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ANÁLISE DE DESEMPENHO TÉRMICO Carlos Alberto Giovanella Junior , Neimar Marciel Graff , Rafael Fiegenbaum 1 2 3 Resumo: Com consumidores cada vez mais exigentes, o desempenho térmico em edificações habitacionais tem se tornado cada vez mais importante, sendo para o conforto dos moradores ou para uma maior economia de energia elétrica. Para isso, é de extrema importância que sejam analisados diversos fatores como localização, clima onde a obra está inserida e também a posição solar do empreendimento. Portanto, avaliar o desempenho térmico de um empreendimento ou edificação, necessitará uma avaliação das condições climáticas locais e um maior empenho no projeto arquitetônico para gerar futuros ganhos. Também é de extrema importância, avaliar os valores horários da radiação solar, velocidade predominante do vento, médias de temperatura e umidade relativa do ar. O método de avaliação de desempenho térmico usa dados climáticos para o período do verão. O presente trabalho, terá como objetivo analisar a importância do isolamento térmico e para isso, apresentará comparações entre o projeto original e uma adaptação de projeto, essa feita pelos autores, com resultados apresentados em cálculos e gráficos tendo o objetivo de melhorar a resistência térmica e assim, oferecer ambientes mais agradáveis e de maior eficiência energética. Também com estes dados, será possível observar a economia referente a climatização de ambientes. Palavras Chave: Desempenho Térmico, Incidência Solar, Eficiência, Diminuição de Custo. 1. Introdução Cada vez mais nos dias atuais, as questões ambientais e de sustentabilidade ganham destaque, tanto é que empresas dispõe de cada vez mais investimentos em estudos neste sentido. As normas brasileiras recebem cada vez mais atenção, e quem consegue se adaptar ao que elas pedem e trazer inovações nos quesitos de conforto, acessibilidade e segurança já larga na frente. Uma destas exigências é a de desempenho térmico das edificações, que tem suma importância na execução de uma edificação, sendo que itens como método de construção, revestimento que será utilizado, tamanho e tipo de abertura e vidros, bem como também o sentido que o terreno se encontra em relação à orientação solar tornam uma obra bem-sucedida caso atendida nestes quesitos. Segundo Lins (2012), estas questões se observadas e estudadas já na concepção dos projetos arquitetônicos podem trazer grandes 1 Acadêmico em Engenharia Civil pelo Centro Universitário UNIVATES, de Lajeado-RS. Os dados desse artigo são baseados em artigos e sites. cagjunior@universo.univates.br 2 Acadêmico em Engenharia Civil pelo Centro Universitário UNIVATES, de Lajeado-RS. Os dados desse artigo são baseados em artigos e sites. neimar.graff@universo.univates.br 3 Acadêmico em Engenharia Civil pelo Centro Universitário UNIVATES, de Lajeado-RS. Os dados desse artigo são baseados em artigos e sites. rafael.fiegenbaum@universo.univates.br ganhos de eficiência da edificação evitando gastos com adaptações e modificações já com o andamento da obra ou até já em sua utilização. Beraldo (2006) afirma que a edificação que conseguir chegar mais perto possível das condições de conforto na fase de elaboração do projeto, na execução com as técnicas construtivas e com os materiais utilizados será a construção mais eficiente. Sistemas como resfriamento, aquecimento e ventilação envoltos pelas características que cada elemento e suas relações com os ambientes interno e externos, são diretamente envolvidos em quão a edificação terá bom desempenho. Conforme Romero (2001), as cores aplicadas podem interferir na quantidade de radiação solar que será transferida para o interior da edificação, sendo que as características dos materiais juntamente com sua tonalidade alteraram a capacidade de conservação, absorção ou reflexão de calor. Com estas informações Silva (2007), diz que é fundamental para a correta ventilação, incidência de luz natural e radiação solar, que se utilize a edificação corretamente no terreno e que seja projetada com fins de potencializar estas características. Dependendo da região de construção da edificação se torna essencial a utilização de ar condicionados para comodidade e conforto dos habitantes, mas de acordo com Lamberts (2011), estudando e adotando critérios corretos, como estilos e formatos de cobertura, aberturas e paredes, pode-se reduzir a transmitância térmica da obra, reduzindo drasticamente gastos durante sua utilização. 2. Materiais e métodos O estudo foi realizado de acordo com o projeto de implantação de um condomínio de apartamentos condicionados ao plano Minha Casa Minha Vida. Neste foram selecionadas quatro moradias com diferentes posições solares. Estas, possuiam pé direito de 2,55 m, vedações externas de blocos cerâmicos estruturais de 23 furos com reboco em ambas as faces, pintura branca e cobertura composta por telhas de fibrocimento com espessura de 8mm e câmara de ar ventilada, conforme demonstram as figuras 1 e 2. Figura 1 – Planta baixa apartamentos 01 e 02. Fonte: autores (2019). Figura 2 – Planta baixa apartamentos 04 e 03. Fonte: autores (2019). Visando diminuir o índice de transmitância térmica dos ambientes de permanência nestes apartamentos, e assim, diminuindo a demanda do uso de climatizadores e ar-condicionados, foram analisados os materiais propostos em projeto para serem utilizados nesta obra. Após a análise e cálculos com a utilização dos materiais sugeridos, fez-se um proposta com diferentes materiais para se chegar a uma menor transmitância. Em uma planilha de Excel foram apresentados todos os cálculos para cada ambiente e para ambas as propostas de materiais. Levamos em consideração as espessuras dos materiais usados: e cerâmica: 1,5 cm e argamassa: 1 cm e reboco: 2 cm e da camada de isopor: 4 cm Todos materiais possuem suas próprias características, portanto, cada material possui uma condutividade térmica que irá variar de acordo com sua densidade. Com isso, fica explícita a capacidade de maior ou menor condução de calor por unidade de tempo de cada material (LAMBERTS, 2011). A seguir na Tabela 1 é possível observar os valores adotados no trabalho para os materiais. Tabela 1 – Tabela de materiais. Fonte: Lamberts (2011). A capacidade que um material tem de restringir ou refletir o calor, é determinada pela sua resistência térmica, assim, conforme sua espessura for maior, maior será a sua resistência a passagem de calor através do mesmo (LAMBERTS, 2011). Calculamos este valor através da equação 1: Equação 1: R = /λL Onde: L= espessura do material (m) = condutividade térmica do material (W/m K)λ Conforme é utilizado um maior número de materiais, é calculada a resistência térmica de cada camada para posteriormente somá-las e assim se obter a resistência térmica total, a qual vemos na equação 2 (LAMBERTS, 2011): Equação 2: A troca de calor pelo meio de radiação ou convecção entrematerial e ambiente, é a Resistência Térmica Superficial. Para coberturas o fluxo de calor considerado é vertical, já para paredes este fluxo de calor é horizontal (LAMBERTS, 2011). Determinam-se estes valores após a análise da tabela 2: Tabela 2 – Resistência térmica superficial Fonte: Lamberts (2011). Quando se tem camadas de ar não ventiladas, a resistência térmica é determinada através da tabela 3: Tabela 3 – Resistência térmica superficial Fonte: Lamberts (2011). Com o valor da transmitância térmica, os materiais podem ser avaliados quando recebem calor, Lamberts (2011). A transmitância pode ser calculada utilizando a equação 3: Equação 3: U = (W/ m²K)/RT1 Os valores da radiação solar foram considerados para índices com latitude 30°, a data foi definida para o dia 22 de dezembro que implica em um período de verão, sendo que as temperaturas adotadas foram de Ti (interna)= 24° e Te (externa)= 34°. Quanto as materiais utilizados na construção, estes terão uma parte da radiação solar incidente absorvida e uma outra parte refletida. A cor superficial destes materiais irá definir sua absortividade, portanto, materiais com sua superfície de incidência nas cores claras, terão uma menor absorção em comparação a materiais com cores escura. Para este trabalho, o empreendimento escolhido utilizava acabamento externo em reboco pintado com cor branca, já para sua cobertura foram usadas telhas de fibrocimento. A tabela 4 nos mostra parâmetros de alguns materiais escolhidos: Tabela 4 – Absortividade e emissividade de alguns materiais. Fonte: Lamberts (2011). Para serem calculados o fluxo de calor em cada ambiente, foram utilizados os dados coletados e aplicados às equações 4 e 5. Para definir o fluxo de calor, levamos em conta a quantidade de energia térmica em watts que atravessará o fechamento entre ambientes, Lambert (2011). Para cada apartamento calculamos dois ambientes, 1 dormitório e Sala/Cozinha que estão conjugados: Apartamento 1 foram calculados, fachadas Leste, Oeste e Sul. Apartamento 2 foram calculados, fachadas Leste e Oeste. Apartamento 4 foram calculados fachadas Leste e Oeste. Apartamento 3 fachadas calculadas foram Leste, Oeste e Norte. Para estes ambientes foram analisadas as Esquadrias, bem como a Cobertura. Para obtenção dos resultados utilizamos as equações 4 e 5 descritas na sequência. Equação 4: q= U* (α*I*Rse*Δt) Onde: q = densidade de fluxo de calor (W/m²K) U = transmitância térmica (W/m²K) α = absortividade do material externo I = radiação solar (W/m²) Rse = resistência superficial externa (m²K/W) Δt = variação da temperatura Equação 5: Q = q*A Onde: Q = fluxo de calor (W/K) q = densidade de fluxo de calor (W/m²K) A = área do fechamento em questão (m²) No projeto original do empreendimento, utilizou-se vidro incolor simples de 4mm nas aberturas externas, com um valor de transmitância térmica de 5,79 W/m²K. Na proposta de melhorias, optou-se por um vidro duplo com uma camada de ar com uma transmitância menor, de 1,48 W/m²K. O fator solar nos mostra qual a relação entre a quantidade de radiação solar que ultrapassa a janela e a que incide sobre a mesma. Para o vidro incolor simples utilizou- se 0,87 e para o vidro duplo cor verde de 6mm com uma camada de ar de 12 mm esse valor passa para 0,27. Esses dados são fornecidos pelos fabricantes de vidro. Para termos o fluxo de calor das janelas, calculamos o valor da densidade de fluxo de calor que atravessa a janela por condução de acordo com a equação 6, o ganho solar do vidro é mostrado na equação 7: Equação 6: qc = U * Δt onde: U = transmitância térmica (W/m²K) Δt = variação da temperatura Equação 7: qs = Fs * I onde: Fs = fator solar I = radiação solar (W/m²) Depois de realizados os cálculos, achando o valor de carga térmica, utilizamos a proporção onde cada 1.000W equivalem a 3.412 BTU/ h. Foi determinado um intervalo de tempo de 8 horas/dia durante o período de 21 dias do mês para chegar ao resultado da demanda de ar condicionado mensal. 3. Análise dos Resultados Após a coleta de todos os dados das edificações como materiais, dimensões, áreas, e posteriores análises e cálculos, foram desenvolvidos os gráficos baseados nas tabelas de Cálculos. Como podemos ver no gráfico 1, a quantidade de calor é diferente para cada apartamento. Nas melhorias adotadas foram utilizados camadas de isopor nas paredes, vidro duplo com camada de ar nas janelas e também EPS na cobertura. Após as melhorias, é possível perceber a grande diferença na quantidade de calor absorvido em cada ambiente, utilizando apenas poucos matérias como melhorias. Gráfico 1 – Quantidade de Calor por Apartamento Fonte: autores (2019). Através do gráfico 2 foi possível concluir que com as melhorias adotadas, além de melhorar o conforto térmico, acabam influenciando diretamente o consumo do ar condicionado, pois diminuindo a quantidade de calor, o ar condicionado precisa ficar menos tempo ligado para conseguir manter uma temperatura agradável em torno de 24 °C. Gráfico 2 – Custo do Ar Condicionado por Hora Fonte: autores (2019). O custo inicial para as melhorias, faz com que muitas pessoas não vejam a grande importância do investimento em conforto térmico, mas como podemos ver após esta análise, o custo do investimento acabam retornando em poucos meses somente com a economia no consumo do ar condicionado que dependendo do projetado podem até ficar desligados. Gráfico 3 – Comparativo de Custo Ar Condicionado Mensal. Fonte: autores (2019). Nos gráficos a seguir podemos verificar os resultados obtidos em média dos 4 apartamentos, onde houve uma diminuição do calor absorvido da cobertura, na distribuição as paredes receberam este calor. Gráfico 4, 5 e 6 - Comparativo Antes e Depois das Melhorias Fonte: autores (2019). 4. Considerações Finais Com o estudo e análises desenvolvidas, o grupo pode fazer uma analogia da importância do conhecimento dos diferentes materiais a serem utilizados na construção civil, principalmente na execução de condomínios multifamiliares. Observou-se que muitas vezes não se pode apenas analisar a parte estética de uma edificação, mas muitos fatores além disso, os quais irão impactar diretamente no desempenho térmico, na durabilidade e qualidade do empreendimento. Escolher adequadamente os materiais, é essencial para um melhor desempenho térmico. Portanto, mesmo se levados em conta os maiores custos de materiais com menor índice de transmitância térmica no início da obra, serão necessários menores investimentos posteriores, ou não serão necessários mais investimentos para adequação térmica. Desta maneira, tem-se uma grande vantagem, visando que irá se obter um maior conforto térmico, assim, reduzindo o gasto deenergia elétrica para climatização e obtendo o retorno financeiro do investimento inicial em curto-médio prazo. Referências: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 15220; Desempenho térmico de edificações. Rio de Janeiro: ABNT, 2005. BERALDO, J. C. Eficiência energética em edifícios: avaliação de uma proposta de regulamento de desempenho térmico para a arquitetura do estado de São Paulo. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. (Dissertação de Mestrado). LAMBERTS, R; NARANJO, A. Desempenho Térmico de Edificações. Florianópolis: Apostila – Universidade Federal de Santa Catarina, 2011. ROMERO, B. M. A. A arquitetura bioclimática do espaço público. Brasília: Editora Universidade de Brasília,2001. SILVA, J. S. A eficiência do brise-soleil em edifícios públicos de escritórios: estudo de casos no plano piloto de Brasília. Brasília: UNB, 2007. (Dissertação de mestrado)
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