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MICROECONOMIA Conselho Editorial EAD Dóris Cristina Gedrat (coordenadora) Mara Lúcia Machado José Édil de Lima Alves Astomiro Romais Andrea Eick Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal. ISBN: 978‐85‐7838‐091‐5 Edição Revisada APRESENTAÇÃO Este livro apresenta os principais tópicos da disciplina de Microeco‐ nomia I, oferecida para os cursos de Economia, Administração e Ciên‐ cias Contábeis. Serão enfatizados nesta obra conteúdos de interesse para os que atuam nas áreas especificadas e em empresas. No primeiro capítulo, realizaremos uma revisão dos conceitos básicos de microeconomia. Inicialmente, discutiremos a origem da economia, depois, analisaremos a organização e o sistema econômico, as frontei‐ ras de produção e as diferenças entre o estudo da micro e da macroe‐ conomia e, por fim, verificaremos a importância de se estudar microe‐ conomia e a definição dos mercados. No segundo capítulo, abordaremos a demanda e a oferta de mercado, especificando todos os seus determinantes, até gerar as suas curvas de mercado. No terceiro capítulo, faremos a análise do equilíbrio de mercado, traba‐ lhando a demanda e a oferta em conjunto. Buscaremos entender o comportamento do consumidor no quarto capítulo. Nesse momento, é relevante mapear os gostos e as necessida‐ des dos consumidores para saber como eles atingem o maior grau de satisfação. No quinto capítulo, apresentaremos as elasticidades, que são definidas como uma medida de sensibilidade que tem como objetivo aprofundar a análise dos movimentos dos preços e seus efeitos no mercado, tanto no que se refere à demanda como à oferta. Abordaremos, no sexto capítulo, a teoria da produção no curto prazo, que se refere ao lado da oferta de mercado. Demonstraremos, também, como os produtores se comportam nos mercados e como otimizar a produção de acordo com determinadas variáveis. 6 No sétimo capítulo, veremos a teoria da produção no longo prazo e, no capítulo seguinte, discutiremos os custos de produção no curto prazo. O objetivo é entendermos como se comportam os custos na produção. No penúltimo capítulo, analisaremos os custos de produção no longo prazo. E, no último, finalmente estudaremos as estruturas dos seguin‐ tes mercados: competitivo, monopólio e oligopólio. Nesse cenário, e por considerar o fato de que em alguns mercados a hipótese de compe‐ tição perfeita pode não ser a melhor, consideramos que seja importante um estudo de decisão em mercados não competitivos, nos quais mo‐ nopólio e oligopólio formam o mesmo núcleo. SOBRE O AUTOR Jacqueline A. H. Haffner Jacqueline A. H. Haffner, natural de Santiago, Chile, é bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Católica de Campinas – PUC‐ CAMP (1989), especialista em Finanças pela Universidade Católica de Porto Alegre – PUCRS (1992), doutora em História Econômica pela mesma instituição e pós‐doutora em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (2001), universidade na qual trabalhou entre 2000‐2002. É Professora da Universidade Luterana do Brasil – Ulbra, desde 2003, atuando nos cursos de Ciências Econômi‐ cas, Administração e Ciências Contábeis nas disciplinas de Microeco‐ nomia, Introdução à Economia e Economia Brasileira. E nos cursos de Pós‐Graduação da área. SUMÁRIO 1 CONCEITOS BÁSICOS DE MICROECONOMIA .................................................... 13 1.1 Origem da economia ............................................................................... 13 1.2 Fronteiras de produção ........................................................................... 15 1.3 O que é microeconomia? ......................................................................... 16 1.4 O que é macroeconomia? ........................................................................ 18 1.5 Limitações da teoria microeconômica ...................................................... 20 1.6 Por que estudar microeconomia? ............................................................. 21 1.7 O que é um mercado? .............................................................................. 22 ( . ) Ponto Final ............................................................................................. 24 Atividades .................................................................................................... 25 2 DEMANDA E OFERTA DE MERCADO ................................................................. 27 2.1 Demanda ................................................................................................ 27 2.2 Oferta ..................................................................................................... 34 ( . ) Ponto Final ............................................................................................. 38 Atividades .................................................................................................... 39 3 EQUILÍBRIO DE MERCADO .............................................................................. 42 3.1 Oferta e demanda em conjunto ................................................................ 42 ( . ) Ponto Final ............................................................................................. 47 Atividades .................................................................................................... 48 4 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ............................................................. 50 10 4.1 Teoria do comportamento do consumidor ................................................. 50 4.2 Restrições orçamentárias: o que o consumidor pode gastar ...................... 58 ( . ) Ponto Final ............................................................................................. 67 Atividades .................................................................................................... 68 5 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR – ELASTICIDADES .................................. 69 5.1 Elasticidades da oferta e da demanda ...................................................... 70 5.2 Elasticidades da demanda ....................................................................... 70 5.3 Receita total e elasticidade-preço da demanda ........................................ 76 5.4 Outras elasticidades da demanda ............................................................ 77 5.5 A elasticidade-preço da oferta ................................................................. 78 5.6 Elasticidades no curto e no longo prazo .................................................... 80 ( . ) Ponto Final ............................................................................................. 84 Atividades .................................................................................................... 84 6 TEORIA DA PRODUÇÃO NO CURTO PRAZO ........................................................ 86 6.1 Tecnologia de produção ........................................................................... 87 6.2 Análise da teoria da produção no curto prazo ............................................ 89 6.3 Produto total, médio e produto marginal .................................................. 91 6.4 Rendimentos de escala no curto prazo ..................................................... 93 ( . ) Ponto final .............................................................................................. 94 Atividades ....................................................................................................95 7 TEORIA DA PRODUÇÃO NO LONGO PRAZO ....................................................... 96 7.1 Isoquanta ............................................................................................... 96 7.2 Isocustos ................................................................................................ 98 7.3 Taxa marginal de substituição técnica (TMST) ........................................ 100 7.4 Rendimentos de escala no longo prazo ................................................... 101 ( . ) Ponto final ............................................................................................ 104 Atividades .................................................................................................. 105 11 8 CUSTOS DE PRODUÇÃO NO CURTO PRAZO .................................................... 106 8.1 O que é custo de produção no curto prazo? ............................................. 106 8.2 Custo total ............................................................................................ 108 8.3 Custo marginal (CMG) ........................................................................... 111 8.4 Outros custos de produção .................................................................... 111 ( . ) Ponto final ............................................................................................ 114 Atividades .................................................................................................. 115 9 CUSTOS DE PRODUÇÃO NO LONGO PRAZO .................................................... 117 9.1 O que é custo de produção no longo prazo? ............................................ 117 9.2 Economias e deseconomias de escala .................................................... 119 ( . ) Ponto final ............................................................................................ 122 Atividades .................................................................................................. 123 10 ESTRUTURAS DE MERCADO ........................................................................ 125 10.1 Mercados competitivos ....................................................................... 125 10.2 Monopólio .......................................................................................... 127 10.3 Oligopólio ........................................................................................... 129 ( . ) Ponto final ............................................................................................ 130 Atividades .................................................................................................. 131 REFERÊNCIAS NUMERADAS ............................................................................ 133 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 134 GABARITO ...................................................................................................... 135 1 CONCEITOS BÁSICOS DE MICROECONOMIA Jacqueline A. H. Haffner Economia é uma ciência social que estuda o modo como os indivíduos e a sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos na produ‐ ção de bens e serviços, de modo a distribuí‐los entre os grupos da sociedade, com a finalidade de satisfazer às necessidades humanas. A economia repousa sobre os atos humanos e é por excelência uma ciência social. Segundo Pinho e Vasconcellos, citados por Dias e Silva: “Apesar de a tendência atual ser a de se obter resultados cada vez mais precisos para os fenômenos econômicos, é quase impossível se fazer análises puramente frias e numéricas, isolando as complexas reações do homem no contexto das atividades econômicas”1. Neste capítulo, será feita uma introdução ao estudo da economia e da sua origem. Também será apresentada a diferenciação entre macro e microeconomia, além de serem analisados outros conceitos gerais do estudo da microeconomia. 1.1 Origem da economia O termo economia deriva do nome grego oikonomía, que significa “aque‐ le que administra o lar”. A economia trabalha com dois problemas fundamentais, os quais estão relacionados com as necessidades humanas: ilimitadas/infinitas versus os recursos produtivos (fatores de produçãoa – limitados e finitos). a. Recursos naturais, mão‐de‐obra, capital.a Dessa forma, podemos entender que o problema econômico se relacio‐ na com a escassez e a natureza limitada dos recursos da sociedade, ou seja, com a restrição física dos recursos existentes na natureza. a Recursos naturais, mão‐de‐obra, capital. 14 Para resolver os problemas econômicos fundamentais, devemos res‐ ponder a três questões essenciais, que estão diretamente relacionadas com a escassez dos recursos disponíveis na natureza, as quais serão analisadas a seguir. a. O QUE e QUANTO produzir? A resposta está relacionada com as escolhas da sociedade. Devem‐se produzir mais bens de consumo ou bens de capital? Mas quanto? Na verdade, deve‐se produzir até satisfazer às necessidades e aos desejos dos consumidores. b. Como produzir? Esta é uma resposta à questão de eficiência produtiva. Deve‐se utilizar mais capital ou mais mão‐de‐obra intensiva na produção? Pode ser produzido o mesmo produto com combinações diferentes de fatoresb? c. Para quem produzir? Como será a distribuição de renda gerada pela atividade econômica? Quais os setores beneficiados? O sistema econômico e a organização econômica É a forma como a sociedade se organiza para exercer as atividades econômicas, que são: produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços. Existem dois tipos de organização: economia de mercado e economia planificada. b No caso da produção de vinho, pode ser utilizada muita mão‐de‐obra ou muito capital. 15 A economia de mercado está representada a seguir na Figura 1.1. Figura 1.1 – Economia de mercado A economia planificada está representada a seguir na Figura 1.2. Figura 1.2 – Economia planificada ou centralizada 1.2 Fronteiras de produção Dada a escassez de recursos na economia, devemos trabalhar com a fronteira de produção, que é uma representação gráfica da curva de possibilidades de produção que considera os recursos produtivos limitados na economia. Essa curva, apresentada na figura a seguir, mostra as alternativas de produção da sociedade, levando em conta a suposição de que os recursos estão plenamente empregados. 16 Figura 1.3 – Fronteiras de produção Fonte: VASCONCELLOS, 2001. A figura anterior apresenta informações sobre dois tipos de bens que utilizam plenamente os fatores de produção. A curva representa todas as combinações de produção possíveis para produzir um bem x e um bem y. Assim, cada combinação de X e Y significa uma possibilidade de utilização ótima dos fatores produtivos. 1.3 O que é microeconomia? É a área da teoria econômica que estuda o funcionamento do mercado de um determinado produto ou grupo de produtos, ou seja, analisa o comportamento – de um lado, dos compradores (consumidores) e, de outro, dos vendedores (produtores) – de tais bens. A microeconomia também estuda o comportamento de consumidores e produtores e o mercado no qual interagem. Preocupa‐se, ainda, com a determinação dos preços e com as quantidades necessárias aos mer‐ cados específicos. Podemos entender que a microeconomia tem como foco o modo como as escolhas são feitas em nível individual, sob condições de escassez. Existem dois aspectos importantes aserem discutidos aqui: se não houvesse escassez econômica, não haveria necessidade de fazer esco‐ lhas, pois poderíamos ter tudo que desejássemos. O outro ponto a ser percebido é que escolha subentende alternativas. 17 A microeconomia trata do comportamento das unidades econômicas individuais dos consumidores; trabalhadores; investidores; proprietários da terra; empresas. Além disso, enfoca como escolher o que comprar e o que trará maior satisfação a esses grupos de consumidores. A microeconomia explica, ainda como são tomadas as decisões econômicas de compra; como a renda e os preços influenciam nas decisões; o que determina o número de trabalhadores que serão contratados e onde eles decidem trabalhar. A microeconomia estuda como as unidades econômicas (empresas) interagem para formar unidades maiores – mercados e indústrias, levando em conta o ponto de vista dos mercados: como os produtores e consumido‐ res interagem nos diferentes mercados no que se refere a preços, investimentos e quantidades; o ponto de vista das indústrias: como as indústrias e os mercados se desenvolvem. Por meio de estudos entre as empresas e os seus consumidores, podem ser definidas as diferenças entre as indústrias, a influência das políticas governamentais e as condições da economia global. 18 1.4 O que é macroeconomia? É a área da teoria econômica que estuda as quantidades econômicas agregadas, tais como a magnitude e a taxa de crescimento econômico, dos juros, do desemprego e da inflação. Trata da evolução da economia como um todo, analisando a determi‐ nação e o comportamento dos agregados econômicos, ou seja, é o estu‐ do dos fenômenos que englobam a economia como um todo. Os prin‐ cipais agregados são: Renda Emprego Produto nacional Desemprego Investimento Estoque de moeda Poupança Taxa de juros Consumo Balanço de pagamentos Nível geral de preços Taxa de câmbio O foco principal dessa análise é estabelecer relações entre os agregados e propiciar a melhor compreensão das interações entre eles. Dessa forma, coloca em segundo plano o comportamento das unidades eco‐ nômicas individuais. Atualmente, podemos entender que as diferenças entre microeconomia e macroeconomia são cada vez menores, pois esta última também estuda mercados de bens e serviços, mão‐de‐obra e títulos de empre‐ sas. 19 Mas, para entender os diferentes mercados macroeconômicos, é neces‐ sário também entender o comportamento das empresas, dos consumi‐ dores, dos trabalhadores e dos investidores que compõem os diferen‐ tes mercados. Dessa forma, a macro e a microeconomia interagem na economia como um todo, sendo uma dependente da outra. Dentro da análise econômi‐ ca, pode‐se dizer, ainda, que a microeconomia é a base da macroeco‐ nomia. A Figura 1.4 a seguir apresenta as interações antes citadas – a micro e a macroeconomia fazem parte da economia como um todo e interagem entre si. Figura 1.4 – Diagrama da economia A economia também faz parte de outras áreas do conhecimento que estão interligadas com as ciências econômicas, como veremos na Figu‐ ra 1.5, a seguir. As principais são a política, a história, a geografia e a demografia. 20 Figura 1.5 – Inter-relação entre a economia e as outras ciências Fonte: Adaptado de VASCONCELLOS, 2001. Sendo assim, entendemos que há uma grande dificuldade de fazer uma análise econômica que não envolva as outras áreas das ciências sociais, o que resulta na impossibilidade de separar os acontecimentos econômicos do extra‐econômicos. 1.5 Limitações da teoria microeconômica A teoria microeconômica está baseada em explicações e previsões de certos fenômenos econômicos que precisam ser estudados. Uma teoria é desenvolvida para explicar fenômenos observados num conjunto de regras básicas e premissas. Dessa forma, a teoria microeconômica co‐ meça com premissas que vão sendo levantadas com base nos modelos que são construídos, os quais nada mais são que a representação ma‐ temática de uma teoria usada para fazer previsões. A limitação teórica está em que nenhuma teoria, seja em economia, química ou em qualquer outra ciência, é perfeitamente correta. Por exemplo, as empresas tentam, o tempo todo, obter o máximo de lucro possível, mas o que vemos na realidade é que elas não maximizam os seus lucros o tempo todo, mesmo sendo esse seu objetivo principal. A teoria microeconômica estuda os acontecimentos relacionados ao comportamento, ao crescimento e à evolução de empresas e indústrias, em que testar e aperfeiçoar as teorias é fundamental para validar os modelos que foram propostos como fundamento para premissas bási‐ cas e limitadas. 21 Análise positiva e normativa A teoria microeconômica é desenvolvida como base em testes para explicar fenômenos específicos e, assim, realizar previsões, para as quais são utilizadas as questões positivas e as normativas. As QUESTÕES POSITIVAS estão relacionadas com as explicações e previsões voltadas a certo fenômeno. Para podermos planejar o futuro, precisamos da análise positiva, pois com ela avaliamos quantitativa‐ mente os resultados futuros das previsões que foram realizadas. Por exemplo: Qual será o impacto de uma cota de importação para os calçados estrangeiros? Qual será o impacto de um aumento no imposto do arroz? As questões positivas tentam, desse modo, ver o mundo como ele é (descritivas). As QUESTÕES NORMATIVAS indicam como o mundo deve ou deve‐ ria ser (prescritivas). Uma análise normativa utiliza‐se de julgamentos de valor. Por exemplo: devemos permitir a fusão de duas firmas? ou Será que as drogas devem ser proibidas? Normalmente, antes de res‐ ponder a questões normativas, é importante ter as respostas das análi‐ ses descritivas. As questões normativas se relacionam com as respostas sobre o que será melhor, qual a opção entre A e B, ou N situações. O que seria melhor para a empresa? Para o país? Considera o dilema entre equidade e eficiência na escolha entre um aumento no imposto dos calçados e a imposição de restrições à importação de calçado es‐ trangeiro. A análise normativa envolve um plano de ação específico, além do quantitativo, e envolve julgamento de valorc. 1.6 Por que estudar microeconomia? A microeconomia é utilizada para entender as escolhas dos consumi‐ dores (o que comprar) e dos produtores (o que produzir). Para lançar um novo produto no mercado, a empresa deve, inicialmen‐ te, fazer uma pesquisa para saber como os consumidores vão respon‐ der a ele e a partir daí começar a planejar toda a estratégia de produ‐ ção. Podemos exemplificar esse processo através da tomada de decisão de uma empresa de carros. Digamos que a Honda pretende colocar um novo modelo no mercado: o Honda Civic Automático. Nesse caso, faria uma análise que contemplaria as seguintes variáveis: c A maioria dos julgamentos de valor envolvidos nas decisões de política econômica se resume à seguinte ponderação: “equidade versus eficiência econômica” (PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 6). 22 a. aceitação do consumidor e demanda do novo modelo; b. custos de produção; c. estratégia de preços; d. análise de riscos; e. decisões organizacionais; f. regulamentação governamental. Somente depois de analisar todas essas variáveis é que a empresa conseguiria avaliar se o novo modelo de carro seria viável e quais as possibilidades de esse novo produto ter sucesso. 1.7 O que é um mercado? Um mercado é um campo definido nateoria em que compradores e vendedores interagem e determinam o preço de um produto ou de um conjunto de produtos. Podemos, assim, dizer que compradores e con‐ sumidores interagem, originando os mercados. Os parâmetros do mercado devem ser determinados antes que ele possa ser analisado. É necessário conhecer o mercado antes de entrar nele. Quais compradores e vendedores devem ser incluídos em um determinado mercado? Para responder a essa pergunta, devemos definir os limites dos merca‐ dos, tanto em termos geográficos como de gama de produtos. O profundo conhecimento do mercado é fundamental porque ele re‐ presenta mais que uma indústria; está no centro da atividade econômi‐ ca. Entendendo os mercados, podemos saber por que um número reduzi‐ do de empresas concorre entre si em alguns mercados, enquanto em outros há um grande número de concorrentes. Mercados competitivos versus mercados não competitivos Um mercado competitivo possui muitos compradores e vendedores. Nesse modelo, nem comprador, nem vendedor pode influenciar indi‐ vidualmente nos preços. Em um mercado perfeitamente competitivo, o 23 preço de mercado geralmente prevalecerá. Este, para a maioria das mercadorias, flutua ao longo do tempo e, no caso de muitas mercado‐ rias, tais flutuações podem ser rápidas. Essa afirmação se aplica prin‐ cipalmente aos mercados competitivos, os quais estabelecem um único preço. O ouro, cujas cotações são facilmente encontradas no jornal, é um exemplo. Um mercado não competitivo pode ser aquele com muitos produtores, os quais, em conjunto, afetam o preço do produto no mercado. Eles podem estabelecer vários preços para o mesmo produto. Um exemplo são as marcas de óleo de cozinha, que podem vender o mesmo produ‐ to de diferentes marcas, com preços diferentes no mesmo supermerca‐ do. Preços reais versus preços nominais Para saber o valor real dos preços, devemos fazer a correção em rela‐ ção à inflação. Isso é necessário sempre que compararmos preços no decorrer do tempo; se isso não for feito, podemos incorrer num erro de avaliação quanto aos valores que estão sendo comparados. Dessa for‐ ma, os efeitos da inflação devem ser eliminados e os preços medidos em termos reais e não em preços nominais. Em termos absolutos, um carro é mais caro hoje que há quatro anos, mas, se o preço dele for comparado aos preços de hoje, o seu valor real será muito mais baixo. Isso significa medir os preços em termos reais e não em termos NO‐ MINAIS. O preço nominal de uma mercadoria é o seu preço em moeda corrente, é o seu preço absoluto, é o valor de uma mercadoria ou servi‐ ço no momento de sua venda. O preço real de uma mercadoria é preço em moeda constante, ou seja, é o preço de uma medida agregada dos preços. Cálculo dos preços reais: A análise de preços é importante porque o consumidor deve ter conhe‐ cimento dos preços reais para tomar as suas decisões. Os preços relati‐ vos são mais facilmente avaliados se tivermos um padrão para realizar uma análise comparativa. 24 ( . ) Ponto Final Neste capítulo, foram abordados conceitos básicos de economia e mi‐ croeconomia. Entendemos que a ciência econômica existe exclusiva‐ mente em função de os recursos serem escassos. Por escassez enten‐ demos o fato de que não existem insumos suficientes para a produção de todos os bens e serviços desejados pelas pessoas. Foram aqui apresentados tópicos relacionados à importância do estudo da economia; à origem da economia; ao(s) estudo(s) sobre como é a tomada de decisão por parte de consumidores e compradores; à forma como a microeconomia valida as suas teorias; à análise positiva e normativa; ao que é um mercado e os tipos de mercados: competitivos; e não competitivos; aos preços de mercado e os efeitos da inflação nesses preços (pre‐ ços reais e nominais). Indicações culturais Manki w, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo: Pioneira Thom‐ son Learning, 2006. Pindyck , R. S.; Rubinfeld , D. L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pear‐ son Prentice Hall, 2006. No capítulo 2 da obra de Mankiw (2006), e no primeiro capítulo da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá saber mais sobre o assunto proposto neste capítulo. 25 Atividades 1. Conforme Mankiw (2006, p. 33), por que a economia é considerada uma ciência? 2. Por que, conforme Mankiw (2006, p. 33), os economistas formulam hipóteses? 3. Segundo Mankiw (2006), um modelo econômico deveria descrever exatamente a realidade? 4. Explique o problema fundamental com o qual a economia se preo‐ cupa, segundo Vasconcellos (2001). 5. Diferencie, segundo Mankiw (2006), a análise positiva da normativa. 6. Suponha que o iene japonês suba em relação ao dólar norte‐ americano, isto é, que de agora em diante seriam necessários mais dólares para adquirir uma determinada quantidade de ienes japoneses. Explique por que tal fato simultaneamente aumentaria o preço real de automóveis japoneses para consumidores norte‐americanos e reduziria o preço real de automóveis norte‐americanos para consumidores japo‐ neses (PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 17). 7. A tabela seguinte mostra o preço médio da venda da manteiga e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), de 1980 a 2001 (VASCONCEL‐ LOS, 2001). Ano 1980 1985 1990 1995 2000 2001 IPC 100 130,58 158,56 184,95 208,98 214,93 Preço da manteiga (com sal, qualidade AA, por libra) $ 1,88 $ 2,12 $ 1,99 $ 1,61 $ 2,52 $ 3,30 Fonte: BUREAU OF LABOR STATISTICS, 2008. a. Calcule o preço real da manteiga, em dólares, na década de 1980. O preço real da manteiga aumentou, diminuiu ou permaneceu estável desde 1980? 26 Preço real da manteiga no ano: b. Qual foi a variação percentual do preço real da manteiga (em dóla‐ res de 1980) entre 1980 e 2001? c. Converta o IPC para 1990 = 100 e determine o preço real da manteiga em dólares de 1990. d. Qual foi a variação percentual do preço real da manteiga (em dóla‐ res de 1990) entre 1980 e 2001? Compare esse resultado com o obtido na resposta do item b. A que conclusões você pode chegar? Explique. 2 DEMANDA E OFERTA DE MERCADO Jacqueline A. H. Haffner Neste capítulo, vamos estudar como funcionam os mercados. Verifica‐ remos, aqui, que a oferta e a demanda são as forças que movimentam as economias de mercado. Conhecendo a teoria da oferta e da demanda, poderemos entender como esses dois movimentos do mercado determinam a quantidade produzida de cada bem e o preço pelo qual será vendido. É muito importante saber como funciona a oferta e a demanda de mercado, para poder planejar a política econômica do governo e os efeitos das políticas públicas na economia, já que a oferta e a demanda nos apresentam informações de como o comportamento das pessoas interferem nos mercados e de como interagem com ele. Quando chove muito no verão, o preço das diárias nos hotéis cai em todo país. Quando esquenta muito no verão, as diárias dos hotéis au‐ mentam substancialmente. O que esses acontecimentos nos apresen‐ tam? São efetivamente exemplos da ação da oferta e da demanda. 2.1 Demanda A demanda estuda o comportamento dos consumidores. A curva da demanda mostra informações sobre a quantidade de uma mercadoria que os consumidores estão dispostos a comprar por dado preço unitá‐ rio, considerando‐se constantes outros fatores que não o preço. A equação que mostra a relação entre preço e quantidade pode ser assim apresentada: 28 A representação gráfica da curva da demanda se dá colocando no eixo vertical o preço e no eixo horizontal a quantidade,como apresentado a seguir na Figura 2.1: Figura 2.1 – A curva da demanda Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. O determinante do consumo é a renda individual dos consumidores. A curva da demanda tem inclinação negativa, confirmando que eles estão dispostos a comprar sempre maiores quantidades a um preço menor, posto que, à medida que o produto se torna mais barato e a renda real do consumidor aumenta, o consumo aumenta. Exemplo: Demanda por suco de laranja. a. Se o preço do suco de laranja aumentar R$ 0,70 a unidade, você compraria menos suco de laranja. b. Você poderia substituí‐lo por suco de limão. c. Se o preço caísse R$ 0,30 a unidade, você compraria mais suco de laranja. 29 Dessa forma, podemos afirmar que a quantidade demandada cai, quando aumenta o preço, se eleva, quando o preço cai. Essa é uma relação aplicável à maioria dos bens, isto é, o fato de a curva de de‐ manda relacionar‐se negativamente com o preço. Esta é traçada man‐ tendo muitas variáveis constantes e se inclina para baixo porque, coete‐ risparibus, preços menores indicam uma maior quantidade demanda‐ da. Expandindo esse conceito, a demanda, ou procura (que pode ser re‐ presentada por uma tabela numérica, um gráfico ou uma função ma‐ temática), é definida como as várias quantidades voluntariamente compradas por período de tempo a cada um dos vários possíveis pre‐ ços de um produto. Um esquema ou lista de compras seria um exem‐ plo que tem como base a lei da demanda, a qual estabelece que, quan‐ do o preço de um produto ou serviço aumenta, menores quantidades do produto/serviço serão compradas e vice‐versa. Isso pode ser obser‐ vado na Tabela 2.1 a seguir. Tabela 2.1 – Demanda por feijão PREÇO DO FEIJÃO (R$/KG) QUANTIDADE COMPRADA (1.000 KG/ANO) 1,75 6,62 1,50 12,50 1,25 18,75 1,00 25,00 0,75 31,25 0,50 37,50 0,25 43,75 Na Tabela 2.1, ao preço de R$ 1,75, somente 6,62 milhões de quilos são comprados anualmente pelos consumidores. Se o preço cai para R$ 1,00, as compras anuais aumentam para 25 milhões de quilos. A rela‐ ção inversa entre o preço do feijão e a quantidade comprada baseia‐se no conceito de “utilidade marginal decrescente”. O termo marginal significa “adicional ou sucessivo” e o conceito de utilidade é satisfação 30 que um bem ou serviço proporciona. O conceito de utilidade marginal decrescente também se refere à ideia de que a cada unidade de um bem, consumida sucessivamente pelo consumidor, adiciona menos à sua total satisfação que a unidade anteriormente consumida. Esse fenômeno é aparente, não importando qual seja o bem ou serviço em questão. Por exemplo: peças de sapatos, copos de suco, quilos de arroz etc. A Figura 2.2, a seguir, mostra como os dados apresentados na tabela anterior (Tabela 2.1) podem ser representados graficamente. Figura 2.2 – A curva da demanda A lei da demanda afirma que, tudo o mais mantido constante, a quan‐ tidade demandada de um bem aumenta quando o preço do bem dimi‐ nui. Outros fatores que influenciam a demanda Além dos preços, existem outros fatores que influenciam a demanda. São eles: Renda: está diretamente relacionada com o consumo. De acordo com as variações na renda, podemos ter dois tipos de resultados – o consumo pode diminuir ou aumentar, como podemos observar nos itens a seguir. 31 a. Um aumento na quantidade demandada e, consequentemente, um aumento no consumo desse bem, provocados pelo aumento da renda do(s) consumidor(es), se demais fatores se mantiveram constantes, é denominado de bem normal. b. Se, quando a renda aumenta, somente ela, e todos os demais fatores se mantêm constantes, a quantidade demandada diminui, e o consumo do bem diminui é denominado bem inferior. Preços dos bens substitutos e complementares influenciam dire‐ tamente no consumo, como explicado a seguir. a. Bens substitutos: dois bens para os quais, tudo o mais mantido cons‐ tante, um aumento no preço de um deles aumenta a demanda pelo outro. O objetivo final do consumidor é a satisfação pessoal. Se existe um produto semelhante ao que gostaria de consumir, ele irá substituí‐ lo rapidamente. Um exemplo é a substituição da manteiga pela marga‐ rina, caso ocorra aumento de preço da manteiga. b. Bens complementares: são aqueles cujo aumento no preço de um dos bens leva a uma redução na demanda. É o consumo realizado em conjunto, como no caso do café com leite, em que o aumento do preço de um dos produtos leva à queda no consumo do outro. Gostos e expectativas dos consumidores também influenciam o con‐ sumo. Por meio das propagandas, as preferências podem ser manipu‐ ladas, as campanhas vinculadas na mídia podem ser um incentivo para o consumo ou podem levar a uma redução na demanda de um deter‐ minado bem. A função geral da demanda pode ser representada: em que qdi = quantidade procurada (demandada) do bem i pi = preço do bem i ps = preço dos bens substitutos ou concorrentes pc = preço dos bens complementares 32 R = renda do consumidor G = gostos, hábitos e preferências do consumidor Demanda individual e demanda de mercado O esquema de demanda apresenta a relação entre o preço de um bem e a quantidade que é demandada. A curva de demanda individual mostra como um preço menor aumen‐ ta a quantidade demandada (a curva de demanda se inclina para bai‐ xo). É a representação gráfica do consumo individual dos consumido‐ res. A demanda de mercado apresenta um somatório de todas as deman‐ das individuais por um dado bem ou serviço. A curva de demanda de mercado é obtida somando‐se, na horizontal, as curvas de demanda individuais. Observe. Deslocamento da curva de demanda As mudanças no consumo fazem com que a curva de demanda se desloque. Um aumento na quantidade demandada a um preço dado desloca essa curva para a direita. Por outro lado, qualquer mudança que diminua a quantidade que os compradores desejam comprar a um dado preço desloca a curva de demanda para a esquerda. Podemos entender, dessa forma, que os movimentos da curva de de‐ manda apresentam dados sobre o que acontece com a quantidade demandada de um bem quando seu preço varia mantidos constantes todos os outros determinantes da demanda. É importante ressaltar que, quando um determinante da demanda muda, a curva de deman‐ da se desloca para a esquerda ou para a direita de acordo com o con‐ sumo. 33 A seguir, a Figura 2.3 é apresentado o movimento da curva de deman‐ da, considerando um aumento de consumo de sorvete. Figura 2.3 – Aumento de demanda Se há um aumento no consumo de sorvete, devido ao clima, com au‐ mento da temperatura, por exemplo, a curva de demanda irá se deslo‐ car para a direita. Se acontecesse o contrário, uma diminuição do con‐ sumo, por causa de uma queda na temperatura, a curva de demanda se deslocaria para a esquerda. A seguir, a Figura 2.4 apresenta os deslocamentos da curva de deman‐ da. Figura 2.4 – Aumento e diminuição da demanda 34 Na teoria da demanda, temos um caso diferente no consumo, que foge ao que apresentamos até aqui: são os chamados bens de Giffen. À medi‐ da que a renda dos consumidores se eleva, há uma redução relativa dos preços que teoricamente deveriam levar a um aumento na procu‐ ra, mas nessa situação acontece o contrário. Dessa forma, os bens de Giffen seriam uma exceção dentro da teoria do consumidor. Um exemplo apresentado por Vasconcellos2 relata a seguinte situação em relação aos bens de Giffen em uma comunidade inglesa muito pobre. Ocorreu uma queda no preço da batata.Como a população gastava a maior parte da renda com esse produto, o seu poder aquisi‐ tivo aumentou e como estavam saturados de batata, passaram a gastar com outros produtos. O preço da batata caiu, bem como a quantidade demandada (curva positivamente inclinada – Figura 2.4). 2.2 Oferta O comportamento dos vendedores é visto pela oferta de mercado. Assim, podemos entender que a quantidade oferecida de um bem ou serviço é a quantidade que os vendedores podem vender e têm inte‐ resse de colocar no mercado. O esquema de oferta e curva de oferta mostra como o preço de um bem e a quantidade oferecida se relacionam. Quando o preço sobe, o mercado oferece quantidades cada vez maiores de produtos. Se o pre‐ ço se altera, a quantidade oferecida de um bem muda. À medida que os preços vão se elevando, aumenta a quantidade ofere‐ cida. Assim, a curva de oferta se inclina para cima. Podemos dizer que a curva de oferta se relaciona positivamente com o preço. A equação que representa a relação ofertada e o preço é a seguinte: Lei da oferta A quantidade oferecida de um bem aumenta quando o seu preço au‐ menta. Resumindo, oferta é definida como a quantidade de produto que está voluntariamente sendo oferecida para venda a um preço es‐ pecífico. Da mesma forma que a demanda, o conceito de oferta pode ser representado por uma tabela numérica, por um gráfico ou por uma função matemática. Dessa forma, a oferta pode ser definida como as 35 várias quantidades voluntariamente oferecidas para venda por um período de tempo a cada um dos vários possíveis preços do produto. Tabela 2.2 – Oferta de carne de porco PREÇO DA CARNE DE POR‐ CO (R$/KG) QUANTIDADE COMPRADA (1.000 KG/ANO) 0,25 1,56 0,50 9,38 0,75 17,19 1,00 25,00 1,25 32,80 1,50 40,63 1,75 48,44 Conforme a tabela mostrada, ao preço de R$ 0,25 por quilo, os vende‐ dores estão dispostos apenas a oferecer 1,56 milhão de quilos para venda anualmente. Para tentar vender mais do que essa quantidade em um período igual, produtores poderiam incorrer em maiores custos do que poderiam obter com a venda do produto ao preço de R$ 0,25. Contudo, se o preço aumentar para R$ 1,00, cada varejista (cada pro‐ dutor), poderia se esforçar mais para vender, mesmo a custos elevados, maiores quantidades do produto, desde que esses valores sejam cober‐ tos pelo aumento do preço. Para o mercado total de carne de porco, o acréscimo de R$ 1,00 no preço poderia resultar em uma oferta de ven‐ da de 25,00 milhões de quilos anualmente. O conceito de oferta, então, está baseado no relacionamento positivo entre o preço e a quantidade oferecida para venda. Graficamente, podemos representar a oferta como: 36 Figura 2.5 – Curva de oferta Determinantes da oferta individual e de mercado Os determinantes da quantidade ofertada pelos empresários são: preço; preços dos insumos; tecnologia; expectativas. Essas variáveis determinam se os empresários estão dispostos a pro‐ duzir e a vender um produto, já que o objetivo principal do empresário é o lucro. O interesse de entrar no mercado está condicionado aos possíveis ganhos que serão obtidos com a venda de um determinado produto. A quantidade disponível no mercado depende dos fatores que deter‐ minam a quantidade oferecida pelos vendedores individuais: o preço do bem; os preços dos insumos usados na produção; 37 a tecnologia disponível; as expectativas; o número de vendedores. Variáveis que afetam a oferta de um bem ou serviço: Onde: q0i = quantidade ofertada do bem i pi = preço do bem i pfp = preço do fatores e insumos de produção (matéria‐prima, mão‐de‐ obra etc.) pn= preço de outros n bens, substitutos na produção T = tecnologia M = metas e objetivos do empresário Deslocamento da curva de oferta A curva de oferta se movimenta sempre que um dos seus determinan‐ tes (exceto o preço) se modifica. Quando aumenta a quantidade ofere‐ cida a qualquer preço, a curva de oferta se desloca para a direita. Já quando ocorre uma redução da quantidade oferecida a qualquer preço, a curva de oferta se desloca para a esquerda. 38 A Figura 2.6, a seguir, apresenta o deslocamento da curva de oferta. Figura 2.6 – Aumento e diminuição da oferta ( . ) Ponto Final Os princípios da demanda e da oferta são decisivamente os mais im‐ portantes conceitos na economia. No entanto, eles são também alguns dos princípios econômicos menos entendidos pelos não‐economistas e frequentemente aplicados incorretamente. Demanda e oferta são fer‐ ramentas indispensáveis para compreender o que está acontecendo no mercado. No planejamento, são instrumentos importantes para melho‐ rar uma situação vigente e prever o que provavelmente vai acontecer no futuro. Devido ao uso exagerado dos termos demanda e oferta nas conversas do dia a dia e também na mídia popular, a maioria das pes‐ soas pensa que conhece o que está envolvido nesses conceitos. Assim, neste capítulo, procuramos definir esses termos de maneira clara e objetiva, bem como oferecer exemplos de como eles são usados na economia. Indicações culturais MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo: Pioneira Tho‐ mson Learning, 2006. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. 39 No segundo capítulo da obra de Mankiw (2006) e no segundo capítulo da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá saber mais sobre o assunto proposto neste capítulo. Atividades 1. Suponha que um clima excepcionalmente quente ocasione um des‐ locamento para a direita da curva da demanda de sorvete. Por que razão o preço de equilíbrio do sorvete aumentaria? 2. Utilize as curvas da oferta e da demanda para ilustrar de que forma cada um dos seguintes fatos afetaria o preço e a quantidade de man‐ teiga comprada e vendida (explique graficamente): a. aumento no preço da margarina; b. aumento no preço do leite; c. redução nos níveis de renda média. 3. A seguir, são apresentadas quatro situações. Para cada uma delas, explique o que aconteceu com a oferta e com a demanda e suas conse‐ quências sobre os preços e quantidades de equilíbrio. a. Redução da renda dos argentinos de modo a influenciar o mercado de turismo catarinense. 40 b. Efeito da doença da “vaca‐louca” sobre a demanda pela carne bovi‐ na brasileira. c. Efeito da compra da Varig pela TAM sobre o mercado de aviação civil. d. Intensificação do uso de irrigação nas lavouras de soja. 41 4. Assinale os fatores mais importantes que afetam as quantidades procuradas: a. preço e durabilidade do bem; b. preço do bem, renda do consumidor e custos de produção; c. preço do bem, preços dos bens substitutos e complementares, renda e preferência do consumidor; d. renda do consumidor e custos de produção; e. preço do bem, preços dos bens substitutos e complementares, custos de produção e preferência dos consumidores. 5. O leite torna‐se mais barato e seu consumo aumenta. Paralelamente, o consumidor diminui sua demanda de chá. Leite e chá são bens a. complementares; b. substitutos; c. independentes; d. inferiores; e. de Giffen. 3 EQUILÍBRIO DE MERCADO Jacqueline A. H. Haffner No capítulo anterior, entendemos como funciona a oferta e a demanda e definimos como essas forças movimentam as economias de mercado. Neste capítulo, vamos trabalhar com o equilíbrio de mercado, isto é, faremos análises de como ele se comporta com diferentes mudanças na oferta e na demanda. De acordo com o comportamento do equilíbrio de mercado, teremosque fazer novos planejamentos, tanto em relação à demanda quanto à oferta, já que, se o mercado se encontra fora do equilíbrio, pode haver um excesso de demanda ou de oferta, e isso, certamente, vai influenci‐ ar nos preços de mercado. 3.1 Oferta e demanda em conjunto O ponto em que as curvas de oferta e demanda se cruzam é chamado de ponto de equilíbrio ou equilíbrio de mercado. O ponto em que a quantidade do bem que os compradores desejam e podem comprar é exatamente igual à quantidade que os vendedores desejam e podem vender é o chamado preço de equilíbrio. Preço de equi‐ líbrio é o preço que iguala oferta e demanda, às vezes, é chamado de ajustamento do mercado. Dessa forma, o ponto no qual as curvas se cortam é o ponto de equilí‐ brio e quantidade, a quantidade de equilíbrio, sendo que esta é a quan‐ tidade oferecida e a quantidade demandada registradas na situação em que a oferta e a demanda coincidem. Essas informações podem ser mais bem compreendidas na Figura 3.1, a seguir, na qual estão representadas as curvas de oferta e demanda de mercado e o ponto de equilíbrio entre as duas. 43 Figura 3.1 – Equilíbrio entre a oferta e a demanda de mercado Fonte: VASCONCELLOS, 2001. Na Figura 3.1, o preço de equilíbrio é R$ 60; a esse preço são oferecidas dez unidades do produto no mercado. Existem situações em que os mercados se encontram fora do equilíbrio, fenômeno que pode acontecer por EXCESSO DE OFERTA, que é a situação em que a quantidade oferecida é maior do que a demandada, ou por EXCESSO DE DEMANDA, que é a situação em que a quanti‐ dade demandada é maior do que a oferecida. 44 Na Figura 3.2, que segue, são apresentadas informações de um mer‐ cado fora do equilíbrio, sendo que nesse caso há um excesso de oferta. Figura 3.2 – Excesso de oferta Fonte: VASCONCELLOS, 2001. Na Figura 3.2, o preço de R$ 80 está acima do preço de equilíbrio, por‐ que a quantidade oferecida, 15 unidades, está acima da quantidade demandada, que é 5. Nesse caso, devem‐se baixar os preços para au‐ mentar as quantidades demandadas para 10 unidades a um preço de R$ 60 e, assim, atingir o equilíbrio. 45 Na Figura 3.3, a seguir, temos outro exemplo de um mercado fora do equilíbrio, nesse caso por excesso de demanda. Figura 3.3 – Excesso de demanda Fonte: VASCONCELLOS, 2001. Nessa figura, o preço de R$ 40 está abaixo do preço de equilíbrio, por‐ que a quantidade demandada, 15 unidades, está acima da quantidade oferecida, que é 5. Nesse caso, devem‐se aumentar os preços para di‐ minuir as quantidades demandadas para 10 unidades a um preço de R$ 60 e, assim, atingir o equilíbrio. Ainda existem dois casos em que o equilíbrio é afetado: o primeiro ocorre quando há um aumento na demanda, e o segundo quando há uma redução na oferta, como apresentado nas Figuras 3.4 e 3.5. 46 Figura 3.4 – Como um aumento na demanda afeta o equilíbrio Fonte: VASCONCELLOS, 2001. A Figura 3.4 mostra que um determinado livro tem grande aceitação no mercado, o que faz com que a demanda aumente, deslocando o ponto de equilíbrio. O ponto de equilíbrio inicial indicava um preço de R$ 20 para 5 unidades. Com o aumento do consumo do produto, 10 unidades, a curva de demanda se desloca para a direita, o que provoca um aumento no preço, que passa para R$ 40. 47 Figura 3.5 – Como uma redução na oferta afeta o equilíbrio Fonte: VASCONCELLOS, 2001. A Figura 3.5 apresenta um mercado de livros que sofre uma queda na oferta desse bem, o que faz com que esta diminua e desloque o ponto de equilíbrio. O ponto de equilíbrio inicial indicava um preço de R$ 40 para 15 unidades. Com a queda na oferta do produto, 10 unidades, a curva de oferta se desloca para a esquerda, o que provoca um aumento no preço, que passa para R$ 60. ( . ) Ponto Final Neste capítulo, vimos que o ponto de equilíbrio acontece quando a demanda se iguala à oferta. Também definimos que, nesse ponto, os preços e a quantidade são o preço e a quantidade de equilíbrio. O chamado preço e quantidade de equilíbrio são observados no ponto em que as curvas de oferta e de demanda se interceptam, ou seja, no ponto em que, dado o preço prevalecente, as quantidades demandadas e ofertadas se igualam. Isso quer dizer que, nesse ponto, temos a dispo‐ sição máxima de pagar por aquela quantidade de produto (demanda). Por outro lado, nesse preço, temos o preço mínimo pelo qual os produ‐ tores estão dispostos a produzir aquela quantidade (oferta). 48 Indicações culturais MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo: Pioneira Tho‐ mson Learning, 2006. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. No capítulo 2 da obra de Mankiw (2006), e no capítulo 2 da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá saber mais sobre o assunto proposto neste capítulo. Atividades 1. O aumento do poder aquisitivo, basicamente determinado pelo crescimento da renda disponível da coletividade, pode provocar a expansão da procura de determinado produto. Marque (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas, a respeito do preço do equilíbrio. ( ) Deslocar‐se‐á da posição de equilíbrio inicial para um nível mais alto, se não houver possibilidade de expansão da oferta do produto. ( ) Deslocar‐se‐á do ponto inicial para uma posição mais baixa, se a oferta do produto permanecer inalterada. ( ) Permanecerá inalterado, pois as variações de quantidades procura‐ das se realizam ao longo da curva inicialmente definida. 2. Suponha que a demanda e a oferta para determinado bem Y sejam expressas pela tabela a seguir: 49 QUADRO DA DEMANDA QUADRO DA OFERTA Preço (R$) Quantidade Preço (R$) Quantidade 50 25 50 0 55 22,5 55 1,7 60 20 60 3,3 65 17,5 65 5 70 15 70 6,7 75 12,5 75 8,3 80 10 80 10 85 7,5 85 11,7 90 5 90 13,3 95 2,5 95 15 100 0 100 16,7 a. Identifique o preço de equilíbrio. b. Suponha que o preço atual fosse de R$ 70,00. Seria de se esperar que o preço subisse ou caísse, após analisar o ponto de equilíbrio do gráfi‐ co? 4 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Jacqueline A. H. Haffner O objetivo deste capítulo é evidenciar o comportamento do consumi‐ dor e qual o seu papel na economia. É importante saber o que cada consumidor busca no mercado para satisfazer suas necessidades e como realiza suas escolhas. A teoria do comportamento do consumidor envolve o conhecimento dos inúmeros aspectos que moldam o comportamento dos indivíduos, particularmente aqueles relacionados aos processos de tomada de decisão. São muitas as variáveis que influenciam esse comportamento, que se relacionam a preferências, restrições orçamentárias ou escolhas. 4.1 Teoria do comportamento do consumidor A teoria do comportamento do consumidor visa apresentar informa‐ ções que levem ao entendimento de como o consumidor se comporta diante de variáveis específicas. Um exemplo é o tíquete para a compra de leite fornecido por algumas empresas. O questionamento que devemos fazer é: como esse progra‐ ma de salários indiretos poderá ajudar as famílias que o recebem? O tíquete será trocado por leite ou será utilizado em outro tipo de consumo? O consumo do leite vai aumentar com essa política das empresas? O fundamental nessa teoria é entender como o consumidor se compor‐ tará no que se refere ao consumo. 51 Preferências do consumidor Cada consumidor tem suas preferências e o que interferenisso é a imensa variedade de produtos que existem no mercado e os gastos individuais do consumidor. Por isso, é difícil definir suas preferências, já que cada um tem uma forma específica de consumo, de acordo com as suas necessidades, expectativas e renda. Na Tabela 4.1, a seguir, são apresentadas as preferências de seis con‐ sumidores. Podemos observar que cada um tem escolhas de consumo diferentes. Tabela 4.1 – Cestas de mercado CESTA DE MERCADO UNIDADES ALIMENTAÇÃO UNIDADES VESTUÁRIO A 10 20 B 5 40 C 30 10 D 20 30 E 10 25 F 15 40 Nesta tabela, podemos observar que o consumidor a consome 10 uni‐ dades de alimentação e 20 de vestuário; o b consome 5 unidades de alimentação e 40 de vestuário; o c consome 30 de alimentação e 10 de vestuário; o consumidor d consome 20 unidades de alimentação e 30 de vestuário; o e consome 10 unidades de alimentação e 25 de vestuá‐ rio; e, por último, o f consome 15 de alimentação e 40 de vestuário. O que o consumidor quer Partindo do princípio de que os consumidores têm diferentes escolhas, que variam de acordo com as suas necessidades, gostos e limitações orçamentárias, podemos apresentar as três premissas básicas do que o consumidor quer. 52 Segundo Pindyck e Rubinfeld3, as premissas básicas são: a. As preferências são completas. Indica que dois consumidores pode‐ riam comparar e ordenar todas as cestas de mercado. b. As preferências são transitivas. Tal premissa assegura que as prefe‐ rências dos consumidores sejam racionais. c. Todas as mercadorias são boas, isto é, desejáveis, de tal forma que, não se levando em consideração os preços, os consumidores sempre preferem quantidades maiores de uma mercadoria, em vez de meno‐ res. Essas três premissas compõem os alicerces da teoria do consumidor. Elas não esclarecem totalmente as preferências dos consumidores, mas nos dão as coordenadas de como o consumidor se comporta na hora de consumir. Curvas de indiferença Por meio das curvas de indiferença, podemos representar, graficamen‐ te, as preferências do consumidor, o qual terá de escolher entre uma cesta ou outra ou se mostrar indiferente entre as cestas que lhe são oferecidas. Dessa forma, podemos dizer que uma curva de indiferença representa todas as combinações de cestas de mercado que fornecem o mesmo grau de satisfação a um consumidor, que o deixará totalmente satisfei‐ to. O consumidor se mostrará inteiramente indiferente em relação às cestas de mercado, representadas pelos pontos ao longo da curva. Essas curvas de indiferença se referem a todas as combinações de bens e serviços que deixam o consumidor igualmente satisfeito. Elas são convexas, jamais se interceptam e possuem inclinação para baixo, como veremos na Figura 4.1. Na sequência, apresentamos na Figura 4.2 as curvas de indiferença e a satisfação do consumidor dadas as diferentes cestas de consumo. 53 Figura 4.1 – Curvas de indiferença e suas propriedades Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Figura 4.2 – Curvas de indiferença e as escolhas do consumidor Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 54 Além das curvas de indiferença, existe o mapa de indiferença, que é a representação gráfica de um conjunto de curvas de indiferença que apresentam as preferências de um consumidor. Na Figura 4.3, são mostradas informações sobre o mapa de indiferença e preferências do consumidor. Nessa figura, é possível verificar que: qualquer cesta de mercado sobre a curva U4 é preferível em relação a qualquer cesta sobre a curva U3; qualquer cesta na curva U2 é preferível a qualquer cesta sobre a curva U2, qualquer cesta na curva U2 é preferível a qualquer cesta sobre a curva U1. Dessa forma, as preferências do consumidor podem ser inteiramente representadas nas curvas de indiferença ou no mapa de indiferença, que mostram as combinações que deixam o consumidor totalmente satisfeito. Figura 4.3 – Mapa das curvas de indiferença Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Taxa marginal de substituição A inclinação da curva de indiferença é chamada taxa marginal de substi‐ tuição (TMS), que serve para medir a quantidade de uma determinada 55 mercadoria, da qual um consumidor estaria disposto a desistir para obter maior número de uma outra mercadoria. A inclinação negativa de uma curva de indiferença de um consumidor é a medida de sua taxa marginal de substituição entre dois bens, como definido na fórmula a seguir. TMS = –ΔV/ΔA Na Figura 4.4, observamos a taxa de substituição de vestuário por alimento, ou seja, a quantidade de vestuário de que se abre mão para se obter uma unidade de alimento. Figura 4.4 – Taxa marginal de substituição Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Nesse caso, a taxa marginal de substituição nos apresenta os seguintes dados: a. A cesta básica A percorre a curva até a cesta básica B; a TMS de ali‐ mentação por vestuário é TMS = –ΔV/Δ A – (–6)/1 = 6. b. Quando começamos pela cesta de mercado B e percorremos a curva até a cesta de mercado D, a TMS cai para 4. Ou seja, o consumidor está 56 disposto a desistir de apenas quatro unidades de vestuário para obter uma unidade a mais de alimento. c. Se iniciarmos pela cesta básica D e seguirmos até a E, a TMS será igual a 2. d. Se começarmos pela cesta de mercado E e seguirmos para F, a TMS será igual a 1. e. À medida que maiores quantidades de uma mercadoria são consu‐ midas, espera‐se que o consumidor prefira abrir mão de cada vez me‐ nos unidades de uma segunda mercadoria, para poder obter unidades adicionais da primeira mercadoria. f. À medida que percorremos a curva de indiferença da Figura 4.4 e o consumo de unidades de alimento aumenta, deve diminuir o desejo do consumidor de possuir unidades adicionais desse bem. Ou seja, ele estaria disposto a desistir de cada vez menos unidades de vestuário, para obter uma unidade adicional de alimento. g. Os consumidores preferem, geralmente, uma cesta de mercado ba‐ lanceada a uma cesta cujo conteúdo total seja de apenas um tipo de mercadoria. As curvas de indiferença nos apresentam informações da disponibili‐ dade que o consumidor tem para substituir um bem por outro. A esco‐ lha pode ser influenciada pela proximidade de um bem a outro. São os chamados substitutos perfeitos, que são representados por linhas retas, como, por exemplo, substituir Coca‐Cola por Pepsi. Já a necessidade de possuir o complemento de um bem faz com que o consumo seja realizado em pares, como é o caso dos complementos perfeitos, que são representados por curvas com formato de ângulos retos. Por exemplo: a luva direita e a luva esquerda. 57 As Figuras 4.5 e 4.6 apresentam bens que são substitutos perfeitos e complementos perfeitos, respectivamente. Figura 4.5 – Substitutos perfeitos Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Figura 4.6 – Complementos perfeitos Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 58 Figura 4.6 – Complementos perfeitos Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 4.2 Restrições orçamentárias: o que o consumidor pode gastar A restrição orçamentária delimita todas as combinações que o indiví‐ duo pode adquirir devido à sua renda e aos preços. Todos os consumidores têm suas preferências, mas elas não explicam inteiramente como o consumidor vai se comportar. As restrições orça‐ mentárias dele influenciam suas escolhas, já que, havendo limitação orçamentária, haverá restrição na quantidade de produtos que poderá ser comprada. A linha do orçamento indica todas as combinações deA e V para as quais o total de dinheiro gasto seja igual à renda disponível. Ainda, esboça informações sobre o consumidor e as combinações das quanti‐ dades de dois bens que podem ser adquiridos com uma renda limita‐ da. Para duas mercadorias, a seguinte expressão representa o que o con‐ sumidor poderá comprar: PAA + PVV = I 59 A linha do orçamento está composta pelas seguintes variáveis: I = renda fixa do consumidor A = quantidade de alimentos adquirida pelo consumidor V = quantidade de vestuário adquirida pelo consumidor PA e PV = preços das mercadorias no mercado PAA = o preço do alimento multiplicado pela quantidade corresponde à quantidade de dinheiro gasta com alimentação PVV = o preço do vestuário multiplicado pela quantidade corresponde à quantidade de dinheiro gasta com vestuário A Figura 4.7 apresenta a linha de orçamento que representa o consumo de dois bens: carne e batata. À medida que o consumidor se movimen‐ ta ao longo da linha de orçamento, gasta menos com uma mercadoria e mais com outra; nesse caso, troca carne por batata. A inclinação da linha do orçamento indica a quantidade de mercadoria que pode ser substituída por outra sem que se altere a quantidade de dinheiro que o consumidor gasta com esses produtos. A inclinação da linha do orçamento é calculada por: Inclinação = – PA/PV Figura 4.7 – Linha do orçamento Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 60 Na Figura 4.8, podemos observar uma linha de orçamento que é corta‐ da por duas curvas de indiferença. Nesse caso, as possibilidades de consumo se situam na curva A, em que a linha do orçamento corta a curva; neste ponto, o consumidor estará consumindo o máximo da sua capacidade; já na curva B, estará consumindo menos do que poderia. Figura 4.8 – Linha do orçamento Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Restrições orçamentárias: efeitos das modificações na renda e nos preços Vimos até aqui que o consumidor faz escolhas constantemente e sem‐ pre prefere consumir mais diferentes produtos. A limitação ao consu‐ mo é a restrição orçamentária, ou seja, a renda do consumidor limita o consumo. Dessa forma, ele sempre deve otimizar esse processo de modo a obter o máximo grau de satisfação com sua renda. Na figura a seguir, podemos observar os efeitos das modificações na renda sobre a linha de orçamento, em que um aumento na renda des‐ loca a linha do orçamento para a direita e uma redução na renda des‐ loca a linha para a esquerda. 61 Figura 4.9 – Efeitos das modificações na renda sobre a linha de orçamento Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Segundo a Figura 4.9, a. uma mudança na renda (mantidos os preços inalterados) causa um deslocamento paralelo na linha do orçamento original (L1); b. quando a renda de R$ 80 (L1) aumenta para R$ 160, a linha do orça‐ mento passa a ser L2 (ficando à direita de (L1); c. se a renda diminui para R$ 40, a linha se desloca para a esquerda (L3). Por outro lado, as mudanças nos preços produzem efeitos sobre a linha de orçamento, ou seja, o que o consumidor pode comprar é determi‐ nado não somente pela sua renda, mas também pelos preços. No caso apresentado, a seguir, na Figura 4.10, temos as seguintes in‐ formações, segundo Pindyck e Rubinfeld4: a. Uma mudança no preço de um dos bens (com a renda constante) provoca uma rotação na linha de orçamento. 62 b. Quando o preço de um alimento cai de R$ 1 para R$ 0,50, a linha de orçamento gira de L1 até L2. c. Se o preço aumenta de R$ 1 para R$ 2, a linha de orçamento gira de L1 até L3. d. Uma mudança no preço de um dos bens (com a renda constante) provoca uma rotação na linha de orçamento. e. Quando o preço de um alimento cai de R$ 1 para R$ 0,50, a linha de orçamento gira de L1 até L2. f. Se o preço aumenta de R$ 1 para R$ 2, a linha de orçamento gira de L1 até L3. Figura 4.10 – Efeitos das modificações nos preços sobre a linha de orçamento Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Podemos concluir que o consumidor sempre tenta fazer a escolha ótima de consumo, de acordo com a renda limitada que possui, os preços de mercado, as suas expectativas e gostos de consumo. A escolha do consumidor Vimos, ao longo deste capítulo, como o nosso consumidor se comporta de acordo com as suas preferências, como se localiza ao longo das 63 curvas de indiferença e o que está disposto a deixar de consumir de uma mercadoria para consumir outra (taxa marginal de substituição) e, por último, as restrições orçamentárias, isto é, como a renda interfere no consumo, assim como as mudanças nos preços. O problema que tentaremos resolver agora se relaciona com a escolha do consumidor. O que vai proporcionar maior grau de satisfação ao consumidor, ou seja, como pode escolher a curva de indiferença mais alta possível dada certa restrição orçamentária? Em síntese, neste item, pretendemos compreender como a teoria da escolha do consumidor descreve a tomada de decisões por parte dos consumidores. Essa parte da teoria explica por que o consumidor elege entre comprar um produ‐ to ou outro. O ponto de escolha não pode ser abaixo da restrição orçamentária, porque pontos abaixo da restrição orçamentária são pontos que mos‐ tram que a renda não está sendo consumida totalmente, isto é, o con‐ sumidor, nesse ponto, pode atingir uma curva de indiferença mais alta ou mais à direita. Pontos acima da restrição orçamentária são o que todo consumidor almeja consumir, ou seja, ele sempre espera se locali‐ zar no ponto mais alto de consumo, obtendo, assim, o maior grau de satisfação. Isso se relaciona com as premissas do consumo “quanto mais melhor” e as necessidades infinitas dos consumidores, como demonstrado a seguir na Figura 4.11: 64 Figura 4.11 – Maximização da satisfação do consumidor dada sua restrição orçamentária F onte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. O ponto ótimo do consumidor será aquele que deverá estar sobre a linha de orçamento; não poderá se situar nem à direita nem à esquerda da restrição orçamentária. A cesta de consumo que vai maximizar a escolha do consumidor deverá ser a sua combinação preferida de bens e serviços, o que se relaciona com a escolha apropriada de combina‐ ções de bens sobre a linha do orçamento. Concluindo, o consumidor poderá escolher somente uma cesta com combinações de produtos que esteja localizada sobre a linha de orçamento, como demonstrado na Figura 4.12: 65 Figura 4.12 – Maximização do consumo Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Na Figura 4.12, observamos que o ponto máximo que o consumidor pode atingir de acordo com sua restrição orçamentária é o ponto A. Certamente, o consumidor preferiria um ponto localizado numa curva acima da do ponto A, mas sua restrição orçamentária o impede de obter essa combinação. A escolha do consumidor será maximizada no ponto onde a taxa mar‐ ginal de substituição será igual à razão entre os preços: A utilidade (U) que um consumidor oferece a um determinado bem quando o consome também é determinante no momento da escolha de consumo. As preferências pelo consumo de determinado bem estariam relacionadas com a utilidade que esse bem dá ao consumidor. Dessa forma, o conceito de utilidade se relaciona com a satisfação que um consumidor consegue com o consumo de um conjunto de bens. Não é apenas aquilo que é útil, auxiliar ou prático. Utilidade pode ser consi‐ 66 derada a percepção do consumidor. O que denominamos utilidade é uma ordenação das preferências do consumidor. Teoricamente, as curvas de indiferença mais elevadas proporcionam mais utilidadepara o consumidor, pois ele prefere sempre pontos elevados de consumo. Além disso, todos os conjuntos de cestas ao longo da mesma curva de indiferença proporcionam a mesma utilida‐ de ao consumidor. Ainda nessa análise, podemos observar dois aspectos relacionados com o consumo e com a sua utilidade: a utilidade marginal (Um) e a utilidade marginal decrescente. Nesse sentido, a primeira análise é focada na utilidade que o consumidor tem, ao consumir uma unidade a mais de um determinado produto, chamada de utilidade marginal. Por exemplo, qual é a utilidade de comprar um segundo par de sapatos? A segunda análise se relaciona com a utilidade marginal decrescente, em que o consumo chega num ponto que não traz tanta satisfação para o consumidor, como no caso anterior. Teoricamente, pressupõe‐se que a maioria dos bens tem utilidade marginal decrescente. Ainda, voltan‐ do ao exemplo do sapato, poderíamos avaliar a utilidade de comprar três pares de sapatos. Resumindo: na teoria econômica, a palavra marginal sempre se refere à taxa por meio da qual um total está se alterando. A utilidade marginal é definida como a mudança na utilidade total devida ao acréscimo de uma unidade na taxa de consumo do bem em questão. A função de utilidade pode ser assim definida: Na Figura 4.13, são apresentadas duas cestas de consumo e a restrição orçamentária do consumidor. De acordo com a teoria do consumidor, este sempre vai escolher a cesta mais à direita, que vai oferecer maior satisfação no seu consumo. Dessa forma, esse consumidor deveria mudar da cesta atual para a cesta ideal para ter maior satisfação. 67 Figura 4.13 – Ponto ótimo do consumidor Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Essa figura representa o ponto ótimo do consumidor. ( . ) Ponto Final Vimos, ao longo deste capítulo, a teoria do comportamento do consu‐ midor. Buscamos compreender como o consumir se comporta e como realiza as suas escolhas de consumo. Vimos as curvas de indiferença, as suas propriedades e os mapas de indiferença do consumidor. Além disso, procuramos, por meio da curva de demanda, entender como o consumidor se comporta em relação ao consumo, de acordo com as suas preferências, expectativas e restrições orçamentárias. Os aspectos teóricos desenvolvidos ao longo deste capítulo nos auxiliam a entender a realidade que procuramos explicar. Resumindo: dadas as informações disponíveis dos preços vigentes e da renda do consumidor, elaboramos a restrição orçamentária – que tem como objetivo prático apresentar as escolhas do consumidor, respei‐ tando suas limitações de renda –, bem como apresentamos um conjun‐ to de alternativas possíveis de consumo. 68 Indicações culturais MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo: Pioneira Tho‐ mson Learning, 2006. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. No capítulo 21 da obra de Mankiw (2006) e no capítulo 2 da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006), o leitor poderá saber um pouco mais sobre o assunto proposto neste capítulo. Atividades 1. Segundo Vasconcellos (2001), quais são as quatro premissas básicas sobre as preferências individuais? Explique o que cada uma delas significa. 2. Baseando‐se na obra de Vasconcellos (2001), trace uma linha do orçamento e, em seguida, uma curva de indiferença para ilustrar a escolha maximizadora da satisfação associada a dois produtos. 5 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR – ELASTICIDADES Jacqueline A. H. Haffner A elasticidade é um conceito importante na teoria do consumidor, pois refere‐se à forma de medir a sensibilidade de uma variável à variação de outra. Esta análise pode dar uma resposta mais precisa de como compradores e consumidores se comportam no mercado. Na tomada de decisões, os profissionais se encontram em situações em que é fundamental fazer uma análise das elasticidades para ter uma ferramenta a mais para deliberar sobre alguma mudança a ser imple‐ mentada na empresa, tanto do ponto de vista da demanda quanto da oferta de mercado. Se houver interesse em saber como aumentar uma fatia de mercado por meio da redução dos preços de um produto e avaliar o impacto dessa redução sobre a quantidade demandada do produto, devemos calcular a elasticidade‐preço da demanda. Por outro lado, podemos nos interessar em saber a resposta da de‐ manda para uma variação na renda. Para responder a essa questão, teríamos que analisar a elasticidade‐renda da demanda. Outra análise que pode ser feita é com relação aos preços, ou seja, nosso foco de análise poderia estar em avaliar como a variação no preço de um bem afeta o outro. Para obter essa informação, temos que calcular a elastici‐ dade‐preço cruzada da demanda. No que se refere à oferta de mercado, também podemos calcular as elasticidades, que são o resultado de uma variação nos preços na oferta de mercado. 70 5.1 Elasticidades da oferta e da demanda Nos capítulos anteriores, observamos que, por meio das leis da oferta e da procura, é possível apontar a direção de uma resposta em relação à mudança de preços. Tal análise ocorre de acordo com parâmetros determinados na própria análise em questão, mas não informa o quan‐ to a mais os consumidores demandarão ou os produtores oferecerão quando acontecem mudanças no mercado. Dessa forma, quando ocorrem alterações no mercado, tanto do lado da demanda quanto da oferta, temos interesse de saber qual será a respos‐ ta do mercado a essas mudanças. As elasticidades são uma medida da sensibilidade de uma variável em relação a outra e nos apresentam informações de como a variação percentual de uma variável influenci‐ ará em outra em resposta a uma variação de 1%. 5.2 Elasticidades da demanda O que denominamos de elasticidade‐preço da demanda (EP) é a medida que mostra como a quantidade comprada é afetada por mudanças nos preços do bem ou do serviço; ela mede a reação dos consumidores às mudanças no preço. O coeficiente de elasticidade‐preço é definido como a variação da per‐ centagem na quantidade comprada dividida pela variação no preço do produto. Em termos algébricos: EP = (%ΔQ)/(%ΔP) em que %ΔQ = variação percentual da quantidade demandada %ΔP = variação percentual do preço ou, segundo Pindyck e Rubinfeld5, EP = PP QQ / / = Q P P Q Se EP é negativa, dizemos que o bem é comum. 71 Se EP é positiva, dizemos que o bem é de Giffen. Para aplicar a teoria, podemos utilizar o seguinte exemplo: avaliar um aumento no preço do café. Vamos descrever uma mudança de preço do café de R$ 2,00 para R$ 2,20. Qual seria a elasticidade‐preço da demanda por café se a quantidade demandada de café é de 85 mil quilos por ano, quando o preço é R$ 2,20, e é de 100 mil quilos por ano quando o preço é R$ 2,00. Segundo Stamford: A mudança absoluta na quantidade foi de 15 mil quilos (100 – 85) para baixo. Em termos percentuais, isso equivale a 15%, pois a quantidade era de 100 mil quilos a R$ 2,00 no preço inicial. Quando o preço au‐ mentou para R$ 2,20 , houve uma queda na quantidade demandada de 15% [100(85 – 100)%/100]. A mudança absoluta no preço foi de R$ 0,20 (2,20 – 2,00) para cima. Em termos percentuais, isso equivale a 10%, pois o preço inicial era R$ 2,00 e aumentou para R$ 2,20 houve um aumento de 10% [100(2,20 – 2,00)%/2,00].6 O percentual da variação pode ser calculado com o seguinte raciocínio: se a quantidade era 100 e caiu para 85, temos uma queda de 15. Então, se 100 equivale a 100%, a quanto equivalerá 15?O que resulta em: 100x = 100 . 15 x = 1.500/100 x = 15%. Se o preço aumentou de R$ 2,00 para R$ 2,20, o acréscimo foi de R$ 0,20. Se R$ 2,00 era 100% do preço, quanto seria R$ 0,20? O que resulta em: 2x = 100.0,20 x = 20/2 x = 10%. Assim, a elasticidade será calculada da seguinte forma: 72 Elasticidade‐preço da demanda (EP) = 15%/10% = 1,5 Interpretação do coeficiente de elasticidade-preço da demanda: A elasticidade, nesse caso, foi de 1,5. Isso significa que, dado um au‐ mento de 10% nos preços de determinado bem ou serviço, haverá um decréscimo de 15% da quantidade procurada. Esses resultados nos apontam para um bem elástico, ou seja, uma pequena variação no preço vai alterar a sua demanda. Definiremos esse aspecto no item seguinte, quando trataremos interpretação dos resultados das elastici‐ dades. As elasticidades e os seus resultados De acordo com os resultados das elasticidades, teremos comportamen‐ tos diferentes por parte dos consumidores, como explicado por Stam‐ ford a seguir: a) Se a elasticidade‐preço do bem for menor que 1%, dizemos que a demanda por esse bem é inelástica. A variação percentual na quanti‐ dade é menor que a variação percentual no preço. Ou seja, os consu‐ midores são relativamente insensíveis a variações no preço. b) Se a elasticidade‐preço do bem for maior que 1%, dizemos que a demanda por esse bem é elástica. A variação percentual na quantidade excede a variação percentual no preço. Ou seja, os consumidores são bastante sensíveis a variações no preço. c) Se a elasticidade‐preço do bem for igual a 1%, dizemos que a de‐ manda por esse bem é de elasticidade unitária. A variação percentual na quantidade é igual à variação percentual no preço. A demanda de uma mercadoria tem elasticidade unitária, quando um aumento de 1% no preço ocasiona um decréscimo de 1% na quantidade demandada.7 Esses dados estão organizados na Tabela 5.1 a seguir: Tabela 5.1 – As elasticidades e sua interpretação INTERVALO NOMENCLATURA ε = 0 Perfeitamente inelástica 0 < ε < 1 Inelástica 73 ε = 1 Elasticidade unitária 1 < ε < ∞ Elástica ε = ∞ Perfeitamente elástica Fonte: SARAIVA, 2008. Na Figura 5.1, podemos observar os dados apresentados anteriormen‐ te. O preço e a quantidade e a relação destes com a demanda de mer‐ cado; entre os pontos A e C a demanda é elástica, entre os pontos C e B a demanda é inelástica e no ponto C a demanda é unitária. Figura 5.1 – Representação gráfica das elasticidades Podemos concluir que as curvas de demanda são classificadas de acor‐ do com a sua elasticidade. A elasticidade‐preço da demanda nos traz informações sobre como a demanda se comporta em relação a mudan‐ ças no preço. Dessa forma, podemos considerar que a inclinação da curva se relaciona absolutamente com os preços, ou seja, quanto maior for a elasticidade‐preço da demanda, mais horizontal será a curva de demanda. Na Figura 5.2, a seguir, observamos uma curva de demanda totalmen‐ te elástica, inteiramente horizontal. Isso ocorre à medida que a elastici‐ dade‐preço da demanda se aproxima do infinito e a curva de demanda se torna horizontal, refletindo o fato de que mudanças muito pequenas do preço levam a grandes variações na quantidade demandada. 74 Figura 5.2 – Curva perfeitamente elástica Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. No caso inverso, se a curva de demanda for muito vertical, menor será a elasticidade‐preço da demanda. Nesse caso, a demanda se mantém a mesma qualquer que seja o preço. Figura 5.3 – Curva perfeitamente inelástica Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 75 Disponibilidade de substitutos próximos Os consumidores sempre estão buscando atingir o máximo grau de satisfação. Assim, no momento em que aumenta o preço de um produ‐ to, eles procuram um substituto próximo que ofereça o mesmo grau de satisfação. Por esse motivo, podemos dizer que a elasticidade‐preço da demanda é fortemente influenciada pela possibilidade de encontrar bens substitutos. Se existirem muitos produtos substitutos, mais elásti‐ ca é a demanda e se não existirem bens que possam substituir o bem originalmente pretendido, a demanda é inelástica. Isso acontece porque os bens que têm substitutos próximos podem ser trocados com maior facilidade pelos consumidores. Um exemplo de bens elásticos seriam as fitas cassete e os DVDs, que podem ser substi‐ tuídos rapidamente pelos consumidores devido à proximidade que existe entre os dois produtos. Se houver um aumento no preço dos DVDs, o consumidor poderá adquirir fitas cassete, supondo que o preço se mantenha constante, e assistir ao mesmo filme que assistiria em DVD, o que produziria uma diminuição no consumo desse produ‐ to. Um exemplo contrário ao apresentado anteriormente é o consumo de sal, que é um produto que não tem substitutos próximos e por isso apresenta uma demanda muito menos elástica que a do DVD. Outros determinantes da elasticidade Conforme Stamford, os outros determinantes da elasticidade são: Tempo: Elasticidade no curto‐prazo e elasticidade no longo‐prazo. Quanto mais tempo os consumidores tiverem para procurar substitutos para os produtos que quiserem consumir, maior será a intensidade de sua reação. No longo prazo, os bens apresentam uma demanda mais elástica. Já no curto prazo, acontece o contrário. Espaço: A elasticidade do mercado é diferente da elasticidade de uma única firma. A elasticidade do mercado diz quanto a quantidade global mudará se o preço geral mudar, mas se uma única empresa muda seu preço a elasticidade não é altamente influenciada. Participação no orçamento: Se um bem representa pouco no orçamento total do consumidor a reação será menor a uma variação no preço. Bens necessários “versus” bens supérfluos: Para bens essenciais como pão, arroz, feijão etc., a demanda é mais inelástica. Para bens de luxo, a demanda é mais elástica. Os bens necessários tendem a ter demanda inelástica, enquanto a demanda por bens de luxo (supérfluos) tende a ser elástica.8 76 Na Tabela 5.2, são apresentados alguns exemplos de elasticidades: Tabela 5.2 – Exemplos de elasticidades PRODUTO Ed Sal 0,1 Água 0,2 Café 0,3 Cigarros 0,3 Calçados 0,7 Habitação 1,0 Automóveis 1,2 Refeições em restaurantes 2,3 Viagens de avião 2,4 Cinema 3,7 Marcas específicas de café 5,6 Fonte: STAMFORD, 2006. 5.3 Receita total e elasticidade-preço da demanda Outra análise que deve ser realizada em relação às elasticidades diz respeito aos efeitos de mudanças na oferta e na demanda da receita total, que nada mais é que a quantidade paga pelos compradores e recebida pelos vendedores de um bem. Receita total = P ∙ Q (preço do bem ∙ a quantidade vendida) A elasticidade‐preço da demanda pode nos auxiliar no entendimento dos movimentos ao longo da curva de demanda e dos efeitos dessas mudanças na receita total. Quando a receita total muda com os preços, a demanda é inelástica. Nessa situação, um aumento no preço provoca uma diminuição proporcionalmente menor na quantidade demandada e, dessa forma, a receita total aumenta. Destacamos agora regras gerais da receita total e da elasticidade‐preço da demanda, segundo Mankiw: a) Quando a demanda é inelástica (elasticidade‐preço da demanda menor do que 1), o preço e a receita total movem‐se na mesma direção. b) Quando a demanda é elástica (elasticidade‐preço da demanda maior do que 1), o preço e a receita total movem‐se em direções opostas. 77 c) Se a demanda tem elasticidade unitária (elasticidade‐preço da demanda igual a 1), areceita total permanece constante quando o preço varia. 5.4 Outras elasticidades da demanda Para concluir a nossa análise das elasticidades da demanda, vamos apresentar, neste item, a elasticidade de renda da demanda e a elasti‐ cidade‐preço cruzada da demanda, que complementam a discussão realizada até aqui. a. Elasticidade de renda: A elasticidade de renda da demanda expressa a variação percentual na quantidade procurada de um bem resultante de uma variação percentual na renda disponível do consumidor, tudo o mais permanecendo constante. Evidentemente, a relação que une essas duas variáveis é de natureza direta; assim, a tendência é de que as quantidades e renda variem no mesmo sentido. É utilizada para medir a reação dos consumidores a mudanças na renda. Para bens normais, há uma relação positiva entre renda e quantidade demandada; logo, a elasticidade‐renda é positiva. Para bens inferiores, há uma relação negativa entre renda e quantidade demandada, logo a elasticidade‐renda é negativa. Diz‐se que a renda é elástica, se a elasticidade‐renda é maior que um, e a renda é inelástica se maior que um. O cálculo da elasticidade‐renda é realizado da seguinte forma, segun‐ do Pindyck e Rubinfeld10:9 em que ΔQ = variação percentual da quantidade demandada ΔI = variação percentual da renda 78 b. Elasticidade‐preço cruzada da demanda: É utilizada para medir a reação dos consumidores às mudanças de preços de bens afins. É defi‐ nida como a variação percentual na quantidade demandada de um produto em particular (X) dividida pela variação percentual no preço de um bem afim (Y). Assim: para bens substitutos, há uma relação positiva entre quantidade de‐ mandada do bem e variação de preço do substituto; logo, a elasticida‐ de cruzada de bens substitutos é positiva. para bens complementares, há uma relação negativa entre quantidade demandada do bem e preço do bem complementar; logo, a elasticidade cruzada é negativa. Em termos algébricos, a elasticidade‐preço cruzada da demanda pode ser calculada, segundo Pindyck e Rubinfeld11, pela seguinte equação: em que ΔQ = variação percentual da quantidade demandada ΔP = variação percentual do preço Também pode ser destacado o seguinte esquema: elasticidade‐preço cruzada da demanda = Δ percentual da quantidade demandada do bem 1/Δ percentual do preço do bem 2. 5.5 A elasticidade-preço da oferta A elasticidade‐preço da oferta (Eo) mede a reação dos vendedores às mudanças no preço. Como a quantidade ofertada responde a tais mu‐ danças, as variações na oferta estarão condicionadas à flexibilidade que os vendedores possuem para mudar a quantidade do bem que produzem. Essa reação é calculada pela razão entre dois percentuais, isto é, a variação percentual na quantidade ofertada dividida pela variação percentual no preço. 79 oE = preçonopercentualiação demandadaquantidadenapercentualiação var var O período de tempo que está sendo avaliado é determinante na análise da elasticidade da oferta, pois a elasticidade de curto prazo será, em geral, diferente da de longo prazo. Assim, ao longo do tempo, quando as firmas têm possibilidade de reagir mais intensamente às variações de preço, a curva de oferta se torna cada vez mais elástica. Um exemplo de uma oferta inelástica são os terrenos na montanha, já que esse bem já está predeterminado pela natureza e é impossível aumentar a sua oferta. Por outro lado, roupas, sapatos e perfumes possuem oferta elástica, porque as empresas podem adequar a produção a um aumento de preços. Isso acontece em razão de que a oferta geralmente é mais elás‐ tica a longo prazo que a curto prazo. São determinantes da elasticidade‐preço da oferta: a. disponibilidade de recursos produtivos (mais elástica quanto mais opções de recursos); b. tempo considerado (mais elástica no longo prazo); c. custo de estocagem (quanto maior o custo, menos elástica). Apresentamos agora um exemplo de elasticidade da oferta apontado por Mankiw. Vamos supor um aumento no preço do leite de $ 2,85 para $ 3,15 por litro que provocasse um aumento da produção por parte dos fazendei‐ ros de 9 mil para 11 mil litros por mês, que irá refletir os seguintes resultados: a. variação percentual do preço = (3,15 – 2,85 ) / 3 x 100 = 10% ; b. variação percentual da quantidade ofertada = (11.000 – 9.000) / 10.000 x 100 = 20% ; c. elasticidade‐preço da oferta = 20% / 10% = 2,0 ; 80 d. neste exemplo, uma elasticidade de 2 reflete o fato de que a variação da quantidade ofertada é proporcionalmente duas vezes maior que a variação do preço.12 Na Figura 5.4, podemos observar como se comportam as elasticidades da oferta, na qual se encontram o preço e a quantidade e a relação destes com a oferta de mercado. Entre os pontos A e B a oferta é elásti‐ ca, entre os pontos B e C a oferta é inelástica e no ponto BO a oferta é unitária. Figura 5.4 – Elasticidades da oferta 5.6 Elasticidades no curto e no longo prazo Ao longo deste capítulo, fizemos uma análise geral das elasticidades. Neste item, vamos trabalhar as elasticidades de longo prazo em três perspectivas: Demanda Renda Oferta 81 Elasticidades da demanda Avaliam o comportamento do consumidor quando acontece uma mu‐ dança nos preços. Nesse sentido, podemos dividir a análise em duas partes, a curto e a longo prazo. No exemplo da Figura 5.5, temos as curvas de demanda por combustível no curto e no longo prazo. Figura 5.5 – Elasticidade da demanda no curto e no longo prazo Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Segundo Pindyck e Rubinfeld13, para a maioria dos bens e serviços, a elasticidade de curto prazo é menor que a elasticidade de longo prazo (ex.: gasolina, médicos). Para outros bens (duráveis), a elasticidade de curto prazo é maior que a elasticidade de longo prazo (ex.: automóveis). Na Figura 5.6, temos um exemplo de demanda por automóveis, em que as curvas se invertem pelo tipo de bem que está sendo analisado (um bem durável). 82 Figura 5.6 – Elasticidade da demanda no curto e no longo prazo Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Elasticidades da renda As elasticidades da renda também se alteram com as mudanças nos preços e acontecem ajustes tanto a longo quanto a curto prazo à medi‐ da em que a renda se modifica. Os bens e os serviços, com menor valor agregado, têm uma elasticida‐ de de renda maior a longo prazo do que a curto prazo. Já para os bens duráveis, com maior valor agregado, as elasticidades da renda são menores a longo prazo do que a curto prazo. Elasticidades da oferta Ainda segundo Pindyck e Rubinfeld14, para a maioria dos bens e servi‐ ços, as elasticidades‐preço da oferta são maiores no longo prazo do que no curto prazo. Para os bens duráveis e recicláveis, as elasticidades do preço da oferta são menores no longo prazo do que no curto prazo, como apresentado nas Figuras 5.7 e 5.8 a seguir. 83 Figura 5.7 – Elasticidade da oferta no curto e no longo prazo 1 Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Figura 5.8 – Elasticidade da oferta no curto e no longo prazo 2 Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 84 ( . ) Ponto Final O conceito de elasticidade é usado para medir a reação das pessoas perante mudanças em variáveis econômicas. Por exemplo, para alguns bens, os consumidores têm uma grande reação quando o preço aumen‐ ta ou diminui e, para outros, a demanda praticamente se mantém a mesma quando o preço sobe ou desce. No primeiro caso, a demanda é elástica e, no segundo, é inelástica. Do mesmo modo, os produtorestambém têm suas reações, e a oferta pode ser elástica ou inelástica. Nos capítulos anteriores, vimos como, por meio das leis da oferta e da procura, é possível apontar a direção de uma resposta em relação à mudança de preços e o possível comportamento dos consumidores a essas alterações de mercado. No próximo capítulo, começaremos a estudar a teoria da produção, que é a análise do lado da oferta e do produtor na teoria microeconômica. Indicações culturais MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo: Pioneira Tho‐ mson Learning, 2006. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006 No capítulo 5 da obra de Mankiw (2006), e no capítulo 2 da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá saber um pouco mais sobre o assunto proposto neste capítulo. Atividades 1. Explique a relação entre a elasticidade‐preço da demanda e a receita total. 2. Qual a relação entre a elasticidade‐renda e os conceitos de bens superiores e bens inferiores? 3. A elasticidade‐preço da oferta costuma ser maior a curto ou a longo prazo? Por quê? 4. Explique graficamente o que é uma demanda perfeitamente elástica e uma demanda totalmente inelástica, mostrando as consequências para os consumidores. 85 a. Demanda perfeitamente inelástica: elasticidade igual a 0 b. Demanda perfeitamente elástica: elasticidade infinita 5. Apresente a elasticidade‐preço da demanda da seguinte questão e explique o resultado. Um aumento de 25% no preço de cigarro x quantidade de cigarro cau‐ sa uma queda de 35% na quantidade comprada. Qual a elasticidade da demanda e como ela deverá ser calculada? 6 TEORIA DA PRODUÇÃO NO CURTO PRAZO Jacqueline A. H. Haffner Neste capítulo, vamos abordar a teoria da produção de curto prazo. Este constitui um período de tempo no qual a função produção não consegue alterar todos os fatores de produção. Dessa forma, fatores fixos permanecem imutáveis nesse período de análise e os fatores variáveis mudam à medida que os níveis de produção se alteram. O curto prazo é o período em que o insumo capital é fixo e o insumo trabalho é variável. A importância da teoria da produção, segundo Breve, reside em que os princípios da produção constituem elemento fundamental na análise do preço e emprego dos recursos, da distribuição de recursos entre empregos alternativos na economia e da distribuição do produto. Sob muitos aspectos, a teoria da produção é paralela à teoria da demanda do consumidor. A grande diferença que temos entre as duas análises é que a unidade econômica analisada é a firma individual em vez do consumidor individual.15 A teoria da produção tem duas finalidades. A primeira é servir de base para a análise das relações entre produção e custos de produção, a qual interfere na formação de preços em função da tecnologia disponível. Já a segunda relaciona‐se com a procura por melhores alternativas na análise dos fatores de produção e vai se reverter na melhor alocação desses fatores. Neste capítulo, vamos verificar que a atividade produtiva principal de uma firma é transformar insumos em produtos. Buscaremos enten‐ der, da mesma forma que na teoria do consumidor, como são tomadas as decisões no âmbito da produção. Por exemplo, uma fábrica de col‐ chões utiliza espuma, energia, mão‐de‐obra ou insumos de produção, para produzir um produto: o colchão. Podemos pensar em outro exemplo: uma financeira que utiliza como insumos móveis, equipa‐ mentos, mão‐de‐obra e conhecimento para produzir um produto de intermediação financeira. 87 Assim, neste capítulo, vamos estudar a parte da oferta de mercado, que é a base da teoria da firma, a qual é dividida em teoria da produ‐ ção e teoria dos custos de produção, como exemplificado a seguir na Figura 6.1. Figura 6.1 – Origem da teoria da produção 6.1 Tecnologia de produção A tecnologia de produção da empresa nos fornece informações de como acontece o processo produtivo. É a forma como os insumos são combinados para serem transformados em produtos, os quais podem ser denominados fatores de produção. Como exemplo de processo produtivo, podemos citar a produção de sorvete. Nela são utilizados os insumos necessários à produção que estão compostos, em primeiro lugar, pela mão‐de‐obra e, em segundo, pelas matérias‐primas, como leite, além do capital investido nas má‐ quinas misturadoras. Segundo Pindyck e Rubinfeld16, podemos classificar da seguinte forma os itens que participam do processo produtivo: insumos de trabalho – trabalhadores especializados (carpinteiros, engenheiros) e não especializados (trabalhadores agrícolas), bem como os esforços empreendedores dos administradores da em‐ preas; 88 matérias‐primas – aço, plástico, eletricidade, água e quaisquer outros que a empresa transforme em produto final; capital – edificações, equipamentos e estoques. A empresa define as questões relativas a o que, quanto, quando, como e onde produzir em função de sua previsão de vendas ou carteira de pedidos; assim, as alterações na produção ocorrem em função de vari‐ ações apresentadas na demanda. Essas decisões podem também ser restringidas por outros fatores, como os sistemas econômico e financei‐ ro. Na produção, existe uma restrição técnica na combinação dos fatores de produção e, por esse motivo, é importante saber como devem ser combinados os insumos de uma forma mais eficiente. Aquela que define a relação entre os insumos de produção, o processo produtivo e o resultado dessas combinações é a função de produção. Portanto, a função de produção indica o máximo de produto que se pode obter com as quantidades dos fatores, uma vez escolhido deter‐ minado processo de produção mais conveniente. A função de produção pode ser assim definida: Q = F(K, L) em que Q = volume de produção K = capital L = trabalho Um exemplo clássico de produção, com diferentes proporções de fato‐ res, é a produção de vinho, que pode ser realizada com a. uso intensivo de trabalho – trabalhadores; b. uso intensivo de capital – máquinas. 89 6.2 Análise da teoria da produção no curto prazo No curto prazo, vamos analisar a produção com um insumo variável; nesse caso, será o fator trabalho. Vamos avaliar uma situação na qual o capital seja fixo, mas o trabalho seja variável. Os aumentos na produ‐ ção somente acontecerão quando houver um aumento na quantidade de trabalho utilizado. Podemos tomar como base uma fábrica de sapatos. Na capacidade instalada da empresa, há uma determinada quantidade de equipamen‐ tos, porém mais trabalhadores poderiam ser contratados ou poderia ocorrer a diminuição da mão‐de‐obra para operar as máquinas. Para aperfeiçoar a produção, será necessário saber em que medida o volume de produção Q aumenta à medida que o insumo de trabalho L cresce. Nesse caso, será preciso decidir sobre a quantidade de trabalho que terá de disponibilizar na indústria e a quantidade de sapatos que terá de produzir. Consideremos uma função de produção com apenas dois fatores de produção: um fixo (que não varia com a realização do processo produ‐ tivo) e outro variável. q = f(x1, x 2) em que q = quantidade de produto X1 = fator variável X2 = fator fixo 90 No exemplo apresentado por Pindyck e Rubinfeld17, temos a seguinte escala de produção. Tabela 6.1 – Produção com um insumo variável (trabalho) QUANTIDADE TRABALHO (L) QUANTIDADE DE CAPITAL (K) PRODUTO TOTAL (Q) PRODUTO MÉDIO (Q/L) PRODUTOMARGINAL (ΔQ/ΔL) 0 10 0 – – 1 10 10 10 10 2 10 30 15 20 3 10 60 20 30 4 10 80 20 20 5 10 95 19 15 6 10 108 18 13 7 10 112 16 4 8 10 112 14 0 9 10 108 12 –4 10 10 100 10 –8 Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. As primeiras três colunas apresentam o volume de produção que pode ser gerado em um mês, com diferentes quantidades de trabalho e man‐ tendo‐se o capital fixo em dez unidades. Quando o insumo trabalho é zero, o volume de produção também é zero. O volume de produção é elevado à medida que o insumo traba‐ lho vai aumentando, até chegar à quantidade de oito unidades. Além de tal ponto, a produção diminui. Inicialmente, cada unidade de trabalho é capaz de obter uma vanta‐ gem cada vez maior dos equipamentos e das instalações disponíveis; após determinado ponto, quantidades adicionais de trabalho não po‐ dem mais ser utilizadas. 91 6.3 Produto total, médio e produto marginal O produto total representa a quantidade total de produtos obtidos num determinado período de tempo, por meio de uma determinada combinação de fatores de produção. Produto total do fator variável é a quantidade do produto que se obtém da utilização do fator variável, mantendo‐se fixa a quantidade dos demais fatores. O produto total do fator variável é o q = f(X1), que se modifica em função de cada nível em que for fixado o fator fixo X2. Na Figura 6.1, podemos observar a curva do produto total. Figura 6.1 – Produção no curto prazo (um insumo variável) do produto total Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. O produto médio (PML) apresenta a relação entre o produto total obtido pela empresa com um determinado fator de produção. O PML pode ser interpretado também como a quantidade de produtos que é fabricada por cada unidade de fator utilizada. A produtividade média do fator variável é o quociente da quantidade total produzida pela quantidade utilizada do fator variável. PML = produto total/insumo trabalho = Q/L O produto marginal (PMGL) representa o acréscimo na produção total quando agregada uma unidade do fator, permanecendo os demais fatores constantes. A produtividade marginal do fator variável é a 92 relação entre as variações do produto total e as variações da quantida‐ de utilizada do fator variável, ou seja, é o acréscimo de produto total advindo do uso de uma unidade adicional do fator variável. PMGL = Variação do produto total/ variação do insumo trabalho = ΔQ/ΔL Na Figura 6.2, podemos apreciar as curvas do produto médio e do produto marginal: Figura 6.2 – Produção no curto prazo (um insumo variável) do produto médio e marginal Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Resumindo: o produto total é a representação da quantidade total de produtos obtidos. O PML mede a produtividade do trabalhador médio e o PMGL mede a produtividade de uma unidade a mais de produção. Essas curvas estão intimamente ligadas. As três curvas de possibilidades de produção podem ser mais bem observadas na Figura 6.3, a seguir. 93 Figura 6.3 – Possibilidades de produção Fonte: Adaptado de RIANI, 1998. 6.4 Rendimentos de escala no curto prazo A análise dos rendimentos de escala procura mostrar as relações entre as taxas de crescimento da quantidade de fatores utilizados e as taxas de crescimento na produção. Existem três hipóteses de relações. a. Rendimento crescente de escala: ocorre quando o percentual de acréscimo dos fatores de produção é inferior ao percentual de acrésci‐ mo na produção. b. Rendimento constante de escala: ocorre quando o aumento percen‐ tual de acréscimo dos fatores de produção for igual ao percentual de acréscimo na produção. c. Lei dos rendimentos decrescentes: refere‐se à quantidade de produ‐ ção extra que é obtida quando se adicionam sucessivamente unidades extras iguais de um fator de produção variável e uma quantidade fixa de outro fator. Tais unidades adicionais acrescentam níveis positivos na produção até alcançar um valor máximo numa combinação ótima de fatores. Na maioria dos processos produtivos, acontece o produto marginal decrescente do trabalho. À medida que aumenta o uso de um determi‐ 94 nado insumo, mantendo‐se fixos os demais insumos, chega‐se a um ponto em que a produção adicional decrescerá. A lei dos rendimentos decrescentes aplica‐se comumente no curto prazo, já que nesse período pelo menos um dos insumos permanece inalterado. No longo prazo, também podemos fazer esta análise, avali‐ ando a alteração de um ou mais insumos. Por último, é importante ressaltar que na análise dos rendimentos decrescentes se pressupõe que todos os insumos de trabalho têm a mesma qualidade e essa lei só é válida se for mantido um fator fixo (portanto, só vale no curto prazo). ( . ) Ponto final Neste capítulo, abordamos a teoria da produção. Vimos como a em‐ presa, ou firma, é uma unidade de produção que atua de forma racio‐ nal, com o objetivo de maximizar os resultados em termos de produ‐ ção e lucro. Os fatores de produção são os bens ou os serviços que transformam os produtos em bens primários (sem transformação prévia) ou bens se‐ cundários (que passaram por um processo de transformação). Assim, a produção consiste na transformação dos fatores adquiridos pela empresa em produtos para a venda no mercado. Quando estudamos a produção, tentamos resolver alguns problemas, como, por exemplo, como influenciar a produção? Questionamos se seria melhor a contratação ou demissão de empregados. Deveríamos pagar horas extras ou reduzir a jornada de trabalho? Deveríamos for‐ mar estoques? Como poderíamos influenciar a demanda? Por meio de propaganda ou de promoções e preços diferenciados? Enfim, tentamos dar todas as respostas inerentes ao processo produtivo. Indicações culturais MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo: Pioneira Tho‐ mson Learning, 2006. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. No capítulo 13 da obra de Mankiw (2006), e no capítulo 6 da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá saber um pouco mais sobre o assunto proposto neste capítulo. 95 Atividades 1. Descreva a lei dos rendimentos físicos marginais decrescentes. 2. Complete a tabela a seguir e, depois, faça o gráfico das curvas de produto total e de produtividade média e marginal. MÃO‐DE‐OBRA 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 PRODUTO TOTAL 50 240 510 850 1270 1700 2120 2530 2920 3300 3630 3900 4100 4200 4200 4100 PRODUTIVIDADE MÉDIA PRODUTIVIDADE MARGINAL 7 TEORIA DA PRODUÇÃO NO LONGO PRAZO Jacqueline A. H. Haffner Quando analisamos o processo produtivo de uma firma, observamos que a quantidade utilizada de alguns insumos pode mudar rapida‐ mente, como, por exemplo, energia e mão‐de‐obra. Já outros insumos são mais difíceis de mudar muito rápido, como o capital físico e o prédio no qual a empresa está instalada. Num prazo mais longo ainda, a instituição pode entrar no mercado ou sair dele. A consequência é que o conjunto de produção da firma depende do prazo que ela tem para ajustar seus insumos. Para entender esse fenô‐ meno, é importante distinguir a tecnologia da empresa nos períodos de curto, médio e longo prazos. A curto prazo, como foi apresentado no capítulo anterior, alguns in‐ sumos são fixos. A médio prazo, todos os insumos são fixos, mas o número de firmas no mercado é variável. A longo prazo, o mercadoé variável e os insumos também. Alguns autores distinguem apenas o curto e o longo prazo. Para eles, o que chamam de longo prazo é o que definimos como médio prazo e não fazem referência ao número de empresas no mercado. Neste capítulo, vamos considerar que todos os fatores de produção são variáveis, ou seja, vamos fazer a análise da produção levando em conta períodos de longo prazo. 7.1 Isoquanta Podemos definir isoquanta como uma linha na qual todos os pontos representam combinações dos fatores de produção que indicam uma mesma quantidade do produto. É o conjunto de combinações de insumos que podem produzir no máximo y, ou seja: 97 I = {x | f(x) = y} As propriedades das isoquantas são três: são decrescentes da esquerda para a direita; são convexas com relação à origem dos eixos cartesianos; não se cruzam nem se tangenciam. O conceito de isoquanta na teoria da firma é análogo ao conceito de curva de indiferença na teoria do consumidor. Dessa forma, podemos definir a isoquanta como uma curva que representa todas as possíveis combinações de insumos derivados na mesma quantidade de produ‐ ção18. Essas informações estão apresentadas a seguir na Figura 7.1: Figura 7.1 – Isoquanta Fonte: Adaptado de RIANI, 1998. Existem infinitas isoquantas num determinado mapa de produção. Teoricamente, cada uma delas representa níveis de produção diferen‐ tes. As curvas de isoquantas não se interceptam, pois cada curva repre‐ senta um nível de produção. Podemos fazer uma analogia, nesse pon‐ to, com as curvas de indiferença que têm os mesmos princípios. 98 Assim, as isoquantas da produção podem ser descritas como as várias combinações de insumos necessários para que a empresa possa obter um determinado volume de produção (produto). Como definido, um conjunto de isoquantas, ou mapa de isoquantas, descreve a função de produção da empresa, como podemos observar a seguir na Figura 7.2. Figura 7.2 – Mapa das isoquantas Fonte: Adaptado de RIANI, 1998. 7.2 Isocustos Como definido anteriormente, a partir de agora vamos considerar, na nossa análise, que todos os fatores de produção são variáveis. Vamos trabalhar a teoria da produção no longo prazo. Dessa forma, para aprimorar a nossa análise da teoria da produção, temos que entender, primeiramente, o funcionamento das isoquantas que nos apresentam dados sobre as combinações possíveis na produção. Em segundo lugar, precisamos compreender como funcionam os isocustos, que nos ofere‐ cem as diferentes combinações de fatores de produção que a empresa pode adquirir, considerando o preço deles e a disponibilidade ou ca‐ pacidade que a firma tem em obter recursos financeiros. 99 Composição do isocusto: DT = (qa ∙ pa) + (qb ∙ pb) em que DT = disponibilidade financeira pa = custo do fator a pb = custo do fator b qa = quantidade máxima do fator a = DT/pa qb = quantidade máxima do fator b = DT/pb Na Figura 7.3, são apresentadas as possibilidades de produção entre o fator A e B, de acordo com os recursos da empresa. Na Tabela 7.1, temos informações sobre as alternativas de produção em relação aos investimentos e às quantidades de fatores que podem ser adquiridas com essas restrições. Figura 7.3 – Isocustos Fonte: Adaptado de RIANI, 1998. 100 Ao observarmos essa figura, entendemos que, com as informações disponíveis dos preços dos fatores, se a empresa aumenta a contrata‐ ção de um fator, deverá reduzir a aquisição de outro e, assim, poderá manter constantes os recursos disponibilizados para a produção. Por isso, a inclinação da curva é negativa. No caso da Tabela 7.1, a restrição de recursos da empresa é de 10 mil. Assim, todas as combinações de fatores devem ter como valor máximo 10 mil e todas as alternativas de produção devem atender a esse limite para não exceder o orçamento da empresa. Tabela 7.1 – Combinações de fatores ALTERNATIVAS DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS QUANTIDADES ADQUIRIDAS POSSÍ‐ VEIS FATOR A FATOR B FATOR A FATOR B a 10000 0 100 0 b 8000 2000 80 10 c 6000 4000 60 20 d 4000 6000 40 30 e 2000 8000 20 40 f 0 10000 0 50 Fonte: Adaptado de RIANI, 1998. 7.3 Taxa marginal de substituição técnica (TMST) A taxa marginal de substituição técnica apura a quantidade de um determinado fator que será compensada por uma unidade adicional do outro fator, tal que o nível de produção não se altere. Isso quer dizer que, ao analisar as isoquantas, podemos observar o movimento da curva e como os fatores de produção estão se alocando, isto é, como uma quantidade de fator de produção vai sendo substituída por outra quantidade de outro fator. 101 Podemos definir assim a taxa de substituição técnica: TMST ba = PMg a/PMg em que PMg = variação na quantidade produzida decorrente da variação de uma unidade na quantidade de fator variável; PMg a = variação na quantidade produzida decorrente da variação em uma unidade do fator A. Na Figura 7.4 , a seguir, observamos a taxa de substituição técnica de capital por trabalho. Figura 7.4 – Taxa marginal de substituição técnica Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 7.4 Rendimentos de escala no longo prazo É um conceito que pode ser definido apenas na análise de longo prazo, quando se supõe que todos os fatores de produção sejam variáveis. Dado um nível de tecnologia, denominamos de rendimentos de escala 102 a variação do produto final, devido à variação da utilização dos fatores de produção. Neste item, veremos como é importante analisar a escala de produção de longo prazo. Rendimentos decrescentes Dizemos que uma função de produção tem retornos decrescentes de escala, se a produção aumenta numa proporção menor que o aumento dos insumos. Nos rendimentos decrescentes, as isoquantas se apresen‐ tam cada vez mais afastadas umas das outras, como mostra a Figura 7.5. Figura 7.5 – Rendimentos decrescentes Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Rendimentos constantes Rendimentos constantes de escala significam que, dobrando todos os insumos, se duplica a produção. Dizemos que uma função de produ‐ ção tem retornos constantes de escala se a produção aumenta em pro‐ porção maior que os insumos. 103 Figura 7.6 – Rendimentos constantes Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Rendimentos crescentes Rendimentos crescentes de escala ocorrem quando os insumos são duplicados, ao passo que uma função de produção tem retornos cres‐ centes de escala se a produção aumenta numa proporção maior que os insumos. 104 Figura 7.7 – Rendimentos crescentes Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Podemos analisar os rendimentos de escala pelos seus resultados na escala de produção, os quais podem variar de acordo com os diferentes setores produtivos ou pela empresa em questão. Espera‐se que, em firmas maiores, os resultados na esfera da produção sejam superiores aos das empresas de menor tamanho, o que se explica pela escala de produção. ( . ) Ponto final Neste capítulo, abordamos a teoria da produção a longo prazo. Vimos que a avaliação sob esse viés pressupõe que é possível alterar todos os fatores de produção, de modo que, teoricamente, todos eles sejam variáveis. A longo prazo, há a possibilidade de a empresa alterar todos os fatores de produção (desde o número de funcionários até a capacidade produ‐ tiva e expansão física). Do ponto de vista teórico, o equilíbrio na produção pode ser determi‐ nado quando são utilizados conjuntamente os conceitos de isoquantas e isocustos. Podemosdizer ainda que o equilíbrio da produção é alcan‐ çado, quando o produtor consegue obter o máximo de produto dentro de suas restrições de recursos financeiros. 105 Indicações culturais MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo: Pioneira Tho‐ mson Learning, 2006. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. No capítulo 13 da obra de Mankiw (2006), e no capítulo 6 da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá saber um pouco mais sobre o assunto proposto neste capítulo. Atividades 1. Explique a relação entre isoquanta e isocusto. 2. Descreva e exemplifique o conceito de retornos crescentes de escala. 3. Descreva e exemplifique o conceito de retornos constantes de escala. 4. Descreva e exemplifique o conceito de retornos decrescentes de escala. 8 CUSTOS DE PRODUÇÃO NO CURTO PRAZO Jacqueline A. H. Haffner No último capítulo, examinamos a tecnologia de produção da empre‐ sa, ou seja, a relação que mostra como os insumos podem ser trans‐ formados em produtos. Agora, veremos de que forma a tecnologia de produção, com base nos preços dos insumos, determina o custo de produção da empresa. É necessário primeiro conhecer a tecnologia de produção da instituição para depois decidir como produzir. Vimos anteriormente que os produtos podem ser combinados de dife‐ rentes maneiras, para que uma mesma quantidade de produto seja obtida. Neste capítulo, veremos o modo como é escolhida uma combi‐ nação ótima (minimizadora de custos) de insumos. Veremos também de que forma os custos da empresa dependem de sua produção e como podem variar com o decorrer do tempo. 8.1 O que é custo de produção no curto prazo? Para realizar a produção, o empresário precisa adquirir os fatores de produção, pagando por eles um determinado preço. Assim, se calcu‐ larmos os gastos com os fatores de produção, obteremos os custos de produção, ou custo total. Mas, primeiramente, devemos entender claramente qual é o objetivo da empresa, ou seja, por que ela entra no mercado? A instituição sempre que toma decisões está pensando somente em como obter mais lucro, e somente entra no mercado com o objetivo de obter lucro por meio dos negócios que realiza. A empresa obtém lucro quando ganha mais do que gasta. A quantia que ela recebe pela venda de sua produção é denominada receita total e a quantidade que gasta para adquirir insumos é chamada custo total. 107 O lucro pode ser assim definido: Lucro = receita total – custo total A Figura 8.1 a seguir traz informações sobre as decisões econômicas principais de que trata a teoria da firma. Figura 8.1 – Decisões da firma Custos de oportunidade Na análise econômica dos custos, é muito importante diferenciar custo contábil, custo econômico e custo de oportunidade, sendo que estes últimos, geralmente, não são considerados, já que correntemente são observados somente os custos contábeis. O custo de oportunidade de alguma coisa é tudo aquilo de que se abre mão para adquiri‐la. Por exemplo, se alguém gasta R$ 10,00 para com‐ prar carne, esses R$ 10,00 são o custo de oportunidade, porque não pode ser investido na compra de outro produto. Dentro dos custos de oportunidade, temos os custos implícitos e explícitos, que veremos a seguir. Quando abrimos uma empresa, temos que comprar matérias‐primas, pagar os custos de manutenção, contratar trabalhadores etc.; estes são os custos explícitos da empresa, isto é, são os custos que aparecem. O custo de oportunidade implícito é diferente, é um custo que não requer desembolso monetário. Nessa análise, devemos considerar, por exemplo, o custo de investir um capital ou deixá‐lo no banco rendendo juros. Podemos, assim, diferenciar lucro econômico e lucro contábil. O pri‐ meiro seria o resultado da receita menos os custos explícitos e implíci‐ 108 tos. Já o segundo refere‐se ao resultado da receita e dos custos explíci‐ tos. A Figura 8.2 , a seguir, elucida essas informações. Figura 8.2 – Diagrama dos custos de produção 8.2 Custo total O primeiro custo que analisaremos será o custo total da produção, que tem dois componentes: o custo fixo (CF) e o custo variável (CV). A curto prazo, os custos fixos não se alteram em decorrência de mu‐ danças nas quantidades produzidas. Por exemplo: em unidades por mês, por exemplo, as quantidades produzidas podem ser de zero ou mil e os custos fixos não vão se alterar. Já os custos variáveis se modifi‐ cam em função das quantidades produzidas. O custo total é assim definido: CT = CF + CV em que custo fixo (CF): deriva do emprego de fatores fixos e não depende do volume de produção, isto é, incorre‐se neles ainda que nada se produza, ou seja, tais custos serão pagos mesmo que não haja produção; 109 custo variável (CV): é dado pelos fatores variáveis de produção e varia de acordo com ela e tal custo aumenta à medida que o vo‐ lume produzido aumenta. A Figura 8.3 , a seguir, são apresentadas as curvas do custo fixo, variá‐ vel e total. Figura 8.3 – Composição do custo fixo Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Os custos fixos e os variáveis variam de acordo com o tempo. A curto prazo, num horizonte temporal de um ou dois meses, a maior parte dos custos é fixa. Nesse período de tempo, a empresa tem compromis‐ sos assumidos a cumprir. Na Figura 8.4 ,a seguir, é apresentada a composição do custo fixo. 110 Figura 8.4 – Custo fixo No exemplo apresentado a seguir, na Tabela 8.1, por Pindyck e Rubin‐ feld19, podemos observar os custos de uma empresa, em que o custo fixo é de R$ 50 e o custo variável vai se modificando com a produção. Dessa forma, o custo total cresce à medida que a produção aumenta. Tabela 8.1 – Custos a curto prazo N ÍV EL D E P RO D U Ç Ã O C U ST O FI XO (C F) 1 C U ST O VA RI Á V EL (C V ) 2 C U ST O TO TA L ( C T) 3 C U ST O M A RG IN A L (C M G ) 4 C U ST O FI XO M ÉD IO (C FM E) 5 C U ST O VA RI Á V EL M É‐ D IO (C V M E) 6 C U ST O TO TA L M ÉD IO (C TM E) 7 0 50 0 50 – – – – 1 50 50 100 50 50 50 100 2 50 78 128 28 25 39 64 3 50 98 148 20 16,7 32,7 49,3 4 50 112 162 14 12,5 28 40,5 5 50 130 180 18 10 26 36 6 50 150 200 20 8,3 25 33,3 7 50 175 225 25 7,1 25 32,1 8 50 204 254 29 6,3 25,5 31,8 111 9 50 242 292 38 5,6 26,9 32,4 10 50 300 350 58 5,0 30 35 11 50 385 435 85 4,5 35 39,5 Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 222. 8.3 Custo marginal (CMG) O aumento ocorrido nos custos totais em decorrência da produção de uma unidade adicional de produto é representado no custo marginal. O custo marginal está presente na quarta coluna da tabela. Trata‐se de um dos mais importantes conceitos teóricos do custo. Representa o custo no qual a empresa incorre para produzir uma unidade adicional. No nível zero de produção, incorreria num custo fixo de R$ 50,00. Ao passar desse nível para uma unidade produzida, o custo fixo permane‐ ce inalterado, mas a instituição despende mais R$ 50,00 com recursos variáveis, perfazendo R$ 100,00 de custo total. Em outras palavras, para aumentar a produção de zero para uma unidade, incorre‐se em um custo marginal de R$ 50,00. Em decorrência do comportamento típico do custo fixo e variável, o custo marginal decresce até certo nível de produção, depois volta a crescer, alcançando elevadastaxas de expansão. Esses dados podem ser apreciados na Tabela 8.1 (p. 151). O custo marginal é calculado como definido a seguir: CMg = ΔCV/ΔQ = ΔCT/ΔQ 8.4 Outros custos de produção Ainda na análise de custos temos dois importantes elementos que complementam a avaliação dos custos no curto prazo. a. Custo médio (CMe) – Mede o custo por unidade de produto. b. Custo total médio (CTMe) – Mede a produção media da empresa. É calculado pela divisão do custo total e o nível de produção. CTMe = CT/Q Como exemplo, podemos analisar um nível de produção de duas uni‐ dades (na Tabela 8.1). O custo total médio será de R$ 64, ou seja, o custo unitário para um nível de produção de duas unidades de produ‐ to será de R$ 128/2. 112 O CTMe é composto de dois componentes: o custo fixo médio (CFMe) e o custo variável médio (CVMe). CFMe é o custo fixo dividido pelo nível de produção: CFMe = CF/Q CVMe é o custo variável dividido pelo nível de produção: CVMe = CV/Q Analisando os custos apresentados anteriormente, observamos que o custo variável médio, geralmente, é acrescido do aumento da produ‐ ção por causa do comportamento do produto marginal decrescente. Já o custo fixo médio cai ininterruptamente com o acréscimo da produ‐ ção, porque os custos fixos são distribuídos por um número maior de unidades. No que se refere aos custos marginais, eles aumentam com a quanti‐ dade produzida. Isso acontece por causa do produto marginal decres‐ cente. Quando a quantidade produzida é grande, pode se tornar mais cara. Os custos marginais e os custos médios de produção devem ser anali‐ sados criteriosamente, já que são dois importantes conceitos para se avaliar as decisões tomadas pela empresa, para se alcançar um nível de produção que traga maior lucro para ela. Na Figura 8.5, a seguir, são apresentadas as curvas de custo marginal, custo total médio, custo variável médio e custo fixo médio. 113 Figura 8.5 – Curvas de custos da empresa Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 222. Segundo Pindyck e Rubinfeld20, as curvas apresentadas na Figura 8.5 permitem‐nos observar uma importante relação entre o custo total médio e o custo marginal. Sempre que o custo marginal é menor do que o custo total médio, significa que o custo total médio está em que‐ da. Sempre que o custo marginal é maior que o custo total médio, o custo total médio está aumentando. Essa característica das curvas de custo não é uma coincidência decorrente dos números usados nesse exemplo, ela se aplica a todas as empresas. Essa relação entre o custo total médio e o custo marginal reflete uma importante regra: a curva de custo marginal corta a curva de custo total médio no ponto de esca‐ la eficiente, ou seja, em baixos níveis de produção, o custo marginal é inferior ao custo total médio, de modo que o custo total médio está em queda. Mas depois de as duas curvas terem se cruzado, o custo margi‐ nal sobe mais que o custo total médio. A partir desse ponto, se a em‐ presa insistir em aumentar o volume de produção, fatalmente incorre‐ rá em custos totais médios ou custos unitários mais elevados, o que pode comprometer sua lucratividade. 114 ( . ) Ponto final Do ponto de vista da empresa, as receitas são uma contrapartida dos custos, e estes uma decorrência inevitável do processo produtivo. Neste capítulo, vimos como a teoria microeconômica básica diferencia os custos da empresa a partir de seus comportamentos típicos em relação às quantidades produzidas. A curto prazo, diferenciam‐se entre fixos e variáveis. A longo prazo, todos os custos, em princípio, variam, quer em decorrência de alterações nas dimensões da empresa, quer por mudanças nas tecnologias de produção, quer em função de modificações de suprimentos e preços dos fatores produtivos. Porém, no curto prazo, há custos que se mantêm fixos e que independem das quantidades produzidas. Outros são variáveis e se modificam em função do quanto a empresa produz. O volume de produção de uma instituição será maior ou menor de‐ pendendo do volume de recursos empregados por ela. Assim, os cus‐ tos incorridos estão fortemente ligados ao seu processo produtivo e à sua função de produção. Uma parte dos recursos empregados na pro‐ dução varia diretamente em função do volume da própria produção: são os recursos variáveis. Outra parte, todavia, não varia em período de curto prazo: são os custos fixos. Estes incluem imobilizações (edifi‐ cações, equipamentos, e outros bens de capital) e parte do pessoal empregado (notadamente os envolvidos em atividades gerenciais de suporte). Nas variáveis incluem‐se os insumos necessários para a pro‐ dução (matérias‐primas e outros materiais intermediários), o pessoal mobilizado diretamente no processo produtivo, a energia usada e outras categorias de gastos exigidos nas operações de produção. Indicações culturais MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo: Pioneira Tho‐ mson Learning, 2006. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. No capítulo 13 da obra de Mankiw (2006), e no capítulo 7 da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006), o leitor poderá saber um pouco mais sobre o assunto proposto neste capítulo. 115 Atividades 1. Sobre os custos de curto prazo, marque (V) para as proposições verdadeiras e (F) para as falsas. ( ) Alguns dos insumos de produção de uma empresa são fixos, porém outros podem sofrer variações à medida que a instituição altera sua produção. ( ) Os custos são fixos porque a empresa, nesse período de tempo, é obrigada a receber e pagar pela entrega de matéria‐prima e não pode dispensar temporariamente os seus trabalhadores. ( ) Os custos fixos podem incluir gasto com manutenção da fábrica, seguro e talvez um número mínimo de funcionários. ( )Nesse período de tempo, os fatores de produção são mais facilmen‐ te adaptáveis às necessidades da produção. 2. Complete a tabela a seguir, considerando que o aluguel do prédio (custo fixo) é de R$ 1.000/mês; o salário por trabalhador é de R$ 100/mês. 116 M Ã O ‐D E‐O BR A PR O D U TO TO TA L C U ST O FI XO TO TA L C U ST O VA RI Á V EL TO TA L C U ST O TO TA L C U ST O FI XO M ÉD IO C U ST O VA RI Á V EL M É‐ D IO C U ST O M ÉD IO C U ST O M A RG IN A L 10 50 20 240 30 510 40 850 50 1.270 60 1.700 70 2.120 80 2.530 90 2.920 100 3.300 110 3.630 120 3.900 130 4.100 140 4.200 150 4.200 160 4.100 3. Você está pensando em instalar um quiosque de venda de suco de frutas. O quiosque custa R$ 250. Os ingredientes para cada copo de suco custam R$ 0,50. a. Qual é o custo fixo do negócio? b. Qual é o custo variável por copo de suco? c. Monte uma tabela mostrando o custo total, o custo total médio e o custo variável para níveis de produção até 4 copos. 9 CUSTOS DE PRODUÇÃO NO LONGO PRAZO Jacqueline A. H. Haffner A capacidade produtiva da empresa, no longo prazo, é muito mais flexível que no curto prazo. Mesmo assim, apresenta custos totais médios crescentes a partir de um determinado volume produtivo. Como no longo prazo é mais fácil adequar a produção, de modo a obter maior eficiência,os seus custos devem ser administrados da forma mais racional para não cair no erro de produzir grandes volu‐ mes de produção a um custo unitário elevado. Em um horizonte de tempo mais longo, de dois ou três meses, a maio‐ ria dos custos é variável. A longo prazo, a firma pode reduzir a sua produção, pode diminuir o número de trabalhadores e reduzir as compras de matérias‐primas. 9.1 O que é custo de produção no longo prazo? Os custos de produção variam no curto e no longo prazo. As decisões voltadas à produção devem levar em consideração uma avaliação clara dos custos. Essa questão é muito importante porque, a curto prazo, alguns custos são fixos e, a longo prazo, variáveis. A longo prazo, a produção trará maior flexibilidade para as decisões a serem tomadas pela empresa. Por esse motivo, as curvas de custo de curto prazo são diferentes das de longo prazo. O motivo é que a empresa tem maior dificuldade para adequar a produção no curto prazo e também porque no curto prazo é mais difícil realocar os trabalhadores e os investimentos. É complexo saber quanto tempo a instituição vai demorar para chegar ao longo prazo. Isso depende muito do tipo de produção. Uma empre‐ sa de vestuário, por exemplo, pode levar meses para montar sua fábri‐ ca, isto é, a construção de um local para a produção, a compra de equi‐ pamentos e contratação de trabalhadores. 118 Uma outra empresa, que venda produtos mais fáceis de produzir, pode adequar a sua produção mais facilmente. Podemos pensar, nesse caso, no produto “cachorro‐quente”, cujo produtor pode comprar os seus insumos mais facilmente e adequá‐los rapidamente a uma mu‐ dança no mercado. Embora as curvas de custo médio e as de longo e de curto prazos te‐ nham o mesmo formato em u, elas diferem porque o formato a curto prazo se deve à lei dos rendimentos decrescentes (ou custos crescen‐ tes), a uma dada planta ou tamanho, enquanto o formato da curva de longo prazo se deve aos rendimentos de escala, quando varia o tama‐ nho da empresa. A Figura 9.1, a seguir, nos apresenta as curvas de curto e de longo prazos. Nela, podemos verificar que a curva de custo total médio no longo prazo tem formato de U e é muito mais plana do que as curvas de curto prazo. Essas propriedades devem‐se ao fato de as empresas terem flexibilidade maior no longo prazo. Figura 9.1 – Custos de produção no curto e no longo prazo Fonte: VASCONCELLOS, 2001. Nas curvas apresentadas na Figura 9.1, a empresa tem economias de escala em baixos níveis de produção, retornos constantes de escala em níveis intermediários de produção e deseconomias de escala em altos níveis de produção. 119 9.2 Economias e deseconomias de escala O comportamento do custo total médio, no longo prazo, contém in‐ formações importantes em relação à tecnologia aplicada à produção de um bem. Segundo Pindyck e Rubinfeld21, a curva de custo marginal de longo prazo (CMgLP) é determinada a partir da curva de custo médio de longo prazo, a qual mede a mudança nos custos totais de longo prazo, à medida que a produção é aumentada incrementalmente. Dessa for‐ ma, podemos fazer a seguinte análise do custo marginal de longo pra‐ zo e do custo médio de longo prazo. Se CMgLP < CMeLP, CMeLP está diminuindo. Se CMgLP > CMeLP, CMeLP está aumentando. Logo, CMgLP = CMeLP no ponto de mínimo do CMeLP. Quando o CTM de longo prazo declina, enquanto a produção aumen‐ ta, diz‐se que existem economias de escala. Quando o CTM de longo prazo aumenta, enquanto a produção aumenta, diz‐se que existem deseconomias de escala. Quando o custo total médio de longo prazo não varia com o nível de produção, diz‐se que existem retornos cons‐ tantes à escala. As economias de escala podem ser calculadas assim: Ec = variação percentual do custo resultante de um aumento de 1% na produção. Logo: EC < 1: CMg < CMe = economias de escala EC = 1: CMg = CMe = economias constantes de escala EC > 1: CMg > CMe = deseconomias de escala Economias de escala Quando a curva do custo total médio de longo prazo decresce com o aumento da produção, dizemos que há economias de escala; isso acon‐ 120 tece porque o custo médio de longo prazo cai com o aumento da quan‐ tidade produzida. O que facilita o surgimento de economias de escala é a especialização. Numa grande escala de produção, os trabalhadores geralmente se são mais especializados e usufruem de toda a capacidade produtiva da empresa. Quando há economias de escala, a produção torna‐se mais eficiente, há uma maior especialização, flexibilidade na organização e compras mais eficientes, como podemos observar a seguir, na Figura 9.2. Figura 9.2 – Economias de escala Deseconomias de escala Quando a curva do custo total médio se eleva com a produção, dize‐ mos que há deseconomias de escala, que ocorrem porque o custo total médio de longo prazo aumenta com o aumento da quantidade produ‐ zida. Nas deseconomias de escala, ocorre sobrecarga no sistema produ‐ tivo, os custos de coordenação aumentam e há restrição na oferta dos produtos, como apresentado a seguir, na Figura 9.3. Figura 9.3 – Deseconomias de escala 121 Retornos constantes de escala Quando o custo total médio de longo prazo não varia com o nível de produção, dizemos que há retornos constantes de escala. Elas se refe‐ rem à propriedade segundo a qual o custo total médio de longo prazo se mantém constante enquanto a quantidade produzida varia. 122 Na Figura 9.4 , a seguir, temos um resumo do que apresentamos até aqui. Figura 9.4 – Economias e deseconomias de escala ( . ) Ponto final Na análise dos custos de longo prazo, devemos diferenciar os custos fixos dos custos variáveis. Os custos a curto e a longo prazos são rele‐ vantes na determinação do tamanho ótimo da fábrica. A longo prazo, as empresas se caracterizam, inicialmente, por retornos crescentes de escala e, mais tarde, por retornos decrescentes, de modo que as curvas de custo apresentam formato de u. 123 Figura 9.5 – Resumo dos custos no curto e no longo prazo Indicações culturais MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo: Pioneira Tho‐ mson Learning, 2006. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. No capítulo 13 da obra de Mankiw (2006), e no capítulo 7 da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006) o leitor poderá saber um pouco mais sobre o assunto proposto neste capítulo. Atividades 1. A curva de custo marginal é ................ no trecho em que se verifica a lei dos rendimentos ................. a. horizontal – decrescentes; b. crescente – decrescentes; c. crescente – constantes; d. decrescente – decrescentes; e. decrescente – constantes. 124 2. Qual é a diferença entre o curto e o longo prazo na análise de custos na microeconomia? 3. Aponte a alternativa incorreta, conforme Mankiw (2006). a. A longo prazo, não existem custos fixos. b. Uma curva de custo médio de longo prazo constante indica a exis‐ tência de rendimentos constantes de escala. c. A isoquanta representa infinitas combinações de mão‐de‐obra e de capital que representam o mesmo custo total de produção. d. Rendimentos decrescentes de escala têm o mesmo significado de deseconomias de escala. e. Os custos de longo prazo representam horizontes de planejamento e não os custos efetivamente incorridos. 4. Considere a seguinte tabela de custo total de longo prazo de três empresas diferentes. Quantidade 1 2 3 4 5 6 7 Empresa A 60 70 80 90 100 110 120 Empresa B 11 24 39 56 75 96 119Empresa C 21 34 49 66 85 106 129 Fonte: PINDYCK; RUBINFELD, 2006. Analise se cada uma dessas empresas apresenta economias ou deseco‐ nomias de escala. 10 ESTRUTURAS DE MERCADO Jacqueline A. H. Haffner No último capítulo deste livro, vamos observar o comportamento dos diferentes mercados e as suas categorias na microeconomia. São eles: mercados competitivos, monopólio e oligopólio. As análises que realizaremos serão sucintas, já que não é nosso objeti‐ vo aqui aprofundar esses assuntos teóricos, mas sim dar noções gerais dos mercados. Iniciaremos com a análise dos mercados competitivos. Em seguida, será apresentado o monopólio de mercado e, por último, as noções de oligopólio. É importante estudar os mercados porque em alguns negócios a com‐ petição perfeita pode não ser a melhor alternativa para essa estrutura. Um estudo de decisão em mercados não‐competitivos é, portanto, importante. Assim, o estudo do monopólio e do oligopólio torna‐se bastante relevante. 10.1 Mercados competitivos Conforme Mankiw, Pindyck e Rubinfeld, “a ideia de concorrência pressupõe a existência de grande número de produtores atuando li‐ vremente no mercado de um mesmo bem ou serviço, de modo que tanto a oferta quanto a procura se originem em condições de razoável equidade, sem influência ilegítima, principalmente, sobre o preço do produto”22. Nesse tipo de mercado, as empresas podem livremente entrar no mercado e sair dele. O mercado competitivo, por vezes chamado de mercado perfeitamente competitivo, tem duas características: há muitos compradores e vendedores no mercado; 126 os bens oferecidos pelos diversos vendedores são em grande esca‐ la. Por esses motivos, as ações individuais não têm impacto significativo sobre os preços de mercado. Os compradores e vendedores dos mer‐ cados competitivos precisam aceitar o preço que o mercado determina. O resumo das características do mercado competitivo se encontra na Figura 10.1, a seguir. Figura 10.1 – Mercados competitivos Ainda nos mercados competitivos, temos que avaliar a lucratividade de se manter no mercado ou dele sair. Essa análise deve ser separada no curto e no longo prazo, como apresentado a seguir. 127 Decisão temporária de curto prazo A decisão da empresa de suspender as atividades no curto prazo de‐ pende da receita. Se a receita é menor do que seus custos variáveis de produção, ela deverá paralisar as suas atividades. Ou seja: Se RT < CV ou Se P < CVM Se o preço não cobrir o custo variável médio, a empresa ficará em melhor situação se suspender a sua produção. Decisão de longo prazo A decisão da empresa de entrar em um mercado ou dele sair depende da receita, ou seja, se a receita que obtém com a produção é menor que seus custos totais, ela deverá sair do mercado. Ou seja: Se RT < CT ou P < CTM A empresa deve optar por sair do mercado, quando o preço do bem for inferior ao custo total médio ou entrará no mercado, se isso for lucrati‐ vo, o que acontece quando o preço do bem supera o custo total médio de produção. Ou seja: Se P > CTM Dessa forma, entendemos que os critérios para avaliar a entrada e a saída nos mercados competitivos têm um raciocínio totalmente dife‐ rente ou oposto. 10.2 Monopólio Em linhas gerais, monopólio significa ausência de concorrência e exis‐ tência de um único fornecedor. Segundo Mankiw, Pindyck e Rubin‐ feld: 128 No monopólio, o fornecedor de produtos pode impor qualquer preço às suas mercadorias ficando, entretanto, sujeito ao nível de vendas dele decorrente. Como geralmente o mercado compra menos quanto maior for o preço, o monopolista fixa o preço que lhe dá maior lucro tendo em vista a relação entre custo e produção.23 Mas isso não significa que o monopolista possa cobrar um preço tão alto quanto desejar. Na qualidade de único produtor de um determi‐ nado produto, o monopolista encontra‐se em uma posição singular. Mesmo se decidir elevar o preço do produto, ele não precisará se preo‐ cupar com concorrentes que poderiam capturar uma fatia maior de mercado. Isso porque o monopolista é o próprio mercado, e tem com‐ pleto controle sobre a quantidade de produto que será colocada à ven‐ da. Nesse sistema de mercado existem barreiras à entrada de outras empresas. As características do monopólio estão especificadas a seguir na Figura 10.2. Figura 10.2 – Características do monopólio 129 Maximização de lucros no monopólio Poderemos avaliar o tamanho do domínio de mercado do monopólio sabendo o número de empresas que competem nesse mercado. Nos casos de monopólio puro, a força do monopólio dependerá intei‐ ramente da elasticidade da demanda do mercado. Quanto menor for a elasticidade da demanda, maior será o poder de monopólio da empre‐ sa. Quando existirem várias instituições, o poder de monopólio também dependerá de como elas interagem entre si. Quanto mais agressiva for a competição, menor será o poder de monopólio de cada empresa. Existem ainda monopólios criados pelo governo, que surgem porque o governo concede a uma só pessoa ou empresa o direito exclusivo de vender algum bem ou serviço. Existem também os monopólios naturais, que acontecem quando uma empresa consegue ofertar um bem ou serviço a um mercado inteiro a um custo menor do que duas ou mais empresas. 10.3 Oligopólio O último mercado que vamos estudar é o oligopólio, que pode ser definido como um mercado com poucos vendedores ofertando os mesmos produtos ou produtos similares. Segundo as ideias de Mankiw, Pindyck e Rubinfeld: Nos oligopólios há poucos fornecedores e cada um detém uma parcela grande do mercado, de forma que qualquer mudança em sua política de vendas afeta a participação de seus concorrentes e os induz a reagir. Por exemplo, se um fornecedor reduzir o preço abaixo do nível geral do mercado, ele atrai os clientes dos concorrentes. Se os poucos concorrentes baixarem seus preços na mesma proporção, de modo que nenhum deles fique em vantagem em relação aos demais, provavelmente, o nível geral de lucro se reduzirá. Por isso, numa oligarquia, às vezes, acontece de os fornecedores fazerem “acordos de cavalheiros” (cartel) e fixarem os mesmos preços, como se fosse um monopólio.24 Em parte desses mercados, algumas ou todas as empresas auferem lucros substanciais a longo prazo, já que as barreiras de entrada difi‐ cultam ou impossibilitam a entrada de novas companhias no mercado. Os setores industriais mais representativos de mercados em oligopó‐ lios são os de automóveis, aço, alumínio, petroquímica, equipamentos elétricos e computadores. Quanto maior o número de empresas de um 130 oligopólio, mais próximos dos níveis competitivos ficam a quantidade e o preço de mercado. Na Figura 10.3, a seguir, temos informações sobre mercados em oli‐ gopólio e suas características. Figura 10.3 – Mercados em oligopólio ( . ) Ponto final Neste capítulo, foram apresentados três tipos de mercados: concorrên‐ cia perfeita, monopólio e oligopólio. No primeiro caso, o de concorrência perfeita, observamos um mercado com muitos produtores e compradores. Vimos também que os preços dos mercados competitivos sempre estão próximos do custo de produ‐ ção do bem. Por último, verificamos que, se a empresa for competitiva e maximizadora de lucros, o preço será igual ao seu custo marginal de produção. Já em relação ao mercado em monopólio, que constitui um mercado com uma única empresa produtora de bem ou serviço, não existem produtossubstitutos próximos e, ainda, existem barreiras de entrada a empresas concorrentes. Por último, vimos os mercados em oligopólio, que é um tipo de mer‐ cado com poucos fornecedores que detém grande parcela do mercado e impede a entrada de outras empresas. Podemos afirmar que o oli‐ 131 gopólio é muito competitivo e que o número de organizações que atuam nesse mercado determina o grau de competição nessa estrutura. Indicações culturais MANKIW, G. N. Princípios de microeconomia. São Paulo: Pioneira Tho‐ mson Learning, 2006. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. Nos capítulos 14, 15 e 16 da obra de Mankiw (2006) e nos capítulos 9, 10 e 12 da obra de Pindyck e Rubinfeld (2006), o leitor poderá saber um pouco mais sobre o assunto proposto neste capítulo. Atividades 1. Considere o custo total e a receita total dados na tabela a seguir. Quantidade 0 1 2 3 4 5 6 7 Custo total 8 9 10 11 13 19 27 37 Receita total 0 8 16 24 32 40 48 56 a. Calcule o lucro para cada quantidade. b. Quanto a empresa deve produzir para maximizar o lucro? 2. A cantora Britney Spears detém o monopólio de um recurso escasso: ela mesma. Ela é a única pessoa capaz de produzir um show da Britney Spears. Isso significa que o governo deveria regulamentar os preços de seus shows? Por quê? 3. No que se refere à organização dos mercados, é correto afirmar que: I. Na competição perfeita, é livre a entrada e a saída de fatores de pro‐ dução, os produtos são idênticos e existem muitas empresas no merca‐ do. II. No oligopólio, há somente um pequeno número de vendedores. Esse mercado maximiza o seu lucro total, formando um cartel e agindo como se fosse um monopólio. III.O monopólio é uma empresa que é a única vendedora de um pro‐ duto para o qual não existem substitutos próximos. 132 Assinale a única resposta correta. a. I ; b. II ; c. III ; d. I, II e III ; e. II e III . REFERÊNCIAS NUMERADAS 1 DIAS; SILVA, 2007. 2 VASCONCELLOS, 2006. 3 PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 57. 4 PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 5 PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 6 STAMFORD, 2003. 7 STAMFORD, 2003. 8 STAMFORD, 2003. 9 MANKIW, 2006, p. 96. 10 PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 11 PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 12 MANKIW, 2006. 13 PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 14 PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 15 BREVE, 2008. 16 PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 187. 17 PINDYCK; RUBINFELD, 2006. 18 PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 189. 19 PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 222. 20 PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 227. 21 PINDYCK; RUBINFELD, 2006, p. 236. 22 MANKIW, 2006; PINDYCK; RUBINFELD, 2006 23 MANKIW, 2006; PINDYCK; RUBINFELD, 2006 24 MANKIW, 2006; PINDYCK; RUBINFELD, 2006 REFERÊNCIAS ABREU, J. Microeconomia: uma abordagem introdutória. São Paulo: Makron, 1995. BREVE, F. A. Teoria da produção. Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação, São Carlos. Disponível em: <http://www.icmc.usp.br/~fabricio/trabalhos/teoriaproducao.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2008. BUREAU OF LABOR STATISTICS. Disponível em: <http://www.bls.gov/>. Acesso em: 25 jul. 2008. COUTINHO, P. C. Microeconomia: equilíbrio parcial em mercados competitivos. Microeconomia para finanças, Brasília, p. 21‐36. Disponível em: <http://www.unb.br/face/eco/coutinho/microeconomiafinançasequilibrio.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2008. DIAS, N. D.; SILVA, E. da. Sociologia, história e economia: um diálogo promissor. Em Tese – Revista Eletrônica dos Pós‐Graduandos em Sociologia Política da UFSC, Santa Catarina, v. 3, n. 2, p. 182‐196, jan./jul. 2007. Disponível em: <http://www.emtese.ufsc.br/vol3_2art5.pdf>. Acesso em: 24 jul. 2008. FERGUSON, C. E. Microeconomia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999. GARÓFALO, G. L.; CARVALHO, L. C. Teoria microeconômica. 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Dessa forma, como o método cientifico é utilizado para explicar as teorias de como funciona o mundo podemos afirmar que a economia é uma ciência. 2. Simplesmente porque elas são capazes de simplificar o mundo complexo em que vivemos e torná‐lo mais fácil de entender. 3. Não, os modelos simplificam a realidade para que possamos entendê‐la melhor. 4. A economia se preocupa com a escassez de recursos. 5. Análise positiva descreve o mundo como ele é a normativa descreve o mundo como deveria ser. 6. À medida que o valor do iene aumenta com relação ao dólar, é necessário mais dólares para adquirir um iene. Suponhamos que os custos da produção de automóveis tanto no Japão como nos Estados Unidos permaneçam constantes. Como resultado da mudança na taxa de câmbio, a compra de um automóvel japonês com preço em ienes requer maior quantidade de dólares. Analogamente, a compra de um automóvel norte‐americano com preço em dólares requer menor quantidade de ienes. 7. a. Preço real da manteiga no ano Desde 1980 o preço real da manteiga diminuiu. b. Variação percentual no preço real entre c. para converter o IPC para 1990=100, divida o IPC de cada ano pelo IPC de 1990. Use a fórmula do item a e os novos valores do IPC, apresentados a seguir, para calcular o preço real da manteiga. 136 d. Variação percentual do preço real entre Essa resposta é praticamente idêntica (com exceção de erros de arredondamento) à resposta do item b. O ano escolhido como base não afeta o resultado. Capítulo 2 1. Pelo aumento da demanda de sorvete, o preço, mantidas as outras condições constantes, aumentaria. 2. Um aumento no preço da margarina: a curva de demanda se desloca para a esquerda (diminui o consumo). d) Um aumento no preço do leite: a curva de demanda se desloca para a esquerda (diminui o consumo). e) Uma redução nos níveis de renda média: a curva de demanda se desloca paraa esquerda (diminui o consumo). 3. Redução da renda dos argentinos sobre o mercado de turismo catarinense: cai a demanda por hospedagem em hotéis. a. Efeito da doença da “vaca‐louca” sobre a demanda pela carne bovina brasileira: aumento da demanda da carne brasileira por estar livre desta doença. b. Efeito da compra da Varig pela TAM sobre o mercado de aviação civil: aumento da oferta de passagens aéreas. c. Intensificação do uso de irrigação nas lavouras de soja: aumento da oferta de soja. 4. c 5. b Capítulo 3 1. a. V b. F c. F 2. a. O preço de equilíbrio: 80 b. O preço deveria aumentar, pois se encontra abaixo do ponto de equilíbrio. Capítulo 4 1. a. As preferências são completas, indicando que dois consumidores poderiam comparar e ordenar todas as cestas de mercado. 137 b. As preferências são transitivas, tal premissa assegura que as preferências do consumidor sejam racionais. c. Todas as mercadorias são boas, isto é, desejáveis, de tal forma que, não se levando em consideração os preços, os consumidores sempre preferem quantidades maiores de uma mercadoria, em vez de menores. 2. Figuras 4.11 e 4.13. Capítulo 5 Quando a receita total muda com os preços a demanda é inelástica. Com uma curva de demanda inelástica, um aumento no preço provoca uma diminuição proporcionalmente menor na quantidade demandada, desta forma, a receita total aumenta. 2. Para bens normais há uma relação positiva entre renda e quantidade demandada, logo a elasticidade‐ renda é positiva. Para bens inferiores há uma relação negativa entre renda e quantidade demandada, logo a elasticidade renda é negativa. 3. Para a maioria dos bens e dos serviços as elasticidades do preço da oferta é maior no longo prazo do que no curto prazo porque no longo prazo as empresas podem ampliar a sua capacidade e produzir mais. 4. a. Figura 5.3; b. Figura 5.2. 5. Capítulo 6 1. Refere‐se à quantidade de produção extra que é obtida quando se adicionam sucessivamente unidades extras iguais de um fator de produção variável e uma quantidade fixa de outro fator. Estas unidades adicionais acrescentam níveis positivos na produção até alcançar um valor máximo, numa combinação ótima de fatores. Na maioria dos processos produtivos acontece o produto marginal decrescente do trabalho. À medida que aumenta o uso de um determinado insumo, mantendo‐se fixos os demais insumos, chega‐se a um ponto em que a produção adicional decrescerá. 2. Capítulo 7 1. Isoquanta pode ser definida como uma linha na qual todos os pontos representam combinações dos fatores de produção que indicam uma mesma quantidade do produto. Isocusto nos apresentam as diferentes combinações de fatores de produção que a empresa pode adquirir, considerando o preço destes fatores e a disponibilidade ou capacidade que a empresa tem em obter recursos financeiros para a obtenção desses fatores. 138 2. Rendimentos crescentes de escala ocorrem quando os insumos são duplicados, ao passo que uma função de produção tem retorno crescente de escala se a produção aumenta numa proporção maior que o aumento dos insumos. 3. Rendimentos constantes de escala significam que, dobrando todos os insumos, obtém‐se uma duplicação da produção; dizemos que uma função de produção tem retornos constante de escala se a produção aumenta na proporção maior que o aumento dos insumos. 4. Dizemos que uma função de produção tem retornos decrescente de escala se a produção aumenta numa proporção menor que o aumento dos insumos. Nos rendimentos decrescentes as isoquantas se apresentam cada vez mais afastadas umas das outras. Capítulo 8 1. a. V; V; V; F 2. M Ã O ‐D E‐O BR A PR O D U TO TO TA L C U ST O FI XO TO TA L C U ST O VA RI Á V EL TO TA L C U ST O TO TA L C U ST O FI XO M ÉD IO C U ST O VA RI Á V EL M ÉD IO C U ST O M ÉD IO C U ST O M A RG IN A L 10 50 1.000 1.000 2.000 20 20 40 - 20 240 1.000 2.000 3.000 4,16 8,33 12,50 5,26 30 510 1.000 3.000 4.000 1,96 5,88 7,84 3,70 40 850 1.000 4.000 5.000 1,17 4,70 5,88 2,94 50 1.270 1.000 5.000 6.000 0,78 3,93 4,72 2,38 60 1.700 1.000 6.000 7.000 0,58 3,52 4,11 2,32 70 2.120 1.000 7.000 8.000 0,47 3,30 3,77 2,38 80 2.530 1.000 8.000 9.000 0,39 3,16 3,55 2,43 90 2.920 1.000 9.000 10.000 0,34 3,08 3,42 2,56 100 3.300 1.000 10.000 11.000 0,30 3,03 3,33 2,63 110 3.630 1.000 11.000 12.000 0,27 3,03 3,30 3,03 120 3.900 1.000 12.000 13.000 0,25 3,07 3,33 3,70 130 4.100 1.000 13.000 14.000 0,24 3,17 3,41 5 140 4.200 1.000 14.000 15.000 0,23 3,33 3,57 10 150 4.200 1.000 15.000 16.000 0,23 3,57 3,80 – 160 4.100 1.000 16.000 17.000 0,24 3,90 4,14 – Observação: a partir da mão‐de‐obra de 150 o custo marginal cresce de forma indeterminada. 3. Copos Custo Fixo Custo Variável Custo Total Custo Total Marginal 0 250 0,00 250,00 – 1 250 0,50 250,50 250,50 2 250 1,00 251,00 125,50 139 3 250 1,50 251,50 83,83 4 250 2,00 252,00 63,00 Capítulo 9 1. b 2. Os custos de produção variam no curto e no longo prazo. As decisões a serem tomadas no que se refere à produção deve levar em consideração uma avaliação clara dos custos. Esta questão é muito importante porque quando avaliamos a produção no curto prazo, alguns custos são fixos e, no longo prazo, variáveis. A produção no longo prazo irá trazer maior flexibilidade as decisões a serem tomadas pela empresa. 3. a 4. Empresa A: Economia de escala, empresa B: deseconomias e empresa C: as duas. Capítulo 10 1. a. Quantidade 0 1 2 3 4 5 6 7 Custo total 8 9 10 11 13 19 27 37 Receita total 0 8 16 24 32 40 48 56 Lucro 0 ‐1 6 13 19 21 21 19 2. Não. Porque não é um monopólio natural, ela é dona da sua própria voz. 3. d