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PROFESSORA: MÁRCIA BANDEIRA 
DISCIPLINA: APRENDIZAGEM E CONTROLE MOTOR 
APRENDIZAGEM MOTORA - FATORES DE INFLUÊNCIA 
 
APRENDIZAGEM MOTORA 
O sistema nervoso apresenta duas funções básicas, a manutenção da homeostase 
do organismo e a emissão de comportamentos, sendo esta última a mais complexa, na 
medida em que permite a adaptação dos organismos ao meio externo. Os 
comportamentos são resultados da interação dos fatores genéticos com o ambiente, 
sofrendo modificações constantes, permitindo a adaptação cada vez melhor do 
organismo ao meio. Essas modificações são resultado dos processos neurobiológicos 
que definem a aprendizagem. 
Na emissão de um comportamento, podemos distinguir dois elementos: os 
ajustes neurovegetativos e o comportamento motor responsável por organizar as 
respostas pelas quais os organismos agem sobre o ambiente. Dessa maneira, definimos 
aprendizagem como o processo pelo qual os animais adquirem informação a respeito do 
meio; a memória é o processo de retenção ou armazenamento dessas informações. Este 
processo só faz sentido quando existe uma entidade que recebe, processa e transforma a 
informação, isto é, que aprende. 
Deste modo a Aprendizagem Motora (AM) é definida como o conjunto de 
processos cognitivos associados à experiência e à prática que resulta em mudanças 
relativamente permanentes no comportamento motor. Assim aprender exige uma 
modificação estrutural interna que se observa geralmente através do desempenho numa 
alteração estável (persistente no tempo) do comportamento do indivíduo como resultado 
da prática e/ou experiência. 
RELAÇÃO ENTRE APRENDIZAGEM MOTORA E DESENVOLVIMENTO 
MOTOR 
O desenvolvimento é o conjunto de processos de transformação dos organismos. 
O desenvolvimento motor consiste numa relação entre a maturação e a aprendizagem, 
expressa numa motricidade mais elaborada e num melhor ajustamento do 
comportamento às características circunstanciais do envolvimento. A aprendizagem é 
simultaneamente causa e efeito do processo de desenvolvimento humano ao longo da 
vida. A criança aprende pelo movimento, “novos mundos” que lhe vão criar novos 
desafios que por sua vez a estimulam a continuar a aprender. Conforme a criança cresce, 
vai organizando as suas capacidades motoras de acordo com a sua maturidade nervosa e 
com os estímulos do meio que a rodeiam. A organização motora é fundamental para o 
desenvolvimento das funções cognitivas, das percepções e dos esquemas sensório 
motores da criança. 
A experiência motora (aprendizagem motora) propicia o amplo desenvolvimento 
dos diferentes componentes da motricidade, tais como a coordenação, o equilíbrio e o 
esquema corporal. Esse desenvolvimento é fundamental, particularmente, na infância, 
para o desenvolvimento das diversas habilidades motoras básicas como andar, correr, 
saltar, correr e lançar. No entanto, embora o desenvolvimento motor não ocorra de 
forma linear, é fundamental que se ofereça à criança um ambiente diversificado, de 
situações novas e que propicie meios diversos de resolução de problemas, uma vez que 
o movimento se apresenta e se aprimora por meio dessa interação, das mudanças 
individuais com o ambiente e a tarefa motora, ou seja através da AM. 
Assim o desenvolvimento motor como campo de estudo, debruça-se sobre as 
modificações ou a evolução do comportamento motor ao longo da vida do indivíduo 
(Life Span), relacionando-o com os mecanismos neurofisiológicos e biomecânicos do 
controlo motor e da aprendizagem motora e integrando-as no contexto biopsicossocial 
de cada sujeito 
RELAÇÃO ENTRE APRENDIZAGEM MOTORA E PERFORMANCE 
MOTORA 
Aprendizagem motora são mudanças em processos internos que determinam à 
capacidade do individuo de produzir uma ação motora. O nível de aprendizagem motora 
do individuo melhora com a pratica e é, frequentemente, inferido pela observação de 
níveis relativamente estáveis da performance motora (PM) da pessoa. Quando uma 
pessoa corre, caminha, lança uma bola, toca piano, chuta uma bola ou dança, esta está a 
utilizar uma ou mais habilidades motoras. A aprendizagem inicial é caracterizada por 
tentativas do individuo de adquirir uma ideia do movimento ou entender o padrão 
básico de coordenação. 
Aprender exige uma modificação estrutural interna que se observa geralmente 
através do desempenho numa alteração estável (persistente no tempo) do 
comportamento do indivíduo como resultado da prática e/ou experiência. A 
performance ou desempenho motor é um indicador objectivo que traduz o grau de 
integração e/ou aplicação das aprendizagens realizadas. Centra-se nos resultados – 
“outcomes” - e não nos processos de aprendizagem. É o indicador objectivo e indireto 
do grau de aprendizagem. No entanto a performance não reflecte de forma transparente 
as alterações estruturais correspondentes. Entre as várias causas que limitam a 
correspondência entre a aprendizagem e a performance estão, por exemplo, o estado 
emocional/afectivo do indivíduo ou factores de condição do sistema muscular, em dado 
momento. A principal diferença entre aprendizagem motora e performance motora é que 
a performance motora é sempre observável e influenciada por muitos fatores. A 
aprendizagem motora, em contraste, é um processo interno que reflete o nível de 
capacidade de desempenho do indivíduo, podendo ser avaliado por demonstrações 
relativamente estáveis. 
O nível da AM aumenta com a prática e é inferida pela observação na PM mas só há 
AM quando a PM apresenta as seguintes características: 
 Aperfeiçoamento (com melhorias) 
 Consistência (com uniformidade nos resultados) 
 Estabilidade (que se mantém num estado de equilíbrio) 
 Persistente (que se mantém apesar de contrariedades ou dificuldades) 
 Adaptabilidade (que se adapta às circunstâncias) 
 
Assim se o nível de proficiência da performance do indivíduo for relativamente 
estável ao longo de várias observações e sob diferentes conjuntos de circunstâncias, o 
profissional pode assumir que o desempenho é um reflexo preciso do nível de 
aprendizagem motora desse indivíduo. 
 
Resumindo podemos definir AM, enfatizando os seguintes aspectos: a) a 
aprendizagem resulta da prática ou da experiência; b) a aprendizagem não é diretamente 
observável; c) as mudanças na aprendizagem são observadas nas mudanças na 
performance; d) a aprendizagem envolve um conjunto de processos no sistema nervoso 
central; e) a aprendizagem produz uma capacidade adquirida para a performance; f) as 
mudanças na aprendizagem são relativamente permanentes. A aprendizagem motora, 
portanto, dá-se por meio de uma combinação complexa de processos cognitivos e 
motores. 
 
 
FATORES DE INFLUENCIA DA APRENDIZAGEM MOTORA 
O estudo da AM ajuda a estabelecer estratégias para terapeutas no 
desenvolvimento de ações efetivas para o aumento das habilidades motoras e da 
reabilitação. Este assunto é de grande importância, porque tenta compreender como as 
pessoas aprendem ou reaprendem habilidades motoras, como elas as desenvolvem e 
usam tais habilidades em várias situações. A aprendizagem envolve uma modificação 
no estado interno de uma pessoa, que deve ser inferida a partir da observação do 
comportamento ou do desempenho daquela pessoa. Para que a aprendizagem seja 
efetiva deve-se considerar as variáveis que interferem neste processo. 
O indivíduo está constantemente a sofrer influências de suas restrições 
individuais (características físicas e mentais próprias), das restrições ambientais 
(características do ambiente físico ou sociocultural) e das restrições da tarefa (metas 
empreendidas). Qualquer alteração num destes fatores afetará o movimento que surge 
destas interações,evidenciando o processo dinâmico e sistêmico da aprendizagem 
motora. Assim os fatores de influencia da aprendizagem motora podem ser divididos 
em: fatores relacionados com o indivíduo (o aprendiz, Quem?), fatores relacionados 
com a tarefa (a tarefa, O quê?) e fatores relacionados com o contexto (o meio, Onde?). 
Nem todos os autores têm o mesmo conceito de AM. Alguns salientam o aspecto 
externo da modificação do comportamento, outros a construção pessoal, experiencial; 
uns dão maior ênfase ao processo da aprendizagem, enquanto outros ao produto desse 
processo. 
O INDIVÍDUO (WHO?) 
Nada se aprende, verdadeiramente, se aquilo que se pretende aprender, não 
passar pela experiência pessoal de quem aprende. A aprendizagem assume assim um 
caráter pessoal, é um processo que acontece de forma singular e individualizada, 
portanto é pessoal e intransferível, quer dizer a AM não pode passar de um indivíduo 
para outro e ninguém pode aprender se não for por si mesmo. 
O indivíduo é a figura central em todas as experiências de aprendizagem, e para 
que o fisioterapeuta possa proporcionar experiências de aprendizagem mais eficientes, 
deve estar ciente de algumas características importantes do aprendiz, tais como: a idade, 
as capacidades, a experiência prévia, a capacidade de processamento de informação, a 
motivação, o estagio de aprendizagem, a atenção, a memória e o nível de excitação. 
IDADE 
Como vimos anteriormente o processo de aquisição de habilidades emerge em 
função das interações entre fatores biológicos e ambientais. A infância pode ser 
considerada uma fase determinante desse processo, tanto pelo ritmo acelerado de 
alterações biológicas, como pela elevada capacidade de adequação aos estímulos 
ambientais. É provável que a quantidade e a qualidade dos estímulos presentes nessa 
fase influenciem diretamente o desenvolvimento em idades posteriores. Na 
adolescência, o ritmo de maturação biológica, em conjunto com as experiências 
anteriores, resulta numa grande variabilidade no desempenho motor. Essas alterações 
ocorrem devido ao amadurecimento dos diferentes sistemas, desde os primeiros anos de 
vida até a idade adulta, por volta dos 25 anos. Posteriormente, os mesmos sistemas 
começam a ter uma perda na eficiência das funções, que tem uma queda mais acentuada 
na terceira idade. Assim se percebe que a idade poderá ter influência na AM. 
CAPACIDADES 
De um modo geral, as capacidades motoras são características individuais e 
inatas, que podem ser sujeitas a um desenvolvimento, e que, em conjunto, determinam a 
aptidão física de um indivíduo. Referem-se a um conjunto de predisposições, 
pressupostos ou potencialidades individuais, nas quais assentam a realização, 
aprendizagem e/ou desenvolvimento de habilidades motoras. 
Devemos destacar que existem diferenças entre capacidade motora e habilidade 
motora. Capacidade refere-se às qualidades físicas de uma pessoa, um potencial, 
definido geneticamente, que pode ser atingido ou não. Enquanto que habilidade refere-
se a uma tarefa com uma finalidade específica a ser atingida. Todos nascemos com uma 
determinada força, ou resistência, mas precisamos de aprender a dançar ou a jogar 
basquete. 
AS CAPACIDADES MOTORAS PODEM SER DIVIDIDAS EM: 
 CAPACIDADES MOTORAS CONDICIONAIS: são as capacidades determinadas pelos 
processos energéticos e metabólicos – obtenção e transformação da energia. Por isso, 
são condicionadas pela energia disponível nos músculos e pelos mecanismos que lhe 
regulam a distribuição – carácter quantitativo. Podemos considerar a força, velocidade, 
resistência e flexibilidade. 
 CAPACIDADES MOTORAS COORDENATIVAS: são essencialmente determinadas 
pelos processos de organização, controlo e regulação do movimento. Estas são 
condicionadas pela capacidade de elaboração das informações por parte dos 
analisadores implicados na formação e realização do movimento – carácter qualitativo. 
Nota - para mais informações clicar no link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Capacidade_motora ou 
http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/educfisica/12_capacidades_motoras_d.htm 
EXPERIÊNCIA PRÉVIA 
Uma das variáveis que interferem significativamente no processo de 
aprendizagem é a experiência prévia. Alguns autores afirmam que aqueles que possuem 
experiências anteriores em certas habilidades motoras, possuem uma vantagem na 
rapidez com que aprendem uma nova tarefa semelhante ou aprendem a mesma tarefa 
após lesão. Ou seja um indivíduo terá mais facilidade em executar uma tarefa nova se 
tiver experiência prévia numa tarefa similar, terá maior facilidade de transferência da 
aprendizagem. 
Existem vários conceitos de transferência de aprendizagem: 
 a experiência anterior no desempenho de uma habilidade num novo contexto ou na 
aprendizagem de uma nova habilidade; 
 a influência da aprendizagem de uma habilidade motora sobre o desempenho ou 
aprendizagem de outra habilidade; 
 o efeito que a aprendizagem prévia de uma determinada tarefa exerce sobre a 
aprendizagem ou desempenho noutra tarefa num momento posterior. 
Por exemplo as crianças que não passaram por experiências em tarefas motoras 
fundamentais durante as fases iniciais podem apresentar um repertório menor de 
habilidades motoras na idade adulta, causando a impressão de terem menor capacidade 
motora. 
Deste modo à ideia de que a experiência prévia exerce um papel primordial no 
processo de aprendizagem de habilidades motoras torna este aspecto fundamental para o 
fisioterapeuta na forma como estrutura e implementa os programas de reabilitação 
motora. 
CAPACIDADE DE PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÃO 
Para que aconteça AM é necessário que o indivíduo selecione qual a resposta 
adequada para determinado estímulo. A aprendizagem advém, basicamente, do 
processamento de informações, que pode ser entendido através dos mecanismos de 
percepção, de decisão e de programação. 
Existem diversos modelos explicativos do processamento de informações. O 
modelo geral do processamento de informação (Figura 1) estabelece os seguintes 
componentes: 
1. Informação do ambiente (input) é o que está disponível no meio ambiente ou a 
informação dada; 
2. Órgãos dos sentidos, são os responsáveis em captar a informação no ambiente e 
transformá-la em impulsos nervosos; 
3. Mecanismos de percepção, é o mecanismo responsável em organizar os impulsos 
nervosos que entraram no SNC; estes mecanismos irão discriminar, identificar, 
classificar, descrever o meio interno e externo do executante; 
4. Mecanismo gerador de resposta (de decisão), escolhe o melhor plano motor para 
satisfazer o objetivo a ser executado, levando em consideração as necessidades do meio 
interno e externo; 
5. Resposta (output/mecanismo efetor), detalha o plano motor escolhido e transforma em 
programa motor (ordens neuronais para a execução motora), ou seja integra os 
comandos motores que produzirão o movimento. 
6. Sistema muscular, recebe e executa os comandos motores 
7. Feedback (retro-informação), é uma das formas pelas quais o executante pode ter uma 
resposta sobre como foi a execução de uma habilidade. Temos dois tipos de feedback: 
a. Intrínseco ou interno, informação fornecida como consequência natural do movimento 
(visual, proprioceptivo, táctil, vestibular, etc.) 
b. Extrínseco ou externo, informação sobre a performance ou resultados (fornecido por 
fontes externas ao indivíduo). 
 
Figura 1 – Modelo de processamento da informação 
 
A aprendizagem pode, então ser entendida como um mecanismo intrínseco do 
ser humano, onde existem etapas que devem ser percorridas para que aconteça. 
Primeiramente, existem os estímulosdo meio ambiente, que devem propiciar um campo 
fértil para a aprendizagem; através da captação desses estímulos o indivíduo faz contato 
com o exterior, ou seja, ele percebe os „sinais‟ que são enviados pelas coisas que o 
cercam. O mecanismo de processamento é que promove o desmembramento e a 
descodificação dos estímulos anteriormente percebidos e, a partir deste, há a elaboração 
das possíveis respostas e a tomada de decisão. Quando este fenômeno acontece, o 
indivíduo está pronto para, efetivamente, responder aos estímulos; tal resposta poderá 
ser dada através da execução de tarefas motoras, no caso de uma situação de 
aprendizagem motora. 
O indivíduo ao encontrar-se numa situação de aprendizagem percorre todo este 
trajeto para o entendimento dos novos conhecimentos; também a aprendizagem de 
habilidades motoras acontece observando este processamento de informações e, neste 
caso, o sistema muscular aparece como principal agente do mecanismo efetor. 
Numa relação de aprendizagem existe um número elevado de variáveis que tem 
influência efetiva em todo o processo. Pode-se citar a maturação fisiológica do 
indivíduo, a atenção e a motivação. Sendo esta última de extrema relevância no 
processo de aprendizagem tanto cognitiva, quanto motora. 
MOTIVAÇÃO 
A motivação participa no processo de aprendizagem motora como sendo um dos 
fatores que mais o influenciam. Integra o modelo de processamento de informações 
como um catalisador da captação dos estímulos, possibilitando uma velocidade, 
intensidade e permanência maiores de retenção dos conhecimentos apreendidos no 
processo de aprendizagem. 
No processo de aprendizagem de uma habilidade motora, a questão da 
motivação tem uma presença de extrema relevância, na medida em que o aprendiz 
necessita de estímulos contínuos que facilitem a aprendizagem. De entre estes estímulos 
estão os motivacionais, que têm o papel de estimular e criar uma expectativa à respeito 
da habilidade que, por ventura, será aprendida. 
A motivação é vista como o processo que leva as pessoas a uma ação ou inércia 
em diversas situações. Este processo pode ser ainda as causas pelas quais se escolhe 
fazer algo, e executar algumas tarefas com maior empenho do que outras. A motivação 
pode ser definida como alguma força interior, impulso ou uma intenção, que leva uma 
pessoa a fazer algo ou agir de certa forma. Quando os sujeitos têm metas claras e bem 
definidas parecem atingir um desempenho superior aos que não estão na mesma 
situação. Então metas específicas podem levar ao desempenho superior. Os referenciais 
teóricos da motivação têm-se pautado por duas bases: 
 Orientação para a Tarefa – Motivação Intrínseca. É aquela referente à escolha e à 
realização de determinada atividade por vontade própria, por ser interessante e atraente 
ou, de alguma forma, gerada de satisfação. Se há comprometimento com uma atividade 
é considerado ao mesmo tempo espontâneo, parte do interesse individual, isto é, a 
atividade é um fim em si mesmo. Desta forma, a recompensa principal é a participação 
na tarefa, sem necessidade de pressões externas, internas ou recompensa. 
 Orientação ao Ego – Motivação Extrínseca. Os motivos movem o ser humano pelas 
consequências que espera em virtude da ação executada. No caso da motivação 
extrínseca, esta surge pelas consequências que se espera alcançar devido às reações do 
ambiente. A pessoa está sempre dependendo, de certo modo, das reações dos outros e 
atua “interesseiramente”. 
Para que o aprendiz esteja motivado, é necessário o aumento gradativo das 
competências que se daria através da introdução de um novo elemento (novo estímulo) 
a cada diferente momento da aprendizagem. 
A motivação é um fenômeno intrínseco pelo qual o indivíduo escolhe uma 
atividade e não outra, e pelo qual realiza ações com graus variados de intensidade. Os 
motivos que conduzem uma pessoa podem também advir das suas necessidades básicas 
primárias e secundárias. 
Como vimos os motivos, de onde provém a motivação, são decorrentes de fontes 
externas ao indivíduo e à tarefa ou derivam da estrutura psicológica e das suas 
necessidades pessoais. Quanto mais o fisioterapeuta conhecer o seu utente, as suas 
necessidades e os seus motivos, maiores serão os recursos que ele terá em favor da 
mediação no processo de aprendizagem.
Faz-se necessário ao longo do processo de 
AM, o estabelecimento de um ambiente que propicie a captação e armazenamento das 
informações ali obtidas, para a elaboração das respostas aos estímulos percebidos. 
Sendo condição „sine qua non‟ para a ocorrência deste fenômeno a contínua estimulação 
da motivação. 
Para que a AM aconteça de maneira equilibrada e profícua é imprescindível que 
o aprendiz esteja rodeado por um ambiente facilitador, que lhe permita conhecer o 
maior número possível de possibilidades de execução dos movimentos nas suas mais 
variadas formas. 
A motivação apresenta uma relação de U “invertido”, ou seja, quando a 
motivação está muito baixa ou muito alta, a aprendizagem é dificultada. 
 
 
Figura 2 – Teoria do U invertido para a motivação 
 
Em resumo a motivação é o processo que mobiliza o indivíduo para a ação; 
compreende desejo, vontade, interesse ou pré-disposição para agir. O utente precisa de 
estar ou ser motivado para a terapia. As tarefas devem ter um grau adequado de 
complexidade. Não podem ser muito difíceis, pois o paciente não conseguirá realizá-las, 
gerando frustração, e não podem ser muito fáceis porque não o motivarão. Quando o 
paciente obtém sucesso com a tarefa, este sucesso é um modo de reter a motivação. Mas 
não é somente o paciente que precisa de estar motivado, a família do paciente e os 
profissionais da saúde também precisam desfrutar dessa mesma condição emocional. 
ATENÇÃO 
Para se aprender alguma coisa é preciso primeiro prestar atenção e prestar 
atenção significa antes de mais selecionar um ou mais estímulos de entre os muitos que 
nos rodeiam de modo a poderem ser processados de forma mais vasta e profunda em 
momentos posteriores, se tal for considerado conveniente. A cada instante o ser humano 
é bombardeado com inúmeras informações, quer externas provenientes do meio 
ambiente, quer internas provenientes do próprio organismo. O processamento de todas 
estas informações é manifestamente impossível, de modo que uma seleção do que é 
mais relevante deverá ser efectuada a cada momento. A atenção implica portanto uma 
seleção de estímulos entre os muitos que poderiam atrair a atenção e por outro um 
esforço de controlar a informação irrelevante e concorrente de forma a permitir a 
concentração no processamento da informação considerada útil. 
No âmbito da atenção, há duas questões importantes que podem ser 
consideradas. Primeiro, o que leva um estímulo ou atividade a ser selecionada em 
detrimento de outra? Segundo, é possível realizar mais do que uma tarefa ao mesmo 
tempo? Há vários fatores que podem atrair a atenção de uma pessoa, nomeadamente o 
número de estímulos, a familiaridade, similaridade, a novidade, o imprevisto e a 
complexidade. 
O número de estímulos a que num instante se pode prestar atenção é bastante 
limitado, podendo aumentar ou diminuir conforme o grau de familiaridade. Assim, por 
exemplo, numa discussão ou debate não é possível seguir e compreender os argumentos 
de quatro pessoas se todas começarem a falar ao mesmo tempo. Apenas os argumentos 
de uma pessoa podem ser processados ou no caso do tema abordado ser bastante 
familiar é possível que os temas abordados por mais do que uma pessoa possam ser 
atendidos. 
A similaridade das fontes de informação é uma dificuldade acrescida na tarefa 
de prestar atenção, provocandointerferências mútuas e exigindo maiores recursos de 
processamento. Por exemplo, os estudantes são capazes de estudar um tema para exame 
numa sala com música instrumental de fundo, mas têm maiores dificuldades com 
música vocal. O tema de estudo e o tema da música interferem entre si devido à 
similaridade verbal, tornando mais difícil a tarefa de prestar atenção. 
A novidade de um estímulo ou o seu aparecimento imprevisto são fatores que 
levam uma pessoa a mudar de atenção, suspendendo a realização da tarefa que estava a 
ser efetuada. Assim quando num ambiente de uma aula um professor passa de um tom 
de voz monocórdico para um tom de voz subitamente mais alto, a atenção dos alunos, se 
nuns casos se apresenta dispersa, direciona-se naquele instante para o que o professor 
diz. Do mesmo modo, quando numa aula toca inesperadamente um telemóvel, a atenção 
dos alunos desvia-se do professor para o portador do telemóvel. 
A atenção é um recurso cognitivo limitado e se uma tarefa é bastante complexa, 
os recursos atencionais necessários para a processar ficam mais rapidamente esgotados. 
A atenção é um recurso limitado, mas não é fixo. Através da prática continuada e 
sistemática é possível realizar uma tarefa de forma cada vez mais automática. Quando 
uma pessoa aprende a conduzir um automóvel, a tarefa de condução é de tal ordem 
complexa que torna difícil conduzir e ao mesmo tempo seguir uma conversa ou ouvir as 
notícias do rádio. Com a prática continuada o condutor é capaz de conduzir, ouvir as 
notícias e até pensar no melhor percurso alternativo para chegar ao destino. 
Existe uma distinção importante entre processos automáticos e processos 
esforçados ou controlados. Os processos automáticos exigem a atribuição de poucos 
recursos de atenção e são realizados em paralelo com outros processos cognitivos ou 
atividades. Os processos esforçados aplicam-se a tarefas que têm de ser realizadas de 
forma seriada, uma de cada vez, em virtude dos recursos de atenção exigidos serem 
bastante elevados. Nestes casos a realização da tarefa requer um acompanhamento 
consciente, sob o controlo direto da atenção da pessoa. A prática torna progressivamente 
automático o processamento de vários estímulos e a realização de várias tarefas 
intermédias que inicialmente requeriam esforço e controlo da atenção. 
Os limites da atenção são flexíveis em função do grau de prática atingido na 
realização de uma tarefa, mas não são ilimitados. Mesmo uma actividade que tenha sido 
objecto de uma prática intensa e continuada e cuja realização possa ser processada de 
forma bastante automática como conduzir um carro, e ao mesmo tempo prestar atenção 
e processar as notícias no rádio, manter uma conversa com a pessoa ao lado e estudar o 
melhor percurso para se chegar ao destino, verifica-se que estas atividades concorrentes 
têm de ser subitamente interrompidas se algo de inesperado acontece como a travessia 
súbita de um animal na via de condução. Neste caso é necessário toda a atenção para a 
tarefa de condução de modo a evitar o acidente, ficando suspensas todas as restantes 
tarefas que até aí eram processadas em paralelo e de forma quase automática. 
Na maior parte dos casos, o conhecimento adquirido numa situação de 
aprendizagem é uma tarefa complexa implicando grande parte dos recursos atencionais 
disponíveis. O estudante tem de focar a atenção no que o professor diz e ao mesmo 
tempo tentar abstrair-se das informações circundantes produzidas pelos colegas ou por 
ruídos fora da sala. Na ausência de um manual escolar de apoio, o estudante tem de 
realizar de forma eficaz duas tarefas simultâneas: Compreender o que o professor diz e 
em seguida escrever o que de mais importante acabou de ouvir. Se além destas duas 
tarefas que realiza, o aluno tem ainda de pensar sobre o assunto de forma a pedir 
esclarecimentos para dúvidas que surgem, é evidente que os recursos atencionais estão a 
ser usados nos limites da sua capacidade cognitiva de atenção. A tarefa de prestar 
atenção na aula torna-se mais fácil quando o estudante está em presença de um manual 
que o professor acompanha e explica, evitando a tarefa de tirar notas detalhadas, 
podendo antes concentrar-se em sublinhar os pontos mais importantes do programa. 
ATIVAÇÃO 
O processo de aprendizagem exige um certo nível de ativação e atenção, de 
vigília e seleção das informações. A ativação, por meio da vigília, conecta-se com a 
atenção no sentido da capacidade de focalização na atividade. São elementos 
fundamentais de toda a AM, essenciais para manter as atividades cognitivas, inibindo o 
efeito de muitos neurônios que não interessam à situação. Sem uma organização 
cerebral integrada, intra e interneurossensorial, não é possível uma aprendizagem 
normal. 
O conhecimento do desenvolvimento e do funcionamento do sistema nervoso 
central, abarcado pelas neurociências, tem sido potencializado pelos avanços 
tecnológicos que permitem estudar os processos neurológicos in vivo. Esse avanço tem 
evidenciado a interdependência funcional entre diferentes estruturas do cérebro e de 
outras estruturas encefálicas. Tal interdependência reflete-se na determinação recíproca 
entre funções psíquicas consideradas distintas, como, por exemplo, memória e 
afetividade. 
Um exemplo desta interdependência é a relação entre o hipocampo – estrutura 
considerada importante para os processos de memorização de informações – e outros 
componentes do chamado sistema límbico – conjunto de estruturas que estão associadas 
às experiências afetivo-emocionais (giro do cíngulo, fórnix, amígdala...). Um 
funcionamento adequado do hipocampo (e, portanto, do processo de memorização de 
novas informações) depende de um estado ótimo de ativação do sistema límbico como 
um todo. Noutras palavras, quando o sistema límbico está ativo, mas não hiperativo 
(isso acontece quando o sujeito experimenta sentimentos e emoções intensas, como 
raiva, medo, ansiedade, euforia), o hipocampo tem as melhores condições de processar 
as informações a serem memorizadas. No caso de uma subativação do sistema límbico 
(estado de apatia), o hipocampo fica menos ativo e processa as informações de forma 
mais lenta. A hiperativação do sistema límbico, por sua vez, gera uma sobrecarga de 
estímulos que tende a desorganizar o fluxo de informações no hipocampo, confundindo 
o processo de memorização. Para a ativação também se aplica a teoria do U invertido 
(Figura 2). 
 
 
MEMÓRIA 
A memória é a capacidade de conservar informações vivenciadas anteriormente, 
ou a capacidade de recuperar estas informações para um uso posterior. Tem grande 
importância para a AM sem ela não existiria antes nem depois. Não seriamos capazes de 
recordar os rostos das pessoas que vimos no dia anterior, então a mesma pessoa que 
víssemos ontem não seria igual ao da mesma se a víssemos hoje. A memória é resultado 
dos estágios sequenciais do processamento de informação, vistos anteriormente. Ao 
passo que a AM é o processo. Por outras palavras, o processo de aquisição das novas 
informações que vão ser retidas na memória é chamado de aprendizagem. Memória, 
diferentemente, é o processo de arquivamento seletivo dessas informações, pelo qual 
podemos evocá-las sempre que desejarmos, consciente ou inconscientemente. De certo 
modo, a aprendizagem pode ser vista como um conjunto de comportamentos que 
viabilizam os processos neurobiológicos e neuropsicológicos da memória. Como os 
conceitos de aprendizagem e de memória, embora diferentes, são muito próximos, é 
comum utilizar um termo como sinônimo do outro. 
SEQUÊNCIA DE PROCESSOS OU PROCESSOS SEM SEQUÊNCIA? 
O primeiro dos processos mnemônicos é a aquisição, que consiste na entrada de 
umevento qualquer nos sistemas neurais ligados à memória (Figura 3). Por "evento" 
entendemos qualquer coisa memorizável: um objeto, um som, um acontecimento, um 
pensamento, uma emoção, uma sequência de movimentos. Conseguimos lembrar-nos 
dos nossos primeiros tênis, dos acordes iniciais do hino nacional, dos movimentos 
necessários para atacar os atacadores, de como se multiplica 24 por 13, do que sentimos 
durante o nosso primeiro beijo. Para o estudo da memória, todos são eventos: podem ter 
origem no mundo externo, conduzidos ao sistema nervoso através dos sentidos, ou 
então no mundo interior da pessoa, surgidos "misteriosamente" dos nossos próprios 
pensamentos e emoções. Durante a aquisição ocorre uma seleção: como os eventos são 
geralmente múltiplos e complexos, os sistemas de memória só permitem a aquisição de 
alguns aspectos mais relevantes para a cognição, mais marcantes para a emoção, mais 
focalizados pela nossa atenção, mais fortes sensorialmente, ou simplesmente priorizados 
por critérios desconhecidos. 
Após a aquisição dos aspectos selecionados de um evento, estes são 
armazenados por algum tempo: às vezes por muitos anos, às vezes por não mais que 
alguns segundos. Esse é o processo de retenção da memória, durante o qual os aspectos 
selecionados de cada evento ficam de algum modo disponíveis para serem lembrados 
(Figura 3). Com o passar do tempo, alguns desses aspectos ou mesmo todos eles podem 
desaparecer da memória: é o esquecimento. Isso significa que a retenção nem sempre é 
permanente - aliás, na maioria das vezes, é temporária. Quando vamos ao cinema, logo 
ao sair somos capazes de lembrar-nos de muitas cenas e diálogos do filme (não todos...). 
No entanto, já no dia seguinte só nos lembramos de alguns, e após 1 ano talvez nem nos 
lembremos do tema do filme! O tempo de retenção, portanto, é limitado pelo 
esquecimento, e ambos são definidos, entre outros aspectos, pelo tipo de utilização que 
faremos de cada evento memorizado. Assim, não é importante guardar a fisionomia da 
rapariga da bilheteria do cinema, e talvez tão pouco dos personagens secundários do 
filme. Mas geralmente guardamos o rosto da atriz principal, seja porque é bonita, seja 
porque o seu papel é importante no contexto do filme. 
Os psicólogos têm estudado a capacidade de retenção das pessoas, e sabem que 
pode variar de indivíduo para indivíduo, bem como em diferentes situações e momentos 
de cada um. De qualquer modo, está estabelecido que para algumas formas de memória 
a capacidade de retenção é finita e parece não ultrapassar um pequeno número de itens 
de cada vez. Para outras formas , a capacidade de retenção é praticamente infinita. 
Testes com voluntários normais mostraram que, se lhes apresentamos sequências de 
letras para memorizar, o limite médio de retenção anda à volta de sete letras. Quando 
lhes apresentamos sequências de palavras, só são capazes de memorizar cerca de sete. E 
quando são expostos a sequências de frases, o mesmo número 7 representa o limite 
médio para a retenção. 
Os psicólogos também têm estudado os determinantes do esquecimento. Por que 
retemos algumas coisas e esquecemos outras? Quais os fatores que determinam um 
caminho ou o outro? Descobriu-se que a retenção é fortemente influenciada pela 
presença de elementos distratores, e que o número de distratores determinará maior ou 
menor retenção. Tente memorizar um número de telefone com alguém a seu lado lendo 
alto uma outra sequência de números... Além da interferência de distratores, também a 
ordem de apresentação de uma sequência de itens a serem memorizados influencia a 
retenção. Tendemos a reter mais facilmente os primeiros e os últimos de uma série, e 
esquecemos aqueles situados no meio. 
O esquecimento é uma propriedade normal da memória. Provavelmente 
desempenha um papel muito importante como mecanismo de prevenção de sobrecarga 
nos sistemas cerebrais dedicados à memorização, e tem ainda a virtude de permitir a 
filtragem dos aspectos mais relevantes ou importantes de cada evento. 
Depreende-se do que acabamos de dizer que, de entre os vários aspectos de um 
evento, alguns serão esquecidos imediatamente, outros serão memorizados durante um 
certo período, e apenas uns poucos permanecerão na memória prolongadamente. Neste 
último caso, diz-se que houve consolidação (Figura 3) quando o evento é memorizado 
durante um tempo prolongado, às vezes permanentemente. Lembramo-nos de algumas 
coisas durante muito tempo, embora possamos nalgum momento esquecê-las. Mas 
lembramo-nos de outras durante toda a vida, como o nosso próprio nome e a data do 
nosso aniversário. 
 
Figura 3 – Esquema da memória 
(imagem retirada do livro Cem bilhões de neurônios? de Roberto Lent, 2010) 
 
Finalmente, o último dos processos mnemônicos é a evocação ou lembrança, através do 
qual ternos acesso à informação armazenada para utilizá-la mentalmente na cognição e 
na emoção, por exemplo, ou para exteriorizá-la através do comportamento (Figura 3). 
TIPOS E SUBTIPOS DE MEMÓRIA 
A memória pode ser classificada em tipos diferentes (Tabela 1), de acordo com 
as suas características. Essa classificação é importante, pois os tipos de memória são 
operados por mecanismos e regiões cerebrais diferentes. 
A memória pode ser classificada quanto ao tempo de retenção em (1) memória 
ultrarrápida ou imediata, cuja retenção não dura mais que alguns segundos; (2) memória 
de curta duração, que dura minutos ou horas e serve para proporcionar a continuidade 
do nosso sentido do presente, e (3) memória de longa duração, que estabelece engramas 
duradouros (dias, semanas e até mesmo anos). 
A memória pode também ser classificada, quanto à sua natureza (Tabela 1), em: 
(1) memória explícita ou declarativa; (2) memória implícita ou não declarativa e (3) 
memória operacional ou memória de trabalho. 
A memória explícita reúne tudo que só podemos evocar por meio de palavras 
(daí o termo "declarativa") ou outros símbolos (um desenho, por exemplo). É formada 
facilmente, mas pode-se perder também facilmente. Pode ser episódica, quando envolve 
eventos datados, isto é, relacionados ao tempo; ou semântica, quando envolve conceitos 
atemporais. Ao lembrarmo-nos que fomos ao teatro no domingo passado assistir à peça 
Romeu e Julieta, empregamos a nossa memória episódica. Mas saber que o teatro é uma 
forma de arte cênica e que Romeu e Julieta é uma peça do escritor inglês William 
Shakespeare, é um exemplo de memória semântica. A memória episódica é geralmente 
específica de cada indivíduo, característica da sua trajetória de vida. A memória 
semântica, por outro lado, é compartilhada por muitas pessoas, fazendo parte da cultura. 
 
 Tipos e subtipos Características 
Quanto ao tempo 
de retenção 
Ultrarrápida ou imediata Dura de !rações de segundos a alguns segundos; 
memória sensorial 
Curta duração Dura minutos ou horas, garante o sentido de 
continuidade do presente 
Longa duração Dura horas, dias ou anos, garante o registro do 
passado autobiográfico e dos conhecimentos do 
indivíduo 
Quanto à 
natureza 
Explícita ou declarativa Pode ser descrita por meio de palavras e outros 
símbolos 
Episódica Tem uma referência temporal: memória de fatos 
sequenciados 
Semântica Envolve conceitos atemporais: memória cultural 
Implícita ou não 
declarativa 
Não precisa ser descrita por meio de palavras 
De representação 
perceptual (priming) 
Representa imagens sem significado conhecido: 
memória pré-consciente 
De procedimentos Hábitos, habilidades e regras 
Associativa Associa dois ou mais estímulos (condicionamento 
clássico), ou um estímulo a uma certa resposta 
(condicionamento operante) 
Não associativa Atenua uma resposta(habituação) ou aumenta-a 
(sensibilização) através da repetição de um mesma 
estímulo 
Operacional ou memória 
de trabalho 
Permite o raciocínio e o planejamento do 
comportamento 
 
 
 
 
TABELA 1 – TIPOS E CARACTERÍSTICAS DA MEMÓRIA 
 
A memória implícita, por sua vez, é diferente da explícita porque não precisa de 
ser descrita com palavras. Além disso, requer mais tempo e treino para se formar, mas 
persiste mais duradouramente. Pode ser de quatro subtipos. O primeiro é a chamada 
memória de representação perceptual (priming), que corresponde à imagem de um 
evento, preliminar à compreensão do que ele significa. Um objeto, por exemplo, pode 
ser retido nesse tipo de memória implícita antes que saibamos o que é, para que serve 
Outro subtipo de memória implícita é a memória de procedimentos: trata-se, aqui, dos 
hábitos e habilidades e das regras em geral. Sabemos os movimentos necessários para 
conduzir um carro, sem que seja preciso descrevê-los verbalmente. 
Sabemos também que numa frase em português o sujeito geralmente vem antes 
do verbo, e elaboramos as frases de acordo com essa regra previamente memorizada, 
sem nos dar conta disso. Finalmente, dois subtipos muito importantes de memória 
implícita são conhecidos como associativa e não associativa. Ambas se relacionam 
fortemente a algum tipo de resposta ou comportamento. Empregamos a memória 
associativa, por exemplo, quando começamos a salivar bem antes que a comida chegue 
à nossa boca, por termos em algum momento da vida associado o seu cheiro ou aspecto 
à alimentação. Por outro lado, empregamos a memória não-associativa quando sem 
sentir aprendemos que um estímulo repetitivo que não traz consequências é 
provavelmente inócuo, o que nos faz "relaxar" e ignorá-lo. 
O terceiro tipo é a memória operacional, através da qual armazenamos 
temporariamente informações que serão úteis apenas para o raciocínio imediato e a 
resolução de problemas, ou para a elaboração de comportamentos, podendo ser 
descartadas (esquecidas) logo a seguir. Guardamos na nossa memória operacional, por 
exemplo, o local onde estacionamos o automóvel quando vamos fazer compras, uma 
informação que nos servirá apenas até o momento de voltar ao carro para ir embora. 
Depois disso, essa informação será provavelmente esquecida de forma definitiva. 
ESTADIOS DE APRENDIZAGEM 
A AM mesmo sendo um processo que, no eixo temporal da vida, ocorre numa 
escala de curto prazo em função da prática, pode ser dividida em fases. Fitts & Posner 
(1967), propuseram um modelo clássico de estádios da aprendizagem dividido em: 
cognitivo, associativo e autónomo (Figura 4). 
O ESTÁDIO COGNITIVO é o inicial, onde se apresenta a habilidade ao 
indivíduo e as suas características são: a ocorrência de um grande número de erros e 
muita variabilidade no desempenho da atividade. A atividade cognitiva é muito grande, 
causando uma sobrecarga nos mecanismos de atenção. Muitas vezes a pessoa é capaz de 
perceber que está a fazer algo de errado, mas ainda não sabe como corrigir. Os ganhos 
em proficiência são muito grandes neste estádio. 
 Neste estádio o aprendiz concentra-se nos problemas de natureza cognitiva, 
onde procura visualizar e processar as informações relevantes para o reconhecimento 
dos objetivos e dos aspectos necessários para a execução da tarefa. 
Após certo período de prática, o indivíduo passa para o estádio associativo, onde já é 
capaz de realizar a atividade com mais facilidade, diminuindo a quantidade de erros e a 
variabilidade entre as tentativas. 
A carga cognitiva para o desempenho é moderada e a eficiência do movimento é 
melhorada. Neste estádio o aprendiz muda a sua ênfase dos problemas cognitivos e 
estratégicos para uma fase de organização mais efetiva e padronizada de movimentos 
para a execução da tarefa, procurando associar os movimentos com certas respostas do 
meio ambiente. Esse estádio é também chamado de ESTÁDIO DE REFINAMENTO, 
onde a variabilidade do desempenho começa a diminuir e os erros são menos grosseiros. 
Tem uma duração maior do que o primeiro, podendo durar até vários meses. 
Por fim, após praticar a atividade extensivamente o indivíduo pode chegar ao 
estádio autónomo. Neste estádio o indivíduo é capaz de realizar as atividades 
automaticamente, com pequena variabilidade e com pouca carga nos mecanismos 
cognitivos. Nesta fase as melhorias de desempenho são mais difíceis de detectar, pois os 
indivíduos estão próximos dos limites de suas capacidades e há pouca variabilidade 
entre tentativas subsequentes. Para chegar até esse estádio podem ser necessários vários 
anos de prática, sendo que muitos indivíduos, mesmo com muita prática podem até não 
chegar até esse estádio, tudo depende da tarefa a aprender. 
 
 
Figura 4 – Estádios da aprendizagem motora – evolução dos processos cognitivos, erros 
e performance 
OS ESTADIOS DE APRENDIZAGEM E A ATENÇÃO 
De entre as diversas características de cada estádio de aprendizagem, uma 
importante mudança decorrente da prática ocorre nos processos da atenção. No estádio 
cognitivo o indivíduo está a tentar compreender os objetivos da tarefa, o que 
sobrecarrega os mecanismos da atenção, proporcionando uma “performance” 
inconsistente. Após um certo período de prática, ele passará para o estádio associativo, 
no qual consegue manter uma “performance” mais estável, sendo capaz inclusive de 
detectar alguns erros. As necessidades de atenção neste estádio decrescem 
significativamente. Depois de muita prática, ele será capaz de atingir o terceiro e último 
estágio (autónomo), no qual a habilidade está bem desenvolvida, permitindo que o 
indivíduo a realize com consistência e “quase sem pensar”. As exigências nos processos 
da atenção são mínimos, permitindo que direcione o foco da atenção para outros 
aspectos importantes da “performance”. 
A Tarefa (WHAT?) 
No nosso dia a dia executamos uma infinidade de tarefas funcionais que exigem 
movimentos. A tarefa que vai ser executada determina o tipo de movimento a ser 
realizado. Portanto a compreensão do controlo do movimento exige o conhecimento de 
como as tarefas regulam e restringem o movimento. 
A AM é um campo de estudo, cujo tema principal é o entendimento dos 
processos pelos quais as habilidades motoras são aprendidas e realizadas. Para entender 
os processos, é necessário entender melhor as habilidades motoras. 
Habilidade motora é uma tarefa executável com determinadas porções de 
movimento e de cognição, para atingir uma finalidade específica. As habilidades 
motoras, também chamadas de atos ou tarefas motores/as, requerem movimento e 
devem ser aprendidos a fim de serem executados, ex.: lançar uma bola, tocar piano, 
nadar, soldar, chutar. 
Quando praticamos uma ação, como por exemplo, tocar piano, utilizamos uma 
ou mais habilidades, chamadas de habilidades motoras. Dentro dessas, existem 
classificações estabelecidas em categorias amplas. As vantagens de se classificar as 
habilidades é que podemos estabelecer princípios sobre como realizar e aprender, da 
melhor forma, as habilidades motoras e assim planear de uma forma mais adequada a 
nossa intervenção. Para tal, as habilidades motoras podem ser agrupadas de forma a 
facilitar um melhor entendimento e organização do Fisioterapeuta. 
A natureza da tarefa que está a ser executada determina, em parte, o tipo de 
movimento necessário. Portanto, a compreensão da AM exige o conhecimento de como 
as tarefas regulam, ou restringem, o movimento. O conceito de agrupar tarefas não é 
novo para os terapeutas. Dentro do ambiente clínico, as tarefas são rotineiramente 
agrupadas em categorias tais como: mobilidade na cama, transferência e AVD. No 
entanto,a classificação das tarefas motoras dentro de uma condição clínica é geralmente 
baseada numa categoria funcional de tarefas, e não nas características inerentes ou nos 
atributos da tarefa propriamente dita. 
A classificação das tarefas deve ser baseada na compreensão dos atributos que 
lhe são essenciais, que governam especificamente ou regulam o controlo do movimento. 
Por exemplo, uma base de suporte imóvel é atributo para ficar de pé; por outro lado, 
uma base de suporte móvel é um atributo para a marcha e a corrida. Muitas 
características podem ser consideradas, porque representam variáveis contínuas como 
velocidade ou precisão, assim como outras. 
As habilidades motoras podem também ser utilizadas como parâmetros de 
desempenho, ou seja, como expressão qualitativa de desempenho ou grau de 
competência do executante. Podem ser vistas com um indicador de produtividade, 
caracterizando o executante. A habilidade é julgada pela produtividade no desempenho, 
temos como exemplo um jogador habilidoso de basquete nos lances livres encesta 80% 
dos lançamentos tentados. 
Há uma variedade de esquemas para se classificar as habilidades motoras. 
Tradicionalmente, a maioria tem sido unidimensional e responde apenas a um aspecto 
de uma habilidade. Os esquemas bidimensionais são mais completos e permitem-nos 
observar uma habilidade sob dois aspectos ao mesmo tempo. 
Esta sebenta proporciona uma visão geral de cinco esquemas classificadores 
unidimensionais seguidos por um esquema bidimensional. 
ESQUEMAS DE CLASSIFICAÇÃO UNIDIMENSIONAL 
Cinco formas de classificar as habilidades motoras, tendo em conta uma única 
dimensão, ganharam popularidade ao longo dos anos, a saber: 
1. Os aspectos musculares, 
2. Os aspectos temporais, 
3. Os aspectos do meio ambiente, 
4. Os aspectos intencionais 
5. Os aspectos sobre a informação de retorno/feedback (Tabela 2). 
ASPECTOS MUSCULARES 
As habilidades motoras podem ser classificadas em relação aos grupos 
musculares envolvidos em habilidades globais/grosseiras ou finas. As habilidades 
grosseira envolvem grandes grupos musculares, como por exemplo, sentar-levantar, 
rolar. As habilidades motoras finas requerem a capacidade de controlar pequenos grupos 
musculares, havendo um alto grau de precisão do movimento, como por exemplo, 
passar a linha na agulha e escrever. 
ASPECTOS TEMPORAIS 
Com base nos seus aspectos temporais, as habilidades também podem ser 
classificadas como discretas, em série (seriadas) ou contínuas 
As habilidades dizem-se discretas quando os pontos de início e fim da habilidade são 
identificáveis, ou seja, quando a sua execução tem um início e um término bem 
definidos. Por exemplo, o sentar numa cadeira. Denominam-se contínuas quando os 
pontos de início e fim são indefinidos. O executante ou alguma força externa determina 
o começo ou fim da habilidade. Uma habilidade contínua é facilmente identificável, 
pois se repete na organização dos movimentos, como correr, nadar e remar. Estamos 
perante habilidades seriadas quando existe uma combinação de habilidades discretas em 
série. As habilidades são classificadas como seriadas quando, apesar da execução 
definível, se compõe de diversas ações agrupadas, tal como levantar e alcançar um 
objeto. 
ASPECTOS RELACIONADOS AO MEIO AMBIENTE 
As habilidades podem ser classificadas em abertas ou fechadas se tivermos em 
conta os aspectos relacionados ao meio ambiente. Diz-se habilidade aberta quando a 
habilidade for realizada num ambiente imprevisível, em mudança contínua. Por outro 
lado, o seu início não depende do executante. Marcar um avançado, no futebol, requer 
que o defesa reaja à estímulos que são gerados externamente (pelo atacante). Dizemos 
que é fechada quando o ambiente for estável e previsível. Uma habilidade é classificada 
como fechada quando a sua execução é definida principalmente pelo executante, quanto 
ao início e fim. Habilidade fechada é aquela em que o ambiente influencia muito pouco 
a sua execução, como colocar a chave numa fechadura. 
ASPECTOS INTENCIONAIS 
As habilidades motoras também podem ser classificadas com base na intenção. 
Embora todas as tarefas motoras envolvam um elemento de equilíbrio, as tarefas que 
exijam a manutenção de uma orientação corporal estável são denominados de tarefas de 
estabilidade. As tarefas de estabilidade, sentar, ficar em pé, são executadas sobre uma 
base imóvel. Por outro lado as tarefas de mobilidade ou de locomoção, tais como 
caminhar, correr, têm uma base móvel de apoio. Nestas habilidades o objetivo é 
transportar o corpo de um ponto para outro. Aquelas que envolvem aplicar força num 
objeto ou receber força do mesmo constituem tarefas de manipulação de objeto. Temos 
como exemplo agarrar, lançar ou manusear um objeto. A quantidade de manipulação 
pode ser simples ou complexa, dependendo da acuidade (intensidade) significativa. A 
quantidade de manipulação da extremidade superior envolvida na tarefa pode variar 
desde a inexistente a uma manipulação relativamente simples, que não tem um 
componente de precisão significativo, até tarefas mais complexas que podem exigir 
velocidade e precisão. Estas atividades aumentam a exigência sobre o sistema postural, 
uma vez que a estabilização do corpo é fundamental para o desempenho das tarefas. 
ASPECTOS RELACIONADOS COM O FEEDBACK 
Esta classificação é baseada em como e quando o retorno da informação 
(feedback) pode ser usado pelo executante. Feedback é uma das formas pelas quais o 
executante pode ter uma resposta sobre como decorreu à execução de uma habilidade. 
Há diversas formas de feedback (visual, verbal, cinestésico) e elas devem ser 
aproveitadas pelo executante para melhorar a performance durante a execução ou após a 
execução. 
As habilidades em circuito aberto (Figura 5) ocorrem quando o executante 
envolvem comandos pré- estruturados para a realização do movimento, sem o 
envolvimento de feedback, sendo utilizado para a realização de movimentos rápidos e 
discretos. Já o sistema de controle de circuito fechado (Figura 6) envolve a utilização do 
feedback, sendo possível a deteção e correção de erros durante o movimento. Este tipo 
de sistema é utilizado para controlar movimentos lentos e intencionais. 
É de salientar que o sistema motor humano é um sistema híbrido que funciona quer em 
sistema aberto quer em sistema fechado. 
ESQUEMAS DE CLASSIFICAÇÃO BIDIMENSIONAL E MULTIDIMENSIONAL 
Os modelos bidimensionais diferem dos unidimensionais pela sua abrangência, 
pois demonstram de forma mais real as situações motoras, cruzando dois tipos de 
habilidades motoras. Existem ainda os esquemas multidimensionais, que possuem uma 
capacidade de visualização das habilidades de movimento em três ou mais dimensões. 
 
Aspectos Musculares 
(tamanho/extensão 
do movimento) 
Aspectos 
temporais (série 
de tempo no qual 
o movimento 
ocorre) 
Aspectos 
relacionados ao 
meio ambiente 
(contexto no qual 
o movimento 
ocorre) 
Aspectos 
intencionais 
(objetivo do 
movimento). 
Aspectos 
sobre o 
feedback 
(circuito 
aberto e 
circuito 
fechado) 
Habilidades de 
Coordenação Motora 
Grossa (grosseiras): 
Utilizam grandes 
grupos musculares 
para realizar uma 
tarefa (correr, saltar, 
lançar) 
Habilidades 
Motoras 
Discretas: 
Apresentam início 
e fim bem 
definidos (lançar 
uma bola, 
levantar-se de 
uma cadeira) 
Habilidades 
Motoras Abertas: 
Ocorrem num 
ambiente 
imprevisível e 
constantemente 
mutável (agarrar 
uma bola no ar, a 
maioria dos jogos 
de computador, 
Habilidades de 
Estabilidade: 
Ênfase em ganhar 
ou manter oequilíbrio tanto em 
situações de 
movimento estático 
quanto dinâmico 
(sentar, ficar de pé, 
equilibrar-se sobre 
Habilidades 
em circuito 
aberto: 
Sem 
informação de 
retorno 
durante a 
execução da 
tarefa 
treino numa sala 
barulhenta) 
um pé, andar sobre 
uma barra estreita) 
Habilidades 
Motoras em série 
(seriadas): 
Série de 
habilidades 
discretas 
realizadas em 
sucessão rápida 
(driblar uma bola 
de basquete, abrir 
uma porta, retirar 
uma garrafa do 
frigorífico) 
Habilidades 
Locomotoras: 
Transportar o 
corpo de um ponto 
a outro no espaço 
(gatinhar, correr, 
andar) 
Habilidades de 
Coordenação Motora 
Fina: 
Utilizam pequenos 
grupos musculares 
para realizar uma 
tarefa de movimento 
com precisão 
(escrever, digitar, 
tricotar, pintar) 
Habilidades 
Motoras 
Contínuas: 
Realizadas 
repetidamente 
durante um tempo 
arbitrário 
(pedalar, nadar, 
andar) 
Habilidades 
Motoras 
Fechadas: 
Ocorrem num 
meio ambiente 
estável e imutável 
(swing do golf) 
Habilidades 
Manipulativas: 
Colocar força 
sobre um objeto ou 
receber força de 
um objeto 
(escrever, tricotar, 
apanhar um 
objecto) 
Habilidades 
em circuito 
Fechado: 
Com 
informação de 
retorno 
durante a 
execução da 
tarefa 
Tabela 2 – Resumo das Classificações unidimensionais das habilidades motoras 
 
 
Figura 5 – Esquema de um sistema aberto 
 
Figura 6 – Esquema de um sistema fechado 
 
 
 
 
CATEGORIZAÇÃO DE GENTILE 
Na categorização bidimensional de Gentile (Tabela 3) consideram-se duas 
características gerais para todas as habilidades, sendo a primeira o contexto ambiental 
no qual a pessoa realiza a tarefa e a segunda a função da ação que caracteriza a 
habilidade. No contexto ambiental existem duas categorias - condições reguladoras 
(estacionárias ou em movimento) e variabilidade intertentativas (sim e não). Já no 
contexto da função da ação identificam-se duas categorias – transporte corporal (sim e 
não) e manipulação do objeto (sim e não), resultando numa taxonomia de dezesseis 
categorias de habilidades. 
CATEGORIZAÇÕES MULTIDIMENSIONAIS 
As categorizações ou esquemas multidimensionais permitem a visualização do 
movimento em três ou mais dimensões. Neste caso uma habilidade de movimento pode 
ser observada sob o seu aspecto muscular (grosso/fino), temporal (discreto, em série ou 
contínuo), do ambiente (aberto e fechado), funcional (estabilidade, de locomoção ou 
manipulação) e relacionado com as fases de aprendizagem (cognitivo, associativo e 
autónomo). 
De acordo com uma análise de três ou mais dimensões de habilidades motoras é 
possível agrupar tipos de movimentos e categorizá-los de forma a que seja possível 
hierarquizar as limitações motoras apresentadas pelos nosso utentes. 
 
Função da ação 
 
 
 
 
 
Contexto 
ambiental 
Transporte do 
corpo: Não 
 
Manipulação de 
objetos: Não 
Transporte do 
corpo: Não 
 
Manipulação de 
objetos: Sim 
Transporte do 
corpo: Sim 
 
Manipulação de 
objetos: Não 
Transporte do 
corpo: Sim 
 
Manipulação de 
objetos: Sim 
Condições 
reguladoras: 
Estacionárias 
 
Variabilidade 
intertentativa: 
Não 
1 2 3 4 
Condições 
reguladoras: 
Estacionárias 
 
Variabilidade 
5 6 7 8 
intertentativa: Sim 
Condições 
reguladoras: Em 
movimento 
 
Variabilidade 
intertentativa: 
Não 
9 10 11 12 
Condições 
reguladoras: Em 
movimento 
 
Variabilidade 
intertentativa: Sim 
13 14 15 16 
Tabela 3 – Tabela da taxonomia de Gentile 
 
RELAÇÃO VELOCIDADE-PRECISÃO 
Um princípio muito bem conhecido e fundamental do controlo motor é a relação 
inversa entre velocidade e precisão durante a execução de um movimento. Esse 
princípio foi descrito por Paul Fitts através de uma equação matemática e foi verificado 
que o aumento da exigência de precisão leva o indivíduo a processar mais feedback para 
correções e, com isso, a aumentar o tempo de movimento (TM). A lei de Fitts foi 
testada para o controle do movimento com a mão preferencial e não-preferencial, 
mostrando que o aumento do índice de dificuldade acarreta um tempo de movimento 
mais longo e isso é mais acentuado na mão não-preferencial. 
A explicação que tem sido dada para a Lei de Fitts é que o aumento do índice de 
dificuldade, particularmente pela diminuição da largura do alvo, gera uma maior 
exigência de processamento de feedback em função da maior restrição espacial 
colocada pela tarefa, fazendo com que o tempo de movimento seja aumentado como 
consequência do maior número de ajustes necessários para obtenção de sucesso. 
Em condições de menor precisão, caracterizadas por alvos relativamente 
grandes, os movimentos podem ser feitos mais rapidamente sem prejuízo para o 
desempenho. Para alvos pequenos, a velocidade de movimento deve ser reduzida a fim 
de se maximizar a precisão da resposta e atingir o alvo espacial desejado. 
 
 
 
OBJETO A MANUSEAR 
Existe uma inteligência corporal nos seres humanos que abrange o controle dos 
movimentos do corpo e a capacidade de manusear objetos com habilidade. Com fins 
funcionais ou expressivos, à habilidade do uso do corpo existe integrada a habilidade de 
manipulação de objetos. 
O conhecimento de alguém sobre seu próprio corpo é uma necessidade absoluta. 
Deve haver sempre o conhecimento de que se está agindo com o próprio corpo, que tem 
que se começar o movimento com o corpo, que tem que se usar determinada parte do 
corpo. Este plano também deve incluir o objetivo de cada ação, pois há sempre um 
objeto em direção a qual a ação é dirigida. Tal objetivo pode ser o próprio corpo, ou um 
objeto do mundo externo. 
Para efetuar uma ação, deve-se saber alguma coisa sobre a qualidade do objeto 
com o qual se intenciona agir. Apesar de não muito clara, isto pressupõe a imagem do 
membro ou do corpo com a qual se realiza o movimento. O conhecimento meramente 
intelectual é insuficiente. Tanto a percepção visual quanto a imagem visual seriam 
necessária para o início de um movimento, contudo, mesmo com pessoas sem imagens 
visuais, em um sentido restrito, são ainda capazes de realizar um movimento com os 
olhos fechados. 
As propriedades do objeto, classificadas de acordo com suas características 
visuais, podem ser divididas em: i) propriedades intrínsecas, referentes aos seus 
atributos físicos, como tamanho, forma, textura e peso; e ii) propriedades extrínsecas, 
referentes às condições presentes na relação objeto-sujeito, tais como a distância, a 
localização e a orientação As propriedades intrínsecas podem afetar a orientação da mão 
e a abertura dos dedos (ajustes distais) frente ao objeto, enquanto as propriedades 
extrínsecas podem influenciar a trajetória de braço e mão (ajustes proximais) em direção 
ao objeto.
Mais especificamente para o alcance manual, se o objeto está localizado a 
uma distância adequada em relação ao comprimento do braço, ele pode ser percebido 
como alcançável; se o tamanho do objeto é adequado ao tamanho da mão, ele pode ser 
considerado como pegável; e se o objeto apresenta dimensões relativamente maiores do 
que a mão, ele pode ser percebido como carregável. 
 
 
O contexto (WHERE?) 
Desde os primeiros momentos de vida o ser humano interage com o ambiente 
através do movimento. Do movimento depende a sua sobrevivência. Dos padrões 
reflexos aos movimentos altamente especializados, da concepção até a morte, o 
indivíduo manifesta-se através de sua motricidade. 
A evolução biológica e a exploração do meio/contextopermitem que o indivíduo 
desenvolva, ao longo do seu desenvolvimento, habilidades motoras progressivamente 
mais complexas. Esta interação proporciona um ciclo de experiência-aprendizagem nos 
diversos aspectos do desenvolvimento humano. O resultado deste processo pode ser 
positivo ou negativo, de acordo com a qualidade dos estímulos ou das práticas 
proporcionadas ao indivíduo. 
As tarefas são executadas numa ampla variedade de ambientes. Assim além da 
tarefa, o movimento também é restringido pelas características do ambiente. Os 
atributos do ambiente que afetam o movimento foram divididos em modeladores e não-
modeladores. As características modeladoras ou reguladoras especificam aspectos do 
ambiente que condicionam o movimento propriamente dito, devem obedecer ao 
ambiente, para cumprir o objetivo estipulado. Por exemplo, o tamanho, o formato e o 
peso de um copo que é agarrado ou o tipo de superfície sobre o qual caminhamos. As 
características não-modeladoras podem afetar o desempenho, mas o movimento não tem 
que lhes obedecer. Por exemplo, ruídos de fundo ou distrações.

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