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SÍNDROME DA DILATAÇÃO VOLVO GÁSTRICA YARA RIBEIRO¹, KATHLEIN CLISSEAN TORRES¹, LÍVIA MARIA SOUZA ROCHA² ¹Discentes do curso de Medicina Veterinária da Instituição de Ensino Octavio Bastos – Unifeob ²Docente do curso de Medicina Veterinária da Instituição de Ensino Octavio Bastos – Unifeob RESUMO A síndrome da dilatação volvo gástrica (DVG), é uma condição aguda, rara em gatos e cães de pequeno porte, sendo mais comum em cães de porte grande e gigante com tórax profundo, sua causa é desconhecida, podendo ser oriunda da motilidade gástrica. Trata-se de uma emergência de caráter clínico e cirúrgico. As raças mais predispostas são Dogue Alemão, Dobermann, Pastor Alemão e Serra da Estrela. As alterações comumente encontradas são ânsia de vômito e ou/vomito não produtivo, dispneia, distensão abdominal e taquicardia, inquietude e desconforto. Devemos primeiramente estabilizar o paciente e elaborar um protocolo anestésico assegurado, para realizar a cirurgia. O animal deverá ter um monitoramento, seja qual for à técnica de escolha. Pesquisas vêm sendo realizadas, para ajudar diminuir a taxa de mortalidade de animais acometidos pela síndrome, diante disso, o objetivo do presente trabalho visa revisar a literatura sobre a DVG, voltado para etiologia, sinais clínicos, diagnóstico, tratamento e prevenção. PALAVRAS-CHAVE: cães de grande porte, caráter agudo, cirurgia, distensão abdominal, torção gástrica. INTRODUÇÃO A síndrome da dilatação volvo gástrica (DVG), também conhecida como inchaço e torção gástrica, é uma condição aguda, cuja taxa de mortalidade dos animais tratados varia de 20% a 45% (FOSSUM, 2014). Esta alteração é rara em cães de porte pequeno ou gatos, sendo mais comum em cães com tórax profundos e de raças de porte grande e gigante, sua causa é desconhecida, no entanto essa afecção pode ser oriunda da motilidade gástrica (NELSON E COUTO, 2010). Segundo Ribeiro et al. (2010), esta afecção é uma emergência de caráter clínico e cirúrgico, necessitando intervir precocemente, além de tratar problemas que ocorrem simultaneamente, para diminuir as chances de óbito desses pacientes. De acordo com Silva (2015), a raça Dogue Alemão é mais predisposta a esse problema, afetando 20% da população, seguidos das raças Dobermann, Pastor Alemão e Serra da Estrela, com representação de 10% da população. No exame físico e sinais clínicas, são mais comumente observados alterações como ânsia de vômito e ou/vomito não produtivo, dispneia, distensão abdominal e taquicardia, inquietude e desconforto (SILVA, 2015). É essencial radiografar o animal para distinguir a dilatação simples da dilatação mais vólvulo. Antes da radiografia deve ser feita uma descompressão gástrica. Para evitar à aspiração, não se deve colocar o paciente na posição ventrodorsal. (FOSSUM, 2014). O que determina o vólvulo é o deslocamento do piloro, podendo haver ou não na sombra gástrica a formação de um “arcabouço” de tecido. Não é possível diferenciar a dilatação e a dilatação/torção baseando-se na passagem ou não de um tudo orogástrico. (NELSON E COUTO, 2010). Como lembra Galvão et al. (2010), devemos primeiramente estabilizar o paciente, em seguida, elaborar um protocolo anestésico assegurado, para realizar a gastropexia. O animal deverá ter um monitoramento intenso, seja qual for à técnica escolhida. O trabalho tem como propósito fazer uma revisão da literatura sobre a DVG, com ênfase nos sinais clínicos, diagnóstico, tratamento e prevenção. REVISÃO DE LITERATURA Entre o esôfago e o intestino delgado, esta localizado o estômago, é a expansão do canal alimentar. Encontram-se nos carnívoros, um epitélio cilíndrico que cobre uma camada de epitélio glandular (GETTY, 2015). O estômago cheio é irregularmente semelhante a uma “pêra”. A cárdia, fundo e corpo ficam arredondados e grandes, e o piloro fica cilíndrico e pequeno (GETTY, 2015). Suas principais artérias são as gastropiploicas que passam pela curvatura maior, e as gástricas que passam pela curvatura menor (EVANS E LAHUNTA, 2013). Segundo Providelo (2014 apud FOSSUM, 2012) A DVG é uma atuação imperfeita da função digestória, caracterizada pelo aumento do tamanho do estômago associado com a rotação em seu eixo mesentérico. A síndrome tem alto índice de óbito, mesmo existindo várias propostas de tratamento. Sua etiologia não está totalmente estabelecida. A rápida identificação das alterações, interpretação e escolha do tratamento correto, são fundamentais para salvar o paciente (SILVA, 2012). A raça Dogue Alemão tem maior predisposição a esse problema, sendo afetados 20% da população, em seguida, com 10%, as raças Dobermann, Pastor Alemão e Serra da Estrela. Animais maiores de sete anos de idade e do sexo masculino são os mais acometidos. (SILVA, 2015). Alimentação rápida, única diária, em grandes quantidades associada a exercícios pós- prandiais, são levados em consideração. A ingestão exclusiva de um único alimento, ou de alimentos com pequenas partículas, também aparentam desenvolver essa afecção (LOPES, 2012 apud RUNGE et al., 2009; EVANS e ADAMS, 2010). Na DVG o piloro rotaciona-se ventralmente, partindo do lado direito do abdômen, abaixo do corpo do estômago, se posicionando de forma dorsal a cárdia no lado esquerdo. Havendo o estômago sofrido torção suficiente, ocorrerá obstrução ao esvaziamento gástrico e distensão progressiva por ar, além disso, o baço pode sofrer uma torção. As veias porta hepática e cava posterior são obstruídas pela distensão gástrica, o que causa distensão mesentérica, redução do débito cardíaco, choque grave, e coagulação intravascular disseminada (NELSON E COUTO, 2010). Observa-se no exame físico e sinais clínicas, algumas alterações como ânsia de vômito e ou/vomito não produtivo, dispneia, distensão abdominal e taquicardia, inquietação e desconforto. Nos exames laboratoriais podem ser encontrados aumento de aspartato amino transferase (AST), fosfatase alcalina (FA) e alanina amino transferase (ALT) e hipocalcemia (SILVA, 2015). É fundamental radiografar o animal para distinguir se é dilatação simples ou dilatação mais vólvulo. Antes de radiografar, uma descompressão gástrica deverá ser realizada. Para evitar que o paciente aspire conteúdo, ele deve ser colocado na posição ventrodorsal. (FOSSUM, 2014). O que irá determinar o vólvulo é o deslocamento pilórico, podendo haver ou não na sombra gástrica a formação de um “arcabouço” de tecido. Não é possível diferenciar a dilatação e a dilatação/torção baseando-se somente na passagem ou não de um tudo orogástrico. (NELSON E COUTO, 2010). No tratamento, devemos primeiramente estabilizar o animal. Assim que iniciar a terapia de choque, descomprimir o estômago com cateter intravenoso de pequeno trocarte e grande calibre ou tubo gástrico. Se não der certo, tentar a descompressão percutânea. O estômago deverá ser lavado com água morna. A lavagem mal sucedida, geralmente tem como resultado uma rápida redilatação após a retirada do tubo. Se sair sangue no fluído gástrico, pode indicar necrose, necessitando de intervenção cirúrgica (FOSSUM, 2014). Embora possa ser realizada a descompressão estomacal, não se deve realizar a cirurgia com o animal instável hemodinamicamente, o procedimento cirúrgico tem por objetivo recolocar o estômago em sua posição de origem, avaliação da viabilidade esplênica e gástrica, remoção do tecido necrótico, e realizar a gastropexia, que consiste em aderir de forma permanente à parede abdominal e gástrica. (CARRILLO et al., 2016 apud MONNET, 2003; CORNELL, 2012; LANTZ, 1992). De acordo com Soares et al. (2011), é muito comum haver arritmias cardíacas ventriculares causados por essa afecção, por isso deve-se monitorar o animal com eletrocardiograma num período de 72 horas após a cirurgia. Além de que, devemos atentar aoflutter atrial (formação de ondas F), que também pode ser um tipo de arritmia consequentes da síndrome. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que a DVG é uma afecção aguda, caracterizada pelo aumento do tamanho do estômago em conjunto com a rotação em seu eixo mesentérico. Cães do sexo masculino e maiores que sete anos de idade, principalmente de porte grande e gigante, tem mais predisposição a adquirir a síndrome. É necessário intervir rapidamente e iniciar a terapia de suporte para os problemas que acontecem simultaneamente. Na cirurgia avalia-se a viabilidade esplênica e gástrica, caso haja tecido necrótico, o mesmo deve ser retirado, e o estômago deve ser recolocado na posição anatômica. A gastropexia, que consiste em aderir à parede abdominal e gástrica de forma permanente, serve para ajudar a prevenir recidivas. O paciente deve ser monitorado 72 horas após a cirurgia com exames de eletrocardiograma, pois são muito comuns arritmias ventriculares pelo conjunto de sinais. REFERÊNCIAS CARRILLO, J.D. ESCOBAR, M.T.; MARTÍNEZ, M.; GIL-CHINCHILA, J.I. Síndrome de dilatación-vólvulo gástrico (DVG). Clínica Veterinária de Pequeños Animales, v. 36, n. 2, p. 169-171, 2016. EVANS, H.E.; LAHUNTA, A. Miller's Anatomy of the Dog. Elsevier Saunders, 4ª ed. St. Louis, Missouri, USA, 2013. p. 319. FOSSUM, T.W. Cirurgia de pequenos animais. Elsevier Editora, 4ª ed. Rio de Janeiro 2014. p. 482-485. GALVÃO, A.L.B.; COSTA, P.F.; ONDANI, A.C.; D'ALKIMIN, F. Síndrome Dilatação-Volvo Gástrica - Revisão Literária. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, v. 8, n. 15, p. 12, 2010. GETTY, R. Anatomia dos Animais Domésticos. Guanabara Koogan, 5ª Ed. Rio de Janeiro, 2015. p. 105-1455. LOPES, A.F. Gastropexia Profilática Assistida por Laparoscopia. 84f. (Dissertação de Mestrado). Lisboa: Universidade Técnica de Lisboa – Faculdade de Medicina Veterinária, 2012. 8 p. NELSON, R. W.; COUTO, C.G. Medicina Interna de Pequenos Animais. Elsevier Editora, 4ª ed. Rio de Janeiro, 2010. p. 432-433. PROVIDELO, G.A. Fisiopatogenia da Síndrome da Dilatação Volvo-Gástrica - Revisão de Literatura. Botucatu, 3ª Jornada cientifica e Tecnológica. Anais da 3ª Jornada Científica e Tecnológica, Botucatu, p. 1, 2014. RIBEIRO, L; CABRINI, T.M.; FRIOLANI, M.; DIAS, L.G.G.G. Síndrome da Dilatação Vólvulo Gástrica em Cães – Relato de Caso. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, v. 8, n. 15, p. 6, 2010. SILVA, L.I.M.P.R. Síndrome Dilatação-Torção Gástrica. 85f. (Dissertação de Mestrado). Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 2015. 32-52 p. SILVA, S.S.R. Síndrome da Dilatação Volvo Gástrica em Cães. Ciência Rural, v. 42, n. 1, p. 129, 2012. SOARES, F.A.C.; REIS, K.D.H.L.; BIANCHI, S.P.; MOMBACH, V.S. Flutter Atrial e Taquicardia Ventricular em Cão com Síndrome Dilatação e Vólvulo Gástrico. Acta Scientiae Veterinariae, v. 39, n. 4, 2011.