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Julia Muniz | 1 Regulação do ph e fisiologia das acidoses e alcaloses • O equilíbrio ácido-basico do organismo está constantemente relacionados com o equilíbrio eletrolítico. Por exemplo, quando por algum motivo se perde grande quantidade de K+ na urina, isso é compensado com acumulo de H+, desencadeando um desequilíbrio ácido-básico. • Os principais meios de regulação do pH são os sistemas tampões, os quais são constituídos por um ácido fraco e seu sal de base forte ou uma base fraca com seu sal de ácido forte, sendo que no nosso organismo são três principais: o Bicarbonato: Regulação de pH intra e extracelular, sendo que é o principal para regulação do pH plasmático o Fosfato e proteínas: Regulação de pH intracelular. 1)Tampão Bicarbonato: • H2O + CO2 → H2CO3 → H+ + HCO3- • pH= PKa + log[base]/[ácido] → pH= 6,1 + log[HCO3-]/ 0,03 x Pco2 2)Fisiopatologia do equilíbrio ácido-básico: 2.1)Acidoses: • O metabolismo naturalmente tende a acidose, já que, normalmente, os produtos metabólicos são ácidos, como CO2, produtos do metabolismo de lipídios e proteínas. • Causa depressão neuronal, levando ao coma • Acidose respiratória: Diminuição do pH causado pelo aumento de pCO2. -As principais causas de acidose respiratória são edemas agudos de pulmão, apneia, bloqueio das vias aéreas,DPOC(doença pulmonar obstrutiva crônica, onde os alvéolos são perfundidos, porem não são ventilados, dessa forma, ocorre passagem de CO2 do alvéolo para o sangue). -Caracterizado no ionograma e gasometria por: diminuição do pH, aumento de pCO2, aumento da concentração de HCO3-, diminuição da concentração de Cl-. A alteração da concentração de Cl- é um mecanismo de compensação na tentativa de normalização do pH pela excreção renal de HCl. O mecanismo de compensação envolve a eliminação de H+ que consequentemente aumenta a reabsorção de HCO3-, com o objetivo de aumentar o pH. • Acidose metabólica: Aumento da concentração plasmática de ácidos fixos -As principais causas são a falência renal, diabetes descompensada, jejum prolongado, intoxidações exógenas(medicamentos que são constituídos por ácidos orgânicos fracos, por exemplo) -Caracterizado no ionograma e gasometria por: Diminuição do pH, diminuição da concentração de HCO3-, aumento de Cl- e diminuição de pCO2, como processos compensatórios. 2.2)Alcaloses: • Normalmente, está associado a excitação neuronal, causando convulsões. • Alcalose respiratória: -A principal causa é a hiperventilação, por exemplo em casos de choro -Caracterizada no ionograma e gasometria por: Aumento do pH, diminuição do pCO2, diminuição da concentração de HCO3-. • Alcalose metabólica: Aumento do pH por perda excessiva de ácidos fixos, como por exemplo, perda excessiva de HCl em situações de vômito. -O processo de compensação se da pela hipoventilação respiratória, 3)Papel do rim na regulação do pH do fluido extracelular: Julia Muniz | 2 • O rim favorece a eliminação de radicais ácidos pela acidificação urinária, que se dá basicamente por três mecanismos: -Secreção tubular de H+ e reabsorção de bicarbonato -Eliminação de ácidos livres ou sais ácidos -Excreção de sais de amônio. 3.1)Excreção de sais de amônio: • Na acidose metabólica, aumenta acentuadamente a excreção renal de amônia, atuando como um tampão urinário. • Vantagens da amônia como tampão urinário: -é metabolicamente menos dispendiosa que o fosfato, pois se constitui a partir de nitrogênio (excretado principalmente na forma do catabólito ureia), enquanto o fosfato é retirado das reservas celulares ou ósseas, à custa de um componente funcional ou estrutural -do ponto de vista energético, sua formação não é dispendiosa, visto que a síntese hepática do aminoácido glutamina (principal precursor da amônia) envolve apenas um ATP por molécula; -a utilização renal de glutamina não requer energia; -a secreção de amônia ao longo do néfron é proporcional à secreção de hidrogênio. Portanto, à medida que os íons H+ vão sendo secretados, são tamponados, mantendo-se sua concentração luminal baixa; isto favorece a secreção de ácido, a qual passa a se dar contra gradiente de concentração relativamente baixo 3.1)Produção de amônia pela célula tubular renal: • Produção a partir da glutamina pelas células renais, sendo o túbulo proximal o principal local de produção, seguida da alça de henle e túbulo distal. A produção no ducto coletor é baixa, entretanto, há alta concentração dessa substancia na luz desse segmento, a qual se deve pela secreção de amônia proveniente do interstício. • O aminoácido glutamina entra na célula pelas membranas luminal e basolateral, via cotransporte com Na+. No interior da mitocôndria, a glutamina é metabolizada formando NH3, H+ e ex-cetoglutarato. Uma parte da NH3 formada difunde-se para o lúmen. Entretanto, como o pK do tampão amônia é aproximadamente 9,0 e o pH da célula proximal é cerca de 7,2, a maior parte do NH3 intracelular combina- se com H+, formando NH4+, que é, então, secretado para o lúmen tubular via trocador Na+ H+ (em que o H+ é substituído pelo NH4-). O ex-cetoglutarato é metabolizado a C02, glicose e HC03-, o qual é então reabsorvido pela membrana basolateral. Assim, para cada íon H+ que é secretado na forma de NH4+, um novo íon Hco3- é transferido para o sangue 3.2)Controle da produção e excreção renal de amônia: • pH do fluido intratubular: existe uma relação inversa entre o pH do fluido intratubular e a quantidade total de amônia (NH3 + NH4 +) excretada na urina. Quanto maior a concentração do íon H+ no fluido intratubular, mais NH4 + é formado e excretado. • Equilíbrio ácido-base sistémico: na acidose metabólica, há estímulo das enzimas responsáveis pelo metabolismo celular da glutamina no túbulo proximal. Tal estimulação envolve a síntese de novas enzimas, particularmente nas mitocôndrias, e requer vários dias para completa adaptação. O aumento do nível dessas enzimas eleva a produção de NH4 + e permite que mais H+ seja secretado e Hco3- reabsorvido. Opostamente, a alcalose metabólica diminui a produção de NH4. • Concentração plasmática de K+: a hiperpotassemia inibe a produção de NH4+, enquanto a hipopotassemia a estimula. Acredita-se que o aumento do pH intracelular provocado pela hiperpotassemia iniba a produção de NH4 +. Na hipopotassemia, ocorreria o oposto. Por outro lado, a secreção de H+ é estimulada em hipopotassemia e Julia Muniz | 3 inibida em hiperpotassemia, o que influi na excreção de amônia 3.3)Fatores que afetam a secreção de H+ e a reabsorção de HCO3-: • pH do sangue arterial: -Acidose respiratória: Na acidose, uma pequena queda do pH sanguíneo promove maior entrada de íons H+ nas células tubulares, através da membrana basolateral. Essa elevação da disponibilidade intracelular de íons H+ aumenta a sua secreção para o lúmen tubular. Como cada íon H+ secretado resulta na adição de um íon Hco-3 ao plasma, o pH do sangue tende a se normalizar. Além disso, em acidoses respiratórias crônicas ocorre respostas adaptativas como a mudança do trocador Na+/H+ para cotransportador Na+/HCO3- -Acidose metabólica: A primeira resposta é a hiperventilação com o objetivo de diminuir o pCO2. Quando a causa da acidez metabólica não é renal, o rim responde com aumento da excreção de H+ proximal, devido a diminuição da concentração de HCO3- no vasos peritubulares e consequenteaumento do efluxo de HCO3- pelo cotransportador Na+/HCO3- basolateral e redução do retorno de HCO3- do interstício para o lumem tubular pelas tight junctions. Na acidose metabólica crônica há aumento da excreção de NH4+. -Alcalose metabólica: Nessa situação, há decréscimo da secreção de H+ no túbulo proximal. Provavelmente, isso ocorre por: 1) queda da saída do Hco3- da célula para o sangue peritubular, via cotransporte Na+-Hco3-, e 2) aumento da volta paracelular de Hco3- do interstício para o lúmen tubular. Após alguns dias da instalação da alcalose metabólica, o túbulo coletor cortical, que na situação normal secreta íons H+ (pelas células intercalares tipo alfa, que têm H+ -ATPase apical e trocador Cl-1Hco3- basolateral), passa a secretar íons Hco3- (pelas células intercalares tipo beta que exibem o trocador Cl- 1Hco3- na membrana luminal e a H+-ATPase na membrana basolateral). Isso acontece devido ao aumento da produção de células intercalares tipo beta a expensas das de tipo alfa.
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