Buscar

3ª PROVA DE HIGIENE E SAÚDE PÚBLICA Respostas

Prévia do material em texto

3ª PROVA DE HIGIENE E SAÚDE PÚBLICA
Aluna: -				Data: 29/05/2019
1) Segundo Foucault, o que é Salubridade e como se liga à Química?
Para Foucault (2003, p. 93), “salubridade não é a mesma coisa que saúde, e sim o estado das coisas, do meio e seus elementos constitutivos, que permitem a melhor saúde possível. Salubridade é a base material e social capaz de assegurar a melhor saúde possível dos indivíduos. E é correlativamente a ela que aparece a noção de higiene pública, técnica de controle e de modificação dos elementos materiais do meio que são suscetíveis de favorecer ou, ao contrário, prejudicar a saúde. Salubridade e insalubridade são o estado das coisas e do meio enquanto afetam a saúde; a higiene pública – no séc. XIX, a noção essencial da medicina social francesa – é o controle político-científico deste meio”. E foi pela higiene pública que a medicina entrou em contato com outros saberes, como a química, se apropriando do modelo químico de análise. Desta forma, se partia do elemento determinante da patologia e se estudava suas relações sintomáticas responsáveis pelo desenvolvimento da doença. O sintoma cuja relevância e constância mostrava-se mais recorrente, seria o núcleo catalizador através do qual a patologia se desenvolveria. Segundo Focault, no início do século XIX um novo modelo se impôs, “o da operação química, que isolando os elementos componentes, permite definir a composição, estabelecer pontos comuns, as semelhanças e as diferenças com os outros conjuntos, e fundar assim uma classificação que não se baseia mais em tipos específicos, mas sim em formas de relações” (FOUCAULT, 2000, p. 120).
2) Quais as patologias que o modelo da Medicina de Estado visava a combater prioritariamente?
A medicina de Estado que surge e se desenvolve na Alemanha no começo do século XVIII tem por característica uma preocupação efetivamente centrada na melhoria do nível de saúde da população. Esse conjunto de práticas não tem por objetivo a formação de uma força de trabalho que corresponda às necessidades das indústrias. Pelo contrário, o corpo que é destinatário dessas práticas é o corpo dos indivíduos que constituem globalmente o Estado (a população). Em síntese, a medicina de Estado alemã preconiza a saúde do corpo – e da força – do Estado em seus conflitos (econômicos, políticos, etc.) com seus vizinhos. A medicina deve ocupar-se, nesse modelo, do aperfeiçoamento e desenvolvimento dessa força, portanto (WERMUTH, 2017).
3) O que era a Polícia Médica?
A polícia médica do Estado, era um programa iniciado no final do século XVIII na Alemanha, que tinha como basicamente como finalidade controlar os fenômenos de saúde em nível estatal; normalizar a formação dos médicos, e inseri-los no grande aparelho do Estado, como funcionários administrativos. Esse programa consistia nos seguintes pontos: registrar os diferentes fenômenos epidêmicos ou endêmicos, obtendo os dados através da observação da morbidade, pela contabilidade solicitada aos hospitais e aos médicos que exercem a medicina nas diferentes regiões da Alemanha; normalizar o ensino através de um controle pelo Estado dos programas de ensino e da atribuição dos diplomas; criação de um departamento especializado para coletar informações transmitidas pelos médicos, e para controlar a atividade dos profissionais da saúde junto à população; e, finalmente, a criação de um corpo de funcionários médicos competentes, nomeados pelo governo, para interferir diretamente com o seu conhecimento e sua autoridade sobre uma determinada região Logo, a medicina do Estado é caracterizada pela estatização e coletivização do saber médico. (FOUCAULT, 1984). 
4) Ainda segundo Foucault, qual o modelo para a reorganização dos hospitais no século XVIII?
Nesse século, pela primeira vez a medicina adquiriu força suficiente para conseguir que certos doentes saíssem do hospital. Até a metade do século XVIII, ninguém saía do hospital. Ingressava-se nele para morrer. A técnica médica do século XVIII não permitia que o indivíduo hospitalizado abandonasse a instituição com vida. O hospital era um claustro para morrer, um verdadeiro “morredouro”. Entretanto, nessa época houve processo indispensável à higienização das cidades é a medicalização do hospital no século XVIII. Houve uma transformação dessa instituição, antes voltada à assistência aos pobres, para uma instituição voltada à cura. O ambiente hospitalar, que até então era um lugar para isolar a pobreza e para se morrer, torna-se uma máquina de cura, dentro da qual os procedimentos médicos se impõem. Essa transformação está inserida em uma política de saúde do século XVIII, que Foucault denominou nosopolítica, e que se refere a uma política social que tem a saúde como um ideal e uma responsabilidade de todos (FOUCAULT, 1984).
5) Quais as três grandes críticas feitas aos estudos da vacina contra o HPV?
Os autores citados criticaram duramente muitas questões: todos os testes incluídos na revisão foram patrocinados pela indústria; os estudos usaram desfechos substitutos compostos para câncer cervical; e nenhum dos ensaios utilizou placebo como comparador (eles usaram comparadores ativos, que "provavelmente aumentaram a ocorrência de danos nos grupos de comparação e, assim, mascararam danos causados pela vacina contra o HPV", comentam). Além disso, a revisão "avaliou de forma incompleta os eventos adversos graves e sistêmicos" e "não avaliou os sinais de segurança relacionados à vacina”.
6) Quais as críticas feitas à própria Cochrane como instituição na condução de seus estudos?
De acordo com Gøtzsche, “nos últimos anos, a Cochrane mudou significativamente mais para um negócio - uma abordagem orientada para o lucro”. Ainda que a Cochrane seja uma instituição sem fins lucrativos, as estratégias de “marca” e “produto” passaram a ter prioridade sobre obter resultados científicos independentes, éticos e socialmente responsáveis. Ou seja, a instituição estaria priorizando a “promoção da marca” e seus “interesses comerciais”, em detrimento da transparência e oferecimento de “evidências confiáveis”. Gøtzsche relata ter sido confrontado com tentativas de censura científica, em vez de promover um debate científico aberto e pluralista sobre os méritos das revisões concretas da Cochrane sobre os benefícios e danos das intervenções de saúde. Desta forma, a validade dos estudos acerca da vacina contra o HPV conduzidos pela Cochrane são questionados, sendo acusados de serem incompletos e ignorem a evidência importante de viés. Segundo o artigo de Jørgensen, Gøtzsche e Jefferson: a revisão da vacina contra o papilomavírus humano (HPV), publicada pela Cochrane perdeu quase a metade dos testes elegíveis; a revisão foi influenciada por viés de relatório e desenhos de julgamento tendenciosos; além disso autores de revisões da Cochrane devem fazer todos os esforços para identificar todos os ensaios e suas limitações. Novamente é citado o problema da ausência do comparador de placebo nos estudos incluídos na revisão entre outros pontos falhos.
7) Qual o problema do adjuvante da vacina contra o HPV?
Todos os ensaios incluídos na revisão Cochrane usaram comparadores ativos: adjuvantes (hidróxido de alumínio (Al [OH] 3) ou sulfato de hidroxifosfato de alumínio amorfo [AAHS]) ou vacinas contra hepatite. Entretanto, os adjuvantes não são regulados separadamente de seus antígenos vacinais. De acordo com a FDA, os adjuvantes são comparadores não confiáveis. Um fabricante de vacinas contra o HPV (GlaxoSmithKline que produz o Cervarix) afirma que seu comparador à base de alumínio induz danos: “incidências maiores de mialgia podem ser atribuídas ao maior conteúdo de alumínio na vacina contra o HPV (450 μg Al [OH] 3) do que o teor de alumínio na vacina contra o HAV [hepatite A] (225 μg Al [OH] 3)”. Dessa forma, o uso de comparadores ativos, erroneamente descritos como placebos, compromete a comparação correta dos riscos de efeitos adversos causados pela vacina pelo uso de diferentes produtos (adjuvantes e vacinas contra hepatite) administrados aos participantesdo grupo de controle. Destaca-se que muitas mulheres foram excluídas dos estudos se tivessem recebido os adjuvantes antes ou tivessem uma história de distúrbios imunológicos ou do sistema nervoso, pois teriam maior risco de reagir ao adjuvante, logo, esses critérios de exclusão diminuíram a validade externa dos estudos e sugerem que os fabricantes de vacinas estavam preocupados com os danos causados ​​pelos adjuvantes.
8) Quais as patologias que se acreditam serem provocadas pela vacina contra o HPV?
Houveram casos documentados na literatura médica de duas síndromes - síndrome de dor regional complexa (CRPS) e síndrome de taquicardia ortostática postural (POTS) - após a vacinação, a CRPS é uma síndrome de dor crônica que afeta um membro, enquanto a POTS é uma condição em que a frequência cardíaca aumenta de forma anormal ao sentar ou levantar, juntamente com sintomas como tontura, desmaios e fraqueza, além de dor de cabeça, dores e náuseas e fadiga. Entretanto, uma revisão aguardada da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) concluiu que a "evidência não suporta que as vacinas causem CRPS ou POTS".
9) Qual a principal crítica que é feita à vacina contra o HPV e o que o autor propõe como melhor forma de prevenção?
O autor questiona qual o real diferencial da vacina contra o HPV e qual a sua real contribuição em relação à prevenção do câncer cervical, em comparação à prevenção promovida pelos exames de Papanicolau, discutindo se ele seria capaz de substituir este método, que apresenta algumas desvantagens, por ser dispendioso e relativamente caro, e apesar do desenvolvimento da vacina, ainda se faz necessário regularmente. O autor afirma que tais questões deveriam ter sido avaliadas em ensaios clínicos antes que a vacina fosse amplamente adotada. Desta forma, devido a falta de evidências que comprovem a real eficácia da vacina, o autor indica que a melhor forma de prevenção, ainda seria o exame regular e não a vacina.
10) Quais os problemas levantados pelas revisões incompletas e falta de dados acerca do resultado das vacinas, segundo o autor?
Há muitos pontos ainda não elucidados sobre a vacina, que não foram avaliados em ensaios clínicos antes da vacina ser amplamente adotada, além disso, não se sabe qual o tempo de proteção que ela confere e como relatado no primeiro texto, a vacina também não previne contra outros tipos de HPV causadores de câncer, então faltam dados sobre o possível efeito dessa cobertura específica sobre a incidência dos outros tipos de câncer. Ainda há o problema da falta de evidências consistentes sobre a eficácia e segurança da vacina, demonstrando problemas na regulação de novas drogas, como destacado pelo autor “they need to show they are effective, not that they are useful”. Isso pode gerar um problema de estarmos utilizando e gastando recursos com uma vacina que não é realmente útil, e até deixando de utilizar um método mais eficaz, como o Papanicolau.
Referências
FOUCAULT, M. O nascimento da medicina social. In: Machado, R. (org.). Microfísica do poder. São Paulo: Graal; 1984. p. 79-98.
_____. Naissance de la clinique. Paris: PUF, 2000. 
_____. O nascimento da medicina social. In. FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 18. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2003, p. 79-98.
WERMUTH, M. A. D. O conceito de biopolítica em Michel Foucault: notas sobre um canteiro arqueológico inacabado. 2017. Disponível em: <https://emporiododireito.com.br/leitura/o-conceito-de-biopolitica-em-michel-foucault-notas-sobre-um-canteiro-arqueologico-inacabado>. Acesso em: 29 mai. 2019.

Continue navegando