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RELATÓRIO FRIGOALAS (FRIGORÍFICO)

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Curso de Medicina Veterinária
Elen da Gloria Alves
RELATÓRIO SOBRE A VISITA TÉCNICA AO FRIGOALAS 
Salvador
2019
Elen da Gloria Alves
RELATÓRIO SOBRE A VISITA TÉCNICA AO FRIGOALAS 
 Relatório realizado junto ao curso de 
 Medicina Veterinária com intuito de 
 obtenção de nota parcial na disciplina
 Doenças Bacterianas e Virais sob orie-
 tação da Prof. Luciane Marieta. 
Salvador
2019
Introdução
No dia 03 de Abril, foi realizada uma visita técnica ao Frigoalas envolvendo os alunos do curso de Medicina Veterinária do 4ª período da FTC – Paralela sob orientação da Prof. Luciane Marieta. Na ocasião, o Médico Veterinário Dr. Tiago Meiosa apresentou o empreendimento aos participantes, esclarecendo dúvidas e trazendo informações sobre o frigorífico.
O Frigoalas, é referência na Região, pela atividade de abate de Bovino, Caprino, Suino e Ovino, além de vários subprodutos como farinha de carne e osso, sebo e couro. Com capacidade para o abate de 1000 bois por dia, localiza-se na Estrada Narandiba na cidade de Alagoinhas-BA, em uma área de 140 hectares, sendo o terceiro frigorífico do FrigoGroup que atua há mais de 15 anos no abate de bovino na Bahia.
2.0 DESENVOLVIMENTO
Chegando ao frigorífico, fomos informados pelo Sr. Tiago que era necessário trocar nossa vestimenta com finalidade de evitar qualquer contaminação. O uso de calça, jaleco e touca e a retirada de acessórios (anéis, brincos, colares, entre outros), faz parte do protocolo. 
O espaço conta com WC masculino e feminino, incluindo chuveiros; sala de jogos; refeitório, etc.
Ao adentrar, foi realizada a higienização das mãos e das botas que eram lavadas em água corrente fria e com auxílio de um maquinário e um esfregador manual, o acessório era completamente higienizado na região externa a base de detergente líquido. Após a fricção, a bota era enxaguada em água corrente fria.
2.1 BANHO DE ARSPEÇÃO
Os bovinos seguiram por um corredor equipado com um sistema tubular de chuveiros para que eles tomem banho antes de chegar ao boxe de atordoamento. Esse banho tem o objetivo de limpar a pele do animal.
O piso do corredor é totalmente antiderrapante, porém com o excesso de água e material fecal depositado pelos animais, o piso tornou-se escorregadio. 
Notou-se o emprego de um bastão elétrico para tocar os animais (com excessão das partes mais sensíveis), causando desconforto e consequentemente agilizando a locomoção pelo corredor que se afunilava cada vez mais que se direcionava para o boxe de atordoamento, com objetivo de passar apenas um animal de cada vez. 
2.2 MANEJO DA INSENSIBILIZAÇÃO
A insensibilização é a primeira operação do abate e tem como função colocar o animal em estado de inconsciência, possibilitando que o restante do processo seja realizado com eficiência, sem que haja sofrimento do animal. O disparo foi feito no plano frontal, na interseção de duas linhas imaginárias, que vão da base do chifre até o olho do lado oposto da cabeça.
 Figura 01
No boxe de atordoamento foi observado a ausência de contenção de cabeça que iria possibilitar a limitação da movimentação dos animais, impedindo oscilações da cabeça e corpo, acomodando maior precisão nos disparos.
Durante a insensibilização, o animal cai com suas patas traseiras flexionadas sob o corpo. As patas dianteiras também podem estar debaixo do animal, mas em pouco tempo se estendem. Depois de insensibilizado, o animal não deve apresentar respiratórios rítmicos após ser atordoado e se isso acorrer, animal deverá ser atordoado novamente. Os olhos ficam fixos e não se movimentam e quando a carcaça é içada, a língua fica pendurada fora da boca.
A utilização de pistola pneumática de penetração produz laceração encefálica grave e promove inconsciência rápida, sendo considerado como um método mais eficiente para o abate em bovinos, entretanto, se seu emprego for inadequado, procedendo em mais de um disparo para levar o animal à inconsciência, há prejuízos ao bem-estar do animal, promovendo a dor e aumento no nível de estresse, o que pode acarretar queda na qualidade da carne (BERTOLONI e ANDREOLLA, 2010).
O boxe de atordoamento é de metal, contendo uma porta de entrada. O fundo tem um movimento basculante lateral e o flanco possui um movimento de guilhotina. Ambos são acionados mecanicamente em sincronia. Depois do animal insensibilizado, o mesmo é ejetado para a “área de vômito” localizada na sala de abate. 
2.3 SALA DE ABATE
Na sala de abate foram realizadas as seguintes atividades: sangria, esfola e remoção da cabeça, separação e limpeza de órgãos e vísceras, corte da carcaça, cortes e desossa.
Os animais chegam insensibilizados, são sangrados, coureados, as vísceras são retiradas e são feitos os cortes das meias carcaças. Cada parte tem um destino final diferente. As etapas do processo de trabalho executado na sala de abate demonstram a complexidade existente. Os operários se distribuem em diversos posicionamentos e funções dentro da sala de abate, desde a condução os animais até a seção de cortes, divisão e subdivisão das carcaças. Alguns trabalham em plataformas, outros no chão, ao longo da linha de abate.
2.3.1 SANGRIA
Após o animal ter sido insensibilizado e içado, o mesmo percorreu imediatamente para a canaleta de sangria, que ocorre apenas por alguns segundos. 
A sangria foi feita por um corte no pescoço até a altura da entrada do peito. A operação é feita com o animal suspenso num trilho aéreo sobre a canaleta da sangria, que é feita com um material totalmente impermeável. 
Foi observado a passagem de corrente elétrica para a carcaça com intuito de melhorar a maciez e a qualidade da carne. 
2.3.2 ESFOLA
A esfola é realizada com o bovino suspenso no trilho que evidencia vantagens do ponto de vista higiênico-sanitário e tecnológico.
Nessa operação pôde ser observado a retirada dos chifres e das patas dianteiras para aproveitamento do mocotó, abertura da barbela ao mento, incisão longitudinal da pele do peito até o ânus e corte das patas traseiras. Ainda nessa fase, retiram o couro e a cabeça. 
Foi dada uma atenção especial na retirada do couro tomando cuidado com contaminação entre o couro e a carne pelas mãos e facas. Na mão em que a faca é manuseada, foi observado a ausência de luva, que, segundo o responsável técnico Sr. Tiago, seria um propósito para gerar um possível incômodo no funcionário e assim ocasionar a frequente lavagem de mãos. 
Após a pele ser separada das extremidades manualmente, uma máquina, através de um gancho, finalizou o procedimento retirando toda a pele mecanicamente.
O esôfago foi obstruído por uma espécie de “saca-rolhas”. O rabo, o útero ou os testículos foram removidos e posteriormente a cabeça retirada, lavada para ser inspecionada e para certificar-se da higiene das partes comestíveis.
2.3.4 EVISCERAÇÃO
As carcaças foram abertas com serra elétrica e as vísceras retiradas sendo colocadas em bandejas para inspeção. As carcaças foram encaminhadas para a balança, logo após a lavagem e em seguida enviadas para a câmara fria. 
2.3.5 REFRIGERAÇÃO
As carcaças divididas ao meio foram refrigeradas para diminuir o desenvolvimento microbiano. Foram resfriadas em câmaras frias com temperatura 4°C, e logo após eram encaminhadas para outro ambiente com temperatura interna-7°.
2.4 CORTES E DESOSSAS
Nesta etapa ocorreu o corte e a desossa das carcaças resfriadas, tendo duas finalidades: serem divididas em porções menores para comercialização ou serem processadas para produtos derivados. Percebeu-se o cuidado durante os cortes e desossas com o tempo e temperatura de esterilização, frequência de troca de facas, higiene dos funcionários, uso de luvas e higienização e várias medidas de controle para evitar qualquer maneira de contaminação. 
2.5 ETAPA ANTE MORTEM E PÓS MORTEM
A inspeção ante mortem é feita na chegada do animal no frigorífico, onde é verificado se o animal é portador de alguma doença infectocontagiosa, bem como se apresentam fraturas e luxações. No caso de ser detectada alguma anormalidade, o animal é separado ficando em observação. Após o período de observação, dependendo da enfermidade e caso o animal apresente melhora, ele pode ser abatido normalmente, caso contrário, o animal é abatido no abatedouro sanitário, sendo destinado a subprodutos.
A inspeção pós mortem é a verificação da presença de alguma enfermidade nas carcaças e nos órgãos dos animais. A detecção das doenças é feita por meio de análises visuais, o tipo de enfermidade é reconhecida através da sintomatologia apresentada nos órgãos e carcaças.
2.6 PATOGENIA
Durante a visita, tivemos contato com órgãos que apresentaram patologias. Relatou-se que a presença de patologias (brucelose, tuberculose, câncer, cisticercose, pericardite, entre outras) são comuns no cotidiano do abate.
2.7 GRAXARIA
Na graxaria foi coletado e reciclado os restos dos animais condenados. E por ser um material rico em proteínas e minerais, esses restos foram empregados na produção de óleo bem como as farinhas que são utilizadas como ração animal. Segundo Sr. Tiago, prevendo a doença da vaca louca, não é recomendável que o bovino se alimente das rações provenientes da graxaria.

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