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CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS 
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
Anatomia Animal 
 TOPOGRÁFICA APLICADA 
 
 
 
 
 
 
PROF. DR. MED. VET. MALCON ANDREI MARTINEZ PEREIRA 
 
 
 
CURITIBANOS 
2018
SUMÁRIO 
1. REVISANDO CONCEITOS ................................................................................................................................ 1 
CONCEITOS BÁSICOS & MÉTODOS DE ESTUDO ...................................................................................... 1 
TERMINOLOGIA ANATÔMICA GERAL & ESPECIAL................................................................................... 2 
PLANOS & EIXOS DE CONSTRUÇÃO, DELIMITAÇÃO & SECÇÃO ................................................................. 3 
TERMOS DE SITUAÇÃO, POSIÇÃO & DIREÇÃO ....................................................................................... 4 
PRINCÍPIOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO DO CORPO DOS VERTEBRADOS ........................................................ 5 
FATORES DE VARIAÇÃO ANATÔMICA ................................................................................................... 7 
2. ANATOMIA ANIMAL APLICADA ..................................................................................................................... 9 
CONTEXTO ANATOMIA ANIMAL APLICADA ........................................................................................... 9 
ASPECTOS APLICADOS DA CONSTRUÇÃO DO COPRPO DOS VERTEBRADOS ................................................ 10 
3. GENERALIDADES CONSTITUINTES REGIÕES CORPORAIS ............................................................................. 17 
CAMADAS & REGIÕES SUPERFICIAIS .................................................................................................. 17 
SINTOPIA GERAL DOS ÓRGÃOS ......................................................................................................... 20 
FATORES DE ESTÁTICA VISCERAL ....................................................................................................... 29 
ESQUELETOPIA E TOPOLOGIA VISCERAL ............................................................................................. 34 
4. TIPOS CONSTITUCIONAIS EM MEDICINA VETERINÁRIA ................................................................................ 39 
GENERALIDADES E CONCEITOS ......................................................................................................... 39 
CLASSIFICAÇÃO TIPOS CONSTITUCIONAIS ........................................................................................... 45 
HARMONIA DE CONFORMAÇÃO OU CONSTRUÇÃO ............................................................................... 46 
5. TÓPICOS EM BIOMECÂNICA ........................................................................................................................ 49 
GENERALIDADES E CONCEITOS ......................................................................................................... 49 
ALINHAMENTOS ANATÔMICOS ......................................................................................................... 50 
MECÂNICA DA COLUNA VERTEBRAL .................................................................................................. 59 
MECÂNICA DO TÓRAX .................................................................................................................... 63 
MECÂNICA DOS MEMBROS TOORÁCICO E PÉLVICO .............................................................................. 68 
PELVILOGIA & PELVIMETRIA ............................................................................................................ 77 
CINEMÁTICA DO MOVIMENTO ......................................................................................................... 85 
6. REGIÕES INTERESSE CLÍNICO-CIRÚRGICO .................................................................................................... 94 
REGIÕES CORPORAIS ...................................................................................................................... 94 
APLICAÇÕES PRÁTICAS DOS MÉTODOS DE ESTUDO .............................................................................. 95 
DISSECAÇÃO DA CABEÇA: REGIÕES FACIAL, PARÓTIDO-AURICULAR & INTERMANDIBULAR ........................ 97 
DISSECAÇÃO DA REGIÃO CERVICAL VISTAS VENTRAL E LATERAL ............................................................. 99 
DISSECAÇÃO DA PAREDE TORÁCICA & SIMULAÇÃO DE AMPUTAÇÃO DO MEMBRO TORÁCICO .................. 101 
DISSECAÇÃO DA CAVIDADE TORÁCICA & MEDIASTINOS CRANIAL, MÉDIO E CAUDAL ............................... 103 
DISSECAÇÃO DA BAINHA DO MÚSCULO RETO DO ABDOME, CAVIDADES ABDOMINAL E PÉLVICA .............. 105 
DISSECAÇÃO DO MEMBRO TORÁCICO ............................................................................................. 107 
DISSECAÇÃO DO MEMBRO PÉLVICO: REGIÕES GLÚTEA, PERINEO-INGUINAL, FEMORAL & CRURAL ............ 109 
DISSECAÇÃO DO MEMBRO PÉLVICO: REGIÕES INGUINAL, FEMORAL & CRURAL MEDIAIS ......................... 112 
7. TÓPICOS EM ANATOMIA DAS AVES .......................................................................................................... 113 
8. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................ 140 
 
1. Revisando Conceitos 
CONCEITOS BÁSICOS & MÉTODOS DE ESTUDO 
A anatomia é o ramo das Ciências Biológicas que versa sobre o estudo das partes ou 
componentes que formam o ser vivo. Desta forma considera-se como ser vivo, não somente 
os animais, mas também os vegetais que constituem o objeto de estudo da anatomia 
vegetal. Em se tratando de um espectro mais restrito ao âmbito das Ciências Veterinárias, 
pode-se afirmar que a anatomia é uma das disciplinas responsáveis pelo alicerce do futuro 
Médico Veterinário, exercendo influência direta e indireta sob os diversos ramos 
profissionais que cercam o acadêmico. Neste contexto, podem ser distinguidas várias 
anatomias ou várias vertentes no estudo da anatomia animal. 
O estudo dos componentes do corpo de um indivíduo sadio é o pilar inicial da 
iniciação de um futuro profissional. Esta vertente constitui-se como o objeto de estudo da 
anatomia, dita, normal, que pode ser subdividida contemplando os aspectos macro ou 
microscópicos da construção do corpo dos vertebrados. Dentro deste contexto, também, 
tem grande relevância a anatomia do desenvolvimento ou embriológica. Considerando-se 
somente a divisão macroscópica da anatomia, destacam-se: 
Anatomia organológica: que estuda cada órgão que compõem o indivíduo, 
considerando os aspectos únicos de cada um destes, (i.e. a identificação entre as diferentes 
porções do intestino delgado); 
Anatomia sistêmica: que compreende o estudo dos sistemas orgânicos considerados 
separadamente (i.e. o estudo da organização do sistema digestório); 
Anatomia comparada: que permite tecer parâmetros entre uma ou mais espécies, 
e/ou entre indivíduos de uma mesma espécie, raça ou de sexos diferentes (i.e as variações 
na organização do sistema digestório observadas em herbívoros e carnívoros); 
Anatomia aplicada: são estudos voltados diretamente à uma área correlata de 
conhecimento ou que forneça um subsídio direto para outra área, através dos chamados 
parâmetros da anatomia normal (i.e. o estudo da anatomia voltado à clínica ou cirurgia 
Veterinária); 
Anatomia por imagens: estuda o corpo dos indivíduos através da utilização de 
técnicas de diagnóstico por imagem, inicialmente por meio de radiografias e atualmente 
através de ultrassonografias, tomografias computadorizadas ou ressonâncias magnéticas 
(i.e. a visualização de órgãos e a confirmação de gestação por ultrassonografia) 
Ainda, poderiamser descritas inúmeras outras formas para a aplicação do estudo da 
anatomia. Nestas estariam incluídas as anatomias: patológica, artística, antropológica e 
constitucional. Em um segundo momento possam, e devem, ser contempladas as 
miscigenações entre os tipos de anatomia já anteriormente descritos. Esta abordagem 
garante uma visão holística dos conteúdos contemplados nesta área do conhecimento, 
facilitando o entendimento sobre a organização do corpo dos indivíduos. Com base neste 
contexto, propõem-se o estudo de uma anatomia que englobe aspectos microscópicos, 
Revisnado Conceitos 2 
organológicos, sistêmicos e topográficos com o intuito de propiciar aos estudantes o melhor 
entendimento sobre a construção do organismo dos animais domésticos. 
Para melhor compreensão do conteúdo, visando a sua aplicabilidade, foram 
desenvolvidos métodos de abordagem prática, que auxiliam a aguçar tanto a motricidade 
quanto a sensibilidade tátil, visual ou auditiva dos estudantes. O método mais utilizado em 
anatomia chama-se dissecação e consiste no estudo em cadáveres frescos ou conservados 
por fixação, com o auxílio de instrumental cirúrgico, na qual o acadêmico tem a possibilidade 
de retirar ou separar partes ou porções dos cadáveres. Dentro da dissecação são 
enumerados alguns meios para a sua realização, que são: incisão (corte nos tecidos moles, 
realizado por instrumento de lâmina cortante – bisturi, bisturi elétrico, faca, escalpelo e 
cefalótomo); secção (corte com tesouras, retas ou curvas, bistuir elétrico, costótomo ou 
serra); divulsão (ato de separar estruturas anatômicas através do uso de pinças, tesouras, 
tentacânulas e afastadores) e punção (ato de perfurar com agulha ou trocater). A 
observação visual, que permite reconhecer aspectos da morfologia externa do animal, 
constitui a inspeção, enquanto que a exploração tátil das estruturas superficiais e profundas 
que permitem identificar forma, consistência e tamanho são constatadas através da 
palpação. Já a variação sonora produzida pelo funcionamento normal ou não de um órgão é 
localizada através da auscultação. Outro método que considera a emissão de sons é a 
percussão, que caracteriza-se pela variação do som produzido a partir do batimento dos 
dígitos ou de um instrumento, sobre a superfície corpórea, onde localiza-se um determinado 
órgão. A coleta de dados numéricos ou não, que visam estabelecer parâmetros e/ou 
proporções corpóreas constituem a mensuração. Por fim, mas não menos importantes estão 
os métodos de imagem, que são meios que auxiliam no estudo em animais vivos e com isso 
permitir a interação entre a anatomia e o diagnóstico clínico-cirurgico. 
 
TERMINOLOGIA ANATÔMICA GERAL & ESPECIAL 
Este capítulo da anatomia destina-se ao embasamento da linguagem técnica aplicada 
durante o estudo dos conteúdos contemplados. Diferente do homem, a maioria dos animais 
domésticos encontra-se apoiado sobre quatro colunas de sustentação (membros torácico e 
pélvico). Isto faz com que estes assumam uma posição quadrupedal ou, também chamada 
de estação ou, ainda, posição anatômica. A perfeita posição anatômica é aquela na qual a 
face solear dos quatro membros encontra-se apoiada sob uma superfície plana ou no solo. 
Os membros devem estar dispostos paralelamente aos pares, ou seja, ambos os membros 
torácicos paralelos entre si, bem como os pélvicos, na qual ainda possa ser observada uma 
distância igualitária entre o membro torácico e pélvico homólogos (Fig. 1). A terminologia 
anatômica geral refere-se aos termos que designam regiões ou partes do corpo do animal, 
planos e eixos, que delimitam ou que podem auxiliar na sua secção durante o estudo. Já a 
terminologia anatômica especial refere-se às milhares de designações atribuídas a cada 
uma das estruturas anatômicas encontradas, bem como a cada uma de suas partes (i.e. no 
pulmão são observados os lobos pulmonares cranial e caudal). 
Revisnado Conceitos 3 
PLANOS & EIXOS DE CONSTRUÇÃO, DELIMITAÇÃO & SECÇÃO 
Didaticamente quando se observa o animal na sua posição anatômica, este pode ser 
imaginado como se estivesse no interior de um paralelepípedo (figura geométrica que possui 
paralelogramos constituindo sua forma prismática, Fig. 1). Cada uma destas irá constituir um 
plano de delimitação, que correspondem a: a face adjacente à cabeça fornece o plano 
cranial, enquanto o que tangencia a cauda constitui o plano caudal. A base do 
paralelepípedo corresponde ao plano ventral e a sua face oposta, que mantém contato com 
a linha dorsal do animal o plano dorsal. As faces restantes delimitam os planos laterais, 
sendo um direito e outro esquerdo. Demarcando o ponto central de dois planos opostos e 
procedendo-se com a união destes, têm-se a formação de uma reta, que anatomicamente é 
denominada de eixo. Assim, a união entre os pontos médios dos planos cranial e caudal 
constituirá o eixo crânio-caudal, realizando o mesmo processo obtêm-se os eixos dorso-
ventral e látero-lateral (Fig. 2). A constituição dos planos e eixos permite que sejam 
inferidos planos de secção, que configuram cortes convencionais do corpo, facilitando sua 
divisão didática. Considerando o eixo crânio-caudal, o corpo dos animais pode ser dividido 
em duas metades iguais, uma direita e outra esquerda, por uma linha imaginária 
denominada de plano longitudinal mediano, por passar exatamente no meio do corpo dos 
animais. Os planos traçados paralelamente ao anterior recebem a designação de planos 
paramedianos. O corte verticalizado sobre o eixo crânio-caudal constituirá o plano 
transversal que dividirá o corpo do animal em duas metades, uma cranial e outra caudal. 
Entretanto, para os membros este plano deverá ser deslocado de forma a cortar o eixo 
maior (vertical) destes, configurando uma extremidade mais próxima e outra mais distante 
do tronco do animal. Um terceiro plano dispõe-se paralelamente ao eixo dorso-ventral 
sendo chamado de plano horizontal, enquanto que os cortes que correm paralelamente, 
porém distantes, ao plano mediano são denominados sagitais. 
 
 
Fig. 1 Posição anatômica e planos de delimitação. 
Revisnado Conceitos 4 
 
Fig. 2 Planos e eixos de construção, delimitação e secção. FONTE: König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais 
Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
 
TERMOS DE SITUAÇÃO, POSIÇÃO & DIREÇÃO 
Os supracitados planos e eixos constituem referências ou coordenadas que 
possibilitam indicar a situação (sede ou localização), posição (determinando referências) e 
direção (orientação nos dois sentidos do eixo maior) das estruturas do corpo do animal, 
através da aplicação dos seguintes termos (Fig. 3): cranial (para uma estrutura que se 
encontra mais próximo ou em direção a cabeça, sendo mais utilizado para o tronco; 
enquanto que estruturas localizadas na cabeça são designadas através dos termos rostral – 
direcionada ou próximo ao nariz; oral – direcionada ou próximo da boca); caudal 
(direcionado para a cauda, sendo mais aplicado a estruturas do tronco e cabeça); dorsal (em 
direção a linha do dorso para estruturas localizadas no tronco, para aquelas localizadas nos 
membros a partir das regiões cárpica e társica em substituição ao termo cranial, e na cabeça 
é trocado pelo termo superior); ventral (para as estruturas que encontram-se próximas ao 
abdômen, sendo que na cabeça é substituído pelo termo inferior); medial (quando 
localizadas próximas ao plano mediano); lateral (quando distanciadas do plano mediano) e 
intermédio (quando localizada entre estruturas dispostas lateral e medialmente). Algumas 
regiões apresentam uma terminologia um pouco diferenciada, como é o caso da face caudal 
dos membros torácico e pélvico, que a partir das regiões cárpica e társica, passaa ser 
designado pelos termos palmar e plantar, respectivamente. Também nos membros são 
descritas estruturas localizadas mais próximas ou mais distantes do tronco, sendo atribuídas 
a estas os termos proximal e distal, respectivamente. E, ainda nos membros, na região 
Revisnado Conceitos 5 
digital têm-se os termos axial (direcionada ao eixo do dígito) e abaxial (afastada do eixo do 
dígito). Para os segmentos corpóreos e os órgãos cavitários aplicam-se os termos superficial, 
profundo, externo e interno. 
 
 
Fig.3 Termos de situação, posição e direção. FONTE: Dyce K M, Sack WO, Wensing CJG. Tratado de Anatomia 
Veterinária. Saunders-Elsevier, Rio de Janeiro, 4 ed, 2010. 
 
A aplicação dos termos, descritos nesta unidade, permite que sejam utilizadas 
unidades de referência entre estruturas. Estas são aplicadas quando da necessidade de se 
inferir a relação: de cada órgão com o corpo como um todo (holotopia); de um órgão com 
seus vizinhos imediatos (sintopia); de cada órgão com o esqueleto (esqueletopia), 
facilitando a determinação de sua localização em um animal vivo; de partes de um órgão 
com o seu todo (idiotopia) ou entre os diversos tecidos que compõem um órgão 
(histiotopia). 
 
PRINCÍPIOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO DO CORPO DOS VERTEBRADOS 
Em qualquer nível de organização macroscópica e/ou microscópica, observa-se que a 
composição de um órgão ou tecido está intimamente relacionada às funções que estes 
exercem no organismo. Contudo, é inerente ressaltar que a forma adapta-se aos diversos 
estágios fisiológicos, o que permite observar o aspecto dinâmico desta relação. Com isso, a 
análise do corpo dos vertebrados permite inferir que estes são constituídos de diversas 
estruturas de natureza distintas, que se unem para formar as unidades morfológicas. A 
separação destas unidades ocorre à custa dos eixos de construção, através da sobreposição 
Revisnado Conceitos 6 
de um sobre o outro. O corpo dos animais obedece a princípios de construção, que 
constituem-se através da repetição de estruturas sobrepostas ou dispostas seqüencialmente 
na qual podem ser descritos os seguintes princípios: 
ANTIMERIA 
Originados a partir do deslocamento do eixo dorso-ventral ao 
longo do eixo crânio-caudal, constituindo duas unidades morfológicas 
de construção que são homólogas, denominadas de antímeros e que 
aparentemente são iguais (Fig. 4). Contudo, esta simetria tende a ser 
menos acentuada conforme a progressão filogenética (modificações 
evolutivas ou história ancestral) e ontogenética (desenvolvimento 
total do indivíduo). Isto permite observar, nos vertebrados, a 
existência de uma simetria externa ou de massa, que se revela de 
forma aparente, e uma simetria interna ou de construção, que na 
verdade configura uma assimetria interna. Entretanto, o organismo 
tenta compensar esta discordância fazendo com que à medida que 
aumenta a assimetria interna ocorre a acentuação da simetria 
externa. Este mecanismo compensatório é melhor observado no 
aparelho locomotor, onde faz-se necessário o equilíbrio entre a 
constituição e a locomoção do animal, todavia sempre persistirá a 
assimetria externa. 
 
Fig. 4 Antímeros direito e 
esquerdo. 
METAMERIA 
Estas unidades morfológicas 
de construção homólogas são 
originadas da sobreposição do eixo 
dorso-ventral ao longo do eixo látero-
lateral, que se sucedem 
acompanhando o eixo maior do 
animal, sendo separadas 
individualmente por planos 
transversais paralelos e consecutivos, 
denominados metâmeros. Em animais 
primitivos, como os Annelidae, os 
segmentos são quase todos 
semelhantes. 
Nos animais domésticos é melhor identificável na região cervical e tronco, contudo durante 
as fases iniciais do desenvolvimento embrionário são mais evidentes, caracterizando a 
imperfeição destas unidades. Nos vertebrados a metameria não significa uma sucessão 
longitudinal de segmentos morfológicos equivalentes, mas a disposição serial de partes dos 
sistemas orgânicos. 
Fig.5 Sequencia de metâmeros. 
Revisnado Conceitos 7 
PAQUIMERIA 
Unidades morfológicas 
heterólogas, que dividem o 
corpo dos animais em duas 
metades desiguais chamadas 
de paquímeros (Fig. 6). Estas 
originam-se através da 
sobreposição do eixo látero-
lateral sobre o eixo crânio-
caudal, traçando, assim, um 
plano horizontal. 
Outra denominação sugerida a 
paquimeria é de princípio da 
tubulação, que se justifica devido à porção axial do corpo apresentar dois tubos 
longitudinais, que correspondem a: tubo dorsal ou neural, pois aloja o neuroeixo e 
apresenta maior amplitude na extremidade cranial; e o tubo ventral ou esplâncnico, que 
abriga a massa visceral e sua maior amplitude encontra-se na extremidade caudal. 
 
ESTRATIGRAFIA 
Refere-se ao tipo de construção do corpo e de suas partes, desde o nível 
macroscópico até o celular, onde as estruturas se dispõem de forma concêntrica 
constituindo camadas, estratos, telas ou túnicas de um mesmo ou de diferentes tipos 
teciduais, que ao se unirem compõem os órgãos, sistemas e aparelhos. 
 
POLARIDADE 
Permite que sejam identificados dois pólos contrastantes na construção dos 
vertebrados, um polo cranial, que aloja a região cefálica, portanto mais desenvolvido, e 
outro polo caudal, que corresponde as vértebras coccígenas, menos desenvolvido. 
 
SEGMENTAÇÃO 
Baseia-se na distribuição dos elementos vásculo-nervosos, e quando presentes, os 
ductos, canalículos e túbulos relacionados a funcionalidade dos órgãos. Em suma, significa o 
arranjo do corpo dos vertebrados sob a forma de segmentos ou partes, que correspondem a 
territórios independentes no parênquima dos órgãos, que por esta razão podem ser 
separados das demais porções destes. 
 
 
 
 
 
Fig.6 Paquímeros dorsal ou neural (amarelo) e ventral ou 
esplâncnico. 
Revisnado Conceitos 8 
FATORES DE VARIAÇÃO ANATÔMICA 
Em anatomia o conceito de normalidade pode ser diferenciado sob alguns aspectos: 
uma estrutura mais freqüente estatisticamente ou aquela mais adequada para uma 
determinada atividade fisiológica ou, ainda, o indicativo de uma seleção natural. O normal 
constitui um conceito de regularidade, enquanto que os desvios do padrão morfológico são 
considerados como variações, que podem se apresentar sob a forma de um aumento ou 
diminuição ou, ainda, redução de partes ou uma modificação no formato. Entretanto, deve-
se distinguir entre a modificação de uma forma (normal) e a alteração desta (patológica). A 
variabilidade dentro das espécies é o parâmetro principal para o estudo de anatomia, 
apresentando uma grande diferenciação entre os indivíduos, exercendo influência direta 
sobre a holotopia, sintopia, idiotopia e histiotopia, mas mantendo as estruturas normais de 
forma constante. Dentro deste grupo devem ser citados o destarte (ocasião em que se tem 
dificuldade em determinar o padrão típico) e a raridade (quando um padrão ocorre em uma 
pequena parcela da população sem apresentar significância). Um grande desvio do padrão 
normal é chamado de anomalia, geralmente ocasionada por uma alteração ou depreciação 
da função. Uma anomalia grave incompatível com a vida é denominada monstruosidade, 
sendo estudadas na teratologia. 
Os fatores gerais de variação incluem a idade, sexo, raça, biótipo, evolução, fatores 
nutricionais, estado e adaptação funcional. A idade constitui, não somente, as diferenças 
entre um animal recém-nascido e um adulto, mas também as modificações que um 
organismo sofre durante toda a sua vida. Algumas variações decorrentes da idade são bem 
conhecidas e muito evidentes. O dimorfismo sexual é reconhecível em todas as espécies, 
onde caracteres e diferençassexuais secundárias estão presentes em outros órgãos, além 
das observadas no aparelho urogenital. Genericamente, raça é o conjunto de indivíduos com 
caracteres semelhantes, tanto morfológica quanto fisiologicamente. Todavia, é necessário 
salientar que dentro deste parâmetro não são consideradas as variações individuais, mas o 
conjunto onde são agrupadas a maior parte dos caracteres considerados. O biótipo refere-se 
às características pertinentes aos atributos físicos do corpo, considerando sua 
proporcionalidade e as tendências do indivíduo. A construção física do corpo é determinada 
pela herança genética (genótipo) e através da influência exercida pelo meio ambiente sobre 
este, o que irá constituir o fenótipo. Contudo, as espécies passaram por muitas modificações 
durante séculos de existência. A necessidade de adaptação frente à oferta de alimento, as 
influências exercidas pelas variações geoclimatológicas, a necessidade de defesa ou de 
demarcação do território, a presença do homem e a domesticação determinaram a 
modificação gradual e, em muitos casos, permanente de muitas características. 
 
 
 
2. Anatomia Animal Aplicada 
CONTEXTO DA ANATOMIA APLICADA 
No estudo da Anatomia Animal Aplicada são consideradas as relações gerais dos 
órgãos que constituem cada região do corpo dos vertebrados, com especial atenção aos 
vertebrados domésticos. Neste sentido, difere-se das Anatomias Sistêmica e Descritiva por 
considerar as peculiaridades presentes nas relações entre as partes ou porções dos sistemas 
orgânicos que constituem cada região do corpo. 
 Nesta modalidade de estudo, destaca-se o caráter aplicativo dos conhecimentos 
anatômicos por permitir relacionar a constituição normal do indivíduo com alterações 
observadas na patologia ou na clínica médica. Desta forma ela oferece subsídios importantes 
para que o Médico Veterinário possa estudar os métodos de exame clínico e pesquisar os 
sintomas que permitem estabelecer o diagnóstico e o prognóstico de uma doença 
(Semiologia), bem como na prática de uma perfeita intervenção cirúrgica. Com isso, torna-se 
mais pertinente denominá-la Anatomia Aplicada e não somente Anatomia Topográfica, pois 
esta modalidade fornece informações que extrapolam o cunho puramente topográfico, mas 
também dados anatômicos que possuam aplicação prática na Medicina Veterinária. 
 Apesar de possuir um cunho essencialmente prático, a Anatomia Aplicada não pode 
deixar de considerar alguns fatores que interferem no estudo das regiões corporais do 
animal, tais como: sexo (a distribuição de tecido adiposo é diferenciada entre o macho e a 
fêmea em determinadas regiões); faixa etária (a transcorrência da idade nos animais 
determina modificações que passam pelo grande volume hepático no neonato e a involução 
do timo, que no animal adulto pode ser vestigial); espécie e raça (as espécies domésticas 
apresentam peculiaridades que ultrapassam as diferenças externas, onde pode-se observar 
a topografia da medula espinal cujo ápice se encontra no nível de L6-7 no cão, S1 nos 
ruminantes, S1-2 no suíno; S2 no equino e L7 ou S3 no gato); tipo morfológico (manifestação 
da constituição feno-genotípica do animal, maiores considerações serão abordadas em 
capítulo específico) e variações e anomalias anatômicas (são observadas em decorrência de 
distúrbios hereditários e/ou embriológicos que imprimem modificações no arranjo das 
estruturas anatômicas de uma região e que podem culminar em alterações funcionais e 
topográficas). Ainda, é importante considerar fatores inerentes à individualidade de cada 
ser vivo, bem como outros que estão vinculados aos estados fisiológico (diferenças entre 
uma fêmea nulípara e uma multípara) e nutricional ou as modificações impostas na 
adaptação funcional (um equino esportista frente um de passeio) ou nos estados 
patológicos (aumento de volume de um órgão, como o que ocorre no baço na 
esplenomegalia). 
Assim, pode-se verificar que seu estudo está embasado no conhecimento prévio das 
relações de holotopia, sintopia, esqueletopia, idiotopia e histiotopia que norteiam a 
construção do corpo dos vertebrados. Contudo, estes obedecem, essencialmente, aos 
planos de construção do corpo dos vertebrados, que são a antimeria, a metameria, a 
Anatomia Animal Aplicada 10 
paquimeria e estratigrafia. Estas relações podem ser determinadas por meio da dissecação, 
contudo outros métodos para a exploração ou estudo da anatomia podem ser utilizados, tais 
como a inspeção (que pode ser externa, também denominada ectoscopia, ou interna, 
também chamada endoscopia); palpação; percussão e auscultação (que considera as áreas 
de projeção topográfica dos órgãos nas paredes corpóreas); mensuração e imaginologia 
(utilizando os métodos de diagnóstico por imagem para determinar alterações ou o 
posicionamento dos órgãos). 
 
ASPECTOS APLICADOS DA CONSTRUÇÃO DO CORPO DOS VERTEBRADOS 
A antimeria revela variações sutis (mais observadas externamente) ou acentuadas 
(predominância no interior do corpo), que traduzem assimetrias normais (externas e 
internas: tamanho (dimensões do ovário e testículo direito são ligeiramente maiores que no 
lado esquerdo; forma (forma diferente do pulmão direito e esquerdo); posição (os rins 
direito e esquerdo estão em posição diferentes) e forma e posição (rins direito e esquerdo 
do equino). Nos órgãos ímpares observam-se sempre as assimetrias normais de posição e 
tamanho associadas. Estas assimetrias são determinadas por crescimento desigual ou 
independência entre órgãos pares, e por deslocamentos ou interdependências entre órgãos 
ímpares) e assimetrias anormais (quando se observa uma perturbação na assimetria 
normal, principalmente relativo à forma e posição, podendo ser uma inversão morfológica 
(alteração da forma) ou uma distopia (alterações de posição, que são transposição (parada 
no deslocamento normal do órgão, i.e. alça intestinal), inversão (deslocamento no sentido 
inverso, i.e. alça intestinal) e assimetria interna total (onde o órgão desloca-se para o 
antímero oposto, formando uma imagem especular ou situs viscerum inversus)). As 
assimetrias mais marcantes são aquelas observadas na face (a linha que passa entre as 
fendas palpebrais não é paralela a que passa pelas comissuras labiais, no entanto elas são 
mais divergentes no lado direito da face, por este ser ligeiramente maior que o esquerdo); 
nos membros (a assimetria é cruzada, o membro torácico direito é mais desenvolvido, 
enquanto que no pélvico o esquerdo é mais desenvolvido); tronco (quando visto 
cranialmente predomina o antímero direito, no entanto dorsalmente predomina o direito); 
cornos (estão inseridos em linhas diferentes); cavidades orbitárias e biomecânicas (ocorrem 
deslocamentos diferentes entre os membros de um lado em relação com o outro e 
contralateralmente). Como resultado, pode-se observar a predominância de um antímero 
sobre o outro no desempenho de atividades cotidianas, como a locomoção. 
A metameria na construção do corpo dos vertebrados não representa uma sucessão 
longitudinal de segmentos morfológicos equivalentes, mas somente a disposição seriada dos 
diferentes sistemas orgânicos. Os metâmeros são unidades homólogas, que 
estruturalmente são denominadas hemodinamias e que traduzem a semelhança de origem 
entre dois órgãos de seres vivos de espécies diferentes (a cauda de um macaco e de um 
cão). Entretanto, estas estruturas supracitadas não podem ser contextualizadas como 
análogas, pois desempenham funções diferentes. Assim, órgãos ou estruturas anatômicas 
análogas são aqueles que desempenham a mesma função em indivíduos de espécies 
Anatomia Animal Aplicada 11 
diferentes (asas de uma ave, um morcego e um inseto). Com isso,define-se que uma 
estrutura pode ser homóloga sem ser análoga. Contudo, possuem similaridades na sua 
estrutura óssea, muscular e vásculo-nervosa. 
A complexidade que caracteriza a evolução das espécies animais fez com que os 
segmentos metaméricos homólogos se diferenciassem em segmentos heterólogos 
imperfeitos. A perfeita metameria na construção do corpo dos vertebrados pode ser 
observada durante o desenvolvimento embriológico inicial, permitindo desta forma 
recuperar a filogênese (para maiores detalhes consultar bibliografia sobre filogenia e 
embriologia). Considerando a filogênese e a ontogênese dos vertebrados, observa-se nas 
primeiras fases do desenvolvimento a disposição segmentar principalmente no segmento 
dorsal do folheto dorsal mesodérmico (somitos). Nestes, forma-se uma cavidade central 
transitória, cuja proliferação celular diferencia-se no mesênquima, onde uma parte formará 
o esclerótomo, que origina o esqueleto axial e as porções remanescentes formarão duas 
lâminas que correspondem ao miótomo (lâmina interna muscular) e dermátomo (lâmina 
externa cutânea). Entretanto, no indivíduo adulto a segmentação observada na coluna 
vertebral é secundária, pois, devido a necessidades mecânicas, cada vértebra é formada 
pela união de um segmento caudal com um segmento cranial do esclerótomo primitivo. No 
sistema vascular a metameria é observada apenas nas artérias intercostais e lombares do 
tronco, enquanto que as artérias viscerais perdem este padrão por desaparecimento ou 
atrofia de muitos vasos em decorrência do desenvolvimento visceral. A segmentação 
metamérica do sistema nervoso parece existir na disposição segmentar transitória que se 
manifesta por dilatações sucessivas da parede do tubo neural (neurômeros), dorsalmente 
ao sulco limitante (lâmina alar), contudo é mais evidente na medula espinal (Fig. 7), bem 
como nas raízes dos nervos espinais (Fig. 8). No tocante às vísceras, algumas destas, perdem 
o padrão segmentar durante o seu desenvolvimento, ficando impossível a sua identificação 
no órgão maduro (i.e. cérebro, rins e pulmões). Porém, devido ao desenvolvimento orgânico 
e a concentração de funções associadas, os segmentos corporais tornaram-se desiguais e a 
sua delimitação em unidades fundamentais foi eliminada em vários locais. 
 
 
Fig. 7 Segmentação metamérica observada na medula espinhal. FONTE: König HE, Liebich HJ. Anatomia dos 
Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
Anatomia Animal Aplicada 12 
 
Fig. 8 Segmentação metamérica observada nos nervos espinais torácicos em indivíduos adultos. FONTE: König 
HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
 
No organismo adulto pode-se determinar a segmentação primária por meio da 
dissecação do sistema nervoso periférico, que evidenciará a segmentação orgânica 
considerando que a distribuição da raiz de cada nervo (neurótomo) corresponde a um 
determinado segmento corpóreo 
(miótomo, esclerótomo, dermátomo 
e visceral). Na pele a metameria é 
oculta, podendo ser observada pela 
distribuição das raízes nervosas que 
formam territórios (dermatômeros, 
Fig. 9) que recebem fibras de uma 
determinada raiz e que se distribuem 
no tronco em faixas transversas ou 
horizontais paralelamente ao eixo 
longitudinal do tronco (coluna 
vertebral). A distribuição dos 
dermatômeros não é perfeita, pois 
sobre a linha mediana (dorsal e 
ventral e craniocaudalmente) ocorre 
sobreposição de territórios, ficando 
apenas o centro do dermatômero 
como exclusivo de uma única raiz. 
Nos membros estes territórios estão 
distribuídos em faixas longitudinais ou levemente espiraladas, porém, devido ao 
alongamento dos membros, alguns dos dermatômeros perdem o contato com o seu 
correspondente no tronco. É possível identificar as áreas cutâneas de inervação radicular 
por meio de exame clínico ou experimental por meio da estimulação da sensibilidade 
Fig. 9 Distribuição dos dermatômeros no homem. 
Anatomia Animal Aplicada 13 
cutânea. Anatomicamente, no animal vivo, pode-se determinar apenas o território 
subcutâneo de uma raiz, contudo há grande concordância entre a inervação subcutânea e o 
dermatômero, principalmente no tronco. Já nos membros a identificação dos dermatômeros 
é prejudicada pelo entrelaçamento das raízes nervosas, que formam o plexo braquial e 
lombossacral, responsáveis pela inervação dos mesmos, constituindo territórios mistos de 
inervação. 
No sistema muscular, a segmentação metamérica é observada nos músculos 
profundos do dorso, nos intercostais e no músculo reto abdominal que conservam sua 
relação metamérica com apenas uma raiz nervosa, enquanto que os demais músculos do 
corpo, por resultarem da fusão de vários miótomos, possuem inervação mista formada por 
diferentes raízes, resultando em uma metameria oculta que pode ser identificável pelo 
estudo da inervação radicular (para maiores informações consulte bibliografia referente à 
marcação retrógrada e anterógrada de 
raízes nervosas). Todavia, as fibras de 
uma raiz nervosa se distribuem e se 
espalham entre as fibras musculares, não 
ocupando uma área delimitada do 
músculo, mas considerando o miótomo 
de origem daquela porção. Este fato 
explica como uma lesão nervosa 
radicular pode comprometer músculos 
localizados próximos ou distantes ou 
apenas resultar em uma paralisia parcial 
de um músculo por lesões de células 
radiculares específicas. A segmentação 
muscular com base na inervação 
considera o campo radicular motor 
(território inervado por uma única raiz 
ventral, Fig. 10) de cada músculo, 
permitindo identificar músculos 
unirradiculares (i.e. músculo 
subescapular inervado pelo nervo de 
mesmo nome que se origina na sexta raiz 
cervical, C6) e plurirradiculares (músculos 
extensores da articulação cúbita, carpo e 
dígito todos inervados pelo nervo radial 
que surge da confluência de C7-8 e T1-2). 
 
 Fig. 10 Campo radicular motor do reflexo patelar. FONTE: 
Lent R. Cem Bilhões de Neurônios. Atheneu, Rio de 
Janeiro, 2 ed, 2010. 
Anatomia Animal Aplicada 14 
O sistema nervoso autônomo permite 
estabelecer uma segmentação visceral (Fig. 11), apesar 
da complexidade de organização deste sistema. Na 
inervação visceral, fibras eferentes procedem de centros 
vegetativos do neuro-eixo por meio dos nervos cérebro-
espinais e realizam sinapse com neurônios localizados 
em gânglios viscerais dispostos em três níveis (pára-
vertebrais (cadeia simpática), pré-vertebrais (gânglios 
celíaco, mesentéricos cranial e caudal e pélvico) e 
intramurais (plexos mientérico e submucoso)). Todavia, 
esta complexidade de interconexões dificulta a exata 
identificação de cada segmento visceral (enterômeros). 
 
Apesar da imperfeição, a metameria facilita a compreensão topográfica definitiva e 
as relações dos órgãos e sistemas através de seus 
deslocamentos longitudinais, observado 
especialmente no desenvolvimento dos tubos neural 
e esplâncnico. Ainda, permite interpretar vários 
aspectos clínicos e cirúrgicos importantes na prática 
veterinária. A topografia da medula espinal varia no 
feto e no indivíduo maduro, seu crescimento, 
inicialmente, é contínuo com o da coluna vertebral, 
ficando mais lento e abandonando a sintopia com os 
segmentos mais caudais da coluna (Fig. 12). Com isto, 
infere-se que a medula termina ao nível de L6 ou L7 
no cão, S1 nos ruminantes, S2 no equino, L7 ou S2 no 
gato, considerando o tipo morfológico e o sexo, e que 
os nervos espinais oriundos destes segmentos 
percorrem um determinado trajeto no interior do 
canal vertebral antes de emergirem no seu forame 
intervertebral de correspondência,à exceção dos nervos espinais cervi 
cais cujo trajeto é curto. Outro ponto derivado desta dis 
topia é a correlação entre os centros de controle medu 
lar viscerais estar, muitas vezes, localizados cranialmen 
te ao seu alvo visceral (o centro nervoso de controle da 
musculatura abdominal ventral está localizado entre T3 
 e T10). Ambos os fatores permitem a interpretação e a 
determinação perfeita localização topográfica de lesões 
medulares ou de raízes nervosas. 
 
A disposição dos dermatômeros é uma importante ferramenta na interpretação de 
perturbações de sensibilidade por lesões em raízes ou troncos nervosos (i.e. na retículo-
Fig. 11 Segmentação visceral. 
Fig. 12 Secção mediana do canal vertebral 
e medula espinhal felino doméstico (A), 
canino (B), suíno (C), bovino (D), equino 
(E). O espaço interarqueado lombosacro é 
indicado pela seta. Observe a diferença 
na estensão caudal da medula espinhal 
entre as diferentes espécies. A extensão 
delgada da medula espinhal é o filamento 
terminal, que termina nas vértebras 
coccígeas. FONTE: Dyce KM, Sack WO, 
WENSING CJG. Tratado de Anatomia 
Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
Anatomia Animal Aplicada 15 
pericardite-traumática bovina, onde corpos estranhos perfuram o retículo, diafragma e o 
coração). Ainda, a sensibilidade visceral (reflexo víscero-cutâneo) é conduzida por fibras 
nervosas aferentes que se relacionam com fibras de nervos somáticos, explicando o 
fenômeno da dor referida na zona cutânea inervada pelo mesmo tronco ou nervo (i.e. as 
estruturas perfuradas na doença acima citada provoca hipersensibilidade na região cervical 
dorsal (cernelha)). A observação destas alterações de sensibilidade cutânea relacionadas a 
moléstias viscerais ou internas podem conduzir a um diagnóstico mais preciso e assertivo na 
rotina clínica. Contudo, é importante ressaltar que, geralmente, a sensibilidade cutânea é 
observada em uma região mais dorsal do que o posicionamento do órgão lesionado, devido 
à posição mais ventral das vísceras. A dor referida também pode ser determinada pela 
relação entre a inervação visceral e muscular, ambas as estruturas são inervadas pelas 
raízes motoras dos nervos espinais que pode transmitir, via o arco reflexo medular (Fig. 10), 
a sensibilidade de um órgão e desta forma provocar a contratura muscular. 
Na paquimeria observa-se a divisão do corpo dos animais em dois tubos distintos e 
desiguais: dorsal ou neural e o ventral ou esplâncnico, ambos possuem um eixo esquelético 
comum que envia prolongamentos ósseos que entram na construção da parede de cada 
tubo. Assim, o tronco se apresenta constituído pela justaposição de dois tubos (neural e 
esplâncnico), um diante do outro e que se encontram envolvidos por um terceiro tubo 
comum, representado pelos planos superficiais do corpo (pele e tela subcutânea). O tubo 
ventral emite os quatro apêndices corporais, os membros torácicos e pélvicos, que são 
inervados pelos ramos colaterais e terminais dos plexos nervosos constituídos pelo 
entrelaçamento dos ramos ventrais dos nervos espinais. 
O corpo dos vertebrados é construído estratigraficamente, ou seja, pela sobreposição 
de camadas do mesmo tecido ou de tecidos diferentes. A estratigrafia pode ser observada 
em segmentos corporais ou em órgãos distintos, correspondendo a histiotopia na 
organização das vísceras corporais. A estratigrafia é mais bem compreendida quando 
estudada em órgãos cavitários ou tubulares (i.e. esôfago, estômago ou vaso sanguíneo). 
Nestes órgãos são observadas uma série de túnicas que se dispõem concentricamente, a 
saber: mucosa (mais interna, voltada para luz do órgão, sendo composta por uma lâmina 
epitelial, lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo e uma muscular da mucosa, de caráter 
facultativo); submucosa (tecido conjuntivo denso irregular que pode alojar glândulas, vasos 
sanguíneos e linfáticos além de nervos e estruturas do sistema imune); muscular 
(constituída de músculo liso ou estriado esquelético, que pode apresentar-se dispostas em 
camadas circular, oblíqua e/ou longitudinal) e serosa ou adventícia (para maiores detalhes 
consultar sobre organologia em bibliografia de Histologia). A estratigrafia apesar de pouco 
evidente também pode ser observada em órgãos parenquimatosos, como o pâncreas e o 
fígado, no indivíduo adulto, porém é mais evidente durante o desenvolvimento 
embriológico. 
A estratigrafia na construção do corpo dos animais pode ser identificada na 
construção das diferentes regiões corpóreas, como a observada na parede ventral do 
abdômen (região da bainha do músculo reto abdominal, Fig. 13) na qual estão presentes: 
pele ou cútis (composta pela epiderme e dermes papilar e reticular), tela subcutânea ou 
Anatomia Animal Aplicada 16 
hipoderme (constituída pelos estratos areolar ou superficial, fáscia subcutânea ou fascia 
superficialis e lamelar), fáscia muscular, a muscular (composta pelos músculos abdominais: 
oblíquo abdominal externo e interno e transverso abdominal, cujas aponeuroses revestem o 
músculo reto abdominal), a fáscia transversa, a fáscia profunda do tronco e o peritônio 
parietal. Entretanto, em outras regiões esta estratigrafia não se apresenta de forma tão 
evidente, como a que ocorre no tubo dorsal do tronco, onde as sucessivas camadas 
musculares se alternam com outras estruturas anatômicas. Nesta região é possível visualizar, 
por meio de uma dissecação cuidadosa: a pele, a tela subcutânea, a fáscia muscular, a 
musculatura esquelética (disposta em várias camadas), o plano ósteo-articular (constituído 
pelos arcos vertebrais e ligamentos que fecham o canal vertebral), a dura-máter e a 
leptomeninge (aracnóide e pia-máter). Se considerarmos a medula espinal como integrante 
deste plano estratigráfico, esta apresenta a substância branca externamente, a substância 
cinzenta e o canal central revestido pelo epitélio ependimário. Assim, pode-se observar que 
a construção estratigráfica está presente em todo o organismo, embora muitas vezes sua 
organização possa ser pouco evidente devido à ausência de uma camada ou pelo grande 
desenvolvimento de outra em certos órgãos ou regiões. Esta premissa é de grande 
importância no estudo anátomo-topográfico ou da anatomia aplicada por permitir a 
identificação das camadas presentes em uma região ou órgão e, desta forma, contribuir 
amplamente com as abordagens clínicas ou cirúrgicas a serem utilizadas no cotidiano 
profissional. 
 
 
Fig. 13 Representação esquemática da estratigrafia da parede abdominal ventral em corte transversal. FONTE: 
König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
 
 
 
 
Túnica serosa 
Fáscia transversa 
Fáscia profunda do 
tronco 
Fáscia superficial do 
tronco 
Pele 
Linha alba 
M. intercostal interno 
M. intercostal externo 
Costela 
M. transveso abdome 
M. oblíquo abdominal 
interno 
M. oblíquo abdominal 
externo 
M. reto abdominal 
 
3. Generalidades Constituintes Regiões Corporais 
CAMADAS E REGIÕES SUPERFICIAIS 
PELE E ANEXOS CUTÂNEOS 
As camadas superficiais do corpo são constituídas pela pele (cútis), anexos cutâneos 
(pelos, glândulas cutâneas e mamária, órgão digital (coxins digitais, unha, garra e cápsula 
da úngula) e corno ou chifre), tela subcutânea e bolsas sinoviais, que conjuntamente 
constituem o sistema tegumentar. Sua função primordial é proteger o organismo contra 
agentes físicos (radiação, calor e frio), químicos (água e agentes corrosivos) e biológicos 
(ectoparasitas, bactérias e fungos), além de atuar na termorregulação por constituir um 
importante meio de dispersão calórica e de evaporação do suor. 
A pele é composta da epiderme (camada superficialconstituída por um epitélio 
estratificado pavimentoso queratinizado) 
e da derme (camada formada por tecido 
conjuntivo frouxo e denso irregular, 
dispostos em dois estratos o papilar, junto 
ao epitélio, e reticular, mais profundo e 
amplamente vascularizado e inervado). A 
organização da epiderme permite que 
sejam identificados dois tipos de pele 
recobrindo o corpo, a pele fina e a 
espessa, além do chamado complexo 
orgânico da epiderme, constituído por 
pelos, glândulas sebáceas e sudoríparas 
(para maiores detalhes consulte 
bibliografia de histologia veterinária). Em 
locais em que um estresse mecânico é 
exercido sobre a pele pode-se observar a 
presença de cristas epidérmicas 
associadas a papilas dérmicas muito 
altas, esta união entre as duas camadas é 
reforçada pela presença de 
hemidesmossomos e junções de aderência 
focal, que constituem o mecanismo de 
coesão derme-epidérmico (Fig. 14). 
 
 
 
 
Fig. 14 Mecanismo de coesão derme-epidérmico. FONTE: 
König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. 
Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011 & Nickel R, Schummer 
A, Seiferle E. Anatomy of the domestic animals. Parey, 
Berlin, 1977. 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 18 
Outra característica 
importante da pele é a sua 
elasticidade (Fig. 15), que permite 
os movimentos do corpo estando 
distendida na sua capacidade 
máxima, tanto que se retrai 
quando em processo de 
cicatrização por continuidade. 
Esta capacidade é de importância 
cirúrgica, pois interfere na sua 
ressecção. Ao se realizar a secção 
de pele deve-se considerar que 
ocorre uma retração de 1/3 
imediatamente e que se tem de 
fazer um retalho três vezes maior 
que a área da incisão. A elasticidade é determinada pela disposição das fibras conjuntivas e 
elásticas da derme, que apresentam um padrão de distribuição em cada região do corpo, 
indicando a direção de menor distensibilidade (de maior resistência da pele à tração), isto 
faz com que uma secção circular da pele resulte em uma fenda. No animal jovem estas 
linhas de fenda são orientadas circularmente ou em espiral, enquanto que no adulto 
podem ser transversais no tronco e longitudinal nos membros, com algumas modificações 
sobre as articulações. Na prática cirúrgica deve ser lembrado que a direção da elasticidade 
da pele é o primeiro fator a ser considerado no momento da incisão, salvo exceções 
quando outros fatores técnicos interfiram neste processo. É importante ter em mente que 
uma incisão perpendicular às linhas de elasticidade dificultarão o processo cicatricial, por 
provocar o afastamento das bordas, enquanto que a incisão paralela aos feixes conjuntivo-
elásticos facilita a cicatrização por ter tendência a aproximar as bordas. 
Além da organização dos feixes conjuntivo-elásticos, devem ser consideradas a 
vascularização (sanguínea e linfática) e a inervação da pele. A epiderme é avascular, 
recebendo vascularização das redes arteriais dérmica (subpapilar e cutânea) e subcutânea 
que drenam para os plexos venosos coriais, subpapilares (superficial e profundo) e 
profundo da derme. A drenagem linfática inicia nos seios linfáticos, rede linfocapilar 
profunda da pele que direcionam a linfa aos linfonodos tributários. A inervação da pele 
inclui fibras simpáticas e sensoriais (plexo nervoso subcutâneo da derme e da tela 
subcutânea, corpúsculos nervosos: pressão, tato e vibração, temperatura e dor). 
 
Tela subcutânea (Hipoderme) 
Abaixo da pele encontra-se a hipoderme ou tela subcutânea, representada por 
tecido conjuntivo fibrilar frouxo, trabeculado (aréolas) e com depósitos de tecido adiposo. 
A espessura varia com o grau de infiltração adiposa, sendo muito fina nas pálpebras e 
muito espessa nas áreas de grandes depósitos adiposos, contudo sua espessura é 
dependente do estado nutricional, idade, indivíduos mais velhos à tendência de aumentar, 
Fig. 15 Distribuição das fibras elásticas nas regiões corpóreas. 
FONTE: Nickel R, Schummer A, Seiferle E. Anatomy of the 
domestic animals. Parey, Berlin, 1977. 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 19 
e sexo. Algumas regiões sempre apresentam uma tela espessa, independente do 
emagrecimento ou estado fisiológico, como por exemplo, na região glútea. Nestas regiões a 
tela, além da ação protetora contra a dispersão calórica, atua protegendo as formações 
profundas contra pressão ou abrasão mecânica, por esta razão, quando estas áreas são 
incididas, ocorre herniação do tecido adiposo por perda da pressão. 
A tela está organizada em 
três camadas (Fig. 16): 
superficial ou areolar ou 
panículo adiposo (rica em tecido 
adiposo, sendo o último depósito 
de gordura a ser queimado, com 
adipócitos acompanhando as 
linhas de fenda, aloja a 
musculatura sexual (por 
exemplo, o músculo dartus), 
dificultando a propagação de 
líquidos (formação de acúmulos 
tencionando as terminações 
nervosas: dor); média: fáscia superficial ou subcutânea, duas lâminas de tecido fibroso, 
variável conforme a região: espessa ou delgada, músculo cutâneo (entre as duas lâminas); e 
profunda: lamelar, pode conter tecido adiposo; permite a mobilidade da pele, na ausência a 
pele é fixa (face palmar e plantar dos membros), permite a propagação de líquidos 
(medicamentos)). 
 
BOLSAS SINOVIAIS 
Constituem lacunas 
presentes na tela subcutânea 
que se orientam 
paralelamente à superfície 
cutânea. Estas bolsas são 
delimitadas por uma cápsula 
de tecido conjuntivo, de 
aspecto liso e uniforme, cuja 
cavidade pode ser atravessada 
por trabéculas conjuntivas 
que permitem a travessia de 
feixes vásculo-nervosos de 
pequeno calibre. A presença das trabéculas pode ser devido ao desgaste imposto pelo atrito 
a que estão constantemente expostas. No interior das bolsas está presente um líquido 
semelhante à sinóvia. As bolsas (Fig. 17) estão localizadas junto às saliências ósseas ou 
cartilaginosas, representando estruturas anatômicas normais do indivíduo ou ocasionadas 
pela utilização ou, ainda, em decorrência de lesões ósseas (calo ósseo) e amputações. Em 
Fig. 16 Organização da tela subcutânea. FONTE: DONE SH. Atlas 
colorido de anatomia do cão e gato. Manole, São Paulo, 2002. 
Fig. 17 Bolsa (1) e bainha (2) sinoviais. FONTE: Banks WJ. 
Histologia Veterinária Aplicada. Manole, São Paulo, 2 ed, 1998. 
1 
2 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 20 
locais submetidos a grandes atritos ou forças mecânicas, as bolsas podem envolver 
estruturas anatômicas constituindo uma bainha sinovial, tal qual as observadas junto aos 
tendões flexores dos dígitos. Quando inflamadas constituem as bursites e o excesso de 
líquido no seu interior constituem os higromas. 
 
SINTOPIA GERAL DOS ÓRGÃOS 
Como referido anteriormente, os órgãos que constituem o corpo mantém uma 
relação estreita com os seus vizinhos próximos (sintopia). Este conceito de construção pode 
ser observado, mais atentamente, em cada sistema ou aparelho com as suas devidas 
peculiaridades, ou víscera a víscera individualmente. 
 
SINTOPIA ÓSSEA 
No sistema esquelético devem ser observadas, primeiramente, as relações que se 
estabelecem entre cada peça óssea, pontuando as diferentes formas de articulações que as 
comunicam. Em uma visão simplista podemos observar que cada osso apresenta 
peculiaridades articulares geradas a partir de sua forma anatômica, assim: ossos longos 
tendem a se articularem por suas extremidades, enquanto ossos planos ligam-se por suas 
margens e os ossos curtos por suas faces. Contudo, há de se pontuar exceções a essa regra, 
tal qual acontece entre o osso coxal que se articula por sua face lateral com o fêmur oua 
articulação entre os processos articulares das vértebras. 
Morfologicamente, existem dois tipos básicos de 
articulações: por continuidade e por contiguidade. O 
primeiro tipo congrega as articulações na qual os ossos se 
encontram unido por um tecido que varia entre 
conjuntivo fibroso ou cartilagem hialina ou 
fibrocartilagíneo que se interpõe entre eles. As 
articulações fibrosas podem ser sindesmoses (união por 
tecido fibroso entre ossos localizados a certa distância, 
como a que ocorre entre os processos espinhosos das 
vértebras pelo ligamento interespinhoso ou a que ocorre 
entre o corpo do rádio e a ulna pela membrana interóssea 
antebraquial) ou suturas (união que lembra os pontos 
realizados por uma máquina de costura). Estas duas 
formas de articulação fibrosa podem ser acometidos por 
um processo fisiológico de ossificação, denominado 
sinostose. As suturas (Fig. 18) incluem um grupo de 
junturas que se diferenciam conforme o encaixe das 
peças ósseas, sendo classificadas como: serrata ou 
serreada (margens ósseas constituem dentículos que se 
encaixam em zig-zag, como a que ocorre entre os ossos 
Fig. 18 Esquematização de uma 
sutura. FONTE: Sobotta J. Atlas de 
Anatomia Humana. Guanabara 
Koogan, Rio de janeiro, 23 ed, 2013. 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 21 
lacrimal e zigomático); escamada ou escamosa (margens ósseas em forma de bisel, como a 
que ocorre entre o osso parietal e a porção escamosa do osso temporal); plana (margens 
lisas entre os ossos, como o observado entre os processos palatinos do osso maxilar); 
foleada ou folhosa (margens ósseas que se articulam como folhas de dois livros 
entremeadas, como a encontrada entre o osso frontal e nasal do suíno); esquindilese (um 
osso forma um canal onde outro osso se encaixa, sendo observada na união entre o osso 
etmoide, o septo nasal e a calha do vômer) e a gonfose (um osso se implanta em cunha 
sobre outro osso, como a implantação dos dentes nos alvéolos dentários dos ossos maxilar e 
mandíbula). As articulações cartilaginosas ou cartilagíneas ocorrem de duas formas: 
sincondrose (a cartilagem é do tipo hialina que se dispõe de maneira intraóssea, como 
observado entre o osso basoesfenóide e o pré-esfenóide, ou de maneira interóssea, como a 
encontrada entre as esternébras e as cartilagens costais das costelas esternais) e sínfise (o 
tecido interposto é do tipo fibrocartilagíneo, como a união entre as esternébras do esterno, 
as sínfises pélvica ou mentoniana). 
Nas articulações por contiguidade (Fig. 19) as superfícies articulares dos ossos são 
recobertas por cartilagem hialina (cartilagem articular) e encontram-se justapostas, 
permitindo que se estabeleça uma fenda ou cavidade articular. A cavidade articular é 
delimitada por uma cápsula de tecido conjuntivo denso externamente e pelo estrato 
sinovial internamente, que produz um líquido lubrificante e nutridor da articulação 
chamada sinóvia. Além da cápsula, existem cintas de tecido conjuntivo fibroelástico, que 
auxiliam na ligação dos ossos e na estabilização da articulação, que são os ligamentos, que 
podem ser capsulares (fazendo parte da parede externa da cápsula, como os ligamentos 
gleno-umerais da 
articulação do 
úmero), 
extracapsulares 
(externamente à 
parede da 
cápsula, 
ligamentos 
colaterais társicos 
longo e breve) e 
intracapsulares 
(interiormente à 
parede da 
cápsula e nem 
sempre ligados à 
ela, como os ligamentos cruzados da articulação fêmoro-tibial). Existem várias categorias de 
articulações por contiguidade ou sinoviais, estas podem ser simples (quando constituídas 
por dois ossos, por exemplo, articulação do úmero, deste osso com a escápula) ou 
compostas (mais de dois ossos, como a que ocorre entre o úmero, rádio e ulna na 
articulação cúbita); e congruentes (quando o encaixe entre as superfícies articulares é 
Fig. 19 Representação de uma articulação sinovial. FONTE: König HE, Liebich HJ. 
Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
Epífise distal 
Cápsula articular: 
membrana sinovial 
Cápsula articular: 
membrana fibrosa 
Cavidade articular 
Sinovia 
Cartilagem articular 
Epífise proximal 
Ligamento extra-capsular 
 
Ligamento extra-capsular 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 22 
perfeito) ou incongruentes (quando estruturas acessórias (lábio, orla, disco e menisco) 
estão presentes com a finalidade de permitir o encaixe perfeito entre as superfícies 
articulares). 
A forma da 
superfície articular permite 
que as articulações sejam 
classificadas como (Fig. 
20): esferóide (segmentos 
menores que meia esfera, 
como o observado na 
articulação entre a 
cavidade glenóide da 
escápula e a cabeça do 
úmero ou segmentos 
maiores que meia esfera 
como a encontrada na 
articulação entre o 
acetábulo e seu lábio 
acetabular (cartilagem) do 
coxal e a cabeça do 
fêmur);condilar (segmento 
em forma de cilindro, 
como o observado na 
articulação entre os 
côndilos do fêmur e da tíbia); 
selar (superfície côncava se 
encaixa em outra convexa 
e vice-versa, como a que 
ocorre entre as falanges proximal e média); troclear (superfície representada por um 
segmento de cilindro escavado por sulco que se encaixa em uma crista, como na articulação 
entre a tróclea do úmero e a superfície articular do rádio ou a articulação entre o tálus com a 
extremidade distal da tíbia); trocóide (superfície em formato de pivô que se aloja em outro 
segmento escavado, articulação do processo odontóide do atlas com a cavidade articular do 
atlas); plana (superfícies lisas ou planas, como a articulação entre os processos articulares 
das vértebras) e elipsoide (superfície convexa e ovoide que se encaixa em outra côncava, 
como a articulação entre os côndilos do occipital e a cavidade articular do atlas). As 
articulações sinoviais permitem a realização de movimentos (Fig. 21) que podem ser 
realizados com o deslocamento dos ossos sobre seus eixos anatômicos, podendo ser: 
monoaxial (articulações que realizam deslocamento em um só eixo, como a articulação 
cúbita que permite apenas os movimentos de flexão e extensão) ou multiaxial (permitindo 
movimentos em todos os eixos, como a articulação coxal, que permite movimentos de 
flexão e extensão, abdução e adução e rotação). 
Fig. 20 Representação da classificação das articulações por contiguidade 
conforme a superfície articular. FONTE: König HE, Liebich HJ. Anatomia 
dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
Articulação 
plana 
Articulações condilares Articulações trocleares 
Articulação 
trocóide Articulação selar 
Articulação 
esferóide 
Articulação 
elipsóide 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 23 
 
Fig. 21 A Movimentos dos membros ilustrado por fêmures caninos, 1 adução, 2 abdução, 3 circundação, 4 
rotação medial, 5 rotação lateral. B Extremidade distal do membro torácico do equino, articulação cárpica 
flexionada (1) e extendida (2), articulação metacarpofalangeana flexionada (3) e extendida (4) e hiperestendida 
(5). FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
 
Para que os ossos sejam utilizados na geração de movimentos, faz-se necessária 
uma relação sintópica com os músculos, que podem estar envolvendo quase totalmente os 
ossos, gerando uma situação axial em um segmento corpóreo (observada nos membros 
torácico e pélvico) ou de forma entremeada entre ambas às estruturas, como ocorre na 
parede do tórax. No corpo dos vertebrados há somente uma situação de músculo localizado 
de forma intraóssea, o músculo estapédio na orelha interna.Na geração de movimento, os 
músculos possuem pontos de fixação nos ossos, que são a origem (ponto fixo do músculo) e 
a inserção (ponto que permite o deslocamento da peça óssea), além de cruzarem sobre o 
eixo de movimento de uma ou mais de uma articulação, permitindo a variação de 
movimentos nas articulações. Contudo, alguns músculos se relacionam apenas com uma das 
extremidades ósseas (músculos cutâneos que se originam em ossos, mas inserem-se na 
pele). 
A camada de revestimento externo dos ossos (periósteo) serve de ancoradouro e 
como meio de relação destes com várias mucosas, como o observado nas cavidades oral e 
nasal ou nos seios paranasais. Ainda, vasos e nervos profundos deixam na superfície óssea 
impressões de sua passagem sobre os ossos (os sulcos vasculares dos vasos e nervos 
obturatórios na face pélvica do ílio), além de percorrerem sua intimidade formando canais 
ou túneis, como a artéria maxilar interna no canal alar ou o nervo mandibular no canal 
mandibular. Muitas das vísceras possuem uma relação de vizinhança com o esqueleto, em 
qualquer segmento do tubo esplâncnico, estando separados por camadas de diferentes 
tecidos que variam em número e espessura. Além disso, podem-se utilizar os ossos do corpo 
para determinar a localização de uma víscera aplicando o conceito da esqueletopia. 
Saliências ósseas são observadas na pele em diversas regiões do corpo, sendo interpostas de 
forma indireta por incluir a fáscia muscular e a tela subcutânea. 
Todas as relações entre os ossos e os demais componentes do corpo, que ocorrem de 
forma mediata ou imediata, servem de subsídios para o entendimento da propagação de 
alguns processos patológicos dos ossos para os tecidos circunjascentes e explicam as lesões 
observadas em decorrência de fraturas ósseas em vasos, nervos e outros órgãos. 
A B 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 24 
SINTOPIA MUSCULAR 
Os músculos desempenham múltiplas funções no organismo, gerando movimento e 
locomoção, mantendo a postura corporal, auxiliando na mecânica respiratória e protegendo 
os órgãos internos. Funcionalmente e histológicamente são observados três tipos 
musculares: estriado esquelético, estriado cardíaco e liso (para maiores detalhes consulte 
bibliografia de histologia veterinária). Funcionalmente, os músculos esqueléticos são 
voluntários, enquanto que os músculos liso e cardíaco 
são involuntários. Os músculos esqueléticos são 
responsáveis pela maior parte das funções 
supracitadas, apresentando macroscopicamente as 
seguintes porções: ventre (responsável pela 
contratilidade, sendo também chamado de porção 
carnosa), tendão (constituído de tecido conjuntivo 
denso modelado, possuindo um formato cilíndrico ou 
de cordão, responsável pela transmissão de força no 
movimento), aponeurose (também constituído de 
tecido conjuntivo, porém fibroso e com formato de fita 
ou lâmina) e fáscia (tecido conjuntivo que individualiza 
cada músculo, mantém a organização e permite o 
deslizamento sem atrito entre os ventres muscula 
res, Fig. 22). No interior do ventre encontram-se o epi 
mísio (camada de tecido conjuntivo que divide o ventre em fascículos), perimísio (divide os 
fascículos em feixes de fibras) e endomísio (recobre cada fibra muscular). O ventre muscular 
é constituído por células denominadas fibras musculares que possuem proteínas contráteis 
(actina, miosina, troponina e tropomiosina) que são ativadas por terminações nervosas 
constituindo a placa motora, cuja força de contração é variável entre os diferentes tipos de 
músculos (para maiores detalhes consulte bibliografia de histologia e fisiologia veterinária). 
Os músculos esqueléticos são classificados e nomeados conforme a disposição das fibras 
musculares (paralelos: fusiformes, largos e longos; ou oblíquos: penados, bipenados e 
multipenados), o número de origens (bíceps, tríceps e quadríceps) ou ventres (gástrico e 
digástrico), quanto à função (flexor, extensor, adutor, abdutor, supinador, pronador, 
constritor, esfintérico e cutâneo) ou pelo papel desempenhado na geração de um 
movimento (agonista, antagonista e sinergista), Fig. 23. 
A relação dos músculos com os ossos ocorre por meio dos pontos de fixação (origem 
e inserção), no entanto a maioria dos músculos encontra-se, apenas, justaposto às 
articulações, cobrindo-as em maior ou menor extensão. Entretanto, alguns músculos fixam-
se a superfície externa de uma articulação (músculo semimembranoso) ou penetram em 
uma articulação por meio de seu tendão, sendo revestido pela cápsula articular, mas 
mantendo-se externamente à cavidade articular (músculo bíceps braquial na articulação do 
úmero). Os músculos realizam relações recíprocas entre eles, relacionando-se por 
sobreposição de camadas constituídas por um único músculo largo ou por vários músculos 
longos justapostos. Na disposição em camadas, os músculos longos localizam-se mais 
Fig. 22 Representação das porções de um 
músculo esquelético 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 25 
superficialmente e, muitas vezes, não realizam contato com o esqueleto e recobrem um 
segmento corporal inteiro como um músculo livre (músculos bíceps braquial e sartório). 
 
 
Fig. 23 Representação da classificação dos músculos esqueléticos conforme o arranjo das fibras musculares. 
FONTE: König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
 
Os músculos organizam-se em grupos que desempenham funções próprias 
sinérgicas ou antagônicas (flexores e extensores), fazendo com que a posição de repouso de 
um músculo ou grupo seja dada quando seu antagonista está alongado além do estado de 
equilíbrio. Nos casos de paralisia de um grupo muscular, o grupo antagônico faz uma ação 
compensatória retraindo até a sua posição de repouso, sendo fixado por seu tecido 
conjuntivo e resultando em uma atitude viciosa e permanente do segmento afetado. Ainda, 
os músculos podem estar alojados em compartimentos (ou lojas) oriundos da subdivisão do 
espaço subfascial, que podem ser fechados por septos intermusculares que se estendem do 
esqueleto à face profunda da fáscia muscular. Esta relação entre os compartimentos e as 
fáscias musculares forma espaços, algumas vezes virtuais, entre os músculos que são 
preenchidos por tecido conjuntivo frouxo, permitindo o deslizamento de um músculo 
sobre o outro sem atrito durante sua contração. A ausência deste tecido intermuscular 
resulta em distúrbios mecânicos relacionados a processos patológicos. Alguns músculos 
relacionam-se intimamente com mucosas (músculo bucinador) ou com serosas (diafragma). 
Os interstícios musculares constituem vias vásculo-nervosas profundas, fazendo 
com que os músculos próximos sirvam de referência para estas estruturas (músculo 
extensor radial do carpo acompanha a artéria radial, servindo de guia para a pesquisa deste 
vaso). Ainda, esta íntima relação faz com que a atividade muscular influencie a 
hemodinâmica vascular, visto que o epimísio e o perimísio emitem expansões fibrosas ou 
carnosas que penetram a adventícia das artérias e veias próximas. Assim, no momento da 
contração muscular, os músculos exercem tração sobre os vasos favorecendo a 
vasodilatação e a circulação regional. Algumas regiões corporais apresentam túneis 
Músculo reto 
com múltiplos 
ventres 
Músculo largo 
com aponeurose 
Músculo 
esfinctérico 
Músculo 
orbicular 
Músculo 
digástrico 
Músculo 
biceps 
Músculo uma 
cabeça 
Músculo 
multipenado 
Músculo 
bipenado 
Músculos fusiformes 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 26 
fibrosos formados por expansões das fáscias musculares que permitem a passagem de 
vasos, fazendo com que no momento da contração oudo movimento ocorra o 
deslocamento do túnel e dos vasos. Este mecanismo promove a acomodação dos vasos às 
condições topográficas regionais, protegendo contra pressões desfavoráveis ou rompimento 
por abrasão. Estes túneis também protegem os nervos contra abrasão ou de lesões 
ocasionadas por contrações repetidas durante o exercício ou locomoção. Certos vasos 
sanguíneos podem sofrer compressão na travessia de alguns músculos, como por exemplo, 
a passagem da veia cava caudal pelo diafragma. O forame para esta veia localiza-se no 
centro tendinoso do diafragma, sendo comprimido durante cada ciclo de contração deste 
músculo. Isto é propiciado pelo arranjo das fibras musculares que formam um conjunto de 
feixes digástricos no ventre do músculo, que culminan no centro frênico ou tendíneo. Ao se 
contraírem as fibras musculares promovem o estreitamento do forame da veia cava caudal 
comprimindo a veia. 
Na sintopia dos músculos com as vísceras são observados músculos esqueléticos que 
participam da constituição de certas vísceras (musculatura extrínseca da laringe) e músculos 
que servem de passagem para vísceras (diafragma que é transpassado pelo esôfago e os 
músculos esfíncter anal externo e coccígeo que permitem a passagem do canal anal e vias 
urinárias e genitais, constituindo o diafragma pélvico). Outros músculos esqueléticos 
possuem relação direta com a pele (musculatura cutânea), prendendo-se profundamente na 
derme que é movimentada durante sua contração. 
 
SINTOPIA VÁSCULO-NERVOSA 
Artérias e veias apresentam 
um padrão básico de construção, 
constiutídas por uma túnicas íntima 
(endotélio e camada subendotelial), 
média (músculo liso e fibras 
elásticas) e adventícia (tecido 
conjuntivo frouxo) (Fig. 24). Estes 
elementos variam conforme o 
calibre ou a funcionalidade dos 
vasos (para maiores detalhes 
consulte bibliografia de histologia 
veterinária). Anatomicamente, 
podem-se distinguir as artérias por 
apresentarem coloração esbranqui 
çada, formato cilíndrico regular e atividade pulsátil, enquanto que as veias possuem 
paredes mais delgadas e semitrans 
parentes e fluxo passivo. Ainda, as artérias distribuem-se no corpo dividindo-se e 
diminuindo seu calibre até atingirem o nível microscópico, enquanto que as veias partem do 
nível microscópico e unem-se constituindo tributárias até atingirem grandes calibres. As 
junções entre artérias ou entre veias constituem as anastomoses. 
Fig. 24 Representação da constituição da parede dos vasos 
sanguíneos. 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 27 
Os nervos são cordões esbranquiçados constituídos por feixes de fibras nervosas 
reforçadas por tecido conjuntivo (epineuro: mantém os fascículos unidos por tecido 
conjuntivo frouxo, permitindo certa mobilidade ao nervo; perineuro: membrana fina mais 
densa, bastante vascularizada, rígida e forte, de tecido conjuntivo que rodeia cada fascículo; 
e endoneuro: camada mais interna e delicada de tecido conjuntivo, distensível, 
vascularizada e com função protetora às alterações pressóricas) que unem o sistema 
nervoso central (SNC) aos órgãos periféricos (Fig. 25). Os nervos podem ser espinhais ou 
cranianos, conforme sua conexão com o SNC, possuindo fibras nervosas sensoriais, motoras 
e autonômicas, as quais cada feixe nervoso contém tanto componentes aferentes quanto 
eferentes. Os nervos formam anastomoses constituindo plexos, cujas lesões resultam em 
danos parciais ou permanentes ocasionando perda de flexão ou extensão voluntária de 
uma ou mais articulações; incapacidade de sustentar o peso; perda de reflexos espinhais do 
membro; atrofia de músculos e perda de propriocepção consciente no membro (para 
maiores detalhes consulte bibliografia de histologia e neurologia veterinária). 
 
Fig 25 Representação esquemática da estrutura do nervo. 
 
Geralmente, os troncos arteriais profundos relacionam-se com as faces flexoras das 
articulações e sofrem modificações na sua topografia inerentes aos movimentos 
articulares. Já os troncos nervosos podem relacionar-se com qualquer face de uma 
articulação, facilitando o afrouxamento do nervo após uma neurorrafia (o nervo mediano 
passa sobre a face flexora da articulação cúbita, sendo necessário manter esta flexionada 
para afrouxar o nervo, enquanto que a posição extensionada é necessária para o 
afrouxamento do nervo ulnar). O tronco arterial principal está localizado no tecido 
subseroso do tubo esplâncnico, onde divide-se em artérias profundas que deslocam-se pelo 
tecido frouxo até alcançarem o espaço intermuscular deste e do tubo neural, bem como das 
extremidades. No seu trajeto cada artéria, geralmente, é acompanhada por duas veias, com 
algumas exceções (no pênis ocorrem duas artérias para uma veia). As veias são 
acompanhadas de grandes coletores linfáticos, que por sua vez são interpostos por 
linfonodos ou por nódulos hematolinfáticos e hemais (ponto de formação da veia cava 
caudal em ruminantes). Os nervos profundos acompanham os vasos, sendo todos envoltos 
Endoneuro 
Fascículo nervoso 
Epineuro 
Fibra nervosa 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 28 
por uma bainha comum constituindo um feixe vásculo-nervoso (por exemplo, a bainha 
carotídea formada pela artéria carótida comum, veia jugular interna e nervo vago). No 
entanto, alguns nervos profundos possuem trajeto independente dos vasos. Os nervos 
simpáticos relacionam-se com os vasos constituindo plexos periarteriais que acompanham 
a divisão arterial. Os nervos e vasos localizados no crânio e região cervical partem 
diretamente do canal vertebral ou forames cranianos para o espaço intermuscular. Todos 
os vasos e nervos ao penetrarem nos espaços intermusculares ramificam-se intensamente 
em ramos colaterais para músculos, ossos e articulações e em ramos do plexo subcutâneo, 
onde os nervos são mais superficiais que os vasos por constituírem as terminações nervosas 
sensoriais (para maiores detalhes consulte bibliografia de histologia e neurologia 
veterinária). 
Os feixes vásculo-nervosos acompanham o tecido subseroso que envolve as vísceras 
até alcançá-las, enquanto que nas vísceras envoltas por serosa (pleura ou peritônio) estes 
deslocam-se acompanhando as pregas (omentos, mesos e ligamentos) que se formam 
nestas membranas. Os feixes vásculo-nervosos penetram nas vísceras por meio do hilo 
(fissura ou depressão numa víscera, especialmente no baço, pulmão, rim ou ovário, pela 
qual entram e saem os elementos vasculares, nervosos e linfáticos) ou por toda superfície 
do órgão (útero, coração e glândula tireóide). A presença de hilo é um facilitador na 
realização de algumas abordagens cirúrgicas. Já os feixes vásculo-nervosos destinados ao 
neuro-eixo penetram o tubo dorsal por meio dos forames intervertebrais ou dos orifícios 
da base do crânio, cruzando as meninges e os espaços meníngeos para atingirem a pia-
máter, onde formam redes mais ou menos densas que originam ramos que se aprofundam 
no tecido nervoso. 
 
SINTOPIA DO NEURO-EIXO 
O neuro-eixo (encéfalo: 
cérebro, cerebelo e tronco 
encefálico (mesencéfalo, ponte e 
bulbo ou medula oblonga); e 
medula espinal) encontra-se no 
tubo dorsal do tronco 
(paquímero dorsal ou neural, Fig. 
6), preenchendo-o 
incompletamente. Este é 
separado das demais estruturas 
do tubo por lâminas de tecido 
conjuntivo denso, que iniciam no 
periósteo do canal vertebral ou 
craniano e continuam-se na paqui 
meninge (dura-máter) e leptome 
ninge (aracnoide e pia-máter). 
Fig. 26 Organização das meninges e espaços meníngeos na 
medula espinal. FONTE: Drake RL, Vogl AW, Mitchell AWM. 
Gray's Anatomy for Students: With STUDENT CONSULT Online 
Access. Elsevier, NewYork, 2 ed, 2009. 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 29 
No segmento vertebral, a superfície interna do canal é revestida pelo periósteo, sob o qual 
existe um espaço (espaço epidural ou extradural) ocupado por tecido adiposo semifluido e 
veias calibrosas (plexo venoso vertebral interno). O espaço epidural é limitado pela 
presença da dura-máter, que constitui um estojo fibroso resistente, preso ao canal 
vertebral por uma série de ligamentos meningo-vertebrais e que separa-se da aracnoide por 
um espaço virtual preenchido pelo líquido céfalo-raquidiano (LCR), o espaço subdural (Fig. 
26). Na leptomeninge distinguem-se a camada superficial (aracnoide) e a profunda (pia-
máter). A aracnóide comunica-se com a pia-máter por meio de traves conjuntivas que 
formam espaços (espaço subaracnoideo) repletos de LCR, enquanto que a pia-máter 
distribui-se acompanhando as depressões e saliências da superfície da substância nervosa. 
Já no segmento craniano ou cefálico desaparece o espaço epidural devido à fusão do 
periósteo com a dura-máter, que apresenta uma série de seios de drenagem do líquido 
céfalo-raquidiano, que confluem para a cisterna magna e espessamentos para acomodação 
do encéfalo (foice cerebral e tenda do cerebelo). As demais meninges apresentam-se da 
mesma forma que a observada no segmento medular. 
 
 
FATORES DE ESTÁTICA VISCERAL 
No início da gestação o embrião em forma de placa fecha-se em um tubo, composto 
inicialmente de endoderma, mesoderma e ectoderma. Este tubo ou arquêntero (arqui = 
antigo; entero = intestino), origina o trato digestório primitivo. Com o crescimento fetal, 
forma-se a cavidade celomática (mamíferos desenvolvem o diafragma, que separa o 
celoma em cavidades torácica e abdominal) aonde os órgãos vão se acomodando (para 
maiores detalhes consulte bibliografia de embriologia). Surgem os folhetos de 
revestimento, denominados de serosas, que evitam o atrito de um órgão com o outro, 
impedem as aderências, mantém os órgãos umidificados, promovem separações de 
cavidades (mediastino) e mantém a estática visceral. Entretanto, alguns órgãos, por não se 
encontrarem em cavidades, são desprovidos de serosas, mas apresentam um tecido 
conjuntivo frouxo, chamado de adventícia, que não libera secreção alguma, simplesmente 
mantém a estática do órgão em meio a outros, evitando atrito, estiramentos, compressões, 
torções e deslocamentos. Assim, para que, tanto as vísceras extra-serosas como as intra-
serosas sejam mantidas em suas posições originais, várias estruturas colaboram neste 
processo, constituindo os fatores de estática visceral. 
 
VÍSCERAS EXTRA-SEROSAS 
As vísceras cefálicas e cervicais, os órgãos localizados no mediastino (considerando-
se o saco pericárdico e coração um único órgão), os órgãos extra-peritoniais do abdome e 
pelve não encontram-se no interior de uma cavidade serosa ou envoltos na sua totalidade 
por uma serosa, mas sim embebidos em um tecido conjuntivo frouxo, mais ou menos 
abundante conforme a região. Este tecido conjuntivo constitui o primeiro fator para 
manutenção da estática destes órgãos, podendo ser observado ao redor, constituindo 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 30 
cápsulas, bainhas e ligamentos que, às vezes, podem ser reforçados por músculo liso. Além 
de fixar diretamente o órgão à parede do tubo esplâncnico, o tecido conjuntivo e suas 
diferenciações interligam vísceras, estabelecendo uma continuidade entre elas, 
caracterizando um eficiente meio de contensão (fixação da glândula tireoide ao tubo 
laringotraqueal por tecido conjuntivo, que em muitas espécies forma ligamentos 
resistentes). O segundo fator é representado pelos vasos sanguíneos, especialmente as 
artérias, que além de conduzirem o sangue funcionam como amarras ou tirantes e quando 
repletas de sangue sob pressão são capazes de suportar parte do peso do órgão a que se 
destinam, por tornarem-se parcialmente rígidas (a artéria renal suporta um peso de até 10 
g). Outros vasos, que perdem a sua função após o nascimento (ducto arterioso que torna-se 
o ligamento arterioso, ligamento redondo hepático oriundo da veia umbilical esquerda, os 
ligamentos redondos vesicais que são resquícios das artérias umbilicais) obliteram-se e 
sofrem o processo de fibrosamento constituindo resistentes cordões de fixação. O último 
fator é representado pelos músculos esqueléticos que exercem fixação por suspensão 
(músculos supra-hióideos que fixam o parelho hioideo e por consequência o conduto 
laringotraqueal ou o músculo elevador do ânus na qual está preso o reto). 
 
VÍSCERAS INTRASEROSAS 
A membrana serosa reveste as cavidades peritoneal, pleural e pericardíaca, que são 
geralmente descritas como cavidades fechadas do corpo, embora na fêmea, a cavidade 
peritoneal se comunique com o exterior através das tubas uterinas. Estruturalmente, a 
serosa é constituída por um epitélio de revestimento (mesotélio), por um tecido conjuntivo 
de sustentação, por uma lâmina basal entre os dois, não apresenta glândulas e o líquido 
presente em sua superfície é aquoso (liberado por vesículas do citoplasma das células 
mesoteliais). A reabsorção desse líquido é feito pelas mesmas células, independente de 
estarem no paquímero dorsal ou ventral. Assim, a manutenção da estática visceral neste 
caso obedece a fatores mais complexos que aqueles observados no item anterior, 
carecendo de descrição pormenorizada. 
 
Estática do coração 
Garantida exclusivamente 
pelas conexões vasculares do órgão 
(Fig. 27), onde as duas veias cavas 
(cranial e caudal) exercem o papel de 
cordas horizontais fixas ao coração 
por sua base, enquanto que a aorta 
atua como um meio de suspensão 
poderoso, por tornar-se rígida pela 
pressão sanguínea em seu lúmen, e 
como principal fator do choque de 
ponta cardíaco (o aumento da pres 
Fig. 27 Fatores de estática do coração. FONTE: Popesko P. 
Atlas de Anatomia Topográfica dos Animais Domésticos. 
Manole, São Paulo, 1985. Aorta (12), veias cavas cranial (36) 
e caudal (24), veias pulmonares (25) e o círculo verde indica 
o tronco pulmonar. 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 31 
são arterial na aorta após a sístole ventricular, tende a abrir a curvatura do arco aórtico e 
deslocar cranialmente o ramo ascendente, permitindo a aproximação do coração da parede 
torácica). A maior abertura do arco é limitada pelo ligamento arterioso, que realiza sua 
fixação ao ramo esquerdo do tronco pulmonar, que assim como a aorta torna-se rígido pela 
pressão sanguínea. O papel das veias pulmonares na estática do coração é de impedir 
deslocamentos látero-laterais do coração. Por fim, os ligamentos frênico-pericárdico 
(carnívoro e suíno) e esternopericárdico (equino e ruminante), atuam na fixação do coração 
pelo seu ápice. 
 
Estática do pulmão 
Os pulmões ocupam as partes 
laterais da cavidade torácica, estando 
quase completamente envoltos pela 
pleura e em contato íntimo com a 
parede torácica, deslizando sobre elas 
em cada ciclo respiratório. Um fino 
filme líquido faz com que as pleuras 
parietal e visceral estejam unidas como 
duas lâminas de vidro molhadas, onde a 
tensão superficial gerada permite o 
deslizamento pulmonar sem atrito (Fig. 
28). O pulmão é insuflado pela pressão 
atmosférica que atua por meio da 
árvore traqueobrônquica (Fig. 29), 
sempre em contato com a parede 
torácica, contudo quando instalada a 
pressão subatmosférica, resultante 
retração elástica pulmonar, o espaço 
pleural, antes virtual, torna-se real. A 
retração pulmonar, pela introdução de 
ar no espaço pleural, é maior no 
cadáver que no vivente, pois os vasos 
sanguíneos funcionam como uma armação que impede a retração total do órgão. 
Assim, os vasos (tronco pulmonar e veias 
pulmonares) repletos de sangue sob pressão, assim como os demais elementos do pedículo 
pulmonar (brônquios, nervos, vasos linfáticos e ligamento pulmonar), também chamado de 
hilo ou raiz pulmonar, atuam como estruturas para a manutenção da posição pulmonar, 
contudo cabe ao vazio pleural o principal papel na estática pulmonar. 
 
Fig. 28 Fatores de estática dos pulmões, em verde a 
organização das pleuras parietal, visceral e 
mediastínica. FONTE: Popesko P. Atlas de Anatomia 
Topográfica dos Animais Domésticos. Manole, São 
Paulo, 1985. 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 32 
 
Fig. 29 A: Molde em corrosão da árvore traqueobrônquica no canino. B: Detalhe dos brônquios principais e 
traqueal no suíno. FONTE: König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 
ed, 2011. (Tradução do espanhol: Lóbulo significa lobo na língua portuguesa). 
 
Estática das vísceras abdominais 
Diferentes fatores contribuem para a estática das vísceras abdominais, como os 
efeitos de vizinhança (sintopia visceral), a ação da parede e a pressão abdominal, que são 
intimamente relacionados. A massa visceral exerce uma pressão, semelhante à pressão 
hidrostática, sobre a parede abdominal, que é flácida, resultando em um estímulo à 
tonicidade da musculatura abdominal que gera uma força contrária que tende a comprimir 
e apoiar o conteúdo visceral abdominal. Este binômio morfológico e funcional (peso da 
massa visceral e parede abdominal) gera uma pressão intra-abdominal, que devido à 
posição quadrupedal dos animais, torna-se maior quanto mais ventralmente estiver 
localizada a víscera na cavidade abdominal. Assim, a perda do tônus abdominal favorece o 
abaixamento geral dos órgãos abdominais associada à perda da topografia padrão. Ainda, 
deve-se salientar o papel exercido pela coluna vertebral, principalmente da região lombar, 
na sustentação dos órgãos abdominais (este tópico será discutido na sessão sobre mecânica 
da coluna vertebral). Outros fatores importantes são as conexões anatômicas diretas, que 
são intimamente relacionadas à membrana serosa abdominal (peritônio) (Fig. 30). As 
conexões peritoniais são importantes por limitarem o deslocamento visceral no momento 
da perda da pressão intra-abdominal (por uma incisão cirúrgica ou por um rompimento 
acidental da parede), mantendo, desta forma, o deslocamento dentro das suas conexões 
diretas e permitindo o retorno à sua posição inicial quando recuperada a pressão 
abdominal. Existem dois tipos de conexões peritoniais diretas: primárias (realizadas pelos 
ligamentos, mesos e omentos ou epíplons, sendo observadas em animais quadrúpedes, 
semi-eretos e eretos) e secundárias (coalescências, que são adquiridas durante a 
organogênese, representando um aperfeiçoamento na fixação visceral). As conexões 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 33 
peritoneais devem a sua capacidade de fixação à camada fibroelástica da sua túnica 
própria. Finalizando, ressalta-se o importante papel desempenhado pela vasculatura 
visceral, quer diretamente pela sua repleção por sangue sob pressão ou pelo sua 
obliteração e fibrosamento (já discutido em conjunto das visceras extra-serosas). 
 
 
Fig. 30 Representação esquemática da disposição do peritônio nas cavidades abdominal e pélvica no felino 
doméstico em secção mediana. FONTE: König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, 
Porto Alegre, 4 ed, 2011. (Tradução do espanhol: Lóbulo significa lobo na língua portuguesa). 
 
Estática das vísceras pélvicas 
Os órgãos contidos na cavidade pélvica diferenciam-se dos abdominais por alguns 
apresentarem-se envoltos pelo tecido conjuntivo subperitoneal (próstata) ou alguns 
estarem relacionados a este tecido e, em parte, conectados ao peritônio (útero, reto e 
bexiga), exigindo maior grau de fixação por estarem no final do tubo esplâncnico e devido à 
proximidade com as aberturas perineais, o que permitiria seu deslocamento e formação de 
hérnias. Com isto, observa-se que, os órgãos em contato com o peritônio pélvico possuem 
nesta serosa um elemento de fixação que, ao partir da parede do coxal, forma ligamentos 
que aderem em maior ou menor extensão na parede da víscera, limitando seu 
deslocamento e constituindo um aparelho de tração craniocaudal ou de limitação da 
movimentação dos órgãos pélvicos. Abaixo do conjuntivo subseroso, revestido por sua 
fáscia, encontra-se o plano músculo-tendíneo do períneo, que oferece sólido apoio às 
vísceras pélvicas, constituindo o fundo da pelve. Esta região denominada de diafragma 
pélvico compreende uma porção fáscio-muscular (fáscias pélvica, perineal profunda e 
superficial, e músculos superficiais e profundos do períneo, principalmente elevador do 
ânus e esfíncter anal externo) e pelo diafragma urogenital (disposto abaixo do hiato 
genital, sendo formado no macho: músculos bulbo-esponjoso, isquicavernoso, isquiouretral, 
esfinctérico da uretra, transverso superficial do períneo, profundo do períneo, retrator do 
pênis, retrator do ânus, fáscia perineal e aponeuroses do períneo; e na fêmea: músculos 
constritor da vulva, constritor do vestíbulo, isquicavernoso, isquiouretral, retrator do clitóris, 
transversos superficial e profundo do períneo, esfinctérico da uretra, aponeuroses 
superficial e profunda do períneo e fáscia perineal). 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 34 
O diafragma pélvico é 
incompleto, visto que o músculo 
elevador do ânus apresenta o hiato 
genital (fenda mediana entre seus 
feixes púbicos), que permite a 
passagem ao reto e uretra e, na 
fêmea, à vagina, cuja contração 
muscular diminui o diâmetro e o 
comprimento desta abertura. Esta 
relação é de maior importância na 
fêmea, pois com o aumento da 
pressão intra-abdominal (como 
ocorre no parto), o diafragma pélvico 
oferece resistência ao útero (mais 
móvel e deslocável víscera pélvica), 
sendo necessário restabelecer sua 
integridade quando comprometida. 
Reforçando a estática dos órgãos 
pélvicos encontra-se o aparelho de 
fechamento do períneo, constituído 
pela justaposição oblíqua das pare 
des dos condutos intestinal (reto), uri 
nário (uretra) e genital (vagina), que se dispõem como ripas de uma veneziana entre as 
fibras do músculo elevador do ânus (Fig. 31). Durante a contração deste músculo, 
principalmente nos momentos de maior pressão intra-abdominal, estes órgãos são 
tracionados dorsalmente, fazendo com que um pressione o outro e o lúmen de cada um é 
obliterado. Outros fatores importantes na estática dos órgãos pélvicos são o aparelho de 
contenção elástica visceral, formado pelo tecido conjuntivo frouxo embebido de tecido 
adiposo, e o tecido conjuntivo pélvico, que em certas direções apresenta-se condensado e 
organizado em ligamentos. 
 
 
ESQUELETOPIA E TOPOLOGIA VISCERAL 
Sendo a esqueletopia compreendida em um sentido amplo (relação dos ossos entre 
si e com outros sistemas), pode-se aplicar este conceito em um sentido mais restrito, 
considerando-se a projeção dos órgãos sobre o esqueleto e a distância que os separa 
deste. Com isso, é possível determinar a área de projeção de cada órgão sobre o esqueleto 
próximo, estabelecendo correspondências entre as várias partes de cada órgão e as peças 
ósseas (topologia). 
 
 
Fig. 31 Representação esquemática dos recessos perironiais 
na fêmea (A) e no macho (B). FONTE: König HE, Liebich HJ. 
Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 
ed, 2011. 
A 
B 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 35 
ESQUELETOPIA E TOPOLOGIA DO DIAFRAGMA 
 
ESPÉCIE 
FASE CICLO RESPIRATÓRIO 
INSPIRAÇÃOEXPIRAÇÃO REPOUSO 
CANINO 
Linha ligeiramente convexa 
7ª. costela – L3 
Linha convexidade cranial 
7ª. – 13ª. costela 
Linha retilínea 
7ª. – 13ª. costela 
EQUINO 
Linha convexidade caudal 
7º. EIC – L3-4 
Linha convexidade cranial 
17º. – 7º. EIC (superfície dorsal 
cartilagem xifoide) 
Linha retilínea 
7º. EIC (superfície dorsal 
cartilagem xifoide) – 17º. EIC 
BOVINO 
Linha convexidade caudal 
6º. – 12º. EIC 
Linha convexidade cranial 
5º. – 12º. EIC 
Linha retilínea 
5º. – 12º. EIC 
SUÍNO 
Linha convexidade caudal 
6º. EIC – L3 
Linha convexidade cranial 
6º. – 12º. EIC 
Linha retilínea 
6º. EIC – 13ª. costela 
PEQ. RUM. 
Linha convexidade caudal 
7ª. costela – L3 
Linha convexidade cranial 
7ª. – 12ª. costela 
Linha retilínea 
esterno na 7ª. costela – L1 
 
ESQUELETOPIA E TOPOLOGIA CARDÍACA 
 
 
ESPÉCIE 
ANTÍMERO DIREITO ANTÍMERO ESQUERDO 
CRANIAL CAUDAL DORSAL VENTRAL CRANIAL CAUDAL DORSAL VENTRAL 
CANINO 
2º. EIC 6º. EIC 
Linha 
tangencia 
articulações 
úmero e 
coxal 
2ª. – 5ª. costela 
acompanhando 
esterno 
 
MESMOS LIMITES 
 
Bulha pulmonar: 3º. EIC 
Bulha aórtica: 4º. EIC 
Bulha mitral: 5º. EIC Bulha tricúspide: 4º. EIC 
EQÜINO 
2º. EIC 
linha 
vertical 
tangencia 
tuberosidade 
da espinha da 
escápula 
6º. 
EIC 
linha 
vertical 
tangencia 
cartilagem 
escápula 
Linha entre 
articulações 
do úmero e 
coxal 
Linha horizontal 
tangencia 
olécrano 
 
MESMOS LIMITES 
 
Bulha pulmonar: 3º. EIC 
Bulha aórtica: 4º. EIC 
Bulha mitral: 5º. EIC 
Bulha tricúspide: 3º. EIC sob 4ª. costela 
BOVINO 
 
3ª. costela 
Ápice 6º. 
EIC linha 
tangencia 
bordo 
caudal 
cartilagem 
escápula 
Linha 
horizontal 
acompanha 
articulação 
úmero 
Linha 
acompanha 
esterno 
3ª. costela até 
6ª. EIC 
MESMOS LIMITES 
Bulha tricúspide: 3º. EIC sob 4ª. costela 
SUÍNO 
2ª. costela 
 
5ª. costela 
Linha entre 
articulações 
úmero até 
coxal. 
2ª. – 5ª costela 
 
MESMOS LIMITES 
 
Bulha pulmonar: 2º. EIC 
Bulha aórtica: 3º. EIC 
Bulha mitral: 4º. EIC Bulha tricúspide: 3º. EIC 
PEQ. 
RUM. 
2ª. costela 5º. EIC 
Linha entre 
articulações 
do úmero e 
coxal 
Esterno 
 
MESMOS LIMITES 
 
Bulha pulmonar: 3º. EIC 
Bulha aórtica e mitral: 4º. EIC Bulha tricúspide: 3º. EIC 
 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 36 
ESQUELETOPIA E TOPOLOGIA PULMONAR 
 
 
ESPÉCIE 
PULMÃO DIREITO PULMÃO ESQUERDO 
CRANIAL CAUDAL DORSAL VENTRAL CRANIAL CAUDAL DORSAL VENTRAL 
CANINO 
 
1ª. costela 
 
12º. 
EIC 
 
1ª. costela 
– 12º. EIC 
 
1ª. – 5ª. 
costela 
 
1ª. costela 
6ª. costela 
– 12º. EIC 
1ª. costela 
– 12º. EIC 
 
1ª. – 6ª. 
costela 
Incisura cardíaca: 5ª. costela 
EQUINO 
Metade 
diáfise do 
úmero até 
rebordo 
caudal 
cartilagem 
escapular 
 
 
 
17º. – 6º. 
EIC 
 
Cartilagem 
da escápula 
até 
17º. EIC 
 
 
4º. – 6º. 
EIC 
diáfise do 
úmero 
 
 
 
MESMA TOPOGRAFIA 
BOVINO 
 
1ª. 
costela 
 
11º. – 6º. 
EIC 
 
1ª. – 12ª. 
costela 
 
6º EIC – 
1ª. costela 
 
MESMA TOPOGRAFIA 
Incisura cardíaca: 3ª. costela 
SUÍNO 
 
 
MESMA TOPOGRAFIA 
Diáfise do 
úmero 
1ª. costela 
 
12º. – 4º. 
EIC 
Espinha da 
escápula 
12º. EIC 
Metade 
diáfise 
úmero 
4º. EIC 
Incisura cardíaca: 3ª. costela 
PEQ. 
RUM. 
1º. EIC 
Linha 
convexa 
12º. – 5º. 
EIC 
Linha 
paralela 
processo 
transversos 
12º. – 5º. 
EIC 
Linha 
côncava 
1o. – 5º. 
EIC 
MESMA TOPOGRAFIA 
Incisura cardíaca: 4ª. costela 
 
ESQUELETOPIA E TOPOLOGIA HEPÁTICA 
 
ESPÉCIE 
ANTÍMERO DIREITO ANTÍMERO ESQUERDO 
CRANIAL CAUDAL DORSAL VENTRAL CRANIAL CAUDAL VENTRAL 
CANINO 
1/3 
inferior 
6ª. costela 
Linha 
dorsoventral 
12º. – 9º. EIC 
Linha 
retilínea 
12º. EIC – 
6ª. 
costela 
Linha 
convexa 
6ª. 
costela – 
10º. EIC 
11ª. 
costela – 
7º. EIC 
Linha 
dorsoventral 
11ª. – 12ª. 
costela 
ultrapassa 
gradil costal 
Acompanha 
assoalho 
abdominal 
7º. EIC – 
12ª. costela 
Vesícula biliar: 1/3 ventral 9ª. costela 
EQUINO 
Linha 
convexa 
8º. – 15º. 
EIC 
Linha 
convexa 
15º. – 11º. 
EIC 
 
Linha 
convexa 
11º. – 8º. 
EIC 
Linha 
convexa 
6º. – 13º. 
EIC 
Linha 
convexa 
8º. – 13º. EIC 
Linha 
convexa 
6º. – 8º. EIC 
BOVINO 
5º. EIC 12º. EIC 
 
Vesícula biliar 10º. EIC 
SUÍNO 
14ª. 
costela – 
5º. EIC 
14ª. costela 
5º. EIC – 
13ª. 
costela 
5º. – 8º. 
EIC 
8º. EIC – 12ª. 
costela 
5º. EIC – 
12ª. costela 
PEQ. RUM. 
5º. EIC 13ª. costela 
 
Vesícula biliar 9º. EIC 
 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 37 
ESQUELETOPIA E TOPOLOGIA DO BAÇO 
 
ESPÉCIE ANTÍMERO ESQUERDO 
CANINO Alongado e semitriangular 11º. EIC – L2 
EQUINO 
Cranial: linha côncava 14º. – 12º. EIC 
Caudal: linha convexa 12º. EIC – L3 
Dorsal: linha retilínea 14º. EIC – L3 
BOVINO Alongado 7º. – 12º. EIC 
SUÍNO Triangular e alongado dorsoventralmente 12º. EIC – L2 
PEQ. RUM. Arredondado 10º. EIC – L3 
 
ESQUELETOPIA E TOPOLOGIA GÁSTRICA 
 
ESPÉCIE ANTÍMERO DIREITO ANTÍMERO ESQUERDO 
CANINO 
Arredondado 
9º. EIC – 13ª. costela 
Ventralmente ultrapassa rebordo costal 
EQÜINO Projeção ligeiramente circular 10º. – 16º. EIC 
BOVINO 
Três projeções circulares 5º. EIC – 11ª. costela Rúmen: 7º. EIC – L5 
Saco dorsal: até promontório sacral 
Saco ventral: projeta-se sobre fêmur e assoalho 
abdominal 
Retículo: cranialmente do 5º. – 7º. EIC 
Omaso: dorsalmente do 7º. – 10º. EIC 
Abomaso: caudoventralmente do 7º. – 11º. EIC Retículo: projeta-se cranialmente até 5º. EIC 
SUÍNO 
Projeção amêndoa ultrapassa gradil costal 
10º. EIC – 13ª. costela 
Ligeiramente ovalado acompanha linha vertebral 
8ª. – 13ª. costela 
PEQ. RUM. 
Três projeções circulares 5º. EIC – 10ª. costela Rúmen: 7º. EIC – L5 
Saco dorsal: até promontório sacral 
Saco ventral: acompanha assoalho abdominal 
Retículo: cranialmente do 6º. – 5º. EIC 
Omaso: dorsalmente do 6º. – 9ª. costela 
Abomaso: ventralmente do 6º. EIC – 10ª. costela Retículo: projeta-se cranialmente até 6ª. costela 
 
ESQUELETOPIA E TOPOLOGIA INTESTINAL 
 
ESPÉCIE ANTÍMERO DIREITO ANTÍMERO ESQUERDO 
CANINO 
Intestino delgado 
Cólon esquerdo faixa até 11ª. costela 
Cólon direito abaixo esquerdo 
Ceco projeção circular entre ID e Cólon 
esquerdo 
Intestino delgado 
Cólon esquerdo faixa central estreita 
Ceco cranialmente Cólon esquerdo 
EQUINO 
4 faixas: 
cranialmente: Cólon dorsal direito – 7º. EIC 
ventralmente: Cólon ventral direito 
centralmente: Ceco (maior área) 
caudalmente: Intestino delgado 
4 faixas dentro gradil costal, mais cranialmente 
Cólon dorsal esquerdo 
Fora gradil costal dorsoventralmente: 
Cólon terminal 
Intestino delgado 
Cólon ventral esquerdo 
BOVINO 
dorsocranialmente: Duodeno 
centro: Cólon espiral 
ventralmente: Jejuno 
 
SUÍNO 
Intestino delgado 
faixa dorsal: Intestino grosso 
faixa ventral: ceco 
centralmente: intestino grosso 
dorso-caudo-cranialmente: Intestino delgado 
PEQ. RUM. 
dorsalmente: Ceco, cólon e reto, entremeados 
pelo duodeno 
ventralmente: Jejuno 
 
 
Generalidades Constituintes Regiões Corporais 38 
 ESQUELETOPIA E TOPOLOGIA RENAL 
 
ESPÉCIE ANTÍMERO DIREITO ANTÍMEROESQUERDO 
CANINO 12ª. costela – L1 13ª. costela – L2 
EQUINO 14º. – 17º. EIC 16º. EIC – L3 
BOVINO 
Direito: 11º.EIC – L2 
Esquerdo: L2-L5 
 
SUÍNO 13º. EIC – L4 13º. EIC – L4 
PEQ. RUM. 
Direito: 11º. EIC – L2 
Esquerdo: L2-L5 
 
 
 
ESQUELETOPIA E TOPOLOGIA OVARIANA 
 
ESPÉCIE ANTÍMERO DIREITO ANTÍMERO ESQUERDO 
CANINO 
Caudalmente respectivo rim, dorsal ou 
dorsolateralmente cólon ascendente. 
Caudalmente respectivo rim, extremidade 
dorsal baço e dorsolateralmente cólon 
descendente. 
EQUINO Dorsalmente abdome, cranioventralmente a cada asa do ílio em L5 
BOVINO Parte ventral do corpo do íleo respectivo, junto a entrada da pelve 
SUÍNO Ventrolateralmente à entrada da pelve, encontrados entre os intestinos 
PEQ. RUM. Parte ventral do corpo do íleo respectivo, junto a entrada da pelve 
 
4. Tipos Constitucionais em Medicina Veterinária 
GENERALIDADES E CONCEITOS 
Em sentido amplo o tipo constitucional refere-se à característica de estrutura 
anatômica que, em linhas gerais, são comuns a várias raças que desempenham trabalhos 
similares e, em sentido estrito, está relacionado a cada padrão racial. Com isso, o tipo 
constitucional ou biótipo ou zootipo, pode ser definido como: o esquema arquitetônico ao 
qual correspodem animais que, mesmo de diferentes origens, apresentam as mesmas 
aptidões funcionais. Nesse sentido o conhecimento da função específica de uma raça facilita 
a compreensão de seu padrão racial, no que diz respeito às exigências estruturais. Desta 
forma entende-se que o tipo constitucional possui uma íntima associação com a aptidão 
funcional, sendo que o primeiro aspecto a ser observado ao examinar-se um animal é o tipo: 
típico ou atípico. 
O tipo constitucional resulta do desenvolvimento do genótipo que é a carga de 
elementos hereditários que o animal traz em potencial, sobre o qual atuam fatores não 
genéticos, chamados de parátipo ou condição, como por exemplo, clima, tipo de solo, 
alimentação, nutrição, espaço disponível, controle parasitário, vacinas, que permitem, ou 
não, o desenvolvimento dessa potencialidade genética. Sob esse enfoque o tipo 
constitucional confunde-se com o fenótipo que é o conjunto de características 
apresentadas por um indivíduo, sejam elas morfológicas ou fisiológicas ou 
comportamentais que, por indução, reporta-se à sua característica genética. Também 
fazem parte do fenótipo características microscópicas e de natureza bioquímica, que 
necessitam de testes especiais para a sua identificação. 
Para a determinação do tipo constitucional são utilizados vários fatores 
morfológicos e morfométricos, que buscam estabelecer o padrão racial ou pedigree, que é 
um certificado de registro de um animal doméstico, indicando as características básicas do 
animal padronizadas de acordo com a raça, variedade e pelagem (tipo e cor) mostrando os 
ascendentes do animal obrigatoriamente até a terceira geração. As características a serem 
avaliadas são: 
 
RAÇA 
A raça é um conceito que obedece a diversos parâmetros para classificar diferentes 
populações de uma mesma espécie biológica de acordo com suas características genéticas 
ou fenotípicas; é comum falar-se das raças de cães ou de outros animais. Os zoólogos 
geralmente consideram a raça um sinônimo das subespécies, caracterizada pela 
comprovada existência de linhagens distintas dentro das espécies, portanto, para a 
delimitação de subespécies ou raças a diferenciação genética é uma condição essencial, 
ainda que não suficiente. Para alguns biólogos, a raça é um grupo distinto constituindo toda 
ou parte de uma espécie. Uma espécie monotípica não tem raças ou a raça é representada 
por toda a espécie. A variação dentro de uma espécie é evidente e segue um padrão, mas 
Tipos Constitucionais em Medicina Veterinária 40 
não há divisões claras entre os diferentes grupos, mas apenas um gradiente de tamanhos, 
formas ou cores. Este tipo de variação clinal significa que existe um fluxo de genes 
substancial entre os grupos aparentemente separados que formam a(s) população(ões) e é 
normal nas espécies monotípicas (espécie humana). Uma espécie politípica tem raças 
distintas, que são grupos separados que normalmente não se cruzam geneticamente 
(embora possa haver zonas relativamente estreitas de hibridização), mas que poderiam 
cruzar-se e produzir descendentes com características mistas (ou iguais a cada um dos 
progenitores) se as condições ambientais o permitissem, normalmente isto se passa entre 
populações geograficamente isoladas da mesma espécie, que podem ser consideradas 
subespécies ou variedades. É importante notar que os grupos que normalmente não se 
cruzam, apesar de viverem na mesma área geográfica, não são raças, mas sim espécies 
diferentes. Os verdadeiros híbridos de espécies diferentes, como por exemplo, da égua com 
o jumento, dão sempre descendentes estéreis, como o são, os machos e as mulas. 
 
ALOIDISMO E PERFIL 
Na análise de um animal durante a inspeção visual o primeiro fator a ser observado é 
conjunto de linhas de contorno que delimitam o corpo do animal ou perfil, considerando as 
variações pertinentes a uma espécie ou raça. O perfil, de modo geral, é mais bem apreciado 
na cabeça por ser o segmento que nos animais, menos alterações sofrem com fatores 
externos como obesidade, gestações, etc. O estudo do perfil (aloidismo) possibilita a 
identificação de três tipos básicos: 
Perfil Retilíneo ou Ortóide 
Caracterizado por linhas retas e ângulos agudos nas 
junções entre as linhas, predominando a linha longitudinal que se 
prolonga sem sinuosidades, cabeça alongada, região cervical e 
membros longos e pouco musculosos (Fig. 32). Neste perfil 
encontram-se os equinos das raças Andaluz e Puro Sangue Inglês, 
e cães das raças Greyhound e Afghan Hound. 
 
Perfil Concavilíneo ou Selóide 
Caracterizado por uma linha longitudinal côncava, com ângulos mediamente 
proeminentes entre as junções das linhas das demais porções do corpo, cabeça mediana, 
região cervical e membros medianamente musculosos e curtos, no entanto o tórax é 
alargado. Este perfil é observado nos bovinos Jersey e Holandês. 
 
Perfil Convexilíneo ou Certóide 
Caracterizado por linhas convexas unidas por ângulos 
obtusos, cabeça mais larga que longa, região cervical e 
membros mais curtos e musculosos, predominando a largura 
do tronco sobre o comprimento (Fig. 32). Este perfil é 
encontrado nos equinos Percherón e Bretão, bovinos Charolês e 
Normanda e cães Rottweiler e Staffordshire Terrier. 
Fig. 32 Perfil retilíneo. 
Fig. 33 Perfil convexilíneo. 
Tipos Constitucionais em Medicina Veterinária 41 
HETEROMETRIA E FORMATO 
Após analisado o perfil do animal deve-se observar o formato, que exprime a massa 
corpórea do animal adulto, considerando as dimensões, peso, volume e forma. O formato 
exprime mais diretamente a aptidão funcional do animal e revela as variações ou 
alterações do genótipo-fenótipo realizadas pela seleção artificial. Os formatos podem ser: 
Eumétrico 
Animal apresenta proporção entre altura, massa corporal, volume, peso e forma, 
estando nesta categoria os equinos Crioulo e Mangalarga, os cães Beagle e Pointer. 
 
Hipométrico 
Animais com proporções reduzidas em relação ao padrão original da espécie. São 
exemplos de animias hipométricos os Pôneis e os cães Pinscher, Pequinês e Yorkshire 
Terrier. 
 
Hipermétrico 
Neste perfil observa-se um aumento em todas as características morfológicas que 
definem o tamanho do animal, estando geralmente associado ao perfil convexilíneo ou 
certóide. São exemplos de animais hipermétricos os equinos Bretão e Percherón, os cães 
Fila Brasileiro, Mastin Napoitano e São Bernardo, os bovinosHereford, Simental, Limousin 
e Brahma e os suínos Duroc e Large White. 
 
ÍNDICES ZOOMÉTRICOS 
Os índices zoométricos são, em termos anatômicos, os parâmetros que definem 
matematicamente e geométricamente o tipo constitucional. Compreendem a relação entre 
duas medidas corporais, ou entre uma destas e o peso vivo do animal, pondo em evidência 
as proporções, definindo seu tipo constitucional, indicando, com relativa precisão, a sua 
morfologia e permitindo o estudo de raças e indivíduos. No entanto, apesar de fornecerem 
indicações valiosas sobre a morfologia e funcionalidade dos animais, ao utilizarmos os 
índices corporais deve-se considerar que estes não oferecem juízo final sobre os méritos de 
um indivíduo, devendo estes serem complementados com dados genealógicos da espécie 
ou raça. 
 
Medidas de comprimento 
As principais medidas incluem: comprimento occipito-isquiático (distância entre a 
protuberância occipital até a tuberosidade isquiática); comprimento do corpo (distância 
entre a extremidade cranial da escápula e a ponta ou extremidade caudal da nádega); 
comprimento do peito (distância entre a ponta cranial da escápula até o ponto mais saliente 
da última costela) e comprimento da pelve (distância entre a borda cranial da tuberosidade 
ilíaca até a extremidade tuberosidade isquiática). 
 
 
 
Tipos Constitucionais em Medicina Veterinária 42 
Medidas de Altura 
Incluem a altura da cernelha (distância vertical entre a cartilagem da escápula e o 
solo, sendo que nos zebuínos esta medida deve ser tomada imediatamente atrás do cupim); 
altura ou profundidade peitoral ou profundidade do tórax (distância entre a cartilagem da 
escápula em sua porção mediana ao esterno, caudalmente à articulação cúbita até a linha de 
dorso); altura ilíaca ou da anca (distância da tuberosidade ilíaca ao solo); altura do dorso 
(distância do centro dorso ao solo); altura ou profundidade do corpo (distância da 
tuberosidade ilíaca até a região inguinal). 
 
Medidas de Largura 
São medidas: largura peitoral (distância em linha reta entre os pontos atrás das 
escápulas ou na metade da profundidade do tórax); largura ilíaca (distância de uma 
tuberosidade ilíaca à outra ou entre os ângulos externos dos ílios); largura nas articulações 
coxais (distância entre os ângulos externos das articulações coxais); largura isquiática (entre 
as bordas externas das duas tuberosidades isquiáticas); largura do tórax (distância entre as 
duas linhas laterais que passam pelos ângulos dorsais das escápulas); largura costal 
(distância entre dois pontos situados no meio do gradil costal); perímetro torácico (linha que 
sai sobre a espinha da escápula de um antímero ao outro); perímetro metacárpico (medido 
no meio do metacarpo, na sua parte mais fina). 
 
Índices e Proporções 
Com as medidas sugeridas anteriormente é possível 
estabelecer índices ou proporções, em geral pegando-se 
uma medida padrão como denominador (b) e a medida que 
se deseja relacionar no numerador (a) da fração e multipli 
cando por 100 como no exemplo (Fig. 34). Assim, o índice pode ser definido como a 
proporção entre duas ou várias mensurações de regiões do corpo que apresentam 
correlações fisiológica, anatômica ou mecânica e podem ser divididos em quatro: 
 
Índices de formato ou corporais: 
Índice corporal é mensurado considerando o perfil, permitindo classificar o animal 
como longilíneo, mediolíneo ou brevilíneo, indicativos de maturidade fisiológica. 
IC = 
comprimento do corpo x 100 
perímetro torácico 
 
Índice corporal lateral é mensurado considerando o perfil, permitindo classificar o 
animal como longilíneo, mediolíneo ou brevilíneo, indicativos de maturidade 
fisiológica. 
ICL = 
altura ecápula linha do dorso x 100 
comprimento do corpo 
 
Fig. 34 Fórmula geral de cálculo 
dos índices corporais 
Tipos Constitucionais em Medicina Veterinária 43 
Índice corporal transversal quanto maior o valor, mais a caixa torácica do animal é 
larga, observado pela frente ou por trás. As variações deste índice são muito grandes 
em conformidade com a tipologia. 
IT = 
largura peitoral x 100 
altura ecápula linha do dorso 
 
Índice de formato tronco indica a profundidade do corpo em relação ao 
comprimento, consequentemente, a precocidade do animal. Se o animal for também 
brevilineo (Índice corporal), mais precoce o animal será. 
IP = 
profundidade peitoral x 100 
comprimento do corpo 
 
Índice corporal transversal que quanto maior este índice, mais convexo será o tórax; 
quanto menor o índice, mais o tórax será achatado em corte transversal. 
ICT = 
largura peitoral x 100 
profundidade peitoral 
 
Índice superfície corporal que quanto menor for, menor será o quadrado da base, 
indicando o tipo brevelíneo.é mensurado considerando o perfil, permitindo classificar 
o animal como longilíneo, mediolíneo ou brevilíneo, indicativos de maturidade 
fisiológica. 
ILP = 
largura peitoral x 100 
comprimento do corpo 
 
Índice profundidade torácica indica em quanto a altura de um paralelepípedo 
correspondente ao tronco é superior à altura dos membros. 
IRP = 
profundidade peitoral x 100 
altura ecápula linha do dorso 
 
Índices de construção ou mecânicos 
Índice de posição cúbital indica quanto o tórax desce entre os membros, sendo que 
quanto maior o índice, mais o tronco desceu entre os membros torácico e mais 
inclinada é a escápula. 
IPC = 
posição articulação cúbita x 100 
profundidade peitoral 
 
Índice de elevação quanto maior este valor, mais o animal tem o formato 
descendente. 
IP = 
altura no sacro ou altura ecápula linha do dorso x 100 
altura trocanter maior 
 
Tipos Constitucionais em Medicina Veterinária 44 
Índice metatarsiano quanto maior for, mais a articulação femoro-tíbio-patelar é 
baixa, deixando o fêmur mais inclinado e mais alongado.quanto maior este valor, 
mais o animal tem o formato descendente. 
IP = 
altura cubital x 100 
altura fêmur 
 
Índices orgânicos 
Índice de elevação quanto maior este valor, mais o animal tem o formato 
descendente. 
ICT = 
comprimento torácico x 100 
comprimento corporal + comprimento da pelve 
 
Índice cefálico 
ICf = 
largura entre processos zigomáticos x 100 
comprimento da cabeça 
 
Índice torácico transversal quanto maior este valor, mais o animal tem o formato 
descendente. 
ITT = 
largura torácica x 100 
altura torácica 
 
Índice dátilo-torácico 
IP = 
perímetro do metacarpo x 100 
perímetro torácico 
 
Índices de volume 
Índice solidez óssea 
ISO = 
perímetro metacarpo x 100 
perímetro torácico 
 
Índice de compacidade de Rohrer quanto maior este valor, mais pesado o animal em 
proporção à sua altura. 
ICR = 
peso corporal x 100 
(altura escápula dorso)3 
 
Índice de volume quanto maior este valor, mais o animal tem o formato 
descendente. 
IV = 
comprimento do corpo x 100 
profundidade peitoral 
 
Índice de elevação quanto maior este valor, mais o animal tem o formato 
descendente. 
IP = 
altura no sacro ou altura ecápula linha do dorso x 100 
altura trocanter maior 
Tipos Constitucionais em Medicina Veterinária 45 
Índice de crescimento quanto maior este valor, maior o crescimento do animal 
Ic = 
(comprimento do corpo x profundidade peitoral) x 100 
comprimento do corpo 
 
Compacidade medida é vinculada a tipologia. 
Comp = 
peso corporal x 100 
altura escápula dorso 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS CONSTITUCIONAIS 
Quando observamos um grupo de animais evidenciamos diferenças morfológicas 
entre os elementos que compõem o grupo, chamado de variação constitucional, quepodem 
se apresentar mais externamente do que internamente, sem prejuízo funcional para o 
indivíduo. Estas mudanças no formato do animal (anamorfose) podem ser graduais 
constituem-se de processo de evolução contínua, sem descontinuidades ou saltos. Um 
grande exemplo de variação anatômica está na somatotipologia, onde a estrutura física de 
um indivíduo é classificada em quatro condições diferentes: 
 
LONGILÍNEO OU DOLICOMORFO 
Nos longilíneos o perfil é retilíneo ou ortóide, com predomínio acentuado dos eixos 
longitudinais sobre os transversais: o crânio é longo e estreito, a região cervical e tronco 
são longos, o tórax é relativamente estreito, os membros são longos, delgados e pouco 
musculosos. O aspecto geral é de beleza e aerodinamismo: este tipo engloba os cães de 
grande velocidade, como os Borzóis, Whippets, equinos Puro Sangue Inglês e Árabe, os 
bovinos Gir e Guzerá e o suíno Landrace. 
 
MEDIOLÍNEO OU MESOMORFO 
Os animais mediolíneos possuem perfil selóide tendendo à convexilíneo, possuem 
proporções equilibradas, em que nenhum dos segmentos corpóreos apresentam extremos 
de relação entre os eixos de medida. Também no aspecto funcional equilibram força e 
velocidade moderadamente, entretanto, não são dotados de grande resistência física para 
toda uma jornada de trabalho, como acontece com cães pastores, cães de caça e tiro, 
equino Crioulo e Quarto de milha e bovino Jersey e Guernsey. 
 
BREVELÍNEO OU BRAQUIMORFO 
Nos brevilíneos o perfil é marcadamente convexilíneo ou certóide, onde os eixos 
transversais ultrapassam os longitudinais, o corpo é curto e o tórax largo, membros curtos, 
grossos e musculosos, como também a região cervical que é curta e musculosa, sendo a 
cabeça também curta e larga. A idéia geral é de compacticidade, robustez e estabilidade. 
São animais de grande força física, como por exemplo, os Bulldogues, o Mastim Napolitano, 
os equinos Percherón e Bretão e os bovinos Charolês, Aberdeen Angus e Brahma e os 
suínos Duroc e Large White. 
 
Tipos Constitucionais em Medicina Veterinária 46 
ANACOLIMORFO 
Os anacolimorfos apresentam a cabeça, o pescoço e o tronco em proporções 
normais, porém alguns possuem os membros extremamente encurtados facilitando o 
trabalho junto ao solo como o cão Basset-hound, ou sob o solo como os cães Dachshund, 
Scottish Terrier e o Pônei. 
 
HARMONIA DE CONFORMAÇÃO OU CONSTRUÇÃO 
A ezoognósia propicia a observação da harmonia entre as partes, os defeitos e a 
beleza, bem como a relação entre a conformação e a produtividade do animal, facilitando o 
reconhecimento dos atributos morfológicos associados às funções econômicas. A harmonia 
de construção diz respeito ao equlíbrio de proporções dos diferentes segmentos corpóreos. 
Varia de raça para raça e está intimamente ligada ao conceito de beleza zootécnica 
(funcional) que nada tem a ver com o conceito de beleza subjetiva (pessoal) que, sob 
hipótese alguma, deve pesar no julgamento. A beleza de um animal reside no conjunto e 
nos detalhes, na relação adequada entre as regiões do corpo e na harmonia da 
conformação. O animal não pode ser desproporcional, embora a observação esteja limitada 
à apreciação visual sem a tomada direta das medidas no animal. Em bovinos, há entre 
machos, fêmeas e castrados, de uma mesma raça, diferenças mais evidentes do que nos 
equinos, por exemplo. Essas medidas ficam mais acentuadas à medida que o animal fica 
mais velho e sua aptidão mais nítida. 
 
ANIMAIS DE TRABALHO 
Esta categoria visa classificar os animais cujo tipo físico e aptidões funcionais foram 
selecionadas para auxiliar o homem no desempenho de inúmeras atividades laborais ou 
apenas para compania. Em Medicina Veterinária, os animais de trabalho incluem caninos e 
equinos, sendo que os primeiros permitem mais amplamente a aplicação da tipologia 
constitucional devido à diversidade de raças. 
 
Caninos 
Sabe-se que existem diferentes raças de cães com características morfológicas 
próprias, definindo-se os respectivos tipos morfológicos ou tipos constitucionais. Estes 
tipos são representados pelo esquema arquitetônico ao qual correspondem indivíduos 
dotados das mesmas aptidões funcionais, sendo observados cães longilíneos ou 
dolicomorfos (cujas maiores características são a velocidade e a leveza de movimentos, 
sendo utilizados para caça viva, como o Afeghan Hound); mediolíneos ou mediomorfos 
(equilíbrio entre força, resistência e velocidade. São pastores ou especializados em apontar e 
recolher a caça, como o Pastor Alemão e Pointer); e brevelíneos ou braquimorfo (possuem 
grande força, sendo utilizados para guarda e defesa, Boxer e Cão de Fila Brasileiro). 
Particularmente nos cães é evidenciada a associação entre os tipos constitucionais e as 
variações no formato do crânio. Os caninos apresentam crânios do tipo: braquicéfalo 
(grandes diâmetros transversais, como observado no Boxer e/ ou grau extremo de 
braquicefalia observado no Pequinês e Bulldog Inglês); mesaticéfalo (equilíbrio entre os 
diâmetros transversais e longitudinais com a altura, como observado no Beagle e Labrador) 
Tipos Constitucionais em Medicina Veterinária 47 
e dolicocéfalo (grandes diâmetros longitudinais como apresentado pelo Borzoi e Whippet). 
Estes tipos de crânio associam-se diretamente aos tipos constitucionais braquimorfo, 
mediomorfo e dolicomorfo, respectivemente. No entanto, uma segunda classificação dos 
crânios que considera a cabeça em conjunto, gerando os tipos: graióides (cabeça cônica 
estando mais relacionadas aos dolicocéfalos e dolicomorfos, por exemplo, Collie); lupóides 
(cabeça piramidal estando mais associado aos mesatimorfos e mesaticéfalos, contudo 
podem tender a dolicocefalia, por exemplo, o Pastor Alemão); bracóides (cabeça inscrita em 
paralelepípedo estando relacionados aos tipos mesaticéfalos e mesatilíneos, como no 
Cocker Spaniel Inglês e Dog Alemão); e molossóide (cabeça cúbica com região nasal curta ou 
ultra-curta associado aos tipos braquicéfalo e braquimorfo, como no Bulldog Inglês e Francês 
e Rotweiller). 
 
Equinos 
Nos equinos, ainda, é possível observar com certa facilidade os três tipos 
constitucionais básicos, associando-se fundalmentamente às funções ou aptidões de 
trabalho a que estes animais se destinam. Assim, caracterizam-se animais brevelíneos 
(animais de grande massa corpórea que apresentam a região cervical e o tronco curtos e 
musculosos associada a linhas da cabeça convexílineas, mais utilizados para tração pesada 
ou meio pesada: Bretão e Percherón); mediolíneos (animais que apresentam proporções 
harmoniosas entre os diâmetros associado a um perfil retilíneo ou convexo, sendo aptos 
para tração leve e trabalho de campo: Crioulo, Campolina e Mangalarga); e longilíneos 
(animais que apresentam perfil retilíneo tendendo a côncavo, com linhas leves e membros 
longos, sendo grandes velocistas, Árabe, Puro Sangue Inglês e Brasileiro de Hipismo). 
 
ANIMAIS DE PRODUÇÃO 
Em animais cujo maior interesse econômico é a produção (alimentos ou outros 
produtos derivados), melhor se caracterizam os tipos constitucionais associando-se à 
aptidão funcional para cumprir as finalidades desejadas. Assim, acentua-se a ideia, que 
estes expressam e representam características raciais selecionadas e aprimoradas 
genéticamente para melhor desempenhar uma função. As relações com os tipos 
morfológicos básicos são possíveis em alguns casos, contudo são muito limitadas. 
 
Bovinos 
As avaliações morfológicas em bovinos são ferramentas que fornecem informações 
complementares que são úteis para determinar tendências e promover seleção ao longo 
dos anos, permitindo identificar animais com o biótipo adequado para o tipo de produção: 
leite ou corte (carne). 
Produção de leite: Animaiscom perfil côncavo, tendendo a longilíneo, associado a 
cabeça leve, região cervical longa e ossatura fina e que apresentam os membros pélvicos e 
o úbere desenvolvidos: Holandês, Guernsey e Gir-holanda. 
Produção de carne: Animais de perfil convexo, apresentando um conjunto compacto 
com poucas saliências e depressões no corpo associados à cabeça média ou curta, região 
cervical, tronco e membros curtos e musculosos. Podem apresentar tendência brevelínea 
(Charolês) ou longilínea (Nelore). 
Tipos Constitucionais em Medicina Veterinária 48 
Dupla produção: Tendência mediolínea (Devon, Normanda e Red-polled e Sin-
polled). 
 
Suínos 
O suíno sofreu grandes transformações desde seu aparecimento, tendo inicialmente o corpo 
ajustado como um animal caçador e lutador, apresentando 70 % de massa anterior e 30 % de 
posterior; com o advento da domesticação passou a ter 50 % de anterior e 50 % de posterior, que 
com o auxílio da seleção morfológica e genética produziu-se o suíno atual que é um animal mais 
muscular e menos gorduroso, passando a ter 70 % de posterior e 30 % de anterior. O perfil do suíno 
produtor de carne varia entre retilíneo (Landrace e Pietrain), côncavo (Large White e Duroc) ou 
convexilíneo (Hampshire), enquanto que o produtor de banha caracteriza-se apenas pelo perfil 
convexilíneo (Canastra e Piau). 
Produção de carne: Animais com cabeça, tórax e membros alongados, cujos 
membros pélvicos são bem desenvolvidos apresentando tendência longilínea. Algumas 
raças tiveram sua anatomia modificada por seleção genética privilegiando linhagens com 14 
ou 15 pares de costelas: Landrace, Large White e Duroc. 
Produção de banha: Apresenta tendência brevelínea com cabeça e região cervical 
curtas, determinando pouco limite entre este e o tórax que se mostra largo e compacto, 
contudo os membros são curtos: Piau, Nilo e Canastra. 
Dupla produção: São resultados de cruzamentos entre raças, sendo necessário 
examinar cada resultado para determinação do tipo constitucional, no entanto em muitos 
casos predominam os de aptidão para produção de carne. 
 
Pequenos Ruminantes 
Ovinos 
Produção de leite: Apresentam tendência longilínea, cabeça 
alongada, região cervical e membros alongados com ossatura delgada, Lacaune. 
Produção de carne: Apresentam tendência brevelínea ou longilínea, 
com cabeça levemente braquicefálica, região cervical e membros curtos e musculosos, Ile 
de France e Texel. 
Produção de lã: Animais de tendência longilínea, Merino. 
Dupla produção: Nesta categoria faz-se necessário examinar cada raça 
para determinação do tipo constitucional, Corriedale, Ideal e Morada nova. 
 
Caprinos: Diferentemente dos ovinos, nos caprinos faz-se necessário examinar cada 
raça para determinação do tipo constitucional, pois muitas características que determinam 
a tipologia constitucional não se aplicam ou se expressam claramente nestes animais. 
Produção de Leite: Animais de tendência longilínea, Toggenburg, 
Parda alemã ou suíça e Saanen. 
Produção de leite e carne: Os animais selecionados para dupla 
produção possuem tendência brevelínea, Bhuj, Anglo nubiana e Jamnapari. 
Produção de lã: Tendência mesolínea, Angorá. 
Rusticidade: As raças nacionais Moxotó, Canindé e Marota.
 
5. Tópicos em Biomecânica 
GENERLIDADES E CONCEITOS 
As referências iniciais relativas à análise dos aspectos biomecânicos dos 
movimentos corporais (humanos e animais) remontam à antiguidade clássica e pertencem a 
Aristóteles, que registrou as primeiras observações sobre o ato de caminhar do homem e 
dos animais, como consequência da ação dos membros contra o solo. Estas observações 
que permitiram explicar o gesto de deambulação dos animais que foram ratificadas quase 
dois mil anos depois pela terceira lei de Newton, fazendo com que surgisse a biomecânica. 
A biomecânica é o estudo da mecânica (forças e acelerações) dos organismos vivos, 
sendo baseada na observação da estrutura e da função dos sistemas biológicos utilizando 
métodos da mecânica. A biomecânica inclui a biodinâmica (biocinemática (análise dos 
movimentos desconsiderando as forças que o determinam) e biocinética (alterações do 
movimento ocasionadas pelas forças necessárias para gerar este movimento)) e biostática 
(estuda o equilíbrio das forças que atuam durante o repouso). A biomecânica externa 
estuda as forças físicas que agem sobre os corpos enquanto a biomecânica interna estuda a 
mecânica e os aspectos físicos e biofísicos das articulações, dos ossos e dos demais tecidos 
do corpo. Alguns objetivos da biomecânica incluem o entendimento de como o sistema 
locomotor opera, a otimização do desempenho: esportivo e patológico; e a redução de 
lesão: prevenção e reabilitação. Para o estudo da biomecânica foram desenvolvidas várias 
metodologias de estudo como a cinemetria, que propicia o congelamento dos movimentos, 
o registro e, consequentemente, a quantificação geométrica por meio dos instantâneos ou 
fotogramas, possibilitando sua precisa descrição. No entanto, os conceitos e a 
determinação das variáveis inerentes à biomecânica são calcados no conhecimento básico 
da física, incluindo o entendimento sobre vetoriais. 
Assim, observa-se que a biomecânica é uma importante ferramenta para a análise 
dos movimentos e características estruturais dos animais, contudo não consegue explicar a 
variabilidade observada na construção das várias espécies animais. Como estudado nos 
capítulos anteriores, os animais se adptaram ou foram selecionados para o desempenho de 
determinadas funções ou para sobreviverem em um determinado meio. Um exemplo 
clássico é a relação predador-presa em animais de vida selvagem, onde o predador 
desenvolveu uma série de adaptações morfológicas e funcionais que lhe permitem ter o 
perfeito desempenho durante a caça. Neste sentido, observa-se um limitante para a 
interpretação mecânica representada pela constituição harmônica de um animal, que 
muitas vezes desafiam as leis da física. 
Em Medicina Veterinária, a biomecânica é uma ferramenta importante e muito 
utilizada na prática profissional. Há uma biomecânica intuitiva ou empírica (como aquela 
relacionada com ferrageamento de equinos realizada por leigos) e uma experimental (que 
considera a constituição anatômica e a fisiologia do corpo do animal, que permitem, por 
exemplo, selecionar um equino para hipismo ou para provas de velocidades). Ainda, muitas 
Tópicos em Biomecânica 50 
afecções ou traumatismos, bem como seu tratamento e recuperação plena do animal 
dependem, muitas vezes, do conhecimento morfológico (anatomia e histologia) e 
fisiológico, associados ao embasamento teórico-prático da biomecânica, por exemplo, o 
conhecimento sobre a ação de vetores no remodelamento ósseo após uma fratura ou no 
crescimento normal de um animal, conhecida como lei de Wolf (para maiores detalhes 
consulte bibliografia sobre osteologia). 
Neste capítulo serão abordados conceitos básicos e considerações importantes da 
aplicabilidade da biomecânica em Medicina Veterinária, contudo salienta-se que para o 
pleno entendimento deste segmento da anatomia animal seria necessária uma disciplina em 
separado, como o observado em outros cursos da área da saúde. 
 
ALINHAMENTOS ANATÔMICOS 
O crescimento populacional e a utilização dos animais como meio de trabalho 
(tração, caça, esporte ou terapêutico) ocasionaram um incremento na casuística de 
patologias locomotoras, visto que as estruturas ósteo-articulares-esqueléticas encontram-
se permanentemente submetidas às sobrecargas pelas atividades que desenvolvem, 
estando o aparelho locomotor suscetível às lesões, particularmente se a distribuição de 
peso corporal nas extremidades não for igualitária, o que podeocorrer por defeitos no 
alinhamento das estruturas anatômicas. Neste caso a gravidade das lesões dependerá do 
grau de desalinhamento entre as estruturas anatômicas, principalmente as ósseas, devido à 
genética, tipo constitucional e atividade do indivíduo. 
Na avaliação dos alinhamentos anatômicos uma das principais ferramentas é a 
inspeção, que necessita que o animal seja colocado em posição anatômica em estação, com 
os quatro membros tocando o solo e alinhados os torácicos paralelamente entre si, assim 
como os pélvicos que, ainda, devem estar a uma linha eqüidistante do seu torácico 
homólogo. Observar as faces: cranial, caudal e lateral, direita e esquerda. 
 
ALINHAMENTO DA COLUNA VERTEBRAL 
O eixo do corpo dos vertebrados consiste de vários tecidos (ossos, cartilagens e 
músculos) com uma larga variedade de características físicas, que se encontram alinhados 
sobre o eixo mediano ou crânio-caudal do animal. Os ossos ou vértebras se dispõem em 
uma cadeia mediana ímpar de ossos irregulares que possuem como características comuns 
a presença de um corpo, um arco e uma série de processos (espinhoso, transverso e 
articulares). Os corpos das vértebras são interpostos por discos intervertebrais, enquanto 
as demais porções são unidas por ligamentos. Outra característica adicional é a presença de 
um sistema muscular simétrico. 
Além de sustentar o peso corporal, o eixo do corpo deve transmitir a potência de 
locomoção gerada nos membros pélvicos. Neste sentido, o pleno alinhamento das 
estruturas anatômicas que constituem a coluna é um importante fator na manutenção da 
postura corporal, bem como na realização da deambulação. O comprimento e as 
proporções da região cervical variam conforme a espécie e raça, assim como a região do 
Tópicos em Biomecânica 51 
dorso inclina-se ligeiramente ventralmente em direção à cauda. Surpreendentemente, 
apenas uma porção da coluna é palpável, mesmo em animais esguios, e o contorno da 
coluna não reproduz o perfil dorsal do animal em estação. 
 
Desvios Posturais 
Uma boa postura é a atitude que um indivíduo assume utilizando a menor 
quantidade de esforço muscular e, ao mesmo tempo, protegendo as estruturas de suporte 
contra traumas. Os desvios posturais tais como a lordose, cifose e escoliose podem levar ao 
uso incorreto de outras articulações, tais como as dos membros e temporo-mandibular. 
Manter posturas erradas por tempo prolongado pode acarretar alterações posturais 
ocasionando enrijecimento das articulações vertebrais e encurtamento dos músculos. Esses 
defeitos estruturais causam alterações das curvaturas normais da coluna vertebral, 
tornando-a mais vulnerável as tensões mecânicas e traumas. 
Lordose: É o aumento anormal da curva lombar levando a uma acentuação da 
lordose lombar normal (hiperlordose) (Fig. 35). Os 
músculos abdominais fracos e um abdome flácido 
são fatores de risco. Caracteristicamente, a dor 
acompanha o aumento da lordose lombar e ocorre 
durante as atividades que envolvem a extensão da 
coluna lombar, tal como o ficar em pé por muito 
tempo (que tende a acentuar a lordose). A flexão do 
tronco usualmente alivia a dor, de modo que o 
animal frequentemente prefere sentar ou deitar. 
Cifose: É definida como um aumento anormal da concavidade caudal da coluna 
vertebral, sendo as causas mais importantes dessa deformidade, a má postura e o 
condicionamento físico insuficiente. 
Escoliose: É a curvatura lateral da coluna vertebral, podendo ser estrutural ou não 
estrutural. A progressão da curvatura na escoliose depende, em grande parte, da idade que 
ela inicia e da magnitude do ângulo da curvatura durante o período de crescimento, onde a 
progressão do aumento da curvatura ocorre numa velocidade maior. O tratamento 
fisioterápico usando alongamentos e respiração são essenciais para a melhora do quadro. 
 
ALINHAMENTOS DOS MEMBROS 
Entende-se por alinhamento dos membros, ou aprumos, a exata direção que têm os 
membros, com relação ao solo, de modo que o peso corporal do animal seja regularmente 
distribuido sobre cada um dos membros. Anatomicamente, é a direção fornecida pelos 
eixos ósseos e pelas angulações articulares, que os membros do animal formam relação ao 
plano médio de seu corpo e o solo, sendo normal quando a direção do membro é a mais 
conveniente para cumprir com a função mecânica à qual foi designada. Quando os 
membros são irregularmente aprumados, as cápsulas da úngula sofrem ruína prematura e, 
prejudicam os andamentos e diminuem a resistência do animal. 
Fig 35 Esquematização de canino em 
posição de lordose. 
Tópicos em Biomecânica 52 
Para se avaliar corretamente o aprumo, o animal deve estar em 
estação, sobre um terreno plano e horizontal e com o apoio completo dos 
membros formando um paralelogramo retangular. O equilibrio é 
verificado sempre que uma vertical baixada de seu centro de gravidade cai 
dentro da base de sustentação, espaço este limitado pelas linhas que ligam 
as extremidades distais dos membros. Nesta posição devem ser 
observadas linhas retas que se posicionam sobre o eixo próximo-distal dos 
membros nas faces cranial e lateral. Assim, no membro torácico são 
observados os eixos: cranial (traçado a partir da articulação do úmero, 
percorrendo o eixo próximo-distal do membro, dividindo o membro em 
duas metades iguais, estando as superfícies articulares alinhadas 
perpendicularmente à linha vertical, desde a articulação do úmero até a 
margem solear da cápsula da úngula, Fig. 36), e lateral (traçado a partir da 
tuberosidade da espinha da escápula até a articulação metacarpo-
falangeana, dividindo o membro igualitariamente e passando caudalmente 
aos ossos sesamóides, chegando ao solo, Fig. 38). 
Já no membro pélvico os eixos são: caudal (traçado a partir da 
tuberosidade isquiática, percorrendo o eixo próximo-distal do membro, 
dividindo o membro em duas metades iguais, estando as superfícies 
articulares alinhadas perpendicularmente à linha vertical a margem 
plantar da cúnea córnea da cápsula da úngula, Fig. 37); e lateral (traçado a 
partir da tuberosidade isquiática, coincidindo com a tuberosidade 
calcânea, caudal e paralelamente ao metatarso III e passando caudalmente 
aos ossos sesamóides chegando ao solo, Fig. 38). Na extremidade distal 
dos membros, tanto no torácico quanto no pélvico, observa-se que a 
superfície da cápsula da úngula que entra em contato com o solo deve 
estar centralizada sob um eixo formado entre o rádio e matacarpo ou tíbia 
e metatarso, sendo observado o eixo podo-falangeano (traçado de perfil e 
em um plano horizontal, medianamente inclinado, que prolonga-se da 
articulação metacarpo ou metatarso-falangeana até o solo, dividindo a 
cápsula da úngula em duas metades iguais). 
 
 
Fig. 37 Eixo caudal. 
Fig. 38 Eixos laterais cranial (c-d) e lateral caudal (i-j), também 
estão evidenciados os eixos laterais secundários: cubital-
falangeano (e-f), patelar-falangeano (m-o) e trocantérico-
falângico (k-l), e o eixo cranial (d-b). 
Fig. 36 Eixo cranial. 
Tópicos em Biomecânica 53 
Desvios de Alinhamentos 
Os devios de alinhamento refletem o desequilíbrio da distribuição de forças e do 
peso para cada um dos membros do animal, desestabilizando a sustentação e propulsão, 
não permitindo a realização de movimentos com perfeição, elegância e segurança. As 
irregularidades de aprumos são defeitos de conformação, de origem variada, com base em 
fatores que atuam de forma independente ou integrada: fatores genéticos, deficiência 
nutricional do feto, sistema intensivo de criação, casqueamento mal conduzido no caso de 
equinos e bovinos, excesso de esforço físico e tipo inadequado de terreno no qual o animal 
é exercitado.Infelizmente, a pressão de seleção para aprumos ainda é muito fraca entre os 
animais, principalmente nos de grande porte. A correção de aprumos significa uma 
mudança permanente de conformação que deve ser feita em animais jovens e quando 
feita em adultos pode resultar em manqueira imediata ou defeitos incorrigíveis a longo 
prazo. Contudo, muitas vezes animais que nascem com bons membros podem se tornar 
desalinhados por uma correção realizada de forma incorreta. 
 
Desvios de membro torácico: Os desvios de membro torácico incluem aqueles que 
afetam o eixo cranial (desalinhamentos das articulações no membro torácico ocasionam 
desequilíbrios mediolaterais que podem gerar instabilidades podendo comprometer o 
apoio e os movimentos, ocasionando lesões agudas ou crônicas) ou o eixo lateral 
(desequilíbrios craniocaudais em relação ao eixo traçado entre a tuberosidade da espinha 
da escápula e solo). 
Os desvios craniais incluem o eixo 
cranial aberto (distância maior entre as faces 
mediais das cápsulas das úngulas 
contralaterais em relação à distância entre as 
articulações do úmero, determinando um 
desvio dos membros lateralmente ao eixo 
cranial, modificando a distribuição nas forças 
de apoio, que se torna maior na face medial 
da extremidade distal do membro, 
principalmente na parede medial da cápsula 
da úngula e cartilagem alar medial da falange 
distal, que além de sofrer uma elevada 
pressão e sobrecarga, ainda está sujeita a 
força de resistência exercida pelo solo, Fig. 
39A) e o eixo cranial fechado (distância me 
nor entre as faces mediais das cápsulas das úngulas contralaterais em relação à distância 
entre as articulações do úmero, determinando um desvio dos membros medialmente ao 
eixo cranial, modificando a distribuição nas forças de apoio, que se torna maior na face 
lateral da extremidade distal do membro, principalmente sobre as articulações 
metacarpofalangeana e interfalangeana (cartilagem alar lateral da falange distal), Fig. 39B). 
A B 
Fig. 39 Esquematização da face cranial do membro 
torácico do equino. A Eixo cranial aberto. B Eixo 
cranial fechado. 
Tópicos em Biomecânica 54 
Na porção média do membro, os desvios craniais se refletem sobre a articulação 
cárpica gerando o carpo varo (observa-se um desvio medial da extremidade distal do 
membro enquanto o carpo está deslocado lateralmente, ocasionando lesões ósseas nos 
ossos do carpo e extremidade distal do rádio medialmente, Fig 40A); e valgo (desvio lateral 
da extremidade do membro e medial do carpo, ocasionando lesões ósseas por sobrecarga 
na extremidade lateral da porção distal do rádio e lesões dos ossos do carpo e lesões nos 
ligamentos colaterais cárpicos mediais, Fig. 40B). Estas deformidades angulares refletem 
um desvio do membro no plano sagital, com alterações na posição da extremidade distal a 
esta, podendo ser: neonatal (corrigidos naturalmente), congênita (persistem por toda vida 
quando não corrigidas) ou adquirida (maior causa de problemas ortopédicos) e que 
ocasionam sobrecarga desigual de peso sobre os membros afetados. 
 
 
Fig. 40 Bovinos de corte (Bos indicus) evidenciando os desvios craniais carpo varo (A) e carpo valgo (B). 
 
Não obstante, os desvios laterais refletem aumento ou diminuição nos ângulos das 
articulações do úmero e cúbita (Fig. 41), resultando em desvio da articulação do úmero 
caudalmente (diminuição do ângulo) e cúbita cranialmente (compensatório) ao eixo vertical 
lateral, que ocasiona falta de tensão sobre os ligamentos e tendões das articulações, 
resultando distensão dos mesmos e permitindo a instalação de laminite e rotação da 
falange distal (síndrome do navicular) ou desvio da articulação do úmero cranialmente 
(aumento do ângulo) e cúbita caudalmente (compensatório) ao eixo lateral, fazendo com 
que esta fique próxima do centro de gravidade, acarretando maior pressão sobre a 
articulação metacarpofalangeana e tendões dos músculos flexores cárpicos e do dígito. O 
resultado é um encurtamento da elevação do membro em tempo e distância, permitindo a 
aproximação dos membros pélvicos. O eixo podofalangico tende a ser vertical, 
aumentando a possibilidade de lesões da falange distal. 
 
 
A B 
Tópicos em Biomecânica 55 
 
Fig. 41 Esquematização dos desvios laterais das articulações do úmero e cúbita. A alinhamento correto, B 
desvios moderados da articulação do úmero caudalmente e cúbita cranialmente, C desvios acentuados da 
articulação do úmero caudalmente e cúbita cranialmente, D desvios moderados da articulação do úmero 
cranialmente e cúbita caudalmente, E desvios acentuados da articulação do úmero cranialmente e cúbita 
caudalmente. 
 
Desvios do membro pélvico: Também apresentam defeitos de conformação 
podendo ocasionar claudicação, entretanto em proporção menor do que as observadas no 
torácico, devido os membros pélvicos suportarem menor parcela do peso corporal e 
apresentar uma ampla capacidade de angulação das articulações, distribuindo melhor as 
forças geradas durante a fase de apoio. Os desvios podem ser agrupados nos que afetam o 
eixo caudal e o lateral. 
O eixo caudal (Fig. 42) pode se apresentar 
aberto (maior distância entre as faces mediais das 
cápsulas das úngulas contralaterais em relação à 
distância do ponto de origem do eixo no membro 
(tuberosidade isquiática), comumente associada ao 
desvio medial do tarso) ou fechado (distância 
menor entre as faces mediais das cápsulas das 
úngulas contralaterais em relação à distância do 
ponto de origem do eixo no membro (tuberosidade 
isquiática), comumente associada ao desvio lateral 
do tarso). Nestes defeitos, as regiões submetidas à 
sobrecarga de pressão e tensão são as mesmas 
observadas no membro torácico, podendo ser 
acompanhadas por cápsulas convergentes e 
divergentes, descritas adiante. Assim como descrito 
para o torácico, no pélvico ocorrem desvios compen 
satórios nas articulações mais distais, principalmen 
te na articulação társica, ocasionando desvios mediolaterais das articulações do tarso e 
tarso-metatársico, vistos caudalmente comprometem o alinhamento angular das 
articulações do tarso. 
A B C D E 
Fig. 42 Eixo caudal aberto em bovinos 
leiteiros. 
Tópicos em Biomecânica 56 
No tarso valgo (Fig. 43A) ocorre 
o desvio medial do tarso e os ossos 
metatársicos apontam lateralmente, 
podendo ocasionar um varo 
compensatório da articulação 
metatarsofalangeana, o que comprime 
as superfícies articulares do tarso 
lateral e medialmente e tensiona os 
ligamentos colaterais társicos mediais, 
longo e breve. No varo (Fig. 43B), 
observa-se um desvio lateral do tarso 
com compressão das superfícies articu 
lares laterais e hipertensão sobre os 
ligamentos colaterais laterais, sendo acompanhado por cápsula convergente, sendo 
considerado o pior desvio devido o esforço enorme a que a superfície medial do tarso é 
submetida. 
Os desvios do 
eixo lateral (Fig. 44) 
estão relacionados a 
uma maior ou menor 
mobilidade do eixo 
de extensão da 
articulação do tarso, 
podendo ser desvio 
cranial (os membros 
pélvicos encontram-
se em toda sua exten 
são desviado cranial 
mente em relação ao 
eixo lateral, incluindo a tuberosidade calcânea, 
acompanhado de concomitante diminuição do 
ângulo articular entre a tíbia, tarso e metatarso, 
lesões das superfícies articulares da fileira distal 
do tarso e no ligamento plantar longo. Além 
disso, ocorre aproximação do membro pélvico 
com o centro de gravidade, o que gera alterações 
biomecânicas do passo, durante a fase de 
propulsão e excessivo esforço na região distal do 
membro. Este defeito é mais comum em animais 
de troncolongo, Fig 44B); desvio caudal ou tarso 
reto (ângulo do tarso está aumentado e os ossos 
sesamóides proximais estão deslocados caudal 
Fig. 43 Esquematização da face caudal do equino 
apresentando tarso valgo (A) e tarso varo (B). 
Fig. 44 Esquematização dos desvios laterais do membro pélvico. A alinhamento 
correto, B desvio cranial, C desvio caudal. 
A B C 
Fig. 45 Esquematização dos desvios laterais do 
tarso. A tarso reto, B tarso em foice. 
A B 
Tópicos em Biomecânica 57 
mente em relação ao eixo lateral, ocasionando falha no mecanismo de absorção do 
impacto recebido pelas articulações do tarso, em decorrência de sua verticalidade. Este 
defeito está relacionado à formação de um ângulo obtuso entre o fêmur e a tíbia, 
resultando em distensão crônica da articulação fêmoro-tíbio-patelar e fixação dorsal da 
patela e lesão do músculo interósseo, Fig. 44B); e excesso de flexão ou angulação da 
articulação do tarso ou tarso em foice (desviando a articulação tarsometatársica 
cranialmente, enquanto o calcâneo é desviado caudalmente em relação ao eixo lateral, 
ocasionando um esforço excessivo sobre as estruturas plantares do tarso, incluindo o 
ligamento plantar longo e o tendão do músculo flexor digital superficial, além de promover 
uma forte pressão sobre as estruturas dorsais do tarso, comprimindo a fileira distal, Fig. 
45B). 
 
Desvios das extremidades distais dos membros: Estes desvios acometem as 
extremidades distais de ambos os membros torácico ou pélvico. Os defeitos da cápsula da 
úngula no eixo cranial incluem alterações angulares que aumentam ou diminuem o ângulo 
formado entre a parede e a margem da sola em relação ao solo. Estes resultam: (i) cápsula 
da úngula divergente, (iii) cápsula da úngula convergente e (iii) quebra do eixo podo-
falângico. 
 
 
Fig. 46 Desvios das extremidades distais dos membros em equinos. A cápsula da úngula divergente, B cápsula 
da úngula convergente, C alinhamento correto. 
 
Na cápsula da úngula divergente o ângulo parieto-solear é mais aberto (Fig. 46A), 
apontando lateralmente ao eixo cranial, acarretando maior concussão na superfície medial 
da cápsula da úngula, já que esta é a primeira porção a entrar em contato com o solo, 
durante a fase de apoio. Na fase de elevação ao invés de realizar uma linha reta, evitando o 
contato entre os dois membros, a extremidade distal dos membros é deslocada 
medialmente, fazendo com que a extremidade raspe no membro oposto. Neste tipo de 
desvio a ação da gravidade possibilita o surgimento de lesões na coroa da cápsula, osso 
sesamóide proximal e metacárpicos II e III medialmente, além de lesões por abrasão na 
região cárpica. Este deslocamento lateral do ângulo parieto-solear ocasiona maior 
Tópicos em Biomecânica 58 
sobrecarga medial, predispondo a lesões dos ossos metatársicos e 
sesamóides proximais e na coroa da cápsula da úngula, fazendo 
com que o membro descreva uma curva medial, podendo atingir o 
membro contralateral. No desvio da cápsula convergente o ângulo 
parieto-solear é deslocado medialmente (Fig. 46B), 
sobrecarregando a face lateral da cápsula da úngula, tanto pelo 
desequilíbrio quanto por ser a primeira região a realizar o apoio. Na 
elevação pode haver deslocamento lateral da extremidade distal 
do membro, no entanto alguns animais apresentam uma andadura 
quase normal, ou seja, em linha reta. Já na quebra do eixo 
podofalangeano (Fig. 47) ocorre desalinhamento da articulação 
interfalangeana em relação à cápsula da úngula, podendo ser 
cranial (decorrente de uma parede da cápsula da úngula curta e 
uma articulação metacarpo ou metatarsofalangeana alta, 
ocasionando um excesso de tensão sobre o tendão do músculo 
flexor digital superficial e sobre o músculo interósseo) ou caudal 
(decorrente de uma parede da cápsula da úngula mais longa e 
articulação metacarpo ou metatarsofalangeana baixa, 
submetendo-as a uma leve flexão da articulação metacarpo ou 
metatarsofalangeana acompanhada pela hiperextensão das 
articulações interfalangeanas proximal e distal). 
 
 
 
Associação de desvios: Como se pode perceber, os desvios dos alinhamentos 
acarretam modificações angulares ao longo do membro afetado, ocasionando mais de um 
defeito observado durante a inspeção. A presença de cápsula convergente pode estar 
associado aos dois tipos de desvios do eixo cranial (aberto ou fechado), que intensificam as 
forças mecânicas depositadas sobre a extremidade do membro, aumentando a tensão 
sobre as estruturas que atuam na dissipação das ondas de choque, comprometendo a 
biomecânica do movimento. Ainda, os defeitos fechados e divergentes são considerados 
indesejáveis, por aumentar o contato entre os membros; enquanto que os defeitos abertos 
e divergentes provocam alterações na fase de apoio e elevação, onde a saída do apoio e o 
início da elevação se produzem a partir da parede medial da cápsula da úngula. 
Em um animal normal, observa-se um alinhamento das articulações metacarpo ou 
metatarsofalangeanas e interfalangeanas, sendo observados dois tipos de desalinhamento: 
vertical ou inclinado (Fig. 48). No desalinhamento vertical, as articulações e a cápsula 
apresentam-se verticalizados, sendo chamadas de altas e podendo ser divididas em: curtas 
(provocam maior concussão entre na região das articulações metacarpo ou 
metatarsofalangeana, interfalangeanas e osso sesamóide distal, estando associada a 
membros curtos com grande desenvolvimento muscular e a desvios fechado cranial e 
divergente) e longas (produzem falha no mecanismo de absorção das ondas de choque, 
Fig. 47 Desalinhamentos resultantes da quebra do eixo podo-falangeano. A 
alinhamento correto, B quebra cranial, C quebra caudal. 
Tópicos em Biomecânica 59 
dando lugar a lesões na articulação 
metacarpo ou metatarsofalangeana 
e no sesamóide distal, permitindo a 
fácil instalação de tendinite dos 
flexores). Por outro lado, no 
desalinhamento inclinado as 
articulações apresentam inclinação 
palmar ou plantar, sendo chamadas 
de baixas e anatomicamente são lon 
gas, permitindo que as sobrecargas 
se localizem nas faces palmar/plantar da extremidade distal do membro, particularmente 
nos ossos sesamóides proximais, músculo interósseo, e tendões dos músculos flexores 
digitais e do extensor digital comum ou longo. 
 
 
MECÂNICA DA COLUNA VERTEBRAL 
Como referido no item sobre alinhamento da coluna vertebral, esta é contruída 
considerando o compromisso entre as direções vetoriais das forças gravitacional 
(sustentação do peso corporal) e propulsora, sendo capaz de resistir às cargas deformantes 
absorvendo os impactos na direção da linha de trabalho. Assim, inicialmente a construção 
do eixo do corpo dos vertebrados era considerada semelhante à estrutura de algumas 
pontes, contudo esta teoria não resistiu à aplicação de conceitos de física. 
Atualmente, o modelo de construção da coluna vertebral é representado pela Teoria 
do arco e corda (Fig. 49), que estabelece que o eixo do corpo (arco) é estabilizado pela ação 
de três séries de cordas (grupos musculares) com tensão ajustável. Neste sentido, o eixo 
corporal é representado pelas vértebras (série de elementos rígidos) que em conjunto aos 
discos intervertebrais formam um arco de curvatura variável (espécie, idade e sexo), que é 
momentaneamente estabilizada pelos ligamentos intrínsecos da coluna vertebral e sofre 
variações decorrentes da ação dos grupos musculares intrínsecos e extrínsecos. 
 
 
Fig. 49 Diagrama representativo da teoria do arco e corda. 1 arco vertebral, 2 corda muscular intrínseca, 3-5 
corda muscular extrínseca, W centro de gravidade, w vetores distribuição de força sobre os membros, F vetor 
de força depropulsão (ação do membro pélvico). FONTE: Getty R. Sisson & Grossman: Anatomia dos Animais 
Domésticos. Rio de Janeiro: Interamericana, 5 ed, 1981. 
Fig. 48 Desalinhamentos das articulações metacarpo ou 
metatarsofalangeanas. A alinhamento correto, B desvio 
vertical ou caudal, C desvio inclinado ou cranial. 
Tópicos em Biomecânica 60 
CONSTITUIÇÃO DO ARCO 
Vértebras (Fig. 50) 
As diáfises e epífises dos corpos vertebrais adquirem 
sua forma definitiva no período pós-natal, que no nascimento 
são representados por um grupo de elementos rígidos 
(diáfises) e um grupo correspondente de zonas apropriadas 
intercalantes (epífises, anéis fibrosos e núcleos pulposos). A 
forma definitiva destas regiões é determinada pela 
intensidade de ossificação e da distribuição do esforço sobre 
as zonas epifisiáras, criando uma relação entre a forma dos 
corpos vertebrais e a tensão imposta sobre eles pelas forças 
musculares intrínsecas e extrínsecas. 
 
 
Disco intervertebral 
O centro de rotação entre duas vértebras adjacentes está no núcleo pulposo e o 
equilíbrio requer que a força resultante passe por aquele centro, demonstrando que em 
condições normais os corpos vertebrais estão sob compressão central. Assim, existe uma 
excentricidade na posição do núcleo pulposo durante a flexão e extensão da coluna, que é 
limitada pela resistência do anel fibroso do disco intervertebral. 
 
CONSTITUIÇÃO DAS CORDAS 
As cordas são representadas pela musculatura simetricamente disposta junto ao eixo 
corporal, sendo representadas pela corda dorsal (musculatura epaxial, que revestem as 
faces dorsal e dorso lateral do arco e tendem a endireitá-lo, estando dispostos em três 
colunas paralelas: íliocostal (coluna lateral, extensão da coluna vertebral e adução e 
abdução do tronco), sistema longuíssimo (coluna média, segue da coluna até a cabeça, 
alguns músculos ou fascículos parecem ser independentes entre si,) e esplênio que em 
conjunto promovem a extensão da coluna vertebral, e sistema transversoespinal (coluna 
medial), (Figs. 50 e 51)); e pela corda ventral (que ocorre em dois níveis: corda interrompida 
(musculatura hipaxial, situada contra a 
face ventral das vértebras cervicais e 
torácicas craniais (incluindo os 
músculos: longo cervical, reto ventral 
da cabeça, longo da cabeça e escaleno), 
bem como nas regiões torácica caudal e 
lombar (grupo do psoas: psoas maior e 
menor, ilíaco ou íliopsoas)); e corda 
ininterrupta (musculatura abdominal: 
oblíquo abdominal interno e externo, 
transverso e reto do abdome, 
indiretamente inserida no arco pela interposição do esqueleto do membro pélvico), Fig. 53). 
Fig. 50 Estrutura geral de uma vértebra. 1 arco, 2 corpo 
e epífise cranial, 3 processo espinhoso, 4 processo 
transverso, 5 processo articular. 
1 
2 
3 
4 
5 
Fig. 50 Região cervical do canino, vista lateral. Músculos da 
corda dorsal: músculo esplênio (4). 1 m. longo da cabeça, 2 
traqueia, 3 esôfago 
Tópicos em Biomecânica 61 
 
Fig. 51 Musculatura profunda do dorso do canino, vista lateral. Músculos da corda dorsal: 15 sistema 
transverso espinhal (15’ m. semiespinhal da cabeça, 15’’ m. espinhal e semiespinal), 16 sistema longuíssimo 
(16’ m. longuíssimo da cabeça e cervical, 16’’ m. longuíssimo torácico), 17 m. íliocostal. FONTE: Dyce KM, Sack 
WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
 
Os músculos da corda dorsal são extensores do arco, enquanto que os presentes na 
parte cranial da corda interrompida flexionam as regiões do arco ventralmente revestidas 
por eles, contudo quando atuam com a corda dorsal promovem a estabilização do arco. Já 
os localizados caudalmente na corda interrompida atuam flexionando a coluna na região 
toracolombar (curvatura da coluna do gato quando sentado) e participam da elasticidade 
da coluna durante o galope. A musculatura abdominal (corda ininterrupta) atua em 
conjunto com a corda interrompida, além de estabilizarem a curvatura do arco quando em 
descanso, aumentando a tensão elástica na corda ventral. 
 
 
 
Com isso, a ação das forças musculares produz um ou mais dos seguintes 
movimentos: flexão longitudinal em um plano vertical que tende a flexionar ou estender a 
região lombar do animal; flexão transversal em um plano horizontal que tende a encurvar o 
tronco para a esquerda ou direita; torção ao redor do eixo longitudinal por rotacionar 
vértebras adjacentes; vertical cortante; transversal cortante; compressão ou tensão 
longitudinal do esqueleto axial. Os três últimos movimentos são mais ou menos 
passivamente opostos entre si, enquanto que na flexão e torção o movimento é neutralizado 
pelos ligamentos e ativamente controlado pelos músculos intrínsecos (epaxiais e hipaxiais) e 
extrínsecos. Os músculos extrínsecos podem ser representados pelos músculos do membro 
Fig. 53 Músculos profundos do tronco canino. 1 músculo longo da 
cabeça, 2 sistema transverso espinhal (2’ multífido, 2’’ espinhal 
cervical, 2’’’ espinhal e semiespinhal), 3 quadrado lombar, 8 reto 
ventral da cabeça, 9 longo cervical, 10 psoas menor, 11 íliopsoas 
(psoas maior e ilíaco). FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. 
Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
Tópicos em Biomecânica 62 
pélvico, que ao exercerem uma força contra a musculatura da articulação coxal (quadril) 
alivia a pressão sobre a musculatura abdominal. No entanto, a pressão aumenta quando os 
membros estão distendidos, deslocados para fora do centro de gravidade, fazendo com que 
o animal tende a flexionar a região lombar. 
 
VANTAGENS DA TEORIA 
1. O tronco encontra-se estaticamente estabilizado em si, de modo que não exerce 
tensão no sentido craniocaudal nos pontos de sustentação (cíngulos torácico e pélvico); 
2. Esta construção permite a adaptação às variações de carga (lombo do cavalo não 
se curva sob o peso do cavaleiro, mas tende a se curvar quando aumenta a pressão sobre a 
corda ventral); 
3. A elasticidade intrínseca dos discos vertebrais e ligamentos mantêm a coluna 
vertebral em um estado de equilíbrio instável, fazendo com que uma ligeira atividade 
muscular seja necessária para manter a postura (facilidade do quadrúpede em se levantar); 
4. A mais leve soma de contração muscular produzindo uma força que supere o 
equilíbrio é necessária para vencer o equilíbrio e desta forma produzir a extensão ou flexão 
da coluna. 
 
DESVANTAGENS DA TEORIA 
Do ponto de vista mecânico a região 
cervical e cabeça funcionam como uma viga 
pesada fixada na sua porção final, 
representando um arco e corda invertidos, o 
arco é representado pelas vértebras cervicais, 
ligamentos e musculatura hipaxial e a corda pela 
musculatura epaxial e ligamento da nuca. O 
ligamento da nuca (canino e grandes animais, 
Fig. 54) atua estabilizando e reforçando o 
trabalho muscular em animais que apresentam 
uma região cervical longa associada à cabeça 
pesada, no entanto existe uma relação entre o 
grau de desenvolvimento do ligamento ao 
tamanho absoluto do animal. 
Ainda, a transmissão da tensão do tórax 
para coluna vertebral é desfavorável, pois as 
articulações envolvidas (costovertebral e 
costoesternal) são muito móveis, ficando a 
delimitação dos movimentos restritos ao primeiro 
par de costelas, que associado a posição do múscu 
lo escaleno (fixador da porção cranial do tórax às 
vértebras cervicais) estabilizam a região, no entanto a morfologia dos órgãos torácicos 
associada aos movimentos respiratórios são os determinantes deste tipo de construção. 
Fig. 54 Representação esquemática do 
ligamento da nuca, vista lateral. 1 parte 
funicular, 2 parte laminar. FONTE: König HE, 
Liebich HJ. Anatomiados Animais 
Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
1 
2 
1 
1 
2 
Tópicos em Biomecânica 63 
MECÂNICA DO TÓRAX 
O conhecimento detalhado do tórax como elemento ativo é importante na 
determinação do potencial respiratório do animal e no diagnóstico do comprometimento 
de órgãos ou estruturas torácicas e abdominais frente uma enfermidade. Ainda, é 
imprescindível a plena visão dos elementos que o constituem, pois o papel funcional 
interfere diretamente no desempenho do animal, como o observado nos caninos, onde a 
conformação torácica é fator relevante para o desempenho dentro de sua especialidade. 
 
CONSTITUIÇÃO ANÁTOMO-FUNCIONAL DO TÓRAX 
 O tórax constitui-se de uma caixa osteocartilagínea com formato de cone, cuja base 
está voltada caudalmente para o abdome e o ápice cranialmente, sendo interrompido pela 
abertura cranial do tórax (junto ao primeiro par de costelas). Nos quadrúpedes apresenta 
um achatamento laterolateral, fazendo com que sejam observadas 4 faces: 2 laterais 
(costelas, musculatura intercostal e fáscia endotorácica), dorsal (processos espinhosos das 
vértebras torácicas e musculatura epaxial) e ventral (esterno e cartilagens costais); e duas 
cavidades torácica, pleural e porção intra-toráx da cavidade abdominal). O tórax contém a 
cavidade torácica e a porção intra-tórax da cavidade abdominal. 
Os constituintes ósseos do tórax são 
representados pelas vértebras torácicas, 
costelas e esterno, sendo complementado 
pelas cartilagens costais e arco costal (Fig. 
55). As peças osteocartilagíneas são unidas 
por diferentes tipos de articulações, que inc 
luem: sínfise intervertebral (entre os cor 
pos intervertebrais, fibrocartilagíneas), 
costovertebral (entre as vértebras e as 
costelas, sendo dividida em articulação da 
cabeça da costela e do tubérculo costal, 
sinovial, com ligamentos do tubérculo cos 
tal, costotransverso, intercapital e radiado 
 da cabeça da costela e cápsula articular), cos 
tocondral (entre as costelas e sua cartilagem costal, sincondrose), esternocostal (entre o 
esterno e as cartilagens costais, sinovial), interesternebral (entre as esternébras do esterno, 
sínfise), entre as costelas (pelos músculos intercostais, sinsarcoses), arco costal (entre as 
costelas asternais por suas cartilagens até as costelas esternais, tecido conjuntivo elástico, 
sindesmose). 
Os principais músculos da respiração (Fig. 56) são o diafragma e os músculos 
intercostais externo (origem bordo caudal costela e inserção borda cranial costela 
imediatamente caudal, fibras ventrocranialmente) e interno (borda cranial costela e borda 
caudal costela imediatamente cranial, fibras ventrocranialmente). No assoalho da cavidade 
encontra-se o músculo transverso torácico, recobrindo parcialmente a artéria e veia 
Fig. 55 Elementos ósteo-cartilaginosos do tórax do 
cão, vista lateral. FONTE: König HE, Liebich HJ. 
Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto 
Alegre, 4 ed, 2011. 
Tópicos em Biomecânica 64 
torácica interna, enquanto que a parede lateral apresenta uma pouco visualizável camada 
muscular, que localiza-se profundamente aos músculos intercostais internos e recobre as 
artérias, veias e nervos intercostais. Abaixo desta encontra-se a fáscia endotorácica, que 
passa pela parede lateral até o músculo transverso torácico e dispõem-se subjacente à 
pleura parietal. Estas camadas musculares são homólogas aos quatro músculos da parede 
abdominal, possuindo correspondência na disposição entre suas fibras musculares. 
 
 
Fig. 56 A Representação esquemática do diafragma do cão. FONTE: Popesko P. Atlas de Anatomia Topográfica 
dos Animais Domésticos. Manole, São Paulo, 1985. B e C Esquematização da parede torácica do canino 
evidenciando o músculo intercostal interno (6) e o músculo intercostal externo (7). FONTE: Dyce KM, Sack WO, 
WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
 
Cavidades do tórax 
Cavidade Torácica: Delimitada pela caixa torácica 
(cranialmente a entrada do tórax, dorsalmente pela vértebra T1, 
lateralmente pelo primeiro par de costelas e ventralmente pelo 
manúbrio do esterno) e diafragma (caudalmente), comportando 
o coração e grandes vasos, traqueia, brônquios e pulmões, 
esôfago, timo, linfonodos, vasos e nervos. A sintopia dos órgãos 
em relação ao esqueleto do tórax foi apresentada no capítulo 3. 
No entanto, cabe salientar que devido à curvatura do diafragma 
algumas vísceras abdominais encontram-se no limite da caixa 
torácica, sem situarem-se na cavidade torácica. Tal fato pode ser 
avaliado por meio da auscultação, porém os ruídos inerentes aos 
órgãos estritamente torácicos podem ser avaliados em uma área 
restrita da parede do tórax, devido à inserção do membro 
torácico por meio da sinssarcose. A cavidade torácica apresenta 
uma série de diâmetros que aumentam durante a inspiração, pe 
lo movimento das costelas e diafragma, resultando em aumento 
do volume do tórax e permitindo a expansão pulmonar. São ob 
servados os diâmetros: (i) dorsoventral (aumenta durante a inspi 
ração pelo movimento cranial das extremidades distais das coste 
 
Fig. 57 Representação 
esquemática dos diâmetros da 
cavidade torácica. A diâmetro 
dorso ventral, B diâmetro 
transverso. Adaptado de 
Popesko P. Atlas de Anatomia 
Topográfica dos Animais 
Domésticos. Manole, São 
Paulo, 1985. 
Tópicos em Biomecânica 65 
las, Fig. 57A); (ii) transverso (movimento 
craniolateral das costelas durante a 
inspiração aumenta o eixo laterolateral do 
tórax, enquanto que o deslocamento 
caudo-lateral resulta em repouso 
expiratório, Fig. 57B) e (iii) craniocaudal 
(durante a inspiração o diafragma torna-se 
plano, aumentando o recesso 
costodiafragmático, que é ocupado pelos 
lobos caudais dos pulmões, Fig. 58). 
 
 
Cavidade Pleural: A face cranial ou torácica do diafragma e face interna do tórax 
(face costal e intercostal da parede) são recobertas pela pleura parietal (membrana serosa), 
enquanto os pulmões são revestidos pela pleura visceral, entre as duas camadas existe um 
espaço virtual denominado cavidade pleural, que possui uma película líquida. A pressão 
nesta cavidade durante a pausa respiratória, ao final da expiração, é ligeiramente mais 
baixa que a atmosférica, cerca de 4mmHg, sendo resultante das forças elásticas e de 
tensão superficial que estimulam a expansão pulmonar. Algumas espécies apresentam a 
cúpula pleural, representada por uma projeção da cavidade pelural para região cervical. A 
cavidade apresenta uma série de recessos, sendo mais proeminente o recesso costo-
diafragmático que permite a expansão do pulmão durante a inspiração e apresenta-se 
como uma projeção caudo-lateral da cavidade pleural até o diafragma. Durante o repouso 
respiratório este recesso encontra-se em contato com a parede torácica, entretanto na 
inspiração torna-se responsável pelo considerável aumento do volume da cavidade. 
 
Mediastinos: Espaço virtual entre as regiões pleuropulmonares direita e esquerda 
(Fig. 59) que se estende no sentido crânio-caudal da abertura torácica cranial ao diafragma, 
sendo individualizada em grandes animais e única em pequenos animais, estando 
relacionados aos estados de pneumotórax uni e bilateral quando do rompimento da 
membrana ou pleura mediastinal. São observados três mediastinos: cranial (tronco 
braquiocefálico, artérias subclávia direita e esquerda, troncos costocervicais direito e 
esquerdo, segmento inicial das artérias vertebrais, tronco bicarotídeo, artérias torácica 
interna direita e esquerda, veia cava cranial, troncos simpáticos direito e esquerdo, gânglios 
cervicotorácicos direito e esquerdo, nervos vago direito e esquerdo,nervos frênicos direito e 
esquerdo, nervos laríngeos recorrentes direito e esquerdo e ducto torácico), médio (coração 
e saco pericárdico, aorta ascendente e arco aórtico, tronco pulmonar, veias pulmonares, 
veia ázigo direita, veias cava cranial e caudal, artéria broncoesofágica, artérias torácica 
interna direita e esquerda, ducto torácico, nervos vago direito e esquerdo, nervos frênicos 
direito e esquerdo, nervos laríngeos recorrentes direito e esquerdo, esôfago, traquéia 
(brônquio traqueal) e brônquios); e caudal (aorta torácica, veia ázigo direita, troncos 
simpáticos direito e esquerdo, nervos esplâncnicos, maior e menor direito e esquerdo, ducto 
Fig. 58 Representação esquemática do diâmetro 
craniocaudal. Adaptado de Popesko P. Atlas de 
Anatomia Topográfica dos Animais Domésticos. 
Manole, São Paulo, 1985. 
Tópicos em Biomecânica 66 
torácico, ramos vagais dorsal e ventral, nervo frênico esquerdo, artéria torácicas internas 
direita e esquerda; esôfago, ligamento pulmonar, veia cava caudal e prega: nervo frênico 
direito e recesso mediastinal (lobo acessório do pulmão direito); linfonodos mediastinais: 
centros linfáticos mediastínico e brônquico, linfonodos mediastinais craniais, médios e 
caudais e traqueobrônquicos direito, médio e esquerdo). 
 
 
Fig. 59 Cavidade pleural direita e mediastino do gato em vista látero-ventral. 1 veia cava cranial, 2 veia torácica 
interna, 3 artéria torácica interna, 4 veia cava caudal, 5 diafragma, 6 pulmão (6’ lobo cranial direito, 6’’ lobo 
médio, 6’’’ lobo caudal direito, 6’’’’ lobo acessório). FONTE: De Iuliis G, Pulerà D. The Dissection of Vertebrates: 
A laboratory manual. Elsevier, Burlington, MA, 2007. 
 
TIPOS ANÁTOMO-FISIOLÓGICOS DE TÓRAX 
Ao observarmos a constituição anatômica do tórax devemos atentar para a 
mobilidade dos constituintes ósseos por meio das articulações, bem como para a curvatura 
das costelas. No entanto, a eficácia da dinâmica respiratória deve-se principalmente a ação 
dos músculos intercostais. A ação simultânea dos músculos intercostais externos dirige as 
costelas laterocranialmente e dorsalmente, fazendo com que o esterno seja deslocado 
ventrocranialmente durante a inspiração, além da contração do diafragma que torna-se 
plano nesta fase da respiração. Em contrapartida, a ação dos músculos intercostais internos 
associada à energia estática acumulada sobre as estruturas elásticas do tórax na inspiração, 
promove o retorno das costelas ocasionando a expiração. Também atuam nesta fase a 
pressão negativa intrapleural, a pressão das vísceras abdominais sobre o diafragma e a 
tensão superficial dos alvéolos pulmonares. Porém, dentre as espécies animais o tórax 
Tópicos em Biomecânica 67 
apresenta ligeiras variações anátomo-funcionais relacionadas às aptidões ou tipologia 
constitucional de cada espécie e raça. 
 
Tórax resistente 
Caracterizado por ter costelas largas, 
longas e pouco arqueadas com cartilagens 
costais curtas, largas e pouco flexíveis, 
angulação costocondral pouco pronunciada, 
músculos intercostais pouco carnosos, 
fazendo com que os músculos diafragma e 
abdominais sejam os maiores responsáveis 
pelas modificações de amplitude torácica, 
resultando em uma respiração 
predominantemente abdominal (Fig. 60). 
Este é o tórax encontrado nos ruminantes (bo 
vino, ovino, caprino e bubalino). 
 
 
Tórax elástico 
Caracterizado por possuir costelas 
finas, curtas e arqueadas com cartilagens 
costais mais longas, delgadas e menos 
rígidas e angulação costocondral bem 
pronunciada e músculos intercostais 
carnosos, portanto com respiração tóraco-
abdominal (Fig. 61). Este tórax é observado 
no equino, asinino e muares. 
 
 
 
 
Tórax flácido 
Caracterizado por possuir costelas delgadas, 
curtas e muito arqueadas com cartilagens costais 
longas, finas e pouco resistentes, presença de mais 
de um segmento cartilaginoso na junção 
costocondral, propiciando um ângulo costocondral 
maior e músculos intercostais carnosos, gerando 
uma respiração torácica (Fig. 62). Este é o tórax dos 
carnívoros domésticos. 
 
 
Fig. 60 Representação esquemática do tórax rígido. 
Angulação costocondral (círculo vermelho), 2, 9 
costelas largas, 3 cartilagem costal curta. FONTE: 
Popesko P. Atlas de Anatomia Topográfica dos 
Animais Domésticos. Manole, São Paulo, 1985. 
Fig. 61 Representação esquemática do tórax elástico. Angulação costocondral (círculo vermelho), 3, 11 costelas 
finas, curtas e arqueadas, 3 cartilagem costal longa. FONTE: Popesko P. Atlas de Anatomia Topográfica dos 
Animais Domésticos. Manole, São Paulo, 1985. 
Fig. 62 Representação esquemática do tórax flácido. Angulação 
costocondral (círculo vermelho), linha tracejada representa a posição do 
diafragma. FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de 
Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
Tópicos em Biomecânica 68 
MECÂNICA DOS MEMBROS TORÁCICOS E PÉLVICOS 
Os animais que usualmente correm sobre o solo e são estruturalmente modificados 
para aprimorar a velocidade ou a resistência são chamados de cursoriais. A maioria dos 
cursoriais são predadores ou herbívoros de médio à grande porte. Uma análise adaptativa 
dos animais corredores diz que para correr bem o animal deve: superar a inércia do seu 
corpo para ganhar velocidade; superar o movimento e a inércia dos membros e de 
quaisquer outras partes oscilatórias; sustentar o corpo sem o auxilio de uma força 
propulsora; compensar as forças de desaceleração, incluindo a ação do substrato contra os 
membros quando estão abaixados; controlar seu curso e manter essas funções durante 
todo o tempo necessário. Para que o animal possa desenvolver uma corrida ou saltar bem, 
seu corpo precisa ser estruturalmente preparado. Os cursores possuem os membros bem 
desenvolvidos, geralmente há grande diferença entre as massas musculares dos membros 
desses animais. Estes apresentam extremidades distais delgadas e a maior parte da massa 
muscular está próximo ao tronco. No caso dos grandes felinos, tanto os membros torácicos 
quanto os pélvicos possuem músculos potentes (o que lhe dá uma grande força propulsora 
para correr e pular). Os membros pélvicos ainda precisam ser mais longos que as demais 
partes do corpo, para que se possam desenvolver grandes velocidades, pois quanto mais 
longo o membro, mais longo será o passo. 
Analisando em conjunto as propriedades 
mecânicas dos membros torácicos e pélvicos pode-se 
observar que estes são construídos para oferecer uma 
estrutura forte e resistente, com uma coordenação 
neuromuscular aprimorada, excepcional potência e 
um tipo especial de suporte energético (Fig. 63). 
Considerando apenas os aspectos anatômicos, uma 
estrutura forte e resistente significa ossos, tendões, 
ligamentos e cartilagem espessos e fortificados para 
exercer força contra o solo e suportar os 
requerimentos que vai encontrar num exercício de 
alta velocidade ou numa corrida (impacto, vibração, 
tensão e deformação). Outro aspecto importante é a 
harmonização mecânica dos músculos do aparelho 
locomotor, sendo observados músculos que são direta 
mente responsáveis pelo movimento de avançar e cor 
rer, os agonistas, e há os músculos que limitam a disten 
são dos agonistas visando a sua integridade e do organis 
mo, os chamados antagonistas. 
Na mecânica dos membros deve ser considerado o mecanismo de suspensão dos 
membros torácico e pélvico, representados pela sinsarcose e pela articulção sacro-ilíaca 
que é quase imóvel, respectivamente. Além disso, a distribuição de cargas sobre os 
membros está relacionada com a localização do centro de gravidade (virtualmente 
Fig. 63 Esquematização da construção do 
membrotorácico, considerando a 
relação ósteo-muscular. FONTE: König 
HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais 
Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 
2011. 
Tópicos em Biomecânica 69 
apontado em uma linha que parte do dorso até o solo plano, 
passando junto à cartilagem xifóidea do esterno). O deslocamento do 
centro de gravidade tem relação direta com o tipo de sustentação, 
esta permite que um animal afaste um membro pélvico da 
sustentação sem perder o equilíbrio, enquanto levanta um membro 
torácico, transferindo o centro de gravidade para os pélvicos. 
 
 
 
 
 
Os ossos longos dos membros dos mamíferos 
estão mais ou menos em um mesmo plano e tão 
próximo quanto possível do tronco, permitindo que 
sejam interpretados como um sistema de alavanca 
elástica. Os mecanismos básicos de transmissões e 
modificações de forças comuns em sistemas vivos 
são: alavanca e plano inclinado. Desses, o mais 
importante nos sistemas biológicos é a alavanca. 
Embora os princípios da alavanca sejam bem 
conhecidos, suas implicações biológicas são 
freqüentemente subestimadas. Todo organismo vivo 
ou uma de suas partes ou projeção, particularmente 
uma extensão rígida como os membros, em repouso 
ou em movimento em uma superfície, está sujeito a 
forças que agem sobre ele que atuariam como uma 
alavanca simples. De acordo com a posição do fulcro 
(ponto fixo ou de apoio), das forças aplicadas e da 
resistência, as alavancas podem ser divididas em três 
classes (Fig. 65): interfixa (ponto de apoio no meio ge 
rando resistência, por exemplo, o ligamento nucal; in 
terresistente (resistência no meio do ponto de apoio 
resultando em resistência e potência, por exemplo, 
nos músculos gastrocnêmio, sóleo e flexor digital su 
perficial) e interpotente (potência no meio e resistência no ponto de apoio, por exemplo, 
músculo bíceps braquial). A falange distal em ambos os membros constitui um ponto 
delicado, por representar o ponto de fulcro nos membros e, ao mesmo tempo, constituir o 
ponto fixo da alavanca, sendo submetido à forças de apoio (transmitida pela sola e parede 
da cápsula da úngula) e tensão (pelo tendão do músculo flexor digital profundo em contato 
com a falange média). Ainda, em alguns casos, o equilíbrio da função de suspensão ou de 
alavanca do membro envolve a presença de um osso sesamóide, cuja função é aumentar a 
potência de ação do músculo, estabilizando a articulação com pouco consumo de energia 
A 
B C 
Fig. 65 Esquematização dos tipos de 
alavancas biológicas. A interfixa, B 
interpotente, C interressitente. FONTE: 
König HE, Liebich HJ. Anatomia dos 
Animais Domésticos. Artmed, Porto 
Alegre, 4 ed, 2011. 
Fig. 64 Suspensão muscular do tórax entre os membros torácicos no canino. 1 
escápula, 2 úmero, 3 rádio e ulna, 4 esterno, 5 músculo peitoral profundo, 6 
músculo serrátil ventral, 7 músculo trapézio, 8 músculo romboide. FONTE: Dyce 
KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2010. 
Tópicos em Biomecânica 70 
muscular. Assim, quando a função estática das reuniões dos membros e cinturas é 
envolvida, duas situações tornam-se possíveis: (i) os membros atuam como colunas 
verticais, fazendo com que o ponto de suporte na extremidade distal esteja verticalmente 
abaixo do ponto de aplicação do peso nas articulações do úmero e coxal; e (ii) os membros 
atuam como suportes inclinados de modo que ambos os pontos se colocam em linha reta 
sob uma inclinação com a vertical. 
 
MEMBROS TORÁCICOS 
Os membros torácicos são considerados membros de sustentação e que apresentam 
elementos fibrosos (tendões e ligamentos) que atuam passivamente e de forma eficaz, 
realizando a fixação dos ângulos articulares na posição para o apoio em estação, tanto que 
no eqüino permite que estes durmam em pé, dispendendo um baixo gasto de energia. 
Associado aos elementos fibrosos e recebendo grande parte da carga corporal, tanto no 
repouso quanto na locomoção está a escápula (Fig. 66), cuja espinha representa uma viga 
em T que encontra-se rodeada por um arranjo simétrico de músculos, reduzindo a 
tendência fletora do membro e suportando o peso corporal. 
 
 
Fig. 66 Estabilização e fixação do conjunto tórax e membro torácico pela sustentação 
escapular, binário do trapézio (T) e peitoral (P) que pode ser auxiliado pelas fibras do 
músculo grande dorsal (L), H ponto de maior resistência da espinha da escápula e 
centro do eixo rotacional da escápula, N ponto de reação normal ou de equlíbrio. 
FONTE: Getty R. Sisson & Grossman: Anatomia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro: 
Interamericana, 5 ed, 1981. 
 
Elementos fibrosos 
Corda biceptal (Fig. 67): Tendão de origem do músculo bíceps 
braquial que se encontra no interior do ventre muscular, que na 
articulação cúbita (úmero-rádio-ulnar) divide-se em porção medial 
(tendão terminal do músculo, que insere-se na tuberosidade radial e 
Fig. 67 Representação da corda biceptal, 1 origem, 2 lacerto 
fibroso. FONTE: König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais 
Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
1 
2 
Tópicos em Biomecânica 71 
medial da extremidade proximal do rádio) e porção lateral (ou lacerto fibroso, mais longa, 
que se continua com o tendão do músculo extensor carporadial e se une em parte com a 
fáscia antebraquial, inserindo-se na altura da tuberosidade do osso metacárpico III. 
 
Aparelho suspensor metacárpico-falangeano (Fig. 68): Constituído pelos tendões 
dos músculos flexores digitais, superficial e profundo, 
ligamentos sesamóideo proximal ou músculo interósseo e 
sesamóideos distais (sesamóideo reto ou superficial, 
oblíquos ou médios e cruzado ou profundo). 
Na dinâmica dos elementos fibrosos assume grande 
importância o aparelho suspensor metacárpico-falangeano 
(Fig. 68A) que entrando em tensão na primeira fase do apoio 
no solo acumula energia que é liberada na segunda fase 
sobre a articulação metacarpo-
falangeana coadjuvando, 
passivamente, a abertura do 
ângulo metacárpico-
falangeano. Entretanto, nem 
todos os elementos do 
aparelho suspensor entram em distensão máxima ao mesmo 
tempo na primeira fase, assim temos inicialmente ligeira 
flexão da falange média sobre a proximal e da distal sobre a 
média quando ocorre o abaixamento da articulação 
metacarpo-falangeana, ao mesmo instante ocorre o 
relaxamento dos músculos flexores, fazendo com que toda a 
tensão seja exercida sobre o ligamento sesmóideo proximal, 
que em movimentos exagerados poderá sofrer distensão ou 
dilaceração. Na inclinação cranial do metacarpo, o ligamento 
sesamóideo proximal, afrouxa e toda a pressão faz-se sobre 
os tendões flexores que podem vir a sofrer lesão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A 
B 
Fig. 68 A Detalhe do dígito vista lateral e aparelho suspensor metacárpico-
falangeano. B Aparelho de sustentação do membro torácico e dinâmica dos 
elementos fibrosos e musculares. 1 peso do tronco, 2 corda biceptal, 3 
tríceps braquial, 4 cleido braquial do braquicefálico, 5 eixo de rotação cubital 
e lig. colateral lateral, 6 lacerto fibroso, 7 ulnar lateral, 8 flexor ulnar carpo, 9 
flexor digital superficial, 10 extensor radial carpo, 11 flexor digital profundo e 
ligamento acessório, 12 extensor digital comum, 13 músculo interósseo, 14 
sesamóides proximais, 15 ramo extensor interósseo, 16, 17 e 18 ligamentos sesamóides cruzado, oblíquo e 
reto, 19 sesamóide distal. FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2010. 
 
Tópicos em Biomecânica 72 
Do ponto de vista da dinâmica muscular, merece atenção especial aos músculos 
ancôneo e tríceps braquial (músculos extensoresda região antebraquial), que na 
deambulação, com o membro torácico erguido, atuam como uma alavanca de potência de 
primeira ordem sobre o olécrano, cujo ponto de apoio é a própria articulação, enquanto 
que a resistência é oferecida pelo peso do corpo, representado pela extremidade livre do 
membro. Uma vez superado o ponto de equilíbrio (efeito mola ou fenômeno do 
automatismo dos gínglimos angulares perfeitos) mantém a angulação da articulação. No 
apoio, os músculos atuam como potência de uma alavanca de segunda ordem, onde o 
ponto de apoio está no solo e a resistência é representada pela articulação cúbita, que 
conjuntamente aos tendões dos músculos flexores e a tendência especial da articulação 
cúbita a manter-se aberta. 
 
MEMBROS PÉLVICOS 
Os membros pélvicos apresentam elementos fibrosos (tendões e ligamentos) que 
atuam passivamente e de forma eficaz realizando a fixação dos ângulos articulares na 
posição para o apoio em estação. No entanto, devido à posição do eixo de gravidade, 
deslocado cranialmente, o par pélvico apresenta menor participação na sustentação do 
peso corporal. Ainda, o efeito de mola está mais bem representado pela articulação társica. 
 
Elementos ósteo-articulares 
A conexão entre o eixo da pelve e do 
corpo é estabelecida na articulação sacroilíaca 
(sindesmose nos jovens e sinostose nos 
adultos), o que dificulta identificar em que 
extensão a estabilidade da articulação é 
afetada pelas propriedades dos elementos 
intra-articulares e/ou circunvizinhos (músculos 
ou ligamentos). Esta articulação é 
perfeitamente móvel e estável, sendo garantida 
pela sinartroidia lombar, angulação da 
articulação coxal e esforço da sínfise pélvica em 
um plano transverso (Fig. 69). Quando a articula 
ção coxal se movimenta, provoca uma tentativa 
de rotacionar à direita o eixo sacroilíaco, impe 
dido pelo músculo reto abdominal, contrabalan 
ceada pela característica semi-imóvel da articula 
ção lombar, que provoca uma tentativa de rotação contralateral, tornando os elementos 
intra e peri-articulares sacroilíacos sinostóticos, reduzindo ou suprimindo o esforço nesta 
articulação. Como a pelve está fixa ao sacro, a posição mútua das articulações sacroilíacas e 
coxais determinam uma tensão e esforço sobre a sínfise pélvica (Fig. 70), dependente da 
largura do sacro. Esta relação determina um binário, originado pelo peso corporal sobre o 
acetábulo medialmente, que tende a rotacionar a pelve ventrolateralmente. Quando a 
Fig. 69 Equlíbrio da articulação sacroilíaca. Os 
músculos abdominais (F) equlibram a ação do 
peso (W) e permitem a estabilização da 
articulação sacroilíaca (N), auxiliado pelos 
ligamentos pélvicos (c). FONTE: Getty R. Sisson & 
Grossman: Anatomia dos Animais Domésticos. 
Rio de Janeiro: Interamericana, 5 ed, 1981. 
Tópicos em Biomecânica 73 
articulação sacroilíaca e o acetábulo encontram-se no mesmo eixo vertical, anula-se o 
esforço e a tensão sobre a sínfise pélvica. Contudo, na maior parte do tempo a sínfise 
pélvica está sob esforço de tensão. A região pélvica mostra 
uma construção claramente compromissada, onde no animal 
em estação a posição mais favorável é representada pelo eixo 
ilíaco disposto em ângulos retos com o eixo longitudinal da 
coluna vertebral (Fig. 71). Na deambulação, é necessário que 
o ílio esteja no mesmo nível da coluna, impedindo a distorção 
da articulação. Assim, os ângulos pélvicos variam entre 70 a 
75o nos grandes ungulados, 10 a 15o nos pequenos ungulados 
e carnívoros, e menor que 10o em pequenos mamíferos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 71 Se o eixo do ílio (il) está em ângulo reto (90o) com a coluna vertebral (vc), o esforço do acetábulo é zero 
e o diâmetro real (td) da saída da pelve tem sua dimensão máxima. Na figura da direita o ílio é concorrente 
com a coluna vertebral e o momento da força de propulsão (F) sob a articulação sacro ilíaca é zero, mas é 
potente sobre o acetábulo. FONTE: Getty R. Sisson & Grossman: Anatomia dos Animais Domésticos. Rio de 
Janeiro: Interamericana, 5 ed, 1981. 
 
Elementos fibrosos 
No par pélvico os elementos fibrosos não são capazes de garantir a sustentação do 
peso corporal, sendo necessária participação muscular ativa, o que resulta em cansaço 
muscular, sendo necessária a alternância do apoio entre os membros durante o descanso 
ou na estação, fazendo com que um membro seja posicionado em pinça. 
Corda fêmoro-metatársica: Representada pelo tendão do músculo fibular terceiro 
que se encontra recoberto pelos músculos extensor digital longo e tibial cranial cruzando a 
articulação társica, inserindo-se na altura da tuberosidade do osso metatársico III (Fig. 72B). 
Fig. 70 Esforço na sínfise pélvica, secção transversal. A distância entre as 
articulações coxais é maior que a observada entre as sacroilíacas, assim a 
ação do peso corporal sobre o acetábulo (N) faz com que a sínfise pélvica 
esteja sob constante esforço de tensão. FONTE: Getty R. Sisson & Grossman: 
Anatomia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro: Interamericana, 5 ed, 
1981. 
Tópicos em Biomecânica 74 
Músculos flexor digital superficial (constituído essencialmente por tecido tendíneo) 
e gastrocnêmio. 
Aparelho suspensor metacárpico-falangeano: Constituído pelos tendões dos 
músculos flexores, digitais superficial e profundo, músculo interósseo e ligamentos 
sesamóideos distais (sesamóideo reto ou superficial, oblíquos ou médios e cruzado ou 
profundo). 
Na dinâmica dos elementos fibrosos, observa-se a presença do paralelogramo 
fibroso (Fig. 72A), conjunto formado pela corda fêmoro-metatársica e o músculo flexor 
digital superficial, sendo responsável pelos movimentos sincrônicos e solidários das 
articulações do membro pélvico. O paralelogramo constitui o mais importante obstáculo 
para realização do recuo pelos animais. No recuo, o centro de gravidade deve ser deslocado 
caudalmente, originando o desequilíbrio entre as linhas de força do paralelogramo, 
desprezando sua ação. O apoio é inseguro e obtido por ação muscular, gerando uma 
contração muscular imediata com dificuldade no deslocamento do membro para trás. 
 
 
Fig. 72 Dinâmica dos elementos fibrosos e paralelograma fibroso. A Representação esquemática do aparelho 
recíproco no equino. FONTE: König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 
ed, 2011. B Aparelho recíproco do membro pélvico do equino, 1 fibular terceiro, 2 flexor digital superficial, 3 
gastrocnêmio, 4 tibial cranial. FONTE: Getty R. Sisson & Grossman: Anatomia dos Animais Domésticos. Rio de 
Janeiro: Interamericana, 5 ed, 1981. 
 
Elementos musculares 
Diferente do membro torácico, onde os elementos musculares exercem menor 
efeito na sua dinâmica, no membro pélvico a dinâmica é garantida por estes elementos, 
tornando o membro pélvico responsável pela propulsão. Os músculos são funcionalmente 
enquadrados em quatro grupos musculares: grupo dos glúteos (principalmente o glúteo 
médio); grupo femoral caudo-lateral ou ísquio-tibiais (semitendinoso, semimembranoso e 
Músculo quadríceps femoral 
Músculo biceps femoral 
Ligamento patelar intermédio 
Músculo interósseo 
Tendão músculo fibular terceiro 
Tendão músculo flexor digital profundo 
e ligamanto acessório 
Tendão músculo flexor digital superficial 
A B 
Tópicos em Biomecânica 75 
bíceps femoral); grupo dos extensores do 
tarso (gastrocnêmio); e flexores do tarso 
(tibial cranial), sendo o papel de cada grupo 
discutido a seguir: 
Grupo dos glúteos (Fig. 73): Os 
músculos glúteos atuam no mecanismo de 
escoicear, podendo projetar bruscamente a 
porção livre do membro pélvico para trás. 
Contudo, durante o apoio atuam sobre o 
fêmur (especialmenteo músculo glúteo 
médio) deslocando-o cranialmente e 
medialmente, determinando a extensão e ab 
dução do fêmur, constituindo a fase de apoio 
na andadura normal, uma alavanca de segun 
do gênero cujo ponto de apoio é o solo e o 
ponto de resistência a articulação coxal. Já na 
basculação (membro erguido) promovem a 
abertura do ângulo coxal, lançando o tronco para frente por atuarem com o uma alavanca 
de primeiro gênero, cujo ponto de apoio é a articulação coxal e a resistência é dada pelo 
peso do membro. 
Grupo femoral caudo-lateral: Atuam sobre as articulações fêmoro-tíbio-patelar e 
társica (indiretamente), promovendo o efeito de mola resultante da flexão da primeira, que 
provoca a extensão na segunda que no apoio no solo gera uma força propulsora secundária 
ou auxiliar ao grupo dos glúteos. 
Grupo dos extensores do tarso: Atua em conjunto com o grupo femoral caudo-
lateral estabilizando e potencializando o efeito de alavanca e no mecanismo de escoicear. 
Grupo dos flexores do tarso: Atua no mecanismo recíproco conjuntamente com o 
músculo gastrocnêmio, realizando um efeito de mola entre as articulações femoro-tíbio-
patelar e társica. 
A relação entre os elementos ósteo-articulares, fibrosos e musculares no membro 
pélvico constitui um eixo verticalizado que passa caudal à articulação fêmoro-tíbio patelar 
e cranial às articulações társica, metatarso-falangeana e interfalangeana proximal, antes 
de atingir a cápsula da úngula, permitindo que o peso sobre a coluna óssea não 
desestabilize o membro durante a flexão fêmoro-tíbio-patelar e társica ou na 
hiperextensão metatarso-falangeana e interfalangeana proximal. Os tendões e ligamentos 
do aparelho suspensor metacárpico-falangeano também atuam para evitar o colapso no 
membro pélvico, principalmente no equino (Fig. 74). Na extremidade distal, os elementos 
de sustentação são semelhantes aos observados no membro torácico (Fig. 68A), no entanto 
o ligamento acessório do tendão do flexor digital profundo é muito fraco ou muitas vezes 
ausente, sendo compensado pelo reforço no tendão do flexor digital superficial, que torna-
se mais tensionado na sua inserção, auxiliando o músculo interósseo, quando o peso 
corporal atua sobre o membro. Ainda, em equinos, o mecanismo de sutentação, é 
Fig. 73 Os músculos gúteos atuam no reforço das 
articulações sacroilíaca e coxal na sustentação do 
peso (W) em consonância com os pontos de 
sustentação (a, b e c), além de flexionarem a 
articulação coxal na geração da propulsão. FONTE: 
Getty R. Sisson & Grossman: Anatomia dos Animais 
Domésticos. Rio de Janeiro: Interamericana, 5 ed, 
1981. 
Tópicos em Biomecânica 76 
reforçado pelo travamento patelar (Fig. 75), que caracteriza-se 
pela rotação medial de 15o da patela, fixando firmemente a 
cartilagem patelar sobre a protuberância da crista medial da 
tróclea do fêmur, acompanhado do deslocamento caudal do 
ligamento patelar medial em cerca de 2cm, que pode ser 
confirmado por palpação. Nesta posição, a patela trava a 
articulção fêmoro-tíbio-patelar, permitindo que o peso 
corporal seja transferido para o membro travado e o descanço 
do membro contralateral, que posiciona-se em pinça. A saída 
do travamento é brusca provocando o som de estalo, 
entretanto deve-se destacar que embora o travamento 
permita sustentar o peso, ainda ocorre consumo de energia 
muscular. Em alguns casos de desordem neuromuscular, o 
travamenro patelar torna-se difícli ou impossível de ocorrer, 
fazendo com que o mecanismo desligue-se espontâneamente, 
desestabilizando o animal, ou não destrave, exigindo a secção 
cirúrgica do ligamento patelar medial. 
 
 
 
Fig. 74 Aparelho recíproco de sustentação do membro pélvico do equino. 1 ligamentos patelares (1’ medial, 1’’ 
intermédio e 1’’’ lateral), 2 patela, 3 fibrocartilagem parapatelar, 4 faixa fibrosa associada ao gastrocnêmio, 5 
tendão társico do semitendinoso, 6 tendão társico do bíceps, 7 fibular tereceiro, 8 flexor digital profundo, 9 
flexor digital superficial, 10 ligamento plantar longo, 11 músculo interósseo, 12 extensor digital longo, 13 
ligamentos sesamóides, 14 fíbula, 15 crista troclear lateral, 16 tíbia, 17 tubérculo da crista troclear medial, 18 
auperfície de repouso extremidade proximal da tróclea, 19 côndilo lateral do fêmur, 20 côndilo medial do 
fêmur. FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2010. 
 
 
Apesar da semelhança funcional, são observadas diferenças significativas entre as 
espécies domésticas. Nos ruminantes e suíno os elementos responsáveis pela mecânica dos 
membros torácicos e pélvicos são menos fibrosos e substituídos por músculos, no entanto o 
músculo interósseo nos ruminantes é mais fibroso do que no suíno. Já nos carnívoros, os 
elementos fibrosos são essencialmente ou totalmente musculares, inclusive o músculo 
interósseo. Assim, funcionalmente os ruminantes e suínos apresentam maior facilidade 
para deitar e menor resistência em se manter fixos quando em estação, necessitando de 
maior número de trocas entre os membros de apoio no solo, enquanto que os carnívoros 
apresentam maior amplitude de movimentos (deitar, rolar e sentar), assim como pronação 
e supinação durante o galope, mas possuem menor resistência na manutenção da estação, 
realizando períodos de descanço em decúbito por maior período de tempo. 
 
 
 
Tópicos em Biomecânica 77 
 
Fig 75 Representação do travamento patelar equino. A articulação fêmoro-tíbio-patelar esquerda, B 
extremidade distal fêmur esquerdo, C posição anatômica da patela, D articulação travada. 1 ligamentos 
patelares (1’ medial, 1’’ intermédio e 1’’’ lateral), 2 patela, 3 fibrocartilagem parapatelar, 14 fíbula, 15 crista 
troclear lateral, 16 tíbia, 17 tubérculo da crista troclear medial, 18 auperfície de repouso extremidade proximal 
da tróclea, 19 côndilo lateral do fêmur, 20 côndilo medial do fêmur. FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. 
Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
 
 
PELVILOGIA E PELVIMETRIA 
A pelvilogia é o estudo dos constituintes anatômicos e funcionais da pelve, 
determinando fatores que poderão influenciar na seleção de animais para reprodução. 
Enquanto que a pelvimetria consiste na determinação das dimensões da pelve, sendo 
utilizada na reprodução, como medida profilática a problemas no parto ou para seleção de 
matrizes. 
A palavra pelve é derivada do latim pélvis que significa bacia, considerada um 
complexo osteoligamentoso constituído pelo ílio, ísquio e púbis, unidos entre si pelo sacro 
e as três primeiras vértebras coccígeas e o ligamento sacroisquiático ou sacrotuberoso de 
funções múltiplas. No sentido obstétrico mostra-se como o cinturão ósseo, que rodeia 
parcialmente a cavidade pélvica, formado pelos ossos ílio, ísquio e púbis unidos entre si, 
cujo teto é constituído pelo sacro e as primeiras vértebras coccígeas. A pelve possui funções 
de locomoção e sustentação do peso nos membros pélvicos, serve como via de passagem 
do feto, e contribui, por meio de vários elementos, com a estática dos intestinos, órgãos 
reprodutivos e urinários. Constitui um elemento de integração na transmissão e difusão de 
forças para os membros pélvicos. 
 
A D C B 
1’ 
1’ 
3 
Tópicos em Biomecânica 78 
PELVILOGIA 
A pelve possui o formato de um tronco de cone, situado na porção caudal do tronco, 
cuja base maior encontra-se voltada para a cavidade abdominal enquanto que a menor está 
voltada caudalmente. A relação entre o eixo do tronco de cone e o da cavidade abdominal 
forma um ângulo ventral obtuso, no entanto podem ocorrer variações entre as espécies e 
os indivíduos. Sua porção ventral (face cranial) atua como pontode ancoragem e tração da 
aponeurose do músculo reto abdominal (tendão pré-púbico), e também como estojo 
protetor das vísceras contidas nessa região. Ainda, o anel pélvico constitui a parte menos 
flexível da cavidade pélvica, contudo durante o parto pode aumentar a amplitude de seus 
diâmetros transversal e vertical ampliando a cavidade pélvica, isto é possível devido ao 
relaxamento e embebição dos ligamentos, que desviam o sacro dorsalmente e separam os 
ângulos internos do ílio notavelmente. O parto é tanto mais fácil quanto mais curto for o 
sacro, pois torna mais móvel suas conexões articulares. 
 
CONSTITUIÇÃO ANÁTOMO-FUNCIONAL DA PELVE 
A pelve é formada por partes duras e 
moles. Constituem as partes duras os ossos 
(coxal (ílio, ísquio e púbis), sacro e vértebras 
coccígeas, Fig. 76) e as articulações, que podem 
ser classificadas em dois grupos: intrínsecas 
(sacroilíaca (articulação sinovial plana, podendo 
evoluir para uma sinostose, fixada pelos 
ligamentos sacroilíacos vertebral: sacroisquiático 
dorsal, porções funicular (ligamento 
sacotuberoso) e laminar, e sacroisquiático 
ventral); sacrococcígea (sínfise, disco 
intervertebral); isquiopúbica (sinostose, união 
entre os três ossos); e extrínsecas (lombosacra 
(sínfise, disco intervertebral) e coxal (esferóide ou 
cotílica, cápsula articular, lábio articular, ligamen 
to redondo e ligamento da cabeça do fêmur)). As 
vértebras coccígeas estão relacionadas com a am 
pliação do diâmetro caudal da pelve. O acetábulo 
transmite as forças do peso corpóreo aos membros pélvicos e absorve a tração desses para 
o corpo. A articulação isquiopúbica atua como dissipadora de forças da pelve, além de ser 
ponto de equilíbrio da tração exercida pelos membros pélvicos. 
As partes moles são representadas pelo ligamento sacroisquiático (Fig. 77) e pelo 
diafragma pélvico (Fig. 78). O ligamento sacroisquiático completa a pelve óssea, formando 
um conduto, cuja porção ventral entre a borda lateral do sacro e incisuras isquiáticas, 
constitui uma lâmina pouco elástica e forma a abertura para passagem da artéria e veia 
ilíaca externa e do plexo isquiático, enquanto que a porção caudal, em forma de funículo, 
 Fig. 76 Partes duras da pelve do equino. 1 osso 
coxal (1’ ílio, 1’’ ísquio e 1’’’ púbis), 2 sacro, 3 
vértebras coccígeas, 4 acetábulo e cabeça do 
fêmur. FONTE: Popesko P. Atlas de Anatomia 
Topográfica dos Animais Domésticos. Manole, 
São Paulo, 1985. 
1’ 
1’’ 
1’’’ 
2 
3 
4 
Tópicos em Biomecânica 79 
forma o ligamento sacrotuberoso, desde a extremidade do sacro até a borda superior da 
tuberosidade isquiática, sendo coberta apenas por pele nos ruminantes, permitindo a 
palpação (seu relaxamento é um indício do final da gestação). Entretanto, no equino não é 
palpável, devido ao acúmulo de gordura na região, enquanto que o canino apresenta 
somente o ligamento sacrotuberoso, que se constitui de um tecido tendinoso muito 
elástico. 
 
 
Fig. 77 A Ligamento sacrotuberal do canino, B ligamento sacroisquiático do bovino. 1 ílio, 2 sacro, 3 vértebras 
coccígeas, 4 ligamento sacrotuberal, 5 espinha isquiática, 6 acetábulo, 7 túber isquiático, 8 túber coxal, 9 túber 
sacral, 10 forame isquiático maior, 11 trocanter naior do fêmur, 12 forame obturado, 13 forame isquiático 
menor. FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2010. 
 
O diafragma pélvico fecha o estreito caudal, sendo formado pela fáscia pélvica, 
fáscia perineal profunda e os músculos superficiais e profundos do períneo, dividindo a 
cavidade pélvica em uma porção intraperitoneal (ventral) e retroperitoneal (dorsal), a 
vagina cruza o espaço formado pelas porções intra e retroperitoneal, unindo-se ao 
vestíbulo. 
 
 
Fig. 78 A Vista caudal do períneo no felino doméstico, B 
diafragma pélvico do canino, vista lateral. 1 cauda erguida, 
2 glúteofemoral, 3 ânus, 4 coccígeo, 5 obturador interno, 6 
isquiocavernoso, 7 fáscia ilíaca recobrindo o ilíopsoas, 8 
retrator do pênis, 9 coccígeo, 10 levantador do ânus. 
FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de 
Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
* 
A B 
Tópicos em Biomecânica 80 
 
Diferenças sexuais 
Apesar de serem reconhecidas as diferenças anatômicas da pelve entre machos e 
fêmeas, as modernas técnicas de melhoramento animal tem preconizado o uso de machos 
com características maternais, por apresentarem 
progênie com maior precocidade produtiva e menor 
índice de distocias (dificuldades encontradas na 
evolução de um trabalho de parto, tornando uma 
função difícil, impossivel ou perigosa para a mãe e para 
o feto). 
Nas fêmeas a pelve óssea é mais ampla em 
todas as direções, principalmente no eixo transversal; a 
abertura cranial é mais circular, enquanto que a caudal 
apresenta a arcada isquiática mais larga e menos 
profunda; o forame obturado é quase circular; as 
margens, tubérculos e saliências são mais planas; a 
obliqüidade do orifício de entrada e a inclinação da 
pelve são maiores, o orifício de saída é maior e a 
porção púbica é côncava e está situada abaixo da 
porção isquiática que é quase plana. 
Já nos machos a pelve óssea é mais estreita com 
abertura cranial mais elíptica, o forame obturado é 
elíptico; os tubérculos, margens e saliências são mais 
destacados; a incisura isquiática maior é mais curta e 
mais profunda; o púbis é espesso na linha média e con 
vexo; porção isquiática é estreita e côncava transver 
salmente; contudo no equino quando a castração é pre 
coce, antecedendo a puberdade, as características da 
pelve são semelhantes às observadas na fêmea. 
 
Diferenças nas espécies 
Como observado nos tipos constitucionais, onde a conformação do corpo varia 
entre espécies e raças, permitindo que o corpo do animal tenha sido construído para uma 
determinada aptidão, dentre as espécies domésticas observam-se características anátomo-
funcionais inerentes a cada espécie. Por exemplo, o tendão pré-púbico se insere mais 
ventralmente na vaca do que na égua, na qual a inserção é mais cranial, de modo que na 
vaca forma um degrau entre assoalho e tendão. Características como estas determinam 
procedimentos diferenciados a serem adotados ao utilizar-se de manobras obstétricas. Por 
exemplo, ao se tracionar um feto num parto de uma vaca é necessário fazê-lo no sentido 
dorso-caudal, dirigindo-se ventralmente para que possa se vencer a barreira criada pelo 
degrau formado entre o tendão pré-púbico e a pelve. 
Fig. 79 Vista cranial da pelve equina, A 
fêmea, B macho. Linha enfatiza as 
diferenças na entrada da pelve. FONTE: 
Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. 
Tratado de Anatomia Veterinária. Rio 
de Janeiro: Elsevier, 2010. 
Tópicos em Biomecânica 81 
Equino (Fig. 80): A face 
dorsal é caracterizada pelo sacro e 
primeiras vértebras coccígeas 
articulados entre si, ligeiramente 
côncava no eixo ventrodorsal e 
separada dos órgãos genitais pelo 
reto. Já a face ventral, formada 
pelos dois ísquios e púbis, é côncava 
no eixo transversal e ligeiramente 
no longitudinal, especialmente na 
porção onde está assentada a 
bexiga, medindo na égua 16 a 20 cm 
de comprimento. A linha 
longitudinal mediana é caracterizada 
pela sínfise púbica, onde de cada lado 
está o forame obturado. As faces late 
rais são constituídas pelas faces mediais dos ílios e ligamentos sacroisquiáticos, de forma 
quadrilateral unindo o sacro e o ílio correspondentes. O orifício cranial posiciona-se dirigido 
obliquamente crânio-ventralmente, sendo chamado de estreito cranial ou entrada da pelve, 
possui forma oval, quase fixo por ser quase que completamente ósseo. O orifício caudalforma a base menor do tronco de cone, chamado de estreito caudal ou saída da pelve, é 
formado pelo sacro, primeiras vértebras coccígeas, e pelo bordo dorsal do ligamento 
sacroisquiático, ventralmente pela arcada dos ísquios, podendo ser constituído em parte por 
uma membrana elástica, o ligamento sacroisquiático, suscetível de se dilatar sensivelmente 
durante a passagem do feto. 
 
Bovino (Fig. 81): A pelve 
apresenta-se mais óssea que na 
égua, sendo mais longa e achatada 
lateralmente e possuindo o sacro 
maior e mais côncavo no eixo 
longitudinal. O assoalho é mais 
côncavo em todos os eixos com o 
estreito cranial mais elíptico, 
enquanto que o caudal é mais 
cilíndrico e a arcada isquiática 
apresenta-se em ângulo mais 
agudo. 
 
 
 
 
Fig. 80 Vista cranial da pelve do equino macho. FONTE: König 
HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, 
Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
Fig. 81 Vista lareal da pelve do bovino macho. FONTE: König HE, 
Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto 
Alegre, 4 ed, 2011. 
Tópicos em Biomecânica 82 
Caprinos e ovinos: Possui a pelve semelhante aos bovinos, contudo é mais longa, 
estreita, baixa e espessa na cabra que na ovelha. O púbis é delgado na cabra e espesso na 
ovelha, porém o forame obturado é amplo na ovelha e estreito na cabra. Em ambas as 
espécies a sinostose é tardia e o sacro possui quatro vértebras na ovelha e 4 a 5 na cabra. 
 
Suíno (Fig. 82): Apresenta a pelve 
mais longa e inclinada 
ventrocaudalmente, o sacro possui 4 a 5 
vértebras sacrais. O estreito ventral é 
dilatável, porém estreita-se no nível do 
acetábulo e a incisura isquiática maior é 
desenvolvida e inclinada para dentro. 
 
 
 
Canino (Fig. 83): Possui o coxal quase 
horizontal com perfil retilíneo, sendo que a 
incisura isquiática maior é pouco saliente 
constituindo a porção mais estreita da pelve 
e a tuberosidade isquiática possui uma 
cúspide. Este arranjo torna a cavidade 
pélvica quase cilíndrica. 
 
 
 
 
PELVIMETRIA 
Pode ser realizada de forma indireta ou direta. A pelvimetria indireta é baseada na 
relação entre as medidas corporais e pélvicas externas versus medidas internas da pelve, 
enquanto que a forma direta pode ser realizada, em pequenos animais, pelo estudo 
radiográfico de medidas pélvico, também aplicado em primatas não humanos, cães e gatos. 
Ainda, a pelvimetria direta pode ser realizada pela medida direta da pelve através do toque 
retal, que permite ainda realizar a avaliação da qualidade da pelve, observando a presença 
de fraturas entre outras alterações que possam impossibilitar o parto. As medidas da pelve 
podem ser tomadas utilizando a própria mão ou um aparelho denominado pelvímetro. 
 
DIÂMETROS PÉLVICOS 
As dimensões pélvicas são mais importantes em animais que geram um único feto 
grande de cada vez (monotocas), do que em fêmeas polítocas cujos fetos a termo são 
pequenos. Vários diâmetros da pelve podem ser mensurados, com base em referências 
ósseas. 
Fig. 82 Vista cranial da pelve do suíno. FONTE: 
König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais 
Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
Fig. 83 Vista medial da pelve do canino. FONTE: 
König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais 
Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
Tópicos em Biomecânica 83 
Diâmetro verticais 
Diâmetro conjugado verdadeiro 
(Fig. 84): Diâmetro vertical da abertura 
cranial da pelve, diâmetro dorsoventral ou 
estreito cranial que é medido da 
extremidade cranial da sínfise púbica até o 
promontório sacral. 
 
 
Diâmetro vertical da entrada da pelve (Fig. 85): Diâmetro vertical pectíneo ou 
diâmetro pélvico vertical cranial mensurado a partir da extremidade cranial da sínfise púbica 
até a face ventral do sacro (3º. par de forames sacrais ventrais na fêmea e 1º. nos machos) 
ou articulação sacrococcígea nos pequenos mamíferos. Este se refere ao diâmetro da 
cavidade pélvica, com grande importância 
prática para ruminantes, equino e suíno 
por se prolongar entre a sínfise pélvica e o 
sacro, impedindo a expansão da pelve. 
Contudo, nos carnívoros, como o sacro é 
curto, este diâmetro se prolonga até as 
vertebras coccígeas, permitindo que em 
cães jovens, assim como em suínos jovens, 
o canal do parto aumente 
significativamente, devido o não 
fusionamenro das vértebras sacrais. 
 
 
Diâmetro conjugado diagonal: Linha diagonal que vai do promontório sacral à 
extremidade caudal da sínfise pélvica. 
Diâmetro vertical da saída da pelve: Mensurado entre a margem caudal da sínfise 
isquiopúbica a extremidade caudal do sacro ou primeiras vértebras coccígeas. 
 
Diâmetros transversais (Fig. 86) 
Diâmetro bi-ilíaco ou médio: Determinado da tuberosidade do psoas no corpo do 
íleo até a do lado oposto. 
Diâmetro transversal dorsal ou superior: Linha traçada entre as facetas auriculares 
do íleo. 
Diâmetro transversal ventral ou inferior: Linha traçada entre as eminências 
iliopectíneas de cada lado. 
Diâmetro transversal da cavidade pélvica: Mensurado a partir da metade da crista 
isquiática de um lado a do lado oposto. 
Fig. 84 Vista medial da pelve do equino, em vermelho o 
diâmetro conjugado. FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING 
CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2010. 
Fig. 85 Vista lateral da pelve do bovino, 14 diâmetro 
conjugado, 15 diêmtro vertical entrada pelve. FONTE: 
Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia 
Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
Tópicos em Biomecânica 84 
Diâmetro da saída da pelve: Medida tomada entre as duas tuberosidades isquiáticas. 
Diâmetro oblíquo ou sacro-ilíaco: Mensurado da articulação sacro-ilíaca até a 
eminência iliopectínea do lado oposto. 
 
 
Fig. 86 Esquematização dos diâmetros transversais da pelve no bovino. Diâmetro bi-ilíaco (rosa), diâmetro 
transversal dorsal (verde), diâmetro transversal ventral (roxo) e diâmetro oblíquo (laranja). FONTE: Dyce KM, 
Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
 
Um recurso utilizado na pelvimetria externa são coeficientes que permitem estimar 
as medidas internas, alguns destes são apresentados na tabela abaixo. 
 
DIÂMETRO MEDIDA EXTERNA 
COEFICIENTE ESPÉCIE 
BOVINO EQUINO 
CONJUGADO Medida da cernelha X 0,18 X 0,143 
BI-ILÍACO Largura da Garupa X 0,36 X 0,40 
DIÂMETRO TRANSVERSAL VENTRAL Diâmetro bi-ilíaco -20mm - 48mm 
 
TIPOS ANÁTOMO-FISIOLÓGICOS DE PELVE 
O formato da pelve materna correlaciona-se às características de seus produtos. De 
acordo com o formato que possui, pode-se classificar as pelves nos animais considerando os 
diâmetros conjugado verdadeiro e o bi-ilíaco. 
Dolicopélvicos 
Caracterizam-se por apresentar a entrada da pelve oval, achatada lateralmente, o 
ísquio é sensivelmente escavado e arqueado para baixo em sua extremidade caudal, os 
diâmetros conjugado verdadeiro e o bi-ilíaco apresentam 22 – 24 cm e 16 – 18 cm, 
respectivamente, estão neste grupo: ruminantes e suíno, além das raças de caninas Pastor 
Alemão e Dogue Alemão. 
Mesatipélvicos 
Entrada da pelve quase circular, um pouco estreito na sua parte inferior com 
diâmetros conjugado e o bi-ilíaco medindo aproximadamente 21 a 24 cm no equino, sendo 
também observado em algumas raças caninas, como o Cocker Spaniel Inglês e Americano, 
Pointer, Dálmata e Pinscher. 
Platipélvicos 
O diâmetro bi-ilíaco é maior que o diâmetro conjugado, fazendo com que se apresentem 
achatadas dorsoventralmente assumindo o formato de um prato. Raças de cães como pequinês e 
basset apresentam a pelve neste formato. Este tipo é característico de caninos das raças quepossuem membros curtos como o Pequinês, Basset Hound e Daschund. 
Tópicos em Biomecânica 85 
CINEMÁTICA DO MOVIMENTO 
Os animais realizam diferentes tipos de movimentos que não somente a locomoção, 
dentre eles: rolar, deitar-se e sentar, no entanto a cinemática apresenta particularidades 
inerentes a cada espécie. Considerando que os carnívoros, essencialmente predarores, 
necessitam desenvolver grandes velocidades em distâncias curtas, apresentam pouco peso 
corporal e cuja alimentação é de fácil digestibilidade, os mecanismos de estabilidade, 
descritos na mecânica dos membros, são pouco desenvolvidos. Em contrapartida, os 
herbívoros possuem uma construção especializada na sustentação de grandes quantidades 
de alimento de difícil digestibilidade, sem que isso prejudique sua mobilidade. Em comum, 
a execução de um movimento exige o ajustamento de numerosas funções orgânicas, cuja 
solicitação depende da intensidade, duração e freqüência e das características específicas 
da atividade praticada, como no exercício ou na corrida de velocidade. O treinamento tem 
por objetivo a adaptação dos aparelhos e sistemas solicitados por um exercício, afetando 
somente aqueles solicitados. 
Um ciclo completo de deslocamento de um animal, correndo ou andando, é 
chamado de passo. Do ponto de vista da locomoção os animais podem ser cursoriais 
(usualmente correm sobre o solo, maioria dos quadrúpedes) ou saltadores (freqüentemente 
são bípedes e seus membros pélvicos são utilizados simultaneamente, em uma serie de 
saltos, seu passo é denominado ricochete, sendo geralmente excelentes escaladores). Os 
saltadores e cursoriais bípedes tendem a ser mais especializados que os cursoriais 
quadrúpedes. O passo também pode ser aumentado de acordo com a postura da face 
solear do órgão digital do animal. O pé humano contribui pouco para o comprimento do 
passo, pois o calcanhar fica no solo quando paramos e é o primeiro a tocá-lo a cada passo. 
A postura que esse pé assume é chamada de plantigrada (solo + pé) e a maioria dos 
vertebrados, como por exemplo, o urso em que o pé assume essa postura, anda muito bem, 
mas dificilmente são bons corredores. Outros animais, como o canino, aumentam o 
tamanho efetivo do membro apoiando-se sobre os órgãos digitais diretamente, sendo sua 
postura chamada de digitígrados (dígito + 
andar). Os ungulígrados (úngula + andar) que 
dá nome aos ungulados, como o veado, 
bovino e equino, correm apoiando-se na face 
solear da cápsula da úngula. Além disso, a 
extremidade distal dos membros, 
principalmente o torácico, é mais alongada 
nos ungulígrados que nos digitígrados, 
permitindo que percorram uma distância 
maior de caminhada. 
 
 
 
Fig. 87 Membros pélvicos de urso, canino e equino 
(esquerda para direita), ilustrando as posições 
plantígrada, digitígrada e ungulígrada. FONTE: Dyce KM, 
Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia 
Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
Tópicos em Biomecânica 86 
Esse efeito evidencia o fato de que os tendões de inserção se fixam tipicamente ao 
esqueleto em áreas próximas às articulações, como observado na inserção dos músculos 
bíceps e tríceps braquial que se fixam próximo à articulação cúbita. Deste modo, a força de 
alavanca na região braquial tem curto alcance, porque um deles se projeta do eixo de 
rotação pelo côndilo do úmero até a tuberosidade radial, enquanto o outro chega à 
tuberosidade do olecrano. Contudo, a parte funcional é mais longa, pois inclui toda a 
extremidade distal livre do membro. Considerando que um ventre muscular pode contrair 
apenas 30% de seu comprimento, esta disposição anatômica amplia a força de alavanca da 
parte distal do membro, movendo mais rápido e com maior alcance esta porção do 
membro. O alongamento dos membros é facilitado pela disposição dos ventres na metade 
proximal do membro, assim a parte distal do membro é mais leve e move-se mais 
rapidamente durante a basculação. Contudo, a solidez do membro e a ampliação do 
movimento exigem forças extremas nos músculos entre as faces articulares e no interior 
dos ossos. 
 
TIPOS DE MOVIMENTOS 
Movimentos de corpo inteiro de um animal são 
resultados do deslocamento coordenado de partes corporais 
individuais, o que pode resultar em movimentos para frente, 
para os lados ou para trás ou movimentos sem alterações de 
localização, como o empinamento e o escoiceamanto. É 
pertinente ressaltar, que devido a posição do eixo ou centro de 
gravidade, deslocado cranialmente, e ao aparelho recíproco do 
membro pélvico, os deslocamentos para trás são dificultosos 
e, em muitos casos, resultam em desequilíbrio do animal. 
 
 
 
 
 
Escoiceamento 
No equino e no bovino, o escoiceamento tem finalidade de defesa e apresenta-se 
claramente definido, enquanto que nos carnívoros o movimento é realizado com menor 
amplitude, contudo envolve a mesma dinâmica. É observado o escoiceamento com um 
membro, onde o peso corporal é desviado para o membro de apoio deixando a outra 
extremidade livre para realizar o movimento de defesa, o membro livre é flexionado e 
extensionado rapidamente e com muita força; ou com os dois membros, onde a cabeça é 
inclinada em direção ao solo, deslocando o centro de gravidade cranialmente, 
concomitantemente ocorre a extensão dos músculos do dorso, concomitantemente a 
flexão da musculatura abdominal e a retirada de ambos os membros pélvicos do solo, que 
são projetados fortemente para trás. 
 
Fig. 88 Posição do centro de gravidade (W) no apoio durante a 
estação (A) e no deslocamento para trás e no descanso (B). 
FONTE: Getty R. Sisson & Grossman: Anatomia dos Animais 
Domésticos. Rio de Janeiro: Interamericana, 5 ed, 1981. 
Tópicos em Biomecânica 87 
 
Empinamento 
Inicia com a elevação da cabeça, o que 
desloca o centro de gravidade caudalmente, 
facilitando a retirada de ambos os membros 
torácicos do solo e ocasionando a enérgica 
contração dos músculos largos do dorso que 
extensionam o arco, jogando o peso do corpo 
sobre os membros pélvicos e fazendo com que os 
membros torácicos sejam lançados livres e 
fortemente contra o solo ou oponente. Cães e 
gatos podem saltar a partir da posição de estação. 
 
 
 
 
Deambulação 
Na deambulação se observa uma repetição de esquemas cíclicos que se caracterizam 
pela ativação e inativação alternadas de grupos musculares específicos. Cada passada é 
dividida em três fases: apoio ou propulsão (contato da extremidade distal do membro com 
o solo e deslizamento da articulação interfalangeana distal), suspensão (movimento de 
basculação, o membro é elevado e deslocado cranialmente) e alcance (extensão do membro 
no ar, permitindo a aproximação entre os homólogos), que são características para os 
membros torácico ou pélvico. 
Membro torácico: Possui a função de amortecer o impulso gerado pelos membros 
pélvicos e carregar consigo o tronco cranialmente, permitindo o apoio do corpo, para logo a 
seguir iniciar a sua elevação e deslocamento. Na fase de apoio a escápula é girada em 
sentido inverso, por ação dos músculos grande dorsal, peitoral profundo e rombóide, o que 
resulta no deslocamento caudoventral da extremidade distal e craniodorsal da extremidade 
proximal do osso. Concomitantemente os músculos flexor digital superficial e interósseo são 
liberados da tensão a que se encontram submetidos, no entanto a articulação 
interfalangeana distal é hiperextensionada, ativando o músculo flexor digital profundo que 
hiperflexiona o dígito ao afastá-lo do solo, iniciando a fase de basculação. Esta fase inicia 
com a ação dos músculos da sinsarcose e é seguida pela flexão de todos os músculos 
flexores e articulações do membrotorácico. Neste momento o membro é deslocado 
cranialmente por ação do músculo bráquiocefálico, que conta com a ação dos músculos 
trapézio e omotransverso na rotação da escápula a partir do seu ponto de apoio (espinha da 
escápula), resultando no deslocamento craniodorsal da extremidade distal e caudoventral 
da extremidade caudal da escápula. Ao final da basculação, os músculos extensores (tríceps 
braquial, extensor radial do carpo e digital comum e lateral) e as articulações voltam a suas 
posições anatômicas, iniciando a fase de apoio. Nesta fase o corpo desliza novamente sobre 
a articulação intefalangeana, como um pendulo invertido, devido a extensão das 
Fig. 89 Esquematização do movimento de empinamento. As 
linhas escuras representam as estruturas envolvidas (arco e 
corda, grupo dos glúteos e braquiocefálico. FONTE: König 
HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, 
Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
Tópicos em Biomecânica 88 
articulações do úmero (m. bíceps braquial), cúbita (músculo tríceps braquial) e cárpica 
(também por ação do bíceps braquial), que são sobrextendidas quando o impulso é gerado 
pelo membro pélvico). 
Membro pélvico: A cinemática do membro pélvico é semelhante a do torácico, 
entretanto deve-se ressaltar que uma musculatura mais desenvolvida é encontrada no 
bípede pélvico devido este ser responsável pela propulsão. Assim, a propulsão tem início na 
fase de apoio com a ativação e enérgica contração dos extensores das articulações coxal 
(principalmente do m. glúteo médio), femoro-tíbio-patelar (m. quadríceps femoral) e társica 
(m. gastrocnêmio), fazendo com que o dígito seja pressionado contra o solo pela ação dos 
flexores digitais. O reforço para geração do impulso é dado pelos músculos da nádega 
(bíceps femoral, semitendinoso e semimembranoso), que deslocam a articulação femoro-
tíbio-patelar caudalmente. No entanto, este movimento é relativo, pois se a extremidade do 
membro encontra-se fixado em um solo antideslizante, o tronco é deslizado cranialmente, 
porém sua ação concomitante sobre a articulação társica (extensão), que se dá por meio do 
tendão calcâneo comum, permite que o movimento seja efetivo e o deslocamento do tronco 
ocorra em conjunto com o membro, principalmente na locomoção rápida. A basculação 
ocorre por ação dos músculos flexores do dígito que é deslocado do solo, 
concomitantemente a flexão de todas as articulações do membro, que é direcionado 
cranialmente pela ação dos músculos tensor da fáscia lata, glúteo superficial, sartório e 
ilíopsoas (este músculo juntamente com os pequenos músculos da pelve elevam o membro 
e o abduzem, sendo antagonizados pelos músculos femorais mediais: grácilis, pectíneo e 
sartório, fazendo com que o ponto de apoio do membro em extensão seja localizado 
medialmente), preparando a extremidade do membro para o início do apoio, em que são 
ativados os músculos extensores do membro, com especial atenção na fixação da articulação 
femoro-tíbio-patelar pelo músculo quadríceps femoral. 
 
 
Fig. 90 Fases da deambulação no equino. 1 membro torácico direito no apoio, 2 membro torácico esquerdo 
basculando, 3 membro pélvico direito basculando e iniciando o alcance e 4 membro pélvico esquerdo em 
propulsão. 
RITMOS DE MOVIMENTAÇÃO 
Tópicos em Biomecânica 89 
Os andamentos naturais incluem o passo, trote e galope, contudo algumas espécies 
e raças apresentam outros tipos como a marcha picada, batida e/ou lenta. O 
desenvolvimento das fases descritas se encontra combinado em uma seqüência de etapas 
durante a locomoção, onde dependendo do tipo de movimento pode-se observar que um a 
três membros estão suportando o peso do corpo, gerando os chamados apoios em um, 
dois ou três membros. Genericamente codificou-se que cada um dos membros encontra-se 
em uma fase cinemática distinta. Esta observação permite identificar três situações, que 
são: bípede sagital (membros do mesmo antímero), bípede diagonal (torácico e pélvico de 
lados opostos) e triplo anterior ou posterior. 
Na transição entre os movimentos, são observadas variações de tempo entre cada 
fase, que são encurtadas conforme maior a velocidade adquirida pelo animal. A maior 
velocidade é obtida pelo aumento no tamanho do passo, com mudanças paulatinas na 
duração do passo (efeito da caixa de três marchas) com freqüências de oscilação próprias 
que buscam o menor gasto energético. A Teoria do pêndulo remete que biomecanicamente 
os membros são considerados como pêndulos durante a locomoção, que quando apoiados 
no solo geram grande força de impulsão em uma oscilação própria e com igual distribuição 
de massa, permitindo poupar energia, pois a oscilação para frente (basculação) exige pouco 
trabalho muscular. Além disso, o mecanismo de mola da coluna vertebral (torácica e 
lombar) produz flexões e extensões rítmicas na coluna, que além das articulações 
intervertebrais, dependem da musculatura do dorso e abdome. Já no apoio os músculos 
flexores digitais do bípede diagonal 
sofrem uma distensão elástica, devido ao 
pico de carga, que ao retirar o membro 
do solo é transformada em energia 
mecânica, atuando como molas, que 
durante o trote promovem o fenômeno 
do sincronismo diagonal (duas das molas 
agindo simultaneamente, uma torácica e 
 
 outra pélvica). 
 
As seqüências de marcas deixadas pela movimentação do animal são denominadas 
rastros, podendo ser simples (marcas sobre a linha mediana); duplos ou paralelos (linhas 
paralelas à linha mediana, marcando os antímeros direito e esquerdo) e mistos 
(característico de animais de tórax largo e pélvico estreito, deixando rastros duplos do 
membro torácico e simples do pélvico). O fenômeno de paralelismo de movimentação é 
observado em animais cuja largura do tórax e do membro pélvico são iguais, onde os 
membros homólogos obedecem ao mesmo plano de movimentação, sendo característico 
de rastros simples. A observação dos rastros constitui uma ferramenta importante para 
avaliação da qualidade da deambulação do animal. 
Fig. 91 Representação da teoria do pêndulo e mecanismo 
de mola da coluna vertebral. 
Tópicos em Biomecânica 90 
 
Fig. 92 Esquematização gráfica de rastros do equino, A rastro duplo na deambulação normal, B rastro duplo e 
cápsula da úngula divergente, C rastro duplo e cápsula da úngula convergente. 
 
Passo 
O passo é uma seqüência regular de quatro batidas com apoios bípedes ou trípedes, 
onde o avanço do membro pélvico depende do avanço do torácico homolateral. Diz-se 
também de uma seqüência 3:1 (3 membros em apoio e um em basculação), iniciando pelo 
pélvico esquerdo, seguido pelo torácico esquerdo, pélvico direito e torácico direito, 
mantendo sempre um bípede em contato com o solo. A marcha pode ser considerada uma 
variação do passo, contudo com peculiaridades. A marcha lenta é a mais semelhante ao 
passo, contudo um membro propulsiona ou alcança de forma homóloga, sendo marcada a 
propulsão e o alcance em cadência, enquanto que na marcha paralela, também chamada 
passo de camelo, ocorre o deslocamento simultâneo dos membros pélvico e torácico 
homolaterais, que propulsionam e alcançam ao mesmo tempo, jogando o centro de 
gravidade lateralmente, podendo ocorrer após ritmos acelerados com a finalidade de 
repousar a musculatura. 
 
 
Fig. 93 Representação esquemática das fases cinemáticas do passo. A sequência inicia com a propulsão pelo 
pélvico esquerdo que incita a basculação do torácico contralateral. FONTE: König HE, Liebich HJ. Anatomia dos 
Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
Tópicos em Biomecânica 91 
O passo dos carnívoros é semelhante ao observado no equino, contudo as transições 
develocidade ocorrem com maior frequência do passo ao trote, especialmente em cães. 
Ainda, os felinos domésticos escalam em um padrão semelhante ao passo. 
 
 
Fig. 94 Representação da marcha em canino husky siberiano e marcha paralela em Bulldog inglês. 
 
Trote 
A seqüência é representada por uma alternância contínua entre bípedes diagonais 
(esquerda à frente e direita atrás ou vive-versa) ou sincronia diagonal (na retirada de um 
membro do solo e antes da troca do apoio o tronco é deslocado cranialmente e 
dorsalmente), resultando em um ritmo acelerado. À medida que a velocidade de locomoção 
aumenta, os tempos entre as oscilações diminuem, aumentando o gasto energético devido a 
maior freqüência de oscilações e o maior trabalho muscular. São observadas variações do 
trote, que incluem: hackney (variação do trote na qual o animal apresenta flexão e extensão 
exagerada dos membros no alcance e na propulsão) e o trote ligeiro com suspensão (flying, 
com propulsão e alcance simultâneos e cruzados, onde o corpo fica suspenso no ar, pois os 
quatro membros são removidos do solo). 
Os cães preferem o trote como andamento rápido, caracterizando um apoio em 
bípede diagonal com o membro torácico atingindo o solo pouco antes do pélvico, deixando 
um rastro onde o membro pélvico ipsilateral deixa uma impressão no solo abaixo do 
membro torácico basculado. 
 
 
Fig. 95 Representação esquemática das fases cinemáticas do trote, a propulsão pelo pélvico esquerdo incita a 
basculação do torácico contralateral, permitindo que um bípede contralateral esteja em basculação. FONTE: 
König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
Tópicos em Biomecânica 92 
 
Fig. 96 Representação esquemática do hackney em canino e trote ligeiro com suspensão (flying) em equino. 
 
Galope 
A propulsão sempre provém de um dos membros pélvicos em direção diagonal a um 
torácico, fazendo com que o eixo do corpo seja deslocado ligeiramente em diagonal, 
conforme a direção do movimento. No entanto, em alguns casos, o galope pode ser 
conduzido pelo membro torácico esquerdo ou direito, sendo alternado periodicamente. 
Visualmente, nota-se que o membro pélvico deslocado mais lateralmente empurra o corpo 
sobre o seu correspondente diagonal torácico, mediante a combinação de apoios bípedes e 
trípedes, gerando o apoio na extremidade distal de um membro. Este movimento provoca a 
tensão da coluna vertebral torácica e lombar (corda) e da cabeça e região cervical (pêndulo 
invertido) cranialmente. Também depende em maior grau do aproveitamento da 
elasticidade, bastando apenas às três extremidades estar apoiadas no solo para aturarem 
como molas, que, no entanto apresentam oscilações mais curtas e mais rígidas. São descritas 
variações do galope que incluem o galope de dupla suspensão (dupla propulsão simultânea, 
fazendo com que os membros fiquem suspensos no ar seguido de duplo alcance) e o canter 
ou lope (misto de galope e trote, o ritmo é marcado por uma propulsão, seguido de uma 
propulsão com alcance e de um alcance isolado, dando a impressão de realização de um 
meio galope). 
 
 
Fig. 97 Representação esquemática das fases cinemáticas do galope, o apoio é assegurado pelo pélvico 
esquerdo enquanto os demais encontram-se em basculação, em uma fase os quatro membros não tocam so 
solo. FONTE: König HE, Liebich HJ. Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Porto Alegre, 4 ed, 2011. 
Tópicos em Biomecânica 93 
Em cães e outros animais de pequeno porte, por apresentarem a coluna muito 
flexível, ocorre um tipo especial de galope, chamado de rotativo ou de salto. Neste 
movimento, a coluna vertebral e os músculos epiaxiais são responsáveis pelo deslocamento 
para frente, que se inicia com um salto realizado pelos membros pélvicos (propulsão), 
seguido de extensão da coluna vertebral e membros torácicos (suspensão) e apoio dos 
torácicos, fazendo com que a coluna se dobre em até 90o e os membros pélvicos bascula e 
alcança, ultrapassando os torácicos para só então atingirem o solo. 
 
 
Fig. 98 Representação esquemática do galope rotativo, na direita o impulso inicial é proporcionado por ambos 
membros pélvicos que se segue da hiperextensão da coluna e membros torácicos, na sequência da esquerda 
mostra a hiperflexão da coluna e a basculação simultâneo dos membros torácicos e a basculação e alcance dos 
pélvicos. 
 
 
 
6. Regiões de Interesse Clínico-Cirúrgico 
Para as finalidades, da prática da Medicina Veterinária é indispensável o 
conhecimento do arranjo dos órgãos nas diferentes regiões do corpo, naquelas 
precisamente nas quais o clínico-cirurgião fixa a sua atenção na pesquisa de um dado 
semiótico ou na realização de uma intervenção cirúrgica. É necessário então o estudo do 
corpo, não dividido em sistemas ou aparelhos, mas em regiões, nas quais serão observados 
os segmentos de todos os sistemas que aí se apresentam, na sua situação e relações 
reciprocas. O estudo na Anatomia regional ou topográfica é, pois o que mais satisfaz a esta 
exigência. 
 
REGIÕES CORPORAIS 
Anteriormente foi referenciado que a terminologia anatômica geral designa nomes às 
regiões do corpo, nesta unidade serão listadas as referidas regiões, bem como suas 
subdivisões. 
 
REGIÕES DA CABEÇA 
Compreendem as regiões do crânio (região frontal, região parietal, região occipital, 
região temporal, região supraorbitária, região auricular e região cornual – exclusiva dos 
ruminantes) e as regiões da face (região nasal, que subdivide-se em região nasal dorsal, 
região nasal lateral e região do nariz; região oral, que apresenta as seguintes subdivisões: 
região labial superior, região labial inferior; região mentoniana; região orbitária, que possui 
as seguintes sub-regiões: região palpebral superior e região palpebral inferior; região 
zigomática; região infraorbitária; região temporo-mandibular, região massetérica; região 
bucal; região maxilar; região mandibular; região intermandibular e região sub-hioidéa). 
 
REGIÃO CERVICAL 
Englobando as seguintes regiões: região cervical dorsal (margem cervical dorsal); 
região parotídea; região retro-auricular; região da fossa retro-mandibular; região faríngea; 
região cervical lateral (região braquiocefálica, sulco e fossa jugular, região esternocefálica, 
região pré-escapular); região cervical ventral (região laríngea e região traqueal). 
 
REGIÃO PEITORAL 
Reunindo as regiões: região pré-esternal (que possui os sulcos peitorais: mediano e 
lateral); região esternal; região mamária torácica; região escapular (região da cartilagem da 
escápula; região supraespinhal; região infraespinhal e região acromial); região costal e região 
cardíaca. 
 
REGIÃO DO DORSO 
Compreende as regiões: região vertebral torácica; região interescapular e região 
lombar. 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 95 
REGIÃO PÉLVICA 
Constituída pela região sacral; região glútea (região do túber coxal; região coxal 
lateral e região do túber isquiático); região coccígena (região da raiz da cauda); região 
perineal; região anal; região urogenital; região supramamária (fêmeas) e região escrotal 
(machos). 
 
REGIÕES ABDOMINAIS 
Formada pelas regiões: região abdominal cranial (região xifóidea e região 
hipocondríca direita e esquerda, incluindo o arco costal); região abdominal média (região 
abdominal lateral direita e esquerda, incluindo a fossa paralombar e a prega lateral; e a 
região umbilical) e a região abdominal caudal (região inguinal; região púbica, com a sub-
região prepucial presente nos machos; região mamária abdominal; região mamária inguinal 
e região do úbere). 
 
REGIÕES DO MEMBRO TORÁCICO 
Iniciando na região da articulação do úmero; regiãoaxilar (prega axilar); região 
braquial; região triciptal; região cúbita (região do olécrano; região antebraquial; região 
cárpica; região metacárpica; região metacarpo-falangeana; região falangeana e região 
intrfalangeana proximal; região compodal (em ungulados); região falangeana média; região 
coronária; e em algumas epécies o espaço interdigital. 
 
REGIÕES DO MEMBRO PÉLVICO 
A partir da região da articulação coxal; região femoral (região trocantérica; região 
femoro-tíbio-patelar (cranial; medial e lateral); região patelar; região poplítea; região crural; 
região do tendão calcâneo comum; região társica (região calcânea); região metatársica e 
região metatárso-falangeana, a partir deste ponto as regiões recebem a mesma 
denominação que as descritas para o membro torácico. 
 
 
 APLICAÇÕES PRÁTICAS DOS MÉTODOS DE ESTUDO 
Os métodos de estudo da anatomia aplicada, descritos no capítulo inicial, podem ser 
aplicados no exame semiológico dos animais. 
Na cabeça são mais comumentes utilizadas a inspeção e a palpação, no entanto a 
percussão pode ser usada na pesquisa dos seios paranasais, por exemplo. Já na região 
cervical procede-se a inspeção, a palpação (laringe, traqueia (reflexo da tosse), esôfago e 
tireoide, verifica-se o pulso na artéria carótida e o pulso jugular positivo decorrente de 
insuficiências cardíaca) e auscultação (ruído laringotraqueal ou sopro glótico). 
O tórax pode ser explorado por intermédio da inspeção (observação dos movimentos 
respiratórios e aumentos de volume localizados), enquanto que a palpação permite explorar 
a sensibilidade e a consistência quando presentes alterações (creptação do enfisema 
subcutâneo devido à perfuração do tórax, ocasionando os frêmitos ou ruídos palpáveis). A 
auscultação permite identificar os ruídos respiratórios, bem como as bulhas cardíacas, já 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 96 
com o auxílio da percussão observa-se as variações na massa dos pulmões que apresenta 
som claro quando sadio e na massa do coração que gera um som submaciço quando normal. 
A região abdominal pode ser inspecionada, palpada, auscultada e percutida. Na 
palpação são perceptíveis as alças intestinais, sendo menos palpável nos ruminantes e 
suínos, eventualmente o rim esquerdo nos carnívoros e pequenos ruminantes, a bexiga 
quando repleta nos carnívoros e o fígado no felino doméstico e em bezerro com cerca de um 
mês pós-parto. Em condições patológicas como hepatomegalia, esplenomegalia ou 
fisiológicas como gestação, o fígado, baço e os cornos uterinos são palpáveis em carnívoros, 
ainda, dependendo do grau de repleção, pode-se palpar o estômago do canino. O estômago, 
ovários e cornos uterinos são palpáveis por via retal no equino, bovino e bubalino. A 
auscultação permite identificar os ruídos hidro-aéreos nas alças intestinais e a creptação e 
rolamento do rúmen. Na percussão são evidentes as condições patológicas de ascite (líquido 
cavidade peritoneal), gases no estômago e intestinos delgado e grosso, a dilatação ou 
deslocamento do abomaso, rúmen e ceco, além da hepatomegalia em equino e ruminante. 
No exame geral do animal, os linfonodos são as estruturas mais facilmente 
identificáveis durante a palpação, assim no canino são palpáveis os linfonodos mandibular, 
parotídeo, retrofaríngeos, cervical superficial ou pré-escapular, poplíteo, inguinal ou 
supramamário, ainda, em situações especiais, o axilar e o axilar acessório. No equino é 
possível palpar os mesmos do canino, com excessão dos axilares, mas inclui-se o sub-ilíaco 
ou pré-crural. Já no bovino palpam-se os linfonodos mandibular, parotídeo, retrofaríngeos 
mediais, cervical superficial ou pré-escapular, sub-ilíaco ou pré-crural ou pré-femoral e 
inguinal ou supramamário. 
Os linfonodos incisados na rotina de inspeção “post-mortem” são representados 
pelos seguintes símbolos: apical (A), cervical profundo (atloidiano, At), costo-cervical (C), 
esofageano (E), hepáticos (H), ilíacos (I), inguinais (In), isquiático (Is), mediastianais (M), 
mesentéricos (Me), parotídeo (P), poplíteos (Pp), pré-crural (Pc), cervical superficial (pré-
escapulares Pe), mediastínicos craniais (pré-peitoriais, Pt), retrofaringeanos (R), 
retromamários (Rm), axilares (subescapulares, S), sublinguais (Sl), supra-esternal (Se), 
traqueo-brônquicos (Tb). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 97 
AULA PRÁTICA 1 
DISSECAÇÃO DA CABEÇA: REGIÕES FACIAL, PARÓTIDO-AURICULAR & 
INTERMANDIBULAR 
Muitos processos inflamatórios, traumáticos ou tumorais (por exemplo, os adenomas 
das glândulas salivares) localizam-se nestas regiões da cabeça. Em cães registram-se os 
processos patológicos nos ductos das glândulas salivares por obstruções, ocasionando os 
cistos salivares (sialocele e rânula), que muitas vezes exigem intervenção cirúrgica, 
resultando em sialoadenectomia (retirada da glândula), principalmente a mandibular e a 
sublingual. Em bovinos tem especial importância a identificação do nervo cornual (ramo 
zigomático-temporal do nervo trigêmeo) para realização de bloqueio anestésico, 
principalmente na descorna. Em todas as espécies podem ser realizadas cirurgias palpebrais 
ou oculares, além de serem identificados processos que resultem em paralisia facial. Em 
algumas espécies, a veia marginal da orelha pode ser utilizada para venopunção e coleta de 
sangue, com especial atenção aos caninos da raça Daschund, devido a pouca extensão da 
veia cefálica e a acentuada torção do úmero, e aos suínos devido a grande cobertura adiposa 
torna difícil o acesso a outras veias. Ainda, os músculos masseter e peterigóideo são 
inspecionados na linha de abate, buscando-se a presença de actinomicose e cistos de Taenia 
saginata e T. solium, em bovinos e suínos, respectivamente. 
 
PROCEDIMENTO 
Incisão da pele sobre a linha mediana desde a região do mento até proeminência 
laríngea, subindo transversalmente até a linha do dorso na região cervical. Circundar a 
orelha externa, a região orbitária e a região oral. 
 
1- Identificar os pelos tácteis e o plano tegumentar (nasal, rostral e nasolabial) 
2- Identificar as pálpebras (superior, inferior e terceira), conjuntiva e carúncula lacrimal, 
córnea e esclera) 
3- Identificar as estruturas da orelha externa (hélice, trago com pelos, anti-trago, escafa, 
meato acústico externo, A. e V. marginal da orelha) 
4- Rebater a pele e a tela subcutânea (m.cutâneo da face) 
 
ESTRUTURAS 
5- M. parótido-auricular 
6- Glândula parótida e ducto parotídeo 
7- Linfonodo parotídeo 
8- N. facial: nn. aurículotemporal (ramo transverso da face), aurículo-palpebral (ramos 
palpebral e auricular), e ramos bucal dorsal e bucal ventral 
9- A. transversa da face 
10- M. masseter 
11- A. e V. facial 
12- A. e V. temporal superficial 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 98 
13- Glândula mandibular 
14– Linfonodo mandibular 
15- Vv. Maxilar e línguo-facial: V. jugular externa 
16- Linfonodos retro-faríngeos 
17- M. zigomático 
18-Vv. nasal dorsal e angular do olho 
19- Glândula bucal dorsal 
20–M. orbicular da boca 
21- M. elevador nasolabial 
22- M. elevador do lábio superior 
23-M. depressor do lábio superior 
24-M. canino 
25-M. bucinador 
26– M. depressor do labio inferior 
27–Aa. labial superior e inferior 
28– A. e N. mentonianos 
29– M. digástrico- ventre occiptomandibular 
30– N. e M. miloioideo 
31- Ducto glandular mandibular 
32- Arco hioideo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 99 
AULA PRÁTICA 2 
DISSECAÇÃO DA REGIÃO CERVICAL VISTAS VENTRAL E LATERAL 
Além dos processos patológicos gerais,como esofagites, traumatismos e tumorais 
(neoplasias de tireoide), devemos salientar a realização das traqueostomias, bem como a 
retirada de corpos estranhos ao longo do trajeto do esôfago. Nos casos de esofagostomias o 
acesso ideal é pelo antímero esquerdo, embora no início de seu trajeto o esôfago esteja 
cranialmente a traqueia, na região cervical este localiza-se à esquerda. A dissecação ventro-
lateral também permite o fácil acesso às vértebras cervicais e discos intervertebrais, quando 
necessárias cirurgias para correção de patologias como a espondilose cervical. Em equinos, 
deve-se atentar para a cirúrgia por lesão do nervo laríngeo recorrente esquerdo que 
ocasiona paralisia das cartilagens aritenóides, sendo necessária a remoção da mucosa dos 
ventrículos laríngeos para que se proceda a retração e elevação das aritenóides. 
 
PROCEDIMENTO 
1- Rebater a pele, tela subcutânea e m. cutâneo cervical 
 
ESTRUTRAS 
I Camada 
2- M. braquiocefálico: Cleido cefálico (cleidos cervical, occipital e mastoide) 
3- M. Trapézio (parte cervical) 
4- M. esternocefalico (partes occipital, mastoide e mandibular) 
5- Sulco jugular e V. jugular externa 
6- M. esternotireoideo 
7- Timo (lobo cervical) 
8- Glândula tireoide 
9- Linfonodo cervical superficial 
 
II Camada 
10- M. romboide 
11- M. omotransverso e ramo superficial do nervo acessório 
12- M. serrátil ventral (parte cervical) 
13- M. longo dorsal 
14- M. íleocostal cervical 
15- M. escaleno 
 
III Camada 
17- M. esplênio 
18- M. longuíssimo da cabeça 
19- M. longuíssimo do atlas 
20- M. esternoioideo 
21- M. omoioideo 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 100 
22- M. cricotireoideo 
23- M. tireideo 
24- Bainha carotídea (V. jugular interna, A. carótida comum e Tronco vagossimpático) 
25- Esôfago 
26- Traqueia e N. laríngeo recorrente 
 
IV Camada 
27- M. semiespinhal da cabeça: músculos biventre cervical e complexo 
28- Ligamento nucal (partes funicular e laminar) 
29- M. multífido 
30- M. longo cervical 
31- M. longuíssimo cervical 
32- Vértebra cervical e disco intervertebral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 101 
AULA PRÁTICA 3 
DISSECAÇÃO DA PAREDE TORÁCICA & SIMULAÇÃO DE AMPUTAÇÃO DO 
MEMBRO TORÁCICO 
O conhecimento da organização da parede da cavidade torácica apresenta 
importância na prática clínica, já descrito na esqueletopia geral dos órgãos. Contudo, a 
parede torácica pode ser acometida de processos inflamatórios, traumáticos (polifraturas de 
costelas ou arcos costais, lacerações musculares e lacerações penetrantes que podem 
resultar em pneumotórax) e tumorais (osteocondromas e osteosarcomas). Em caninos, 
existe certa frequência de esofagostomias transtorácicas motivadas pela presença de corpos 
estranhos ou para retirada de granulomas parasitários ocasionados pela Spirocerca lupi e a 
ocorrência de neoplasias dos órgãos torácicos e mediastínicos. Em todas as espécies pode 
ocorrer a persistência do quarto arco aórtico direito, uma anomalia congênita, traduzida 
pela origem da aorta por este, ao invés do arco esquerdo, resultando em constrição do 
eôfago na região da base do coração. Relativamente aos processos esofágicos, justifica-se a 
abrodagem pelo antímero esquerdo, junto do sexto ao oitavo espaço intercostal. 
Relativo às amputações de membro torácico em cães, as principais causas são 
osteosarcomas (preferencialmente localizados no rádio e ulna), fraturas expostas com perda 
de tecido ósseo ou acompanhadas de osteomilelite crônica, automutilações por denervação 
(perda da inervação por avulsões no plexo braquial). As amputações podem ser totais, 
quando ocorre a retirada de todo o membro, desde a escápula, ou parciais, quando da 
retirada da porção distal junto a região afetada. Na realização das amputações, cada vez 
mais, o Médico Veterinário tem buscado além da resolução clínica, a conformação visual ou 
estética como resultado final do procedimento. 
Na secção dos músculos intercostais deve-se obedecer a linha que margeia a borda 
cranial da costela, dada a topografia da veia, artéria e nervo intercostais nos terços proximal 
e médio na borda caudal da costela, enquanto que no terço distal do bordo cranial observa-
se os ramos arteriais e venosos intercostais oriundos dos vasos torácicos internos. 
 
PROCEDIMENTO 
Incisão em T da pele sobre a linha mediana desde a ponta do esterno até a cartilagem 
xifóidea, subindo sobre o eixo maior do membro e circundando o membro na altura da 
articulação cúbita. OBSERVAR SE SEU GRUPO ESTÁ DISSECANDO O ANTÍMERO DIREITO OU 
ESQUERDO. 
 
1- Rebater a pele e a tela subcutânea 
 
ESTRUTURAS 
 
Simulação de amputação do membro torácico 
2- M. peitoral superficial (descendente e transverso) 
3- M. peitoral profundo (ascendente e e m. subclávio) 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 102 
4- A. e V. cervical superficial 
5- A. e V. axilar 
6- Nn. torácico longo, toracodorsal e torácico lateral 
7- I Tronco comum: Nn. supraescapular e subescapular cranial 
8- II Tronco comum: Nn. axilar, radial, subescapular (caudal), toracodorsal, torácico longo e 
torácico lateral 
9- III Tronco comum: Nn. músculo-cutâneo, mediano e ulnar 
10- Nn. peitoral cranial e caudal 
11– Linfonodos: axilar e axilar acessório 
12- Mm. omotransverso e grande dorsal 
13- M. braquiocefálico (cleido cefálico: cleidos cervical, occipital e mastóide) 
14- M. trapézio (partes cervical e escapular) 
15- M. serrátil ventral (partes cervical e torácica) 
 
Dissecação da parede torácica 
16- M. peitoral superficial (descendente e transverso) 
17- M. reto torácico 
18- Aponeurose e m. oblíquo abdominal externo 
19- Aponeurose e m. reto abdominal 
20- M. serrátil ventral (partes cervical e torácica) 
21- Nn. intercostais 
22- M. serrátil dorsal (partes cranial e caudal) 
23- M. intercostal externo 
24- M. intercostal interno 
25- Fáscia endotorácica 
26– Fáscia toraco-lombar 
27- N. intercostobraquial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 103 
AULA PRÁTICA 4 
DISSECAÇÃO DA CAVIDADE TORÁCICA & MEDIASTINOS CRANIAL, MÉDIO E 
CAUDAL 
Como referido na aula anterior, os órgãos localizados na cavidade torácica são 
acometidos por várias patologias, em especial a persistência do arco aórtico direito, hérnias 
de hiato esofágico e os tumores de mediastino e dos órgãos situados nesta região. 
 
PROCEDIMENTOS 
Abertura cavidade torácica entre o 2º. EIC e a antepenúltima costela (OBSERVAR SE 
SEU GRUPO ESTÁ DISSECANDO O ANTÍMERO DIREITO OU ESQUERDO). Identificação dos 
órgãos situados nos mediastinos cranial, médio e caudal. 
 
ESTRUTURAS 
1- Pulmão e pleuras: 
1.1- Esquerdo: lobo cranial (parte cranial e caudal) e lobo caudal; 
1.2- Direito: lobo cranial (parte cranial e caudal), lobo médio, lobo caudal e lobo 
acessório 
2- Brônquios principais e Traqueia torácica (brônquio traqueal) 
3- Tronco pulmonar e veias pulmonares 
4- Timo (lobo torácico) 
5- Linfonodos mediastínicos craniais, médios e caudais 
6- Esôfago torácico 
7- Tronco vagossimpático e Nervo vago dorsal e ventral 
8- Gânglios: cervical médio, cervicotorácico e tronco simpático, e alça subclávia 
9- Aorta torácica 
9.1- Arco aórtico e ducto ou ligamento arterioso 
9.2- Tronco braquiocefálico 
 9.2- A. subclávia esquerda ou direita 
 9.3- Tronco bicarotídeo: artéria carótida comum direita ou esquerda 
 9.4- Tronco costocervical: A. e V. vertebral e A. e V. costocervical 
 9.5- A. e V. Torácica interna 
10- Veias cavascranial e caudal 
11- Veia ázigo direita e/ou esquerda 
12- Ducto torácico 
13- Saco pericárdico (ligamento frênico-pericárdico) 
14- Coração (átrios e ventrículos) 
14.1- Átrio direito: aurículas cardíacas e Mm. pectinados e óstio átrio-ventricular 
14.2- Artéria coronária direita e/ou esquerda (ramos interventriculares paraconal e 
subsinuoso) e V. cardíaca magna 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 104 
14.3- Ventrículo direito: cone arterioso, óstio e valva atrioventricular direita 
(tricúspide), Mm. papilares e cordas tendíneas, trabéculas septo marginais, valva do tronco 
pulmonar 
14.4- Átrio esquerdo: veias pulmonares e óstio átrio-ventricular 
14.5- Ventrículo esquerdo: óstio e válvula atrioventricular esquerda (bicúspide), óstio 
aórtico e valva aórtica 
15- N. frênico 
16- Diafragma (hiato esofágico, forames da veia cava e aórtico, centro tendíneo e pilares 
musculares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 105 
AULA PRÁTICA 5 
DISSECAÇÃO DA BAINHA DO MÚSCULO RETO DO ABDOME, PAREDE & 
CAVIDADES ABDOMINAL E PÉLVICA 
A integridade da parede abdominal consiste em um dos importantes fatores da 
manutenção da estática das vísceras corporais, como já discutido. Além disso, o 
conhecimento da organização da parede abdominal é essencial na realização de 
laparotomias (manobra cirúrgica que envolve uma incisão através da parede abdominal para 
ascender à cavidade abdominal. É também conhecida como celiotomia, podendo ser com 
finalidade diagnóstica ou terapêutica.). A incisão mais comum para a laparotomia é a incisão 
mediana, uma incisão vertical que segue a linha alba, entretanto em bovinos e equinos 
preconiza-se a incisão para-lombar ou de flanco. A parede pode ser acometida de processos 
inflamatórios e traumáticos, como as eventrações e lacerações perfurantes e herniações. Em 
bovinos as laparotomias são realizadas com finalidade de realizar-se ruminotomias, fístulas 
ruminais, cesareanas, ovariectomias e enterotomias, além de outras intervenções como o 
deslocamento de abomaso e retículo-pericardite traumática. Nestes casos justifica-se a 
abordagem das vísceras de interesse pela esquerda, devido a posição do rúmen e por este 
servir de antepara às alças intestinais. No equino, a laparotomia é indicada na resolução da 
cólica, compactação intestinal e torção intestinal, além de cesareanas, ovariectomias e 
compactação gástrica. 
 
PROCEDIMENTO 
Incisão da pele sobre a linha alba desde a cartilagem xifóidea do osso esterno até ao 
tendão pré-púbico ou início da sínfese pélvica, subindo transversalmente até a linha do 
dorso na região lombar. 
 
Bainha do M. reto do abdome (Identificar a constituição da bainha nas regiões abdominal 
cranial, média e caudal: aponeuroses dos Mm. oblíquos abdominais e transverso abdominal, 
fáscias profunda do tronco e transversa e linha alba) 
 
ESTRUTURAS 
1- Peritônio parietal e visceral (omento maior e menor (ligamentos hepatogástrico, 
falciforme e hepatoduodenal), ligamentos: gastroesplênico e frênicorrenal) 
2- Esôfago abdominal 
3- Estômago 
3.1- Monocavitário (curvaturas menor e maior, antro e canal pilórico, piloro e toro 
pilórico) 
3.2- Pluricavitário (Rúmen, retículo, omaso e abomaso) 
4- Fígado e vesícula biliar (lobo hepático direito (lateral e medial), lobo hepático caudado 
(processos papilar e caudado), lobo hepático quadrado e lobo hepático esquerdo (lateral e 
medial); artéria hepática e veias porta e cava caudal; ducto biliar; ligamentos: falciforme; 
redondo hepático; hepatoduodenal e gastrohepático; triangulares direito e esquerdo e 
coronário) 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 106 
5- Intestino Delgado 
5.1- Duodeno (cranial (ligamento hepatoduodenal e flexura duodenal cranial), 
descendente (flexura duodenal caudal), transverso e ascendente (flexura duodenojejunal, 
prega duodenocólica)) 
5.2- Jejuno (AMARRAR E RETIRAR PARTE DAS ALÇAS, mesojejuno, artéria, veia e 
linfonodos) 
5.3- Íleo (prega ileocecal) 
6- Pâncreas 
7- Intestino grosso 
7.1- Ceco 
7.2- Cólon (ascendente, transverso e descendente, pregaduodeno cólica, flexura 
cranial e caudal, continuando no cólon espiral ou em disco (fixado por mesentério), giros 
centrípetos e centrífugos, alça distal do cólon) 
 7.3- Reto 
8- Aorta abdominal 
 8.1- A. celíaca (artérias gástrica esquerda, hepática e esplênica) 
 8.2- A. mesentérica cranial 
 8.3- A. renal 
 8.4- A. gonadal (A. testicular ou ovárica) 
 8.5- A. mesentérica caudal (Artérias cólica esquerda e retal cranial) 
 8.6- Aa. Ilíacas interna (Artérias obturatória e íliolombar) e externa (Artérias 
circunflexa ilíaca profunda) e sacral mediana 
9- Veias cava caudal 
10- Veia porta hepática 
10.1- Veia esplênica 
10.2- Veia mesentérica cranial 
10.3- Veia mesentérica caudal 
11- Rins e adrenais 
12- Ovários (ligamento próprio, suspensor do ovário, mesovário e bolsa ovárica), tuba 
uterina (infundíbulo, ampola e istmo, mesossalpinge) útero (cornos, cérvix, mesométrio e 
ligamentos amplo do útero), vagina e vulva 
13– Ureteres, bexiga (ápice; corpo; colo; trígono vesical; úraco, ligamentos: vesical mediano; 
vesicais laterais e redondos vesicais) e uretra (pré-prostática, prostática e pelvica) 
14- Ducto deferente, glândulas ampular, próstata, vesicular e bulbo-uretral 
15- Nódulos hemais e hematolonfáticos 
16- Gânglios celíaco, mesentérico cranial e caudal 
17- Nervos ilíohipogástrico, ílioinguinal, genitofemoral, femoral, obturatório, pudendo e 
retal caudal 
 
 
 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 107 
AULA PRÁTICA 6 
DISSECAÇÃO DO MEMBRO TORÁCICO: REGIÕES ESCAPULAR & AXILAR, 
BRAQUIAL & ANTEBRAQUIAL, CÁRPICA & METACARPOFALANGEANA 
Além dos processos patológicos de ordem geral, que podem ser inflamatórios, 
traumáticos (lacerações superficiais e profundas) e tumorais (osteosarcoma e 
miossarcomas), que podem atingir estas regiões, destaca-se a amputação, anteriormente 
mencionada e as lesões dos nervos radial, mediano e ulnar por fraturas. Algumas fraturas 
necessitam de resolução por osteosíntese e, em muitos casos, colocação de hastes cirúrgicas 
(pinos) ou cercalagem com fio de aço inoxidável. Ainda, a veia cefálica é utilizada na 
venopunção e na aplicação de medicamentos e fluidoterapia. Ainda, a região axilar 
apresenta importância no canino e no gato devido a ocorrência de neoplasias da cadeia 
mamária, que afetam os linfonodos axilares, além do mencionado sobre amputações do 
membro torácico. 
A região metacarpofalangeana apresenta particularidades a serem consideradas, tais 
como: sobre-osso, periostite, tendosinovites, artrites, fraturas ou arrancamento dos ossos 
sesamóides proximais, rupturas de tendão, calcificação de fibrocartilagem alar e osteíte 
difusa da falange distal. Para fins semiológicos interessa a verificação do pulso da artéria 
digital palmar comum, e, as anestesias seletivas regionais com finalidade de identificação da 
sede das manqueiras. A abordagem clínico-cirúrgica depende das estruturas de interesse. 
 
 
PROCEDIMENTO 
Incisão em T invertido da pele iniciando sobre a linha média ventral, deslocando 
sobre o eixo maior do membro torácico até a extremidade distal e circundando o membro 
na altura da articulação metacarpo-falangeana. Mensurar 04 dedos dos bordos cranial e 
caudalda escápula e incidir no sentido dorso ventral. 
 
1- Rebater a pele e a tela subcutânea 
 
ESTRUTURAS FACE LATERAL 
2- M. trapézio (partes cervical e torácica) 
3- M. braquiocefálico (cleido braquial, intersecção clavicular e cleido cefálico) 
4- M. grande dorsal5- M. omotransverso 
6- Mm. supraespinhal e subclávio (Nervo supraescapular) 
7- M. infraespinhal 
8- M. deltóide (partes escapular e acromial) 
9- Mm. bíceps braquial e braquial 
10- Mm. tríceps braquial (cabeças lateral, longa e acessória) e ancôneo 
11- M. redondo menor 
12- N. radial (ramos superficial e profundo) 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 108 
13- Articulação do úmero (cápsula) 
14- M. pronador redondo 
15- Rádio e ulna (membrana interóssea antebraquial) 
16- Articulação cúbita (ligamento colateral cubital lateral, fossa do olécrano e processo 
ancôneo) 
17- M. extensor radial do carpo 
18- M. extensor digital comum 
19- M. extensor digital lateral 
20- M. extensor ulnar do carpo 
21- M. abdutor longo do dígito I ou extensor oblíquo do carpo 
22- Tendões dos músculos extensores digital comum e lateral 
23- Nervos digital palmar lateral e medial, A. e V. digital palmar medial e lateral e V. 
metacárpica lateral 
24- Ligamento sesamóideo proximal e ossos sesamóides 
25- Articulação metacárpico falangeana 
27- Ramos cranial, médio e palmar do N. digital 
 
ESTRUTURAS FACE MEDIAL 
1- M. peitoral superficial (parte transversa e descendente) 
2- M. subescapular 
3- Mm. tensor da fáscia antebraquial e tríceps braquial (cabeça longa e medial) 
4- M. redondo maior 
5- Mm. bíceps braquial e coracobraquial 
6- Artérias axilar (subescapular (circunflexa umeral caudal e circunflexa da escápula)), 
braquial (circunflexa umeral cranial, braquial profunda, transversa cubital, colateral ulnar e 
interóssea comum), mediana (radial, rede palmar e dorsal do carpo) e palmar medial (digital 
palmar medial e lateral) 
7- Veias digitais palmares mediais e laterais, metacárpicas, mediana, cefálica e cefálica 
acessória, braquial, transversa cubital, axilar 
8- Linfonodos axilares 
9- Nervos peitoral cranial e caudal e intercostobraquial 
10- Nervos subescapular, musculocutâneo (ramo proximal e distal e alça axilar), axilar, radial 
(cutâneo antebraquial lateral), mediano (palmar medial e lateral) e ulnar 
11- Articulação cúbita (ligamento colateral cubital medial, fossa do olécrano e processo 
ancôneo) 
12- M. flexor radial do carpo 
13- M. flexor ulnar do carpo (cabeça ulnar e umeral) e M. extensor ulnar do carpo 
14- M. flexor digital superficial e M. flexor digital profundo (cabeça umeral, ulnar e radial) 
15- Tendões dos músculos flexor digital superficial e profundo 
16- Alça anastomótica entre os nervos palmares medial e lateral 
17- A. digital palmar comum e V. metacárpica medial 
18- M. interósseo e ligamentos sesamóideos reto e oblíquos 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 109 
AULA PRÁTICA 7 
DISSECAÇÃO DO MEMBRO PÉLVICO: REGIÕES GLÚTEA, PERINEAL, INGUINAL, 
FEMORAL & CRURAL LATERAIS & METATARSICOFALANGEANA 
Em todas as regiões citam-se os processos inflamatórios, traumáticos e tumorais 
gerais, entretanto cada região possui particularidades clínico-cirúrgicas que merecem ser 
consideradas. 
Na região glútea tem importância o bloqueio anestésico do nervo pudendo no bovino 
com finalidade de exteriorização do pênis, mediante o relaxamento do músculo retrator do 
pênis com finalidade semiológica, andrológica e cirúrgica para o tratamento de processos 
traumato-inflamatórios como a acrobuscite fimose e o hematoma de pênis. Em caninos, 
destaca-se a displasia coxal ou coxo-femoral que acomete raças de crescimento rápido e de 
grande porte, como Labrador e Rottweiler, além dos casos de subluxação da articulação 
coxal. Existe o tratamento conservador, através do uso de esteróides, antiinflamatórios não 
esteróides, dietas, exercícios, fisioterapia e mais recentemente, a homeopatia, quiropraxia e 
a acupuntura. A segunda opção é a cirúrgica, onde há dois tipos de conduta cirúrgica: a 
cirurgia profilática (que visa diminuir a progressão da doença) e a cirurgia corretiva (que visa 
corrigir ou melhorar articulações que já estejam artríticas). Nestes casos, as opções 
cirúrgicas corretivas são: substituição total do coxal, osteotomia da cabeça do fêmur e 
dartrosplastia, sendo o acesso cirúrgico realizado pela região glútea. Ainda, em todas as 
espécies podem ocorrer os pinçamentos nervosos, principalmente do plexo isquiático, ou as 
lesões decorrentes da aplicação de medicamentos e vacinas (abcessos). 
A região perineal é ímpar e compreende uma série de planos anatômicos que fecham 
caudalmente a pelve, possuindo como limites as tuberosidades isquiáticas e as proximidades 
do ânus, vulva ou bolsa escrotal. As patologias específicas compreendem: adenomas nas 
glândulas ad-anais nos cães, hérnias perineais na fossa isquioretal e os prolapsos de reto, 
uterino e vesical, servindo de acesso, também, para as cirúrgias de próstata. 
A região femoral lateral destaca-se o implante de hastes intramdedulares para 
resolução de fraturas, as amputações traumáticas ou por tumores (osteosarcomas e 
miossarcomas), as resoluções de subluxação, deslocamento e retirada da patela e a necrose 
assóptica da cabeça do fêmur que podem acometer todas as espécies domésticas. Muitas 
destas lesões refletem em sinais nervosos secundários a estas, principalmente nos nervos 
isquiático e seus ramos. 
A região crural tem importância pelos processos traumáticos (fraturas de tíbia e 
fíbula), subluxações e luxações da articulação társica e as lesões nervosas decorrentes destes 
processos. Ainda, a veia safena lateral é utilizada na venopunção e na aplicação de 
medicamentos e fluidoterapia. Localiza-se nesta região o linfonodo poplíteo de importância 
semiológica e na inspeção em frigoríficos. 
A região metatarsofalangeana apresenta particularidades a serem consideradas, tais 
como: sobre-osso, periostite, tendosinovites, artrites, fraturas ou arrancamento dos ossos 
sesamóides proximais, rupturas de tendão, calcificação de fibrocartilagem alar e osteíte 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 110 
difusa da falange distal e as anestesias seletivas regionais com finalidade de identificação da 
sede das manqueiras. A abordagem clínico-cirúrgica depende das estruturas de interesse. 
 
PROCEDIMENTO 
Incisão em I da pele iniciando sobre a linha do dorso, deslocando sobre o eixo maior 
do membro pélvivo até a extremidade distal e circundando o membro, na altura da 
articulação metatarso-falangeana. 
 
1- Rebater a pele e a tela subcutânea 
 
ESTRUTURAS 
1- Músculos glúteo superficial e bíceps femoral (m. gluteobíceps) 
2- A., V. e N. glúteo cranial 
3- A., V. e N. glúteo caudal 
4- Músculos glúteos médio, acessório e profundo e piriforme 
5- Músculos levantador do ânus e coccígeo 
6- Fossa isquioretal 
7- Músculos retrator do pênis, bulboesponjoso, isquiocavernoso e contrictor da vulva 
8- A., V. e N. perineal 
9- Saco anal e glândula e M. esfíncter anal externo 
10- Ligamento sacroisquiático (parte funicular) 
11- N. pudendo e A. pudenda interna 
12- N. dorsal do pênis 
13- N. cutâneo femoral caudal 
14- M. tensor da fáscia lata 
15- M. abdutor crural caudal 
16- M. quadríceps femoral (reto femoral, vastos lateral e intermédio) 
17- Plexo isquiático (nervos isquiático, tibial, fibular comum (fibular superficial e profundo), 
cutâneo sural caudal e lateral e cutâneo lateral) 
18- Músculos semitendinoso e semimembranoso 
19- Articulação femorotíbiopatelar (ligamento colateral lateral, patela, ligamentos patelares 
(lateral e intermédio) e menisco lateral) 
20- M. tibial cranial 
21- Músculos fibular longo, breve e terceiro 
22- M. extensor digital longo e ramos extensores do músculo interósseo 
23- M. extensor digital breve 
24- M. extensor digital lateral 
25- Músculos gastrocnêmio (cabeça lateral) e sóleo 
26- M. poplíteo 
27-Linfonodo poplíteo 
28- A. e Vv. poplítea 
29- A. e V. tibial cranial 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 111 
30- Artérias e veias metatársicas dorsais 
31- V. safena lateral 
32- Tendão calcâneo comum 
33- Articulação társica (ossos (calcâneo, talus e central do tarso), ligamento colateral lateral 
(longo e breve)) 
34- Tendão dos músculos flexor digital longo e lateral 
35- N. digital plantar lateral, V. metatársica plantar superficial lateral 
36- Articulação metatarsicofalangeana 
37- Ramos cranial, médio e palmar do N. digital 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Regiões de interesse Clínico-Cirúrgico 112 
AULA PRÁTICA 8 
DISSECAÇÃO DO MEMBRO PÉLVICO: REGIÕES INGUINAL, FEMORAL & CRURAL 
MEDIAIS & METATARSOFALANGEANA 
O acesso medial restringe-se a processos na região inguinal pelas orquiectomias, 
hérnias de anel inguinal e mastectomias parciais, principalmente em ruminantes e equinos. 
Os acessos mediais nas regiões femoral, crural e metatarsofalangeana remetem aos 
processos descritos na região lateral. Contudo, merecem especial atenção a localização da 
veia safena medial e o nervo safeno e a aplicação de medicamentos intramusculares no 
espaço entre os músculos semitendinoso e membranoso em pequenos animais. 
 
PROCEDIMENTO 
Incisão em T invertido da pele iniciando sobre a linha alba, deslocando sobre o eixo 
maior do membro torácico até a extremidade distal e circundando o membro na altura da 
articulação metatarso-falangeana. 
 
1- Rebater a pele e a tela subcutânea 
 
ESTRUTURAS 
2- Músculos sartório (parte cranial e caudal), grácilis e pectíneo 
3- M. quadríceps femoral (reto femoral e vasto medial) 
4- Músculos adutor, semimembranoso e semitendinoso 
5- A. femoral profunda (tronco pudendo epigástrico: A. pudenda externa) 
6- Trígono femoral ou lacuna vascular (A. femoral (circunflexa femoral lateral, femoral caudal 
proximal, safena e genicular descendente), V. e N. femoral) 
7- A. safena, V. safena medial e N. safeno 
8- M. poplíteo e A. e Vv. poplítea 
9- Articulação femorotíbiopatelar (ligamento colateral medial, patela, ligamentos patelares 
(medial) e menisco medial) 
10- A. femoral caudal distal 
11- M. gastrocnêmio (cabeça medial) 
12- Tendão calcâneo comum 
13- Nervos tibial (plantar medial) e fibular superficial 
14- Artérias tibial caudal, metatársica plantar, digital plantar comum e digital plantar medial 
15- Articulação társica (calcâneo, ligamento colateral medial (longo e breve)) 
16- M. flexor digital superficial 
17- M. flexor digital profundo (músculos flexor digital lateral e medial e tibial caudal) 
18- Músculos interósseo e ligamentos sesamóideos reto e oblíquos 
19- Tendões dos músculos flexor digital superficial e profundo 
20- A. digital palmar comum e V. metacárpica medial 
 
7. Tópicos em Anatomia das Aves 
GENERLIDADES 
A medicina de aves compreende dois grandes segmentos: o controle de doenças na 
criação de espécies de interesse comercial e o controle de doenças na manutenção de 
espécies exóticas no seu habitat e no cativeiro. Ainda, deve-se considerar a recuperação e 
reabilitação de aves marinhas e de rapina, cujos atendimentos são frequentes. Este capítulo 
descreve a anatomia de galináceos domésticos, apontando algumas diferenças marcantes 
em outras espécies. As aves evoluíram dos répteis, guardando muitas características como 
escamas, um côndilo occipital, apenas a columela na orelha média e a complexa 
construção da mandíbula e maxila. Ainda, possuem eritrócitos nucleados e um sistema 
porta renal que permite a excreta de ácido úrico. 
O sucesso evolutivo destes animais deveu-se a aquisição da habilidade de voar, que 
permitui sua dispersão ubiquamente e a sua adaptação aos diferentes nichos, uma 
vantagem sobre outras classes de vertebrados. Biomecanicamente, o arranjo anatômico das 
estruturas relacionadas ao voo não apresentam diferenças entre os grupos de aves, 
constituindo fatores que diminuem o peso corporal (perda dos dentes e musculatura 
mastigatória, presença de ossos pneumáticos e sacos aéreos), a resistência ao vento, bem 
como os arranjos metabólicos que visam suprir energeticamente o organismo durante o 
voo, assim como garantir a plena troca gasosa e o sistema excitocondutor cardíaco. 
Somente gansos e patos possuem tecido linfático encapsulado em um linfonodo 
típico, nas demais espécies este tecido forma um agregado desorganizado que 
desembocam em vasos linfáticos que circundam os vasos sanguíneos. Em contrapartida, 
todos os órgãos apresentam nódulos linfáticos isolados ou formando agregados como os 
observados nos cecos. 
O sistema digestório das aves difere consideravelmente dos mamíferos, porém 
difere pouco entre os diferentes grupos de aves, constando de um conduto alimentício 
relativamente pequeno, que contribui para a diminuição do peso, mas de alta eficiência na 
liberação de energia proveniente das pequenas e frequentes refeições, e de órgãos 
acessórios. Os órgãos do aparelho digestório são: orofaringe (cavidade bucal, língua e 
faringe), esôfago (divertículo esofágico ou inglúvio), estômago (pró-ventrículo e ventrículo 
gástrico), intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo), intestino grosso (dois cecos, reto e 
cloaca) e os órgãos acessórios: fígado, pâncreas e baço. 
O sistema respiratório é empregado para vocalização, termorregulação, além das 
trocas gasosas, diferindo consideravelmente dos mamíferos, por permitir uma clara 
separação entre a ventilação e as trocas gasosas, aumentando em 10 vezes a capacidade 
das aves em absorver oxigênio. Este compreende as narinas, cavidades nasais, orofaringe 
(já descrita no sistema digestório), laringe cranial, traquéia, laringe caudal ou siringe, 
Tópicos em Anatomia das aves 114 
brônquios, pulmões e 
sacos aéreos. A criação 
confinada de aves é 
propensa a infecções 
respiratórias. 
Os órgãos urinários 
compreendem os rins e 
ureteres, que se abrem na 
cloaca, enquanto que os 
órgãos genitais 
masculinos 
compreendem o testículo, 
epidídimo, ducto 
deferente e falo 
(corresponde ao pênis dos 
mamíferos) e os órgãos 
genitais femininos são 
compostos por ovário e 
oviduto. No embrião da 
galinha em desenvolvimento apresenta dois ovários e dois ovidutos, entretanto logo após a 
eclosão o ovário e o oviduto direitos atrofiam e os do lado esquerdo iniciam o 
desenvolvimento. 
As aves apresentam uma abertura 
comum aos sistemas digestório, urinário e 
genital, denominada cloaca (Fig. 100) que se 
divide em três passagens: coprodeu (chegada 
do reto), urodeu (onde chegam os ureteres) e 
proctodeu (onde estão os órgãos genitais). 
Neste local ocorre a excreta, a fecundação e a 
postura dos ovos. Na parede dorsal da cloaca 
encontra-se a bolsa cloacal, um órgão linfático 
primário para maturação de linfócitos B e que 
possui grande importância na investigação de 
doenças infecto-contagiosas de aves, como 
circovirose e doença infecciosa da bolsa, 
antigamente denominada doença de Gumboro. 
 
 
 
 
 
Fig. 99 Representação da anatomia interna de uma galinha doméstica. 
Fig. 100 Secção mediana da cloaca, representação esquemática. 1 cloaca, 2 coprodeu 
(2’ prega coprourodeal), 3 urodeu (3’ prega uroprocdeal),4 proctodeu, 5 vento, 6 
ósteo cloacal, 7 vento, 8 ósteo oviduto, 9 bolsa cloacal (9’ glândula proctodeal dorsal), 
10 pele, 11 pena da cauda, 12 glândula uropigeana (12’ papila da glândula), 13 
musculatura coccígea. FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de 
Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
Tópicos em Anatomia das aves 115 
O esqueletodas aves é adaptado ao voo, sendo leve, compacto e forte, possuindo 
maior quantidade de fostato de cálcio (mobilizado para a casca do ovo) que os ossos dos 
mamíferos. Caracteriza-se por um esterno proeminente, pelve que se abre ventralmente, 
membros torácicos modificados e fusão considerável das vértebras lombares, sacrais e 
coocígeas, que formam o sinsacro. Além disso, os ossos são pneumatizados abrigando 
extensões dos sacos aéreos pulmonares, que gradativamente diminui a medula óssea, 
sendo este processo mais desenvolvido naquelas aves que apresentam maior capacidade 
de voo. Outra característica importante é a hiperostose poliostótica, na qual formam-se 
ossos trabeculares anteriormente ao período de postura, configurando um importante 
depósito de cálcio para os ovos e podendo ser confundido com patologias na observação de 
radiografias. 
 
ANATOMIA EXTERNA 
A pele das aves é pouco aderida ao corpo, apresentando mínima inervação e 
vascularização, o que faz com que lesões cutâneas provoquem pouca ou nenhuma 
sensibilização e/ ou sangramento, possui maior pigmentação próxima aos membros 
pélvicos, contudo em galinhas poedeiras é pouco pigmentada devido à mobilização do 
pigmento para a gema. São observados três locais para aplicaçãode medicamentos 
subcutâneos: superfície dorsal da junção cérvico-torácica, a prega cranial à articulação 
fêmoro-tíbio-patelar e a parede lateral do tórax. Durante o período de incubação surgem 
as placas de incubação, caracterizadas pela perda das penas, espessamento da pele, 
edemaciação e aumento da vascularização local, aumentando a eficiência calórica na 
região peitoral e permitindo a perfeita incubação. A tela subcutânea apresenta grande 
quantidade de tecido adiposo em aves aquáticas (patos, gansos e cisnes), árticas (pinguins) 
e migratórias (flamingos e passeiformes). Na pele de algumas aves são encontradas dobras 
cutâneas características do dimorfismo sexual ou de uma espécie (Fig. 101), sendo estas a 
crista, barbela, lobo da orelha 
e monco (perus), que 
apresentam uma epiderme fina 
e uma derme espessa e muito 
vascularizada. Em frangos 
comerciais e perus a crista e 
monco são cortados, pois são 
facilmente lesionáveis, 
atuando como porta de 
entrada para enfermidades. A 
extremidade da barbela é 
utilizada para aplicação de 
medicamentos intradérmicos. 
 Fig. 101 Ornamentos cutâneos da cabeça do galo doméstico e peru. a 
crista e incrustações, b barbela (detalhe das incrustações no peru), c 
opérculo, d lóbulo e abertura da orelha. FONTE: McLelland J. A colour 
atlas of avian anatomy. Wolfe Publishing Ltd. 1990. 
Tópicos em Anatomia das aves 116 
A epiderme atua como uma glândula sebácea holócrina que secreta um fino filme 
lipídico que ajuda na manutenção da plumagem. As aves apresentam apenas três glândulas 
cutâneas: a glândula uropigeal (glândula de óleo ou limpeza, que se abre em uma papila 
cutânea no dorso do animal cranial ao pigóstilo, cuja secreção auxilia na higiene e 
impermeabilização das penas e partes submersas em aves aquáticas, possui ação 
bacteriostática, o que explica a pouca propensão das aves às doenças de pele (Fig. 102). 
Esta glândula é proeminente em alguns papagaios e periquitos autralianaos, contudo está 
ausente em papagaios amazônicos, avestruzes e pombos); a glândula auricular (sebácea ou 
ceruminosa, localizada ao redor da orelha externa) e a glândula do vento (mucosas, cuja 
função é desconhecida, mas pode estar associada à fertilização interna), estando ausentes 
glândulas sudoríparas (permite inferir que as aves percam temperatura pela respiração, 
uma explicação plausível para a temperatura de 41oC apresentada pelos galináceos). 
 
 
 
 
 
 
 
A principal característica que distingue as aves é a presença de penas, que recobrem 
todo o corpo, auxiliam na transformação dos membros torácicos em asas, tornam as aves 
mais leves em relação ao seu tamanho, aumentando sua eficiência no ar, proteção contra 
choque mecânico, radiação, temperatura, 
agentes químicos e biológicos, 
termorregulação e comunicação. As penas 
são estruturas derivadas da epiderme, 
altamente especializadas que evoluíram 
das escamas dos répteis, muito leves, mas 
com uma construção reforçada. As penas 
encontram-se organizadas em tratos 
(pteriolise, Fig. 103), contudo são 
observadas áreas de pele glabra, desprovi 
da de penas, que constituem locais para 
realização de intervenções cirúrgicas. 
Fig. 102 Vista dorsal da glândula uropigeal. 1 glândula uropigeal, 2 papilada glândula, 3 margem da pele, 4 
folículo da pena, 5 vértebra e musculatura coccíega. FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de 
Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. Fotografia da papila da glândula uropigeal em frango 
doméstico. Fotografia da glândula uropigeal em pato. FONTE: McLelland J. A colour atlas of avian anatomy. 
Wolfe Publishing Ltd. 1990. 
Fig. 103 Pteriolise em galinha. a organização das penas 
em estratos, b zona desprovida de penas (apteriolise). 
FONTE: McLelland J. A colour atlas of avian anatomy. 
Wolfe Publishing Ltd. 1990. 
Tópicos em Anatomia das aves 117 
Existem seis tipos de penas: penas de contorno (penas visíveis externamente e que 
modificam o contorno do corpo (tectrizes), asas (remiges, compostas de 10 penas primárias 
e 10 a 20 secundárias ou braquiais) e cauda (retrizes, fixas ao pigóstilo, participando da 
frenagem e direcionamento durante o voo, constituindo 6 a 10 pares)), plumas (escondidas 
pelas tectrizes, criando um espaço morto aerado que isola o corpo), semiplumas, 
filoplumas, pulviplumas e cerdas (Fig. 104). 
 
 
 
 
 
Penas de contorno, plumas e semiplumas possuem uma arquitetura similar (Fig. 
105), surgindo de uma papila dérmica no fundo do folículo da pena, esta continua-se no 
cálamo ou canhão (porção oca contendo restos celulares e ar), de onde deriva a haste 
(parte exposta da pena). Da haste partem vexilos (ramificações muito próximas constituídas 
por barbas e bárbulas, com angulação de 45o), que são assimétricos (o lado externo é mais 
estreito do que o interno) nas penas das asas para permitir o voo aerodinâmico. Nas 
plumas, as barbas não se interconectam em uma estrutura fechada, fazendo com que estas 
apresentem um aspecto mais aveludado e macio. Ainda, em pombos e psitacídeos, as 
barbas de plumas especializadas produzem um fino pó de queratina, que é espalhado 
sobre a plumagem durante a higiene. Este pó está associado ao acometimento de infecção 
por circovírus em psitacídeos e a alveolíte alérgica em criadores de pombos. As penas, 
Fig. 104 A Pena de contorno (remige), B Pena de contorno (retrizes), C Pluma, D Semipluma, E Filopluma, F 
Pulviplumas e cerdas. FONTE: McLelland J. A colour atlas of avian anatomy. Wolfe Publishing Ltd. 1990. 
Tópicos em Anatomia das aves 118 
semelhantes aos folículos pilosos, possuem um músculo eretor que formam uma extensa 
rede que eleva ou abaixa grupos de penas específicos. 
A coloração das penas deriva da melanina (preto, acinzentado e tons de marrom), de 
pigmentos carotenoides (vermelho, rosáceo, 
alaranjado e amarelo) adquiridos pela dieta, 
pela metabolização de produtos nitrogenados 
como as porfirinas e outros compostos (verde, 
alguns tons de vermelho e marrom) e pela 
defleção da luz branca sobre a terminação 
avermelhada das penas, o chamado efeito 
Tyndall (azuis). A iridescência é decorrente da 
quebra da defleção da luz que incide sobre a 
melanina das bárbulas, fazendo com que a cor 
mude conforme o ângulo de visão. A coloração 
variada tem como objetivo auxiliar na 
camuflagem, atrativo sexual, proteção contra o 
calor e permitir o dimorfismo sexual, visto que 
em muitospasseiformes os machos possuem 
plumagem mais exuberante do que as fêmeas. 
Em aves que não há diferenciação na plumagem 
de ambos os sexos a determinação deve ser 
realizada por meio da análise do DNA ou pela 
anatomia interna, em casos de necropsia. 
A troca das penas ou ecdises ocorre 
desde a fase jovem, apresentando várias 
plumagens subadultas, na fase adulta as trocas 
são anuais acontecendo logo após a estação de 
acasalamento, sendo chamada de plumagem 
pós-nupcial ou de inverno. Neste processo, as 
penas velhas são empurradas para fora do 
folículo pelo crescimento da epiderme e 
formação da nova pena, que emerege do 
folículo recoberta por uma bainha, sendo 
denominada pena de sangue ou não 
desenvolvida. O mesmo processo acontece 
quando as penas são arrancadas por predadores 
ou por interesse comercial. 
 
 
 
Fig. 105 A Pena de contorno (remige), B Pluma com detalhes. 1 haste, 2 barba combárbulas, 3 bárbulas 
distais com ganchos microscópicos, 3’ bárbulas proximais, 4 veio formado pelas barbas, 5 cálamo, 5’ cálamo 
no folículo, 6 papila dérmica, 7 músculo eretor da pena, 8 umbigo proximal, 8’ umbigo distal, 9 pulvipluma. 
FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. C 
Pena de contorno (tectrize). a cálamo, b haste e barbas, c porção distal da haste com barnas e bárbulas. 
FONTE: McLelland J. A colour atlas of avian anatomy. Wolfe Publishing Ltd. 1990. 
Tópicos em Anatomia das aves 119 
As trocas são induzidas pelo hormônio tireoidiano, mas também dependem da 
nutrição, época do ano, temperatura, luminosidade, habitat e se a espécie é migratória. 
Durante a ecdise, que é um processo lento e gradual, a dieta deve ser rica em cisteína, lisina, 
arginina, cálcio e ferro, com a finalidade de suprir a alta demanda metabólica e a perda do 
isolamento térmico, ainda, é necessário evitar o estresse. Aves com problemas de saúde 
irão formar penas defeituosas. A substituição das penas de contorno ou voo é sequencial e 
simétrica, sendo substituídas as primárias internas, permitindo que o voo ocorra sempre 
que possível. Contudo, algumas espécies, como patos e gansos, perdem sua plumagem de 
uma só vez, o que impede temporariamente o voo. 
Os membros pélvicos (Fig.106) são recobertos por placas epidérmicas cornificadas, 
semelhantes às observadas nos répteis e adaptados para permitir o empoleiramento ou a 
apreensão de presas com três dígitos craniais e um caudal (anisodáctilos, galináceos, 
passeiformes e rapiniformes) ou com apenas primeiro e o quarto dígito voltados 
caudalmente (zigodáctilos, psitácideos) que permitem a escalada de galhos ou palmados 
anisodáctilos, com uma membrana interdigital que permite o deslocamento na água 
(gansos, patos e marrecos). No metatarso surge o calcar metatarsale ou espora, 
representado por um processo ósseo envolto por um estojo córneo, que serve para defesa, 
cujo crescimento de cada anel pode auxiliar na determinação da idade do animal e a 
remoção da papila inibe seu crescimento. 
 
 
 
 
Fig. 106 Extremidade distal do membro pélvico de aves. A galo, B ganso. 1 metatarso, 2 calcar metatarsale, 3 
membrana interdigital, I-IV dígitos. FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia 
Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. C Avestruz, D Canário, E Psitacídeo (papagaio da amazônia) FONTE: 
McLelland J. A colour atlas of avian anatomy. Wolfe Publishing Ltd. 1990. 
Tópicos em Anatomia das aves 120 
ANATOMIA REGIONAL DA CABEÇA 
CRÂNIO 
A característica mais marcante são as grandes 
órbitas que acomodam os olhos, que devido ao seu 
tamanho fazem com que os demais ossos formem placas 
ósseas (díploes), dando a impressão de que a cavidade 
craniana é mais ampla. A articulação entre o osso naso-
maxilar e o frontal forma uma dobradiça, fazendo com que 
quando a mandíbula se afasta ventralmente, o osso nasal 
desloque-se dorsalmente (movimento melhor observado 
em psitacídeos). O osso naso-maxilar une-se a articulação 
mandibular pelo arco jugal. 
 
CAVIDADE ORAL 
Nota-se ausência de lábios, bochechas e dentes (nos 
patos e gansos observam-se estruturas serrilhadas na 
borda do bico, tanto na parte superior como inferior). As 
aves não possuem palato mole, ou seja, não apresentam 
nenhuma divisão nítida entre a boca e a faringe. Portanto a 
orofaringe representa a cavidade combinada que se 
estende do bico até o esôfago. O bico é derivado da pele e 
representa os dentes e os lábios dos mamíferos, provendo 
uma cobertura córnea (ranfoteca) para o maxilar (rinoteca) 
e mandíbula (gnatoteca). Possui formato variado entre as 
espécies (Fig. 107), conforme o hábito alimentar, uma 
ampla inervação, sendo passível de debicamento em 
criações de frangos e perus com a finalidade de prevenir o 
canibalismo. Na extremidade caudal encontra-se a cera, 
uma protuberância recoberta por queratina mole, muito 
proeminente em aves aquáticas (patos), psitacídeos e 
rapiniformes, que pode ser utilizada na seleção sexual, pois 
no macho costuma ser mais proeminente e de coloração 
diferenciada, do que na fêmea. 
A orofaringe (Fig. 108) apresenta: teto constituído 
pelo palato duro; assoalho, formado pela mandíbula, língua 
(estreita, de formato triangular e situa-se no assoalho da 
boca) e elevação laríngea (laringe cranial). Tem como 
função coletar alimento e água. No teto da orofaringe 
encontramos duas fendas: a mais rostral e longa é a fenda 
Fig. 107 Diferentes formatos dos bicos. Galo a maxilar ou ranfoteca, b mandíbula ou gnatoteca, c margem da 
ranfoteca. Pombo, seta indica a cera. Canário. Periquito australiano, seta indica a cera, Pato, face dorsal da 
ranfoteca e face ventral da gnatoteca e bordas laterais serrilhadas. FONTE: McLelland J. A colour atlas of avian 
anatomy. Wolfe Publishing Ltd. 1990. 
Tópicos em Anatomia das aves 121 
das coanas, sendo a comunicação da orofaringe com a cavidade nasal; e outra mais caudal 
que é a fenda das tubas auditivas ou infundibular, sendo a comunicação da orofaringe com 
a orelha média. 
Caudal a laringe cranial temos a abertura do esôfago e numerosas papilas mecânicas 
estão espalhadas em fileiras na orofaringe, tendo como função ajudar na apreensão do 
alimento e deglutição. 
 
NARINAS E CAVIDADE NASAL 
As narinas (Fig. 108) são orifícios ovais e estreitos situados na base da parte superior 
do bico e são cobertas por uma aba córnea chamada opérculo. As cavidades nasais são 
curtas e estritas, apresentando três conchas (rostral, médio e caudal) e se comunica com o 
meio externo através das narinas e com a orofaringe através de uma fenda chamada fenda 
das coanas. 
 
LARINGE 
Situa-se no inicio da traqueia, é formada por cartilagens, não apresenta pregas 
vocais, possuindo uma fenda medial chamada glote que não é protegida por uma epiglote. 
Apesar de muito estreita, a laringe, permite a intubação de aves de grande porte. 
 
 
 
 
 
Fig. 108 A Orofaringe aberta pelo rebatimento da mandíbulaExtremidade distal do membro pélvico de aves. 1 
cristas palatinas lateral e mediana, 2 aberturadas glândulas salivares, 3 coana, 4 fissura infundibular, 5 corpo 
da língua, 6 raiz da língua, 7 papila mecânica, 8 monte laríngeo, 9 glote, 10 corno branquial do aparelho 
hiobranquial, 11 esôfago, 12 posição da traqueia. B Secção rostral da cabeça. 1 fio na narina, 2, 2’, 2’’ conchas 
nasais rostral, média e caudal, 3 mandíbula, 4 língua, 5 septo interorbital. FONTE: Dyce KM, Sack WO, 
WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
Tópicos em Anatomia das aves 122 
ANATOMIA REGIONAL DA REGIÃO CERVICAL (Fig. 109) 
ESTRUTURA 
O número de vértebras 
cervicais éextremamente variável 
devido às diferenças no 
comprimento da região, sendo 
observados 8 em pequenas aves, 14 a 
17 em frangos ou 25 em cisnes. Dois 
grandes músculos cervicais 
percorrem todo o comprimento da 
região, acompanhados pelas veias 
jugulares, artérias carótidas e 
troncos vago-simpáticos. A veia 
jugular direita é maior que a 
esquerda, sendo visível na pele 
facilitando a punção venosa na 
maioria das aves, à exceção dos 
pombos que possui uma pele muito 
espessa nesta região. 
 
ESÔFAGO 
Consta de um tubo muscular 
que se estende desde a orofaringe 
até o pró-ventrículo, no lado direito 
da região cervical, sendo passível de 
grande distensão. Na entrada do 
tórax apresenta o divertículo 
esofágico ou inglúvio, sendo 
conhecido popularmente como papo, 
que tem a função de armazenar 
alimento (muito importante na ave 
selvagem, pois nem sempre encontra 
alimento à disposição), podendo ser 
utilizado para aplicação de 
medicamentos por gavagem ou em 
intervenções cirúrgicas para retirada 
de corpos estranhos. 
Algumas aves não apresentam 
o divertículo esofágico (pinguins, coru 
jas e gaivotas) ou este não é proeminente (patos e gansos), entretanto em aves piscivoras é 
possível observar os peixes se movimentanto no esôfago sem causar asfixia ou desconforto. 
Fig. 109 Vista ventral da região cervical dissecada. 1 barbela, 2 
laringe, 3 músculo estrenotireoióideo seccionado, 4 músculos 
cervicais, 4’ nervo cervical, 5 traqueia, 6 veia jugular e nervo 
vago, 6’ arérias carótidas internas, 7 esôfago, 8 divertículo 
esofágico, 9 timo, 10 músculo peitoral. FONTE: Dyce KM, Sack 
WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2010. 
Tópicos em Anatomia das aves 123 
TRAQUEIA 
É um tubo longo, formado por anéis cartilaginosos completos e conecta a laringe 
cranial com a laringe caudal ou siringe. Em aves de região cervical longa, como cisnes e 
garças, forma uma alça que se acomoda em uma escavação do esterno na entrada do tórax 
e em pinguins é dividida em duas por um septo mediano. 
 
TIMO E GLÂNDULAS TIREÓIDE, PARATIREÓIDE E ULTIMOBRANQUIAIS 
O timo compõe-se de vários lobos que acompanham as veias jugulares, regredindo 
após a maturidade sexual. Diferente dos mamíferos as glândulas tireoides (Fig. 110) 
encontram-se na entrada do tórax, caudalmente ao divertículo esofágico e relacionando-se 
com a artéria carótida comum, veia jugular, tronco vagossimpático e traqueia, tendo 
grande importância em periquitos australianos que apresentam doença em decorrência da 
deficiência de iodo na dieta. Difere-se do timo pela sua coloração acastanhada. As 
glândulas paratireoides (Fig. 110) 
são representadas por dois ou três 
pares de coloração castanho-
amarela do, localizadas caudalmente 
às glândulas tireoides. Quando a ave 
apresenta deficiência de cálcio 
tornam-se maiores, provocando 
descalcificação óssea que é fatal em 
papagaios-cinzentos do Congo, que 
não conseguem mobilizar o cálcio 
ósseo, morrendo de hipocalcemia e 
apresentando as glândulas 
aumentadas de tamanho. As aves 
possuem um par assimétrico de 
glândulas ultimobranquiais (Fig. 110), 
localizadas posteriormente às parati 
reoides, que são ricas em calcitonina, 
sendo sua secreção regulada primaria 
mente pelo aumento no plasma dos níveis de cálcio. 
 
ANATOMIA DA CAVIDADE CORPORAL OU CELOMA 
ESTRUTURA 
A cavidade corporal (Fig. 111) é formada pelas vértebras torácicas varia de três a 10, 
sendo que em frangos sete trazem costelas completas para conexão com o esterno. Ainda, 
as primeiras três a cinco vértebras estão fusionadas formando o notário (frangos, aves de 
rapina e pombos), que segue-se de uma vértebra torácica móvel do tronco, podendo 
ocasionar a espondilolistese ou doença do dorço retorcido em frangos, enquanto que as 
últimas torácicas se fundem com as lombares, sacrais e coccíegas para formar o sinsacro, 
Fig. 110 Vasos, nervos e glândulas endócrinas da região cervical 
da ave. CCa artéria caótida comum, CB corpo carotídeo, ICa 
artéria carótida interna, JV veia jugular, VN nervo vago, NG 
gânglio vagal dorsal, T tireóide, P paratireoide, UB corpo 
ultimobranquial. FONTE: McLelland J. A colour atlas of avian 
anatomy. Wolfe Publishing Ltd. 1990. 
Tópicos em Anatomia das aves 124 
que junto ao notário 
formam a parte rígida 
do tronco, que continua-
se pela fusão do sinsacro 
a pelve óssea. A porção 
final do sinsacro 
constitui o pigóstilo, que 
sustenta as penas da 
cauda. Como já referido 
a pelve nas aves é aberta 
ventralmente para 
permitir a postura, 
possuindo um processo 
antitrocânter que dimui a 
abdução do membro. No 
entanto, em avestruzes e 
emas a pelve apresenta a 
sínfise pélvica, que pode ser uma adptação para sustentar a pesada massa visceral. Cinco 
ou seis pares de costelas conectam o esterno às vértebras torácicas, cada costela apresenta 
uma porção vertebral (óssea) e esternal (cartilagínea), além do processo uncinado que se 
sobrepõe à costela seguinte, algumas poucas costelas flutuantes estão fixas as vértebras 
cervicais. 
O esterno é um osso grande e não 
segmentado, constituindo grande parte da 
parede ventral da cavidade, possui um 
manúbrio que articula-se com o coracóide, 
longos processos craniais e caudais para as 
costelas esternais e forames pneumáticos que 
se abrem no saco aéreo clavicular. Aves que 
possuem grande capacidade de voo possuem 
uma quilha muito desenvolvida para os 
músculos do voo ou um esterno profundo. 
Avestruzes e emas não possuem quilha, nos 
frangos é relativamente estreita e longa e 
galinhas apresentam uma quilha profunda. Por 
ser subcutânea a quilha pode sofrer 
deformação decorrente do empoleiramento, 
clinicamente pode ser utilizada para coleta de 
medula óssea nos criatórios de aves. 
 
Fig. 111 Esqueleto do tronco da ave. a vértebra cervical, b notário, c vértebra 
T4, d vértebras Co, e pigóstilo, f parte vertebral da costela, g parte esternal 
da costela, h esterno, i clavícula, j coracóide, k escápula, l úmero, m pelve, n 
fêmur, o tíbia e fíbula. FONTE: McLelland J. A colour atlas of avian anatomy. 
Wolfe Publishing Ltd. 1990. 
Fig. 112 Vistas cranial (A) e ventral (B) dos músculos do 
voo. 1 m. peitoral, 2 m. supracoracóide, 2’ canal triósseo 
para o m. supracoracóide, 3 úmero, 4 esterno, 5 clavícula. 
FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de 
Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
Tópicos em Anatomia das aves 125 
Os músculos peitorais (músculos do voo, Fig. 112) são desenvolvidos, representando 
até 20% do peso corporal em algumas espécies, compreendendo os músculos: peitoral 
(produz o movimento das asas no voo) e supracoracóideo (responsável pela propulsão no 
início do voo). Estes músculos são palpados durante a verificação das condições físicas da 
ave, sendo utilizados para injeção intramuscular (exceto em frangos de corte por ser corte 
nobre ou em aves que necessitam de total eficiência no voo, como aves de rapina e pombos-
correio), nesta prática deve-se evitar a porção cranial do músculo, que abriga os grandes 
vasos, e posicionar-se a agulha paralelamente à quilha do esterno. 
Em aves não existe diafragma separando os órgãos torácicos dos pélvicos, mas sim 
dois septos que dividem a cavidade celomática em três compartimentos, sendo estes o 
septo horizontal (apresenta um pouco de tecido muscular nas extremidades, delimitando 
um espaço que contém os pulmões) e septo oblíquo (mais desenvolvido, porém possui 
apenas tecido conjuntivo translúcido, contendo os sacos aéreos torácicos, cervical e 
clavicular). 
 
SIRINGE 
Antesda bifurcação dos dois brônquios 
principais, forma-se a siringe ou laringe caudal 
(Fig. 113), o órgão fonador das aves, ou seja, a 
variação do canto assim como a fala do 
papagaio é devido à presença deste órgão. Em 
patos e cisnes machos observa-se uma bula 
óssea, que pode funcionar como um 
ressonador, psitacídeos não possuem o pessulo 
(pequena barra vertical que separam os 
brônquios) e nos canários um sistema de cinco 
músculos associados à siringe tracionam o saco 
aéreo intraclavicular amplificando a 
sonorização. 
 
 
 
 
C Representação semi-esquemática da siringe aberta (1 traqueia, 1’ timpani, 2, 2’ membranas timpaniformes 
lateral e medial, 3 pessulo, 4 brônquio principal). FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de 
Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
 
A transição entre traqueia e siringe constitui um ponto para obstruções por grãos, 
corpos estranhos ou granulomas fúngicos. Modificações na sonorização são ocasionadas por 
pressão do divertículo esofágico ou infecções por Aspergillus no saco aéreo intraclavicular, 
devendo ser investigada por endoscopia. 
 
Fig. 113 A Siringe de pato macho adulto (a traqueia, b siringe, c brônquio esquerdo, d 
brônquio direito, 1 bula da siringe, 3 tímpano da siringe, 4 ligamento interbronquial). B 
Trajeto do ar expirado (setas) a partir do brônquio esquerdo (a) para a traqueia (b), 1 
bula da siringe, 2 tímpano da siringe, 3 pessulo. FONTE: McLelland J. A colour atlas of 
avian anatomy. Wolfe Publishing Ltd. 1990. 
Tópicos em Anatomia das aves 126 
CORAÇÃO E GRANDES VASOS 
O coração das aves localiza-se entre os lobos hepáticos, é relativamente maior e 
possui uma alta taxa de contração, podendo chegar a 1000 batimentos por minuto em 
algumas espécies. O átrio direito recebe as duas veias cavas craniais e a única veia cava 
caudal e as veias pulmonares formam um tronco comum antes de entrar no átrio 
esquerdo, que possui uma potente válvula para evitar o refluxo. A aorta origina as 
coronárias e o tronco braquiocefálico que origina as artérias braquiocefálicas direita e 
esquerda, que emitem as artérias carótidas comuns e subclávias direita e esquerda. As 
artérias carótidas comuns formam as carótidas interna e externas, enquanto que as 
subclávias formam o tronco peitoral e os vasos para os membros. Seguindo seu trajeto a 
aorta emite as artérias: celíaca (estômago, baço, fígado e intestino), mesentérica cranial 
(intestinos), renal cranial (rins e gônadas), ilíaca externa (região femoral do membro 
pélvico), isquiática (porção caudal dos rins, oviduto e membros pélvicos) e mesentérica 
caudal (intestino e cloaca), terminando na irrigação para a extremidade do oviduto, pelve e 
cauda. A veia cava caudal drena o fígado, rins, gônadas e oviduto. São observadas duas 
veias porta hepáticas, uma para cada lobo do fígado. O sistema porta renal é formado 
pelas veias ilíacas e mesentérica caudal. 
 
 
 
 
 
Fig. 114 A Coração e grandes vasos sanguíneos (a coronárias, b tronco braquiocefálico, c artéria carótida 
comum, d artéria subclávia, e veia jugular, f veia subclávia, g veia cava cranial direita, h veia cava cranial 
esquerda, 1 traqueia, 2 siringe, 3 músculo esternotraqueal, 4 esôfago, 5 tireóide). B Detalhe do coração e 
grandes vasos (a coração, b aorta, c tronco braquiocefálico direito, d tronco braquiocefálico esquerdo, e 
artéria carótida comum, f artéria subclávia, 1 traqueia, 2 siringe). FONTE: McLelland J. A colour atlas of avian 
anatomy. Wolfe Publishing Ltd. 1990. 
Tópicos em Anatomia das aves 127 
PULMÕES E SACOS AÉREOS 
Relativamente pequenos e esponjosos, não são lobados, têm coloração rosada e 
não são expansivos (Fig. 115) como nos mamíferos. São voltados para as costelas e ficam 
em contato com os órgãos abdominais, pois nas aves o músculo diafragma não é 
desenvolvido. Com isso as aves não respiram expandindo os pulmões no vôo, mas sim 
através da entrada de ar forçada pelas narinas, que é regulada pelo opérculo. A traqueia se 
divide em dois brônquios principais, que chegam até os sacos aéreos abdominais e no 
caminho se subdividem em 
brônquios secundários, que 
penetram nos outros sacos 
aéreos. Esses brônquios 
secundários também se 
subdividem em vários 
parabrônquios. E nestes 
observamos a formação dos 
capilares aéreos, onde ocorre a 
troca gasosa, sendo homólogos 
aos alvéolos dos mamíferos. 
 
 
 
Os sacos aéreos (Fig. 116) são formações peculiares nas aves, de paredes delgadas, 
constituídos de uma membrana mucosa recoberta externamente por uma serosa, e 
divertículos destes sacos penetram em vários ossos, podendo chegar até músculos. Nos 
galináceos são em número de oito, sendo um saco cervical, um clavicular, dois torácicos 
craniais, dois torácicos caudais e dois abdominais. Os ossos pneumáticos se conectam com 
o aparelho respiratório 
através dos sacos aéreos, 
tornando-se assim mais 
leves para o vôo, 
equilíbrio e natação. Os 
sacos aéreos estão 
intimamente relacionados 
com os órgãos internos e 
funcionam como foles, 
movimentando o ar 
através de um pulmão 
amplamente passivo. 
 
 
 
Fig. 115 Hilo do pulmão direito. a brônquio principal, b artéria 
pulmonar, c veia pulmonar, d pulmão, e coração. FONTE: McLelland 
J. A colour atlas of avian anatomy. Wolfe Publishing Ltd. 1990. 
Fig. 116 Vista médio-ventral do pulmão direito e sacos aéreos relacionados (1 brônquio principal, 2 vasos 
pulmonares, 3 brônquio medioventral, 4 brônquio mediodorsal, 5 brônquio lateroventral, 6 alças dos 
parabrônquios, 7 pulmão, 8 identações costais, 9 saco aéreo cervical, 10, 10’ partes extra e intratorácica saco 
aéreo clavicular, saco aéreo torácico cranial (11) e caudal (12), 13 saco aéreo abdominal, 14 saco aéreo cranial 
para paleopulmão, 15 saco aéreo cranial para neopulmão, 16 conexão direta (sacobronquial), 17 conexão 
indireta (bronquial recorrente). FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. 
Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
 
Tópicos em Anatomia das aves 128 
FÍGADO 
Órgão bastante desenvolvido, é de coloração vermelho escuro, está dividido em 
dois lobos (Fig. 117), onde o direito apresenta vesícula biliar (exceção dos pombos, maioria 
dos papagaios, periquitos australianos e estrutiformes que não possuem vesícula biliar) e o 
esquerdo é subdividido, sendo recobertos pela cavidade peritoneal hepática e onde cada 
lobo emite um ducto biliar que desemboca no duodeno. Em seguida da eclosão o fígado é 
amarelado devido aos pigmentos da gema. 
 
Fig. 117 Vista ventral das vísceras após a remoção da parede corporal ventral. 1 esôfago, 2 traqueia, 3 m. 
peitoral seccionado, 4 divertículo esofágico, 5 m. esternotraqueal, 6 osso coracóide seccionado, 7 veia cava 
cranial direita, 8 coração, 8’ artéria carótida comum direita, 8’’ artéria subclávia direita, fígado (9 lobo direito, 
9’ lobo esquerdo), 10 ventrículo gástrico, 11 alça duodenal e pâncreas, 12 abertura da cloaca (vento), 13 ceco. 
FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
Tópicos em Anatomia das aves 129 
BAÇO 
É um órgão arredondado (Fig. 117), coloração arroxeada, situado entre o pró-
ventrículo e a ventrículo gástrico e é triangular no pato e ganso, oval no pombo e alongado 
no periquito australiano. 
 
ESTÔMAGO 
Apresenta variações na sua 
constituição decorrentes do tipo de 
dieta, onde aves que se alimentam de 
peixes e carne atua como um órgão de 
estocagem apropriado para digestão 
de alimentos macios, enquanto que 
em aves herbívoras é adaptado para 
redução mecânica de alimentos mais 
resistentes, sendo dotado de grande 
musculatura. Assim,em aves 
herbívoras apresenta dois 
compartimentos chamados pró-ventrí 
culo ou estômago químico unido por 
um istmo ao ventrículo gástrico, co 
mercialmente denominado moela ou 
estômago mecânico. O pró-ventrículo 
é um órgão tubular alongado e com paredes grossas, representando a porção glandular do 
estômago, onde são secretados sucos digestivos por um epitélio glandular oxintopéptico 
(produzem ácido clorídrico e pepsinogênio) e mucoso, são observadas inúmeras papilas 
proeminentes que podem ser confundidas com lesões parasitárias. O ventrículo gástrico é 
a porção muscular do estômago, sendo um disco muscular denso e grosso com dois 
orifícios pequenos (um se abre na porção pró-ventricular e o outro no piloro para o 
duodeno). Tem função de triturar os alimentos e digerir as proteínas. Apresenta uma 
mucosa revestida por uma membrana densa e amarelada, chamada de estrato córneo e no 
seu interior podem ser encontrados pedras, grãos de areia ou outros materiais que 
auxiliam na trituração. Em aves granívoras, alguns psitacídeos e canários o ventrículo 
possui uma musculatura menos desenvolvida. A atividade muscular move os alimentos da 
moela para o proventrículo e deste para o duodeno, fazendo com que o alimento que não 
necessita ser triturado não passe pela moela. 
 
PÂNCREAS 
É uma glândula alongada, está situado entre as porções do duodeno, possuindo dois 
ou três ductos que desembocam no duodeno (Figs. 117 e 119). 
 
 
Fig. 118 Superfície dorsal do estômago (A) e aberto 
ventralmente (B). 1 esôfago, 2 proventrículo, 3 papilas, 4 
gândulas proventriculares, ventrículo gástrico (5 lúmen, 6 
saco cego caudal, 7 saco cego cranial, 8 óstio pilorico, 9 massa 
muscular), 10 duodeno. FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING 
CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2010. 
Tópicos em Anatomia das aves 130 
 
Fig. 119 Vista ventral do trato gastrointestinal após rebatimento do fígado, estômago e intestino delgado 
craniolateralmente e à direita. 1 divertículo esofágico, 2 lobo esquerdo do fígado, 3 proventrículo com nervo 
vago, 4 ventrículo gástrico, 5 baço, 6 alça duodenal e pâncreas, 7 jejuno, 8 divertículo vitelino, 9 íleo, 10 cecos, 
11 cólon-reto, 12 cloaca, 13 abertura da cloaca (vento), 14 vasos mesentéricos craniais e nervo intestinal no 
mesentério, 15 nervo isquiático e artéria isquiática, 16 mm. gácilis e adutor. FONTE: Dyce KM, Sack WO, 
WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
 
INTESTINO DELGADO 
Situado mais a direita do plano mediano, é composto de duodeno, jejuno e íleo, 
indo do duodeno até a inserção dos cecos (Fig. 119). O duodeno tem formato de alça em U 
e entre essas se encontra o pâncreas. O jejuno é a porção média e nele observam-se 
resquícios fetais como o divertículo vitelino (Meckel), em patos e gansos forma várias alças 
em U, em pombos forma uma massa cônica e em aves frugíveras e insetívoras é curto. O 
íleo é a porção final e termina-se no intestino grosso, no ceco (Fig. 120). 
Tópicos em Anatomia das aves 131 
 
INTESTINO GROSSO 
É formado por dois cecos, cólon-
reto e cloaca (Fig. 119) Os cecos (Fig. 
120) são sacos cegos, com 20 cm de 
comprimento e colocam-se de cada 
lado do íleo, sendo relativamente 
longos em frangos e perus, possuindo 
uma visível população de tonsilas 
intestinais. Os pombos apresentam 
cecos bem curtos e os psitacídeos não 
apresentam. O final do cólon-reto (Fig. 
119) tem a função de reabsorver água e 
eletrólitos, por esta razão a urina é 
movida até esta porção, o final do 
intestino grosso termina-se na cloaca 
(Fig. 120). 
 
 
 
 
íleo aberto, 8 prega íleocecal, 9 cecos, 9’ cecos abertos, 10 tonsila cecal, 11 cólon, 11’ cólon aberto, 12 cloaca, 
13 abertura da cloaca. FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2010. 
 
RINS & URETERES 
Os rins das aves são castanhos e alongados, localizam-se contra o sinsacro, podendo 
ser arbitrariamente divididos em porções cranial, média e caudal pelas artérias ilíaca 
externa e isquiática, estando os lobos caudais unidos em algumas espécies. Aves que 
sofrem de gota renal, doença comum em criações comerciais, ou tumores (periquitos) 
podem demonstrar claudicação como sinal clínico. O córtex e a medula não são 
distinguíveis e não ocorre a formação de pelve renal. Os lóbulos renais apresentam dois 
tipos de néfrons: corticais (semelhantes aos observados nos répteis, sem alça do néfron) e 
medulares (semelhantes aos dos mamíferos com alça do néfron). Um sistema porta renal 
forma-se por duas veias portas renais, é constituído por um leito capilar que coleta sangue 
vindo dos membros pélvicos e cavidade corporal e o sangue arterial vindo das artérias 
renais. Por esta razão tem sido sugerido que medicamentos intramusculares não sejam 
aplicados nos membros pélvicos, por poderem ser eliminados pelos rins. O ureter se 
origina cranialmente pela confluência de vários ramos primários, recebendo ramos das 
porções média e caudal do rim, possuindo uma coloração esbranquiçada e abrem-se no 
urodeu. As aves são caracterizadas por não possuírem bexiga, assim como os répteis, desta 
forma quando defecam eliminam a urina junto, sendo a porção branca do excremento. 
Fig. 120 Intestino de ave isolado com detalhe da 
junção ileocólica. 1 piloro, pâncreas (2 lobo dorsal, 2’ 
lobo ventral), 3 alça duodenal, 4 ductos biliar e 
pancreáticos, 5 jejuno, 6 divertículo vitelino, 7 íleo, 7’ 
Tópicos em Anatomia das aves 132 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 121 Vista ventral dos rins, vasos e nervos em sintopia. O rim direito apresenta as ramificações que formam 
o ureter, enquanto que o rim esquerdo apresenta os vasos renais. Os rins nas aves divide-se em partes cranial 
(A), média (B) e caudal (C). 1 aorta, 2 a. celíaca, 3 a. mesentérica cranial, 4 v. cava caudal, 5 a. renal cranial, 6 
anastomose com seio venoso vertebral, 7 v. renal cranial, 8 ramo primário do ureter, 9 ramo secundário do 
ureter, 10 n. femoral, 11 v. ilíaca externa, 12 a. ilíaca externa, 13 v. ilíaca comum, 14 valva portal, 15 v. renal 
caudal, 16 v. porta renal caudal, 17 n. isquiático, 18 a. isquiática, 19 v. isquiática, 20 ureter, 21 v. ilíaca interna, 
22 v. mesentérica caudal, artérias renais média (23) e caudal (23’). FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. 
Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
 
ÓRGÃOS GENITAIS MASCULINOS 
Os testículos são intracavitários, estão próximos ao lobo cranial de cada rim, com 
formato semelhante a grãos de feijão e de coloração amarelada. A castração, para induzir a 
engorda, pode ser feita através de uma incisão junto à última costela. O epidídimo é 
rudimentar e se relaciona medialmente com o testículo. O ducto deferente é um tubo 
flexuoso, que se origina no epidídimo e dirige-se caudalmente até a cloaca, onde abre-se 
lateralmente ao ureter no urodeu. O falo é considerado nos galináceos e perus um falo não 
protraível (sem exposição), composto por um pequeno corpo fálico medial e por um par de 
corpos fálicos laterais maiores. Estes corpos aumentam no estado intumescente e, juntos 
formam um sulco que recebe o ejaculado dos ductos deferentes. Durante a cópula a cloaca 
é evertida e o falo é pressionado contra a mucosa cloacal da fêmea (ocorre uma justa 
Tópicos em Anatomia das aves 133 
posição de órgãos, chamado “beijo cloacal”), com isso o oócito será fecundado. Nas aves 
aquáticas como gansos e patos, o falo é protraível e possui capacidade de penetração, com 
cerca de 5 cm de comprimento. Além disso, tem formato de cone fino e apresentaum sulco 
espiralado que conduz o sêmem até a extremidade. Pintos de um dia apresentam uma 
protuberância genital minúscula, com uma diferença, no macho é arredondado e na fêmea 
tem formato cônico. Com isso, para se realizar a sexagem dos animais, é necessário um bom 
tempo de treinamento. 
 
 
 
 
Fig. 122 A Vista ventral dos órgãos genitais masculinos. B O assoalho da cloaca foi removido e é demonstrado 
em diagonal. C Vista caudal do falo tumescente de galo. 1 v. cava caudal, 1’ aorta, 2 pulmão, 3 testículo, 3’ 
glândula adrenal, 4 rim, 5 a. isquiática, 6 cólon, 7 ducto deferente, 8 ureter, 9 cloaca, 10 coprodeu, 11 urodeu, 
11’ papila do ducto deferente direito, 12 proctodeu, 13 tubérculo fálico mediano, 14 corpo fálico lateral, 15 
pregas linfáticas, 15’ corpo vascular para cloacal, 15’’ a. pudenda. D Cloaca de pato com falo protraído. 1 cólon-
reto, 2 coprodeu, 2’ prega corpourodeal, 3 urodeu, 4 óstio do ureter, 5 papila do ducto deferente, 6 proctodeu, 
6’ glândulas proctodeais, 7 lábio da abertura da cloaca (vento), 8 sulco espiralado do falo, 8’ início do sulco 
espiralado. FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2010. 
 
Tópicos em Anatomia das aves 134 
ÓRGÃOS GENITAIS FEMININOS 
O ovário consiste de uma massa esponjosa que contém oócitos em vários estágios 
de desenvolvimento, com isso assemelha-se a um cacho de uva. Esses oócitos 
correspondem às gemas. O oviduto consta de um tubo flexuoso que se estende desde o 
ovário até a cloaca. Este conduto musculoso se inicia por um funil que capta o oócito 
amadurecido (gema) e o conduz até a cloaca, passando por várias fases onde são formadas 
a clara, membrana da casca e casca. É constituído de cinco partes: infundíbulo (porção 
dilatada do oviduto que recebe o oócito e produz o chalázio, permanecendo neste local por 
15 minutos); magno (parte mais longa e espiralada, onde se forma a clara, permanecendo 
neste por 3 horas); istmo (porção estreita e curta após o magno, onde se forma a membrana 
da casca, permanecendo por uma hora); útero (homologo ao órgão dos mamíferos, sendo o 
local em que ocorre a formação da casca, a inserção do pigmento colorido dos ovos, 
permanecendo aí por 20 horas); e vagina (segmento estreito que desemboca no urodeu, 
produz um muco que impermeabiliza a casca e que veda as paredes porosas da casca 
evitando a entrada de agentes contaminantes). 
 
 
Fig. 123 Vista ventral dos órgãos genitais femininos em postura. 1 ovário, 2 estigma no folículo maduro, 3 
infundíbulo, 4 magno, 5 istmo, 6 útero (glândula da casca) com ovo, 7 vagina, 8 cólon-reto, 9 cloaca, 10 
abertura da cloaca (vento), 11 vestígio oviduto direito, 12 margem livre do ligamento ventral do oviduto, 13 
contorno do rim direito, 14 ureter direito. FONTE: Dyce KM, Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia 
Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 
Tópicos em Anatomia das aves 135 
ANATOMIA DA REGIONAL DOS MEMBROS 
O esqueleto apendicular sofreu grandes modificações devido à transformação dos 
membros torácicos em asas e pelos membros pélvicos assumirem a responsibilidade da 
deambulação, empoleiramento e absorção do impacto no pouso. Os ossos são mais frágeis 
nas aves, possuindo um córtice delgado, o que impede a implantação de pinos em casos de 
muitas fraturas. 
 
MEMBROS TORÁCICOS 
Os ossos do membro 
torácicos são apoiados contra o 
esqueleto axial por um estruturado 
cíngulo torácico, sendo 
extremamente modificados na sua 
extremidade. A escápula é achatada 
e em forma de haste, dirigindo-se 
lateralemente até a pelve, estando 
unida ao desenvolvido osso 
coracóide (absorve a força do 
movimento das asas) e às clavículas 
que se unem para formar a fúrcula. 
Os três ossos formam o canal 
triósseo que conduz o tendão de um 
dos músculos do voo. O úmero apre 
senta um forame pneumático, a ulna 
é mais espessa e longa que o rádio e 
os ossos do carpo são reduzidos ao 
carpo-radial e carpo-ulnar, enquanto 
que a fileira distal fusionou-se ao metacarpo, reduzindo o número de dígitos à três. Dos 
músculos do membro torácico, possui importância clínica-cirúrgica o extensor radial do 
carpo, cujo tendão pode ser seccionado com a finalidade de evitar que a ave alce voo, que 
localiza-se subcutaneamente ao propatágio (Fig. 124, prega de pele triangular que 
conjuntamente às penas é essencial para a aerodinâmica do voo, fazendo com que 
ferimentos ou lesões incapacitem a ave para o voo, estas lesões são de difícil reparação. 
A inervação do membro torácico é realizada pelo plexo braquial que se origina dos 
dois últimos segmentos cervicais e dos três primeiros torácicos para galinha e dos mesmos 
segmentos cervicais, mas somente os dois primeiros torácicos em patos e gansos. As raízes 
ventrais se unem e constituem dois cordões nervosos, um cordão dorsal (de onde surgem 
os nervos axilar e radial, sendo responsável pela inervação da musculatura extensora) e um 
cordão ventral (onde são formados os nervos medianoulnar e o tronco peitoral que dará 
origem à inervação dos músculos flexores do membro torácico e do voo) e um plexo 
secundário ou acessório (responsável pela inervação dos músculos serrátil e rombóide 
Fig. 124 Superfície ventral da dissecação superficial do membro 
tprácico esquerdo. 1 m. tríceps braquial, 2 m. bíceps braquial, 
3 v. braquial, 4 propatágio, 5 m. extensor radial do carpo e 
tendão (5’), 6 articulação cárpica, 7 rádio, 8 m. flexor ulnar do 
carpo, 9 v. ulnar cutânea, 10 pele rebatida. FONTE: Dyce KM, 
Sack WO, WENSING CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. Rio 
de Janeiro: Elsevier, 2010. 
Tópicos em Anatomia das aves 136 
profundo, e emite também ramos cutâneos para o propatágio cervical). Os nervos que se 
originam a partir do cordão nervoso dorsal não possuem artérias com trajeto satélites a 
eles, pois as estruturas vasculares do membro torácico das aves estão localizadas 
ventralmente, nos permitindo inferir que esta posição assumida pelos vasos ocorre como 
uma maneira de protegê-los contra eventuais lesões, que poderiam levar a uma 
hemorragia fatal. 
 
 
 
Fig. 125 Vista ventral do membro torácico direito de pombo. Vc corda ventral, Dc corda dorsal, A n. Axilar, R n. 
radial, MU n. medianoulnar, PT tronco peitoral, U n. ulnar, M n. mediano, n. cutâneo braquial caudal (ponta 
de seta), ramo musculocutâneo n. mediano (seta). FONTE: Franceschi RC, Souza DAS, Provenci M, Martinez-
Pereira MA. Study of innervation and vascularization of the thoracic limb of Columba livia. Braz J Vet Res Anim 
Sci 46: 507-514, 2009. 
 
Após o surgimento da aorta, no ânulo aórtico do ventrículo esquerdo, forma-se um 
arco de onde são emitidos dois vasos de calibre maior, que são os troncos braquiocefálico 
direito e esquerdo que se dividem nas artérias: subclávia, traqueal ascendente, 
esternoclavicular e carótida comum. A partir da artéria subclávia ocorre a emissão do 
tronco peitoral (artérias peitorais cranial e caudal e torácica interna); esternoclavicular; 
traqueal ascendente e axilar; a vascularização do membro torácico inicia na artéria axilar 
que se continua como artéria braquial, sendo acompanhada pelo nervo medianoulnar no 
terço proximal do membro torácico e tendo como principal ramo a artéria braquial 
profunda (artérias colaterais ulnar e radial) e dividindo-se, na região da articulação cúbita, 
em artérias radial e ulnar; ao nível do terço médio do membro torácico localizam-se as 
artérias radial e ulnar, bem como os nervos mediano e ulnar; na extremidade distal do 
Tópicos em Anatomia das aves 137 
membro torácico (ou terço distal), encontram-se posicionadas as artérias metacárpica 
ventral e digital para o dígito II, além deramos das estruturas nervosas localizadas 
anteriormente a esta região. As veias são satélites das artérias, sendo a veia braquial 
utilizada para coleta de sangue ou aplicação de medicamentos endovenosos. 
 
 
 
Fig. 126 Vista ventral da vascularização do membro torácico em pombo. AA ânulo da aorta, TBE tronco 
braquiocefálico esquerdo, SC a. subclávia, CC a. carótida comum, E esternoclavicular, t traqueal ascendente, TP 
tronco peitoral, A axilar, P a. peitoral cranial, p a. peitoral caudal, C a. cutânea lateral do tronco, co a. 
coracóide, s a. subescapular, B a. braquial, Pb a. braquial profunda, R a. radial, U a. ulnar. FONTE: Franceschi 
RC, Souza DAS, Provenci M, Martinez-Pereira MA. Study of innervation and vascularization of the thoracic limb 
of Columba livia. Braz J Vet Res Anim Sci 46: 507-514, 2009. 
 
MEMBROS PÉLVICOS 
O membro pélvico das aves tem uma construção semelhante 
à observada nos mamíferos, sendo o fêmur palpável na extremidade 
proximal, podendo ser utilizado na coleta de medula óssea e 
posicionado quase horizontalmente para que a extremidade distal 
dos membros fiquem colocados abaixo do centro de gravidade da 
ave. Existe um único osso tibiotarso, resutado da fusão da tíbia e 
ossos do tarso, associada a uma delgada fíbula. A fileira distal do 
tarso funde-se ao metatarso, constituindo o tarsometatarso e deste 
partindo os três ou quatro dígitos (já descritos no início deste 
capítulo). A face caudal da articulação intertársica abriga uma 
cartilagem társica que protege os tendões dos músculos flexores 
Fig. 127 Cartilagem tibial na galinha adulta. 1 tendão m. flexor 
digital profundo, 2 passagen dos tendões pela cartilagem, a o. 
tibiotarso, b articulação társica, c cartilagem tibial, d oo. tasso e 
metatarsopulmão. FONTE: McLelland J. A colour atlas of avian 
anatomy. Wolfe Publishing Ltd. 1990. 
Tópicos em Anatomia das aves 138 
digitais, sendo palpável o tendão do músculo gastrocnêmio, que em caso de perose 
(doença relacionada a deficiência nutricional), na qual ocorre desfiguração da cartilagem, 
os tendões são deslocados ocasinando claudicação severa. Os músculos flexores digitais 
são arranjados de forma a facilitar o empoleiramento, com menor custo energético. 
Tendões de aves de grande portem podem sofrer calcificação, sendo visível em 
radiografias. 
A inervação da região pélvica, membros pélvicos e cauda é feita pelos nervos mistos 
que constituem os plexos lombares, sacrais e pudendo. Entre os presentes nervos nestas 
regiões, o nervo isquiático é muito importante para o diagnóstico da doença de Marek, 
uma das infecções de aves mais difundidos, esta patologia provoca um inchaço dos nervos 
periféricos, a perda de massa estriada e letargia. A ligação entre o sinsacro e o osso ilíaco é 
realizada cranialmente pelos processos transversos vertebrais e do sinsacro, que são 
fundidos em uma placa 
óssea e permite a 
passagem de nervos e 
vasos sanguíneos. O 
plexo lombar é 
formado por L6-7-S1 
ligados ao plexo sacral 
(S1-6) pelo nervo 
furcado e este ao plexo 
pudendo (S9-12) pelo 
nervo bigemino. Os 
nervos do plexo 
lombar são: 
iliohipogastrico e 
ilioinguinal (para os mús 
culos ventrais do tronco), 
obturador (obturador externo e adutores músculos), cutâneo femoral (para os músculos 
sartório e ramo cutâneo na face lateral da coxa), femoral (o ramo mais grosso do plexo que 
inerva os músculos ilíaco, quadríceps femoral ou femorotibial, gracilis, e tensor da fáscia 
lata), gluteo cranial (músculos glúteos médio e profundo) e safeno (inerva a articulação 
fêmoro-tíbio-patelar). Os nervos do plexo sacral incluem: glúteo caudal (glúteo superficial e 
bíceps femoral), ramos nervosos para o bíceps femoaral, semitendinoso, 
semimembranoso, subdivisões femorais e músculos gêmeos, cutâneo femoral caudal (pele 
da superfície caudal da coxa) e isquático. O nervo isquiático constitui o maior nervo do 
plexo, originando os nervos: cutâneo crural lateral (pele da face lateral do tibiotársico, mas 
não é descrita em aves domésticas, presente apenas em avestruz), tibial (ramo terminal 
maior do isquiático, que se bifurca para formar o nervos surais medial e lateral para os 
músculos flexores da perna e dos pés, nervo tibial medial (que inerva os músculos 
gastrocnêmio e poplíteo, em seguida, continua como os parafibular e plantar medial) e do 
Fig. 128 Nervo isquiático galinha adulta. a musculatura medial da região 
femoral, b n. isquiático. FONTE: McLelland J. A colour atlas of avian anatomy. 
Wolfe Publishing Ltd. 1990. 
Tópicos em Anatomia das aves 139 
nervo fibular, que é dividido em fibular superficial (extensor digital breve II, fibular longo, 
fibular breve, extensor digital III, IV e breve) e fibular profundo (continua como nervo 
metatarsal dorsal medial e inerva o extensor longo do hálux e abdutor dígito II). O plexo 
pudendo inerva os músculos ventral da cauda, os músculos da cloaca e da pele em ambas 
as regiões. 
A vascularização dos membros pélvicos das 
aves inicia com as artérias ilíacas externa, não 
estando presente uma ilíaca comum, que separa 
os lobos cranial e médio dos rins sem emitir ramos 
renais, segue-se pelas artérias: púbica (músculos 
abdominais e peritônio), umbilical própria e 
femoral (junto a veia femoro-isquiática, que emite 
as artérias femoral cranial, femoral medial e 
circunflexa femoral). Outro artéria importante 
para o membro é a isquiática, que além de emitir 
ramos para várias visceras, emite as artérias 
obturadora, trocantérica, femoral caudal, femoral 
profunda, surais ou crurais, poplítea (que emite a 
importante artéria tibial medial), tibial cranial e 
caudal, terminando nas artérias metatarsica-
digitais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 129 Localização da v. tibial caudal em galinha. FONTE: 
McLelland J. A colour atlas of avian anatomy. Wolfe 
Publishing Ltd. 1990. 
 
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