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MOVIMENTOS NATIVISTAS

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MOVIMENTOS NATIVISTAS 
A partir de meados do século XVII, a política de arrocho colonialista da Metrópole portuguesa para o 
Brasil provocou uma série de agitações e levantes. Esses movimentos, chamados nativistas, 
deixavam claro que os colonos, ainda sem plena consciência do antagonismo entre seus interesses e 
os da Metrópole, começavam a perceber os prejuízos que lhes causava o Pacto Colonial 
mercantilista.
Tais sublevações tinham caráter regionalista e estavam destituídas de qualquer preocupação com a 
emancipação política do Brasil. Apenas combatiam a orientação monopolista e centralizadora da 
Coroa portuguesa em defesa das aspirações de lucro e da autonomia regional das camadas 
dominantes da Colônia. Mas, representaram o estágio inicial do processo de lutas que levaria à 
independência o nosso país.
O episódio de Amador Bueno (1641)
A aclamação de Amador Bueno da Ribeira como rei de São Paulo ocorreu a 1º de abril de 1641. 
Essa manifestação foi motivada pela notícia de Restauração portuguesa, que gerou insatisfação entre 
a população paulista.
Essa população extremamente pobre, constituía-se de rudes lavradores e um grande número de 
castelhanos que se haviam fixado na capitania durante o período da União Peninsular.
A Coroa simplesmente ignorava São Paulo desde os primórdios da colonização. Por meio da 
tentativa de escolha de seu próprio governante, seus habitantes pretendiam repudiar a administração 
portuguesa. Eles procuravam também impedir que o declínio econômico de Portugal prejudicasse 
ainda mais a já calamitosa situação da capitania.
O rico paulista Amador Bueno, porém não concordou com seus conterrâneos. Ele refugiou-se no 
mosteiro de São Bento para evitar que uma pequena multidão, chefiada pelos espanhóis Francisco e 
Baltazar de Lemos, o aclamasse como rei. Graças à recusa, o episódio não assumiu grandes 
proporções.
Insurreição Pernambucana (1645)
A Insurreição Pernambucana também teve caráter nativista. Seus líderes procuraram defender os 
interesses dos colonos do Brasil contra a política de expropriação da WIC (Companhia das índias 
Ocidentais), no período final da invasão holandesa ao Nordeste.
O Movimento pernambucano não teve, porém, uma cono tação eminentemente antilusitana. Ele 
representou, apenas, a primeira tomada de posição do latifundiário açucareiro, setor majoritário da 
classe dominante colonial, em favor da terra e de seus privilégios.
A Revolta dos Beckman (1684)
No final do século XVII, as atividades produtivas do Maranhão foram prejudicadas por dois fatores;
firme posição dos jesuítas em defesa dos índios contra os colonos que queriam escravizá-los.
as atividades da Companhia Geral do Comércio do Estado do Maranhão, fundada em 1682 e 
encarregada de monopolizar todas as relações comerciais da região Norte do Brasil.
O papel dos Jesuítas
Recém-chegado ao Maranhão, em princípios de 1653, o padre Antônio Vieira logo se revelou um 
ardoroso defensor dos pontos de vista da Companhia de Jesus, a respeito da escravidão do gentio. 
Por longo tempo, apesar dos esforços dos jesuítas, o governo português admitiu o apresamento do 
silvícola por motivo de "guerra justa".
Todavia, pressionado por Vieira, D. João IV, pelo Alvará de 1º de abril de 1680, proibiu a escravidão 
indígena. A partir desta data, o rei só permitiria o trabalho dos aborígines nas missões inacianas. Em 
represália, os colonos de São Luís do Maranhão invadiram os colégios dos jesuítas, prendendo os 
padres e expulsando-os para Lisboa.
O papel da Companhia Geral do Comércio do Estado do Maranhão
A Companhia Geral do Comércio do Estado do Maranhão, criada em 1682, objetivava: monopolizar o 
comércio importador e exportador da região Norte do Brasil; introduzir escravos negros e gêneros 
necessários à população da área, recebendo em pagamento drogas locais (com essa finalidade foi 
assinado um contrato válido por vinte anos, no qual ficou estipulado que a Companhia do Comércio 
do Maranhão se obrigaria a trazer, durante esse tempo, 10.000 negros a preços previamente 
especificados).
Entretanto, a atuação da Companhia produziu apenas resultados desastrosos. As mais diversas 
irregularidades eram praticadas pelos funcionários do órgão monopolizador. Além disso, as 
mercadorias europeias trazidas ao Brasil pela Companhia eram de qualidade inferior: não obstante, 
seus representantes insistiam em negociá-las por preços exorbitantes.
Além disso, a entrega de escravos africanos tornava-se cada vez mais irregular e caracterizava-se 
pela inobservância dos preços, que anteriormente já tinham sido combinados.
Estes foram os fatores que mais contribuíram para aumentar a irritação dos habitantes do Maranhão, 
já bastante indignados com a proibição da escravidão indígena.
A Rebelião
Manuel Beckman, rico e influente proprietário de terras, foi o líder da revolta maranhense. Em sua 
casa, diversos colonos, insatisfeitos com a realidade econômica do Maranhão, tramaram a expulsão 
dos inacianos e a extinção do monopólio. Na noite de 23 de fevereiro de 1680, os conspiradores 
resolveram dar início à Insurreição.
às primeiras horas do dia 24, os revoltosos, após prenderem alguns militares lusos, encaminharam-se 
para a residência do capitão-mor Baltasar Fernandes. Este, na ausência do governador do Maranhão 
(Francisco de Sá), ocupava provisoriamente o supremo cargo administrativo da capitania.
Em seguida, os insurretos se apoderaram dos armazéns da Companhia do Comércio do Maranhão. 
Assim, completava-se a ação revolucionária dos latifundiários maranhenses.
Ao amanhecer, realizou-se uma grande assembleia na Câmara Municipal de São Luís, e os 
vitoriosos rebeldes tomaram importantes decisões, decretando: a abolição do monopólio; o 
encerramento das atividades da Companhia do Comércio do Maranhão; a deposição do capitão-mor 
e do governador; a expulsão dos inacianos, a formação de uma junta provisória de governo integrada 
por dois representantes de cada categoria social (clero, latifundiários e povo); o envio de um 
emissário para Lisboa (Tomás Beckman) para informar oficialmente à Coroa sobre os 
acontecimentos, bem como solicitar providências no sentido de se eliminarem os motivos que 
geraram o movimento.
A Repressão
O governo português, informado da rebelião, tomou severas medidas repressivas. Tomás Beckman, 
imediatamente após desembarcar em Lisboa, foi preso e remetido para o Maranhão. Além disso, com 
a missão de debelar o levante, o rei nomeou um novo governador, Gomes Freire de Andrade. Esse, 
instigado pelo filho adotivo de Manuel Beckman, deu início à prisão dos mentores da revolta.
Manuel Beckman e Jorge Sampaio, apontados como os cabeças da sublevação, foram condenados à 
morte e enforcados. Outros participantes da Insurreição foram degredados. Os representantes do 
Reino absolveram apenas os menos comprometidos. Terminava assim, de maneira trágica, o mais 
típico movimento nativista do Brasil-Colônia.
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