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ANATOMIA ANIMAL APLICADA 2

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CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS 
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
Anatomia Animal 
 TOPOGRÁFICA APLICADA 
 
 
 
 
 
 
PROF. DR. MED. VET. MALCON ANDREI MARTINEZ PEREIRA 
 
 
 
CURITIBANOS 
2018
SUMÁRIO 
1. REVISANDO CONCEITOS ................................................................................................................................ 1 
CONCEITOS BÁSICOS & MÉTODOS DE ESTUDO ...................................................................................... 1 
TERMINOLOGIA ANATÔMICA GERAL & ESPECIAL................................................................................... 2 
PLANOS & EIXOS DE CONSTRUÇÃO, DELIMITAÇÃO & SECÇÃO ................................................................. 3 
TERMOS DE SITUAÇÃO, POSIÇÃO & DIREÇÃO ....................................................................................... 4 
PRINCÍPIOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO DO CORPO DOS VERTEBRADOS ........................................................ 5 
FATORES DE VARIAÇÃO ANATÔMICA ................................................................................................... 7 
2. ANATOMIA ANIMAL APLICADA ..................................................................................................................... 9 
CONTEXTO ANATOMIA ANIMAL APLICADA ........................................................................................... 9 
ASPECTOS APLICADOS DA CONSTRUÇÃO DO COPRPO DOS VERTEBRADOS ................................................ 10 
3. GENERALIDADES CONSTITUINTES REGIÕES CORPORAIS ............................................................................. 17 
CAMADAS & REGIÕES SUPERFICIAIS .................................................................................................. 17 
SINTOPIA GERAL DOS ÓRGÃOS ......................................................................................................... 20 
FATORES DE ESTÁTICA VISCERAL ....................................................................................................... 29 
ESQUELETOPIA E TOPOLOGIA VISCERAL ............................................................................................. 34 
4. TIPOS CONSTITUCIONAIS EM MEDICINA VETERINÁRIA ................................................................................ 39 
GENERALIDADES E CONCEITOS ......................................................................................................... 39 
CLASSIFICAÇÃO TIPOS CONSTITUCIONAIS ........................................................................................... 45 
HARMONIA DE CONFORMAÇÃO OU CONSTRUÇÃO ............................................................................... 46 
5. TÓPICOS EM BIOMECÂNICA ........................................................................................................................ 49 
GENERALIDADES E CONCEITOS ......................................................................................................... 49 
ALINHAMENTOS ANATÔMICOS ......................................................................................................... 50 
MECÂNICA DA COLUNA VERTEBRAL .................................................................................................. 59 
MECÂNICA DO TÓRAX .................................................................................................................... 63 
MECÂNICA DOS MEMBROS TOORÁCICO E PÉLVICO .............................................................................. 68 
PELVILOGIA & PELVIMETRIA ............................................................................................................ 77 
CINEMÁTICA DO MOVIMENTO ......................................................................................................... 85 
6. REGIÕES INTERESSE CLÍNICO-CIRÚRGICO .................................................................................................... 94 
REGIÕES CORPORAIS ...................................................................................................................... 94 
APLICAÇÕES PRÁTICAS DOS MÉTODOS DE ESTUDO .............................................................................. 95 
DISSECAÇÃO DA CABEÇA: REGIÕES FACIAL, PARÓTIDO-AURICULAR & INTERMANDIBULAR ........................ 97 
DISSECAÇÃO DA REGIÃO CERVICAL VISTAS VENTRAL E LATERAL ............................................................. 99 
DISSECAÇÃO DA PAREDE TORÁCICA & SIMULAÇÃO DE AMPUTAÇÃO DO MEMBRO TORÁCICO .................. 101 
DISSECAÇÃO DA CAVIDADE TORÁCICA & MEDIASTINOS CRANIAL, MÉDIO E CAUDAL ............................... 103 
DISSECAÇÃO DA BAINHA DO MÚSCULO RETO DO ABDOME, CAVIDADES ABDOMINAL E PÉLVICA .............. 105 
DISSECAÇÃO DO MEMBRO TORÁCICO ............................................................................................. 107 
DISSECAÇÃO DO MEMBRO PÉLVICO: REGIÕES GLÚTEA, PERINEO-INGUINAL, FEMORAL & CRURAL ............ 109 
DISSECAÇÃO DO MEMBRO PÉLVICO: REGIÕES INGUINAL, FEMORAL & CRURAL MEDIAIS ......................... 112 
7. TÓPICOS EM ANATOMIA DAS AVES .......................................................................................................... 113 
8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................ 140 
 
1. Revisando Conceitos 
CONCEITOS BÁSICOS & MÉTODOS DE ESTUDO 
A anatomia é o ramo das Ciências Biológicas que versa sobre o estudo das partes ou 
componentes que formam o ser vivo. Desta forma considera-se como ser vivo, não somente 
os animais, mas também os vegetais que constituem o objeto de estudo da anatomia 
vegetal. Em se tratando de um espectro mais restrito ao âmbito das Ciências Veterinárias, 
pode-se afirmar que a anatomia é uma das disciplinas responsáveis pelo alicerce do futuro 
Médico Veterinário, exercendo influência direta e indireta sob os diversos ramos 
profissionais que cercam o acadêmico. Neste contexto, podem ser distinguidas várias 
anatomias ou várias vertentes no estudo da anatomia animal. 
O estudo dos componentes do corpo de um indivíduo sadio é o pilar inicial da 
iniciação de um futuro profissional. Esta vertente constitui-se como o objeto de estudo da 
anatomia, dita, normal, que pode ser subdividida contemplando os aspectos macro ou 
microscópicos da construção do corpo dos vertebrados. Dentro deste contexto, também, 
tem grande relevância a anatomia do desenvolvimento ou embriológica. Considerando-se 
somente a divisão macroscópica da anatomia, destacam-se: 
Anatomia organológica: que estuda cada órgão que compõem o indivíduo, 
considerando os aspectos únicos de cada um destes, (i.e. a identificação entre as diferentes 
porções do intestino delgado); 
Anatomia sistêmica: que compreende o estudo dos sistemas orgânicos considerados 
separadamente (i.e. o estudo da organização do sistema digestório); 
Anatomia comparada: que permite tecer parâmetros entre uma ou mais espécies, 
e/ou entre indivíduos de uma mesma espécie, raça ou de sexos diferentes (i.e as variações 
na organização do sistema digestório observadas em herbívoros e carnívoros); 
Anatomia aplicada: são estudos voltados diretamente à uma área correlata de 
conhecimento ou que forneça um subsídio direto para outra área, através dos chamados 
parâmetros da anatomia normal (i.e. o estudo da anatomia voltado à clínica ou cirurgia 
Veterinária); 
Anatomia por imagens: estuda o corpo dos indivíduos através da utilização de 
técnicas de diagnóstico por imagem, inicialmente por meio de radiografias e atualmente 
através de ultrassonografias, tomografias computadorizadas ou ressonâncias magnéticas 
(i.e. a visualização de órgãos e a confirmação de gestação por ultrassonografia) 
Ainda, poderiamser descritas inúmeras outras formas para a aplicação do estudo da 
anatomia. Nestas estariam incluídas as anatomias: patológica, artística, antropológica e 
constitucional. Em um segundo momento possam, e devem, ser contempladas as 
miscigenações entre os tipos de anatomia já anteriormente descritos. Esta abordagem 
garante uma visão holística dos conteúdos contemplados nesta área do conhecimento, 
facilitando o entendimento sobre a organização do corpo dos indivíduos. Com base neste 
contexto, propõem-se o estudo de uma anatomia que englobe aspectos microscópicos, 
Revisnado Conceitos 2 
organológicos, sistêmicos e topográficos com o intuito de propiciar aos estudantes o melhor 
entendimento sobre a construção do organismo dos animais domésticos. 
Para melhor compreensão do conteúdo, visando a sua aplicabilidade, foram 
desenvolvidos métodos de abordagem prática, que auxiliam a aguçar tanto a motricidade 
quanto a sensibilidade tátil, visual ou auditiva dos estudantes. O método mais utilizado em 
anatomia chama-se dissecação e consiste no estudo em cadáveres frescos ou conservados 
por fixação, com o auxílio de instrumental cirúrgico, na qual o acadêmico tem a possibilidade 
de retirar ou separar partes ou porções dos cadáveres. Dentro da dissecação são 
enumerados alguns meios para a sua realização, que são: incisão (corte nos tecidos moles, 
realizado por instrumento de lâmina cortante – bisturi, bisturi elétrico, faca, escalpelo e 
cefalótomo); secção (corte com tesouras, retas ou curvas, bistuir elétrico, costótomo ou 
serra); divulsão (ato de separar estruturas anatômicas através do uso de pinças, tesouras, 
tentacânulas e afastadores) e punção (ato de perfurar com agulha ou trocater). A 
observação visual, que permite reconhecer aspectos da morfologia externa do animal, 
constitui a inspeção, enquanto que a exploração tátil das estruturas superficiais e profundas 
que permitem identificar forma, consistência e tamanho são constatadas através da 
palpação. Já a variação sonora produzida pelo funcionamento normal ou não de um órgão é 
localizada através da auscultação. Outro método que considera a emissão de sons é a 
percussão, que caracteriza-se pela variação do som produzido a partir do batimento dos 
dígitos ou de um instrumento, sobre a superfície corpórea, onde localiza-se um determinado 
órgão. A coleta de dados numéricos ou não, que visam estabelecer parâmetros e/ou 
proporções corpóreas constituem a mensuração. Por fim, mas não menos importantes estão 
os métodos de imagem, que são meios que auxiliam no estudo em animais vivos e com isso 
permitir a interação entre a anatomia e o diagnóstico clínico-cirurgico. 
 
TERMINOLOGIA ANATÔMICA GERAL & ESPECIAL 
Este capítulo da anatomia destina-se ao embasamento da linguagem técnica aplicada 
durante o estudo dos conteúdos contemplados. Diferente do homem, a maioria dos animais 
domésticos encontra-se apoiado sobre quatro colunas de sustentação (membros torácico e 
pélvico). Isto faz com que estes assumam uma posição quadrupedal ou, também chamada 
de estação ou, ainda, posição anatômica. A perfeita posição anatômica é aquela na qual a 
face solear dos quatro membros encontra-se apoiada sob uma superfície plana ou no solo. 
Os membros devem estar dispostos paralelamente aos pares, ou seja, ambos os membros 
torácicos paralelos entre si, bem como os pélvicos, na qual ainda possa ser observada uma 
distância igualitária entre o membro torácico e pélvico homólogos (Fig. 1). A terminologia 
anatômica geral refere-se aos termos que designam regiões ou partes do corpo do animal, 
planos e eixos, que delimitam ou que podem auxiliar na sua secção durante o estudo. Já a 
terminologia anatômica especial refere-se às milhares de designações atribuídas a cada 
uma das estruturas anatômicas encontradas, bem como a cada uma de suas partes (i.e. no 
pulmão são observados os lobos pulmonares cranial e caudal). 
Revisnado Conceitos 3 
PLANOS & EIXOS DE CONSTRUÇÃO, DELIMITAÇÃO & SECÇÃO 
Didaticamente quando se observa o animal na sua posição anatômica, este pode ser 
imaginado como se estivesse no interior de um paralelepípedo (figura geométrica que possui 
paralelogramos constituindo sua forma prismática, Fig. 1). Cada uma destas irá constituir um 
plano de delimitação, que correspondem a: a face adjacente à cabeça fornece o plano 
cranial, enquanto o que tangencia a cauda constitui o plano caudal. A base do 
paralelepípedo corresponde ao plano ventral e a sua face oposta, que mantém contato com 
a linha dorsal do animal o plano dorsal. As faces restantes delimitam os planos laterais, 
sendo um direito e outro esquerdo. Demarcando o ponto central de dois planos opostos e 
procedendo-se com a união destes, têm-se a formação de uma reta, que anatomicamente é 
denominada de eixo. Assim, a união entre os pontos médios dos planos cranial e caudal 
constituirá o eixo crânio-caudal, realizando o mesmo processo obtêm-se os eixos dorso-
ventral e látero-lateral (Fig. 2). A constituição dos planos e eixos permite que sejam 
inferidos planos de secção, que configuram cortes convencionais do corpo, facilitando sua 
divisão didática. Considerando o eixo crânio-caudal, o corpo dos animais pode ser dividido 
em duas metades iguais, uma direita e outra esquerda, por uma linha imaginária 
denominada de plano longitudinal mediano, por passar exatamente no meio do corpo dos 
animais. Os planos traçados paralelamente ao anterior recebem a designação de planos 
paramedianos. O corte verticalizado sobre o eixo crânio-caudal constituirá o plano 
transversal que dividirá o corpo do animal em duas metades, uma cranial e outra caudal. 
Entretanto, para os membros este plano deverá ser deslocado de forma a cortar o eixo 
maior (vertical) destes, configurando uma extremidade mais próxima e outra mais distante 
do tronco do animal. Um terceiro plano dispõe-se paralelamente ao eixo dorso-ventral 
sendo chamado de plano horizontal, enquanto que os cortes que correm paralelamente, 
porém distantes, ao plano mediano são denominados sagitais. 
 
 
Fig. 1 Posição anatômica e planos de delimitação. 
Revisnado Conceitos 4 
 
Fig. 2 Planos e eixos de construção, delimitação e secção. FONTE: König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais 
Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
 
TERMOS DE SITUAÇÃO, POSIÇÃO & DIREÇÃO 
Os supracitados planos e eixos constituem referências ou coordenadas que 
possibilitam indicar a situação (sede ou localização), posição (determinando referências) e 
direção (orientação nos dois sentidos do eixo maior) das estruturas do corpo do animal, 
através da aplicação dos seguintes termos (Fig. 3): cranial (para uma estrutura que se 
encontra mais próximo ou em direção a cabeça, sendo mais utilizado para o tronco; 
enquanto que estruturas localizadas na cabeça são designadas através dos termos rostral – 
direcionada ou próximo ao nariz; oral – direcionada ou próximo da boca); caudal 
(direcionado para a cauda, sendo mais aplicado a estruturas do tronco e cabeça); dorsal (em 
direção a linha do dorso para estruturas localizadas no tronco, para aquelas localizadas nos 
membros a partir das regiões cárpica e társica em substituição ao termo cranial, e na cabeça 
é trocado pelo termo superior); ventral (para as estruturas que encontram-se próximas ao 
abdômen, sendo que na cabeça é substituído pelo termo inferior); medial (quando 
localizadas próximas ao plano mediano); lateral (quando distanciadas do plano mediano) e 
intermédio (quando localizada entre estruturas dispostas lateral e medialmente). Algumas 
regiões apresentam uma terminologia um pouco diferenciada, como é o caso da face caudal 
dos membros torácico e pélvico, que a partir das regiões cárpica e társica, passaa ser 
designado pelos termos palmar e plantar, respectivamente. Também nos membros são 
descritas estruturas localizadas mais próximas ou mais distantes do tronco, sendo atribuídas 
a estas os termos proximal e distal, respectivamente. E, ainda nos membros, na região 
Revisnado Conceitos 5 
digital têm-se os termos axial (direcionada ao eixo do dígito) e abaxial (afastada do eixo do 
dígito). Para os segmentos corpóreos e os órgãos cavitários aplicam-se os termos superficial, 
profundo, externo e interno. 
 
 
Fig.3 Termos de situação, posição e direção. FONTE: Dyce K M, Sack WO, Wensing CJG. Tratado de Anatomia 
Veterinária. Saunders-Elsevier, Rio de Janeiro, 4 ed, 2010. 
 
A aplicação dos termos, descritos nesta unidade, permite que sejam utilizadas 
unidades de referência entre estruturas. Estas são aplicadas quando da necessidade de se 
inferir a relação: de cada órgão com o corpo como um todo (holotopia); de um órgão com 
seus vizinhos imediatos (sintopia); de cada órgão com o esqueleto (esqueletopia), 
facilitando a determinação de sua localização em um animal vivo; de partes de um órgão 
com o seu todo (idiotopia) ou entre os diversos tecidos que compõem um órgão 
(histiotopia). 
 
PRINCÍPIOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO DO CORPO DOS VERTEBRADOS 
Em qualquer nível de organização macroscópica e/ou microscópica, observa-se que a 
composição de um órgão ou tecido está intimamente relacionada às funções que estes 
exercem no organismo. Contudo, é inerente ressaltar que a forma adapta-se aos diversos 
estágios fisiológicos, o que permite observar o aspecto dinâmico desta relação. Com isso, a 
análise do corpo dos vertebrados permite inferir que estes são constituídos de diversas 
estruturas de natureza distintas, que se unem para formar as unidades morfológicas. A 
separação destas unidades ocorre à custa dos eixos de construção, através da sobreposição 
Revisnado Conceitos 6 
de um sobre o outro. O corpo dos animais obedece a princípios de construção, que 
constituem-se através da repetição de estruturas sobrepostas ou dispostas seqüencialmente 
na qual podem ser descritos os seguintes princípios: 
ANTIMERIA 
Originados a partir do deslocamento do eixo dorso-ventral ao 
longo do eixo crânio-caudal, constituindo duas unidades morfológicas 
de construção que são homólogas, denominadas de antímeros e que 
aparentemente são iguais (Fig. 4). Contudo, esta simetria tende a ser 
menos acentuada conforme a progressão filogenética (modificações 
evolutivas ou história ancestral) e ontogenética (desenvolvimento 
total do indivíduo). Isto permite observar, nos vertebrados, a 
existência de uma simetria externa ou de massa, que se revela de 
forma aparente, e uma simetria interna ou de construção, que na 
verdade configura uma assimetria interna. Entretanto, o organismo 
tenta compensar esta discordância fazendo com que à medida que 
aumenta a assimetria interna ocorre a acentuação da simetria 
externa. Este mecanismo compensatório é melhor observado no 
aparelho locomotor, onde faz-se necessário o equilíbrio entre a 
constituição e a locomoção do animal, todavia sempre persistirá a 
assimetria externa. 
 
Fig. 4 Antímeros direito e 
esquerdo. 
METAMERIA 
Estas unidades morfológicas 
de construção homólogas são 
originadas da sobreposição do eixo 
dorso-ventral ao longo do eixo látero-
lateral, que se sucedem 
acompanhando o eixo maior do 
animal, sendo separadas 
individualmente por planos 
transversais paralelos e consecutivos, 
denominados metâmeros. Em animais 
primitivos, como os Annelidae, os 
segmentos são quase todos 
semelhantes. 
Nos animais domésticos é melhor identificável na região cervical e tronco, contudo durante 
as fases iniciais do desenvolvimento embrionário são mais evidentes, caracterizando a 
imperfeição destas unidades. Nos vertebrados a metameria não significa uma sucessão 
longitudinal de segmentos morfológicos equivalentes, mas a disposição serial de partes dos 
sistemas orgânicos. 
Fig.5 Sequencia de metâmeros. 
Revisnado Conceitos 7 
PAQUIMERIA 
Unidades morfológicas 
heterólogas, que dividem o 
corpo dos animais em duas 
metades desiguais chamadas 
de paquímeros (Fig. 6). Estas 
originam-se através da 
sobreposição do eixo látero-
lateral sobre o eixo crânio-
caudal, traçando, assim, um 
plano horizontal. 
Outra denominação sugerida a 
paquimeria é de princípio da 
tubulação, que se justifica devido à porção axial do corpo apresentar dois tubos 
longitudinais, que correspondem a: tubo dorsal ou neural, pois aloja o neuroeixo e 
apresenta maior amplitude na extremidade cranial; e o tubo ventral ou esplâncnico, que 
abriga a massa visceral e sua maior amplitude encontra-se na extremidade caudal. 
 
ESTRATIGRAFIA 
Refere-se ao tipo de construção do corpo e de suas partes, desde o nível 
macroscópico até o celular, onde as estruturas se dispõem de forma concêntrica 
constituindo camadas, estratos, telas ou túnicas de um mesmo ou de diferentes tipos 
teciduais, que ao se unirem compõem os órgãos, sistemas e aparelhos. 
 
POLARIDADE 
Permite que sejam identificados dois pólos contrastantes na construção dos 
vertebrados, um polo cranial, que aloja a região cefálica, portanto mais desenvolvido, e 
outro polo caudal, que corresponde as vértebras coccígenas, menos desenvolvido. 
 
SEGMENTAÇÃO 
Baseia-se na distribuição dos elementos vásculo-nervosos, e quando presentes, os 
ductos, canalículos e túbulos relacionados a funcionalidade dos órgãos. Em suma, significa o 
arranjo do corpo dos vertebrados sob a forma de segmentos ou partes, que correspondem a 
territórios independentes no parênquima dos órgãos, que por esta razão podem ser 
separados das demais porções destes. 
 
 
 
 
 
Fig.6 Paquímeros dorsal ou neural (amarelo) e ventral ou 
esplâncnico. 
Revisnado Conceitos 8 
FATORES DE VARIAÇÃO ANATÔMICA 
Em anatomia o conceito de normalidade pode ser diferenciado sob alguns aspectos: 
uma estrutura mais freqüente estatisticamente ou aquela mais adequada para uma 
determinada atividade fisiológica ou, ainda, o indicativo de uma seleção natural. O normal 
constitui um conceito de regularidade, enquanto que os desvios do padrão morfológico são 
considerados como variações, que podem se apresentar sob a forma de um aumento ou 
diminuição ou, ainda, redução de partes ou uma modificação no formato. Entretanto, deve-
se distinguir entre a modificação de uma forma (normal) e a alteração desta (patológica). A 
variabilidade dentro das espécies é o parâmetro principal para o estudo de anatomia, 
apresentando uma grande diferenciação entre os indivíduos, exercendo influência direta 
sobre a holotopia, sintopia, idiotopia e histiotopia, mas mantendo as estruturas normais de 
forma constante. Dentro deste grupo devem ser citados o destarte (ocasião em que se tem 
dificuldade em determinar o padrão típico) e a raridade (quando um padrão ocorre em uma 
pequena parcela da população sem apresentar significância). Um grande desvio do padrão 
normal é chamado de anomalia, geralmente ocasionada por uma alteração ou depreciação 
da função. Uma anomalia grave incompatível com a vida é denominada monstruosidade, 
sendo estudadas na teratologia. 
Os fatores gerais de variação incluem a idade, sexo, raça, biótipo, evolução, fatores 
nutricionais, estado e adaptação funcional. A idade constitui, não somente, as diferenças 
entre um animal recém-nascido e um adulto, mas também as modificações que um 
organismo sofre durante toda a sua vida. Algumas variações decorrentes da idade são bem 
conhecidas e muito evidentes. O dimorfismo sexual é reconhecível em todas as espécies, 
onde caracteres e diferençassexuais secundárias estão presentes em outros órgãos, além 
das observadas no aparelho urogenital. Genericamente, raça é o conjunto de indivíduos com 
caracteres semelhantes, tanto morfológica quanto fisiologicamente. Todavia, é necessário 
salientar que dentro deste parâmetro não são consideradas as variações individuais, mas o 
conjunto onde são agrupadas a maior parte dos caracteres considerados. O biótipo refere-se 
às características pertinentes aos atributos físicos do corpo, considerando sua 
proporcionalidade e as tendências do indivíduo. A construção física do corpo é determinada 
pela herança genética (genótipo) e através da influência exercida pelo meio ambiente sobre 
este, o que irá constituir o fenótipo. Contudo, as espécies passaram por muitas modificações 
durante séculos de existência. A necessidade de adaptação frente à oferta de alimento, as 
influências exercidas pelas variações geoclimatológicas, a necessidade de defesa ou de 
demarcação do território, a presença do homem e a domesticação determinaram a 
modificação gradual e, em muitos casos, permanente de muitas características. 
 
 
 
2. Anatomia Animal Aplicada 
CONTEXTO DA ANATOMIA APLICADA 
No estudo da Anatomia Animal Aplicada são consideradas as relações gerais dos 
órgãos que constituem cada região do corpo dos vertebrados, com especial atenção aos 
vertebrados domésticos. Neste sentido, difere-se das Anatomias Sistêmica e Descritiva por 
considerar as peculiaridades presentes nas relações entre as partes ou porções dos sistemas 
orgânicos que constituem cada região do corpo. 
 Nesta modalidade de estudo, destaca-se o caráter aplicativo dos conhecimentos 
anatômicos por permitir relacionar a constituição normal do indivíduo com alterações 
observadas na patologia ou na clínica médica. Desta forma ela oferece subsídios importantes 
para que o Médico Veterinário possa estudar os métodos de exame clínico e pesquisar os 
sintomas que permitem estabelecer o diagnóstico e o prognóstico de uma doença 
(Semiologia), bem como na prática de uma perfeita intervenção cirúrgica. Com isso, torna-se 
mais pertinente denominá-la Anatomia Aplicada e não somente Anatomia Topográfica, pois 
esta modalidade fornece informações que extrapolam o cunho puramente topográfico, mas 
também dados anatômicos que possuam aplicação prática na Medicina Veterinária. 
 Apesar de possuir um cunho essencialmente prático, a Anatomia Aplicada não pode 
deixar de considerar alguns fatores que interferem no estudo das regiões corporais do 
animal, tais como: sexo (a distribuição de tecido adiposo é diferenciada entre o macho e a 
fêmea em determinadas regiões); faixa etária (a transcorrência da idade nos animais 
determina modificações que passam pelo grande volume hepático no neonato e a involução 
do timo, que no animal adulto pode ser vestigial); espécie e raça (as espécies domésticas 
apresentam peculiaridades que ultrapassam as diferenças externas, onde pode-se observar 
a topografia da medula espinal cujo ápice se encontra no nível de L6-7 no cão, S1 nos 
ruminantes, S1-2 no suíno; S2 no equino e L7 ou S3 no gato); tipo morfológico (manifestação 
da constituição feno-genotípica do animal, maiores considerações serão abordadas em 
capítulo específico) e variações e anomalias anatômicas (são observadas em decorrência de 
distúrbios hereditários e/ou embriológicos que imprimem modificações no arranjo das 
estruturas anatômicas de uma região e que podem culminar em alterações funcionais e 
topográficas). Ainda, é importante considerar fatores inerentes à individualidade de cada 
ser vivo, bem como outros que estão vinculados aos estados fisiológico (diferenças entre 
uma fêmea nulípara e uma multípara) e nutricional ou as modificações impostas na 
adaptação funcional (um equino esportista frente um de passeio) ou nos estados 
patológicos (aumento de volume de um órgão, como o que ocorre no baço na 
esplenomegalia). 
Assim, pode-se verificar que seu estudo está embasado no conhecimento prévio das 
relações de holotopia, sintopia, esqueletopia, idiotopia e histiotopia que norteiam a 
construção do corpo dos vertebrados. Contudo, estes obedecem, essencialmente, aos 
planos de construção do corpo dos vertebrados, que são a antimeria, a metameria, a 
Anatomia Animal Aplicada 10 
paquimeria e estratigrafia. Estas relações podem ser determinadas por meio da dissecação, 
contudo outros métodos para a exploração ou estudo da anatomia podem ser utilizados, tais 
como a inspeção (que pode ser externa, também denominada ectoscopia, ou interna, 
também chamada endoscopia); palpação; percussão e auscultação (que considera as áreas 
de projeção topográfica dos órgãos nas paredes corpóreas); mensuração e imaginologia 
(utilizando os métodos de diagnóstico por imagem para determinar alterações ou o 
posicionamento dos órgãos). 
 
ASPECTOS APLICADOS DA CONSTRUÇÃO DO CORPO DOS VERTEBRADOS 
A antimeria revela variações sutis (mais observadas externamente) ou acentuadas 
(predominância no interior do corpo), que traduzem assimetrias normais (externas e 
internas: tamanho (dimensões do ovário e testículo direito são ligeiramente maiores que no 
lado esquerdo; forma (forma diferente do pulmão direito e esquerdo); posição (os rins 
direito e esquerdo estão em posição diferentes) e forma e posição (rins direito e esquerdo 
do equino). Nos órgãos ímpares observam-se sempre as assimetrias normais de posição e 
tamanho associadas. Estas assimetrias são determinadas por crescimento desigual ou 
independência entre órgãos pares, e por deslocamentos ou interdependências entre órgãos 
ímpares) e assimetrias anormais (quando se observa uma perturbação na assimetria 
normal, principalmente relativo à forma e posição, podendo ser uma inversão morfológica 
(alteração da forma) ou uma distopia (alterações de posição, que são transposição (parada 
no deslocamento normal do órgão, i.e. alça intestinal), inversão (deslocamento no sentido 
inverso, i.e. alça intestinal) e assimetria interna total (onde o órgão desloca-se para o 
antímero oposto, formando uma imagem especular ou situs viscerum inversus)). As 
assimetrias mais marcantes são aquelas observadas na face (a linha que passa entre as 
fendas palpebrais não é paralela a que passa pelas comissuras labiais, no entanto elas são 
mais divergentes no lado direito da face, por este ser ligeiramente maior que o esquerdo); 
nos membros (a assimetria é cruzada, o membro torácico direito é mais desenvolvido, 
enquanto que no pélvico o esquerdo é mais desenvolvido); tronco (quando visto 
cranialmente predomina o antímero direito, no entanto dorsalmente predomina o direito); 
cornos (estão inseridos em linhas diferentes); cavidades orbitárias e biomecânicas (ocorrem 
deslocamentos diferentes entre os membros de um lado em relação com o outro e 
contralateralmente). Como resultado, pode-se observar a predominância de um antímero 
sobre o outro no desempenho de atividades cotidianas, como a locomoção. 
A metameria na construção do corpo dos vertebrados não representa uma sucessão 
longitudinal de segmentos morfológicos equivalentes, mas somente a disposição seriada dos 
diferentes sistemas orgânicos. Os metâmeros são unidades homólogas, que 
estruturalmente são denominadas hemodinamias e que traduzem a semelhança de origem 
entre dois órgãos de seres vivos de espécies diferentes (a cauda de um macaco e de um 
cão). Entretanto, estas estruturas supracitadas não podem ser contextualizadas como 
análogas, pois desempenham funções diferentes. Assim, órgãos ou estruturas anatômicas 
análogas são aqueles que desempenham a mesma função em indivíduos de espécies 
Anatomia Animal Aplicada 11 
diferentes (asas de uma ave, um morcego e um inseto). Com isso,define-se que uma 
estrutura pode ser homóloga sem ser análoga. Contudo, possuem similaridades na sua 
estrutura óssea, muscular e vásculo-nervosa. 
A complexidade que caracteriza a evolução das espécies animais fez com que os 
segmentos metaméricos homólogos se diferenciassem em segmentos heterólogos 
imperfeitos. A perfeita metameria na construção do corpo dos vertebrados pode ser 
observada durante o desenvolvimento embriológico inicial, permitindo desta forma 
recuperar a filogênese (para maiores detalhes consultar bibliografia sobre filogenia e 
embriologia). Considerando a filogênese e a ontogênese dos vertebrados, observa-se nas 
primeiras fases do desenvolvimento a disposição segmentar principalmente no segmento 
dorsal do folheto dorsal mesodérmico (somitos). Nestes, forma-se uma cavidade central 
transitória, cuja proliferação celular diferencia-se no mesênquima, onde uma parte formará 
o esclerótomo, que origina o esqueleto axial e as porções remanescentes formarão duas 
lâminas que correspondem ao miótomo (lâmina interna muscular) e dermátomo (lâmina 
externa cutânea). Entretanto, no indivíduo adulto a segmentação observada na coluna 
vertebral é secundária, pois, devido a necessidades mecânicas, cada vértebra é formada 
pela união de um segmento caudal com um segmento cranial do esclerótomo primitivo. No 
sistema vascular a metameria é observada apenas nas artérias intercostais e lombares do 
tronco, enquanto que as artérias viscerais perdem este padrão por desaparecimento ou 
atrofia de muitos vasos em decorrência do desenvolvimento visceral. A segmentação 
metamérica do sistema nervoso parece existir na disposição segmentar transitória que se 
manifesta por dilatações sucessivas da parede do tubo neural (neurômeros), dorsalmente 
ao sulco limitante (lâmina alar), contudo é mais evidente na medula espinal (Fig. 7), bem 
como nas raízes dos nervos espinais (Fig. 8). No tocante às vísceras, algumas destas, perdem 
o padrão segmentar durante o seu desenvolvimento, ficando impossível a sua identificação 
no órgão maduro (i.e. cérebro, rins e pulmões). Porém, devido ao desenvolvimento orgânico 
e a concentração de funções associadas, os segmentos corporais tornaram-se desiguais e a 
sua delimitação em unidades fundamentais foi eliminada em vários locais. 
 
 
Fig. 7 Segmentação metamérica observada na medula espinhal. FONTE: König HE, Liebich HJ. Anatomia dos 
Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
Anatomia Animal Aplicada 12 
 
Fig. 8 Segmentação metamérica observada nos nervos espinais torácicos em indivíduos adultos. FONTE: König 
HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
 
No organismo adulto pode-se determinar a segmentação primária por meio da 
dissecação do sistema nervoso periférico, que evidenciará a segmentação orgânica 
considerando que a distribuição da raiz de cada nervo (neurótomo) corresponde a um 
determinado segmento corpóreo 
(miótomo, esclerótomo, dermátomo 
e visceral). Na pele a metameria é 
oculta, podendo ser observada pela 
distribuição das raízes nervosas que 
formam territórios (dermatômeros, 
Fig. 9) que recebem fibras de uma 
determinada raiz e que se distribuem 
no tronco em faixas transversas ou 
horizontais paralelamente ao eixo 
longitudinal do tronco (coluna 
vertebral). A distribuição dos 
dermatômeros não é perfeita, pois 
sobre a linha mediana (dorsal e 
ventral e craniocaudalmente) ocorre 
sobreposição de territórios, ficando 
apenas o centro do dermatômero 
como exclusivo de uma única raiz. 
Nos membros estes territórios estão 
distribuídos em faixas longitudinais ou levemente espiraladas, porém, devido ao 
alongamento dos membros, alguns dos dermatômeros perdem o contato com o seu 
correspondente no tronco. É possível identificar as áreas cutâneas de inervação radicular 
por meio de exame clínico ou experimental por meio da estimulação da sensibilidade 
Fig. 9 Distribuição dos dermatômeros no homem. 
Anatomia Animal Aplicada 13 
cutânea. Anatomicamente, no animal vivo, pode-se determinar apenas o território 
subcutâneo de uma raiz, contudo há grande concordância entre a inervação subcutânea e o 
dermatômero, principalmente no tronco. Já nos membros a identificação dos dermatômeros 
é prejudicada pelo entrelaçamento das raízes nervosas, que formam o plexo braquial e 
lombossacral, responsáveis pela inervação dos mesmos, constituindo territórios mistos de 
inervação. 
No sistema muscular, a segmentação metamérica é observada nos músculos 
profundos do dorso, nos intercostais e no músculo reto abdominal que conservam sua 
relação metamérica com apenas uma raiz nervosa, enquanto que os demais músculos do 
corpo, por resultarem da fusão de vários miótomos, possuem inervação mista formada por 
diferentes raízes, resultando em uma metameria oculta que pode ser identificável pelo 
estudo da inervação radicular (para maiores informações consulte bibliografia referente à 
marcação retrógrada e anterógrada de 
raízes nervosas). Todavia, as fibras de 
uma raiz nervosa se distribuem e se 
espalham entre as fibras musculares, não 
ocupando uma área delimitada do 
músculo, mas considerando o miótomo 
de origem daquela porção. Este fato 
explica como uma lesão nervosa 
radicular pode comprometer músculos 
localizados próximos ou distantes ou 
apenas resultar em uma paralisia parcial 
de um músculo por lesões de células 
radiculares específicas. A segmentação 
muscular com base na inervação 
considera o campo radicular motor 
(território inervado por uma única raiz 
ventral, Fig. 10) de cada músculo, 
permitindo identificar músculos 
unirradiculares (i.e. músculo 
subescapular inervado pelo nervo de 
mesmo nome que se origina na sexta raiz 
cervical, C6) e plurirradiculares (músculos 
extensores da articulação cúbita, carpo e 
dígito todos inervados pelo nervo radial 
que surge da confluência de C7-8 e T1-2). 
 
 Fig. 10 Campo radicular motor do reflexo patelar. FONTE: 
Lent R. Cem Bilhões de Neurônios. Atheneu, Rio de 
Janeiro, 2 ed, 2010. 
Anatomia Animal Aplicada 14 
O sistema nervoso autônomo permite 
estabelecer uma segmentação visceral (Fig. 11), apesar 
da complexidade de organização deste sistema. Na 
inervação visceral, fibras eferentes procedem de centros 
vegetativos do neuro-eixo por meio dos nervos cérebro-
espinais e realizam sinapse com neurônios localizados 
em gânglios viscerais dispostos em três níveis (pára-
vertebrais (cadeia simpática), pré-vertebrais (gânglios 
celíaco, mesentéricos cranial e caudal e pélvico) e 
intramurais (plexos mientérico e submucoso)). Todavia, 
esta complexidade de interconexões dificulta a exata 
identificação de cada segmento visceral (enterômeros). 
 
Apesar da imperfeição, a metameria facilita a compreensão topográfica definitiva e 
as relações dos órgãos e sistemas através de seus 
deslocamentos longitudinais, observado 
especialmente no desenvolvimento dos tubos neural 
e esplâncnico. Ainda, permite interpretar vários 
aspectos clínicos e cirúrgicos importantes na prática 
veterinária. A topografia da medula espinal varia no 
feto e no indivíduo maduro, seu crescimento, 
inicialmente, é contínuo com o da coluna vertebral, 
ficando mais lento e abandonando a sintopia com os 
segmentos mais caudais da coluna (Fig. 12). Com isto, 
infere-se que a medula termina ao nível de L6 ou L7 
no cão, S1 nos ruminantes, S2 no equino, L7 ou S2 no 
gato, considerando o tipo morfológico e o sexo, e que 
os nervos espinais oriundos destes segmentos 
percorrem um determinado trajeto no interior do 
canal vertebral antes de emergirem no seu forame 
intervertebral de correspondência,à exceção dos nervos espinais cervi 
cais cujo trajeto é curto. Outro ponto derivado desta dis 
topia é a correlação entre os centros de controle medu 
lar viscerais estar, muitas vezes, localizados cranialmen 
te ao seu alvo visceral (o centro nervoso de controle da 
musculatura abdominal ventral está localizado entre T3 
 e T10). Ambos os fatores permitem a interpretação e a 
determinação perfeita localização topográfica de lesões 
medulares ou de raízes nervosas. 
 
A disposição dos dermatômeros é uma importante ferramenta na interpretação de 
perturbações de sensibilidade por lesões em raízes ou troncos nervosos (i.e. na retículo-
Fig. 11 Segmentação visceral. 
Fig. 12 Secção mediana do canal vertebral 
e medula espinhal felino doméstico (A), 
canino (B), suíno (C), bovino (D), equino 
(E). O espaço interarqueado lombosacro é 
indicado pela seta. Observe a diferença 
na estensão caudal da medula espinhal 
entre as diferentes espécies. A extensão 
delgada da medula espinhal é o filamento 
terminal, que termina nas vértebras 
coccígeas. FONTE: Dyce KM, Sack WO, 
WENSING CJG. Tratado de Anatomia 
Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
Anatomia Animal Aplicada 15 
pericardite-traumática bovina, onde corpos estranhos perfuram o retículo, diafragma e o 
coração). Ainda, a sensibilidade visceral (reflexo víscero-cutâneo) é conduzida por fibras 
nervosas aferentes que se relacionam com fibras de nervos somáticos, explicando o 
fenômeno da dor referida na zona cutânea inervada pelo mesmo tronco ou nervo (i.e. as 
estruturas perfuradas na doença acima citada provoca hipersensibilidade na região cervical 
dorsal (cernelha)). A observação destas alterações de sensibilidade cutânea relacionadas a 
moléstias viscerais ou internas podem conduzir a um diagnóstico mais preciso e assertivo na 
rotina clínica. Contudo, é importante ressaltar que, geralmente, a sensibilidade cutânea é 
observada em uma região mais dorsal do que o posicionamento do órgão lesionado, devido 
à posição mais ventral das vísceras. A dor referida também pode ser determinada pela 
relação entre a inervação visceral e muscular, ambas as estruturas são inervadas pelas 
raízes motoras dos nervos espinais que pode transmitir, via o arco reflexo medular (Fig. 10), 
a sensibilidade de um órgão e desta forma provocar a contratura muscular. 
Na paquimeria observa-se a divisão do corpo dos animais em dois tubos distintos e 
desiguais: dorsal ou neural e o ventral ou esplâncnico, ambos possuem um eixo esquelético 
comum que envia prolongamentos ósseos que entram na construção da parede de cada 
tubo. Assim, o tronco se apresenta constituído pela justaposição de dois tubos (neural e 
esplâncnico), um diante do outro e que se encontram envolvidos por um terceiro tubo 
comum, representado pelos planos superficiais do corpo (pele e tela subcutânea). O tubo 
ventral emite os quatro apêndices corporais, os membros torácicos e pélvicos, que são 
inervados pelos ramos colaterais e terminais dos plexos nervosos constituídos pelo 
entrelaçamento dos ramos ventrais dos nervos espinais. 
O corpo dos vertebrados é construído estratigraficamente, ou seja, pela sobreposição 
de camadas do mesmo tecido ou de tecidos diferentes. A estratigrafia pode ser observada 
em segmentos corporais ou em órgãos distintos, correspondendo a histiotopia na 
organização das vísceras corporais. A estratigrafia é mais bem compreendida quando 
estudada em órgãos cavitários ou tubulares (i.e. esôfago, estômago ou vaso sanguíneo). 
Nestes órgãos são observadas uma série de túnicas que se dispõem concentricamente, a 
saber: mucosa (mais interna, voltada para luz do órgão, sendo composta por uma lâmina 
epitelial, lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo e uma muscular da mucosa, de caráter 
facultativo); submucosa (tecido conjuntivo denso irregular que pode alojar glândulas, vasos 
sanguíneos e linfáticos além de nervos e estruturas do sistema imune); muscular 
(constituída de músculo liso ou estriado esquelético, que pode apresentar-se dispostas em 
camadas circular, oblíqua e/ou longitudinal) e serosa ou adventícia (para maiores detalhes 
consultar sobre organologia em bibliografia de Histologia). A estratigrafia apesar de pouco 
evidente também pode ser observada em órgãos parenquimatosos, como o pâncreas e o 
fígado, no indivíduo adulto, porém é mais evidente durante o desenvolvimento 
embriológico. 
A estratigrafia na construção do corpo dos animais pode ser identificada na 
construção das diferentes regiões corpóreas, como a observada na parede ventral do 
abdômen (região da bainha do músculo reto abdominal, Fig. 13) na qual estão presentes: 
pele ou cútis (composta pela epiderme e dermes papilar e reticular), tela subcutânea ou 
Anatomia Animal Aplicada 16 
hipoderme (constituída pelos estratos areolar ou superficial, fáscia subcutânea ou fascia 
superficialis e lamelar), fáscia muscular, a muscular (composta pelos músculos abdominais: 
oblíquo abdominal externo e interno e transverso abdominal, cujas aponeuroses revestem o 
músculo reto abdominal), a fáscia transversa, a fáscia profunda do tronco e o peritônio 
parietal. Entretanto, em outras regiões esta estratigrafia não se apresenta de forma tão 
evidente, como a que ocorre no tubo dorsal do tronco, onde as sucessivas camadas 
musculares se alternam com outras estruturas anatômicas. Nesta região é possível visualizar, 
por meio de uma dissecação cuidadosa: a pele, a tela subcutânea, a fáscia muscular, a 
musculatura esquelética (disposta em várias camadas), o plano ósteo-articular (constituído 
pelos arcos vertebrais e ligamentos que fecham o canal vertebral), a dura-máter e a 
leptomeninge (aracnóide e pia-máter). Se considerarmos a medula espinal como integrante 
deste plano estratigráfico, esta apresenta a substância branca externamente, a substância 
cinzenta e o canal central revestido pelo epitélio ependimário. Assim, pode-se observar que 
a construção estratigráfica está presente em todo o organismo, embora muitas vezes sua 
organização possa ser pouco evidente devido à ausência de uma camada ou pelo grande 
desenvolvimento de outra em certos órgãos ou regiões. Esta premissa é de grande 
importância no estudo anátomo-topográfico ou da anatomia aplicada por permitir a 
identificação das camadas presentes em uma região ou órgão e, desta forma, contribuir 
amplamente com as abordagens clínicas ou cirúrgicas a serem utilizadas no cotidiano 
profissional. 
 
 
Fig. 13 Representação esquemática da estratigrafia da parede abdominal ventral em corte transversal. FONTE: 
König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
 
 
 
 
Túnica serosa 
Fáscia transversa 
Fáscia profunda do 
tronco 
Fáscia superficial do 
tronco 
Pele 
Linha alba 
M. intercostal interno 
M. intercostal externo 
Costela 
M. transveso abdome 
M. oblíquo abdominal 
interno 
M. oblíquo abdominal 
externo 
M. reto abdominal 
 
3. Generalidades Constituintes Regiões Corporais 
CAMADAS E REGIÕES SUPERFICIAIS 
PELE E ANEXOS CUTÂNEOS 
As camadas superficiais do corpo são constituídas pela pele (cútis), anexos cutâneos 
(pelos, glândulas cutâneas e mamária, órgão digital (coxins digitais, unha, garra e cápsula 
da úngula) e corno ou chifre), tela subcutânea e bolsas sinoviais, que conjuntamente 
constituem o sistema tegumentar. Sua função primordial é proteger o organismo contra 
agentes físicos (radiação, calor e frio), químicos (água e agentes corrosivos) e biológicos 
(ectoparasitas, bactérias e fungos), além de atuar na termorregulação por constituir um 
importante meio de dispersão calórica e de evaporação do suor. 
A pele é composta da epiderme (camada superficialconstituída por um epitélio 
estratificado pavimentoso queratinizado) 
e da derme (camada formada por tecido 
conjuntivo frouxo e denso irregular, 
dispostos em dois estratos o papilar, junto 
ao epitélio, e reticular, mais profundo e 
amplamente vascularizado e inervado). A 
organização da epiderme permite que 
sejam identificados dois tipos de pele 
recobrindo o corpo, a pele fina e a 
espessa, além do chamado complexo 
orgânico da epiderme, constituído por 
pelos, glândulas sebáceas e sudoríparas 
(para maiores detalhes consulte 
bibliografia de histologia veterinária). Em 
locais em que um estresse mecânico é 
exercido sobre a pele pode-se observar a 
presença de cristas epidérmicas 
associadas a papilas dérmicas muito 
altas, esta união entre as duas camadas é 
reforçada pela presença de 
hemidesmossomos e junções de aderência 
focal, que constituem o mecanismo de 
coesão derme-epidérmico (Fig. 14). 
 
 
 
 
Fig. 14 Mecanismo de coesão derme-epidérmico. FONTE: 
König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. 
Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011 & Nickel R, Schummer 
A, Seiferle E. Anatomy of the domestic animals. Parey, 
Berlin, 1977. 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 18 
Outra característica 
importante da pele é a sua 
elasticidade (Fig. 15), que permite 
os movimentos do corpo estando 
distendida na sua capacidade 
máxima, tanto que se retrai 
quando em processo de 
cicatrização por continuidade. 
Esta capacidade é de importância 
cirúrgica, pois interfere na sua 
ressecção. Ao se realizar a secção 
de pele deve-se considerar que 
ocorre uma retração de 1/3 
imediatamente e que se tem de 
fazer um retalho três vezes maior 
que a área da incisão. A elasticidade é determinada pela disposição das fibras conjuntivas e 
elásticas da derme, que apresentam um padrão de distribuição em cada região do corpo, 
indicando a direção de menor distensibilidade (de maior resistência da pele à tração), isto 
faz com que uma secção circular da pele resulte em uma fenda. No animal jovem estas 
linhas de fenda são orientadas circularmente ou em espiral, enquanto que no adulto 
podem ser transversais no tronco e longitudinal nos membros, com algumas modificações 
sobre as articulações. Na prática cirúrgica deve ser lembrado que a direção da elasticidade 
da pele é o primeiro fator a ser considerado no momento da incisão, salvo exceções 
quando outros fatores técnicos interfiram neste processo. É importante ter em mente que 
uma incisão perpendicular às linhas de elasticidade dificultarão o processo cicatricial, por 
provocar o afastamento das bordas, enquanto que a incisão paralela aos feixes conjuntivo-
elásticos facilita a cicatrização por ter tendência a aproximar as bordas. 
Além da organização dos feixes conjuntivo-elásticos, devem ser consideradas a 
vascularização (sanguínea e linfática) e a inervação da pele. A epiderme é avascular, 
recebendo vascularização das redes arteriais dérmica (subpapilar e cutânea) e subcutânea 
que drenam para os plexos venosos coriais, subpapilares (superficial e profundo) e 
profundo da derme. A drenagem linfática inicia nos seios linfáticos, rede linfocapilar 
profunda da pele que direcionam a linfa aos linfonodos tributários. A inervação da pele 
inclui fibras simpáticas e sensoriais (plexo nervoso subcutâneo da derme e da tela 
subcutânea, corpúsculos nervosos: pressão, tato e vibração, temperatura e dor). 
 
Tela subcutânea (Hipoderme) 
Abaixo da pele encontra-se a hipoderme ou tela subcutânea, representada por 
tecido conjuntivo fibrilar frouxo, trabeculado (aréolas) e com depósitos de tecido adiposo. 
A espessura varia com o grau de infiltração adiposa, sendo muito fina nas pálpebras e 
muito espessa nas áreas de grandes depósitos adiposos, contudo sua espessura é 
dependente do estado nutricional, idade, indivíduos mais velhos à tendência de aumentar, 
Fig. 15 Distribuição das fibras elásticas nas regiões corpóreas. 
FONTE: Nickel R, Schummer A, Seiferle E. Anatomy of the 
domestic animals. Parey, Berlin, 1977. 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 19 
e sexo. Algumas regiões sempre apresentam uma tela espessa, independente do 
emagrecimento ou estado fisiológico, como por exemplo, na região glútea. Nestas regiões a 
tela, além da ação protetora contra a dispersão calórica, atua protegendo as formações 
profundas contra pressão ou abrasão mecânica, por esta razão, quando estas áreas são 
incididas, ocorre herniação do tecido adiposo por perda da pressão. 
A tela está organizada em 
três camadas (Fig. 16): 
superficial ou areolar ou 
panículo adiposo (rica em tecido 
adiposo, sendo o último depósito 
de gordura a ser queimado, com 
adipócitos acompanhando as 
linhas de fenda, aloja a 
musculatura sexual (por 
exemplo, o músculo dartus), 
dificultando a propagação de 
líquidos (formação de acúmulos 
tencionando as terminações 
nervosas: dor); média: fáscia superficial ou subcutânea, duas lâminas de tecido fibroso, 
variável conforme a região: espessa ou delgada, músculo cutâneo (entre as duas lâminas); e 
profunda: lamelar, pode conter tecido adiposo; permite a mobilidade da pele, na ausência a 
pele é fixa (face palmar e plantar dos membros), permite a propagação de líquidos 
(medicamentos)). 
 
BOLSAS SINOVIAIS 
Constituem lacunas 
presentes na tela subcutânea 
que se orientam 
paralelamente à superfície 
cutânea. Estas bolsas são 
delimitadas por uma cápsula 
de tecido conjuntivo, de 
aspecto liso e uniforme, cuja 
cavidade pode ser atravessada 
por trabéculas conjuntivas 
que permitem a travessia de 
feixes vásculo-nervosos de 
pequeno calibre. A presença das trabéculas pode ser devido ao desgaste imposto pelo atrito 
a que estão constantemente expostas. No interior das bolsas está presente um líquido 
semelhante à sinóvia. As bolsas (Fig. 17) estão localizadas junto às saliências ósseas ou 
cartilaginosas, representando estruturas anatômicas normais do indivíduo ou ocasionadas 
pela utilização ou, ainda, em decorrência de lesões ósseas (calo ósseo) e amputações. Em 
Fig. 16 Organização da tela subcutânea. FONTE: DONE SH. Atlas 
colorido de anatomia do cão e gato. Manole, São Paulo, 2002. 
Fig. 17 Bolsa (1) e bainha (2) sinoviais. FONTE: Banks WJ. 
Histologia Veterinária Aplicada. Manole, São Paulo, 2 ed, 1998. 
1 
2 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 20 
locais submetidos a grandes atritos ou forças mecânicas, as bolsas podem envolver 
estruturas anatômicas constituindo uma bainha sinovial, tal qual as observadas junto aos 
tendões flexores dos dígitos. Quando inflamadas constituem as bursites e o excesso de 
líquido no seu interior constituem os higromas. 
 
SINTOPIA GERAL DOS ÓRGÃOS 
Como referido anteriormente, os órgãos que constituem o corpo mantém uma 
relação estreita com os seus vizinhos próximos (sintopia). Este conceito de construção pode 
ser observado, mais atentamente, em cada sistema ou aparelho com as suas devidas 
peculiaridades, ou víscera a víscera individualmente. 
 
SINTOPIA ÓSSEA 
No sistema esquelético devem ser observadas, primeiramente, as relações que se 
estabelecem entre cada peça óssea, pontuando as diferentes formas de articulações que as 
comunicam. Em uma visão simplista podemos observar que cada osso apresenta 
peculiaridades articulares geradas a partir de sua forma anatômica, assim: ossos longos 
tendem a se articularem por suas extremidades, enquanto ossos planos ligam-se por suas 
margens e os ossos curtos por suas faces. Contudo, há de se pontuar exceções a essa regra, 
tal qual acontece entre o osso coxal que se articula por sua face lateral com o fêmur oua 
articulação entre os processos articulares das vértebras. 
Morfologicamente, existem dois tipos básicos de 
articulações: por continuidade e por contiguidade. O 
primeiro tipo congrega as articulações na qual os ossos se 
encontram unido por um tecido que varia entre 
conjuntivo fibroso ou cartilagem hialina ou 
fibrocartilagíneo que se interpõe entre eles. As 
articulações fibrosas podem ser sindesmoses (união por 
tecido fibroso entre ossos localizados a certa distância, 
como a que ocorre entre os processos espinhosos das 
vértebras pelo ligamento interespinhoso ou a que ocorre 
entre o corpo do rádio e a ulna pela membrana interóssea 
antebraquial) ou suturas (união que lembra os pontos 
realizados por uma máquina de costura). Estas duas 
formas de articulação fibrosa podem ser acometidos por 
um processo fisiológico de ossificação, denominado 
sinostose. As suturas (Fig. 18) incluem um grupo de 
junturas que se diferenciam conforme o encaixe das 
peças ósseas, sendo classificadas como: serrata ou 
serreada (margens ósseas constituem dentículos que se 
encaixam em zig-zag, como a que ocorre entre os ossos 
Fig. 18 Esquematização de uma 
sutura. FONTE: Sobotta J. Atlas de 
Anatomia Humana. Guanabara 
Koogan, Rio de janeiro, 23 ed, 2013. 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 21 
lacrimal e zigomático); escamada ou escamosa (margens ósseas em forma de bisel, como a 
que ocorre entre o osso parietal e a porção escamosa do osso temporal); plana (margens 
lisas entre os ossos, como o observado entre os processos palatinos do osso maxilar); 
foleada ou folhosa (margens ósseas que se articulam como folhas de dois livros 
entremeadas, como a encontrada entre o osso frontal e nasal do suíno); esquindilese (um 
osso forma um canal onde outro osso se encaixa, sendo observada na união entre o osso 
etmoide, o septo nasal e a calha do vômer) e a gonfose (um osso se implanta em cunha 
sobre outro osso, como a implantação dos dentes nos alvéolos dentários dos ossos maxilar e 
mandíbula). As articulações cartilaginosas ou cartilagíneas ocorrem de duas formas: 
sincondrose (a cartilagem é do tipo hialina que se dispõe de maneira intraóssea, como 
observado entre o osso basoesfenóide e o pré-esfenóide, ou de maneira interóssea, como a 
encontrada entre as esternébras e as cartilagens costais das costelas esternais) e sínfise (o 
tecido interposto é do tipo fibrocartilagíneo, como a união entre as esternébras do esterno, 
as sínfises pélvica ou mentoniana). 
Nas articulações por contiguidade (Fig. 19) as superfícies articulares dos ossos são 
recobertas por cartilagem hialina (cartilagem articular) e encontram-se justapostas, 
permitindo que se estabeleça uma fenda ou cavidade articular. A cavidade articular é 
delimitada por uma cápsula de tecido conjuntivo denso externamente e pelo estrato 
sinovial internamente, que produz um líquido lubrificante e nutridor da articulação 
chamada sinóvia. Além da cápsula, existem cintas de tecido conjuntivo fibroelástico, que 
auxiliam na ligação dos ossos e na estabilização da articulação, que são os ligamentos, que 
podem ser capsulares (fazendo parte da parede externa da cápsula, como os ligamentos 
gleno-umerais da 
articulação do 
úmero), 
extracapsulares 
(externamente à 
parede da 
cápsula, 
ligamentos 
colaterais társicos 
longo e breve) e 
intracapsulares 
(interiormente à 
parede da 
cápsula e nem 
sempre ligados à 
ela, como os ligamentos cruzados da articulação fêmoro-tibial). Existem várias categorias de 
articulações por contiguidade ou sinoviais, estas podem ser simples (quando constituídas 
por dois ossos, por exemplo, articulação do úmero, deste osso com a escápula) ou 
compostas (mais de dois ossos, como a que ocorre entre o úmero, rádio e ulna na 
articulação cúbita); e congruentes (quando o encaixe entre as superfícies articulares é 
Fig. 19 Representação de uma articulação sinovial. FONTE: König HE, Liebich HJ. 
Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
Epífise distal 
Cápsula articular: 
membrana sinovial 
Cápsula articular: 
membrana fibrosa 
Cavidade articular 
Sinovia 
Cartilagem articular 
Epífise proximal 
Ligamento extra-capsular 
 
Ligamento extra-capsular 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 22 
perfeito) ou incongruentes (quando estruturas acessórias (lábio, orla, disco e menisco) 
estão presentes com a finalidade de permitir o encaixe perfeito entre as superfícies 
articulares). 
A forma da 
superfície articular permite 
que as articulações sejam 
classificadas como (Fig. 
20): esferóide (segmentos 
menores que meia esfera, 
como o observado na 
articulação entre a 
cavidade glenóide da 
escápula e a cabeça do 
úmero ou segmentos 
maiores que meia esfera 
como a encontrada na 
articulação entre o 
acetábulo e seu lábio 
acetabular (cartilagem) do 
coxal e a cabeça do 
fêmur);condilar (segmento 
em forma de cilindro, 
como o observado na 
articulação entre os 
côndilos do fêmur e da tíbia); 
selar (superfície côncava se 
encaixa em outra convexa 
e vice-versa, como a que 
ocorre entre as falanges proximal e média); troclear (superfície representada por um 
segmento de cilindro escavado por sulco que se encaixa em uma crista, como na articulação 
entre a tróclea do úmero e a superfície articular do rádio ou a articulação entre o tálus com a 
extremidade distal da tíbia); trocóide (superfície em formato de pivô que se aloja em outro 
segmento escavado, articulação do processo odontóide do atlas com a cavidade articular do 
atlas); plana (superfícies lisas ou planas, como a articulação entre os processos articulares 
das vértebras) e elipsoide (superfície convexa e ovoide que se encaixa em outra côncava, 
como a articulação entre os côndilos do occipital e a cavidade articular do atlas). As 
articulações sinoviais permitem a realização de movimentos (Fig. 21) que podem ser 
realizados com o deslocamento dos ossos sobre seus eixos anatômicos, podendo ser: 
monoaxial (articulações que realizam deslocamento em um só eixo, como a articulação 
cúbita que permite apenas os movimentos de flexão e extensão) ou multiaxial (permitindo 
movimentos em todos os eixos, como a articulação coxal, que permite movimentos de 
flexão e extensão, abdução e adução e rotação). 
Fig. 20 Representação da classificação das articulações por contiguidade 
conforme a superfície articular. FONTE: König HE, Liebich HJ. Anatomia 
dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
Articulação 
plana 
Articulações condilares Articulações trocleares 
Articulação 
trocóide Articulação selar 
Articulação 
esferóide 
Articulação 
elipsóide 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 23 
 
Fig. 21 A Movimentos dos membros ilustrado por fêmures caninos, 1 adução, 2 abdução, 3 circundação, 4 
rotação medial, 5 rotação lateral. B Extremidade distal do membro torácico do equino, articulação cárpica 
flexionada (1) e extendida (2), articulação metacarpofalangeana flexionada (3) e extendida (4) e hiperestendida 
(5). FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
 
Para que os ossos sejam utilizados na geração de movimentos, faz-se necessária 
uma relação sintópica com os músculos, que podem estar envolvendo quase totalmente os 
ossos, gerando uma situação axial em um segmento corpóreo (observada nos membros 
torácico e pélvico) ou de forma entremeada entre ambas às estruturas, como ocorre na 
parede do tórax. No corpo dos vertebrados há somente uma situação de músculo localizado 
de forma intraóssea, o músculo estapédio na orelha interna.Na geração de movimento, os 
músculos possuem pontos de fixação nos ossos, que são a origem (ponto fixo do músculo) e 
a inserção (ponto que permite o deslocamento da peça óssea), além de cruzarem sobre o 
eixo de movimento de uma ou mais de uma articulação, permitindo a variação de 
movimentos nas articulações. Contudo, alguns músculos se relacionam apenas com uma das 
extremidades ósseas (músculos cutâneos que se originam em ossos, mas inserem-se na 
pele). 
A camada de revestimento externo dos ossos (periósteo) serve de ancoradouro e 
como meio de relação destes com várias mucosas, como o observado nas cavidades oral e 
nasal ou nos seios paranasais. Ainda, vasos e nervos profundos deixam na superfície óssea 
impressões de sua passagem sobre os ossos (os sulcos vasculares dos vasos e nervos 
obturatórios na face pélvica do ílio), além de percorrerem sua intimidade formando canais 
ou túneis, como a artéria maxilar interna no canal alar ou o nervo mandibular no canal 
mandibular. Muitas das vísceras possuem uma relação de vizinhança com o esqueleto, em 
qualquer segmento do tubo esplâncnico, estando separados por camadas de diferentes 
tecidos que variam em número e espessura. Além disso, podem-se utilizar os ossos do corpo 
para determinar a localização de uma víscera aplicando o conceito da esqueletopia. 
Saliências ósseas são observadas na pele em diversas regiões do corpo, sendo interpostas de 
forma indireta por incluir a fáscia muscular e a tela subcutânea. 
Todas as relações entre os ossos e os demais componentes do corpo, que ocorrem de 
forma mediata ou imediata, servem de subsídios para o entendimento da propagação de 
alguns processos patológicos dos ossos para os tecidos circunjascentes e explicam as lesões 
observadas em decorrência de fraturas ósseas em vasos, nervos e outros órgãos. 
A B 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 24 
SINTOPIA MUSCULAR 
Os músculos desempenham múltiplas funções no organismo, gerando movimento e 
locomoção, mantendo a postura corporal, auxiliando na mecânica respiratória e protegendo 
os órgãos internos. Funcionalmente e histológicamente são observados três tipos 
musculares: estriado esquelético, estriado cardíaco e liso (para maiores detalhes consulte 
bibliografia de histologia veterinária). Funcionalmente, os músculos esqueléticos são 
voluntários, enquanto que os músculos liso e cardíaco 
são involuntários. Os músculos esqueléticos são 
responsáveis pela maior parte das funções 
supracitadas, apresentando macroscopicamente as 
seguintes porções: ventre (responsável pela 
contratilidade, sendo também chamado de porção 
carnosa), tendão (constituído de tecido conjuntivo 
denso modelado, possuindo um formato cilíndrico ou 
de cordão, responsável pela transmissão de força no 
movimento), aponeurose (também constituído de 
tecido conjuntivo, porém fibroso e com formato de fita 
ou lâmina) e fáscia (tecido conjuntivo que individualiza 
cada músculo, mantém a organização e permite o 
deslizamento sem atrito entre os ventres muscula 
res, Fig. 22). No interior do ventre encontram-se o epi 
mísio (camada de tecido conjuntivo que divide o ventre em fascículos), perimísio (divide os 
fascículos em feixes de fibras) e endomísio (recobre cada fibra muscular). O ventre muscular 
é constituído por células denominadas fibras musculares que possuem proteínas contráteis 
(actina, miosina, troponina e tropomiosina) que são ativadas por terminações nervosas 
constituindo a placa motora, cuja força de contração é variável entre os diferentes tipos de 
músculos (para maiores detalhes consulte bibliografia de histologia e fisiologia veterinária). 
Os músculos esqueléticos são classificados e nomeados conforme a disposição das fibras 
musculares (paralelos: fusiformes, largos e longos; ou oblíquos: penados, bipenados e 
multipenados), o número de origens (bíceps, tríceps e quadríceps) ou ventres (gástrico e 
digástrico), quanto à função (flexor, extensor, adutor, abdutor, supinador, pronador, 
constritor, esfintérico e cutâneo) ou pelo papel desempenhado na geração de um 
movimento (agonista, antagonista e sinergista), Fig. 23. 
A relação dos músculos com os ossos ocorre por meio dos pontos de fixação (origem 
e inserção), no entanto a maioria dos músculos encontra-se, apenas, justaposto às 
articulações, cobrindo-as em maior ou menor extensão. Entretanto, alguns músculos fixam-
se a superfície externa de uma articulação (músculo semimembranoso) ou penetram em 
uma articulação por meio de seu tendão, sendo revestido pela cápsula articular, mas 
mantendo-se externamente à cavidade articular (músculo bíceps braquial na articulação do 
úmero). Os músculos realizam relações recíprocas entre eles, relacionando-se por 
sobreposição de camadas constituídas por um único músculo largo ou por vários músculos 
longos justapostos. Na disposição em camadas, os músculos longos localizam-se mais 
Fig. 22 Representação das porções de um 
músculo esquelético 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 25 
superficialmente e, muitas vezes, não realizam contato com o esqueleto e recobrem um 
segmento corporal inteiro como um músculo livre (músculos bíceps braquial e sartório). 
 
 
Fig. 23 Representação da classificação dos músculos esqueléticos conforme o arranjo das fibras musculares. 
FONTE: König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
 
Os músculos organizam-se em grupos que desempenham funções próprias 
sinérgicas ou antagônicas (flexores e extensores), fazendo com que a posição de repouso de 
um músculo ou grupo seja dada quando seu antagonista está alongado além do estado de 
equilíbrio. Nos casos de paralisia de um grupo muscular, o grupo antagônico faz uma ação 
compensatória retraindo até a sua posição de repouso, sendo fixado por seu tecido 
conjuntivo e resultando em uma atitude viciosa e permanente do segmento afetado. Ainda, 
os músculos podem estar alojados em compartimentos (ou lojas) oriundos da subdivisão do 
espaço subfascial, que podem ser fechados por septos intermusculares que se estendem do 
esqueleto à face profunda da fáscia muscular. Esta relação entre os compartimentos e as 
fáscias musculares forma espaços, algumas vezes virtuais, entre os músculos que são 
preenchidos por tecido conjuntivo frouxo, permitindo o deslizamento de um músculo 
sobre o outro sem atrito durante sua contração. A ausência deste tecido intermuscular 
resulta em distúrbios mecânicos relacionados a processos patológicos. Alguns músculos 
relacionam-se intimamente com mucosas (músculo bucinador) ou com serosas (diafragma). 
Os interstícios musculares constituem vias vásculo-nervosas profundas, fazendo 
com que os músculos próximos sirvam de referência para estas estruturas (músculo 
extensor radial do carpo acompanha a artéria radial, servindo de guia para a pesquisa deste 
vaso). Ainda, esta íntima relação faz com que a atividade muscular influencie a 
hemodinâmica vascular, visto que o epimísio e o perimísio emitem expansões fibrosas ou 
carnosas que penetram a adventícia das artérias e veias próximas. Assim, no momento da 
contração muscular, os músculos exercem tração sobre os vasos favorecendo a 
vasodilatação e a circulação regional. Algumas regiões corporais apresentam túneis 
Músculo reto 
com múltiplos 
ventres 
Músculo largo 
com aponeurose 
Músculo 
esfinctérico 
Músculo 
orbicular 
Músculo 
digástrico 
Músculo 
biceps 
Músculo uma 
cabeça 
Músculo 
multipenado 
Músculo 
bipenado 
Músculos fusiformes 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 26 
fibrosos formados por expansões das fáscias musculares que permitem a passagem de 
vasos, fazendo com que no momento da contração oudo movimento ocorra o 
deslocamento do túnel e dos vasos. Este mecanismo promove a acomodação dos vasos às 
condições topográficas regionais, protegendo contra pressões desfavoráveis ou rompimento 
por abrasão. Estes túneis também protegem os nervos contra abrasão ou de lesões 
ocasionadas por contrações repetidas durante o exercício ou locomoção. Certos vasos 
sanguíneos podem sofrer compressão na travessia de alguns músculos, como por exemplo, 
a passagem da veia cava caudal pelo diafragma. O forame para esta veia localiza-se no 
centro tendinoso do diafragma, sendo comprimido durante cada ciclo de contração deste 
músculo. Isto é propiciado pelo arranjo das fibras musculares que formam um conjunto de 
feixes digástricos no ventre do músculo, que culminan no centro frênico ou tendíneo. Ao se 
contraírem as fibras musculares promovem o estreitamento do forame da veia cava caudal 
comprimindo a veia. 
Na sintopia dos músculos com as vísceras são observados músculos esqueléticos que 
participam da constituição de certas vísceras (musculatura extrínseca da laringe) e músculos 
que servem de passagem para vísceras (diafragma que é transpassado pelo esôfago e os 
músculos esfíncter anal externo e coccígeo que permitem a passagem do canal anal e vias 
urinárias e genitais, constituindo o diafragma pélvico). Outros músculos esqueléticos 
possuem relação direta com a pele (musculatura cutânea), prendendo-se profundamente na 
derme que é movimentada durante sua contração. 
 
SINTOPIA VÁSCULO-NERVOSA 
Artérias e veias apresentam 
um padrão básico de construção, 
constiutídas por uma túnicas íntima 
(endotélio e camada subendotelial), 
média (músculo liso e fibras 
elásticas) e adventícia (tecido 
conjuntivo frouxo) (Fig. 24). Estes 
elementos variam conforme o 
calibre ou a funcionalidade dos 
vasos (para maiores detalhes 
consulte bibliografia de histologia 
veterinária). Anatomicamente, 
podem-se distinguir as artérias por 
apresentarem coloração esbranqui 
çada, formato cilíndrico regular e atividade pulsátil, enquanto que as veias possuem 
paredes mais delgadas e semitrans 
parentes e fluxo passivo. Ainda, as artérias distribuem-se no corpo dividindo-se e 
diminuindo seu calibre até atingirem o nível microscópico, enquanto que as veias partem do 
nível microscópico e unem-se constituindo tributárias até atingirem grandes calibres. As 
junções entre artérias ou entre veias constituem as anastomoses. 
Fig. 24 Representação da constituição da parede dos vasos 
sanguíneos. 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 27 
Os nervos são cordões esbranquiçados constituídos por feixes de fibras nervosas 
reforçadas por tecido conjuntivo (epineuro: mantém os fascículos unidos por tecido 
conjuntivo frouxo, permitindo certa mobilidade ao nervo; perineuro: membrana fina mais 
densa, bastante vascularizada, rígida e forte, de tecido conjuntivo que rodeia cada fascículo; 
e endoneuro: camada mais interna e delicada de tecido conjuntivo, distensível, 
vascularizada e com função protetora às alterações pressóricas) que unem o sistema 
nervoso central (SNC) aos órgãos periféricos (Fig. 25). Os nervos podem ser espinhais ou 
cranianos, conforme sua conexão com o SNC, possuindo fibras nervosas sensoriais, motoras 
e autonômicas, as quais cada feixe nervoso contém tanto componentes aferentes quanto 
eferentes. Os nervos formam anastomoses constituindo plexos, cujas lesões resultam em 
danos parciais ou permanentes ocasionando perda de flexão ou extensão voluntária de 
uma ou mais articulações; incapacidade de sustentar o peso; perda de reflexos espinhais do 
membro; atrofia de músculos e perda de propriocepção consciente no membro (para 
maiores detalhes consulte bibliografia de histologia e neurologia veterinária). 
 
Fig 25 Representação esquemática da estrutura do nervo. 
 
Geralmente, os troncos arteriais profundos relacionam-se com as faces flexoras das 
articulações e sofrem modificações na sua topografia inerentes aos movimentos 
articulares. Já os troncos nervosos podem relacionar-se com qualquer face de uma 
articulação, facilitando o afrouxamento do nervo após uma neurorrafia (o nervo mediano 
passa sobre a face flexora da articulação cúbita, sendo necessário manter esta flexionada 
para afrouxar o nervo, enquanto que a posição extensionada é necessária para o 
afrouxamento do nervo ulnar). O tronco arterial principal está localizado no tecido 
subseroso do tubo esplâncnico, onde divide-se em artérias profundas que deslocam-se pelo 
tecido frouxo até alcançarem o espaço intermuscular deste e do tubo neural, bem como das 
extremidades. No seu trajeto cada artéria, geralmente, é acompanhada por duas veias, com 
algumas exceções (no pênis ocorrem duas artérias para uma veia). As veias são 
acompanhadas de grandes coletores linfáticos, que por sua vez são interpostos por 
linfonodos ou por nódulos hematolinfáticos e hemais (ponto de formação da veia cava 
caudal em ruminantes). Os nervos profundos acompanham os vasos, sendo todos envoltos 
Endoneuro 
Fascículo nervoso 
Epineuro 
Fibra nervosa 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 28 
por uma bainha comum constituindo um feixe vásculo-nervoso (por exemplo, a bainha 
carotídea formada pela artéria carótida comum, veia jugular interna e nervo vago). No 
entanto, alguns nervos profundos possuem trajeto independente dos vasos. Os nervos 
simpáticos relacionam-se com os vasos constituindo plexos periarteriais que acompanham 
a divisão arterial. Os nervos e vasos localizados no crânio e região cervical partem 
diretamente do canal vertebral ou forames cranianos para o espaço intermuscular. Todos 
os vasos e nervos ao penetrarem nos espaços intermusculares ramificam-se intensamente 
em ramos colaterais para músculos, ossos e articulações e em ramos do plexo subcutâneo, 
onde os nervos são mais superficiais que os vasos por constituírem as terminações nervosas 
sensoriais (para maiores detalhes consulte bibliografia de histologia e neurologia 
veterinária). 
Os feixes vásculo-nervosos acompanham o tecido subseroso que envolve as vísceras 
até alcançá-las, enquanto que nas vísceras envoltas por serosa (pleura ou peritônio) estes 
deslocam-se acompanhando as pregas (omentos, mesos e ligamentos) que se formam 
nestas membranas. Os feixes vásculo-nervosos penetram nas vísceras por meio do hilo 
(fissura ou depressão numa víscera, especialmente no baço, pulmão, rim ou ovário, pela 
qual entram e saem os elementos vasculares, nervosos e linfáticos) ou por toda superfície 
do órgão (útero, coração e glândula tireóide). A presença de hilo é um facilitador na 
realização de algumas abordagens cirúrgicas. Já os feixes vásculo-nervosos destinados ao 
neuro-eixo penetram o tubo dorsal por meio dos forames intervertebrais ou dos orifícios 
da base do crânio, cruzando as meninges e os espaços meníngeos para atingirem a pia-
máter, onde formam redes mais ou menos densas que originam ramos que se aprofundam 
no tecido nervoso. 
 
SINTOPIA DO NEURO-EIXO 
O neuro-eixo (encéfalo: 
cérebro, cerebelo e tronco 
encefálico (mesencéfalo, ponte e 
bulbo ou medula oblonga); e 
medula espinal) encontra-se no 
tubo dorsal do tronco 
(paquímero dorsal ou neural, Fig. 
6), preenchendo-o 
incompletamente. Este é 
separado das demais estruturas 
do tubo por lâminas de tecido 
conjuntivo denso, que iniciam no 
periósteo do canal vertebral ou 
craniano e continuam-se na paqui 
meninge (dura-máter) e leptome 
ninge (aracnoide e pia-máter). 
Fig. 26 Organização das meninges e espaços meníngeos na 
medula espinal. FONTE: Drake RL, Vogl AW, Mitchell AWM. 
Gray's Anatomy for Students: With STUDENT CONSULT Online 
Access. Elsevier, New

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