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TCC SERVIÇO SOCIAL NOTA 9,5

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UNIVERSIDADE PAULISTA
SERVIÇO SOCIAL
A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA MULHER E A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL
 – RA: 1403690
ARACRUZ-ES
2018
NOME
A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA MULHER E A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL
Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de bacharel em Serviços Sociais, apresentado à Universidade Paulista – UNIP.
Orientador: 
ARACRUZ-ES
2018
FICHA CATALOGRÁFICA
SOBRENOME
 A Violência Psicológica contra a Mulher e a Atuação do Assistente Social 
/ 
Jamile Santos Dias
 – 20
18
. 
43 
f.: il. Color.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de 
Serviços Sociais
 da Univ
ersidade Paulista, Aracruz, 2018
.
Orientador: 
1. 
Aspectos históricos da violência contra mulher
.
 2. Políticas públicas para o atendimento da mulher vítima de violência doméstica. 3. A atuação do assistente social na problemática da violência contra a mulher. 
I.
 Dias, Jamile Santos
. II.
 
(orientador).
 Fonte: Guia de Normatização para apresentação de trabalhos acadêmicos da Universidade Paulista: ABNT. 2018.) 
NOME
“A VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA MULHER E A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL”
Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de Graduação em Serviços Sociais apresentado à Universidade Paulista – UNIP.
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________/__/__
____________________________________________________________/__/__
____________________________________________________________/__/__
RESUMO
	O presente trabalho tem como tema a violência psicológica enfrentada pelas mulheres e a atuação do assistente social. O objetivo geral visa demonstrar a compreensão e a percepção da violência psicológica contra a mulher, evidenciando a atuação do profissional de assistência social frente a essa problemática de violência que muitas mulheres sofrem. O assistente social age como intermediador na política pública de proteção às mulheres que sofrem violência doméstica, logo, não é papel deste profissional apressurar esse processo ou até mesmo influenciar nas decisões das pessoas, nem acusar as mulheres por permanecerem na relação de violência, mas sim, construir uma efetiva rede de atendimento interdisciplinar, podendo assim, ampará-las de fato. A presente pesquisa é de caráter bibliográfico, assim, foram realizadas leituras e análises de artigos, monografias, revistas, sites eletrônicos e jornais que abordam esse tema; e, aplicando os conhecimentos prévios associados à pesquisa bibliográfica, caracterizou- se o tema abordado neste projeto visando definir principalmente a atuação do assistente social frente a essa situação de violência contra as mulheres. Logo, a prática da contribuição desse profissional para a conscientização e prevenção, é de extrema importância, associados a políticas sociais, visando à adoção de medidas preventivas, protetivas e de assistência às mulheres vítimas de violência. 
Palavras-chave: violência; efetividade; políticas públicas.
ABSTRACT
	The present work has as its theme the psychological violence faced by women and the work of the social worker. The general objective is to demonstrate the understanding and perception of psychological violence against women, showing the role of social workers in dealing with this problem of violence that many women suffer. The social worker acts as an intermediary in the public policy to protect women who suffer domestic violence, so it is not the role of this professional to hasten this process or even influence the decisions of the people, nor to accuse women of remaining in the relationship of violence, but , to build an effective network of interdisciplinary care, and thus, to support them in fact. The present research is of a bibliographic character, thus, readings and analyzes of articles, monographs, reviews, electronic websites and newspapers that deal with this topic were carried out; and applying the previous knowledge associated with bibliographic research, the theme addressed in this project was characterized in order to define mainly the social worker's role in facing this situation of violence against women. Therefore, the practice of the contribution of this professional to the awareness and prevention, is of extreme importance, associated with social policies, aiming at the adoption of preventive, protective measures and assistance to women victims of violence.
Keywords: violence; effectiveness; public policy.
Sumário
Introdução...........................................................................................................8
CAPÍTULO I ASPECTOS HISTÓRICOSDA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER..................................................................................................................10
Aspectos filosóficos, políticos e econômicos......................................................10
Lei Maria da Penha.............................................................................................13
1.3 A atenção da violência sofrida pela mulher........................................................16
CAPÍTULO II POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ATENDIMENTO DA MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA....................................................................20
2.1 Políticas Públicas que asseguram as mulheres vítimas de violência................22
CAPÍTULO III A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA PROBLEMÁTICA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER........................................................................30
3.1 A relevância da profissão do Assistente Social no combate à violência contra a mulher.....................................................................................................................32
3.2 Os desafios para o desempenho profissional do Assistente Social em relação à violência...................................................................................................................34
3.3 Consciencialização para a prevenção...............................................................36
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................41
 INTRODUÇÃO
Desde a pré-história até os dias atuais a violência doméstica existe. Gradativamente a mulher vem buscando seu espaço e sua liberdade de expressão. Atualmente a mesma ocupa numerosos setores da sociedade, lutando sempre pela igualdade social e contra a violência doméstica.
A liberdade de expressão entre homens e mulheres é favorável para a construção de uma ponderação nos elementos que traz a igualdade, sendo de extrema importância para extinguir a violência contra a mulher. No entanto, estaremos libertos e aptos para dar fim a esse tipo de violência que tanto vitimiza as mulheres.
A situação de violência contra a mulher na sociedade moderna tem chamado à atenção da sociedade, pois busca-se entender o motivo pelo qual as mulheres que estão sofrendo violência intrafamiliar não denunciam seu agressor. E quando buscam, enfrentam uma infinidade de dificuldades para comprovação da violência sofrida, pelo fato de algumas não deixarem marcas visivelmente, como a agressão, humilhação psicológica. 
O objetivo geral do presente trabalho é demonstrar o entendimento e compreensão da violência doméstica contra as mulheres e enfatizar a relevância, seriedade do serviço social na execução das políticas públicas de atendimento à mulher vítima de violência doméstica, na intenção de ajudá-las a conquistar a sua autonomia e cidadania.
A pesquisa do trabalho é de caráter bibliográfico, e de acordo com FONSECA (2002), é desenvolvida utilizando-se de material já elaborado, como os livros e artigos científicos.
A pesquisa bibliográficaé feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32).
A revisão bibliográfica é uma análise crítica, detalhista e extensa das publicações vigentes em uma estipulada área de conhecimento. Contudo, utilizando um texto já publicado, é possível, portanto, aprofundar os próprios conhecimentos, explicando, discutindo o tema pesquisado com sustentação em referências teóricas já publicadas.
Aplicando- se os conhecimentos prévios associados à pesquisa bibliográfica, caracterizou- se o tema abordado neste projeto visando definir principalmente a atuação do assistente social frente a essa situação de violência contra as mulheres.
Esta temática foi fundamentada em livros, revistas, sites eletrônicos, artigos e monografias, caracterizando-se assim em uma pesquisa bibliográfica descritiva. E Está estruturada em três capítulos, conforme os objetivos propostos. No primeiro capítulo estarei apresentando os aspectos históricos da violência. No segundo capítulo discutirei as políticas públicas para os atendimentos da mulher vítima de violência doméstica. No terceiro, e ultimo capítulo abordarei a atuação do assistente social frente a essa situação de violência contra as mulheres, os desafios para este profissional.
A iniciativa da elaboração deste tema deu-se pela imprescindibilidade de conscientização de toda a sociedade, de assegurá-los que o assistente social está preparado para auxiliá-las, ampará-las de forma efetiva e interdisciplinar, para que se tenha a decorrência de transformar esses preconceitos enraizados historicamente na ideologia patriarcal mantida por estereótipos. As considerações finais efetivaram propostas do trabalho profissional do assistente social, com a intenção de contribuir para o processo de prevenção e conscientização da sociedade sobre a violência sofrida pela mulher.
CAPÍTULO I – ASPECTOS HISTÓRICOS DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
1.1 Aspectos filosóficos, políticos e econômicos
Desde o século XVI, os papeis eram rigidamente estabelecidos. O poder patriarcal determinou como propriedade comum, a contenção do espaço da mulher e o poder atuado sobre ela por seu marido. A mulher estava delimitada naquela época, ao poder masculino.
Percebe-se então, que desde há muito tempo a mulher já sofria a forte pressão, pois quando casava, a obediência era transferida do pai para o marido, que assumia seu papel de senhor, sendo superior, podendo então punir suas esposas caso o contrariassem. 
As mulheres tinham suas liberdades limitadas. De acordo com LEAL (2004), o espaço feminino delineava-se à missa, onde era o único local em que poderiam desfazer minimamente de sua prisão, cativeiro. A mulher não podia andar pelas ruas, só ficar dentro de casa; a rua era local onde só homens e prostitutas, mulheres que poderiam caminhar sem restrições, frequentavam.
Evidencia-se assim, que os homens eram a figura viril, que sempre tinham a razão, e pelo fato dos mesmos cometerem adultério, eram facilmente aceitáveis socialmente, enquanto as mulheres representavam uma personalidade mais recatada, singela, íntegra, ingênua, e se caso cometesse adultério, era severamente punida, pois jamais a mulher poderia ter atitudes semelhantes ao do homem. 
No século XIX criou-se um estereótipo de mulher ideal a ser seguido, sendo frágil, discreta, pura e virgem; quando mais velhas, deveria ser maternal e ter um corpo que serviam para os interesses do homem. Desde a infância as meninas deveriam se comportar de forma sensível e frágil, brincava apenas de boneca e apreciavam os afazeres domésticos de suas mães. Já os homens, deveriam brincar de maneira rude, não podiam chorar, tinham que ser corajosos e orgulhosos por serem homens.
O casamento era o nível mais alto da vida das mulheres da época. O mesmo não era visto como um ato de amor, mas sim como uma missão dada às mulheres para que alcançassem o seu objetivo de vida. Suas roupas deveriam cobrir o máximo possível do corpo, cultura essa que era vinculada a cultura europeia, onde apenas os maridos poderiam ver seus corpos descobertos, demonstrando assim, que seus corpos eram propriedades e usados apenas para fins sexuais.
A família é nosso primeiro elo social, e podemos notar essa desigualdade entre homens e mulheres, onde as tarefas do lar são ensinadas somente às mulheres e cabe aos homens a manutenção da família. Dentro da nossa sociedade também existe essa divisão, onde somos influenciados pela cultura: as tradições, os costumes e religiões, estimulando assim papeis e funções dentro da sociedade em que estamos inseridos.
Nascemos macho e fêmea no sentido biológico, identificamo-nos masculino e feminino no psicológico e nos tornamos homem e mulher no social [...] ele precisa de figuras afetivas que cuidem dele. Ao longo do desenvolvimento da autonomia, a sensação de desamparo diminui graças aos vínculos amorosos e transparência das mensagens [...] os pais dizem aos meninos: “faça um gol no futebol (ou tire 10 no boletim) que eu vou amar você”. A tradução da frase é: amo você desde que faça o que for importante pra mim [...] As meninas ouvem dos pais: “fique bonitinha e limpinha, seja meiga, e boazinha que assim você conseguirá o que quer”. Em outras palavras, ensinam a menina a ser submissa e desenvolver atitudes para seduzir o outro e alcançar seus objetivos. (MONTGOMERY, 1997, p.65-66)
Contudo, desde a pré-história até atualmente, em nossa sociedade contemporânea, as mulheres gradativamente eliminam a submissão e passam a conquistar seus direitos. De modo respectivo, esses direitos foram conquistados através dos movimentos feministas, como explica Santos, Jacob, Santiago(2008):
1827 – Primeira legislação relativa à educação de mulheres. Admitia meninas apenas para as escolas elementares.
1879 – As mulheres foram admitidas nas Instituições de Ensino Superior.
1928 – Foi eleita a primeira prefeita da História do Brasil: ALZIRA SORIANO DE SOUZA, no município de Lages, no Rio Grande do Norte.
1932 – O código eleitoral provisório assegurou que as mulheres, solteiras ou viúvas, com renda própria, e ainda as casadas, com autorização expressa do marido, tivessem direito ao voto.
1934 – A Constituição Brasileira assegurou: Direito ao Voto Feminino; Princípio de igualdade entre os sexos; Regulamentação do trabalho feminino; Equiparação salarial entre homens e mulheres.
1937 – O Estado Novo criou o Decreto 3.199, que normalizava a prática esportiva feminina. (Proibia às mulheres os esportes que considerava incompatíveis com as condições femininas, tais como: “luta de qualquer natureza, futebol de salão, futebol de praia, pólo, pólo aquático. Halterofilismo e beisebol”. O Decreto só seria regulamentado em 1965).
1951 – Aprovação da Convenção de Igualdade de Remuneração entre trabalho masculino e trabalho feminino para função igual – Organização Internacional do Trabalho.
1962 – Lei 4.121. Revoga o artigo do Estatuto da Mulher Casada, que considera as mulheres casadas relativamente incapazes.
1977 – É aprovada a Lei do Divórcio.
1985 – Criação do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.
1988 – Constituição Federal: é assegurada a garantia de igualdade a todas (os) as (os) brasileiras (os), perante a lei, sem distinção de natureza, assegurado que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”. Direito à Licença Maternidade- Garantia de afastamento de cento e vinte dias da gestante, com garantia de seu emprego e do salário inserida entre os Direitos fundamentais (art. 1º, XVIII, da CF).
1997 – O CongressoNacional incluiu o sistema de cotas, na Legislação Eleitoral, obrigando os partidos políticos a inscreverem, no mínimo, 30% de mulheres em suas candidaturas de cada sexo.
2001 – Lei 10.224 – Introduziu no Código Penal, em seu art. 216-A, o crime de Assédio Sexual, com pena de detenção de 1 (um) a 2 (dois) anos.
2002 – Aprovação do Novo Código Civil, que garante que a mulher casada passa a ter os mesmos direitos do marido no mundo civil. Art. 1.565: “o homem e a mulher pelo casamento, assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família”; Art. 1.567: “a direção da sociedade conjugal cabe ao marido e a mulher, que a exercerão sempre no interesse do casal e dos filhos. No caso de divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz”.
2006 – Lei 11.340 – Aprovação da Lei Maria da Penha – Lei de Violência Doméstica e Intra-familiar contra a mulher. (SANTOS, JACOB, SANTIAGO, 2007, p. 18)
Diante dessa sequência de conquistas dos movimentos feministas, as mulheres começaram a garantir seus direitos, ganhando espaço na sociedade, em especial, a indústria, deixando de lado a submissão. Graças a esses movimentos, as mulheres conquistaram seu direito de ser livre, de ter sua própria autonomia, e a implantação de políticas públicas. Cabe ressaltar que a Constituição Federal de 1988 é um grande marco histórico em relação aos direitos da mulher, onde foram reconhecidas como cidadã, e igual aos homens perante a lei, sem discriminação e preconceitos.
1.2 Lei Maria da Penha
A Lei Maria da Penha originou-se pela história da biofarmacêutica chamada Maria da Penha Maia Fernandes, que foi vítima de violência doméstica pelo seu marido durante muitos anos.
O seu marido Marco Antônio Heredia Viverosera professor universitário, e atentou contra a vida dela no ano de 1983, disparando com uma arma de fogo em sua direção enquanto dormia, deixando-a paraplégica. Após esse fato, ele tentou matá-la novamente, tentando eletrocutá-la durante o banho. Maria da Penha sobreviveu a estas duas tentativas de homicídio, e seu marido ficou impune durante todo o tempo que ficou casado com ela.
Maria da Penha sofreu muitas agressões, humilhações, intimidações, e sofria sem nenhum tipo de reação, por medo de seu marido se vingar em suas filhas. Contudo, ela decidiu fazer a denúncia. Marco Antônio foi condenado por dupla tentativa de homicídio, mas ficou preso por apenas 3 anos, devido aos recursos recorridos no tribunal. Inconformada com a decisão dos tribunais, Maria da Penha então resolve escrever sua história, fazendo então um livro cujo nome é Sobrevivi... posso contar (1994), onde relata as agressões que sofreu cruelmente, dolorosamente pelo seu marido. 
Figura 01: Livro Sobrevivi... posso contar
Fonte:https://images.livrariasaraiva.com.br/imagemnet/imagem.pro_id=3065914&qld=90&l=430&a=-1
Diante desta publicação, ela solicita o CEJIL- Brasil (Centro para a Justiça e o Direito Internacional) e o CLADEM- Brasil (Comitê Latino-Americano do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher) para que juntos encaminhassem o caso para a OEA (Organização dos Estados Americanos) uma petição contra o Estado brasileiro, pela impunidade em relação à violência doméstica por ela sofrida.  
Somente depois da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, através do informe nº 54, o Estado brasileiro foi responsabilizado por negligência, omissão e tolerância em relação à violência doméstica contra as mulheres. 
A partir desse momento, o país iniciou uma jornada para a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres e para prevenir, punir e erradicar a violência. A Lei n.º 10.886, de 2004, agregou a tipificação da lesão corporal leve, derivada de violência doméstica, acrescendo a pena mínima de detenção. (GERHARD, 2014, p.72).
Logo, a Secretaria Especial de Políticas para as mulheres do Governo Federal, conduziu para o Congresso Nacional a proposta da criação de uma lei que assegurava a mulher contra violência. Contudo, no dia 07 de Agosto de 2006, o Presidente Luís Inácio Lula da Silva, juntamente com Maria da Penha Maia Fernandes, e algumas autoridades, em uma cerimônia no Palácio do Planalto, promulgou a Lei 11.340/2006, denominada como a Lei Maria da Penha.
	Segundo Barsted (2007): 
É de grande importância conhecer o processo de elaboração dessa Lei, fruto de um processo democrático e que, por isso mesmo, deve ser analisada com um caso exemplar bem-sucedido de articulação política entre a sociedade civil/movimento de mulheres e os Poderes constituídos – Executivo e legislativo (BASTERD, 2007, p. 131).
Desde então, Maria da Penha começou a atuar em movimentos sociais contra a violência doméstica, e atualmente é coordenadora de observação, estudos e publicações da APAVV (Associação de Parentes, e Amigos de Vítimas de Violência) no Ceará. 
Após a criação da Lei Maria da Penha (11.340/2009), a violência contra mulher vem sendo falada com mais frequência nas mídias, as mulheres vítimas passaram a denunciar mais os casos de violência. No entanto, infelizmente, muitas ainda não têm essa confiança de denunciar, por achar que não irá levar a nada e vivem sofrendo caladas, pois desacreditam na lei. 
Logo, a mulher é privada de sofrer violências domésticas, tanto afetivas, como familiar, tendo assistência e sendo assegurada do direito de sua integridade física, psíquica, sexual, moral e patrimonial, e, principalmente, sua dignidade. A Lei Maria da Penha tem como objetivo combater a violência cometida dentro do âmbito doméstico, familiar e afetivo da mulher, preocupando-se com sua proteção diante dos homens que praticam a violência e até mesmo filho, filha, mãe, pai, genro, cunhado, namorado, ex-marido etc. Ela traz também medidas protetivas de urgência de caráter penal, que estão previstas no artigo 22, incisos I, II e III da Lei 11.340/2006. Como Bianchini e Gomes (2013) mencionam:
As medidas projetivas permitiram não só alargar o espectro de proteção da mulher, aumentando o sistema de prevenção e combate à violência, como também dar ao magistrado uma margem de atuação para que possa decidir por uma ou outra medida projetiva, de acordo com a necessidade exigida pela situação. Aliás, é dado ao magistrado utilizar-se de dispositivos de várias áreas do direito, já que a lei contempla (na parte que trata das medidas projetivas) instrumentos de caráter civil, trabalhista, previdenciários, administrativo, penal e processual. (BIANCHINI E GOMES 2013, p. 164/165).
	A vítima de violência leva um risco muito grande caso essas medidas forem descumpridas. Portanto, no artigo 10 da Lei Maria da Penha, permite que na hipótese da iminência ou da prática da violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial tome conhecimento e imediatamente tome as providências legais cabíveis.
 A atenção da violência sofrida pela mulher
As medidas protetivas de urgência poderão ser aplicadas imediatamente ao agressor pelo júri, sendo elas: suspensão da posse ou restrição do porte de arma, onde o agressor é impedido de utilizar arma de fogo; afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida, onde o agressor é afastado, favorecendo a segurança para a mulher vítima da agressão; proibição de determinadas condutas, onde o agressor não pode se aproximar da vítima, de sua família e das testemunhas, não podendo ter contato por qualquer meio de comunicação, e frequentar determinados locais, a fim de preservar a integridade física e psicológica da vítima; restrição de visitas aos pendentes, crianças ou adolescentes; e, a prestação de alimentos, se a mesma for dependente economicamente do marido.
Assim, essas medidas protetivas visam sanar a violência contra mulher, enquanto o agressor está sendo investigado, impedindo que essas atitudes de violência desenvolvam. O descumprimento destas medidas protetivas acarreta em multas, mandado de busca e apreensão, entre outras, como é apresentado nos parágrafos 1, 2 e 3 do artigo 22º da Lei 11.340/2006(Lei Maria da Penha):
§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.
§ 2o  Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial. (BRASIL, 2006)
Ressalta-se ainda que essas medidas protetivas podem ser resolvidas pelo juiz, autoridade policial e Ministério Público, do mesmo modo que, encaminhando as vítimas e filhos (caso houver) para programas de assistência, como ressalta DIAS (2007):
Deter o agressor e garantir a segurança pessoal e patrimonial da vítima e sua prole está a cargo tanto da polícia como do juiz e do próprio Ministério Público. Todos precisam agir de modo imediato e eficiente. A Lei traz providências que não se limitam às medidas protetivas de urgência previstas nos artigos 22 a 24. Encontram-se espraiadas em toda Lei diversas medidas também voltada à proteção da vítima que cabem ser chamadas de protetivas. (DIAS, 2007, p. 79). 
Nessa explicação sobre a violência contra a mulher, dos aspetos históricos da violência e apresentação da história de Maria da Penha Maia Fernandes, que gerou a Lei Maria da Penha, essencialmente discorrerei a explicação da violência psicológica que a referida Lei apresenta.
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; (Art. 7º da Lei 11.340, Brasil, 2006)
Logo, vê-se que gera na mulher um abalo emocional tão extremo, a ponto da mesma querer tirar sua a própria vida. As consequências que essa violência traz, chega ser mais grave em comparação à violência física, pois percebe-se que ela não deixa uma marca, não deixa cicatrizes visíveis ao olho humano. Entretanto, esse tipo de violência fundamenta-se no impedimento da mulher exercer sua liberdade, e consequentemente, em sua relação com o seu agressor. Alguns exemplos de violências psicológicas: humilhações, intimidações, desvalorização, chantagem, manipulação, insultos constantes, ridicularização, isolamento de familiares e amigos, impedimento de trabalho, estudo, confinamento doméstico, críticas sexuais, entre outros.
As mulheres que sofrem esse tipo de violência ficam expostas a sintomas terríveis como: ansiedade, pânico, medo, depressão, entre outras, afetando assim a saúde psicológica. Embora seja uma violência mais frequente em que a mulher sofre, é uma das que são menos denunciadas.
A vítima muitas vezes nem se dá conta que agressões verbais, silêncios prolongados, tensões, manipulações de atos e desejos, são violência e devem ser denunciados. Para a configuração do dano psicológico não é necessária a elaboração de laudo técnico ou realização de perícia. (DIAS, 2007, p. 48).
Desse modo, esse tipo de violência causa problemas biológicos e sociais, o que nos mostra que atualmente, em nossa sociedade contemporânea, ainda existem homens que acreditam ter posse da mulher e que elas não têm direitos. 
Além da Lei Maria da Penha, que assegura a mulher vítima de violência, atualmente, em 2015, foi sancionada a lei nº 13.104, de 9 de março de 2015, no artigo 1:
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Aumento de pena
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima.” (Art. 1º da Lei 13.104, Brasil, 2015)
Onde o crime cujo fato da vítima ser mulher, é feminicídio, o que agrava a pena. O assassinato que ocorre sendo a vítima uma mulher, não é exclusivamente um feminicídio, porém, caso o mesmo seja justificado por esse motivo, assim o torna. Em muitos casos constata-se assim, pois caracteriza-se em mutilação e/ou ataques genitais. 
O crime acaba se agravando pois é um atentado direto a um gênero, o que, oficialmente, se torna um crime repugnante frente aos valores sociais, qualificando-se como um dos piores tipos de atentado, abominável. 
Os três tipos de agravantes que caracterizam o feminicídio são: mulheres gestantes; mulheres com menos de 14 anos e mais de 60 anos, ou que tenham algum tipo de deficiência e por último aquele que é realizado na frente de filhos e pais da vítima.
A justificativa dessa lei ocorreu pelo fato de 40% dos assassinatos das mulheres serem realizados dentro de suas casas, cometidos, muitas vezes, por seus companheiros ou ex-companheiros.
CAPÍTULO II POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ATENDIMENTO DA MULHER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
	Abordarei neste capítulo as Políticas Públicas criadas através da luta das mulheres que sofrem violência, informando-os da necessidade da criação destas políticas. Portanto, se faz necessário, uma retrospectiva sobre esse enorme enfrentamento das mulheres em nossa sociedade. 
	Inicialmente, um marco que foi referência destas conquistas, a Conferência Mundial do Ano Internacional da Mulher em 1972, ocasionando a Década da Mulher entre 1975 a 1985, estabelecendo aos governos da época a “promover a igualdade de homens e mulheres perante a lei, igualdade de acesso à educação, à formação profissional, além de igualdade e de condições no emprego, inclusive salário e assistência social” (ONU, 2011, p. 11).
	Nesta mesma década, foi aprovada a Convenção que relata sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (1979), uma aliança internacional, que entrou em vigor em 03 de Setembro de 1981, ratificando o elo dos governos com a assistência às mulheres.
	Diante disso, a partir da década de 90, vários países iniciaram um processo de trabalho com as conferências internacionais, fortalecendo assim, a luta social das mulheres e a garantia de seus direitos, fundamentando-se na criação de políticas de enfrentamento da violência relacionada ao gênero.
	Ressalta-se ainda que, esta década foi propícia aos direitos das mulheres, tendo vários marcos significantes para seus direitos:
 Conferência de Viena e seu Programa de Ação (1993): Enfatizou o reconhecimento dos direitos das mulheres como parte dos direitos humanos, nomeando a violência contra a mulher como violação de direitos humanos. (BRASIL, 2004, p. 12)
 Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação da Violência Contra as Mulheres (1993): definiu a violência em suas múltiplas formas de manifestação e reconheceu sua prática no âmbito público e privado. (BRASIL, 2004, p. 12)
Conferência sobre População e Desenvolvimento (Cairo, 1994) e sua Plataforma de Ação: 
Especialmente por considerar que “a humanidade não é um todo homogêneo, o plano se debruça sobre a existência de desigualdades sociais,destacando grupos tradicionalmente mais atingidos por tais desigualdades, dentre eles as mulheres”, e o reconhecimento dos direitos sexuais e reprodutivos como parte dos direitos humanos. 
(Brasil, 2004, p.12) 
IV. A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará 1994):
Essa convenção foi impulsionada pela ação decisiva dos movimentos feministas de diversos países com o objetivo de tornar visível a violência contra a mulher e para exigir seu repúdio e sua eliminação. (BRASIL, 2004, p. 12).
V. IV Conferência da Mulher em Beijing e a Plataforma de Ação Mundial da Mulher (1995): impulsionou novo enfoque sobre os direitos das mulheres tomando como base o conceito de gênero. (BRASIL, 2004, p.12).
Nesta exemplificação, as conferências foram incentivadas pela ação decisiva dos movimentos feministas nos diversos países, tornando sólida a violência conta a mulher e exigindo seu repúdio e sua abolição. Trazendo como ganho a incorporação do conceito de gênero à definição de violência contra a mulher, especificando que pode ser de diferentes tipos e ocorrer tanto na esfera pública como na privada, apresentando um amplo conceito de violência doméstica e intrafamiliar (PANDJIARJIAN, 2006). 
No Brasil houve um marco em 2004, onde a Rede Nacional de Prevenção da Violência e Promoção da Saúde foi estruturada, fazendo com que a mulher vítima de violência doméstica tivesse o direito de ser atendida em qualquer serviço de saúde, pública ou privada, pelo motivo de lesões que ocorriam durante o ato dessas violências. 
Em 2006, o Presidente da República sancionou a Lei Maria da Penha – Lei 11.340 de 07 de Agosto de 2006, em vigência desde 22 de Setembro de 2006 - para criar mecanismos de controle e prevenção da violência doméstica contra a mulher. 
Se faz necessário evidenciar que as Políticas Públicas de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, objetiva combater esses agressores e proteger as vítimas que sofrem violência, qualificando os profissionais no aperfeiçoamento das leis, hostilizando a cultura machista presente em nossa sociedade brasileira, mas, para que essas ações aconteçam de fato, é de extrema importância o envolvimento do estado e da sociedade.
2.1 Políticas Públicas que asseguram as mulheres vítimas de violência
Com o passar dos anos, as mulheres foram conquistando esses direitos, através de movimentos feministas que surgiram na década de 1980, para que combatessem essa situação de violência dentro de suas casas. Elas tinham como objetivo principal chamar a atenção das autoridades. Consequentemente conseguiram a aprovação da Lei Maria da Penha (11.430/2006), que veio para ajudar as mulheres, proporcionando discussão de políticas públicas entre os municípios e estados, que assegurassem a mulher violentada. 
Diante disso, o Ministério da Saúde em 2004, idealizou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, oferecendo às mulheres atendimento e redes de combate à violência. Assegurava as mulheres com: implantação de serviços nas redes locais, regionais e nacionais; a criação de redes de atendimento envolvendo diversas instituições; aumento dos serviços para atenção à saúde da mulher e amplificar as DEAMS (Delegacia Especializadas de Atendimento à Mulher).
A agressão contra a mulher vêm se tornando cada vez mais visível diante da sociedade, pois outrora os homens que violentavam ou até matavam suas mulheres, ficavam impunes, alegando agir em legítima defesa, e consequentemente, eram absolvidos. Entende-se assim, que o reconhecimento de medidas que objetivam prevenir e combater a violência de gênero e a discriminação à mulher, se faz indispensável. 
Para que a Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher possa ter efetividade, é necessário que as redes de serviços de prevenção, combate e proteção possuam profissionais capacitados, que conheçam as legislações, com o propósito de mudar os padrões culturais de machistas em nossa sociedade atual.
Com a alta multiplicidade no combate à violência contra a mulher, se fez necessário a construção de uma rede de serviços com as seguintes funções: defensorias públicas, delegacias da mulher, serviços de apoio jurídico, centros de atendimento à mulher, organizações não governamentais, casas-abrigo, conselhos, entre outros.
Abordarei abaixo, quatro destes serviços de atendimento à mulher vítima de violência:
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher – DEAM
A primeira DEAM foi criada em 1985, através do Decreto nº 23.769/85 na cidade de São Paulo, no governo Franco Montoro, especializada em averiguar delitos de lesão corporal, ameaça, constrangimento, atentado violento ao pudor, adultério, entre outros. Mas, o delito de homicídio não constava no decreto.
A criação da primeira Delegacia da Mulher no Brasil ocorreu na cidade de São Paulo em 6 de agosto de 1985, sob o Decreto nº 23.769, com base na idéia de que policiais mulheres seriam mais preparadas do que os homens para lidarem com a violência contra a mulher e que o ambiente das Delegacias comuns, geralmente compostas por homens, não era apropriado para que as mulheres denunciassem a violência. (PINAF 2007, p.05).
A competência da DEAM, ampliou-se no ano de 1989, com a incorporação dos crimes contra a honra, como calúnia, injúria e difamação e o de abandono material. Porém, somente em 1996 foi incorporada nas competências das delegacias da mulher.
Vale ressaltar que a criação da delegacia especializada em crimes contra as mulheres não exclui a competência dos policiais de, simultaneamente, investigarem e apurarem crimes. Diante disso, a criação das Delegacias Especializadas de Atendimento a Mulher (DEAMs) se concretiza o acordo declarado diante dos sistemas universais.
Desta forma, as Delegacias Especializadas de Atendimento a Mulher (DEAMs), são entidades especializadas da polícia civil que recebem exclusivamente mulheres vítimas de violência, vendo que foram criadas para que as mesmas possam se sentir seguras diante o ato da denúncia de seus agressores.
Logo, mulheres que decidem denunciar seus agressores, as mesmas podem registrar um Boletim de Ocorrência (B.O) e solicitar a assistência preventiva em caso se urgência e até ser encaminhada para Casas de Abrigo.
Casas-Abrigo
A primeira Casa-Abrigo foi criada em 1986, na cidade de São Paulo, chamado se Centro de Convivência para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica (CONVIDA). Logo depois, em 1990, foi criada outra Casa-Abrigo em Santo André – SP, pela grande necessidade de demanda; e 1991 em Nazareth – SP, chamada de Casa Helenira Rezende de Souza; em 1992, a Casa Abrigo Viva Maria no Rio Grande do Sul e a Casa do Caminho no Ceará; e em 1996, a Casa-Abrigo do Distrito Federal e a Casa-Abrigo Sempre-Viva em Minas Gerais.
As Casas-Abrigo até então, não tinham investimentos de arquitetura, ou financeira, até o Programa Nacional de Prevenção e Combate à Violência Doméstica e Sexual à Mulher, de 1997, definiu-as como prioridade, sendo assim, em 1998, o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDN) assinou um convênio com nove municípios brasileiros para que edificassem os abrigos para as mulheres que sofriam violência. Logo, os recursos financeiros do orçamento da União passaram a ser investidos para a construção das Casas-Abrigo.
No entanto, as Casas-Abrigo objetivam dar apoio à mulher, para que após um período, ela possa criar condições necessárias para retornar o curso de suas vidas. Enquanto as mulheres estão abrigadas, os profissionais da instituição trabalham para a resolução dos casos, oferecendo-lhes programas de profissionalização, para poderem contar com recursos que lhes garantem, mesmo que pouco, mas que dê condições de recuperar sua auto-estima e autonomia.
Muitas mulheres acabam passando por grande dificuldade em romper com a violência que sofrem em suas casas, por isso se faz tão importante a intervenção de um profissional. Sabe-se que, para a mulher procurar um atendimento profissional, ela já passou pormuitas tensões, várias reconciliações, agressões. Logo, é necessário compreender e acolher a mulher no momento em que a mesma toma a iniciativa de sair daquela relação de violência. 
A decisão que a mulher toma de ir pra uma casa de apoio, mesmo que um profissional esteja intervindo, é principalmente dela. Elas se sentem confusas, sem direção, por isso se faz necessário um olhar atento de um profissional, para que esclareça a elas como é uma casa de abrigo, e também, para alertá-las de todas as alternativas e mudanças que ocorrerão em suas vidas e de seus filhos. 
O desejo e anseio de acabar com as violências sofridas é o fator dominante para a decisão de ir para uma casa de abrigo. A esperança de que possam mudar de vida após a passagem pelo abrigo, a necessidade de organizar os pensamentos e o equilíbrio emocional, tudo isso contribui para a tomada da decisão.
Com a chegada da Casa-Abrigo a mulher pode sofrer um grande impacto, assim como em seus filhos, pois precisa-se ter muita maturidade e discernimento para que possam compreender todo o processo. Muitas passam por um misto de sentimentos, expectativas, medo e principalmente receio de que tudo isso não terá nenhum resultado positivo e que voltem para seus maridos/ companheiros. 
Vale ressaltar que as mulheres que vão para o abrigo sem ser acompanhadas de seus filhos, passam por momentos muito mais complicados, pela falta de uma companhia familiar, causando até, depressão. O vínculo com os seus filhos torna o processo e a permanência menos dolorida.
Algumas mulheres vítimas de violência têm a impressão que o abrigo vai ser um local desprovido de profissionais e sem estrutura, que não terão uma intervenção profissional. Logo, Garcia (1998) diz:
Neste sentido, faz-se importante o desenvolvimento de políticas com perspectivas de gênero, por meio de programas e projetos que articulem a situação das mulheres às políticas globais. Torna-se fundamental a ação visando mudanças de leis que propiciem novas modalidades de acesso à propriedade, ao trabalho, etc. (GARCIA, 1998, p.181).
Na maior parte dos casos, mulheres que sofrem violência, principalmente psicológicas, acabam não trabalhando mais e consequentemente tem um vínculo de dependência financeira com seus maridos e/ou companheiros. São donas de casa e se caso vier a trabalhar fora, é de forma esporádica, sem vínculo empregatício, informal. Isso reforça a fragilidade das mulheres em dependência de seus maridos que fornecem o que querem e se aproveitam dessa situação para subjugá-las.
Essa acomodação pode gerar resistência da seguinte maneira:
A contradição predominante enfrentada por muitas mulheres da classe trabalhadora e da classe média baixa consiste em que a carga de feminilidade (ser submissa, subordinada ao homem, dependente e doméstica) está em franca desconexão com as necessidades cotidianas de suas vidas (a necessidade, por exemplo, de luta pela sobrevivência diária). Complementarmente, para muitas mulheres da classe trabalhadora, a contradição manifesta-se na ruptura entre a vontade de seus maridos (de que permaneçam em casa e sejam submissas) e a necessidade de reconhecimento de sua competência e auto-estima. (ANYON, 1990, p. 14-15).
	O atendimento às mulheres em Casa-Abrigo exige um atendimento do Serviço Social e também da Psicologia, para que haja um fortalecimento emocional das mesmas, impulsionando assim o resgate da auto-estima, autonomia e, principalmente, o desvínculo da relação de violência. Esse atendimento ocorre de forma não julgadora, respeitosa e sem qualquer discriminação, os profissionais trabalham de forma a proporcionar às mulheres um ambiente de reconstrução de suas estruturas emocionais e afetivas.
A Casa-Abrigo proporciona às mulheres uma tomada de decisão em um momento de grande dor e dificuldade, para que assumam assim, o curso de suas vidas. É um momento de grande importância, onde elas têm um espaço em que sua dor é ouvida, e sua fala reconhecida.
Centro de Referência
O primeiro Centro de Referência chamado Casa Eliane de Grammont, foi criado em 9 de Março de 1981, em São Paulo, sob gestão da prefeita Luiza Erudina. Deu-se esse nome em homenagem a uma cantora e compositora que foi assassinada em um bar em São Paulo pelo seu ex-companheiro. 
Seu objetivo é atender mulheres em situação de violência dentro de uma proposta interdisciplinar, para que possam superar a atual situação. No atendimento é realizada uma triagem, onde a mulher é acolhida e a sua demanda é avaliada para que ela possa ser encaminhada para um atendimento específico dentro os diversos que a casa oferece. A mulher é atendida e orientada pelo Serviço Social e pela Psicologia, ou até mesmo encaminhada para um atendimento jurídico pela Defensoria. 
As casas dispõem de grupos preventivos e de reflexão, como o cine pipoca, onde se exibe um filme e logo em seguida é feito um debate e teatros. Esse atendimento grupal busca dar suporte para as mulheres ampliarem a reflexão sobre suas condições problemáticas e suas dificuldades, para que possam superar a situação em que se encontram, e que possam construir autonomia. 
Os Centros de Atendimento podem também ser considerados como políticas públicas que propiciam o empoderamento das mulheres em situação de violência, tendo em vista que podem desenvolver seu trabalho com vistas ao atendimento e à orientação, mas também podem desenvolver as potencialidades das mulheres em situação de violência, trabalhando sua auto-estima, autonomia, informando e orientando sobre seus direitos, possibilitando a desconstrução das desigualdades de gênero. (MORAES & GOMES, 2009, p. 75-109).
No entanto, os centros de referência são de extrema importância para o atendimento às mulheres vítimas de violência, tendo em vista que lá, as mesmas terão atenção em todas as áreas de suas vidas em que a violência afetou, inclusive a psíquica. Para que as mulheres se fortaleçam, é necessário um atendimento adequado no sistema de justiça, para que possam desfrutar de uma vida livre de violências, integralmente.
Casa da Mulher Brasileira
A primeira Casa da Mulher Brasileira foi inaugurada em 03 de Fevereiro de 2015, pela presidenta Dilma Rousseff, em Campo Grande MS. É uma inovação para o atendimento humanizado às mulheres, pois é um local onde integra em um único ambiente, diversos serviços especializados às mulheres que sofrem violência.
 Esses atendimentos englobam: Acolhimento e Triagem, onde a mulher e os profissionais formam um laço de confiança, a equipe agiliza o encaminhamento e inicia os atendimentos prestados pelos outros serviços da Casa; Apoio Psicossocial, é uma equipe multidisciplinar que presta esse atendimento, auxiliando as mulheres a superarem o impacto da violência sofrida e resgatar a autoestima, autonomia e cidadania; Delegacia, A DEAM, que é uma unidade da Polícia Civil para ações de prevenção, proteção e investigação das violências sofridas pelas mulheres; Juizado, é um órgão da justiça responsável por processar, julgar e executar as causas resultantes de violência doméstica e familiar; Ministério Público, promove a ação penal nos crimes de violência contra as mulheres, e atua na fiscalização dos serviços de rede de atendimento; Defensoria Pública, orienta as mulheres sobre seus direitos, presta assistência jurídica e acompanha todas as etapas do processo judicial, de natureza cível ou criminal; Promoção de Autonomia Econômica, é um serviço que ajuda as mulheres que buscam autonomia econômica, por meio de educação financeira, qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho; Central de Transportes, possibilita o deslocamento das mulheres para os demais serviços de Rede de Atendimento; Brinquedoteca, que acolhe crianças de 0 a 12 anos, enquanto suas mães são atendidas; Alojamento de Passagem, que é um espaço de abrigamento temporário, de até 24 horas às mulheres que correm risco iminente de morte e os Serviços de Saúde, que atendem às mulheres vítimas de qualquer violência sofrida.
Figura 02: O fluxo de atendimentona Casa da Mulher Brasileira
 Fonte: http://www.pac.gov.br/pub/up/imagem/2b3b59cb612bf5937bbff77939cf9c5b.jpg
A casa é um dos fundamentos do Programa Mulher, Viver sem Violência, administrado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República e oportunizam as mulheres o acesso a todos esses serviços especializados citados acima.
A Casa da Mulher Brasileira foi um passo determinante do Estado, e que fez reconhecer o direito das mulheres, de viverem sem violência. É um espaço rico em atendimento, que conta com várias especializações, e que, definitivamente, auxilia, ajuda, e encoraja as mulheres para saírem dessa prisão em seus lares, que é a violência causada por seus companheiros.
CAPÍTULO III A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA PROBLEMÁTICA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Neste capítulo será discutido sobre a atuação do assistente social na problemática da violência contra as mulheres, que se encontra em situações de vulnerabilidade, dando ênfase a relevância da profissão do mesmo à luta contra a violência, apontando os problemas para o desenvolvimento profissional destacando o objeto específico e eficaz.
Desde o início do Serviço Social foi constatado que as conquistas da profissão ocorrem simultaneamente com as vitórias dos movimentos feministas, formalizando direitos e privilegiando a importância da mulher na sociedade. Baseado nisso, até os Assistentes Sociais percorrem tua ação nesta concepção e se atualiza cada vez mais diante das modificações da sociedade.
De acordo com Iamamoto e Carvalho (1983), a ocupação do Serviço Social ergueu-se devido às circunstâncias criadas pelo capitalismo. O profissional de Serviço Social trabalha no campo das relações humanas e tem que colaborar para que os direitos dos indivíduos sejam assegurados. O objeto do serviço Social é a “Questão Social” e suas expressões sociais nas diversas áreas.
Este profissional faz uso de alguns mecanismos eficientes para que possa haver uma melhor avaliação e sendo assim intervir. A interlocução é um dos meios que o profissional mais se utiliza, é através dela que há um desenvolvimento do processo da escuta inicial e também das observações metodológicas. Existe um outro instrumento que é mais comum, que é a visita domiciliar onde o profissional vai ao local para conhecer e falar com as pessoas e ver a realidade ao qual o indivíduo vive.
No seu espaço de trabalho os assistentes sociais têm várias informações e entendimento sobre as pessoas das quais eles atendem e usam essas formas para suavizar tais impactos que a vítima sofre e que isso não afete aos filhos, para que ela não fique com medo de falar e que seja orientada e instituída dos seus direitos para assim poder deixar de ficar presa àquela situação que está vivendo. 
Diante disso as autoras abaixo discorre:
Por isso, para o assistente social, é essencial o conhecimento da realidade em que atua, a fim de compreender como os sujeitos sociais experimentam e vivenciam as situações sociais. No caso, trabalhando com a temática da violência contra a mulher, o profissional de Serviço Social necessita aprofundar seu conhecimento sobre as múltiplas determinações que decorrem da mesma. (LISBOA & PINHEIRO, 2005, P. 203)
Há também uma probabilidade do profissional trabalhar com equipes, especialmente em casos de mulheres que estão sofrendo violência doméstica, esse trabalho realizado em equipes poderá ser feito de diversas maneiras, sabendo-se que as mais comuns são incluir abordagens temáticas e também rodas de conversas, com o intuito de tirá-las desse processo de desespero, baixa autoestima e da condição de violência que ela está inserida. As equipes irão ajudá-las a se fortalecer. A troca de informações é fundamental entre elas, pois vão se sentir mais seguras e encorajadas a sair daquela situação tão constrangedora.
Os muitos desafios enfrentados pelos profissionais são de ajudar a vítima da violência doméstica sofrida, pois precisam arranjar um local seguro no princípio da brutalidade. No entanto o profissional tem que ter conhecimento da rede de serviço na cidade em que atua no que se refere aos encaminhamentos. É importante dizer, que os mesmos acontecem depois do processo de acolhimento e das orientações à mulher, e também a provável denúncia aos órgãos competentes, caso seja necessário.
As unidades de Saúde caracterizam-se também como uma possibilidade de entrada prioritária, para que a vítima possa ter os primeiros cuidados em caso de violência física, existe também o CREAS, uma unidade pública estatal que se responsabiliza em orientar e dar apoio especializado e constante a sujeitos e famílias que tem seus direitos revogados.
Em casos onde há grande evidência de trauma emocional e psicológica é imprescindível fazer o encaminhamento para o CAPS que é uma unidade pública estatal que põem profissionais da área da psicologia e psiquiatria a disposição para os devidos acompanhamentos e intervenções psicológicas. Nota-se, no entanto que o trabalho do Serviço Social andam de mãos dadas com as de outros profissionais.
Além do mais, o profissional tem buscado fazer trabalhos no qual favoreçam estas mulheres, buscando validar teus direitos e aconselhando a agirem da melhor forma possível para atingirem seus objetivos. A violência doméstica contra a mulher passou-se a ser objeto de desempenho profissional do assistente social, durante o desafio posto no dia a dia, o que formula um grupo de meditação e interferência desse profissional.
3.1 A relevância da profissão do Assistente Social no combate à violência contra a mulher
O Serviço Social desde o início destaca que os movimentos feministas e do profissional caminham juntos na concepção de aperfeiçoamento para as mulheres que sofrem ou já sofreram violência doméstica.
No momento atual, existe uma colocação ético-político bem delineado pela categoria, com base na luta pela concretização e proteção intolerante dos direitos sociais, montando alternativas e métodos que visa o enfrentamento da questão social e de seus revérberos, contando com a maioria dos profissionais que são adeptos e apoiadores.
Portanto, é um desafio para esses profissionais no combate à violência contra as mulheres. Através da rede de atendimento eles buscam acolher dando uma receptividade interdisciplinar, proporcionando ações entre as organizações e os profissionais, oferecendo suporte às vítimas.
Com tudo isso, mesmo assim no âmbito da assistência na saúde e também segurança pública, é possível detectar uma carência muito grande no atendimento a essas mulheres vítimas da violência.
Vale destacar que, para dar suporte e atender a estas mulheres o profissional de Serviço Social trabalha alicerçado em três dimensões: Ético-política, teórico-metodológico, e técnico-operativo. Na dimensão Ético-Política os profissionais trabalham aconselhando essas mulheres a pensar e fazer reflexão sobre o seu papel na sociedade e também dos teus direitos, procurando dessa maneira, inserir-se na luta por políticas sociais que verdadeiramente atendam a elas e não apenas dêem respostas confortadoras. Portanto, o profissional é direcionado pelo Código de Ética da profissão.
Que permite ainda a esse profissional uma postura de compromisso haja vista que, o Código de Ética da profissão tem sido um marco orientador para a intervenção dos assistentes sociais, até porque esse aporte determina a postura que os profissionais devem assumir perante os usuários em seus onze princípios fundamentais. (LISBOA E PINHEIRO, 2005)
Na dimensão Teórico-Metodológica: é indispensável, na medida em que orientam as atuações profissionais, porém oriente também no sentido de viabilizar a formação de procedimentos que busquem vencer os impedimentos encontrados no dia a dia de trabalho “a apropriação da fundamentação teórico-metodológica é caminho necessário para a construção de novas alternativas no exercício profissional”, (IAMAMOTO 2009, p. 53).
Já na dimensão Técnico-Operativa: operacionaliza o assistentesocial para que atue e faça intervenções junto às ações mostradas na sua rotina de trabalho. Lisboa e Pinheiro (2005) destacam que:
Os instrumentais técnicos operativos que são utilizados na atuação profissional do assistente social no atendimento às vítimas de violência doméstica são: entrevista, visita domiciliar, reuniões em grupo, equipe multiprofissional, documentação, relatórios, parecer social, planejamento de programas, projetos, construção de indicadores, pesquisa, articulação em rede. (LISBOA & PINHEIRO, 2005, p.199). 
Perante o exposto, o assistente social dispõe do conjunto de equipamentos variados para poder escolher o que mais lhe for adequado para enfrentar as demandas mostradas, e é planejado através das três dimensões, que já foram mencionadas, no trabalho. Portanto se faz necessário devido o cotidiano profissional ser um local às vezes um pouco delimitado, estabelecendo dessa maneira desafios importantes ao assistente social, tornando a reflexão, a investigação e a criticidade princípios constantemente utilizados na articulação dessas dimensões.
Diante disso, é importante que tenha uma postura ética, que vise respeitar a mulher vítima da violência, proporcionando discrição profissional em todos os acolhimentos e atendimentos que são feitos pelo assistente social e o grupo interdisciplinar, como prescreve o Código de Ética (CE), “o sigilo protegerá o/a usuário/a em tudo aquilo de que o/a assistente social tome conhecimento, como decorrência do exercício da atividade profissional.” (CFESS, 1993, p. 35).
Numa eventual hipótese máxima a posição teórico-metodológica profissional orientará o atendimento numa tentativa de determinar procedimentos que possibilitam o combate à violência. Através das interlocuções e reuniões em equipe, com esses instrumentos pode-se praticar diariamente nossa ética profissional, pois são locais de troca e escuta que o profissional precisa, não somente ter sigilo dos relatos, como também não fazer julgamentos de valores, proporcionando dessa forma um local de respeito e confiabilidade.
3.2 Os desafios para o desempenho profissional do Assistente Social em relação à violência
No desempenho profissional do assistente social é necessário que tenha uma graduação e qualificação, necessita ser um funcionário multifuncional, ou melhor, que possua aptidão técnica e que possa ter respostas às demandas neste caso, a violência doméstica contra a mulher. Além disso, o exercício da profissão circunda a ação de um indivíduo profissional que tem capacidade para sugerir e negociar com a organização os teus projetos, preservar o seu campo e funcionalidades profissionais. (IAMAMOTO, 2009 a, p. 113).
O assistente social é um profissional que não trabalha com divisões da prática social, o mesmo atua com processos individuais, quando analisado os acontecimentos não exclusivos de um determinado sujeito. Portanto, isso permite ao profissional, perante as condições de vida dos usuários, diante de uma perspectiva teórico-crítica, fazer intervenção na realidade de maneira mais perceptível, não tendo atitude somente sobre a aparência mais imediata do problema.
Apesar disso, diversos desafios são encontrados no fazer profissional do enfrentamento da violência contra a mulher, diante do espaço onde o assistente social está inserido, seja nas áreas da segurança pública, da assistência social e da saúde, impossibilitando um atendimento articulado e integral.
Diante disso, o assistente social é frequentemente testemunha das várias maneiras de desigualdades sociais, tem em mão situações que necessitam ser publicadas, para que então sejam enfrentadas de forma a reduzir ou eliminar o problema, inserindo, nitidamente:
Um imenso desafio no enfrentamento dos dilemas cotidianos da inserção desses profissionais nos espaços institucionais do exercício profissional, nos quais se incluem as instituições de formação acadêmica e profissional, como um importante eixo de tensão e de luta para além do Serviço Social. (ABREU; LOPES, 2007, p. 11-16).
Um dos outros desafios aparecem quando a mulher violentada faz a denúncia de seu agressor, depois de registrar o Boletim de Ocorrência (BO) na delegacia, ela fica com medo do agressor e também das tuas repercussões, e acaba retirando a queixa e neste caso dificulta o trabalho do assistente social na intercessão.
No entanto, trabalhar o reflexo da questão social é na realidade fazer uma aproximação do público alvo às políticas sociais, pois ao diminuir a distância entre a organização/usuário fica mais fácil a compreensão da realidade onde os sujeitos estão inseridos, gerando ou fazendo adaptação dos programas que são direcionados a eles de maneira que se tornem, de fato, eficientes e eficazes para aquela população. 
É comum o assistente social trabalhar em grupo, geralmente com pedagogos, sociólogos, psicólogos, enfermeiros, entre outros profissionais que atuem neste âmbito.
Apesar disso, esse tipo de trabalho não limita as competências e capacidades que cada profissional contém. Portanto, as condições de trabalho desse profissional muitas vezes não são favoráveis e frequentemente nem sempre são e normalmente tem um orçamento reduzido. E nestas interferências em situações de violência há um grande desgaste, tanto físico como psicológico destes profissionais.
Diante de tudo isso, eles precisam ter clareza da apropriação do instrumento técnico-operativo fazendo sempre uma ligação com as orientações teórico-metodológicas com pautas no projeto ético-político da profissão. Pois a instrumentalidade é o meio que se torna necessário para a transformação do Assistente Social:
Ao alterarem o cotidiano profissional e o cotidiano das classes sociais que demandam a sua intervenção, modificando as condições, os meios e os instrumentos existentes, e os convertendo em condições, meios e instrumentos para o alcance dos objetivos profissionais, os assistentes sociais estão dando instrumentalidade às suas ações. Na medida em que os profissionais utilizam, criam, adéquam às condições existentes, transformando-as em meios/instrumentos para a objetivação das intencionalidades, suas ações são portadores de instrumentalidade. (GUERRA, 2017 p.02).
Nesse seguimento o assistente social utiliza as ferramentas técnicas-operativas de forma a diminuir a violência sofrida contra as mulheres procurando tirá-las da prisão de onde se tornaram vítimas dos atos sofridos.
3.3 Consciencialização para a prevenção
Ainda tem muito a ser feito para garantir a segurança dessas mulheres em seus lares, famílias, em espaços públicos e no trabalho. Não devemos deixar nos enganar, pois os índices são alarmantes e fazer de conta que não estamos vendo não irá colaborar em nada, para que este crime seja excluído de nossa sociedade. 
A violência contra a mulher é um mal social e que infelizmente está longe de ser exterminado em nosso mundo, por mais tristes que ficamos com os noticiários nacionais e internacionais o fato é que tamanha extravagância merece toda atenção no nosso país. Pois a desvalorização da mulher é cultural, decorrência de uma mentalidade machista da qual ela está inserida. As mulheres que aceitam viver sob ameaças naturalmente acreditam que, de certa forma, o homem tem esse direito, o que infelizmente é lastimável.
É indispensável à conscientização para que possa ser reduzida a violência de forma geral, a finalidade é sensibilizar e procurar envolver os homens no comprometimento pelo fim da violência contra a mulher.
É importante a realização de palestras sobre o tema, distribuir panfletos nas ruas com o objetivo de colaborar para que sejam multiplicadas essas informações em suas famílias e também nos teus círculos de amizades. Porque a violência doméstica ainda está bastante ligada à questão cultural, sendo assim precisa-se sensibilizar e conscientizar a população quanto a isso, principalmente as mulheres, para que as mesmas deixem de viver na violência.
Existem formas múltiplas de viver na violência, pontuada num misto de conformismo e resistência.Conformismo verificado nas ações de submissão, de vida sob julgo de uma dominação masculina e de internalização de uma inferioridade da mulher violentada (BARROSO, 2002, p.4).
Como o objetivo de prevenção foi criado no dia 25 de novembro o dia internacional de combate à violência contra as mulheres, é um dia de conscientização, de luta, de mobilização. Portanto, esta data foi criada com o intuito de expandir e aprofundar o debate sobre a violência contra as mulheres em nossa sociedade tendo em vista a sua eliminação. Vale ressaltar que a violência contra ela e qualquer conduta, ação ou omissão – de diferenciação, agressão, ou constrangimento ocasionada pelo simples fato da vítima ser mulher e que possa causar danos, mortes, discriminação, limitação, tormento físico, sexual, moral, social, psicológico, político, econômico ou perda patrimonial. Pois a violência pode acontecer tanto em locais públicos como privados.
Esta data de 25 de novembro de 1960 ficou mundialmente conhecida por causa do maior ato de violência cometida contra mulheres, às irmãs Dominicanas Pátria, Minerva, e Maria Teresa, conhecidas como “Las Mariposas”. Que lutavam por soluções para os problemas do seu país (República Dominicana), houve perseguição, foram presas várias vezes, até serem assassinadas brutalmente, por agentes do governo militar, e infelizmente a ditadura assimilou a um acidente.
Portanto, em 1981, perante o encontro feminista da América Latina e do Caribe, realizado em Bogotá, na Colômbia. O dia 25 de novembro foi escolhido como o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher, para homenagear as três irmãs ativistas políticas. Essas mulheres lutaram muito e hoje nos inspiram a lutarmos por mais justiça social e também por um mundo sem violência contra as mulheres.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Baseando-se na pesquisa apresentada, entende-se que a violência contra a mulher é um ato pré-histórico e que se estende até os dias atuais. Esses atos são de característica física, psicológica, sexual, patrimonial e moral; afetando, em todos os casos, o psicológico da mulher. Mas, percebe-se também que a mulher procura a rede de atendimento, na maioria das vezes, pelos danos causados pela agressão, sendo que nas instituições de políticas públicas, há profissionais especializados para o atendimento em todos os casos de violência que a mulher sofre. 
	Vê-se que, o local menos seguro para a mulher que sofre de violência, é em suas casas, pois são agredidas por seus maridos, ex-maridos, companheiros, namorados. Logo, percebe-se a enorme importância do fortalecimento de políticas públicas que contemplem sua prevenção e combate, assim como a aplicação e fortalecimento das redes de apoio às vítimas.
	No primeiro capítulo foram apresentados os aspectos históricos da violência, que abrangeu desde a pré-história até os tempos atuais, evidenciando os primeiros casos de violência. Tais violências elevaram os dados estatísticos, ocasionando assim, a criação da Lei de 11.340/2006, de nome Lei Maria da Penha.
	No entanto, percebe-se que a violência contra a mulher tem uma herança à cultura machista, que ainda existe na atual sociedade. Logo, se faz tão necessário as redes de atendimento para essas mulheres vítimas de violência, para que seus agressores não fiquem impunes.
	Ao se discutir sobre as redes de atendimento que são oferecidas as mulheres vítimas de violência no segundo capítulo, foi possível apresentar algumas políticas públicas que asseguram as mesmas. Foi destacado os processos históricos de criação das primeiras Delegacias, Casas-Abrigo, Centro de Referências e Casa da Mulher Brasileira, porém vale ressaltar que existem vários outros serviços que também dão esse suporte às mulheres violentadas. Tais serviços são encontrados em delegacias comuns, corpo de bombeiros, serviços de saúde etc.
	No terceiro capítulo, foi evidenciada a atuação do assistente social frente á essa problemática da violência contra a mulher. Tal profissão é um desafio a complexidade da questão. Este precioso profissional capacitado atua como um orientador, discute estratégias de enfrentamento da situação, além de encaminhar as mulheres para o local onde irão ser bem recebidas para que possam obter um atendimento e ter seus direitos garantidos.
Essa temática da violência contra mulher permanece com o passar dos anos, vê-se que é um problema do Estado. É preciso ensinar e conscientizar a sociedade, desconstruindo esse sistema patriarcal fundamentado na ideia de que só os homens têm direitos e as mulheres, deveres. É muito importante trazer o gênero ao debate, não só no âmbito familiar, mas também nas escolas, para que essa informação alcance a todos.
Diante disso, evidencia-se a importância das políticas públicas como um meio de prevenção à violência que as mulheres sofrem, e também, a atenção estatal para uma reeducação social, para que os homens e mulheres vivam com igualdade, pois é de extrema importância que todo o ser humano inserido num contexto social seja merecedor de respeito e igualdade.
 
 
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