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RÚSSIA - A REVOLUÇÃO DE 1917

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RÚSSIA - A REVOLUÇÃO DE 1917 
ANTECEDENTES
Já em 1905, os camponeses, os trabalhadores urbanos, os profissionais liberais e até mesmo parte 
da nobreza, em duvidosa aliança, haviam abalado a autocracia, compelindo-a a conceder o 
estabelecimento de um Parlamento Nacional, a Duma. O objetivo de sua fundação era o de propiciar 
um fórum, onde o governo pudesse manobrar os segmentos mais influentes da sociedade russa e, 
através deles, pôr em prática as reformas que, durante a Revolução de 1905, se verificou serem 
necessárias.
Porém, enquanto a Revolução se diluía no passado, enfraquecia o senso de urgência da tarefa e os 
velhos hábitos de autocracia se reafirmavam, reforçados pelo temor de uma violência social, pela 
lembrança das barricadas em Moscou, dos incêndios nos campos, dos linchamentos e dos 
assassínios. Na ala direita da Duma e na Câmara Alta, o Conselho de Estado, surgiram fortes grupos, 
dos quais o governo veio a depender cada vez mais para obter maioria; eram grupos preocupados 
em castrar, ou retardar indefinidamente as reformas que, temiam eles, poderiam abrir as comportas 
da Revolução. Entre os intelectuais e na ala esquerdista da Duma, esse processo gerava crescente 
desilusão e amargura com a ação política.
É nesse cenário de estagnação política e de desengano que se deve observar o aparecimento de 
uma figura que, para muitos historiadores, exemplifica a decadência final do czarismo. Grigory 
Rasputin era um camponês da aldeia de Pokrovskoye, na Sibéria Ocidental. Ao surgir, pela primeira 
vez em São Petersburgo, em 1903, sua figura robusta e mal vestida, e suas maneiras e 
ensinamentos independentes conquistaram-lhe as graças da czarina e uma legião de adeptos na 
corte (onde tradicionalmente as religiões místicas eram buscadas como panaceia para males sociais 
insolúveis).
Havia razões especiais pelas quais Rasputin viria a atrair a atenção do casal imperial. O herdeiro tão 
esperado, o Czarevitch Alexey, herdara a hemofilia familiar, e a forte e tranquilizadora personalidade 
de Rasputin mostrara-se capaz de minorar a dolorosa e perigosa hemorragia interna, características 
dessa moléstia. Dessa maneira, ele conquistou a devoção da imperatriz, cuja preocupação pelo filho 
a transformara numa mulher histérica e solitária.
Nos anos de desilusão, particularmente a partir de 1911, que se seguiram ao fracasso da tentativa de 
um trabalho conjunto do governo e da Duma, tanto o imperador quanto a imperatriz passaram a ver 
em Rasputin um representante dos camponeses simples da Rússia, dos quais, acreditavam, com 
pesar, a Duma e a burocracia os haviam separado. Rasputin cuidava de preservar essa imagem de 
camponês, chegando até a participar de banquetes na corte sem se lavar e mergulhando as mãos 
imundas na terrina de sopa. Ou, então, conversava com o casal imperial sobre os sofrimentos dos 
camponeses e as medidas que poderiam ser tomadas para aliviá-los.
Rasputin representava, assim, não apenas um sintoma do alheamento do casal imperial, diante da 
política em transformação na Rússia contemporânea, mas um fator de agravamento desse sintoma. 
Os políticos liberais desabafavam sua frustração por meio de venenosas insinuações, que eram 
estendidas até mesmo à família imperial, e assim contribuíram para a atmosfera de inimizade e de 
suspeita em que se apoiavam e desenvolviam as atividades políticas nos últimos anos do império.
O irromper da guerra restabeleceu uma unidade temporária e um sentimento de objetivos comuns. A 
Duma aceitou docilmente uma prorrogação indefinida e os partidos de oposição deram sua total 
solidariedade ao esforço de guerra. Algumas medidas foram tomadas para aumentar a efetiva 
cooperação entre o Exército, o governo e a sociedade, no terreno da produção industrial e dos 
suprimentos.
Por conseguinte, a partir de agosto de 1915, Nicolau II passou a exercer cada vez mais seu domínio 
pessoal. A situação, todavia, era complexa demais para uma solução tão simples e drástica por parte 
do Czar. O único resultado que obteve foi se ver mais isolado, perdendo o contato com os homens 
sérios que tinham senso de responsabilidade e da realidade, dirigindo a nação sob a exclusiva 
dependência de sua querida e infeliz esposa, de seu "salvador", Rasputin, e dos bajuladores sempre 
dispostos a alimentar suas ilusões comuns.
 
Nicolau II
Os partidos na Duma e as organizações sociais estavam impotentes. Por um lado, sentiam que a 
política monárquica só conduzia à derrota militar certa e, provavelmente, à revolução; por outro lado, 
temiam levantar as mãos contra o monarca, no receio de precipitar uma revolução das massas, que 
acreditavam não poder controlar. De novo a política russa se transformava num mundo sombrio de 
suspeita e conspiração, ainda complicado pela dupla ameaça de derrota nacional e da revolução 
social.
O príncipe Yusupov, jovem nobre abastado, deu início à trama que resultaria no assassínio de 
Rasputin. Yusupov contou com dois cúmplices principais: o Grão-Duque Dmitry Pavlovich e 
Purishkeivich. Com o auxílio desses dois homens, Yusupov convidou Rasputin a visitá-lo, na noite de 
29 para 30 de dezembro de 1916, e assassinou-o.
Esse crime representou um melodrama inútil e macabro. Na realidade, com ele, Yusupov e seus 
cúmplices não conseguiram evitar a queda do regime czarista. Além de não terem resolvido nenhum 
dos problemas reais com que a Rússia se defrontava, ainda aumentaram a crescente amargura que 
separava o casal imperial de quase toda a nação. Removendo um dos sintomas à guisa de curar uma 
enfermidade, o crime expôs a autocracia czarista em toda sua nudez: ídolo capaz ainda de inspirar 
devoção, pronto a ser abandonado por todos os grupos populares, partidos, instituições ou unidades 
militares, aos primeiros sinais da revolta de março de 1917.
FASE BURGUESA DA REVOLUÇÃO
O assassínio de Rasputin não contribuiu para restabelecer as graças da monarquia ou para aumentar 
o respeito popular pelo Czar. Se o afastamento de seu amigo reduziu a influência da Czarina nos 
assuntos nacionais, Nicolau, porém, não demonstrava nenhuma inclinação para ouvir as advertências 
de seus ministros mais liberais. Ao contrário, voltou as costas tanto para o governo quanto para a 
Duma e passou a confiar em sua própria autoridade imaginária, exercida principalmente através de 
seu Ministro do Interior, Protopopov, que dominava a administração.
Durante o mês de janeiro de 1917, a tormenta da guerra continuava a cobrar seu preço da economia 
e o descontentamento aumentava. A escassez de gêneros alimentícios e o custo de vida em rápida 
ascensão resultaram numa inquietação geral entre os operários da indústria, particularmente em 
Petrogrado e em Moscou.
A 20 de janeiro, Rodzyanko, presidente da Duma, avisou o Czar de que estavam sendo previstas 
manifestações muito sérias. A Rússia clamava por uma mudança de governo porque, afirmava ele, 
"não resta nenhum homem honesto a seu lado; todas as pessoas decentes ou foram demitidas ou 
saíram voluntariamente". Esses avisos, todavia, nenhum efeito tiveram sobre o teimoso e autocrático 
Czar.
Rodzyanko, porém, sabia que tudo estava em processo de deterioração e a 23 de fevereiro preveniu 
o Czar de que era possível uma revolução. Nicolau não deu ouvidos ao aviso, dizendo que, caso os 
deputados não refreassem sua linguagem, a Duma seria dissolvida. Essa última reuniu-se no Palácio 
Tauride em 27 de fevereiro e o governo, esperando problemas durante a sessão, endureceu a 
sessão, endureceu a censura e deteve todos os agitadores em potencial. A tensão na capital 
aumentou. Uma semana depois, 07 de março, o Czar resolveu deixar Petrogrado e partir para o 
quartel-general do exército, em Mogilev.
No dia seguinte, eclodiram revoltas na capital, que, dentro de uma semana, levariam à derrubada da 
monarquia. Aparentemente sem qualquer orientação central e de início sem quaisquer objetivospolíticos definidos, os operários de várias grandes fábricas em Petrogrado entraram em greve. Seu 
movimento representava principalmente um protesto contra a redução dos gêneros alimentícios, mas 
a reação nervosa das autoridades logo formou a inquietação industrial e econômica em protesto 
político.
A Duma estava impossibilitada de tomar qualquer decisão e transformá-la em ação eficiente. Quando 
seu presidente Rodzyanko mandou uma mensagem ao Czar, dizendo que o destino do país e da 
monarquia estavam em jogo, e que medidas urgentes deveriam ser tomadas, Nicolau respondeu com 
uma ordem de dissolução da Duma. Embora temesse enfrentar abertamente o Czar, a Duma 
continuou reunida informalmente e, no dia 12 de março, elegeu um comitê provisório, integrado por 
doze membros, que incluía elementos do Bloco Progressista, com Alexandre Kerensky, social-
revolucionário, e Chkheidze, social-democrata. O comitê assumiu a impossível tarefa de restaurar a 
ordem.
No mesmo dia, em outro local, surgia outro organismo. Era o soviete dos representantes dos 
trabalhadores e soldados de Petrogrado, que representava os interesses dos operários revoltosos, 
dos soldados e dos grupos e partidos democráticos e socialistas. O país como um todo estava, agora, 
em mãos desses dois organismos.
Rodzyanko manteve o Czar informado sobre o desastroso curso dos acontecimentos, concitando-o, 
primeiro, a instituir reformas e, depois, quando a situação se agravou, a abdicar no interesse da 
monarquia como instituição. Quando dois delegados da Duma chegaram a Pskov (local onde se 
encontrava o Czar), Nicolau entregou-lhes finalmente um documento em que dizia: "Por meio destes 
transmitimos nossa sucessão a nosso irmão, o Grão-Duque Miguel, e o abençoamos por sua 
ascensão ao trono do Império Russo".
Porém, após refletir um pouco, Miguel recusou-se e, dessa maneira, terminou a monarquia na 
Rússia. No mesmo dia em que o Czar assinou o ato de sua abdicação, criava-se, em Petrogrado, um 
governo provisório. Ele, porém, tinha de compartilhar do poder com o soviete, e o conflito entre as 
duas organizações iria ocupar os oito meses seguintes do ano de 1917.
Nota: Em 1917, a Rússia ainda continuava usando o calendário juliano, cujas datas são treze dias 
atrasadas em relação ao calendário gregoriano adotado no mundo ocidental. Assim, o que se chama 
Revolução de Março, denominou-se para os russos, a Revolução de Fevereiro, o mesmo sucedendo 
com relação à Revolução de Novembro, que para a Rússia ocorreu em outubro.
FASE BOLCHEVIQUE
A derrubada do regime autocrático-czarista em março de 1917 (ou fevereiro, segundo o calendário 
juliano) foi uma extraordinária vitória para os povos da Rússia. Aliada ao Exército, a classe 
trabalhadora lutou e conquistou a liberdade política. O país inteiro organizou-se em uma extensa rede 
de Sovietes (conselhos) e comitês de soldados e camponeses.
O poder estava dividido no país, mas desde junho o governo provisório havia estabelecido uma 
ditadura, auxiliado pelos mancheviques e pelos social-revolucionários. Nenhum dos objetivos sociais 
da Revolução fora atingido. Nem o governo do Príncipe Lvov, nem o de Kerensky, que o sucedeu, 
deram terra aos camponeses ou libertaram-nos da servidão em que eram mantidos pelos 
proprietários de terras. Nas fábricas e usinas, os operários continuavam a ser cruelmente explorados, 
seu padrão de vida declinava acentuadamente, seus salários eram reduzidos e a fome imperava nas 
cidades.
Um país esgotado pela Primeira Guerra Mundial tinha agora sede de paz e, no entanto, a política do 
governo provisório era dar prosseguimento à guerra.
A Rússia debatia-se em meio a violentas contradições. O progresso da agricultura era retardado pela 
concentração de áreas enormes nas mãos dos donos das terras. Ao mesmo tempo, a indústria 
moderna vinha-se implantando no país, com grande concentração do processo produtivo e da mão 
de obra. A classe urbana estava organizada em sindicatos e muito aprendera sobre lutas políticas na 
revolução fracassada em 1905.
O Partido Bolchevista
O Partido Bolchevista, liderado por Vladimir Ilitch Ulianov (Lenin), orientava a luta da classe operária 
para a conquista do poder, a solução da questão agrária, o término da guerra, o estabelecimento do 
controle de produção pelos operários e nacionalização dos bancos e dos ramos mais importantes da 
indústria. Mas, essa luta dos operários e camponeses defrontou-se com a acirrada resistência das 
classes dominantes.
 
Lênin
Em setembro de 1917, o partido da burguesia russa, o dos Democratas Constitucionais e os círculos 
militares reacionários, chefiados pelo general Korlinov, tentaram executar um "putsch" 
contrarrevolucionário e implantar uma ditadura militar. Essa conspiração despertou oposição 
generalizada do povo e fez com que as forças revolucionárias cerrassem fileiras em torno dos 
bolcheviques.
A influência dos bolchevistas nos sovietes ampliou-se rapidamente por todo o país, nos meses de 
setembro a outubro. Em quase toda parte, eles passaram a ser o principal elemento dos sovietes. No 
outono de 1917, a Revolução atingiu seu estágio decisivo.
Todas as classes e todos os setores da sociedade russa foram envolvidos pela crise revolucionária. 
Uma crise que afetou a nação inteira, pois manifestou-se em todas as esferas da vida nacional, 
envolvendo a massa trabalhadora, as classes dominantes e os partidos políticos. Com implacável 
precisão, Lenin revelou a inevitabilidade do colapso da economia russa, dominada pela burguesia e 
pelos proprietários de terras, e da política econômica do governo provisório.
O colapso da política de alimentação do governo provisório teve um efeito particularmente grave 
sobre a condição da massa popular. A lembrança dos dias de março de 1917, que haviam provocado 
revoltas contra a falta de alimentos, ainda estava bem fresca na memória do povo. Às vésperas da 
Revolução de Outubro, a situação alimentar do país piorou, como resultado da política dos governos 
provisórios, notavelmente o de Kerensky, o qual não se preocupava com as principais necessidades 
do povo.
Sinal bastante evidente da crise nacional foi o colapso dos partidos dominantes, dos social-
revolucionários e dos social-democratas (mencheviques). A formação, em ambos, de grupos de 
esquerda, a intensificação dos conflitos entre a liderança desses partidos e seus membros, e entre as 
chefias partidárias, as organizações locais, além de forte rejeição, pelos comitês locais social-
revolucionários e mencheviques, do lema de coalizão com a burguesia, foram resultados diretos do 
colapso da política reformista desses partidos.
Início das Hostilidades
A partir de meados de outubro de 1917, a guerra aberta dos trabalhadores contra o governo 
provisório passou a ser ocorrência diária na vida da nação. Em toda parte, os operários se armavam, 
o número de seus destacamentos em armas, os Guardas Vermelhos, aumentava rapidamente, eles 
ampliavam seus contatos e planos de ações comuns com as guarnições das principais cidades.
Uma resolução aprovada num congresso de sovietes da província de Vladimir, em 29 de outubro, 
declarava que o governo provisório e todos os partidos que o apoiavam eram traidores da causa 
revolucionária e que todos os sovietes daquela província estavam em guerra aberta e resoluta contra 
o governo provisório. A mesma resolução foi aprovada pelos sovietes de outras cidades. Quando um 
congresso de sovietes na província de Ryazan resolveu transferir imediatamente o poder para os 
sovietes, o ministro do interior, Niktin, exigiu o emprego da força armada contra a população de 
Ryazan.
O soviete da província de Moscou propôs que todos os sovietes da província ignorassem as ordens 
dadas pelo governo provisório. O soviete de Vladivostok, a uns 9000 km de Moscou, baixou 
instruções segundo as quais qualquer desobediência às ordens do soviete seria consideradaato 
contrarrevolucionário. Os sovietes dos Urais afirmaram que a tarefa principal era derrubar o governo 
provisório.
Foi a classe operária industrial e seu partido que assumiram a vanguarda desse movimento popular. 
Comitês de fábrica surgiram em toda parte, rapidamente tornavam-se fortes e eram dominados pelos 
bolcheviques.
Revoltas Camponesas
A força do movimento operário multiplicava-se em virtude de os trabalhadores da indústria exercerem 
tremenda influência sobre os camponeses e, em troca, receberem apoio sob a forma de uma 
crescente guerra camponesa contra os proprietários rurais.
"Se num país de camponeses, após sete meses de república democrática, as coisas chegaram ao 
ponto de uma revolta camponesa, isto prova, sem sombra de dúvida, o fracasso nacional da 
Revolução, a crise com que se defronta, além de tornar claro que as forças contrarrevolucionárias 
estão chegando ao limite de seus recursos", escreveu Lenin em meados de outubro de 1917.
Mas, a representação oficial do campesinato, na ocasião, era o Conselho Russo de Representantes 
Camponeses, eleito num congresso de camponeses em maio, e que de há muito perdera qualquer 
direito de representar quem quer que fosse. O Comitê Executivo do Conselho Russo dos 
Representantes Camponeses sancionava as expedições punitivas contra os homens do campo e 
apoiava a política de hostilidade ao campesinato mantida pelo governo. As massas camponesas que 
se haviam revoltado contra os latifundiários conseguiram empreender uma ação decisiva.
Nos principais centros de rebelião camponesa, sob influência dos trabalhadores da indústria, a luta 
contra os donos das terras assumiu forma organizada, com objetivos definidos. Os 332 delegados 
presentes a um congresso na Província de Tver tomaram a decisão unânime de entregar 
imediatamente todas as terras à administração dos comitês agrícolas. Os comitês agrícolas da 
província de Tambov apoderaram-se de todas as terras pertencentes à Igreja e aos proprietários 
rurais e arrendaram-nas a camponeses que não possuíam terra alguma, ou tinham muito pouca. Atos 
semelhantes repetiram-se em todo o país.
O Governo Provisório organizou expedições punitivas e apresentou várias propostas legislativas de 
eventuais reformas cujo objetivo era "pacificar" os camponeses e, certamente, não o de satisfazer as 
suas exigências de repartir a terra.
As ações empreendidas pelos camponeses forçaram o Governo Provisório a distribuir suas tropas por 
inúmeras áreas, onde havia rebeliões e motins.
As autoridades locais, porém, logo perceberam a inutilidade de utilizar a força contra a massa 
camponesa. Ao longo dos levantes, até mesmo os comitês rurais que apoiavam o governo eram 
forçados a confiscar as propriedades dos donos de terras e distribuí-las entre os camponeses mais 
necessitados.
Os social-revolucionários, os Kadetes (democratas constitucionais) e os mencheviques tentavam, por 
todos os meios, minimizar a importância da luta camponesa, sob a alegação de que não passava de 
"selvagem anarquia", falando de massacres e "desordeiros". Essa falsificação da verdade é 
desmentida pelos fatos: nos principais centros de rebelião, os camponeses transferiam a terra para 
os mais pobres, de maneira organizada.
A experiência de oito meses de Governo Provisório demonstrou que, sem outra revolução, a massa 
camponesa jamais receberia qualquer terra ou se libertaria da opressão dos latifundiários. Foi essa 
experiência que levou as massas camponesas a uma sublevação que, aliada à luta dos operários da 
indústria, criou as condições favoráveis à vitória da revolução socialista.
	RÚSSIA - A REVOLUÇÃO DE 1917

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