Buscar

Morcegos do Brasil_Parte81

Prévia do material em texto

80
Morcegos do Brasil
V., 2005). Diversas outras ordens de insetos
(RIVAS-PAVA et al., 1996; LASSO & JARRÍN-V.,
2005), além de frutos (REIS & PERACCHI, 1987;
RIVAS-PAVA et al., 1996), também podem ser ex-
ploradas por essa espécie. Dados obtidos por
LASSO & JARRÍN-V. (2005) demonstraram que
a dieta de M. megalotis pode variar de um hábitat
para outro (e.g., área de pasto com fragmentos de
floresta secundária vs. floresta primária). Em área
de Mata Atlântica no sudeste do Brasil, FENTON
et al. (1999) verificaram preferência por coleópteros
sobre lepidópteros.
WILSON (1979) sugeriu que dois ciclos
reprodutivos, ambos associados às chuvas, devem
caracterizar M. megalotis. No Peru, entretanto, par-
tos foram registrados tanto na estação seca quan-
to na chuvosa (GRAHAM, 1987). Em área de ca-
atinga, WILLIG (1985) encontrou três fêmeas grá-
vidas em agosto.
No Brasil, M. megalotis tem registro ape-
nas para os biomas Amazônia e Mata Atlântica
(MARINHO-FILHO & SAZIMA, 1998). Ocorre
em áreas de mata primária (PERACCHI &
ALBUQUERQUE, 1993; REIS et al., 2000;
SAMPAIO et al., 2003) e secundária (BROSSET et
al., 1996), fragmentos florestais (BERNARD &
FENTON, 2002), pastos, pomares (HANDLEY-
JR, 1976), áreas rurais (BREDT & UIEDA, 1996) e
em meio urbano (BROSSET et al., 1996). Abriga-se
em cavernas (BREDT et al., 1999; ESBÉRARD et
al., 2005), locas de pedra (PERACCHI &
ALBUQUERQUE, 1971), ocos de árvores
(SIMMONS & VOSS, 1998; LASSO & JARRÍN-
V., 2005), cupinzeiros (PATTERSON, 1992), bueiros
e outras construções humanas (PERACCHI &
ALBUQUERQUE, 1986; ESBÉRARD et al.,
1996a). Tem sido encontrada em pequenas colôni-
as, com não mais do que dez indivíduos (BROSSET
& CHARLES-DOMINIQUE, 1990; SIMMONS &
VOSS, 1998).
Encontra-se classificada em baixo risco de
extinção (IUCN, 2006).
Micronycteris microtis Miller, 1898
Essa espécie tem como localidade-tipo
Graytown, San Juan del Norte, Nicarágua, e ocor-
re do México até a Bolívia e sudeste do Brasil, in-
cluindo a Venezuela e as Guianas (SIMMONS,
2005). No Brasil já foi registrada no AM, AP, BA,
PA, RJ e SP (MARTINS et al., 2006; PERACCHI &
NOGUEIRA, no prelo; TAVARES et al., no prelo).
Morcego de porte relativamente pequeno
dentro do gênero, com comprimento total (cabe-
ça, corpo e cauda) variando entre 54 e 65 mm,
cauda entre 10 e 17 mm, antebraço entre 32,5 e
36,6 mm e peso entre 5 e 9,3 g (SIMMONS et al.,
2002). Micronycteris microtis faz parte do grupo dos
Micronycteris de ventre escuro (ver comentários em
M. hirsuta), e é similar a M. megalotis na maioria nos
aspectos (SIMMONS, 1996; SIMMONS & VOSS,
1998; LIM & ENGSTRON, 2001; SIMMONS et
al., 2002). Ver comentários sobre essa última es-
pécie, da qual M. microtis diferencia-se, aparente-
mente, apenas pela altura dos pêlos na borda in-
terna superior das orelhas (LIM et al.,1999). A fos-
sa cutânea cefálica, citada por SIMMONS &
VOSS (1998) para M. homezi, também pode estar
presente em machos adultos de M. microtis
(OCHOA & SANCHEZ, 2005). Assim como em
M. megalotis, entretanto, em M. microtis ela também
assume forma mais triangular (NOGUEIRA &
PERACCHI, dados não publicados).
Sua dieta consiste principalmente de in-
setos, incluindo coleópteros, ortópteros,
lepidópteros (adultos e lagartas), odonatas, dípteros
e homópteros (LaVAL & LaVAL, 1980;
GIANNINI & KALKO, 2005; KALKA &
KALKO, 2006). Micronycteris microtis pode consu-
mir até 84% do seu peso em artrópodes por dia, e
provavelmente desempenha um importante papel
no controle populacional de insetos herbívoros
(KALKA & KALKO, 2006). Além dos insetos,

Continue navegando