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Psicanálise - 6

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Sumário
11. Psicanálise	�
52. Sigmund Freud - Biografia	�
53. O Método Psicanalítico de Freud	�
94. Teorias Psicanalíticas Clássicas	�
94.1. Consciente, Pré – Consciente, Inconsciente	�
94.2. Id, Ego, Superego	�
104.3. Ansiedade	�
114.4. Mecanismos de Defesa	�
135. Fases de Desenvolvimento da Personalidade	�
135.1. Fase Oral	�
135.2. Fase Anal	�
135.3. Fase Fálica	�
145.4. Fase de Latência	�
145.5. Fase Genital	�
156. A Formação Psicanalitica	�
18Conclusão	�
18Bibliografia	�
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A PSICANÁLISE
1. Psicanálise
A melhor maneira de compreender a Psicanálise ainda é traçar sua origem e evolução. Em 1880 e 1882, o Dr. Josef Breuer, de Viena, médico e fisiologista experimental bem conhecido, ocupava-se do tratamento de uma jovem que caíra enferma de grave histeria enquanto se achava cuidando do pai doente. O quadro clínico era constituído de paralisias motoras, inibições e distúrbios de consciência. Seguindo uma sugestão que lhe fora dada pela própria paciente, ele colocou-a em estado de hipnose e conseguiu que, descrevendo-lhe os estados de ânimo e os pensamentos que eram dominantes em sua mente, retornasse, em cada ocasião específica, a uma condição mental normal. Repetindo sistematicamente o mesmo laborioso processo, conseguiu liberta-la de todas as suas inibições e paralisias, de maneira que, ao final achou o seu trabalho recompensado por um grande sucesso terapêutico, bem como por uma inesperada compreensão da natureza da enigmática neurose. Não obstante, Breuer absteve-se de acompanhar sua descoberta ou de publicar algo sobre o caso até cerca de 10 anos depois, quando a influência pessoal do presente autor (Freud, que retornara a Viena em 1886, após estudar na escola de Charcot) o persuadiu a retomar o assunto e empenhar-se num estudo conjunto dele. Os dois, Breuer e Freud, publicaram um artigo preliminar em 1893, "sobre o Mecanismo Psíquico dos Fenômenos Histéricos" e, em 1895, um volume intitulado Estudos sobre a Histeria, no qual descreviam seu procedimento terapêutico como catártico. 
As investigações existentes na raiz dos estudos de Breuer e Freud conduziram a dois resultados principais, que não foram abalados pela experiência subseqüente: primeiro, que os sintomas histéricos têm sentido e significado, sendo substitutos de atos mentais normais e, segundo que a descoberta desse significado desconhecido é acompanhada pela remoção dos sintomas, de modo que, nesse caso, a pesquisa científica e o esforço terapêutico coincidem. As observações foram efetuadas sobre uma série de pacientes tratados da mesma maneira que a primeira paciente de Breuer, ou seja, colocados em estado de hipnose profunda; Os resultados pareceram brilhantes até que, posteriormente, seu lado fraco tornou-se evidente. As idéias teóricas apresentadas na ocasião por Breuer e Freud foram influenciadas pelas teorias de Charcot sobre a histeria traumática e puderam apoiar-se nas descobertas de seu aluno Pierre Janet, as quais, embora tenham sido publicadas antes dos "estudos", foram na realidade subseqüentes ao primeiro caso de Breuer. Desde o início, o fator do afeto foi trazido para o primeiro plano: Os sintomas histéricos, sustentavam os autores, surgiam quando um processo mental com pesada carga emocional era de alguma maneira impedido de nivelar-se ao longo do caminho normal que conduz à consciência e ao movimento; Em resultado disso, o afeto, em certo sentido 'estrangulado' era desviado ao longo de caminhos errados e transbordava para a intervenção somática (processo denominado de 'conversão'); As ocasiões em que surgem 'idéias patogênicas' desse tipo foram descritas por Breuer e Freud como 'traumas psíquicos' e, visto que estes amiúde remontavam ao passado muito remoto, foi possível aos autores dizer que os histéricos sofriam principalmente de reminescências (que não haviam sido tratadas).
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Sob o tratamento, portanto, a 'catarse' surgia quando o caminho à consciência se abria e havia uma descarga normal do afeto. 
Contrastes entre as conceituações dos dois autores eram visíveis mesmo nos Estudos. Breuer supunha que as idéias patogênicas produziam seu efeito traumático porque surgiam durante "estados hipnóides", nos quais o funcionamento mental estava sujeito a limitações especiais. Freud rejeitou a explicação e inclinou-se para a crença de que uma idéia se tornava patogênica se seu conteúdo estava em oposição com a tendência predominante da vida mental do sujeito, de maneira a incitá-lo a entrar em "defesa". Além disso, as duas inovações que levaram Freud a afastar-se do método catártico já haviam sido mencionada nos Estudos. 
A primeira dessas inovações baseou-se na experiência prática e levou a uma mudança de técnica. A segunda consistiu num avanço na compreensão clínica das neuroses. Logo mostrou-se que as esperanças terapêuticas antes depositadas no tratamento catártico da hipnose, achavam-se até certo ponto irrealizadas. Era verdade que o desaparecimento dos sintomas ia de mãos dadas com a catarse, mas o sucesso total revelava ser inteiramente dependente da relação do paciente com o médico e , assim assemelhava-se ao efeito da 'sugestão'. Se essa relação era perturbada, todos os sintomas reapareciam, como se nunca houvessem sido dissipados. Além disso o pequeno número de pessoas que podia ser colocado em profundo estado de hipnose envolvia uma limitação considerável, do ponto de vista médico, da aplicabilidade do procedimento catártico. Por essas razões, Freud decidiu abandonar o emprego da hipnose, mas, ao mesmo tempo, as impressões que dela derivara fornecera-lhe os meios de substituí-la. 
O efeito da condição hipnótica sobre o paciente fora aumentar tão grandemente sua capacidade de efetuar associações que ele podia encontrar diretamente o caminho - inacessível a sua reflexão consciente - que conduzia do sintoma aos pensamentos e lembranças a ele vinculados. O abandono da hipnose parecia tornar desesperadora a situação. Até que Freud se recordou de uma observação de Bernheim, segundo a qual as coisas experimentadas em estado de sonambulismo eram apenas aparentemente esquecidas e podiam ser trazidas à lembrança em qualquer época, se o médico insistisse energicamente em que o paciente as conhecia. Assim, Freud esforçou-se por insistir junto a seus pacientes não hipnotizados que lhe fornecessem suas associações, a fim de que, do material fornecido, pudesse achar o caminho que levava ao antes esquecido ou desviado. Observou posteriormente que a insistência era desnecessária e que, idéias copiosas quase sempre surgiam na mente do paciente, mas eram retidas de serem comunicadas e, até mesmo, de se tornarem conscientes devido a certas objeções colocadas pelo paciente, à sua própria maneira. Surgiu então a técnica de ensinar o paciente a abandonar toda a sua atitude crítica e fazer uso do material que era então trazido à luz para o fim de revelar as conexões que estavam sendo buscadas. Uma forte crença na determinação estrita dos fatos mentais certamente desempenhou um papel na escolha dessa técnica como aquela que sucedeu a hipnose.
A regra técnica fundamental desse procedimento de 'associação livre' foi desde então mantida no trabalho psicanalítico.
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O tratamento é iniciado pedindo-se ao paciente que se coloque na posição de um auto-observador atento e desapaixonado, simplesmente comunicando o tempo inteiro a superfície de sua consciência e, por um lado, tornando um dever a mais completa honestidade, enquanto que, por outro lado, não retendo da comunicação nenhuma idéia, mesmo que: 1) Sinta ser ela muito desagradável, 2) Julgue-a absurda ou 3) Sem importância demais ou 4) irrelevante para o que está sendo buscando. Descobre-se uniformemente que justamente as idéias que provocam as reações por último mencionadas são as que tem valor específico para a descoberta do material esquecido.
Método de tratamento das doenças mentais através da investigação psicológica profunda e da interpretação das condutas (atos, palavras) e das produçõesde um indivíduo, tornando matéria de conhecimento teórico e ciência do inconsciente. O nome de psicanálise "se refere a uma teoria de estrutura e do funcionamento da personalidade, à aplicação desta teoria a outros domínios dos conhecimentos e , finalmente, a uma técnica psicoterápica específica. Esse conjunto de conhecimentos baseia-se nas descobertas psicológicas fundamentais de Sigmund Freud (1856-1939), que são sua origem".
O professor S. Freud, especialista vienense em doenças nervosas, tendo observado os efeitos nocivos de alguns acontecimentos traumáticos aparentemente esquecidos, estabeleceu uma ligação entre estes e os sintomas observados e concluiu pela existência de um inconsciente dinâmico. Alguns de nossos atos, desde as mais banais( esquecimento de colocar uma carta no correio) até os mais estranhos (rito de lavar as mãos em alguns neuróticos, por exemplo), são, afirma ele, condicionados por causas obscuras porém reais.
Os sintomas neuróticos têm um sentido; pode-se compreendê-los desde que se vençam certas resistências por trás das quais se acha o inconsciente. Para consegui-lo, Freud experimenta sucessivamente a hipnose ( de que não gosta, porque cheira à magia), depois a sugestão ("você pode lembrar-se de seu passado") e por fim o método de livre associação ("diga tudo que lhe venha ao espírito"). Este último se revela o melhor porque respeita a pessoa.
Submetendo-se à regra fundamental, que consiste em dizer o que pensa e o que sente, sem nada omitir, mesmo o que lhe pareça absurdo, insensato ou inconveniente, o indivíduo estabelece com a analista um tipo de comunicação especial favorável à eclosão de manifestações inconscientes. Ele não recebe o tratamento e sim colabora com ele. A descoberta de seu inconsciente não se faz por efração, mas após longo processo voluntário, no decorrer do qual aprende a enfrentar todas suas idéias, mesmo as mais desagradáveis, e a controlar suas emoções, que não tinha podido dominar no passado e das quais se tinha defendido, recalcando-as.
Só depois de abandonar suas resistências é que chega a compreender as motivações ocultas de seu comportamento e que pode tornar-se senhor de suas condutas. Durante as sessões, o psicanalista procura manter-se inteiramente neutro; deixa o paciente expressar-se sem restrição mas interpreta suas resistências e suas atitudes a seus respeito (transferência).
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O tratamento analítico procura operar mudanças profundas e permanentes na personalidade, aumentando o poder de integração do eu.
É, portanto, uma espécie de reeducação psicológica, que se estende por meses e mesmo anos (na freqüência de três ou quatro vezes por semana), e que só pode ser empreendida ser forem preenchidas certas condições. As mais importantes são: a vontade de curar-se do paciente (sem a qual não pode respeitar as convenções básicas : regularidade das sessões, regra de não omissão, etc. e todos os esforços consentidos se tornam vãos); nível intelectual e cultural suficiente ; idade um pouco avançada( é difícil na idade madura modificar profundamente as atitudes). Deve ser conduzido por psicoterapeuta altamente qualificado, que tenha ele mesmo sofrido análise didática e efetuado análises sob controle.
A psicanálise permitiu pôr em evidência certo número de fenômenos psíquicos, cujas leis foram estabelecidas por S. Freud. Sua principal descoberta foi a da sexualidade infantil, que nasce com a vida e passa por diferentes estágios antes de chegar ao período genital propriamente dito, onde o objetivo sexual é o coito normal com um parceiro do sexo oposto. Mas, do nascimento à puberdade, as pulsões são submetidas a certos números de fatores que influenciam o seu destino. 
Sigmund Freud foi assim levado a elaborar sua teoria, incessantemente reformulada e em contínua evolução, cujos grandes princípios podem ser lembrados : 1) toda conduta tende a suprir uma tensão dolorosa (princípio do prazer); 2) o mundo exterior impõe certas condições que é preciso levar em consideração ( princípio de realidade); 3) as experiências marcantes têm tendência a se reproduzir (compulsão de repetição); 4) o aparelho psíquico compreende três instâncias: o id, o superego, e o ego ; e 5)os mecanismos de defesa.
Primitivamente reservado aos adultos neuróticos, o tratamento psicanalítico foi progressivamente estendido às crianças, aos criminosos e aos esquizofrênicos. Mas a psicanálise não se contenta em ser uma terapêutica. Ela se tornou-se uma psicologia das profundezas, uma ciência explicativa do comportamento humano capaz de fornecer hipóteses fecundas às diversas ciências do homem , em particular a psicologia genética, à psiquiatria, à pedagogia, à sociologia e à antropologia. 
 
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2. Sigmund Freud - Biografia
NOTA AUTOBIOGRÁFICA - 1901 [1899]
FREUD, SIGM., Viena. Nascido a 6 de maio de 1856, em Freiberg, na Morávia. Estudou em Viena. Aluno de Brücke, o fisiologista. Formatura grau de médico, 1881. Aluno de Charcot em Paris, 1885-6. Habilitação nomeação como Privatdozent, 1885. Trabalhou como médico e Dozent na Universidade de Viena a partir de 1886. Indicado como Professor Extraordinarius, 1897.1 Antes disso, Freud produziu textos sobre histologia e anatomia cerebral e, subseqüentemente, trabalhos clínicos sobre neuropatologia; traduziu obras de Charcot e Bernheim.
Em 1884, "Über Coca" " Sobre a Coca", artigo que apresentou a cocaína à medicina. Em 1891, bar Auffassung der Aphasien Sobre a Interpretação das Afasias. Em 1891 e 1893, monografias sobre as paralisias cerebrais infantis, que culminaram em 1897 no volume sobre esse assunto no Handbuch de Nothnagel. Em 1895, Studien über Hysterie Estudos sobre a Histeria (com o Dr. J. Breuer). Desde então Freud voltou-se para o estudo das psiconeuroses, especialmente da histeria, e numa série de trabalhos mais curtos enfatizou a importância etiológica da vida sexual para as neuroses. Desenvolveu também uma nova psicoterapia da histeria, sobre a qual muito pouca coisa tem sido publicada. Um livro, Die Traumdeutung A Interpretação dos Sonhos, está no prelo.
 
3. O Método Psicanalítico de Freud
Ocorreu antes de novembro de 1903.
O singular método psicoterápico que Freud pratica e designa de psicanálise é proveniente do chamado procedimento catártico, sobre o qual ele forneceu as devidas informações nos Estudos sobre a Histeria, de 1895, escritos em colaboração com Joseph Breuer. A terapia catártica foi uma descoberta de Breuer, que, cerca de dez anos antes, curara com sua ajuda uma paciente histérica e obtivera, nesse processo, uma compreensão da patogênese de seus sintomas. Graças a uma sugestão pessoal de Breuer, Freud retomou o procedimento e o pôs à prova num número maior de enfermos.
O procedimento catártico pressupunha que o paciente fosse hipnotizável e se baseava na ampliação da consciência que ocorre na hipnose. Tinha por alvo a eliminação dos sintomas patológicos e chegava a isso levando o paciente a retroceder ao estado psíquico em que o sintoma surgira pela primeira vez. Feito isso, emergiam no doente hipnotizado lembranças, pensamentos e impulsos até então excluídos de sua consciência; e mal ele comunicava ao médico esses seus processos anímicos, em meio a intensas expressões afetivas, o sintoma era superado e se impedia seu retomo. Os dois autores, em seu trabalho conjunto, explicaram essa experiência regularmente repetida, afirmando que o sintoma toma o lugar de processos psíquicos suprimidos que não chegam à consciência, ou seja, que ele representa uma transformação ("conversão") de tais processos.
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A eficácia terapêutica de seu procedimento foi explicada em função da descarga do afeto, até ali como que estrangulado", preso às ações anímicas suprimidas ("ab-reação"). Mas esse esquema simples da intervenção terapêutica complicava-se em quase todos os casos, pois viu-se que participavam da gênese do sintoma, não uma única impressão ("traumática"), porém, na maioria dos casos, uma série delas, difícil de abarcar. Assim, a principal característica do métodocatártico, em contraste com todos os outros procedimentos da psicoterapia, reside em que, nele, a eficácia terapêutica não se transfere para uma proibição médica veiculada por sugestão. Espera-se, antes, que os sintomas desapareçam por si, tão logo a intervenção, baseada em certas premissas sobre o mecanismo psíquico, tenha êxito em fazer com que os processos anímicos passem para um curso diferente do que até então desembocava na formação do sintoma.
As alterações que Freud introduziu no método catártico de Breuer foram, a principio, mudanças da técnica; estas, porém, levaram a novos resultados e, em seguida, exigiram uma concepção diferente do trabalho terapêutico, embora não contraditória à anterior.
O método catártico já havia renunciado à sugestão, e Freud deu o passo seguinte, abandonando também a hipnose.. Atualmente, trata seus enfermos da seguinte maneira: sem exercer nenhum outro tipo de influência, convida-os a se deitarem de costas num sofá, comodamente, enquanto ele próprio senta-se numa cadeira por trás deles, fora de seu campo visual. Tampouco exige que fechem os olhos’ e evita qualquer contato, bem como qualquer outro procedimento que possa fazer lembrar a hipnose. Assim a sessão prossegue como uma conversa entre duas pessoas igualmente despertas, uma das quais é poupada de qualquer esforço muscular e de qualquer impressão sensorial passível de distraí-la e de perturbar-lhe a concentração da atenção em sua própria atividade anímica.
Como a hipnotizabilidade, por mais habilidoso que seja o médico, reside sabidamente no arbítrio do paciente, e como um grande número de pessoas neuróticas não pode ser colocado em estado de hipnose através de procedimento algum, ficou assegurada, através da renúncia à hipnose, a aplicabilidade do método a um número irrestrito de enfermos. Por outro lado, perdeu-se a ampliação da consciência que proporcionava ao médico justamente o material psíquico de lembranças e representações com a ajuda do qual se podia realizar a transformação dos sintomas e a liberação dos afetos. Caso não fosse encontrado nenhum substituto para essa perda, seria impossível falar em alguma influência terapêutica.
Freud encontrou um substituto dessa ordem, plenamente satisfatório, nas associações dos enfermos, ou seja, nos pensamentos involuntários quase sempre sentidos como perturbadores e por isso comumente postos de lado que costumam cruzar a trama da exposição intencional.
Para apoderar-se dessas idéias incidentes, ele exorta os pacientes a se deixarem levar em suas comunicações, "mais ou menos como se faz numa conversa a esmo, passando de um assunto a outro".
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Antes de exortá-los a um relato pormenorizado de sua história clínica, ele os instiga a dizerem tudo o que lhes passar pela cabeça, mesmo o que julgarem sem importância, ou irrelevante, ou disparatado. Ao contrário, pede com especial insistência que não excluam de suas comunicações nenhum pensamento ou idéia pelo fato de serem embaraçosos ou penosos. No empenho de compilar esse material costumeiramente desdenhado, Freud fez as observações que se tomaram decisivas para toda a sua concepção. Já no relato da história clínica surgem lacunas na memória do doente, ou seja, esquecem-se acontecimentos reais, confundem-se as relações de tempo ou se rompem as conexões causais, daí resultando efeitos incompreensíveis. Não há nenhuma história clínica de neurose sem algum tipo de amnésia. Quando o paciente é instado a preencher essas lacunas de sua memória através de um trabalho redobrado de atenção, verifica-se que as idéias que lhe ocorrem a esse respeito são repelidas por ele com todos os recursos da crítica, até que ele sente um franco mal-estar quando a lembrança realmente se instala. Dessa experiência Freud concluiu que as amnésias são o resultado de um processo ao qual ele chama recalcamento e cuja motivação é identificada no sentido de desprazer. As forças psíquicas que deram origem a esse recalcamento estariam, segundo ele, na resistência que se opõe à restauração [das lembranças].
O fator da resistência tomou-se um dos fundamentos de sua teoria. Quanto às idéias postas de lado sob toda sorte de pretextos (como as enumeradas na fórmula acima), Freud as encara como derivados das formações psíquicas recalcadas (pensamentos e moções), como deturpações delas provocadas pela resistência a sua reprodução.
Quanto maior a resistência, mais profusa é essa distorção. O valor das idéias inintencionais para a técnica terapêutica reside nessa relação delas com o material psíquico recalcado. Quando se dispõe de um procedimento que permite avançar das associações até o recalcado, das distorções até o distorcido, pode-se também tomar acessível à consciência o que era antes inconsciente na vida anímica, mesmo sem a hipnose.
Com base nisso, Freud desenvolveu uma arte de interpretação à qual compete a tarefa, por assim dizer, de extrair do minério bruto das associações inintencionais o metal puro dos pensamentos recalcados. São objeto desse trabalho interpretativo não apenas as idéias que ocorrem ao doente, mas também seus sonhos, que abrem a via de acesso mais direta para o conhecimento do inconsciente, suas ações inintencionais e desprovidas de planos (atos sintomáticos), e os erros que ele comete na vida cotidiana (lapsos da fala, equívocos na ação etc.). Os detalhes dessa técnica de interpretação ou tradução ainda não foram publicados por Freud. Segundo suas indicações, trata-se de uma série de regras empiricamente adquiridas para construir o material inconsciente a partir das ocorrências de idéias, de instituições sobre como é preciso entender a situação em que deixam de ocorrer idéias ao paciente, e de experiências sobre as resistências típicas mais importantes que surgem no decorrer desses tratamentos. Um volumoso livro sobre A Interpretação dos Sonhos, publicado por Freud em 1900, deve ser visto como o precursor de tal introdução à técnica.
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Dessas indicações sobre a técnica do método psicanalítico poder-se-ia concluir que seu inventor deu-se um trabalho desnecessário e fez mal em abandonar o procedimento hipnótico, menos complicado. De um lado, porém, a técnica da psicanálise, uma vez aprendida, é muito mais fácil de praticar do que indicaria qualquer descrição dela, e de outro, nenhum caminho alternativo leva à meta desejada, donde o caminho trabalhoso é ainda o mais curto. A hipnose é censurável por ocultar a resistência e por ter assim impedido ao médico o conhecimento do jogo das forças psíquicas. E não elimina a resistência; apenas a evade, com o que fornece tão-somente dados incompletos e resultados passageiros.
A tarefa que o método psicanalítico se empenha em resolver pode expressar-se em diferentes fórmulas, que em essência, no entanto, são equivalentes. Pode-se dizer: a tarefa do tratamento é eliminar as amnésias. Preenchidas todas as lacunas da memória, esclarecidos todos os efeitos enigmáticos da vida psíquica, tornam-se impossíveis a continuação e mesmo a reprodução da doença. Pode-se ainda conceber a condição para isso da seguinte maneira: todos os recalcamentos devem ser desfeitos; o estado psíquico passa então a ser idêntico àquele em que todas as amnésias foram preenchidas. De alcance ainda maior é outra formulação: trata-se de tornar o inconsciente acessível à consciência, o que se consegue mediante a superação das resistências. Mas não se deve esquecer que tal estado tampouco se apresenta no ser humano normal, e que só raramente fica-se em condições de levar o tratamento a um ponto que se aproxime disso. Assim como a saúde e a doença não se diferenciam em princípio, estando apenas separadas por fronteiras quantitativas determináveis na prática, não se pode estabelecer como meta de tratamento outra coisa senão o restabelecimento prático do enfermo, a restauração de sua capacidade de rendimento e de gozo. Num tratamento incompleto ou havendo um resultado imperfeito, obtém-se sobretudo uma significativa melhora do estado psíquico geral, enquanto os sintomas, embora com uma importânciadiminuída para o paciente, podem persistir, sem que a pessoa seja rotulada de enferma.
O procedimento terapêutico, abstraídas algumas modificações insignificantes, mantém-se o mesmo para todos os quadros sintomáticos da histeria, com suas múltiplas formas, e para todas as configurações da neurose obsessiva. Mas isso não implica que sua aplicabilidade seja irrestrita. A natureza do método psicanalítico envolve indicações e contra-indicações, tanto em relação às pessoas a serem tratadas quanto com respeito ao quadro patológico. Os mais favoráveis para psicanálise são os casos crônicos de psiconeurose com poucos sintomas violentos ou perigosos, e portanto, em primeiro lugar, todas as espécies de neurose obsessiva, pensamento e ação obsessivos, e os casos de histeria em que as fobias e abulias desempenham o papel principal; e ainda todas as expressões somáticas da histeria, desde que a pronta eliminação dos sintomas não seja a tarefa primordial do médico, como na anorexia. Nos casos agudos de histeria, é preciso aguardar a chegada de uma fase mais calma; em todos os casos em que o esgotamento nervoso domina o quadro clínico, deve-se evitar um procedimento que por si só requer esforço, traz apenas progressos lentos e, por algum tempo, não pode levar em consideração a persistência dos sintomas.
 
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4. Teorias Psicanalíticas Clássicas
4.1. Consciente, Pré – Consciente, Inconsciente
Freud distinguiu três níveis de consciência, em sua inicial divisão topográfica da mente: 
Consciente - diz respeito à capacidade de ter percepção dos sentimentos, pensamentos, lembranças e fantasias do momento;
Pré-consciente- relaciona-se aos conteúdos que podem facilmente chegar à consciência;
Inconsciente- refere-se ao material não disponível à consciência ou ao escrutínio do indivíduo.
Freud desenvolveu a teoria psicanalítica, baseado em sua experiência clínica. O ponto nuclear dessa teoria é o postulado da existência do inconsciente como:
a) um receptáculo de lembranças traumáticas reprimidas;
b) um reservatório de impulsos que constituem fonte de ansiedade, por serem socialmente ou eticamente inaceitáveis para o indivíduo.
As motivações inconscientes estão disponíveis para a consciência, apenas de forma disfarçada. Sonhos e lapsos de linguagem, por exemplo, são exemplos dissimulados de conteúdos inconscientes não confrontados diretamente.
Muitos experimentos da Psicobiologia vêm corroborando a validade das idéias psicanalíticas sobre o inconsciente.
 
4.2. Id, Ego, Superego
Freud concebia o homem como um sistema dinâmico de energias. A personalidade é construída por três sistemas principais – o id, o ego, e o superego onde funcionam em diferentes níveis de consciência. Há um constante movimento de lembranças e impulsos de um nível para o outro. Esses três sistemas de força psicológicas, interagindo dinamicamente, provocam o comportamento do indivíduo.
O id é o sistema original, do qual, gradualmente, se desenvolve os outros dois. O id é a única fonte de toda a energia psíquica (libido). A energia apresenta a forma de instintos inconscientes que impulsionam o organismo. Os instintos decorrem da natureza biológica e herdada do organismo. Os dois grupos principais de instintos são os ligados à sobrevivência (os "instintos da vida"), tais como a fome, a sede e, sobretudo, o sexo; e os ligados aos impulsos de destruição (os "instintos da morte"), que apresentam a forma de agressão.
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Os impulsos do id são exigências "primitivas, cegas, irracionais, brutais", de satisfação imediata ( o "princípio do prazer").
Ao procurar satisfazer os impulsos do id, o organismo deve enfrentar as realidades do mundo externo. Como resultado disso, surge o ego, um sistema de forças que tem a função de controle consciente, e a de redirigir os impulsos do id, de tal forma que as satisfações possam ser obtidas no ambiente específico do organismo (o "princípio da realidade"). Assim, o ego é o sistema dos processos cognitivos – perceber, pensar, planejar, decidir.
Ao exprimir impulsos básicos, o indivíduo pode colidir com as normas e os valores de sua sociedade. Essas normas e esses valores se tornam claros para a criança, através de recompensas e punições, dadas pelos seus pais, diante de sua conduta. Como resultado disso, desenvolve-se, gradualmente, na criança, o superego sistemas de forças restritivas e inibidoras desses impulsos básicos – especialmente sexo e agressividade – que são vistos, pela sociedade, como perigosos ou prejudiciais. Com o tempo, o superego se torna das forças externas de controle dos pais e da sociedade. Torna-se, em resumo, a consciência moral e o senso de moralidade da criança. Um superego bem desenvolvido tende a tornar-se um controle automático e inconsciente dos impulsos do id. 
As energias da libido, quando impedidas de expressões imediatas e diretas, se deslocam em outras direções, em busca de meios e objetos substitutivos de satisfação. A flexibilidade de direções de tais deslocamentos, e a de ligações de energias a diferentes objetos e meios substitutivos, explica a grande diversidade dos padrões de interesses específicos, motivos, atitudes e hábitos das pessoas. Entretanto, o aspecto decisivo a ser observado é que tais deslocamentos não significam mudança nas energias motivacionais. As energias básicas de toda ação, do nascimento até a morte, são os instintos do id.
4.3. Ansiedade 
Medo é a resposta emocional a um perigo real. Ansiedade é uma reação de temor ou apreensão diante de situações inócuas ou pode ser uma resposta desproporcional ao grau real de 'stress' externo.
Os sintomas psicossomáticos podem ser: palpitações, boca seca, dilatação das pupilas, falta de ar, transpiração, sintomas abdominais, tremores e tontura. As reações emocionais também incluem irritabilidade, dificuldade de concentração, inquietação e evitação da situação ou objeto temido. 
Ansiedade é a expressão sintomática de um conflito emocional interno que ocorre quando certas experiências, sentimentos e impulsos muito perturbadores são suprimidos da consciência.
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Mesmo fora da consciência, os conteúdos mantidos no inconsciente retêm grande parte da catexia psíquica original. A liberação de lembranças ou impulsos proibidos, que buscam gratificação, provoca ansiedade por ser ameaçadora para o ego. O mesmo ocorre quando experiências traumáticas, profundamente soterradas, assolam o ego, exigindo uma elaboração mais aprofundada.
 
4.4. Mecanismos de Defesa
Mecanismos de defesa são processos psíquicos inconscientes que aliviam o ego do estado de tensão psíquica entre o id intrusivo, o superego ameaçador e as fortes pressões que emanam da realidade externa.
Devido a esse jogo de forças presente na mente, em que as mesmas se opõem e lutam entre si, surge a ansiedade cuja função é a de assinalar um perigo interno. Esses mecanismos entram em ação para possibilitar que o ego estabeleça soluções de compromisso (para problemas que é incapaz de resolver), ao permitir que alguns componentes dos conteúdos mentais indesejáveis cheguem à consciência de forma disfarçada.
No que tange ao fortalecimento do ego, a eficiência desses mecanismos depende de quão exitosamente o ego alcance maior ou menor integração dessas forças mentais conflitantes, pois diferentes modalidades de formação de compromisso poderão (ou não) vir a tornar-se sintomas psiconeuróticos.
Quanto mais o ego estiver bloqueado em seu desenvolvimento, por estar enredado em antigos conflitos (fixações), apegando-se a modos arcaicos de funcionamento, maior é a possibilidade de sucumbir a essas forças.
Anna Freud em "O Ego e os Mecanismos de Defesa" (1946) [1], formula a hipótese de que o maior temor do ego é o retorno ao estado de fusão inicial com o id, caso a repressão falhe ou os impulsos sejam intensos demais. Para manter o grau de organização atingido, o ego procura proteger-se da invasão das demandas instintivas/pulsionais, provenientes do id, e do retorno dos conteúdos reprimidos.Assim, em "O Ego e o Id" (1923), Freud diz que a psicanálise é o instrumento que permite ao ego uma conquista progressiva do id.
A psicanálise visa uma transformação paulatina de maiores porções do id em recursos do ego, em seu propósito de tornar consciente o que é inconsciente. Assim, a mente poderá vir a encontrar soluções, previamente inacessíveis ao ego imaturo.
Os principais mecanismos de defesa são os seguintes:
1. Repressão - retirada de idéias, afetos ou desejos perturbadores da consciência, pressionando-os para o inconsciente.
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2. Formação reativa - fixação de uma idéia, afeto ou desejo na consciência , opostos ao impulso inconsciente temido.
3. Projeção - sentimentos próprios indesejáveis são atribuídos a outras pessoas.
4. Regressão - retorno a formas de gratificação de fases anteriores, devido aos conflitos que surgem em estágios posteriores do desenvolvimento.
5. Racionalização - substituição do verdadeiro, porém assustador, motivo do comportamento por uma explicação razoável e segura.
6. Negação - recusa consciente para perceber fatos perturbadores. Retira do indivíduo não só a percepção necessária para lidar com os desafios externos, mas também a capacidade de valer-se de estratégias de sobrevivência adequadas.
7. Deslocamento - redirecionamento de um impulso para um alvo substituto.
8. Anulação - através de uma ação, busca-se o cancelamento da experiência prévia e desagradável.
9. Introjeção - estreitamente relacionada com a identificação, visa resolver alguma dificuldade emocional do indivíduo, ao tomar para a própria personalidade certas características de outras pessoas.
10. Sublimação - parte da energia investida nos impulsos sexuais é direcionada à consecução de realizações socialmente aceitáveis (p.ex. artísticas ou científicas).
 
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5. Fases de Desenvolvimento da Personalidade
Freud concebia o processo de desenvolvimento da personalidade como contínuo. Os estádios mais decisivos do desenvolvimento ocorrem durante os cinco primeiros anos de vida, durante os quais se estabelece, em grande parte, a estrutura permanente. Acreditava na existência de uma seqüência características de estádios psico-sexuais, pelos quais passa a criança. Supunha que as diferenças individuais na personalidade adulta são, fundamentalmente, decorrentes da maneira específica pela qual a pessoa vive e lida com os conflitos despertados nesses estádios.
5.1. Fase Oral
No primeiro ano de vida, a atenção da criança se centraliza, basicamente, nas zonas erógenas da boca. Obtém o prazer através da sucção. Se existe uma satisfação inadequada, ou se aparecem a angústia e a insegurança com relação à situação de mamar, pode haver uma fixação permanente de alguma energia da libido nas atividades orais. Isto pode provocar, na personalidade adulta, o chamado caráter oral, uma síndrome de traços que inclui dependência, passividade, gula, tendências excessivas para comportamento oral, como é o caso do hábito de fumar, ou da tagarelice.
5.2. Fase Anal
Durante o segundo e terceiro anos de vida, interesse da criança se centraliza, fundamentalmente, na atividade anal, acentuada pelas exigências dos pais quanto ao controle das fezes e da urina, e pelos tabus ligados ao erotismo anal. Também aqui podem aparecer fixações anais duradouras, resultantes de punições pelo fracasso no controle da evacuação, de excessivas recompensas pelo controle eficiente, ou, de modo geral, das angústias provocadas pelas atividades anais.
5.3. Fase Fálica 
O interesse da criança se volta para os órgãos sexuais e para os prazeres ligados ao seu manuseio. (Freud escandalizou a sociedade vitoriana com a afirmação de que a sexualidade infantil, fantasia sexual e masturbação são universais, uma opinião que é, atualmente, mais geralmente aceita). Nessa fase ocorre, de maneira característica, o que Freud denominou o complexo de Édipo (de acordo com o mito clássico do rei Édipo, que, involuntariamente, matou seu pai e casou com sua mãe). Este é o "romance infantil", no qual o menino, normalmente, dirige os seus sentimentos eróticos para sua mãe, e a menina os dirige para seu pai. E, ao se colocarem assim nos papéis imaginários de pai e mãe, respectivamente, o menino e a menina chegam a estabelecer as identificações primárias, das quais mais tarde se desenvolvem as complexas identificações masculinas e femininas que constituem uma grande parte da personalidade adulta.
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Entretanto, vicissitudes no desenvolvimento e a decomposição do complexo de Édipo podem provocar aberrações no desenvolvimento posterior da personalidade, tais como as que se manifestam na homossexualidade latente, nos problemas de autoridade, na rejeição dos papéis masculinos e femininos adequados.
5.4. Fase de Latência
O período entre os cinco aos dez anos de idade. A sexualidade, que permanece reprimida durante este período, aguarda a eclosão da puberdade para ressurgir. Enquanto a sexualidade permanece adormecida, as grandes conquistas da etapa serão situadas nas realizações intelectuais e na socialização.
5.5. Fase Genital
Durante a qual o adolescente sente uma mudança de interesse: deixa de interessar-se por si mesmo como o objeto primário, e volta-se para as outras pessoas e coisas como objetos importantes. Assim, surgem as ligações hetero-sexuais, e a pessoa adquire, gradualmente, interesse pela vida madura. Alcançar a fase genital constitui, para a psicanálise, atingir o pleno desenvolvimento do adulto normal.
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6. A Formação Psicanalitica
A partir de 1945, ao final da guerra, começa a movimentação de um grupo de médicos-psiquiatras para organizar um instituto de formação psicanalista no Rio de janeiro. O primeiro passo seria encontrar um psicanalista credenciado pela IPA ( lnternational Psychoanalytical Association ) que se dispusesse a analizar os candidatos e acompanhar seu trabalho. Foram cogitados nomes como Arnaldo Rascovsky, de Buenos Aires, George Gero e Daniel Lagache, da França, sem sucesso. Rascovsky, chegou a passar um tempo no Brasil mas parece não ter sido bem aceito. 
Em São Paulo, desde 1937, já havia uma formação em andamento do grupo ligado a Adelheid Koch. Por ocasião do primeiro congresso interamericano de medicina, em1946, são apresentados trabalhos de analistas argentinos e do grupo de São Paulo. A curiosidade em tom da psicanálise é muito grande, era preciso iniciar uma formação sistemática- vários psiquiatras já praticavam psicanálise em seus consultórios por conta própria.
Ainda em 1946, quatro psiquiatras ligados ao serviço nacional de doenças mentais conseguem financiamento para fazer sua formação na Argentina. São eles: Walderedo Ismael de Oliveira, Alcyon Bahia e o casal Marialzira e Danilo Peretrelho. Em 1947 foi fundado o Instituto Brasileiro de Psicanálise visando estabelecer um núcleo institucional para assegurar a legitimidade do movimento e facilitar a importação dos primeiros ditadatas. 
No ano seguinte, chegam ao Brasil dois psicanalistas que vão definir o perfil inicial do movimento. Em fevereiro chega Mark Burke, da Inglaterra, e, no final do ano, Werner Walter Kemper, da Alemanha, ambos indicados por Ernest Jones, então presidente da IPA. Não tardou muito e houve a primeira cisão no instituto, por divergências pessoais, quando, em 1950, Kemper se retira e funda com seus analisandos o centro de estudos psicanalíticos do Rio de janeiro. 
Em 1953, com o apoio de São Paulo, esse centro consegue da IPA seu reconhecimento como Study group, enquanto Burke, não tendo se adaptado ao Brasil, retorna a Londres deixando os que permaneciam no instituto num impasse. No mesmo ano surge um terceiro grupo, o instituto de medicina psicológica (IMT), liderado por Iracy Doyle, psiquiatra tiulada psicanalista pelo William Alanson White Institute, dos EUA. Sua orientação, divergente das sociedades ligadas à IPA, era baseada na escola culturalista americano cujos principais representantes são Erich From, Harry Sllivan, Clara Thompson e KarenHorney. O projeto inicial de lracy era a Implantação de um grande serviço e atendimento psicoterapêutico privado que também formaria profissionais especializados. 
Iniciou-se com ela, ainda em 1953, a primeira turma a fazer uma formação analítica regular com um psicanalista brasileiro reconhecido por uma entidade internacional. Dessa turma faziam parte Horus Vital Brazil, Hélio Pellegrino( que foi para a SPRJ), Ewald Mourão, Henrique Novaes Filho, Magdalena Pimentel, Urano Alves, Margarida Reno e outros. Seu projeto, porém, foi prematuramente interrompido com sua morte em 1956. Nessa época o Instituto ainda não tinha se firmado inteiramente, o que vai dificultar seu próprio andamento e adiar seu reconhecimento público.
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Alguns membros viajam para os EUA, entre eles Horus Vital Brazil, que vai fazer sua formação também no WAWI,e, ao retornar, retoma a frente do Instituto que, em 1969 filia-se à recém criada International Federation of Psychoanalytic Societies (IFPS).Convém observar que é o Instituto que é reconhecido, pois a Sociedade propriamente dita- Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle- só foi fundada em 1974. Portanto, todas as referências serão feitas ao IMP, como ficou sendo conhecido.
Ainda em 1955, o grupo de Kemper obtém autorização da IPA para funcionar como Sociedade e é então fundada a Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro por ocasião do décimo nono Congresso Internacional de Psicanálise, em Genebra. Entre seus fundadores estão: Fábio Leite Lobo, que foi seu primeiro presidente, Gerson Borsoi, que fez sua formação na Inglaterra, ambos serão personagens importantes na difusão da psicanálise entre os psicólogos como veremos mais adiante, Luiz Guimarães Dahlheim, Inaura Carneiro Leão, Noemy Rudolfer e Inês Besouchet, ambas psicólogas, e Anna Kattrin Kemper, esposa de Kemper, mais tarde fundadora do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro e da Clínica Social de Psicanálise. 
Pouco tempo depois, o outro grupo, ligado a Burke, funda a Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, em julho de 1957, no vigésimo primeiro Congresso Internacional de Psicanálise, em Copenhague, obtendo reconhecimento definitivo na IPA em 1959. Entre seus membros fundadores: Alcyon Baer Bahia, Danilo Perestrello, Marialzira Perestrello, Walderedo de Oliveiratodos titulados psicanalístas na Argentina, Décio Boares de Souza- titulado pela Sociedade Britânica, Mário Pacheco de Almeida Prado, Manoel Lyra, Zenaira Aranha e outros. É, portanto, a partir da segunda metade da década de 1950, que se estabelece os primeiros centros de formação psicanalítica no Rio de Janeiro com direito a autorizar e reconhecer profissionalmente os que pretendiam exercer a psicanálise. 
A psicanálise era então considerada uma técnica altamente sofisticada de tratamento das perturbações mentais. Sua especial atração residia na chamada "abordagem dinâmica" do paciente, onde é o doente que se sobrepõe à doença, e na importância dada à relação médico-paciente no processo terapêutico. Essa era a visão progressista. Nessa época, poderíamos dizer que a psicanálise não era só dos médicos, mas uma grande novidade para os médicos que já não podem mais prescindir dela. E essa novidade não apresentava uma definição precisa do "território" que poderia ocupar. Seria um método de tratamento e cura das neuroses? Mais um sistema de investigação do psiquismo humano? Poderia mesmo ser considerada uma ciência? Parece que todas as questões eram respondidas pela psicanálise a um só tempo. A psicanálise teria o poder de revelar os profundos segredos da vida anímica e, principalmente, da sexualidade, cunhando seus conceitos sobre a própria infância. Vai se revelar muito útil para a educação, formulando uma nova psicologia infantil. É justamente aí que vários psicanalistas estabelecem com os psicólogos seus primeiros contatos. 
Os procedimentos institucionais, entretanto, vão indicar a existência de um claro projeto de manter o monopólio do exercício da psicanálise dentro da classe médica.
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Esse projeto torna-se mais enfático na medida em que se faz necessário brecar o avanço dos psicólogos na área clínica a fim de preservar a parcela do mercado assegurada pelos psicanalistas médicos. Neste ponto compreendemos que analisar as relações da psicanálise com a medicina transcende o aspecto profissional. O tipo de compromisso entre ambas é mais sutil. O fato de os médicos, especialmente os psiquiatras, terem de se submeter a um tratamento significa que só buscando sua própria cura estariam capacitados para curar. Essa é realmente uma prática muito especial de medicina, onde o paciente de hoje é o analista de amanhã, ainda que possa permanecer sendo paciente. 
No decorrer da década de 1960, a formação psicanalítica fica a cargo das duas sociedades filiadas à IPA e do IMP, que nessa época tinha uma estrutura ainda incipiente. 
Em 1969, dois anos após Werner Kemper ter retornado à Alemanha, surge um quarto grupo liderado por Anna Kattrin Kemper. Apesar de ser membro fundador da SPRJ e ocupar a função de analista de data, a senhora Kemper se desliga da sociedade por discordar da chamada "linha ortodoxa" e também porque sua situação já não é facilmente sustentável com relação a essas discordâncias. Ela era conhecida por seu estilo próprio de trabalhar e muito criticada por "quebrara neutralidade do setting. Juntamente com sua equipe de supervisionandos funda o Instituto Brasileiro de Psicanálise com o apoio de Igor Caruzo, psicanalísta do círculo de Viena que estava em viagem ao Brasil na época. Em 1971, passa a chamar-se Círculo Psicanalítico da Guanabara e, finalmente é oficializado como Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro. Filiou-se ao Círculo Brasileiro de Psicanálise, fundado em 1969, que é uma entidade nacional que congrega cinco grupos no Brasil - Rio Grande do Sul e Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, que surgiram depois do Rio e à lnternational Federation of Psychoanalytic Societeis(IFPS) da qual fazem parte os vários Círculos, entre eles os de Viena, os grupos Junguianos e o IMP.
Em 1978, uma dissidência interna no Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro resultou na formação de outro grupo, liderado por Roberto Bittencourt. Era o Círculo Brasileiro de Psicanálise- seção Rio, que permaneceu ligado à entidade nacional. Apesar das controvérsias em torno da psicanálise de grupos, serão fundados no Rio duas Sociedades especializadas na formação de psicanalistas de grupo, patrocinadas por psicanalistas da SBPRJ e da SPRJ. A SPAG-RJ- Sociedade de Psicoterapia Analítica de grupo, fundada em 1974 pelos psicanalistas Leão Cabernite, Dirceu de Santa Rosa, Antônio Dutra Junior, Ernesto La porta e outros, oriundos do SPRJ, foi a que mais se ampliou chegando a comportar cerca de 200 membros até 1983.
 
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Conclusão
Sigmund Freud, médico vienense, e a Psicanálise, sua criação, são há muito tempo significantes por demais conhecidos nomeados no mundo inteiro.
Sabe-se que Freud penetrou nos abismos da alma humana, como costuma-se dizer e que ele explicaria até o inexplicável, e que a psicanálise é o método que ele inventou para tratar os distúrbios psíquicos, comumente chamados de neuroses. Se a psicanálise fosse somente mais um método de tratamento, mais uma terapia, teria ficado provavelmente nos anais das ciências médicas como mais um capítulo de sua história, não tendo a repercussão e o interesse que despertou em todas as áreas do pensamento ligadas ao homem, como a antropologia, a filosofia, a sociologia, a lingüística, a biologia, as artes, etc. A grande descoberta de Freud foi a existência no psiquismo do ser chamado homem, de um lugar onde há idéias, sentimentos, afetos, pensamentos, estruturados de um modo homólogo ao que se encontra no lugar chamado consciente, porém totalmente desconhecido deste.. Por serem conteúdos, ou melhor, representações das quais não temos conhecimentos, não temos consciência, determinou-se chamar esse lugar de "Inconsciente". A descoberta de um psiquismo Inconsciente, veio revolucionar,e mais que revolucionar, subverter toda a psicologia que é e sempre foi psicologia do Ego, ou dito de outra forma, psicologia do Consciente. Assim Freud denominou a psicanálise, uma Metapsicologia e não uma psicologia, ou seja, o estudo de um campo novo que encontra-se ao lado e além da psicologia, além do consciente. Esse campo é o Inconsciente, que é necessário chamá-lo de Freudiano para não confundi-lo com outras significações dessa palavra. A compreensão que os distúrbios psíquicos tinham uma causação Inconsciente, que essa parte do psiquismo era mais determinante na vida psíquica, do que a razão, do que as determinações do consciente, ou fatores biológicos; deu ensejo ao nascimento de uma nova terapia, de uma psicoterapia de um cura por processos puramente psíquicos. As observações obtidas na clínica das doenças mentais com referência de processos inconscientes veio juntar-se observações e estudos da vida quotidiana, das pessoas ditas normais, como os esquecimentos, os lapsos de linguagem, a troca de nomes, e a análise do conteúdo dos sonhos. Com isto fecha-se o círculo, o Inconsciente não é algo pertinente somente aos doentes, mas um fenômeno universal, algo inerente ao homem geral.
Assim sendo, a Psicanálise, (o estudo e a ciência do Inconsciente) não tinha somente interesse médico, mas interessava agora a todas ciências do Homem, assim como, todos os Homens.
 
Bibliografia
THOMPSOM, Clara. Evolução da Psicanálise. 2a ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1969.
PEIXOTO, Paulo Matos. Enciclopédia Universal Paumape. Vol. 7 , Vol. 11. Editora Paumape LTDA, São Paulo, SP.
SCHULTZ, Duane. História da Psicologia Moderna. Editora Cultrix, São Paulo, SP.
ROWELL, Maria Helena. Página de Freud. (on line), http: //www.geocities.com/~mhrowell/freudpsicoteoria1.html
Círculo Psicanalítico Sigmund Freud de São Paulo, (on line) http: //www.psicanalise-sp.com.br

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