângulos, ambos representando o peso morto. A diferença entre Pm e PC é o excedente perdido do consumidor. Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas Você sabia? o excedente do consumidor é a disposição para pagar do consumidor menos a quantia efetivamente paga. O excedente do produtor é a quantia que os consumidores recebem menos o custo de produção (MANKIW, p.327) A maximização do lucro em concorrência perfeita é dada na interação entre o 𝐶𝑚𝑔 e 𝑅𝑚𝑔, tal que 𝑃𝑐 e 𝑄𝑐 são, respectivamente, o preço e quantidade no mercado competitivo. Enquanto que no monopólio a maximização do lucro se dá na quantidade 𝑄𝑚 e no preço 𝑃𝑚 . O monopolista cobra preços mais altos, assim parte dos compradores consomem menos. Desta forma, os consumidores têm uma piora na sua situação, resultando numa perda do seu excedente, representado pela área A. Outra parte dos consumidores não irão consumir no preço 𝑃𝑚 , mas somente no preço 𝑃𝑐 , implicando em perda do excedente equivalente a área B. Logo, a perda total do excedente do consumidor é dado pela soma das áreas A e B. Por outro lado, os produtores ganham parte do excedente, referente a área A, pelos preços mais altos cobrados, mas perdem o referente a área C, que se deve ao lucro adicional caso tivessem vendido pelo preço 𝑃𝑐 (𝑄𝑐 − 𝑄𝑚). Logo, a área ganha pelo produtor é dada por A – C, sendo este o excedente total do produtor. A quantidade produzida e vendida pelo produtor é inferior ao nível socialmente eficiente. A perda líquida é dada pela perda do excedente do consumidor e ganho do excedente do produtor, representada pela área B+C, denominado como peso morto do poder de monopólio, que é uma medida da perda da eficiência do monopólio. 2.1.3. Regulamentação de preços Como forma de controlar o poder de monopólio e reduzir os custos do bem- estar social e a perda do bem-estar da sociedade, o governo limita essa prática a partir da regulamentação de preços. Neste caso, a regulamentação de preços é bem- vinda, pois pode eliminar o peso morto advindo do poder de monopólio. Caso não exista intervenção estatal a quantidade produzida e o preço cobrado no monopólio será 𝑄𝑚 e o preço 𝑃𝑚 . Caso o governo imponha um preço máximo 𝑃1, a 𝑅𝑚𝑒 e 𝑅𝑚𝑔 serão constantes e iguais ao preço máximo para quantidade produzida 𝑄1. Para níveis de produção acima de 𝑄1 permanecem originais as curvas de receita média e receita marginal. A linha mais escura, que Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas intercepta a curva de custo marginal em 𝑄1, representa a nova curva de 𝑅𝑚𝑔 (Figura 9). Para preços menores que 𝑃1, supondo uma redução para 𝑃𝑐 , o novo nível de produção do monopolista será 𝑄𝐶 , que é o nível máximo de produção. E o equilíbrio se dará na intercessão das curvas de custo marginal e receita marginal. Este seria o nível ótimo de produção obtido num mercado competitivo. Por outro lado, para preços ainda menores, supondo uma nova redução para o preço 𝑃3, isso levaria a uma redução na quantidade produzida, e o novo nível de produção será dado por 𝑄3, implicando numa escassez equivalente a 𝑄′3 − 𝑄3, além da perda de bem-estar social provocada pela regulamentação de preços. Se o preço continuar reduzindo haverá mais redução na quantidade produzida e consequentemente maior escassez neste mercado. Até o ponto em que o preço reduza para 𝑃4, sendo igual ao custo médio da firma, e a empresa obterá prejuízos, não conseguindo mais continuar suas atividades e deverá mudar de ramo. Figura 9: Regulamentação de preços Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2013). #PraCegoVer: Gráfico Preço x Quantidade. 4 Pontos em cada: Pm, P1, P3 e P4; Qm, Q2, Q3, Q4, Q’3. Forma-se uma curva da receita marginal quando se regulamenta que o preço não deve ultrapassar P1. A regulamentação de preços ocorre sobretudo em monopólios naturais, em que existem grandes economias de escala e maiores barreiras à entrada. Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas 2.2. Discriminação de preços e captura do excedente do consumidor Até agora trabalhamos com a hipótese de que a empresa monopolista cobra o mesmo preço para todos os clientes. Entretanto, na prática a empresa vende o mesmo produto para diferentes clientes a diferentes preços. Essa prática é denominada discriminação de preços. Existem três tipos de discriminação de preços no monopólio: 1) primeiro grau: se refere a prática de diferentes preços num mesmo mercado; 2) segundo grau: cobrança de preço diferenciados, conforme a quantidade consumida e 3) terceiro grau: diferentes preços cobrados para diferentes pessoas em um mesmo mercado. 2.2.1. Discriminação de preços de primeiro grau A principal característica de um discriminador de preços de primeiro grau é que aumentos nas quantidades vendidas não levam a reduções de preços, advindos das vendas das quantidades do bem já vendidas (VASCONCELLOS, 2011). Logo, a receita marginal no monopólio com discriminação de primeiro grau será igual preço de demanda. Portanto, a quantidade produzida deve ser aquela que iguala o custo marginal ao preço de demanda. De forma a operar de modo eficiente no mercado. A discriminação de preços de primeiro grau é a prática de diferentes preços a diferentes consumidores num mesmo mercado, de forma que cada consumidor irá pagar seu preço reserva pelo bem/serviço, que é o preço máximo que o consumidor está disposto à pagar pelo produto. Essa discriminação é descrita como uma discriminação perfeita de preços, uma vez que o produtor consegue cobrar de cada consumidor exatamente o que cada um está disposto a pagar. Na prática esta relação tem um custo, vejamos então qual seria. Se o monopolista cobrar o mesmo preço para todos os consumidores o excedente total neste mercado será igual a soma do excedente do produtor (dado pelo lucro total da empresa) e o excedente do consumidor, conforme o gráfico (a) da Figura 10. Caso o monopolista efetue a discriminação de preços perfeita, não haverá excedente do consumidor, neste caso será igual a zero e o excedente total será igual ao excedente do produtor. Desta forma todo o excedente será lucro da empresa, conforme o gráfico (b) da Figura 10. Figura 10: Bem-estar social, com e sem discriminação de preços. Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2013). #PraCegoVer: Dois Gráfico Preço x Quantidade, a diagonal de Demanda, descendo do maior ao menor preço, se encontra com a reta custo marginal, crescendo no eixo da produção. No primeiro triângulo formado, três divisões: excedente do consumidor, Lucro e Peso Morto - demonstrando o que ocorre quando a quantidade vendida não é total. Já o segundo triângulo, toda sua área é de lucro, pois a quantidade vendida foi ideal. Perceba que, comparando os dois gráficos quando o monopolista pratica a discriminação de preços perfeita, haverá aumento de lucro, aumento do excedente total e redução do excedente do consumidor. 2.2.2. Discriminação de preços de segundo grau A discriminação de preços de segundo grau ocorre quando o monopolista cobra diferentes preços para diferentes quantidades de um produto, compradas pelo consumidor. Por exemplo, compras por atacado, tarifas por faixa de consumo. Os descontospara quantidades são um exemplo de discriminação de preços de segundo grau. Uma detergente, por exemplo, se comprado a unidade pode custar R$2,00, se for comprada uma caixa com seis detergentes do mesmo tipo pode custar R$ 9, indicando uma média de R$ 1,50 por detergente. Da mesma maneira, o preço por quilo do arroz, por exemplo, pode ser menor para um pacote de 10kg do que para um de 2kg. As tarifas por faixa de consumo são praticadas normalmente por empresas que fornecem algum tipo de serviço, como energia elétrica, gás natural e água. Neste caso, a cobrança por “faixas de consumo” se dá pela existência de um preço diferente para cada porção ou faixa de fornecimento do produto/serviço ao consumidor (PINDYCK e RUNDIFELD, 2013). 2.2.3. Discriminação de preços de terceiro grau Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas Já a discriminação de terceiro grau ocorre quando monopolista cobra diferentes preços a diferentes pessoas. Considerando que cada consumidor possui uma demanda específica com diferentes elasticidades, portanto o monopolista poderá cobrar diferentes preços. Supondo que o monopolista seja capaz de cobrar diferentes preços em dois grupos de consumidores que constituem dois mercados, conforme a Figura 11. Os preços cobrados em cada mercado são dados por 𝑃1 𝑒 𝑃2, enquanto 𝑅𝑚𝑔1 𝑒 𝑅𝑚𝑔2 são suas respectivas receitas. Já é de conhecimento que a maximização do lucro se dá no ponto em que a 𝑅𝑚𝑔 se iguala ao 𝐶𝑚𝑔 . Portanto, quando o monopolista atua em dois mercados ele deve igualar as receitas marginais neste mercado. De forma que se a 𝑅𝑚𝑔1 > 𝑅𝑚𝑔2, a receita no monopólio poderá ser aumentada a partir da realocação das vendas do mercado 2 para o mercado 1. Neste caso, maiores receitas se darão sem aumentos na produção e nos custos, logo o monopolista terá aumentos dos lucros. Logo, quando as receitas marginais se igualam não será possível auferir aumentos nos lucros do monopolista (VASCONCELLOS, 2011). Figura 11: Discriminação de terceiro grau Fonte: Vasconcellos (2011). #PraCegoVer: Três gráficos (Preço x Quantidade). O primeiro na base de RMg1, o segundo em RMg2, ambos em descendente. O terceiro representa a quantidade Q+Q em que CMg cresce. Conforme a Figura 8, a curva de receita marginal no monopólio com discriminação de terceiro grau é dada pela soma horizontal das receitas marginais de cada mercado. A quantidade que será produzida pelo monopolista será dada pela interseção entre as curvas de 𝐶𝑚𝑔 e 𝑅𝑚𝑔. De tal forma que, a quantidade total produzida seja dividida para ambos os mercados, garantindo que as receitas marginais individuais sejam iguais a receita marginal total. O preço cobrado em cada mercado é o mesmo obtido de forma usual, a partir da curva de demanda de mercado. Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas Para Praticar: Sobre a estrutura de mercado monopolista, é correto afirmar que: a) A discriminação de preços de segundo grau ocorre quando monopolista cobra diferentes preços a diferentes pessoas b) A discriminação de preços de primeiro grau ocorre quando o monopolista cobra diferentes preços para diferentes quantidades de um produto, compradas pelo consumidor. c) O peso morto do poder de monopólio é uma medida da perda da eficiência do monopólio. d) O monopolista maximiza o lucro onde a , determinando qual o nível de produção ótima que irá maximizar os lucros. e) Há existência de substitutos perfeitos e existência de barreiras à entrada, que é o que caracteriza a própria existência dos monopólios. Gabarito: letra c. A perda liquida é dada pela perda do excedente do consumidor e ganho do excedente do produtor, representada pela área B+C, denominado como peso morto do poder de monopólio, que é uma medida da perda da eficiência do monopólio. 3. Concorrência Monopolística e Oligopólio Neste ponto serão estudadas as principais características das estruturas de mercados em concorrência imperfeita. Inicialmente, entenderemos a estrutura de mercado na concorrência monopolística, que se assemelha ao mercado em concorrência perfeita, pela existência de muitas empresas na produção de um bem ou serviço e baixas barreiras e limitações de novos ofertantes neste mercado. Por outro lado, a concorrência monopolística se difere da estrutura em concorrência perfeita por sua diferenciação dos produtos, o que lhe permite certo poder de monopólio. A segunda estrutura que será analisada nesta unidade é o oligopólio. No mercado oligopolista algumas empresas são responsáveis por grande parte da produção de mercado. No oligopólio, existem três características principais: existem impedimentos à entrada de novas firmas nesse mercado, logo as firmas que participam ou dominam este mercado competem entre si; segundo, o produto nesta estrutura pode ser diferenciado; e terceiro, o poder de monopólio e lucro neste setor Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas vai depender da interação entre as empresas, ou seja, a decisão das empresas leva em consideração como as demais concorrentes tomam suas decisões. 3.1. Concorrência monopolística Este modelo se encontra no meio-termo entre a concorrência perfeita e o monopólio, agregando características dessas duas estruturas de mercado. A concorrência monopolística se comporta como um mercado em concorrência perfeita pela livre entrada e saída de concorrentes, enquanto que se caracteriza como uma estrutura monopolista, devido à sua diferenciação de produto, o que lhe dá certa margem de poder de mercado. A diferenciação dos produtos se dá em diversos setores na economia. Logo, os compradores atribuem uma peculiaridade à marca de cada empresa, diferenciando-as das demais empresas. Um exemplo típico é o mercado de sandálias, em que a diferenciação do produto pode se dar pela marca, pelo design ou pelo conforto e durabilidade, por exemplo, que é a imagem que o consumidor possui (seja ela correta ou não) com relação a este produto. O mercado de sandálias apresenta produtos similares, que desempenham funções semelhantes, no entanto, existe uma diferenciação do produto, que permite com que sejam cobrados diferentes preços neste mercado. Logo, alguns consumidores terão uma disposição a pagar a mais (que outros consumidores) com relação a este produto. É o caso da Havaianas, por exemplo. Esta marca de sandálias costuma cobrar um preço acima das suas concorrentes. Assim, pode-se dizer que ela tem certo poder de monopólio, entretanto se o preço da sandália Havaianas aumentar acima da disposição a pagar dos consumidores, o produto será substituído por outras marcas. Portanto, por mais que o indivíduo prefira uma “Havaianas” a outras sandálias, ele não pagará um valor muito maior. Desta forma a Havaianas tem certa margem de aumento de preço, porém pouco acima de seu custo marginal, uma vez que ela tem limitado poder de monopólio (PINDYCK; RUBINFELD, 2013). Outro exemplo típico desta estrutura de mercado é do refrigerante Coca-Cola, e também da toalha de papel Scott Pano Duramax. Outro exemplo prático, que você já deve ter se deparado ao ir ao supermercado é quanto à escolha do sabão em pó. Em um primeiro momento você deve acreditar que este mercado se trate de uma estrutura em concorrência perfeita, por possuir diversos ofertantes deste produto. Entretanto, você se depara com diversos questionamentos que definirão a sua escolha: marca, perfume, preço, o que Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas lhe faz indagar e se deparar com um dilema de qual comprar. Logo, você percebe que os diferentes sabões em pó possuem diferenciais entre eles, concluindo que os produtos não seguem um padrão e se caracterizam como uma estrutura em concorrênciamonopolística. Logo, dentro dessa indústria, pode-se dizer que o sabão em pó OMO possui um diferencial com relação às demais marcas, o que indica que a empresa Unilever Brasil, que produz este sabão em pó, possui certo poder de monopólio, podendo cobrar um preço maior que as demais. Porém não muito maior que seu custo marginal, pois conforme já falado, se o preço estiver acima do que o indivíduo esteja disposto a pagar, ele comprará em outras empresas. Na concorrência monopolística é possível identificar três características que definem essa estrutura de mercado. 1) Muitas empresas ofertando um bem ou serviço e muitos consumidores; 2) A competição entre as empresas se dá pela diferenciação do produto, que são substitutos, entretanto, não são substitutos perfeitos. 3) Livre entrada2 e saída de empresas no mercado. 3.2. Oligopólio A estrutura de mercado oligopolista se caracteriza pela presença de poucos vendedores com substitutos próximos, que dominam o mercado. Nestes mercados, os preços e as quantidades de equilíbrio dependem das decisões das outras empresas concorrentes. As decisões desta empresa levam em consideração as possíveis escolhas das demais empresas, com relação a preço e quantidade. Essa situação é semelhante ao equilíbrio de Nash, onde cada empresa busca fazer o melhor que pode, em função do que seus concorrentes estão fazendo. VOCÊ SABIA? O equilíbrio de Nash é um resultado no qual ambos os jogadores corretamente acreditam estar fazendo o melhor que podem, dadas as ações do outro participante. Um jogo está em equilíbrio quando nenhum jogador possui incentivo para mudar suas escolhas, a menos que haja uma mudança por 2 SAIBA MAIS: O conceito de livre entrada pode ser melhor compreendido a partir de exemplos específicos de diferentes estruturas de mercado. Para compreendê-lo melhor, você pode consultar Pindyck e Rubinfeld (2013, p. 449), disponível na Biblioteca virtual da Laureate. Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas parte do outro jogador. A principal característica que distingue um equilíbrio de Nash de um equilíbrio em estratégias dominantes é a dependência do comportamento do oponente. Um equilíbrio em estratégias dominantes ocorre quando cada jogador faz sua melhor escolha, independente da escolha do outro jogador. Todo equilíbrio em estratégias dominantes é um equilíbrio de Nash, porém, o contrário não é verdadeiro (PINDYCK; RUBINFELD, 2013) O oligopólio pode ainda ser puro ou diferenciado. O oligopólio puro, ou com produto homogêneo, são aqueles que se diferenciam exclusivamente pelo fator preço, sendo esta a única variável a afetar os compradores. Ou seja, não existe diferenciação do produto neste mercado. Estes serviços podem ser encontrados na indústria de cimento ou alumínio, por exemplo. Já no oligopólio diferenciado, como o próprio nome já diz, os consumidores possuem alguma preferência com relação ao produto de uma determinada empresa, ou seja, as escolhas dos compradores se dão pela diferenciação do produto. Como, por exemplo, a indústria automobilística. As estruturas oligopolistas partem do pressuposto que a competição entre as firmas se dá entre preço e quantidade vendida de seu produto. Além disso, cada empresa tem o domínio de apenas uma dessas variáveis, tal que a outra é determinada pela interação das forças no mercado. Logo, haverá competição entre as firmas via alterações nas quantidades produzidas, ou via determinação do preço do produto (VASCONCELLOS, 2011). Ademais, a tomada de decisão das firmas deve levar em consideração a reação das empresas concorrentes, ao determinar preço e quantidade produzida, caracterizando uma interdependência mútua. Outra característica do oligopólio são as barreiras à entrada de novas firmas, que é limitada nesta estrutura de mercado. Existem diferentes níveis de barreiras que podem impedir a entrada de novas firmas. Essas barreiras podem ser de diversas formas, vejamos algumas delas, a seguir: 1) Economias de escala: A existência de economias de escala ocorre quando os custos médios de longo prazo caem à medida que a produção aumenta. Logo, caso uma nova empresa decida ingressar neste setor, suas atividades iniciais serão com produção reduzida e baixo percentual da parcela de mercado. As empresas entrantes terão custos muito superiores aquelas já estabelecidas no mercado, o que implicará em uma dificuldade de atrair clientes, e provavelmente não sobreviverá neste mercado. Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas 2) Reputação ou marcas: Para entender este tipo de barreira, suponha que no mercado de automóveis existam apenas duas empresas dominantes, Fiat e Volkswagen. Sendo que os compradores são fiéis a essas empresas por apresentarem certa margem de reputação neste mercado, devido ao tempo que elas atuam na indústria automobilística. Agora, suponha que uma nova empresa deseje ingressar nesta indústria, para tanto ela deverá efetuar altos investimentos em propaganda, publicidade e marketing, uma vez que ela é nova neste setor, e os consumidores, provavelmente irão preferir as empresas já estabelecidas e que já são conhecidas por eles. A propaganda, por exemplo, poderá chamar a atenção do consumidor para esta nova empresa. Desta forma, essa nova competidora, poderá adquirir uma parcela deste mercado, entretanto, ele arcará com altos custos e baixas receitas por um período considerável. O investidor, entretanto, decidirá se o risco inicial vale a pena para ingressar nesta indústria. 3) Barreiras estratégicas: São barreiras criadas pelas firmas já estabelecidas no mercado, como uma forma de estratégia de mercado. Que podem ser: ● Excesso de capacidade instalada: quando as empresas estabelecidas ameaçam inundar o mercado com seus produtos, para que o preço caia, dificultando a entrada e estabelecimento de novas firmas neste setor. ● Acordos especiais: por já atuarem certo tempo neste mercado e já estarem estabelecidas, as empresas atuantes firmam acordos com os fornecedores de insumos, garantindo parcela no mercado desses fornecedores. Desta forma, a entrada de novas firmas será mais difícil na obtenção de insumos. ● Publicidade: a diferenciação do produto, neste setor, pode ser via investimento em publicidade, dificultando a entrada de novas empresas. 4) Barreiras criadas pelo governo: O objetivo dessas barreiras é proteger a indústria interna da competição com produtos internacionais. Essas barreiras podem ser via imposição de alíquotas, de quotas de importação e normas para importação, por exemplo. Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas Para entender melhor as diferentes estruturas de oligopólio, na próxima unidade partiremos de uma situação hipotética de duopólio, em que se considera a existência de apenas duas firmas neste mercado, um oligopólio com apenas duas firmas. Cada empresa leva em consideração a tomada de decisão de apenas mais uma empresa concorrente. Logo, os resultados podem ser aplicados a economias mais reais, com a existência de mais de duas firmas nesse mercado. Nas unidades a seguir, apresentaremos os principais modelos de concorrência oligopolista, via preço e via quantidade, a partir do duopólio. Para praticar: O oligopólio e a concorrência monopolística são estruturas de mercado mais comuns de nos depararmos no nosso dia-a-dia. Sobre essas estruturas, NÃO é correto afirmar que: a) A estrutura de mercado oligopolista se caracteriza pela presença de poucos vendedores com substitutos próximos, que dominam o mercado. b) Nos mercados oligopolistas os preços e as quantidades de equilíbrio dependem das decisões das outras empresas concorrentes. c) A concorrência monopolística se comporta como um mercado em concorrência perfeita pela livreentrada e saída de concorrentes. d) Muitas empresas ofertando um bem ou serviço e muitos consumidores são características de um mercado oligopolista. e) A concorrência monopolística se caracteriza como uma estrutura monopolista, devido à sua diferenciação de produto, o que lhe dá certa margem de poder de mercado. GABARITO: letra d. Muitas empresas ofertando um bem ou serviço e muitos consumidores são características de um mercado em concorrência monopolística, no oligopólio existem poucos ofertantes que dominam o mercado. Síntese Nesta unidade aprendemos sobre as principais estruturas de mercado. Vimos que estas estruturas estão condicionadas a algumas características, como número de empresas que atuam neste mercado, diferenciação do produto e existência de barreiras à entrada de consumidores e compradores. Vimos que o principal objetivo das firmas é maximizar o lucro, e que a maximização do lucro se dá no ponto em que Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas o custo marginal se iguala a receita marginal. Além disso, neste ponto é onde as empresas produzem uma quantidade ótima de produção. Inicialmente você aprendeu as principais características do mercado em concorrência perfeita, como se dá o equilíbrio neste mercado e como se dá as decisões de produção de curto e longo prazo nesta economia. Aprendemos também que o mercado monopolista existe apenas um vendedor e devido a esta característica ele tem certo poder de mercado e uma margem de determinação de preço para o seu produto, entretanto, o governo intervém de forma que o monopolista não cobre preços exorbitantes neste mercado, de forma a reduzir a perda de bem-estar social. Além disso, vimos as principais características dos mercados em concorrência imperfeita e como essas estruturas estão presentes no nosso dia-a-dia. Microeconomia II - Unidade 1 - Maximização de lucros e ofertas competitivas Bibliografia PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 8. ed. São Paulo: Pearson, 2013. VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de; OLIVEIRA, Roberto Guena de; BARBIERI, Fabio. Manual de Microeconomia. 3ª ed.: São Paulo, Editora Atlas S.A. 2011.
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