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Curso de Ciências Contábeis Fundamentos de Contabilidade I UNIDADE I Professor: Geraldo Farias 1 Conteúdo Unidade I – Noções de Contabilidade Conceito Objeto Finalidade Campo de Aplicação Usuários da Contabilidade Pessoas Físicas e Jurídicas Funções da Contabilidade Atos e Fatos Administrativos Conceitos Importantes Técnicas Contábeis Mercado de Trabalho do Contabilista Noções de Contabilidade Dentre os vários conceitos de contabilidade destacamos o principal deles que foi definido no 1° Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado em 24 agosto de 1924 na Cidade do Rio de Janeiro, e de outros autores ilustres, conforme abaixo: Noções de Contabilidade - Conceitos "Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e registro relativas aos atos e fatos da administração econômica" (1º CBC). Noções de Contabilidade - Conceitos “Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização” (IBRACON). Noções de Contabilidade - Conceitos “Contabilidade é uma ciência que permite, através de suas técnicas, manter um controle permanente do Patrimônio da empresa” (Contabilidade Fácil, Osni M. Ribeiro). Noções de Contabilidade - Conceitos “Contabilidade é uma ciência que desenvolveu uma metodologia própria com a finalidade de controlar o Patrimônio, apurar o rédito (resultado) das atividades das aziendas e prestar informações às pessoas que tenham interesse na avaliação da situação patrimonial e do desempenho dessas entidades” (Contabilidade Básica, Paulo Viceconti e Silvério das Neves). Objeto, Objetivo e Finalidade da Contabilidade A contabilidade é a ciência que tem como objeto o Patrimônio das Entidades econômico-administrativas, seu objetivo é o estudo e o controle desse patrimônio e a finalidade de fornecer informações aos usuários da contabilidade através das demonstrações financeiras ou patrimoniais dessas entidades. Campo de Aplicação O campo de aplicação da contabilidade se estende a todas as entidades que possuam patrimônio, sejam físicas ou jurídicas, com ou sem fim lucrativo, estas entidades são consideradas unidades econômico-administrativa, cujos objetivos podem ser sociais e/ou econômicos e de acordo com a atividade, como por exemplo: Campo de Aplicação Contabilidade Comercial e de Serviços; Contabilidade de Custos; Contabilidade Industrial; Contabilidade Bancária; Contabilidade Pública; Contabilidade Agropecuária; Contabilidade Securitária; Contabilidade das Pessoas Físicas; Contabilidade do Terceiro Setor. Campo de Aplicação 11 Usuários da Contabilidade Os usuários da Contabilidade são as pessoas físicas ou jurídicas que tenham interesse na avaliação da situação patrimonial da entidade. Tais como: Sócios, Acionistas e Investidores; Emprestadores de Dinheiro (Bancos, Financeiras, etc.); Administradores, Diretores e Executivos; Governo; Pessoas Físicas. Sócios, Acionistas e Investidores Como estas pessoas são interessadas, preliminarmente, na rentabilidade e segurança de seus investimentos, necessitam, por exemplo, das seguintes informações: a) Qual a taxa de lucratividade propiciada ao seu investimento na empresa? b) A empresa oferece, a médio e longo prazo, perspectivas de rentabilidade e segurança para o investimento? c) Existe alternativa mais adequada para o investimento? Emprestadores de Dinheiro (Bancos, Financeiras, etc.) Os emprestadores de dinheiro basicamente desejam as mesmas informações acima discriminadas, porém, analisam mais fria e profundamente as informações contábeis. Administradores, Diretores e Executivos O interesse destas pessoas atinge grau mais profundo de análise e frequência. Ocorre que tais pessoas são responsáveis pelas tomadas de decisões que visam principalmente o futuro da empresa. Mas para proceder desta forma, é indispensável conhecer o que aconteceu no passado e o que acontece no momento. Administradores, Diretores e Executivos Convém salientar que as informações fornecidas pela Contabilidade não se limitam às Demonstrações Financeiras elaboradas ao final de cada exercício social. Além desses demonstrativos básicos e finais de um período administrativo, a Contabilidade fornece um fluxo contínuo de informações, abrangendo vários aspectos da gestão financeira e econômica da sociedade. Administradores, Diretores e Executivos Obs.: Alguns autores dividem a Contabilidade em dois grandes ramos: a) Contabilidade Financeira, cujos relatórios básicos são o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício (mais utilizado pelos agentes externos da sociedade); b) Contabilidade Gerencial, mais analítica, incluindo em seu campo a Contabilidade de Custos, visando principalmente à administração da sociedade. Governo e Pessoas Físicas Governo: É baseado em informações contábeis, em parte, que o Governo traça a política tributária. Pessoas Físicas: O controle das receitas (rendimentos) e despesas é indispensável para à declaração de ajuste anual, para fins de Imposto de Renda. Pessoas Físicas e Jurídicas PESSOA FÍSICA (OU NATURAL): É a pessoa natural, ou seja, o ser humano (homem ou mulher). De acordo com o art. 2º do novo Código Civil (Lei nº. 10.406/2002), em vigor desde 11.01.03, a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Pessoas Físicas e Jurídicas PESSOA JURÍDICA (SER DE EXISTÊNCIA ABSTRATA): É a unidade jurídica resultante de um agrupamento humano organizado, estável, objetivando fins de utilidade pública ou privada, inteiramente distinta dos indivíduos que a compõem, capaz de possuir e exercitar direitos e contrair obrigações. Exemplos: associações e sociedades empresárias (empresas). Organização da Pessoa Jurídica Atualmente, as empresas (pessoas jurídicas) são organizadas sob duas formas básicas: A antiga “empresa individual” (quando a empresa “tem um único proprietário”) que, atualmente, de acordo com o novo Código Civil, é denominada simplesmente “empresário”; As sociedades empresárias, de modo geral (quando a empresa “tem dois ou mais proprietário”). Empresa Individual de Responsabilidade Limitada-EIRELI – LEI 12.441/11. Tipos de Sociedades Empresárias De acordo com o direito empresarial os tipos de sociedades empresárias são os seguintes: Sociedade em Nome Coletivo (N/C); Sociedade em Comandita Simples (C/S); Sociedade em Comandita por Ações (C/A); Sociedade em Conta de Participação (C/P); Sociedade Limitada (Ltda.) e, Sociedade anônima ou companhia (S/A). Classificação das Sociedades Empresárias A) QUANTO À RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS 1) Sociedade Limitada – em que todos os sócios respondem de forma limitada pelas obrigações sociais. São desta categoria a Sociedade Limitada (Ltda.) e a Anônima (S/A). Classificação das Sociedades Empresárias A) QUANTO À RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS 2) Sociedade Ilimitada – em que todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. O direito contempla um só tipo de sociedade desta categoria, que é a Sociedade em Nome Coletivo (N/C). Classificação das Sociedades Empresárias A) QUANTO À RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS 3) Sociedade Mista – em que uma parte dos sócios têm responsabilidade ilimitada e a outra parte têm responsabilidade limitada. São desta categoria as seguintes sociedades: Em Comandita Simples (C/S) – cujo sócio comandidato responde ilimitadamente pelas obrigações sociais, enquanto o sócio comanditário responde limitadamente; e a Sociedade em Comandita por Ações (C/A), em que os diretores têm responsabilidade ilimitada pelas obrigações sociais e os demais acionistas respondem limitadamente. Classificação das Sociedades Empresárias B) QUANTO AO REGIME DE CONSTITUIÇÃO E DISSOLUÇÃO 1) Sociedades Contratuais – cujo ato constitutivo e regulamentar é o contrato social. Para dissoluçãodeste tipo de sociedade não basta a vontade majoritária dos sócios, reconhecendo a jurisprudência o direito de os sócios, mesmo minoritário, manterem a sociedade, contra a vontade da maioria; além disto, há causas específicas de dissolução desta categoria de sociedades, como a morte ou expulsão dos sócios. São sociedades contratuais: em Nome Coletivo (N/C), em Comandita Simples (C/S) e limitada (Ltda.). Classificação das Sociedades Empresárias B) QUANTO AO REGIME DE CONSTITUIÇÃO E DISSOLUÇÃO 2) Sociedades Institucionais – Cujo ato regulamentar é o Estatuto Social. Esta sociedade pode ser dissolvida por vontade da maioria societária e há causas dissolutórias que lhes são exclusivas como a intervenção e liquidação extrajudicial. São institucionais as Sociedades Anônimas (S/A) e a Sociedade em comandita por ações (C/A). Classificação das Sociedades Empresárias C) QUANTO ÀS CONDIÇÕES DE ALIENAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA 1) Sociedades de Pessoas - em que os sócios têm o direito de vetar o ingresso de estranho no quadro associativo. 2) Sociedades de Capital – em relação às quais vige o princípio da livre circulabilidade da participação societária. É a forma de administração que mantêm independência nas relações empresariais de duas ou mais empresas. Nascimento das Pessoas Físicas ou Jurídicas Pessoa Física: De fato - através do parto; Legal - através do registro no Cartório Civil de Pessoas Físicas; Pessoa Jurídica: De fato - pelos atos praticados pelo comerciante de bens e/ou serviços; Legal - através do registro no órgão competente. Órgão Competente para Registro SOCIEDADES EMPRESÁRIAS E EMPRESÁRIOS: Comercial e/ou Industrial - Junta Comercial; Prestadora de serviços - Cartório Civil de Pessoas Jurídicas, anexo ao Cartório de Títulos e Documentos; Alteração Contratual - requer prévio registro da alteração do Contrato Social ou Estatuto Social na Junta Comercial ou no Cartório de Títulos e Documentos; Motivo do Registro - para que a alteração provoque efeitos legais (tenha existência no campo jurídico). Dissolução da Pessoa Jurídica A dissolução da pessoa jurídica é o ato pelo qual se manifesta a vontade ou obrigação de encerrar a existência de uma empresa individual ou sociedade. Pode ser definido como o momento em que se decide a sua extinção, passando-se, imediatamente, à sua liquidação. Essa decisão pode ser tomada por deliberação do titular, sócios, ou acionistas, ou por imposição ou determinação legal do poder público. Dissolução da Pessoa Jurídica Dissolve-se a pessoa jurídica, nos termos do art. 206 da Lei n° 6.404/76: De pleno direito; Por decisão judicial; Por decisão de autoridade administrativa competente, nos casos e forma previstos em lei especial. A pessoa jurídica dissolvida conserva a personalidade jurídica, até a extinção, com o fim de proceder à liquidação (art. 201 da Lei n° 6.404/76). Liquidação da Pessoa Jurídica A liquidação, voluntária ou forçada, de empresário (empresa individual) ou de sociedades empresarial, é o conjunto de atos destinados a realizar o ativo, pagar o passivo e destinar o saldo que houver (líquido), respectivamente ao titular ou, mediante partilha, aos componentes da sociedade, na forma da lei, do estatuto ou do contrato social (PN-CST n° 191/72, item 2). Liquidação da Pessoa Jurídica Durante a fase de liquidação subsistem a personalidade jurídica da sociedade e a equiparação da empresa individual a pessoa jurídica; não se interrompem ou modificam suas obrigações fiscais qualquer que seja a causa da liquidação (PN-CST n° 191/72, item 3). Em todos os atos ou operações necessárias à liquidação, o liquidante deverá usar a denominação social seguida das palavras "em liquidação" (art. 212 da Lei n° 6.404/76). Liquidação da Pessoa Jurídica O liquidante terá as mesmas responsabilidades do administrador, e os deveres e responsabilidades dos administradores, fiscais e acionistas (dirigentes, sócios ou titular) subsistirão até a extinção da pessoa jurídica (art. 21 7 da Lei n° 6.404/76) Extinção da Pessoa Jurídica A extinção da empresa individual ou de sociedade mercantil é o término da sua existência; é o perecimento da organização ditada pela desvinculação dos elementos humanos e materiais que dela fazem parte. Dessa despersonalização do ente jurídico decorre a baixa dos respectivos registros, inscrições e matrículas nos órgãos competentes (PN-CST n° 191/72, item 6). Extingue-se a Pessoa Jurídica: I - pelo encerramento da liquidação (pago o passivo e rateado o ativo remanescente, o liquidante fará a prestação final das contas; aprovadas estas, encerra-se a liquidação e a pessoa jurídica se extingue); II - pela incorporação ou fusão, e pela cisão com versão de todo o patrimônio em outras sociedades (arts. 219 e 216 da Lei n° 6.404/76). Transformação de uma Pessoa Jurídica: A transformação é a operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro (art. 220 da Lei n° 6.404/76). A transformação obedecerá aos preceitos que regulam a constituição e o registro do tipo a ser adotado pela sociedade (parágrafo único do art. 220 da Lei n° 6.404/76). Transformação de uma Pessoa Jurídica: A transformação não prejudicará os direitos dos credores, que continuarão, até o pagamento integral dos seus créditos, com as mesmas garantias que o tipo anterior de sociedade lhes oferecia (art. 222 da Lei 6.404/76). A falência da sociedade transformada somente produzirá efeitos em relação aos sócios que, no tipo anterior, a eles estariam sujeitos, se o pedirem os titulares de créditos anteriores à transformação e somente a estes beneficiará (parágrafo único do art. 222 da Lei 6.404/76). Incorporação de uma Pessoa Jurídica: A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações (art. 227 da Lei n° 6.404/76). A pessoa jurídica incorporada deve levantar balanço, determinar o lucro real e apresentar declaração de rendimentos conforme previsto na legislação (IN-SRF nº. 11/86, item 5). Antes Depois Empresa A Empresa B Empresa C Empresa A Incorporação de uma Pessoa Jurídica Fusão entre Sociedades A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações (art. 228 da Lei n° 6.404/76). Antes Depois Empresa A Empresa B Empresa C Empresa D Fusão entre Sociedades Cisão de uma Sociedade A cisão é a operação pela qual a sociedade transfere parcela do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a sociedade cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão (art. 229 da Lei n° 6.404/76). A cisão com versão de parcela de patrimônio em sociedade já existente obedecerá as disposições sobre incorporação (§ 3° do art. 229 da Lei n°6.404/76); nas operações em que houver criação de sociedade serão observadas as normas reguladoras da constituição das sociedades do seu tipo (§ 1°, art. 223 da Lei n° 6.404/76). Antes Depois Cisão Parcial Antes Depois Cisão Total Função Administrativa e Econômica da Contabilidade Função Administrativa da Contabilidade: A função administrativa da Contabilidade é CONTROLAR O PATRIMÔNIO . Função Econômica da Contabilidade: A função econômica da Contabilidade é apurar o RESULTADO (RÉDITO) . Resultado Diferença entre o valor das receitas e o valor das despesas. O Resultado pode ser: a) Positivo ou Lucro - ocorre quando o valor das Receitas é superior ao valor das Despesas; b) Negativo ou Prejuízo - ocorre quando o valor das Receitas é inferior ao valor das Despesas; c) Nulo - ocorre quando o valor das Receitas é igual ao valor das Despesas. Receitas São entradas de elementos para o Ativo da empresa, na forma de bens ou direitos que sempre provocam um aumento da situação líquida. Despesas São gastos incorridos para, direta ou indiretamente, gerar receitas.As despesas podem diminuir o Ativo e/ou aumentar o Passivo Exigível, mas sempre provocam diminuições na Situação Líquida ou Patrimônio Líquido. Custos São gastos relacionados à atividade de produção, ou seja, são os gastos relativos a bens ou serviços utilizados na produção de outros bens e serviços numa empresa industrial ou prestadora de serviços. No caso de empresa comercial, o custo diretamente ligado à venda da mercadoria denomina-se Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). Atos Administrativos São os que não provocam alterações nos elementos do Patrimônio ou do Resultado, portanto, não interessam à contabilidade. Exemplos: digitar cartas ou orçamentos, atender telefonemas, contratar pessoal etc. Fatos Administrativos São os que provocam alterações nos elementos do Patrimônio ou do Resultado, portanto, interessam à contabilidade. Por essa razão, também são denominados fatos contábeis. Fatos Administrativos Os fatos administrativos ou contábeis classificam-se em: Fatos Permutativos ou Compensativos; Fatos Modificativos: aumentativos e diminutivos; Fatos Mistos ou Compostos: aumentativos e diminutivos. Fatos Permutativos ou Compensativos São os que não provocam alterações no valor do Patrimônio Líquido (PL) ou Situação Líquida (SL), mas podem modificar a composição dos demais elementos patrimoniais. Contas envolvidas: (-) A e + A; + A e + PE; (-) A e (-)PE; + PL e (-) PL. Fatos Permutativos ou Compensativos Exemplos: a) Compra de uma máquina à vista (em dinheiro) no valor de R$ 10.000,00. Há apenas uma permuta: deixa de existir o dinheiro no caixa da empresa (diminuição do Ativo), fato que é compensado pela aquisição da máquina (aumento do Ativo). Não há alteração do Patrimônio Líquido. Fatos Permutativos ou Compensativos Exemplos: b) Compra de uma máquina com financiamento bancário no valor de R$ 10.000,00. No caso, há um aumento do Ativo (compra da máquina) que é compensado por aumento igual no Passivo Exigível (Empréstimo), deixando inalterado o PL. Fatos Permutativos ou Compensativos Exemplos: c) Pagamento de contas a pagar (em dinheiro) no valor de R$ 10.000,00. Nesse caso, há uma diminuição do Ativo (deixa de existir o dinheiro em caixa)que é compensado por igual diminuição do Passivo Exigível. Fatos Permutativos ou Compensativos Exemplos: d) Aumento de capital com incorporação de reservas ou de lucros acumulados. Há apenas uma transferência entre contas do Patrimônio Líquido, cujo valor permanece inalterado. Fatos Modificativos São os que provocam alterações no valor do Patrimônio Líquido (PL) ou Situação Líquida (SL), provocando aumento ou redução de valor idêntico no Passivo Exigível ou no Ativo. Estes fatos podem ser: AUMENTATIVOS - quando provocam acréscimos no valor do Patrimônio Líquido; DIMINUTIVOS - quando provocam reduções no valor do Patrimônio Líquido. Fatos Modificativos Aumentativos Contas envolvidas: a) + A e + PL; b) (-) PE e + PL; Exemplos: Receitas de aluguel; Receitas de juros; Aumento de capital com recursos provenientes dos proprietários. Fatos Modificativos Diminutivos Contas envolvidas: a) (-) A e (-)PL; b) + PE e (-) PL. Exemplos: Despesas de salários; Despesas financeiras; Distribuição de lucros aos sócios ou acionistas. Fatos Modificativos Observação: Sabemos que o ingresso de receitas são fatos contábeis aumentativos, pois aumentam o valor do Ativo e do PL simultaneamente. A ocorrência de despesas são fatos contábeis diminutivos, pois implicam na redução do PL. Há, entretanto, fatos contábeis modificativos que independem de receitas e despesas. Por exemplo, se os sócios decidem aumentar o capital da empresa em R$ 10.000,00 integralizando o aumento em dinheiro, haverá um aumento do Ativo (mais dinheiro em Caixa) e aumento do PL, sem que tenha havido o ingresso de receita. Fatos Mistos ou Compostos São os que combinam fatos permutativos com fatos modificativos, logo podem ser: AUMENTATIVOS - combinam fatos permutativos com fatos modificativos aumentativos; DIMINUTIVOS - combinam fatos permutativos com fatos modificativos diminutivos. Fatos Mistos ou Compostos Aumentativos Contas envolvidas: 1°) + A e (-) A; + A e + PL. 2º) (-) A e (-) PE; (-) PE e + PL. Fatos Mistos ou Compostos Diminutivos Contas envolvidas: 1°) (-) A e (-) PE; (-) A e (-) PL; 2°) (-) A e + A; (-) A e (-) PL. Fatos Mistos Aumentativos Exemplos: Venda à vista de mercadorias em estoque por um preço superior a seu custo, portanto, com lucro; há uma permuta entre o valor da mercadoria em estoque e o dinheiro em caixa, só que o valor do dinheiro recebido é superior ao da mercadoria em estoque, sendo que esta diferença (lucro) aumenta o PL; Recebimento de duplicatas com juros; Pagamento de duplicatas com desconto. Fatos Mistos Diminutivos Exemplos: Venda à vista de mercadorias com prejuízos; Pagamento de duplicatas com juros; Recebimento de duplicatas com desconto. Gestão É o conjunto dos acontecimentos verificados na entidade, sejam fatos contábeis ou meramente atos administrativos. Gestão A Gestão pode ser medida por períodos de tempo aos quais denominamos período administrativo. Em todas as entidades, a gestão se divide em duas partes: uma de caráter econômico e outra de natureza permanente técnica ou administrativa. Esses dois aspectos da gestão se manifestam de forma diversa nas entidades, conforme a finalidade destas. Gestão A Gestão Técnica é a que está relacionada com o aspecto técnico da consecução do objetivo social, como a produção de bens, na indústria, ou de serviços, nas entidades prestadoras de serviços. A Gestão Administrativa é a que dirige todo o pessoal envolvido na busca dos objetivos sociais. Gestão A Gestão Econômica está relacionada à aplicação dos recursos colocados à disposição da sociedade por acionistas e terceiros para atingir os objetivos sociais da sociedade de forma a auferir lucro, ou seja, o aumento do patrimônio líquido da empresa. Rédito Nas empresas com fins econômicos, o aspecto econômico é predominante, enquanto menos significativo será nas entidades com fins sociais. RÉDITO é o resultado da atividade econômica e que provoca variação patrimonial, aumentativa ou diminutiva. As empresas têm por objetivo o lucro, ou seja, o aumento do patrimônio líquido. Regime de Caixa e de Competência REGIME DE CAIXA - quando na apuração dos resultados (rédito) do exercício, são considerados apenas os pagamentos e recebimentos efetuados no período. REGIME DE COMPETÊNCIA - quando, na apuração dos resultados (rédito) do exercício, são consideradas as receitas e despesas nas datas a que se referirem, independentemente de seus recebimentos ou pagamentos. Exercício Social É o espaço de tempo (12 meses), findo o qual as pessoas jurídicas apuram os seus resultados; ele pode coincidir, ou não, com o ano-calendário, de acordo com o que dispuser o estatuto ou o contrato social. Perante a legislação do imposto de renda, é chamado de período de apuração da base de cálculo do imposto devido e, nesse caso, pode ser trimestral ou anual. Capital Nominal, Capital Social ou Capital É o investimento inicial feito pelos sócios na sociedade, acrescido dos aumentos de capital feitos através das reservas de lucros da sociedade e de novos aportes de capital pelos sócios, diminuído dos decréscimos de capital decorrentes de eventuais saídas de sócios da empresa ou de prejuízos sofridos pela sociedade. Capital Próprio Corresponde ao conceito de Patrimônio Líquido; é a diferença entre o total de ativos da sociedade e o total das obrigações para com terceiros. Só com o valor do Capital nominal por ocasião da constituição da sociedade e quando todos os lucros e/ou prejuízos são incorporados ou compensados com o Capital (fato muito raro). Capital de Terceiros Corresponde ao conceito de Passivo Exigível: é o total das obrigações da sociedade para com terceiros. Capital Total a disposição da Sociedade Corresponde ao Total do Passivo (somado PE com o PL), representa o total de recursos que foram colocados à disposição da sociedade por terceiros (PE) ou pelos sócios (PL) para que esta adquirisse os bens e direitos que constituem o seu Ativo (Patrimônio Bruto). Capital Subscrito e Capital Integralizado ou Realizado CAPITAL SUBSCRITO - é o montante que os sócios prometeram. Entregar à sociedade em troca da propriedade das ações ou quotas da mesma. CAPITAL INTEGRALIZADO ou REALIZADO - é o valor que sócios efetivamente entregaram à sociedade. Pode ser um valor menor que o Capital Subscrito. Capital a Integralizar ou Capital a Realizar Corresponde à diferença entre o Capital Subscrito (promessa de entrega) e o Capital Integralizado (entrega efetiva). Técnicas Contábeis Conjunto de procedimentos utilizados pela contabilidade para registrar ou levantar os fatos contábeis. As principais técnicas contábeis são: Escrituração; Demonstrações Contábeis ou Financeiras; Análise das Demonstrações Contábeis ou Financeiras; Auditoria. Mercado de Trabalho do Contabilista A profissão de Contador é hoje uma das mais promissoras, pois abre um leque muito grande no mercado de trabalho e sua valorização junto à sociedade está cada vez mais alta. Temos duas categorias: Técnicos em Contabilidade - categoria em extinção em virtude de não mais existir os Cursos ao nível de segundo grau; Contadores - que são os Bacharéis em Ciências Contábeis. 83 Mercado de Trabalho do Contabilista Tanto o técnico em contabilidade como o contador são chamados de contabilistas, e ambos legalmente podem ser responsáveis pela contabilidade das entidades. Entretanto, o contador está legalmente habilitado a exercer algumas atividades não cabíveis ao técnico em contabilidade. Essas atividades são: Auditoria - exame e verificação da exatidão dos procedimentos contábeis; Perícia Contábil - investigação contábil de pessoas físicas ou jurídicas, motivada por uma questão judicial (solicitada pela justiça); Mercado de Trabalho do Contabilista Enganam-se quem julga que contabilidade é um luxo, ou algo burocrático para atender a legislação fiscal ou societária. É muito mais que isto: é uma ciência, e como tal, contribui para o aprimoramento de nossa sociedade. Mercado de Trabalho do Contabilista A contabilidade é uma enorme fonte de registro, interpretação e informação de dados empresariais, governamentais e de entidades do terceiro setor. Sua utilidade social é bem expressa pelo então presidente da França, Jacques Chirac, em seu discurso na sessão plenária de encerramento do XV Congresso Mundial de Contadores, em 1997: Mercado de Trabalho do Contabilista "... A profissão contábil desempenha um papel fundamental na modernização e internacionalização de nossa economia. Isso porque vocês não se restringem a cuidar de contas. Vocês são conselheiros e, às vezes, confidentes das administrações de companhias, para que têm um importante papel a desempenhar, especialmente em assuntos sociais e tributários. Vocês orientam pequenas e médias empresas e sua administração, simplificando as alternativas, que ainda são demasiado complexas. Vocês desempenham, portanto, um papel no desenvolvimento das possibilidades de emprego, o que merece um especial registro de reconhecimento...". Mercado de Trabalho do Contabilista Nós, contabilistas, servimos à sociedade, aos empresários, às entidades sociais, culturais e filantrópicas, aos governos (federal, estaduais e municipais), aos investidores, ao judiciário. Somos mais de 300.000 somente no Brasil (dados do Conselho Federal de Contabilidade) – se bem que ainda não tivemos um justo reconhecimento de nossos relevantes serviços, pela sociedade como um todo. Mercado de Trabalho do Contabilista O contabilista pode atuar em várias frentes profissionais, além da própria gestão contábil de empresas, entidades públicas e não-governamentais, especializando-se em várias áreas, como: 1. Perícia Contábil. Cada vez mais as sentenças judiciais e arbitrais buscam estar pautadas em laudos técnicos de especialistas contábeis já que estes propiciam o rigor de investigação, a independência e a confiabilidade de cálculos e opiniões sobre controvérsias como apuração de haveres, lucros cessantes, impugnações fiscais e avaliação de patrimônio líquido. 2. Auditoria O profissional com formação acadêmica em Ciências Contábeis - Ensino Superior, inscrito no CRC (após exame de suficiência) poderá auditar e emitir o parecer de entidades como: Companhias que tenham suas ações negociadas em Bolsa de Valor (as chamadas de Capital Aberto); Instituições financeiras (Bancos, Seguradoras, Consórcios, Corretoras de Títulos e Valores, as quais são regulamentadas e fiscalizadas pelo Banco Central e SUSEP); 2. Auditoria Planos de saúde, regulamentados pela ANS. Sociedades sem fins lucrativos, a partir de determinado valor de arrecadação. As entidades acima só podem ser auditadas por Contador, inscrito na CVM - Comissão de Valores Mobiliários. 3. Fiscal A fiscalização de contribuintes ou de contas de entes públicos é uma atividade complexa e extremamente técnica – com certeza o contabilista é o profissional mais adequado para realizar tais labores, já que possui um amplo leque de conhecimentos específicos (como domínio simultâneo das normas contábeis, fiscais, trabalhistas, previdenciárias, societárias e administrativas). 4. Gestão de Empresas Esta não é uma atividade restrita a administradores, já que os contabilistas são conhecedores profundos de finanças, custos e fluxo de caixa, e têm colocado suas capacidades à frente de grandes empreendimentos. 5. Gestão Pública Esta área, tão carente de profissionais idôneos e tecnicamente à altura de um grande país como o Brasil, pode ser incrivelmente melhorada com a utilização das capacidades profissionais e criativas dos contabilistas. Sonho com o dia em que o Presidente da República seja um profissional contábil que tenha grande respeito pelas finanças públicas, profundos conhecimentos em orçamento e repudie as gastanças, corrupção e desperdícios do dinheiro público. 6. Atuarial Parte da estatística ligada a problemas relacionados com a teoria e o cálculo de seguros. Na terminologia técnico-comercial, ATUÁRIO designa o contabilista especializado na contabilidade e na técnica dos seguros (previdenciários, patrimoniais e riscos complexos). 7. Consultoria Há contabilistas que adquirem experiências específicas em determinados ramos de atividades (como planejamento tributário), e podem oferecer aos 3 setores da sociedade (iniciativa privada, governos e ONG´s) um leque de soluções para as complexas questões sociais, orçamentárias e de mercado a que tais entes se defrontam no dia a dia. 8. Pesquisa Periodicamente, recebo pedidos de várias pessoas, solicitando obras tão diferentes como Contabilidade Pública ou Contabilidade Internacional. Um pesquisador contábil pode estabelecer-se como um escritor de tempo integral, e deixando um nobre legado de pesquisas e conhecimentos para muitas gerações. Esta é minha atividade há mais de 6 anos – sou autor de mais de 30 obras diferentes e espero ainda contribuir mais com o conhecimento contábil e de áreas correlatas. 9. Ensino Universidades e centros de atualização profissional necessitam de ótimos professores, com profundos conhecimentos contábeis, para formação de novos profissionais e aprimoramento de outros, em dezenas de disciplinas como Contabilidade Rural, Contabilidade de Custos ou Orçamento Público. A todos os colegas de profissão: continuemos nosso empenho profissional, brevemente seremos mais reconhecidos – isto é apenas uma questão de tempo! A todos estudantes (ou futuros) universitários da área contábil: você escolheu bem, e tenho certeza que você virá a contribuir com uma sociedade mais dinâmica e, quem sabe, com um Brasil melhor, sem corrupção e desmandos de nossos governantes!