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Pedagogia da Autonomia, saberes necessários à prática educativa Paulo Freire


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Pedagogia da Autonomia, saberes necessários à prática educativa. Paulo Freire 
Resenha do capitulo: Ensinar é uma Especificidade Humana. 
Paulo Freire em “Pedagogia da Autonomia -Saberes Necessários à Prática Educativa” nos chama a 
consciência ponto a ponto os saberes demandados a atividade docente. Freire sublinha a 
responsabilidade ética desse exercício, ética no sentido do exemplo de Ser Humano, necessário as 
relações humanas. 
A seguinte resenha pontua o último capitulo do livro, entitulado “Ensinar é uma especificidade 
Humana”. Freire fala que a autoridade segura é aquela afetivamente centrada. Que busca se preparar
para ter firmeza em atuar, decidir e transmitir segurança. Que busca amadurecer a cada dia para 
saber se expressar e respeitar as liberdades. E que busca enquanto docente ser exemplo de conduta 
que ele mesmo poderia esperar do outro. 
Freire mostra que a competência nasce da segurança. Um professor que não leva a sério a sua 
formação, não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe. Porém afirma também 
que a competência profissional não está apenas determinada a sua formação científica, pois há 
professores preparados cientificamente porém arrogantes e mesquinhos, o que desqualifica sua 
autoridade e nega sua generosidade. A humildade é qualidade fundamental do educador. “O clima 
de respeito que nasce das relações justas, sérias, humildes, generosas, em que a autoridade docente 
e as liberdades dos alunos se assumem eticamente, autentica o caráter formador do espaço 
pedagógico. A autoridade docente mandonista, rígida não conta com nenhuma criatividade do 
educando” (Freire, 1999:pág 90) 
Faz parte do educar o estimulo que o educando se revele, se aventure, exercite sua liberdade e a 
responsabilidade de suas ações. Freire fala da “autoridade coerentemente democrática” que 
reconhece que não se vive a eticidade sem liberdade e não se tem liberdade sem risco. O 
fundamental é a construção da responsabilidade da liberdade, essencial nos diferentes papéis social 
que se assume. 
Freire continua a elencar as virtudes do verdadeiro educador: “Ensinar exige comprometimento”, 
exige se expor, ser transparente, inteiro diante dos alunos, assumir fragilidades, dar exemplo de ser 
ético acima de um grande enganador, embromar os alunos. Ter a consciência que não posso passar 
desapercebido e que constantemente serei testado, me exige estar sempre me aprofundando. O 
aluno é o feed back de como atuo: “A percepção que o aluno tem de mim não resulta 
exclusivamente de como atuo, mas também de como o aluno entende como atuo. ”(Freire, 1999:pág
95) Devo estar atendo, próximo, conhecer com quem estou lidando e interpretar as reações diante 
de minha atuação. Neste sentido, Freire diz que quanto mais solidariedade existir na construção da 
relação entre educador e educando, mais possibilidades de aprendizagem democrática se abre e será
sempre positiva 
A presença do professor é em si política , afirma Freire. Não é possível ser neutro, a pratica exige de
tomada de posição. Assumir essa postura é “revelar aos alunos minha capacidade de analisar, de 
comparar, de avaliar, de decidir, de optar, de romper. Minha capacidade de fazer justiça, de não 
falhar à verdade. Ético, por isso mesmo, tem que ser meu testemunho”. Assim, tanto a reprodução 
da ideologia dominante ou sua contestação, na educação jamais foi ou venha a ser neutra. 
Vale citar o polêmico e problemático movimento da Escola sem Partido, nascido em 2003, com 
procurador de SP, Miguel Nagib. Para os defensores dessa ideia “o papel do professor dentro da sala
deve se limitar a expor uma visão supostamente neutra sobre os fatos. Qualquer prática que fuja 
disso pode ser considerada como doutrinação e deve ser coibida.” A Questão não apenas subestima 
o papel do estudante como vai contra a discussão de cidadania, garantida na Lei de Diretrizes de 
Bases da Educação (9.394/96) “Como é que se desenvolve um pensamento crítico se não discutindo
política, filosofia, sociologia, história? Você não vai discutir política partidária, mas vai discutir 
num sentido amplo, de organização e composição da sociedade”, argumenta Sandra Unbehaum 
(Doutora em Educação e Pesquisadora da Fundação Carlos Chagas). 
Freire resume porque a educação não pode ser apolítica “Para que a educação fosse neutra era 
preciso que não houvesse discordância nenhuma entre as pessoas com relação aos modos de vida 
individual e social, com relação ao estilo politico a ser porto em prática, aos valores a ser encarados.
Era preciso que não houvesse, em nosso caso, por exemplo, nenhuma divergência em face a fome e 
a miséria no Brasil e no mundo.” e volta a reflexão “ao reconhecer que somos capazes de observar, 
comparar, avaliar, escolher, de decidir, de intervir, de romper, de optar, nos fizemos seres éticos e se 
abriu para nós a probabilidade de transgredir a ética.” por isso “a educação é uma forma de 
intervenção no mundo”. 
O autor sustenta a importância da educação como chave das transformações sociais, e não 
reprodutora da ideologia dominante. Freire fala da residência, da indignação, do direito de rebelar-
se, lutar pelos direitos humanos e a favor da esperança e contra ao desengano que imobiliza. Para 
Freire ser professor não é tarefa fácil, joga a tomada de consciência de tal responsabilidade, tanto de
conteúdo como de coerência, reveladas e construídas com humildade (que não tem haver com 
submissão à arrogância e desrespeito). Ao mesmo traz anima com o papel potente de transformação 
com o seguinte parágrafo: “ O educador e a educadora críticos não podem pensar que, a partir do 
curso que coordenam podem transformar o país. Mas podem demonstrar que é possível mudar. E 
isso reforça nele ou nela a importância de sua tarefa politico- pedagógica.” (Freire, 1999:pág 110). 
Freire busca aprofundar a tensão entre a autoridade e liberdade. A importância da firmeza em 
conduzir, dentro do contexto pedagógico, o equilibro. A liberdade é muito defendida por Freire, 
porém a liberdade com limite. O autor traz o questionamento “como trabalhar no sentido de fazer 
possível que a necessidade do limite seja assumida eticamente pela liberdade. Quanto mais 
criticamente a liberdade assuma o limite necessário tanto mais autoridade tem ela, eticamente 
falando, para continuar lutando em seu nome”. Freire diz que o amadurecimento esta quando 
confrontado com outras liberdades, e no exercício de decidir. É decidindo que se aprende a decidir, 
mesmo correndo o risco de nem sempre acertar. Freire aposta na “tomada consciente de decisões”, 
na liberdade, na seriedade, na amorosidade, na solidariedade, como também na importância da raiva
e de não ter medo de ser criticado quando se valoriza a palavra e na vontade do outro. 
Freire traz o papel da família e conta que faz parte do aprendizado assumir as consequências, por 
isso é importante que o pais deixem os filhos provar suas ideias malucas, e que abram mão de sua 
sabedoria e sensatez para que o filho amadureça. “Ninguém é autônomo primeiro para depois 
decidir. A autonomia vai se construindo na experiência de várias, inúmeras decisões que vão sendo 
tomadas. Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém. Por outro lado, ninguém amadurece de 
repente, aos vinte cinco anos. A gente vai amadurecendo todo dia, ou não. A autonomia, enquanto 
amadurecimento do ser para si, é processo. é vir a ser.” (Freire, 1999:pág 105). 
Freire abre um espaço para falar da importância da escuta. Escutar no sentido de estar disponível. 
“O educador que escuta aprende a difícil lição de transformar seu discurso, às vezes necessário, ao 
aluno, em uma fala com ele.” (Freire, 1999:pág 111). Ou seja, falarpor falar não vale, é preciso que 
quando fale estimule a interação do outro. Ou a reflexão representada pelo silêncio.O ser político 
sabe escutar, sabe com quem fala, ou melhor falar com, que é diferente de falar a (que dá a ideia de 
cima para baixo). Tem haver com “leitura de mundo” que cita em outros livros. Ressalta que saber 
escutar não tem haver em concordar, mas sim em estabelecer um ponto de partida da interagir com 
curiosidade, fundamental na produção de conhecimento. Afinal cada um é sujeito de seu 
aprendizado, ninguém pode aprender por ninguém. Assim, Freire diz que o ato de aprendizagem 
não é a transferencia de conteúdo, nem a memorização. Ensinar e aprender tem haver com reflexão 
metodológica de desvelar a compreensão igualmente critico do educador e educando, adentrar no 
processo de aprendizagem como sujeito ativo, e de forma suave, revelar que tudo esta ligado. Ou 
seja o papel do professor seria estar aberto e passar confiança e o papel do aluno é ser sujeito da 
aprendizagem, aprender fazendo, tendo autoria e sendo também o sujeito do conhecimento. 
Freire reconhece que a educação é ideológica. “Ideologia tem haver com a ocultação da verdade dos
fatos, com o uso da linguagem para penumbrar ou opacizar a realidade ao mesmo tempo em que nos
torna míopes. Mais séria ainda é a possibilidade que temos de docilmente aceitar que o que vemos e
ouvimos é o que na verdade é e nao a verdade distorcida.” (FREIRE, 1999: pág 123). Freire coloca 
não sejamos ingênuos, existe a classe dominante, que tem interesse em ocultar verdades e ter 
interesses econômicos acima o dos direitos humanos. Que a fome, desemprego não é nenhuma 
fatalidade, que os progressos científicos e tecnológicos não são fundamentalmente aos interesses 
humanos, pois o mercado e o lucro estão acima da ética do ser humano. E traz a ideia de morte as 
ideologias que nos anestesia, pois não podemos não ter reações criticas ao escutar discursos 
preconceituoso. Freire traz na residência a proposta de olhar com acuidade, de ouvir com respeito e 
acima de tudo de estar disponível, de se entregar, de se conhecer mais, de lidar com o medo e estar 
disposto as diferenças. “É no respeito às diferenças entre mim e eles ou elas, na coerência entre o 
que eu faço e o que eu digo, que me encontro com eles ou elas. É na minha disponibilidade à 
realidade que construo a minha segurança indispensável à própria disponibilidade. É impossível 
viver a disponibilidade à realidade sem segurança, mas é impossível também criar segurança fora 
do risco da disponibilidade ”(FREIRE, 1999: pág 132) Segurança também no sentido que sempre 
posso saber mais e conhecer o que não conheço. 
Para Freire a afetividade é essencial no ato de ensinar, ou seja, não ter o medo de expressar-la. O 
autor traz a critica da falsa ideia do professor severo e distante como melhor professor. Como 
também a falsa ideia que alegria e rigorosidade não possam andar juntas. Afirma “a prática 
educativa é tudo isso:afetividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico a serviço da 
mudança ou, lamentavelmente, da permanência do hoje.” Freire critica a acomodação e não sua 
transformação. Chama a atenção para importância do exercício da curiosidade, diz que 
independente da idade do educando, seu caráter humano é de permanente busca. Diz que devemos 
compreender que somos seres “programados, mas para aprender”. Freire não idealiza a prática 
educativa, mas coloca que sendo sendo o ato de ensinar humano, vale a pena colocar junto o calor 
da alma e as emoções. Vale não reprimir os desejos, sonhos, sentimentos. Vale entender a história 
como possibilidade e não como determinismo. Vale dar valor as possibilidades de mudanças. 
Estimular a autonomia dos educandos e educadores para analisar, intervir, entender. E que tudo isso 
não exclui a competência intelectual. E sim a arrogância é um limitador.