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Trabalho obrigações

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OBRIGAÇÕES, CONTRATUALIDADE E DANOS – PROF. GABRIEL 
SCHULMAN schulman.docencia@gmail.com
- OBJETIVO/CONTEÚDO: Atividade de revisão e assimilação. Temas gerais em responsabilidade civil. 
- METODOLOGIA: Discussão de casos, julgados, súmulas e questões de concurso. Observe atentamente 
Este documento integra: 
Listagem dos CONTEÚDOS DA AVALIAÇÃO DO 3º BIMESTRE APS – Avaliação prática supervisionada do 4º bimestre de 2018, peso 2,0
Questionário de assimilação e revisão do conteúdo preparatório para a prova
	TURMA: 2 MC
ALUNOS: Alessandra Kita (1707314), Anna Gabriela Busch (1706263), Gabriel Kanaan dos Santos (1707344), Natália Segatti Flores (1701655) e Victoria Schelbauer Trentin (1722249)
	QUESTÕES: 
1, 3, 6, 7, 8, 9, 16, 17, 18, 19, 22, 23, 24, 25, 26, 28, 29, 30, 32, 33, 39, 40, 41, 42 e 43
	CONTEÚDO DO 4º BIMESTRE
Contratos. 
1. Noções essenciais. Polissemia do contrato. Elementos de validade. 
2. Principiologia clássica (autonomia da vontade, intangibilidade e relatividades dos efeitos dos contratos) e contemporânea (boa-fé objetiva, função social e justiça contratual) 
3. Formação dos contratos. Efeitos da proposta e da publicidade. 
4. Garantias contratuais. Evicção. Vícios redibitórios. 
5. Exceção do contrato não cumprido. Cláusula resolutiva tácita e expressa. 
6. Estipulação em favor de terceiro. Promessa de fato de terceiro. Contrato com pessoa a declarar. 
7. Extinção do contrato (Resilição, Resolução, Rescisão). Revisão contratual (lesão, onerosidade excessiva)
	APS
- OBJETIVO: Atividade de introdução/problematização acerca de noções introdutórias ao tema do Direito Contratual. 
- METODOLOGIA: Discussão de casos, julgados, súmulas e questões teóricas e de concursos públicos. 
- INSTRUÇÕES: O protocolo deverá ser realizado via portal, exclusivamente. O trabalho deverá ser feito em grupos de 2 a 4 estudantes. Cada equipe precisa protocolar apenas uma vez. 
Cada grupo deverá escolher 20 (vinte) questões, de acordo com a seguinte composição: 
1. 17 (dezessete) questões teóricas. 
2. 03 (três) atividades de pesquisa jurisprudencial. 
As questões “excedentes” procuram proporcionar um panorama da matéria e se destinam a oferecer um roteiro de estudos. Poderão também ser objeto de discussão pelos alunos a qualquer momento.
	QUESTÕES TEÓRICAS
1. Aponte os princípios clássicos. Quais são e quais seus significados? 
Os princípios clássicos são: Princípio da Autonomia da Vontade- consiste na prerrogativa conferida aos indivíduos de criarem relações na órbita do direito, desde que se submetam às regras impostas pela lei e que seus fins coincidam com o interesse geral, ou não o contradigam. Desse modo, qualquer pessoa capaz pode, através da manifestação de sua vontade, tendo objeto lícito, criar relações a que a lei empresta validade. Desdobra-se em dois: 1- princípio da liberdade de contratar ou não contratar; 2- princípio da liberdade de contratar aquilo que pretender. Princípio da Relatividade das Convenções - os efeitos do contrato só se manifestam entre as partes, não aproveitando nem prejudicando terceiros. Princípio da Força Vinculante das Convenções - o contrato, uma vez obedecidos os requisitos legais, se torna obrigatório entre as partes, que dele não se podem desligar senão por outra avença, em tal sentido. Consiste em uma ideia de lei privada entre as partes.
2. Exemplifique a aplicação dos princípios contratuais. 
3. Em que se consiste a exceção do contrato não cumprido? Qual sua sistemática e fundamento legal? 
	Celebrado o contrato, inicia a obrigação das partes em cumprir com o pactuado. Eventualmente, se a obrigação não suceder, a parte contrária poderá também, não cumprir com seu compromisso, devido à prestação de sua obrigação ser correlata à obrigação da outra parte, fazendo valer a Exceção de Contrato não Cumprido.
Os fundamentos legais da Exceção do Contrato não Cumprido estão previstos nos artigos 476 e 477, os quais denotam a sistemática do Código Civil em relação ao assunto: 
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. 
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
Destarte, a Exceção de Contrato não Cumprido é um mecanismo de defesa de boa-fé, que faz com que um contratante não possa reclamar a execução do que lhe é devido pelo outro contratante, sem antes pagar o que deve. Desta forma, o contrato em si não é suspenso nos casos de Exceção de Contrato não Cumprido, mas, suspende-se a obrigação do devedor provisoriamente, ficando a dívida do excipiente apenas em provisória condição de inexigibilidade. Isso ocorre a fim de constranger seu co-contratante a executar o contrato, em que uma das partes vem a recusar o cumprimento de sua obrigação. Após o período provisório, se não houver a execução, o contrato será resolvido.
4. Em que se consiste a cláusula resolutiva tácita? Qual sua sistemática e fundamento legal? 
5. Localize, na Internet, exemplos de cláusulas resolutivas em contratos. Esclareça seu regime. Transcreva e cite a fonte. 
6. Sobre o conceito de boa-fé: a. Diferencia boa-fé objetiva e subjetiva. b. Indique qual boa-fé (ou se ambas) se relacionam com as seguintes Súmulas do STJ: 285 308 e 509. 
a. A boa-fé é um princípio jurídico o qual pressupõe que os indivíduos agem com boas intenções perante os negócios jurídicos. Desta forma, a boa-fé fragmenta-se em “objetiva” e “subjetiva”. 
A boa-fé objetiva são fatos sólidos na conduta das partes, que devem agir com honestidade, correspondendo à confiança depositada pela outra parte. O direito contratual se baseia na boa-fé objetiva, pois deve se pautar em padrões morais, éticos e legais, de acordo o que descreve o próprio Código Civil. 
Já a boa-fé subjetiva consiste em crenças internas, conhecimento e desconhecimentos, convicções internas. Esta consiste basicamente, no desconhecimento de situação adversa, como por exemplo, comprar coisa de quem não é dono sem saber disso. 
b. Com relação as Súmulas 285, 308 e 509, todas tratam-se de boa-fé objetiva. Visto que, estas estabelecem um padrão ético de conduta para as partes nas relações obrigacionais, agem de acordo com a lei e também, atuam em conformidade com padrões socialmente recomendados, lisura e honestidade. 
Súmula 285 - Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor incide a multa moratória nele prevista.  OBJETIVA
Súmula 308 - A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro, anterior ou posterior à celebração da promessa de compra e venda, não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel.  OBJETIVA
Súmula 509 - É lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar os créditos de ICMS decorrentes de nota fiscal posteriormente declarada inidônea, quando demonstrada a veracidade da compra e venda. OBJETIVA
7. Quais as funções da boa-fé no direito contratual? 
A boa-fé se integra a qualquer relação obrigacional, sendo um princípio que está de modo direto, ligado às relações contratuais. No direito contratual, os deveres anexos a este não estão explícitos, sendo, que, tal conduta já é esperada pelo legislador. Os deveres de lealdade, informação, razoabilidade, cooperação e colaboração são alguns exemplos de deveres anexos à boa-fé objetiva. 
Os contratantes devem observar o princípio da boa-fé desde as negociações preliminares até a conclusão do contrato, tanto na boa-fé objetiva quanto na subjetiva. A boa-fé subjetiva está ligada a um valor interno, é a percepção dos contratantes durante a relação contratual. A boa-fé objetiva é regra de conduta, dever de agir com honestidade e lealdade com a outra parte da relação contratual. Assim, as partes devem agirreciprocamente com os parâmetros morais, lealdade e comportamento honesto. 
A boa-fé objetiva, a qual tem maior veemência no direito contratual, classifica-se em três funções: 
⋅ Função integrativa: prevista no art. 422, CC, aduz que a boa-fé se integra a qualquer relação obrigacional. Busca-se, com isso, proteger a relação entre os participantes de forma a impor-lhes mutuamente esses deveres anexos. Estes, por sua vez, são modelos de comportamento, como a lealdade e a cooperação, e visam, em última análise, o adimplemento obrigacional. 
⋅ Função interpretativa: a qual abarca tanto a interpretação subjetiva quanto a objetiva. A interpretação subjetiva permite elucidar a intenção dos contratantes. Já a interpretação objetiva possibilita a análise de suas condutas, conforme os padrões éticos exigidos. 
⋅ Função Corretiva: Tem por objetivo manter o equilíbrio contratual. Aplica-se a função corretiva, por exemplo, na revisão de contratos de trato sucessivo (ou de execução continuada) em decorrência de situação superveniente imprevisível ou extraordinária que torne a prestação excessivamente onerosa para uma das partes, gerando lesão objetiva por fato imprevisível.
⋅ Função Limitativa: a qual limita os direitos subjetivos, por meio dos institutos da supressio e surrectio, espécies de venire contra factum proprium. Supressio é a impossibilidade de exercício de um direito subjetivo em razão da constante inércia de seu titular que seja capaz de gerar em outrem a justa expectativa de que tal direito jamais será exercido. Surrectio, ao contrário, é a outra face da moeda, ou seja, a aquisição do direito a que a situação jurídica permaneça inalterada, em vista da supressio. Isto se dá em razão da boa-fé objetiva, que protege cada contratante da superveniência de comportamento contraditório do outro. 
⋅ Função Supletiva: a qual criar deveres acessórios, anexos, laterais que garantam o melhor cumprimento do pactuado, independentemente da vontade das partes. Neste aspecto, a boa-fé objetiva cria prestações diversas da principal fixada pelas partes. 
8. Indique os princípios contratuais contemporâneos. Quais são e quais seus significados? 
Os princípios contratuais contemporâneos são quatro: princípios da autonomia privada, da boa-fé objetiva, da função social do contrato e da justiça contratual ou equivalência material. 
O princípio da autonomia privada significa o poder dos indivíduos de suscitar, mediante declaração de vontade, efeitos reconhecidos e tutelados pela ordem jurídica. 
	O princípio da boa-fé objetiva, previsto no art. 422, do Código Civil é decorrência de doutrina já adotada pelos ordenamentos jurídicos da Alemanha e da Itália. A boa-fé objetiva é um modelo ético de conduta, um padrão objetivo de comportamento que impõe às partes contratantes a observância de arquétipos leais e honestos de condutas recíprocas, para que os seus respectivos comportamentos não frustrem as legitimas expectativas, os legítimos interesses que decorrem da relação jurídica obrigacional.
	O princípio da função social do contrato é a relação dos contratantes com a sociedade, pois produz efeitos perante terceiros. A principal consequência jurídica da função socialdos contratos é a ineficácia de relações que acaba por ofender interesses sociais, a dignidade da pessoa
O princípio justiça contratual ou equivalência material, é manifestação da busca da efetiva igualdade entre as partes na relação contratual. Quando a igualdade jurídico-formal característica da concepção liberal mostrou-se insuficiente para garantir o equilíbrio das prestações nos contratos, esse princípio passou a ter grande importância na teoria geral dos contratos. A equivalência material busca harmonizar os interesses das partes envolvidas, e realizar o equilíbrio real das prestações em todo o processo obrigacional.
9. Os princípios contratuais contemporâneos extinguiram os princípios clássicos? 
Não. Os princípios contratuais contemporâneos somaram-se aos princípios clássicos. É exatamente para funcionalizar os princípios clássicos à atual ordem civil-constitucional que os princípios contemporâneos nasceram. Seu objetivo, antes de tudo, é contemporizar o caráter absoluto de que se revestiam os princípios liberais. Em outras palavras, pode-se dizer que os princípios clássicos continuam ainda vigentes em nosso ordenamento, mas sem o viés absolutista que se revestiam nos tempos liberais, porquanto, hoje, na vigência do Estado Social, faz-se imperioso compatibilizá-los com a nova ordem constitucional, a impor ao Direito Civil e aos demais ramos do Direito o respeito à dignidade da pessoa humana e a conquista do solidarismo como fundamento e objetivo da República Federativa do Brasil. 
10. Analise e relacione os enunciados abaixo, à luz do disposto no ordenamento jurídico acerca do Direito Contratual. “Enunciado 21 CJF: Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito”. “Enunciado 23 CJF - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana”. 
11. Analise o enunciado abaixo e discorra a respeito. “Enunciado 362 CJF – Art. 422. A vedação do comportamento contraditório (venire contra factum proprium) funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do Código Civil”. 
12. Analise e discorra a respeito do pensamento de Luiz Edson Fachin, quando este afirma que: “Novos tempos traduzem outro modo de apreender tradicionais institutos jurídicos. Não se trata de aniquilar a autonomia privada, mas sim de superar o ciclo histórico do individualismo exacerbado, substituindo-o pela coexistencialidade. Quem contrata não mais contrata apenas com quem contrata, eis aí o móvel que sinaliza, sob uma ética contratual contemporânea, para a solidariedade social”.1 
13. Observa-se no CPC a incidência da boa-fé (art. 5º). Como tal princípio se relaciona com o direito civil material? 
14. Discorra sobre as transformações impressas no direito contratual em face da passagem do Estado Liberal ao Estado Social. 
15. Qual o sentido do brocardo “pacta sunt servanda”? O que significa afirmar a intangibilidade dos contratos? 
16. Em que consiste o princípio da autonomia privada? 
O princípio da autonomia privada é um dos mais importantes das relações contratuais. Sendo este, o princípio jurídico que garante às partes o poder de manifestar a própria vontade, estabelecendo o conteúdo e a disciplina das relações jurídicas de que participam. Sendo assim, o princípio da autonomia privada diz que, para um contrato existir, é preciso que as três liberdades (liberdade contratual: que é quando as partes podem escolher com quem contratar; liberdade de contratar: que é quando as partes podem escolher se querem contratar ou não; e a liberdade de eleger o clausulado: que é quando as partes podem escolher o conteúdo do contrato), sejam consideradas e, ao menor sinal de descumprimento de qualquer uma delas, há a possibilidade de anulação do contrato, visto que pode haver um vício na vontade livre e consciente. 
17. Examine e discorra a respeito do princípio encartado no art. 421 do Código Civil. 
Contemporaneamente o livro dos contratos em geral disposto no CCB, possui início com o dispositivo abordado no art. 421, considerado como princípio contratual, sendo este a liberdade de contratar em razão da função social do contrato, dessa forma, utilizando-se do texto Reflexões sobre o princípio da função social nos contratos, escrito pela autora Judith Martins-Costa, o princípio da função social aborda um aspecto de solidariedade no direito privado, tangenciando o princípio da função social alinhado a liberdade de contratar, sendoo limite e o fundamento desta liberdade. O princípio notório na inauguração do livro, modifica os antigos paradigmas do direito civil, demonstrando uma interpretação ampla e não se atendo somente ao patrimonialíssimo, mas aos princípios na área jurídica. Dessa forma, o princípio da liberdade demonstra ser intrínseco ao direito civil, diante das relações sociais e dos negócios jurídicos realizados no âmbito público e privado conjuntamente com os indivíduos que as integram. O princípio da liberdade de contratar se concentra na sociedade, nos valores sociais elencados para compor as relações sociais e na função social do contrato. A livre iniciativa disposta na Constituição de 1988, por muitas vezes é confundida com o princípio da liberdade de contratar, entretanto, a carta magna dispõe acerca do ajuste da livre iniciativa, livre concorrência aos interesses do consumidor e sociais prezando a justiça igualitária e controlando o abuso do poder económico, abarcando a liberdade de contratar com o objetivo de valorizar a dignidade da pessoa humana e os direitos da personalidade, envolvida nos limites da função social do contrato.
18. O que significa o princípio relatividade dos efeitos dos contratos (res inter alios acta)?
O princípio da relatividade dos efeitos do contrato remete-se a ideia de que os efeitos contratuais recaem apenas aos envolvidos na relação, não abrangendo terceiros alheios ao envolvimento desta. Consideram-se obrigadas apenas as partes contratantes, que se encontram relacionadas ao pacto contratual realizado, não se transmitindo aos sucessores em situação de obrigação personalíssima. O princípio se encontra em estado de submissão ao princípio da função social do contrato, não sendo portanto, absoluto, de modo que, ao assumir a função social o contrato não pode ser ignorado por terceiros, podendo ser alegada a responsabilidade civil extracontratual no caso de violação do contrato por terceiro (a).
 19. Quais as etapas da formação do contrato? Identifique-as e discorra a respeito. 
Segundo Flávio Tartuce, em sua obra “Manual de Direito Cívil”, as etapas da formação do contrato consistem em: negociação preliminar ou fase de pontuação, proposta, policitação ou oblação; contrato preliminar; e contrato definitivo. 
A primeira fase “negociação preliminar”, apesar de não estar formalizada no Código Civil, trata-se de um acordo preliminar entre as partes, as quais dialogam em prol de uma possível celebração contratual. Quanto à responsabilidade contratual civil, há divergência doutrinária, pois, devido esta fase não esta expressa no Código Civil, alguns autores alegam que não deve gerar, portanto, responsabilidade devido a este simples fato. Entretanto, existem outros autores que alegam haver responsabilidade contratual civil, caso esta fase seja desrespeitada. Pois, ela, pode gerar uma expectativa de firmação do contrato, devido à expectativa depositada nela, gerando obrigações de lealdade e confiança das partes. Assim, esta fase abraça, portanto, o princípio da boa-fé objetiva (artigo 422, CC) em que, havendo desrespeito, surge o direito de indenizar (artigo 187, CC). 
Já a segunda fase, trata-se da “proposta”, que nada mais é do que o proponente realizando de maneira formalizada a proposta ao aceitante. Esta fase envolve os requisitos legais de formação do contrato, que envolvem o consentimento do aceitante, os prazos de aceitação da proposta, o lugar de celebração do contrato, e, se a proposta é feita entre presentes e ausentes. Ademais, a proposta do contrato deve ser clara, séria, definitiva e precisa. 
A terceira fase está prevista no Código Civil, nos seus artigos 462 ao 466, a qual consiste na fase do “contrato preliminar”. Ela é opcional, podendo ser dispensada, podendo as partes optar se querem ou não o firmar. O contrato preliminar é aquele que possui todos os requisitos de validade do negocio jurídico e, encontra-se em prefeitas condições para que ocorra o contrato definitivo.
Por fim, a quarta fase consiste no “contrato definitivo”, o qual baseia-se na autonomia privada e na liberdade que as partes tem. Havendo assim, um choque de vontades entre as partes. Nesse caso, o contrato está perfeito. A partir de então, o contrato pode gerar todas as suas obrigações, deveres, bem como gerar consequências, como por exemplo, o inadimplemento.
20. O que é responsabilidade pré-contratual? Ela é admitida no direito brasileiro? Com base em quais fundamentos? Discorra a respeito. 
21. No Direito Contratual atual, é possível se dizer que a contraproposta equivale à aceitação do contrato?
22. Quando a proposta deixa de ser obrigatória? 
Segundo o Artigo 428 do Código Civil, a proposta deixa de ser obrigatória quando, se feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone, ou por meio de comunicação semelhante. Se, feita sem prazo, a pessoa ausente , tiver decorrido tmpo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente. Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida, a resposta dentro do prazo dado e se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento de outra parte a retratação do proponente.
23. O que significa o termo policitante? 
O termo policitante, refere-se ao solicitante, ou seja aquele que faz a proposta.
24. O que são contratos entre presentes e entre ausentes? 
Se as partes não podem se comunicar de forma instantânea, o contrato é realizado por ausentes, ou seja, se no momento em que a outra parte toma uma decisão, a primeira não toma conhecimento desta de forma imediata, seja por e-mail, cartas, telegramas e entre outros meios de comunicação. Agora, quando não houver lapso temporal supracitado, haverá um contrato entre presentes; é quando não há ausência entre as partes.
25. O que é evicção? Quais seus requisitos? Discorra respeito de cada um deles. 
A evicção se trata de perder a posse ou a propriedade de um bem previamente adquirido, por determinação judicial. Assim, o adquirente perde a posse, se tornando evicto. Ocorre a evicção quando o adquirente de um bem vem a perder, total ou parcialmente a sua posse e/ou propriedade, em razão de sentença/decisão judicial fundada em motivo jurídico anterior à aquisição da coisa.
	Os requisitos para a concretização da evicção são: 1. Onerosidade da aquisição; 2. Ignorância, pelo adquirente, da litigiosidade da coisa; 3. Vícios contratuais; 4. Perda total ou parcial da propriedade ou posse/uso da coisa alienada; 5. Denunciação da lide.
26. É possível afastar a evicção? A cláusula de não haver evicção elimina, de plano a evicção? Explique. 
A evicção traduz-se na perda da coisa em virtude de sentença judicial, que atribui a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. De acordo com o art. 448 do Código Civil, podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade por evicção.
27. A boa-fé subjetiva é requisito para evicção? E para os vícios redibitórios? 
28. Em que consiste a estipulação em favor de terceiro? Qual seu funcionamento. 
Diante da estipulação em favor de terceiro, encontram-se presentes no contrato firmado entre duas pessoas, o estipulante e o promitente, entretanto, o benefício é transmitido ao beneficiário com base nos arts. 436 ao 438 do CCB. Os efeitos ultrapassam as partes que assinaram o contrato e favorecem um terceiro. O beneficiário apresenta-se em posição externa à relação contratual, podendo ser classificado como pessoa determinada ou indeterminada, dessa forma, exige-se a obrigação apenas das partes relacionadas no contrato, sem apresentar-se necessário o consentimento do favorecido. Ao estipulante se concede a faculdade de substituir a qualquer momento o favorecido, como por exemplo, a relação favorecida diante do seguro de vida. O beneficiário possui a opção de recusar a estipulação realizada em seu favor, completando a relação entre os três indivíduos somente na fase de execução do contrato, quando o beneficiário aceita o benefício.29. O que são vícios redibitórios? Qual seu regime jurídico? Explique. 
Vícios redibitórios são aplicados nos contratos de compra e venda, consequentemente ao direito comercial e ao consumidor. Tem a possibilidade da existência de um vício, que é um defeito, cujo comprador não tinha a consciência do vício quando efetivou o negócio. Podendo este vício, tornar-se o uso do bem impróprio ou até imprestável, podendo haver a diminuição do valor.  Em regra, se aplica aos contratos bilaterais, onerosos e comutativos. È importante diferenciar o vício redibitório, do erro (vício do negócio jurídico): enquanto no vício redibitório o defeito está na coisa, no erro a coisa é perfeita e o adquirente é quem a adquire por engano. O prazo para o vício redibitório é de 30 dias para bens móveis e um ano para bens imóveis. Para ocorrer o vício redibitório é preciso: vício oculto desconhecido do adquirente, o vício precisa ser grave a ponto de impedir o bom uso da coisa e deve existir no tempo do contrato. O adquirente, uma vez tendo descoberto o vício redibitório, tem duas alternativas: pedir a rescisão do contrato e exigir a devolução do valor pago, por meio de uma ação redibitória; ou ficar com a coisa e pedir o abatimento do preço, exigindo o valor proporcional mediante ação estimatória.
30. Qual o regime jurídico do contrato entre presente e entre ausentes? Explique. 
A relação contratual figurada entre presentes, se consiste no contato direto entre os indivíduos. Os contratantes apresentam vínculo contratual na ocasião não ocasionando a maiores complicações. Caso a proposta estipule um prazo, deverá ocorrer nas clausulas contratuais, caso não haja prazo estipulado, deverá ser considerado no contrato imediatamente. A relação contratual figurada entre ausentes (inter absentes) ocorre quando os contratantes não possuem contato direto, ocorrendo a comunicação por meio de outro meio, denominado indireto, ou seja, por carta, meio eletrônico, e entre outros. Dessa forma, a proposta contratual não é demonstrada de forma instantânea, aparentando um maior grau de complexidade, de modo que, o ofertante não possui conhecimento da proposta de imediato, dificultando o momento em que o acordo se considera concluso, desse modo, a doutrina propõe duas teorias, a Teoria da Cognição e a teoria da Agnição. Para a teoria da Cognição, o contrato somente possui formação quando o aceite chega ao conhecimento do proponente, desse modo, caso a resposta for apresentada externa ao caso (fora do prazo, com modificações) ocorrerá nova proposta. (CC, art. 431). A teoria da Agnição existe a necessita de que a resposta chegue ao conhecimento do proponente. Dela decorrem outras três sub-teorias: Teoria da declaração propriamente dita, deixa o conteúdo ao consentimento do aceitante, ou seja, o contrato só apresenta conclusão quando o aceitante comunica o aceite da proposta. A teoria da expedição, que se consiste na resposta não ser apenas redigida, como também expedida para figurar o acordo de vontade e a Teoria da recepção, em que se apresentem maiores exigências, ao aceitante não basta redigir e expedir a resposta, mas que a tenha recebido, sendo o contrato firmado quando o oblato obtiver conhecimento da resposta, ocorrendo apenas coseu recebimento. De acordo como art. 434 do CCB, o Brasil adota a teoria da Agnição, dispensando, portanto a teoria da Cognição. 
31. Considere a afirmação “No direito contratual brasileiro, a aceitação da proposta é caracterizada pelo envio da resposta com aceitação”. Examine a assertiva em relação à disciplina legal estabelecida pelo Código Civil vigente e discorra a respeito. 
A onerosidade excessiva acontece quando após a contratação, a prestação de uma das partes se torna extremamente vantajosa à outra, ocorrendo um desequilíbrio entre os contratantes. De acordo com o art. 478 do Código Civil, “nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação”. 
32. O que é lesão? Quais seus requisitos? 
“Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta…”. Ou seja, a lesão consiste em um vício, em que a desproporcionalidade existente entre as prestações do negócio jurídico em face do abuso de uma necessidade ou da inexperiência das partes causa a sua invalidade. A lesão trata dos seguintes requisitos: OBJETIVO (trata da desproporção estabelecida no contrato) e o SUBJETIVO (trata do abuso da necessidade ou da inexperiência de uma das partes).
33. Quais os requisitos para resolução por onerosidade excessiva? 
34. O que é o princípio da manutenção dos contratos? 
35. Aponte os requisitos para retratação e do distrato e discorra a respeito de cada um deles. 
36. Diferencie rescisão, resilição, resolução dos contratos, explicando o significado de cada um deles. 
37. Em face do caso abaixo, faça uma análise jurídica, tendo em vista as normas vigentes ao Direito Contratual. Caso 1 – “Na hipótese vertida nos autos, a CarHouse, revendedora/distribuidora exclusiva de veículos da marca Toyota, trava relações negociais com o fabricante dos veículos (ou com seu representante no Brasil), e, dentro das estratégias pré-definidas de escoamento da produção e maximização das vendas, não apenas ofereceu o plano consorcial ao consumidor ora recorrido, como também visava o benefício com o mesmo, visto que teria lucro com a venda dos seus automóveis ao grupo de consórcio. Para tanto, contava com a colaboração da empresa Sopoupe, que apesar de juridicamente independente, possuía uma relação de dependência/parceria com a concessionária, porquanto mantendo inclusive posto de vendas dentro do ponto comercial da apelante, onde eram realizadas as assembleias dos grupos de consórcio, sem qualquer ônus ou encargos atinentes à relação locatícia, com vistas a facilitar a aquisição dos veículos por consumidores”.2
	ATIVIDADES DE PESQUISA JURIDPRUDENCIAL
38. Rodrigo Xavier LEONARDO, 3 em levantamento realizado na Jurisprudência brasileira, considera ser possível identificar quatro orientações a respeito da função social do contrato: 
a) Relativização dos princípios clássicos dos contratos; 
b) Controle de cláusulas iníquas e abusivas; 
c) Controle da conduta das partes contratantes; 
d) Ponderação entre os valores econômicos e a justidade dos contratos.
Sobre o tema, busque dois julgados que tratem a respeito da aplicação da função social dos contratos, indique quais os fatos, qual a aplicação e analise se considera como adequada ou não a posição da decisão, explicando e justificando. 
39. Localize 03 (três) julgados, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (por meio do site www.tjsp.jus.br), que versem a respeito de contratos, sendo que um deve utilizar a palavra-chave “onerosidade excessiva”, o outro o termo “lesão” e, por fim, o último deve conter o termo “estipulação em favor de terceiros”.
Primeiro Julgado- onerosidade excessiva:
TJ-SP- 01005063920048260100 SP 0100506-39.2004.8.26.0100 ( TJ-SP)
Ementa: COMPRA E VENDA DE IMÓVEL A PRAZO. AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL POR ONEROSIDADE EXCESSIVA. I) Alegação de falta de fundamentação da sentença. Magistrada que apontou os fundamentos para o decreto de improcedência da ação. Afastamento. II) Exigibilidade de valor relativo à "diferença de andar" da unidade adquirida. Previsão contratual a respeito dessa diferença. Andares mais altos que exibem preços mais elevados. Amplo conhecimento da adquirente a respeito dessa diferença, concordando, inicialmente, com o seu pagamento. Comportamento contraditório, na espécie, inadmissível, bastando, per si, à improcedência da ação. III) Desnecessidade, na espécie, de apuração pericial sobre a origem da diferença. Afora previsãono contrato, percentual de acréscimo (12% do valor da unidade), que atende aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Ausência, na espécie, de indicação do percentual entendido como devido, buscando-se, simplesmente, o seu afastamento. Afastamento puro e simples que importa em enriquecimento sem causa da apelante. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA PRESERVADA. APELO DESPROVIDO.
Encontrado em: -39.2004.8.26.0100 (TJ-SP) Donegá Morandini 3ª Câmara de Direito Privado 02/08/2017 - 2/8/2017 01005063920048260100 SP 0100506
Segundo Julgado – lesão:
TJ-SP Apelação APL 00006441620118260338 SP 0000644-16.2011.8.26.0338 (TJ-SP)
Ementa: ACIDENTE DO TRABALHO. LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS, LESÕES COLUNARES E NO JOELHO. Comprovada a redução temporária da capacidade laborativa, em razão de doença proveniente do exercício profissional, de rigor a concessão do auxílio-doença acidentário. Art. 59 da Lei nº 8.213 /91. CORREÇÃO MONETÁRIA – Aplica-se o IPCA-E, nos termos do que o STF decidiu no RE nº 870.947, em 20/09/2017. JUROS DE MORA – A partir de 30/06/2009 deve ser aplicado o disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494 /97, com as alterações introduzidas pela Lei nº 11.960 /2009, nos termos do que o STF decidiu no RE nº 870.947, em 20/09/2017. PRECATÓRIO/RPV – Estipulações desnecessárias – Eventuais divergências de questões posteriores à conta de liquidação deverão ser apreciadas após o depósito.
Encontrado em: -16.2011.8.26.0338 (TJ-SP) Antonio Moliterno 17ª Câmara de Direito Público 01/11/2018 - 1/11/2018 Apelação APL 00006441620118260338 SP0000644
Terceiro Julgado – Estipulação de Terceiros:
TJ-SP – 10011112020158260408 SP 1001111-20.2015.8.26.0408 ( TJ-SP)
Emenda: APELAÇÃO – CONTRATO-SEGURO DE VIDA COLETIVO- ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR –DEVER DE INFORMAÇÃO- ASSUNÇÃO DE RISCO.- A informação adequada e clara é direito básico do consumidor, conforme art 6 º, III, do CDC. Estipulação em favor de terceiro – contrato de seguro coletivo contratado pela pessoa jurídica, instrumento que não elide o dever de informação imposto à seguradora perante os seguros / beneficiários; - Inadmissível pressumir a má-fé do segurado, ao qual não foi dada a oportunidade de notificar a seguradora da doença preexistente. Assunção do risco ( art. 766, do CC) pela seguradora, que não diligenciou pela constatação ( relatório / avaliação) da condição de saúde dos sócios da contratante, admitindo-os de forma indistinta e sem qualquer ressalva, tolerando questionário firmado por pessoa distinta do segurado;- Seguradora que assumiu o risco, demonstrada a boa-fé dos contratantes – cobertura securitária imposta nos exatos termos da avença; RECURSO PROVIDO.
Encontrado em: -20.2015.8.26.0408 (TJ-SP) Maria Lúcia Pizotti 30 ª Câmara de Direito Privado 25 / 08 / 2017 - 25 / 08 / 2017 10011112020158260408 SP 1001111
 40. Localize 03 (três) julgados, do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (por meio do site www.tjpr.jus.br), sendo que todos eles devem versam a respeito de revisão contratual. Um dos casos deve usar a palavra chave “resolução por função social dos contratos”. Outro caso deve usar a palavra chave “evicção”. 
1. RECURSO INOINADO. REVISÃO CONTRATUAL. SUPOSTA ABUSIVIDADE DE JUROS REMUNERATÓRIOS. 1. de acordo com o entendimento adotado porJuros remuneratórios: esta Turma Recursal, a taxa de juros mensal é considerada abusiva se for superior ao triplo da taxa média do mercado. RECURSO NÃO PROVIDO. Ante o exposto, esta 2ª Turma Recursal - DM92 resolve, por unanimidade dos votos, em relação ao recurso de ANDREIA PEREIRA RODRIGUES, julgar pelo (a) Com Resolução do Mérito - Não-Provimento nos exatos termos do vot (TJPR - 2ª Turma Recursal - DM92 - 0002938-93.2016.8.16.0160/0 - Sarandi - Rel.: James Hamilton de Oliveira Macedo - - J. 19.04.2017)(TJ-PR - RI: 000293893201681601600 PR 0002938-93.2016.8.16.0160/0 (Acórdão), Relator: James Hamilton de Oliveira Macedo, Data de Julgamento: 19/04/2017, 2ª Turma Recursal - DM92, Data de Publicação: 19/04/2017)
2. DECISÃO: Acordam os integrantes da 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso do autor (apelação 2) para determinar, em relação aos valores a serem restituídos (dos bens indevidamente apreendidos), a incidência de correção monetária pela variação do INPC a partir da data em que os objetos foram cotados (19/05/2010) e de juros de mora de 1% ao mês a partir da data da efetiva reintegração da ré na posse do veículo (15/01/2009) e por dar parcial provimento ao recurso da ré (apelação 1) para redistribuir a sucumbência. EMENTA: APELAÇÕES CÍVEIS - AÇÃO DE RESCISÃO E REVISÃO DE CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO E REPARAÇÃO DE DANOS - PEDIDO JULGADO PARCIALMENTE PROCEDENTE. RECURSO DA RÉ (APELAÇÃO 1): PEDIDO DE EXCLUSÃO DO DEVER DE DEVOLUÇÃO DO VALOR PAGO A TÍTULO DE VALOR RESIDUAL GARANTIDO (VRG) - IMPROCEDÊNCIA - POSSIBILIDADE DA DEVOLUÇÃO APÓS A EQUAÇÃO FINANCEIRA DO CONTRATO - RESP 1.099.212/RJ (RECURSO REPETITIVO); PRETENSÃO DE AFASTAMENTO DA CONDENDAÇÃO AO PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS - IMPROCEDÊNCIA - OBJETOS NÃO PERTENCENTES AO VEÍCULO APREENDIDOS NO MOMENTO DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE E NÃO RESTITUÍDOS AO AUTOR - DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO - DANOS MATERIAIS DEVIDOS; REPETIÇÃO DO INDÉBITO - CABIMENTO INDEPENDENTEMENTE DE PROVA DE ERRO OU QUALQUER CONDIÇÃO - OBRIGAÇÃO DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA DE RESTITUIR AO CONSUMIDOR O VALOR DOS OBJETOS ILEGALMENTE APREENDIDOS; PLEITO DE REDISTRIBUIÇÃO DA SUCUMBÊNCIA - PROCEDÊNCIA - DISTRIBUIÇÃO CONFORME AS PARCELAS DE VITÓRIA E DERROTA DAS PARTES. RECURSO DA RÉ PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO DO AUTOR (APELAÇÃO 2): PEDIDO DE EXCLUSÃO DA CAPITALIZAÇÃO DE JUROS - IMPROCEDÊNCIA NO CASO - NATUREZA DO CONTRATO QUE NÃO EXIGE CLÁUSULA A REGULAMENTAR TAL INCIDÊNCIA - IMPOSSIBILIDADE DE AFERIR SE HOUVE A ALEGADA COBRANÇA OU ALGUMA ABUSIVIDADE; PEDIDO DE DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA - IMPOSSIBILIDADE - LICITUDE DOS ENCARGOS COBRADOS NO PERÍODO DE NORMALIDADE CONTRATUAL - RESP 1061530/RS (RECURSO REPETITIVO); PLEITO DE REPARAÇÃO DE DANOS ADVINDOS DE EVICÇÃO E LUCROS CESSANTES - IMPROCEDÊNCIA - INCOMPATIBILIDADE DESSA PRETENSÃO COM O PEDIDO DE RESCISÃO DO CONTRATO DESDE A DATA DA PROPOSITURA DA AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE Nº 1791/2008; INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS PELA INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES - IMPROCEDÊNCIA - MORA CARACTERIZADA - EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO DA CREDORA; PRETENSÃO DE INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA E DE CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE OS DANOS MATERIAIS (VALOR DOS BENS INDEVIDAMENTE APREENDIDOS) A PARTIR DA DATA DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE DO BEM -PARCIAL PROCEDÊNCIA - RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL - JUROS DE MORA INCIDENTES DESDE A DATA DO EVENTO DANOSO - CORREÇÃO MONETÁRIA INCIDENTE DESDE A DATA DA COTAÇÃO DOS OBJETOS - SENTENÇA REFORMADA QUANTO A ESSE ASPECTO; PEDIDO DE CONDENAÇÃO DA RÉ POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - IMPROCEDÊNCIA - AUSÊNCIA DE DOLO OU CULPA GRAVE CAPAZ DE ELIDIR A PRESUNÇÃO DE BOA-FÉ PROCESSUAL; PRETENSÃO DE MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - PEDIDO PREJUDICADO.RECURSO DO AUTOR PARCIALMENTE PROVIDO. (TJPR - 17ª C.Cível - AC - 1440375-3 - Curitiba - Rel.: Rui Bacellar Filho - Unânime - - J. 29.06.2016) (TJ-PR - APL: 14403753 PR 1440375-3 (Acórdão), Relator: Rui Bacellar Filho, Data de Julgamento: 29/06/2016, 17ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1838 11/07/2016)
3. DECISÃO: ACORDAM os Excelentíssimos Senhores Magistrados integrantes da Sétima Câmara Cível, à unanimidade de votos, em conhecer e negar provimento ao recurso. EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL 1.411.305-6 DA VARA CÍVEL E DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE CASTRO. APELANTE: BV FINANCEIRA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO. APELADO: JOSÉ LUIZ PEREIRA. RELATOR: DES. FÁBIO HAICK DALLA VECCHIAEMENTAAPELAÇÃO CÍVEL. REVISÃO DE CONTRATO. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. REVISÃO DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS DO CONTRATO. PRINCÍPIO PACTA SUNT SERVANDA. MITIGAÇÃO QUANDOHOUVER ABUSIVIDADE NA COBRANÇA DOS VALORES CONTRATADOS. PRESERVAÇÃO RESOLUÇÃO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO E DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ CONTRATUAL. TARIFA DE SERVIÇOS DE TERCEIROS. ADMISSIBILIDADE ATÉ A DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA RESOLUÇÃO/CMN 3.954/2011, CONDICIONADA À PREVISÃO CONTRATUAL E À DISCRIMINAÇÃO DOS SERVIÇOS PRESTADOS, BEM COMO DO PROVEITO ECONÔMICO EM FAVOR DO CONSUMIDOR. INADMISSIBILIDADE NA ESPÉCIE. TARIFA DE REGISTRO DE CONTRATO. AUSÊNCIA DE AMPARO LEGAL. INADMISSIBILIDADE DA COBRANÇA. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. COBRANÇA INDEVIDA. DEVER DE RESTITUIR. ART. 876 DO CC. FORMA SIMPLES. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. Deve ser mitigada a força do princípio "pacta sunt servanda" sempre que o contrato apresentar abusividade ou favorecer em demasia um contratante em detrimento do outro. 22. A cobrança por serviços de terceiros é possível até a entrada em vigor da Resolução/CMN 3.954/2011, em 24/2/2011, desde que prevista em contrato e com a discriminação dos serviços prestados e do proveito econômico em favor do consumidor. 3. É inadmissível a cobrança da tarifa de registro de contrato, por não constar da Circular BACEN 3.371/2007, norma padronizadora expedida pelo Banco Central do Brasil.4. Verificada a cobrança indevida de valores, fica o credor obrigado a restituir o indébito, impondo-se a forma simples quando não caracterizada má-fé. 5. Recurso conhecido e não provido. (TJPR - 7ª C.Cível - AC - 1411305-6 - Castro - Rel.: Fábio Haick Dalla Vecchia - Unânime - - J. 27.10.2015) (TJ-PR - APL: 14113056 PR 1411305-6 (Acórdão), Relator: Fábio Haick Dalla Vecchia, Data de Julgamento: 27/10/2015, 7ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1701 01/12/2015).
41. Localize 03 (três) julgados, do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (pelo site www.tjmg.jus.br), sendo que todos eles devem versar a respeito de revisão contratual. Um dos casos deve usar a palavra chave “resolução por onerosidade excessiva”. Outro caso deve usar a palavra chave “pacta sunt servanda”. 
REVISÃO CONTRATUAL
1.0051.15.001277-4/001(2) 
0729194-11.2016.8.13.0000 
Relator: Des.(a) LUIZ ARTUR HILÁRIO 
Data da decisão: 31/10/2018 
Data da publicação: 13/11/2018 
Decisão: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO-CV Nº 1.0051.15.001277-4/001 - COMARCA DE BAMBUÍ - AGRAVANTE(S): BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S/A - AGRAVADO(A)(S): ROSIMERE MARTINS MENDES 
DECISÃO MONOCRÁTICA 
Vistos. 
Trata-se de agravo de instrumento com pedido de efeito suspensivo interposto contra decisão proferida pelo MM. Juiz de Direito da Vara Única da Comarca de Bambuí que, nos autos da ação revisional de contrato bancário movida por BANCO BRADESCO FINANCIAMNETOS S/A em face de ROSIMERE MARTINS MENDES, deferiu a retirada do nome da autora dos cadastros de inadimplentes. 
Em suas razões recursais, a agravante sustenta em suma, que a decisão agravada deve ser reforma, visto que se encontra em total inobservância do que preceitua o enunciado de súmula nº. 380, do STJ, assim, como que os depósitos dos valores tidos como incontroversos são insuficientes. 
Pleiteou a concessão de efeito suspensivo que não foi analisado de plano, tendo em vista discussão inicial acerca de intempestividade, discussão já sanada, conforme decisão de fls. 244. 
Apresentada resposta ao recurso interposto no documento de ordem 29, em veemente rebate ao inconformismo da agravante. 
Decido. 
Nos termos do Artigo 932, CPC/15, poderá o relator não conhecer do recurso, negando-lhe seguimento, quando for inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida. 
Sobre o tema manifesta-se Humberto Theodoro Júnior: 
"No entanto, o Código lhe atribui, em alguns casos, o poder de decidir, em julgamento singular, valendo seu ato como decisão do Tribunal, tanto em matéria de preliminar como de mérito.251 Essas eventualidades são a seguir expostas. Em qualquer tipo de recurso, o relator pode, de acordo com o art. 932: 
(a) por motivo de ordem processual: não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida (inciso III); 
(b) por motivo de mérito: negar provimento a recurso que for contrário a (inciso IV): 
(i) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; 
(ii) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência. 
Nas hipóteses da letra b, basta a existência de súmula nos moldes comuns do STF ou de algum outro Tribunal Superior, bem como o entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas. Aliás, até mesmo a simples configuração de jurisprudência dominante naqueles Tribunais Superiores ou no próprio Tribunal de origem, em sentido contrário ao defendido pelo recorrente, será suficiente para autorizar o seu improvimento por decisão singular do relator. 
Em qualquer tipo de recurso, o relator pode, de acordo com o inciso V do art. 932,252 dar-lhe provimento se a decisão recorrida for contrária a: 
(a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; 
(b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; 
(c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência. 
Já aqui, o novo CPC inovou ao permitir que a decisão singular que provê o recurso se torne viável também se restar demonstrado que o julgamento recorrido contiver contradição com súmula dos Tribunais de 2º grau. A norma em questão, ao prestigiar a jurisprudência sumulada, não tem como escopo criar, propriamente, o caráter vinculante da súmula jurisprudencial, mas, sim, o propósito de simplificar a tramitação do recurso, propiciando sua solução pelo próprio relator. Na verdade, deve ser entendida apenas como regra autorizativa de decisão singular em segundo grau de jurisdição, nas condições que especifica. 
(Humberto Theodoro Junior. Curso de Direito Processual Civil. Vol. III. 47ª ed. Ed.Forense. Rio de Janeiro. 2016)". 
Extrai-se, do exposto, que o recurso poderá ser julgado monocraticamente quando a matéria suscitada para o Tribunal "ad quem" já tiver entendimento consolidado nos tribunais superiores, tais como julgamento exarado pela Excelsa Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça. 
Analisadas as questões debatidas no presente recurso, observa-se que o agravante pretende ver reformada a decisão interlocutória que determinou a retirada do nome da Autora dos cadastros de inadimplentes, em razão de pedido de depósito judicial e caução dos valores relacionados ao contrato. 
Contudo, a ora agravada requereu o pagamento em valor que entendia devido, conforme se atém da exordial da ação de revisional. 
O d. juiz, consoante se verifica de despacho de fls. 13-TJ, concedeu o pedido determinando, todavia, que o depósito não fosse realizado em valor inferior ao total das parcelas contratadas pelas partes, valor controverso. 
Após, proferiu a decisão de fls. 12-TJ, agravada, autorizando a retirada do nome da autora dos cadastros de inadimplentes. 
Porém, verifico dos autos que o valor das parcelas perfaz o montante de R$792,46, além de saldo devedor, superior aos valores requeridos para depósito e caução, conforme fls. 36-TJ, 42-TJ e 44-TJ. 
Não obstante, existe posicionamento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça no seguinte sentido. 
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL. RETIRADA DO NOMEDOS CADASTROS DE INADIMPLENTES ENQUANTO PENDE REVISIONAL. DEPÓSITO JUDICIAL DO VALOR INCONTROVERSO. § 2º, ART. 330 CPC . IMPOSSIBILIDADE. SOMENTE O DEPÓSITO INTEGRAL DAS PARCELAS VENCIDA E VINCENDAS PODE TER O CONDÃO DE IMPEDIR O PROTESTO DE PROTESTO PARA DESCONSTITUIR A MORA. AGRAVO IMPROVIDO. Nas ações revisionais de contrato de empréstimo ou de alienação fiduciária para aquisição de bem, o usuáriodeve efetuar o pagamento das prestações pactuadas, até decisão final do processo, como forma de legitimar a continuidade da sua posse sobre o bem e a vedação à restrição cadastral. Perfeita a decisão que condiciona a manutenção da posse do bem ao devedor fiduciário e vedação da inscrição do seu nome nos cadastros restritivos ao depósito judicial das parcelas nos valores contratados. O simples ajuizamento de ação revisional não descaracteriza a mora, nem mesmo quando o reconhecimento de abusividade incidir sobre os encargos inerentes ao período de inadimplência contratual. Precedentes. Se o depósito judicial é do valor incontroverso e não do valor integral, não há o que s e falar em descaracterização da mora e, portanto, de impedimento de protestar os títulos. Recurso parcialmente provido. (Classe: Agravo de Instrumento nº 0016201-62.2017.8.05.0000, Relator (a): Ivanilton Santos da Silva, Terceira Câmara Cível, Publicado em: 27/04/2018) 
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - REVISÃO CONTRATUAL - CLÁUSULAS ABUSIVAS - NÃO COMPROVAÇÃO - PAGAMENTO DO VALOR INCONTROVERSO - DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA - IMPOSSIBILIDADE. 
- A mera propositura de Ação Revisional, em que se conteste o débito, não tem o condão de descaracterizar a mora do devedor (Súmula380/STJ), fazendo-se necessário, para tal, em sede de decisões antecipatórias ou cautelares, a presença dos seguintes elementos: (i) contestação, total ou parcial, do débito, (ii) plausibilidade jurídica do direito invocado estribada em jurisprudência desta Corte ou do STF e (iii) depósito de parte incontroversa do débito ou prestação de caução idônea. (Agravo de Instrumento nº 1.0000.18.074573-9/001, Relator: Des. Pedro Aleixo, Data da publicação da súmula: 20/09/2018). 
A inexistência da mora deverá ser comprovada pela pontualidade do pagamento das parcelas contratadas, e conforme valores previstos no instrumento, o que afasta a pretensão de depósito em juízo de parcelas no montante em que o devedor entende devido, já que tal pretensão se equivale a consignação em pagamento não obrigando o credor a receber quantia diversa daquela pactuada (art. 313, CC/02). 
No mesmo sentido, o valor das parcelas elaborado de modo unilateral, segundo critério que o devedor entende correto e sem participação do contraditório, não se traduz em montante incontroverso, exigindo-se, para tanto, dilação probatória, inclusive com produção de prova técnica. 
Este posicionamento que exige o pagamento do montante contratado e na forma como pactuada no instrumento refletem orientação da jurisprudência dominante do TJMG, bem como dos tribunais superiores. 
A própria Lei 12.810/2013, ao acrescentar o art. 285-B, § único, CPC, exigiu do demandante que "o valor incontroverso deverá continuar sendo pago no tempo e modo contratados." 
No mesmo sentido, sabe-se que a simples propositura da ação de revisão contratual não é suficiente para descaracterizar a mora, conforme ressaltado na súmula 380 do STJ ao asseverar que "a simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização da mora do autor.". 
Como referido, apenas o pagamento feito diretamente ao credor, ao tempo e modo contratados, será capaz de afastar a mora e atribuir verossimilhança às alegações do devedor para que lhe seja concedida tutela antecipada para impedir o registro de seu nome em órgão de proteção ao crédito ou o ajuizamento de ação de busca e apreensão do veículo objeto de financiamento, sendo esta a orientação da jurisprudência do TJMG, STJ, e demais precedentes normativos. 
Desse modo, observa-se que a decisão atacada é manifestamente contrária ao entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça, violando o princípio da universalidade/indivisibilidade do juízo falimentar, o que leva, assim, a necessidade de reforma da decisão. 
Diante de todas as considerações expostas, DOU PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO, nos termos do art. 932, V, CPC/15, para, reformando a decisão atacada, de forma que uma vez caracterizada a mora, não obsta a possibilidade de inclusão do nome da ora agravada nos cadastros de inadimplentes. 
Intime-se. Publique-se. 
Belo Horizonte, 31 de outubro de 2018. 
DES. LUIZ ARTUR HILÁRIO 
Relator 
REVISÃO CONTRATUAL “RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA”
1.0000.17.107628-4/001(1) 
5002703-03.2015.8.13.0114 
Relator: Des.(a) SÉRGIO ANDRÉ DA FONSECA XAVIER 
Data da decisão: 19/12/2017 
Data da publicação: 13/12/2017 
Decisão: 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS - PRELIMINAR DE INÉPCIA DA INICIAL - REJEIÇÃO. PRELIMINAR DE INOVAÇÃO RECURSAL PARCIAL - ACOLHIMENTO. APLICABILIDADE DOS PRECEITOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA - PREVALÊNCIA COMO ÚNICO ENCARGO DE MORA E AGREGANDO OS JUROS REMUNERATÓRIOS IGUAIS AOS DA FASE DE NORMALIDADE, OS JUROS DE MORA E A MULTA. SENTENÇA MANTIDA. 
1 - Estando atendidos os requisitos do art. 319 do CPC/15 e considerando que o contrato em análise veio aos autos sob as garantias do contraditório e da ampla defesa, não há se falar em indeferimento da inicial. 
2 - O recurso de apelação aviado, em parte, apresenta razões dissociadas da sentença, contendo fundamentos relacionados aos juros remuneratórios da normalidade e restituição dobrada do indébito, não ventilados dentre os pedidos iniciais, consequentemente, não há como ser conhecido nestes tópicos. 
3 - Aplicam-se à hipótese dos autos os preceitos do Código de Defesa do Consumidor, sendo esta a pacífica orientação jurisprudencial, sedimentada no enunciado da Súmula nº. 297 do Superior Tribunal de Justiça. 
4 - Nos termos da Súmula nº. 472 do STJ, "A cobrança de comissão de permanência - cujo valor não pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato - exclui a exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da multa contratual." 
APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0000.17.107628-4/001 - COMARCA DE IBIRITÉ - APELANTE(S): BANCO DO BRASIL SA - APELADO(A)(S): TEREZINHA LUCIA CHAVES 
DECISÃO MONOCRÁTICA 
Trata-se de ação ordinária de revisão contratual ajuizada por TEREZINHA LÚCIA CHAVES em face de BANCO DO BRASIL S/A, alegando que, em agosto de 2009, celebrou contrato de mútuo para a aquisição de um veículo Fiat Pálio, mediante a emissão de uma cédula de crédito bancário, comprometendo-se a pagar uma entrada e mais 57 parcelas de R$580,66. 
Ressaltou que se aplica ao presente caso a legislação consumerista; que a comissão e permanência deve prevalecer como único encargo de mora, limitada à soma dos encargos remuneratórios e moratórios contratados, a teor da Súmula nº. 472 do STJ; que é abusiva e deve ser decotada a tarifa de cadastro. 
Ao final, foi pela procedência dos pedidos, com a revisão dos mencionados dispositivos contratuais, e a condenação da apelada à restituição simples do indébito referente à tarifa de cadastro. 
Juntou documentos de nº. 02 a 12. 
Adoto o relatório da sentença, documento nº. 36, acrescentando que o MM. Juiz de Direito "a quo" julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais, limitando a comissão de permanência nos termos da Súmula nº. 472 do STJ e determinando a compensação do indébito no saldo devedor. Houve, ainda, a condenação recíproca nos ônus sucumbenciais, suspensa a exigibilidade em desfavor da autora/apelada, por litigar sob o pálio da assistência judiciária gratuita. 
Nas razões de apelação, documento nº. 39, o Banco apelante suscita preliminar de inépcia da inicial, por entender que a causa de pedir é genérica e porque da narração dos fatos não decorreria logicamente um pedido certo e determinado. Diz que faltam à inicial documentos indispensáveis à propositura da ação, especialmente o contrato que pretende revisar, e que não restaram devidamente declinadas as obrigações controvertidas e tampouco a quantificação do valor incontroverso, art. 330, §2º do CPC/15. 
No mérito, aduz que não se aplica ao presente caso a legislação consumerista e que, por consequência, não há que se falar em inversão do ônus da prova. 
O pleito inaugural é uma tentativa da apeladade livrar-se de obrigações livremente assumidas e em contratos regrados pelo BACEN e pelo CMN. 
Enaltece seus atributos de idoneidade e tradição. 
Discorre sobre a liberdade de contratar e a pacta sunt servanda. 
Defende a prevalência dos juros remuneratórios pactuados. 
Embora haja previsão contratual de cobrança de comissão de permanência em caso de inadimplemento, somente está cobrando juros de mora e correção monetária pela TR. 
Não há abusividades ou ilegalidades a serem dirimidas, indagando qual seria o parâmetro para se aferir o pretenso excesso. 
É lícita a cobrança da comissão de permanência, desde que não cumulada com a correção monetária, entretanto, o contrato prevê sua incidência de forma alternativa, isto quando não se aplicar correção. 
Refuta a restituição dobrada do indébito. 
Por fim, é pelo provimento do recurso, com a improcedência dos pedidos inaugurais. 
Em contrarrazões, documento nº. 43, a apelada bate-se pela manutenção da sentença atacada. 
É o relatório. 
DA PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO PARCIAL DO RECURSO 
Suscito, de ofício, preliminar de não conhecimento parcial do apelo, por inépcia da peça recursal, diante da ausência de pressuposto intrínseco de admissibilidade. 
O fato é que o recurso de apelação aviado, em parte, apresenta razões dissociadas da sentença, trazendo fundamentos relacionados aos juros remuneratórios da normalidade e restituição dobrada do indébito, não ventilados dentre os pedidos iniciais. 
Com efeito, conclui-se que o apelante, nestes pontos, não ataca os fatos e fundamentos da sentença e apresentam pedido inovador, em desacordo com o disposto no art. 1.014 do Código de Processo Civil, que é bem claro: 
Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. 
Nesse sentido, a jurisprudência deste Tribunal: 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL - INOVAÇÃO RECURSAL - VEDAÇÃO - NÃO CONHECER DE PARTE DO APELO - CERCEAMENTO DE DEFESA - AUSÊNCIA - APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - COMISSÃO DE PERMANÊNCIA - CUMULAÇÃO COM OUTROS ENCARGOS DE MORA - VEDAÇÃO. É vedada a inovação em sede recursal, não se podendo recorrer do que não foi objeto de discussão e decisão em primeira instância. O Juiz é o destinatário da prova e a ele cabe indeferir aquelas que não forem úteis ao julgamento do processo. A matéria discutida nos autos é essencialmente de direito e não demanda dilação probatória. Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor aos contratos bancários (Súmula nº 297, do STJ), sendo possíveis a sua revisão e o afastamento das cláusulas abusivas. É vedada a cumulação da cobrança de comissão de permanência com outros encargos da mora. (TJMG - Apelação Cível 1.0016.14.005138-0/001, Relator(a): Des.(a) Edison Feital Leite , 15ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 25/08/2016, publicação da súmula em 02/09/2016) 
Consequentemente, quanto aos pedidos recursais alusivos aos juros remuneratórios e à restituição dobrada do indébito, deixo de conhecê-los, pois que em evidente inovação recursal. 
Nos demais tópicos, conheço do apelo, presentes os pressupostos de admissibilidade. 
DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
A partir da análise da relação jurídica existente entre as partes, é possível verificar que a instituição financeira enquadra-se no conceito de fornecedor de produtos e serviços, constante do art. 3º do Diploma Consumerista. Segundo o referido dispositivo legal: 
"serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária." 
A apelada, por sua vez, figura como destinatária final dos serviços bancários fornecidos, aplicando-se a ela a definição de consumidora, nos termos do art. 2º do CDC. 
Nesse contexto, incidem os preceitos do Código de Defesa do Consumidor, sendo esta a pacífica orientação jurisprudencial, sedimentada no enunciado da Súmula nº. 297 do Superior Tribunal de Justiça, in verbis: 
"O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras." 
No mesmo sentido, confiram-se os seguintes acórdãos deste Tribunal: 
"REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO - APLICAÇÃO DO CDC - JUROS REMUNERATÓRIOS - ABUSIVIDADE - NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO INEQUÍVOCA - AUSÊNCIA - RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO I - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras, ut Súmula 297, STJ. (...)." (TJMG - Apelação Cível 1.0701.12.029691-1/003, Relator(a): Des.(a) Mota e Silva , 18ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 09/12/2014, publicação da súmula em 11/12/2014) 
"EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. POSSIBILIDADE DO PEDIDO REVISIONAL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. APLICABILIDADE. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DE CLÁUSULAS E ABUSIVIDADE DE ENCARGOS CONTRATUAIS. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO A 12% AO ANO. IMPOSSIBILIDADE. TAXA SUPERIOR A UMA VEZ E MEIA ÀQUELA PRATICADA PELO MERCADO. ILEGALIDADE. DANO MORAL. NÃO OCORRÊNCIA. I - Aos contratos bancários aplica-se a legislação consumerista, nos termos do enunciado de súmula 297 do STJ, sendo, portanto, possível a revisão de cláusulas reputadas ilegais e abusivas. II - Conforme a jurisprudência há muito pacificada nos Tribunais pátrios, as instituições financeiras não estão sujeitas à limitação das taxas de juros remuneratórios prevista no Decreto nº 22.626/33. III - A abusividade dos juros remuneratórios constantes em contratos de crédito firmados com instituições financeiras depende da demonstração inequívoca de serem eles superiores uma vez e meia às taxas médias praticadas no mercado. Precedente do STJ. IV - (...)." (TJMG - Apelação Cível 1.0024.12.073959-4/001, Relator(a): Des.(a) Leite Praça , 17ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 20/11/2014, publicação da súmula em 02/12/2014) 
Fixada a aplicabilidade das normas relativas ao microssistema de defesa do consumidor, vez que demonstrada a existência de verdadeira relação de consumo, mostra-se viável a revisão do teor das cláusulas do contrato firmado entre as partes, desde que evidenciado o desequilíbrio nas obrigações assumidas, independentemente da ocorrência de fato imprevisível ou inevitável. Bem de ver-se que, nos termos do art. 6º, V, c/c art. 51, IV, do CDC, são nulas de pleno direito e passíveis de revisão as obrigações contratuais desproporcionais ou excessivamente onerosas ao consumidor. 
Sobre o tema, leciona Cláudia Lima Marques: 
"A norma do art. 6º do CDC avança ao não exigir o fato superveniente seja imprevisível ou irresistível, apenas exige a quebra da base objetiva do negócio, a quebra de seu equilíbrio intrínseco, a destruição da relação de equivalência entre prestações, ao desaparecimento do fim essencial do contrato. Em outras palavras, o elemento autorizador da ação modificadora do Judiciário é o resultado objetivo da engenharia contratual, que agora apresenta a mencionada onerosidade excessiva para o consumidor, resultado de simples fato superveniente, fato que não necessita ser extraordinário, irresistível, fato que podia ser previsto e não foi." (Contratos no Código de Defesa do Consumidor, 4ª ed, São Paulo: RT, 2002, p. 783). 
Deve ser salientado, todavia, que somente podem ser revistas pelo Judiciário as cláusulas expressamente impugnadas pelo consumidor. É vedado ao julgador - sob pena de ofensa ao princípio dispositivo (art. 2º, CPC) - atuar de ofício, revisando dispositivos contratuais não questionados. Nesse sentido, o enunciado da Súmula nº. 381 do STJ: 
"Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas." 
DA PRELIMINAR DE INÉPCIA DA INICIAL 
O apelante suscita preliminar de inépcia da inicial, por entender que a causa de pedir é genérica e confusa e porque da narração dos fatos não decorreria logicamente um pedido certo e determinado. Diz que faltam à inicial documentos indispensáveis à propositura da ação, especialmente o contrato que pretenderevisar, e que não restaram devidamente declinadas as obrigações controvertidas e tampouco quantificado o valor incontroverso, art. 330, §2º do CPC/15. 
Da análise da peça de ingresso, vê-se que os pedidos não são genéricos e a autora/apelada bem discriminou as cláusulas do contrato que pretendia revisar, fazendo pedidos certos e determinados. Consequentemente, encontram-se atendidas as exigências do art. 319 do CPC/15, a saber: 
Art. 319. A petição inicial indicará: 
I - o juízo a que é dirigida; 
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
IV - o pedido com as suas especificações; 
V - o valor da causa; 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; 
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. 
Destarte, como o pedido é ilíquido e, por hora, não é possível mensurar o valor a ser abatido - o que poderá inclusive exigir liquidação por arbitramento - não há que se falar em exigir a quantificação do incontroverso. 
Sobre o ponto, vejamos a jurisprudência deste Tribunal: 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - REVISIONAL DE CONTRATO - ARTIGO 285-B DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - INDEFERIMENTO DA INICIAL - IMPOSSIBILIDADE. Se a petição inicial preenche os requisitos previstos nos artigos 282 e 283 do CPC, não há o que se falar em inépcia da inicial. Havendo a parte autora apontado de forma específica os encargos contratuais que pretende controverter e requerido a exibição incidental do contrato, não sendo possível, em principio, a quantificação do valor incontroverso, a petição inicial está de acordo com o que dispõe o artigo 285-B, do CPC, e não pode indeferida. (TJMG - Apelação Cível 1.0024.13.265167-0/001, Relator(a): Des.(a) Edison Feital Leite , 15ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 07/07/2016, publicação da súmula em 15/07/2016) 
Cumpre frisar que o MM. Juiz "a quo" bem lembrou que, ao menos no pedido alusivo à comissão de permanência, não houve pleito de restituição na forma simples ou dobrada, não se fazendo necessário, ao menos nessa fase, a quantificação prévia determinada no art. 330, §2º do CPC/15. 
Mais a mais, o Banco trouxe aos autos o contrato que é objeto de discussão nos presentes autos, documento nº. 10, o qual foi submetido ao contraditório e à ampla defesa, pelo que despiciendo, mais uma vez, falar-se em inépcia, mormente diante do novo CPC que enaltece o princípio da primazia do julgamento de mérito. 
Assim, REJEITO a preliminar de inépcia da inicial. 
DOS ENCARGOS DE MORA 
Quanto aos encargos moratórios, deve ser ressaltado que a comissão de permanência se destina a remunerar a instituição financeira pela disponibilização do capital ao mutuário, durante o prazo que a contratante permanecer inadimplente. Ela exerce, na realidade, a função dos juros compensatórios, durante o período de anormalidade. 
Neste sentido, eis os ensinamentos de Romualdo Wilson Cançado: 
"Os juros compensatórios são os mesmos juros contratuais, só que passam a ser remuneratórios do capital retido pelo mutuário após o vencimento da obrigação. Esses juros são também chamados, pelo mercado financeiro, de comissão de permanência, e por alguns autores, de juros remuneratórios, ou, ainda, de juros convencionais." (Juros. Correção Monetária. Danos Financeiros Irreparáveis. Belo Horizonte: Del Rey, 2003, 3. ed., p. 160-161) 
Através do enunciado da Súmula nº. 294, o Superior Tribunal de Justiça havia uniformizado o entendimento segundo o qual "não é potestativa a cláusula contratual que prevê a comissão de permanência, calculada pela taxa média de mercado apurada pelo Banco Central do Brasil, limitada à taxa do contrato". 
No julgamento do Recurso Especial n. 1.058.114/RS, de relatoria do Min. João Otávio de Noronha, apreciado sob a ótica de recurso repetitivo, o aludido entendimento foi alterado pela referida Corte Superior, que passou a entender que a comissão de permanência não estaria limitada apenas à taxa de juros remuneratórios, mas à soma dos juros pactuados para a normalidade e dos demais encargos previstos para o período do inadimplemento. 
Confira-se: 
"DIREITO COMERCIAL E BANCÁRIO. CONTRATOS BANCÁRIOS SUJEITOS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. VALIDADE DA CLÁUSULA. VERBAS INTEGRANTES. DECOTE DOS EXCESSOS. PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS. ARTIGOS 139 E 140 DO CÓDIGO CIVIL ALEMÃO. ARTIGO 170 DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO. 
1. O princípio da boa-fé objetiva se aplica a todos os partícipes da relação obrigacional, inclusive daquela originada de relação de consumo. No que diz respeito ao devedor, a expectativa é a de que cumpra, no vencimento, a sua prestação. 
2. Nos contratos bancários sujeitos ao Código de Defesa do Consumidor, é válida a cláusula que institui comissão de permanência para viger após o vencimento da dívida. 
3. A importância cobrada a título de comissão de permanência não poderá ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios PREVISTOS NO CONTRATO, ou seja: a) juros remuneratórios à taxa média de mercado, não podendo ultrapassar o percentual contratado para o período de normalidade da operação; b) juros moratórios até o limite de 12% ao ano; e c) multa contratual limitada a 2% do valor da prestação, nos termos do art. 52, § 1º, do CDC. 
4. Constatada abusividade dos encargos pactuados na cláusula de comissão de permanência, deverá o juiz decotá-los, preservando, tanto quanto possível, a vontade das partes manifestada na celebração do contrato, em homenagem ao princípio da conservação dos negócios jurídicos consagrado nos arts. 139 e 140 do Código Civil alemão e reproduzido no art. 170 do Código Civil brasileiro. 
5. A decretação de nulidade de cláusula contratual é medida excepcional, somente adotada se impossível o seu aproveitamento. 
6. Recurso especial conhecido e parcialmente provido." (Destaquei) (STJ - 2ª Seção, REsp 1.058.114/RS, Relatora Ministra NANCY ANDRIGHI, Relator p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, in DJe de 16.11.2010) 
A matéria foi definitivamente pacificada, em junho de 2012, com a edição da súmula n. 472 pela Segunda Seção do STJ, in verbis: 
"A cobrança de comissão de permanência - cujo valor não pode ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato - exclui a exigibilidade dos juros remuneratórios, moratórios e da multa contratual." 
Extrai-se da cláusula 20 da avença, documento nº. 27, que o inadimplemento, por parte do mutuário, implica na cobrança de: a) COMISSÃO DE PERMANÊNCIA à taxa de mercado, conforme faculta a Resolução nº. 1.129, de 15.05.1986, do Conselho Monetário Nacional; b) JUROS MORATÓRIOS à taxa de 1% a.a. (um por cento ao ano); e c) MULTA de 2% (dois por cento). 
 É importe destacar, outrossim, que o inadimplemento do contrato pelo mutuário autoriza a incidência de juros remuneratórios no período da anormalidade, que deverão ser limitados à taxa prevista para a normalidade. Sobre o tema, eis o enunciado da Súmula nº. 296 do STJ: 
"Os juros remuneratórios, não cumuláveis com comissão de permanência, são devidos no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil, limitada ao percentual contratado." 
Nesse contexto, andou bem o MM. Juiz "a quo" ao definir a incidência da comissão de permanência como único encargo de mora, e que, nos termos da Súmula nº 472 do STJ, os juros remuneratórios, durante o inadimplemento, antes fixados em índices aleatórios (taxa de mercado), sejam igualados aos da fase de normalidade, de 2,24% a.m, somados aos juros de mora de 1% ao ano e à multa de 2%, todos dentro dos limites legais. 
Assim, na espécie, não há qualquer abusividade nos encargos de mora, devendo, neste capítulo, a sentença ser mantida semreparos, para que prevaleça, como encargo único de mora, a comissão de permanência e que esta seja limitada à soma dos juros remuneratórios de 2,24% a.m., aos juros de mora de 1% ao ano e à multa de 2%. 
Ante o exposto, com fulcro no art. 932, IV, 'a' do CPC/15, REJEITO PRELIMINAR DE INÉPCIA DA INICIAL e NEGO PROVIMENTO ao recurso, MONOCRATICAMENTE, mantendo na íntegra a sentença fustigada. 
Mantenho as custas processuais como definidas em 1º grau, custas recursais pelo apelante e, nos termos do art. 85, §11 do CPC/15, majoro s honorários advocatícios devidos pelo apelante para R$800,00, suspensa a exigibilidade por litigar sob o pálio da assistência judiciária gratuita. 
Belo Horizonte, 19 de dezembro de 2017. 
DES. SÉRGIO ANDRÉ DA FONSECA XAVIER 
Relator 
REVISÃO CONTRATUAL “PACTA SUNT SERVANDA”
1.0251.12.002809-6/004(1) 
0028096-94.2012.8.13.0251 
Relator: Des.(a) SÉRGIO ANDRÉ DA FONSECA XAVIER 
Data da decisão: 24/08/2018 
Data da publicação: 29/08/2018 
Decisão: 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS - COMISSÃO DE PERMANÊNCIA - ADEQUAÇÃO - SÚMULA Nº. 472 DO STJ - RESTITUIÇÃO SIMPLES DO INDÉBITO - ÔNUS SUCUMBENCIAIS REVISTOS. 
1 - Aplicam-se à hipótese dos autos os preceitos do Código de Defesa do Consumidor, sendo esta a pacífica orientação jurisprudencial, sedimentada no enunciado da Súmula nº. 297 do Superior Tribunal de Justiça. 
2 - A Súmula nº. 472 do STJ consigna que a cobrança de comissão de permanência é legítima desde que não seja cumulada com outros encargos de mora e que o seu valor não ultrapasse a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato. 
3 - Verificada a incidência de encargos indevidos pela instituição financeira decorrente da cobrança indevida de encargos moratórios, tais valores deverão ser extirpados e restituídos, de forma simples, ao mutuário, ou abatidos do saldo devedor. 
4 - Os ônus de sucumbenciais devem espelhar, por medida de justiça, o percentual de derrota de cada parte. 
Apelação Cível Nº 1.0251.12.002809-6/004 - COMARCA DE Extrema - 1º Apelante: JOÃO ANTONIO DE VASCONCELOS - 2º Apelante: BANCO BRADESCO S/A - Apelado(a)(s): JOÃO ANTONIO DE VASCONCELOS, BANCO BRADESCO S/A 
DECISÃO MONOCRÁTICA 
Cuida-se de ação revisional de contrato c/c declaratória de nulidade de cláusulas ajuizada por JOÃO ANTÔNIO DE VASCONCELOS em face de HSBC BANK BRASIL S/A - BANCO MÚLTIPLO, posteriormente substituído por BANCO BRADESCO S/A, alegando que firmou contrato de mútuo com cláusula de alienação fiduciária para aquisição de um veículo GM Prisma Joy ano 09/10, refutando a cobrança de juros capitalizados, bem como a incidência de tarifas TAC, TEC, de serviços de terceiros, de cadastro, de registro de contrato e de avaliação, IOF e custos de cobrança. Em igual medida, rejeita a incidência da comissão de permanência cumulada com outros encargos moratórios, propondo, também, retificação da cláusula rescisória, que confere direitos apenas ao Banco, sem a devida paridade. 
Pugnou, liminarmente, pela inversão do ônus da prova, abstenção de inclusão do seu nome dos cadastros de inadimplentes e exibição do contrato, autorizando-se o depósito do valor incontroverso das parcelas e a consequente manutenção na posse do bem. 
Ao final, foi pela procedência dos pedidos, com a revisão dos mencionados dispositivos contratuais, e a restituição dobrada do indébito. Pugnou, ainda, pela concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita. 
Juntou documentos, f. 18/28. 
Adoto o relatório da sentença de f. 115/116, acrescentando que o MM. Juiz singular julgou parcialmente procedentes os pedidos, com o seguinte dispositivo: 
Houve o acolhimento de ED's, f. 222-V/TJ, para determinar a restituição dobrada do indébito. 
Em suas razões, f. 213/222/TJ, o 1º apelante reitera a incidência do CDC, pede que seja cassada a sentença e reaberta a instrução - com o acolhimento do pedido de exibição incidental do contrato - e, no mérito, que sejam julgados procedentes os pedidos iniciais, com a condenação da contraparte nos ônus de sucumbência. 
Nas razões do 2º recurso, f. 140/147, o BANCO BRADESCO S/A afirma a inexistência de onerosidade excessiva e defende a legalidade do contrato de adesão, com a prevalência da pacta sunt servanda, da autonomia da vontade e a inaplicabilidade, in casu, da "Teoria da Lesão Enorme". 
Reputa aplicável o diploma consumerista. 
Diz que, ao contrário do afirmado pelo MM. Juiz, não houve a cumulação indevida da comissão e permanência com outros encargos moratórios, e que, caso seja devida alguma restituição, deverá se dar na forma simples, sem a incidência da dobra do art. 42 do CDC. 
Pede, ainda, que as custas e honorários de sucumbência reflitam a efetiva perda, sendo que, na sentença, somente decaiu de um dentre os vários pedidos, embora os referidos consectários legais tenham sido rateados em igual proporção. 
Não foram apresentadas contrarrazões, f. 243-v/TJ. 
É o relatório. 
DA DESERÇÃO DO 1º RECURSO 
Conforme decisão de f. 248/TJ, consignou-se que o 1º apelante não está amparado pela assistência judiciária gratuita, já rejeitada em duas instâncias, e que não houve renovação do pedido em sede recursal. 
Oportunizado o recolhimento em dobro, na forma do art. 1.007, §4º do CPC/15, o 1º apelante permaneceu inerte, f. 250/TJ. 
Logo, julgo deserta a 1ª apelação, por ausência de requisito extrínseco de admissibilidade, qual seja, o preparo. 
Quanto ao 2º apelo, dele conheço, presentes os requisitos de admissibilidade. 
DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 
A partir da análise da relação jurídica havida entre as partes, é possível verificar que a instituição financeira enquadra-se no conceito de fornecedora de produtos e serviços, constante do art. 3º do Diploma Consumerista. Segundo o referido dispositivo legal: 
"serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária." 
O 1º apelante, por sua vez, figura como destinatário final dos serviços fornecidos pela 2ª apelante, aplicando-se a ele a definição de consumidor, nos termos do art. 2º do CDC. 
Nesse contexto, aplicam-se à hipótese dos autos os preceitos do Código de Defesa do Consumidor, sendo esta a pacífica orientação jurisprudencial, sedimentada no enunciado da Súmula n. 297 do Superior Tribunal de Justiça, in verbis: 
"O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras." 
No mesmo sentido, confiram-se os seguintes acórdãos deste Tribunal: 
"REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO - APLICAÇÃO DO CDC - JUROS REMUNERATÓRIOS - ABUSIVIDADE - NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO INEQUÍVOCA - AUSÊNCIA - RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO I - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras, ut Súmula 297, STJ. (...)." (TJMG - Apelação Cível 1.0701.12.029691-1/003, Relator(a): Des.(a) Mota e Silva , 18ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 09/12/2014, publicação da súmula em 11/12/2014) 
"EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. POSSIBILIDADE DO PEDIDO REVISIONAL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. APLICABILIDADE. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DE CLÁUSULAS E ABUSIVIDADE DE ENCARGOS CONTRATUAIS. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO A 12% AO ANO. IMPOSSIBILIDADE. TAXA SUPERIOR A UMA VEZ E MEIA ÀQUELA PRATICADA PELO MERCADO. ILEGALIDADE. DANO MORAL. NÃO OCORRÊNCIA. I - Aos contratos bancários aplica-se a legislação consumerista, nos termos do enunciado de súmula 297 do STJ, sendo, portanto, possível a revisão de cláusulas reputadas ilegais e abusivas. II - Conforme a jurisprudência há muito pacificada nos Tribunais pátrios, as instituições financeiras não estão sujeitas à limitação das taxas de juros remuneratórios prevista no Decreto nº 22.626/33. III - A abusividade dos juros remuneratórios constantes em contratos de crédito firmados com instituições financeiras depende da demonstração inequívoca de serem eles superiores uma vez e meia às taxas médias praticadas

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