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PORTUGUÊS INSTRUMENTAL – LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL PROFA. AURENÍVIA FERREIRA DA SILVA (APOSTILA ELABORADA PELO PROF. MS. ANTONIO NUNES PEREIRA – COM ADAPTAÇÕES FEITAS PELA PROFESSORA DA DISCIPLINA) IGUATU - CEARÁ UNIDADE I LEITURA E ESCRITA: CONSIDERAÇÕES INICIAIS Costumamos dizer que não sabemos português ou que nossa língua é muito difícil. Em contrapartida, frequentemente ouvimos falar – e também falamos – sobre a importância da leitura na nossa vida, sobre a necessidade de se cultivar o hábito de ler e sobre o papel da instituição escolar na formação de leitores competentes. No entanto, poucas vezes levantamos questões que favoreçam o interesse pela leitura e, em seguida, pela própria produção de textos. O que é ler, afinal? Como e para que ler? Essas perguntas poderão ter diferentes respostas, que revelarão uma concepção de leitura decorrente das concepções de sujeito, de língua, de texto e de sentido que se adote. A concepção mais atual, chamada de interacional ou dialógica, tem como foco a interação autor-leitor-texto, onde os sujeitos são vistos como seres ativos, que constroem socialmente os sentidos dos textos através de diferentes tipos de estratégias. O que importa ressaltar é que ler e escrever são atos indissociáveis, inseparáveis. Quem lê muito tem pouca dificuldade em compreender textos e as ideias que lhes subjazem (independentemente de dominar regras gramaticais) e em manifestar, seja pela fala, seja pela escrita, sua própria opinião sobre o assunto lido. Trabalhar a leitura, a interpretação e a produção de textos é dar ao aluno o instrumento-chave para participar ativa e significativamente da vida social. Ler não é apenas decodificar sinais gráficos, mas sim colocar-se diante do texto, acionando capacidades cognitivas e emocionais, para interagir com os sentidos dali emergentes. E mais: o material escrito é um esquema de pistas, indicações e vazios que podem ser preenchidos e combinados de inúmeras maneiras, segundo as condições do leitor. À semelhança da leitura, pode-se dizer também que escrever não é apenas codificar sinais gráficos, mas comunicar-se com o interlocutor: apresentar, aceitar ou discordar de ideias, expressar e provocar sentimentos, instigar perguntas e respostas, etc. Podemos dizer, portanto, que escrever é um ato processual, que se constrói por ensaio e erro, não devendo ser privilégio de poucos, mas direito de todos. Ou seja, o texto não nasce pronto; ele é planejado, trabalhado, lido, relido, revisado, corrigido, até que se possa chegar ao produto acabado. E, seja na leitura, seja na produção de textos, importa considerar e compreender o uso dos aspectos linguísticos e sua relação com os aspectos situacionais (contextuais). Assim, nosso estudo do português – de forma instrumental, neste curso – estará mais voltado para as especificidades dos textos (forma, propósito comunicativo, vocabulário, etc.) e para os meios de reconhecermos e utilizarmos as principais estratégias de sua construção. PADRÕES DE TEXTUALIDADE EM LÍNGUA PORTUGUESA O texto (do latim textum: “tecido, entrelaçamento”) é a unidade básica de organização e transmissão de ideias, conceitos e informações de modo geral. Em sentido amplo, uma escultura, um quadro, um símbolo, um sinal de trânsito, uma foto, um filme, uma novela de televisão são formas textuais. Tal como o texto escrito, todos esses objetos geram um todo de sentido, propriedade a partir da qual iniciaremos nossa reflexão e estudo. Para tanto, será necessário definir algumas características do objeto – o texto –, salientando as implicações de cada uma delas, a fim de delimitar o ponto de partida e aprofundar a análise. A primeira dessas características é a do texto como um todo gerador de sentido, uma totalidade contextual e não um fragmento aleatório. A segunda é a visão de mundo que o autor constrói e é revelada em um texto, por mais neutro que se pretenda (como nas instruções de um equipamento ou numa notícia de jornal); todo texto é dotado de certo grau de intencionalidade – fenômeno mais notável em textos argumentativos. A terceira é a questão ideológica, através da qual ocorre o processo de produção de significados, signos e valores da vida social, que se identificam normalmente com determinada cultura e/ou 01 formação histórica e social. A quarta característica liga-se significativamente à terceira: pelo fato de serem produtos de uma época e de um lugar específicos, os textos carregam marcas desse tempo e desse espaço; o que explica que não são totalmente autônomos, mas sim um diálogo estabelecido com outros textos e com o contexto. TEXTO E PROPRIEDADES DA TEXTUALIDADE 1. CONCEITO DE TEXTO Qualquer falante sabe que a comunicação verbal não se faz através de palavras isoladas, desligadas umas das outras e do contexto em que são produzidas. As manifestações naturais da linguagem humana são configurações de uma língua natural qualquer, dotadas de sentido, e visando um dado objetivo comunicativo. A tais configurações chamamos de textos ou discursos. Portanto, texto (ou discurso) é uma unidade linguística concreta, dotada de sentido, que é tomada pelos usuários da língua (falante/escritor, ouvinte/leitor), visando a um dado objetivo comunicativo (função). Um texto, porém, deve possuir um conjunto de propriedades para que seja realmente um texto. A esse conjunto de propriedades chamamos textualidade. 2. PROPRIEDADES DA TEXTUALIDADE As propriedades da textualidade, isto é, os aspectos que fazem com que um texto seja realmente um texto, são: a) conectividade (sequencial=coesão; conceptual=coerência); b) intencionalidade; c) aceitabilidade; d) situacionalidade; e) informatividade; f) intertextualidade. a) CONECTIVIDADE Trata-se da relação lógico-semântica existente entre as ocorrências textuais, de modo que só haverá conectividade entre tais ocorrências se as interpretações de ambas forem semanticamente interdependentes. Ex.: “Alinhei com a esperança de vencer, mas só se vence quando se corta a linha de chegada.” Observe que a ocorrência textual em negrito inclui uma relação semântica de contraste em relação à que não está em negrito. A conectividade pode se manifestar tanto pela coesão entre os elementos gramaticais do texto – que chamamos de conectividade sequencial – quanto pela coerência que tal ligação constrói – chamada de conectividade conceptual. 1) Conectividade Sequencial (Coesão) Nesse caso, a interdependência semântica das ocorrências textuais resulta de processos linguísticos de sequenciação, isto é, abrange todo e qualquer mecanismo em que um componente da superfície do texto faz remissão a outro(s) elemento(s) do universo textual. Tem-se, assim, uma forma referencial remissa (que aponta para outro termo) e um referente (termo para o qual a referência é feita). Algumas formas remissas remetem “para trás”, ou seja, para termos anteriores (ANÁFORA) e outras remetem “para frente” (CATÁFORA), para termos posteriores, sendo necessário dar continuidade para descobrir os referentes. Ex.: João bateu em Antônio e este ficou ferido (anáfora; este faz referência a Antônio, termo citado anteriormente) / Ao pé dela, a moça loura viu o homem que a perseguia (catáfora; dela refere-se à moça, citada posteriormente). 2) Conectividade Conceptual (Coerência) É um fator que resulta da interação entre os elementos cognitivos apresentados pelas ocorrências textuais e nosso conhecimento de mundo. A coerência está diretamente ligada à possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto tenha sentido para os usuários,devendo, portanto, ser entendida como um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido desse texto. Esse sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coerência é global. É por isso que uma sequência como “Maria tinha lavado a roupa quando chegamos, mas ainda estava lavando a roupa” é vista como incoerente, pois, apesar de cada uma de suas 02 partes ter sentido, parece difícil ou impossível estabelecer um sentido unitário para o todo da sequência. Portanto, para haver coerência, é preciso que haja possibilidade de estabelecer no texto alguma forma de unidade ou relação entre seus elementos. Outro aspecto a ser observado quanto à coerência é que a relação a ser estabelecida entre os elementos linguísticos não é apenas semântica, mas também pragmática, ou seja, a relação tem a ver com os nossos atos de fala. Ex.: A: É telefone. B: Estou no banho. A: Tudo bem. Como é que interpretamos o texto acima? Bem, nesse caso, devemos imaginar uma situação na qual: a) a enunciação da primeira frase (o primeiro comentário de A) será interpretada como pedido, uma vez que é uma frase declarativa; b) o comentário de B é uma resposta a A e tem a força comunicativa de desculpas por não poder atender ao seu pedido; c) a segunda intervenção de A é reconhecida como aceitação das desculpas de B e como um oferecimento pessoal para fazer o que A havia solicitado que B fizesse. Podemos considerar, então, que esses discursos estão coerentemente constituídos, uma vez que podemos recuperar os laços proposicionais ausentes e produzir uma versão com coesão: A: É telefone. (Você pode atender pra mim, por favor?) B: (Não vou poder atender porque) Estou no banho. A: Tudo bem. (Eu atendo). Portanto, se há uma unidade de sentido no todo do texto quando este é coerente, a base da coerência é a continuidade de sentidos entre os conhecimentos ativados pelas expressões do texto. Por outras palavras, quer-se dizer que é através da coerência que percebemos a continuidade de sentido e o encadeamento entre os componentes de um texto. b) INTENCIONALIDADE Refere-se ao modo como os emissores usam o texto para realizar suas intenções, produzindo, para tanto, formas verbais adequadas à obtenção dos efeitos desejados. É por essa razão que o emissor procura, de maneira geral, construir seu texto de modo coerente e dar pistas ao receptor que lhe permitam construir o sentido desejado. (Koch, 1990: 79). Esse fator de textualidade diz respeito também às informações implícitas e explícitas. Quase sempre somos muito diretos em nossa intenção de dizer, até por economia. Contudo, em alguns casos, preferimos não deixar clara a nossa intenção. Ex: Fiz um curso de informática e aprendi algumas coisas interessantes (informação cuja intenção está explícita) / Fiz um curso de informática, mas aprendi algumas coisas interessantes (informação cuja intenção está implícita). Se observarmos melhor, veremos que o uso da conjunção “mas” empresta ao texto outros sentidos: “apesar do curso em si ser desinteressante (ou deficiente), aprendi algumas coisas interessantes” ou “aprendi coisas interessantes, apesar de se tratar apenas de um curso de informática”, etc. c) ACEITABILIDADE Constitui a contraparte da intencionalidade. Focada no receptor, esse fator está relacionado à sua compreensão quanto à mensagem enunciada. Ainda que um dos postulados básicos que regem a comunicação humana seja o da cooperação (isto é, sempre que ouvimos ou lemos, procuramos compreender para interagir completamente com nossos interlocutores), é bom entendermos que a compreensão adequada não depende apenas do leitor. Um texto precisa ser – antes de tudo – uma unidade de sentido, em que todas as suas partes sejam coesas e coerentes. Por exemplo: Digamos que a frase “Fiz o curso de informática, mas aprendi algumas coisas interessantes” tenha sido dirigida ao dono ou responsável pelo curso. O receptor da mensagem poderia chegar à aceitabilidade (compreendendo que o curso por algum motivo 03 não foi interessante para o emissor) ou de não aceitabilidade (não percebendo na mensagem a intenção não declarada do falante). d) INFORMATIVIDADE Diz respeito ao grau em que as informações são esperadas/conhecidas ou não. Devemos perceber por esse fator o quanto é importante apresentarmos nossas informações num grau satisfatório de aceitabilidade, ou seja, sermos claros e objetivos em nossas mensagens, evitando repetições e redundâncias. Trata-se de unir quantidade e qualidade nas informações dadas. Ex.: “Este líquido é água. Quando pura, é inodora, insípida e incolor”. Seria redundante continuar comentando, por exemplo, que, quando a água não é pura, ela pode apresentar características de cheiro, cor e sabor. Há casos em que a informatividade é aparentemente nula. Isso ocorre com frequência em textos poéticos, jornalísticos e também em textos publicitários. Exemplo: De tudo ao meu amor serei atento/ Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto/ Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento/ E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto/ Ao seu pesar ou seu contentamento E assim, quando mais tarde me procure/ Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama/ Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure. (Soneto de fidelidade, Vinicius de Morais) Trata-se de um texto que se ocupa em informar? e) SITUACIONALIDADE Refere-se ao conjunto de fatores que tornam um texto relevante para dada situação de comunicação. Se a condição de situacionalidade não ocorre, o texto tende a parecer incoerente, porque o cálculo de seu sentido se torna difícil ou impossível. No texto oral, a coerência depende muito mais do contexto situacional do que do escrito, porque, no oral, os elementos da situação cooperam no estabelecimento das relações entre os elementos do texto em mais alto grau do que no escrito, sobretudo por haver muitos aspectos evocados situacionalmente e por ser decisiva a influência da situação no cálculo do sentido. Uma evidência dessa dependência é a dificuldade que se encontra para interpretar a fala gravada. Todavia, há casos de textos escritos muito dependentes da situação, como placas indicativas de direção e de salas, de pedido de silêncio em hospitais, de seções em instituições diversas, etc. Esses textos foram chamados pela teoria linguística tradicional de frases de situação. f) INTERTEXTUALIDADE Além de o texto conter marcas da individualidade do falante/escritor, contém também marcas históricas deixadas no segmento textual, pois as ideias expressas não podem ser compreendidas, nem analisadas, sem que estabeleçamos uma relação com a sua época de produção. Para entendermos as relações sociais, históricas e culturais existentes no texto, é preciso entender as relações estabelecidas entre sociedade, época e cultura; é preciso compreender as relações de um texto com outros textos. É o fator de intertextualidade que permite ao falante/ouvinte recuperar as marcas textuais que assinalam as relações que um texto estabelece com outros. A intertextualidade pode ocorrer quanto à forma ou ao conteúdo. Quanto à forma, ocorre quando o produtor de um texto repete expressões, enunciados ou trechos de outros textos, ou então o estilo de determinado autor ou de determinados tipos de discurso. Exemplos: 04 [...] “Do que a terra mais garrida Teus risonhos lindos campos têm mais flores Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida em teu seio mais amores.” (Hino Nacional – Osório D. Estrada) “Nosso céu tem mais estrelas Nossas várzeas têm mais flores Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.” (Canção do Exílio – Gonçalves Dias) A intertextualidade de conteúdo diz respeito às relações determinadas, por exemplo, por fatores culturais, de época, de área de conhecimento, etc. Ex.: Segundo Koch (1990), “um subtipo de intertextualidade formal é a intertextualidade tipológica...” O que podemos dizer das figuras acima quanto à textualidade? Exercícios de aplicação 1. Identifique quais ocorrências abaixo são textos ou não. Justifique sua resposta. a) Som frio. Rio Sombrio. O longo som do rio frio. O frio bom do longo rio. Tão longe, tão bom tão frio o claro som Do rio sombrio. b) José viajou para São Paulo, pois gostava do Paraná. Ele adora cidades pequenas, por isso escolheu São Paulo. c) Pedro: João, você me empresta seu carro amanhã? João: Se o homem foi à Lua há trinta anos, como vou te emprestar meu carro? 2. Discuta os fatores da textualidade (conectividade, intencionalidade, aceitabilidade, informatividade, situacionalidade, intertextualidade) em cada trecho abaixo: a) O rapaz correu até o final da rua. Lá ele parou e caiu. b) A praça era enorme. No meio havia uma coluna: à volta, árvores e canteiros com flores. 05 c) Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de [ametista. Os sargentos do exército são monistas [cubistas, os filósofos são polacos vendendo a [prestações. (Murilo Mendes. Poesias: Canção do Exílio) Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores, (Gonçalves Dias. Poesias: Canção do Exílio) Exercícios de aplicação 1) Leia atentamente o que segue: João Carlos vivia em uma pequena casa construída no alto de uma colina árida, cuja frente dava para leste. Desde o pé da colina se espalhava em todas as direções, até o horizonte, uma planície coberta de areia. Na noite em que contemplava 30 anos, João, sentado nos degraus da escada, colocada à frente de sua casa olhava o sol poente e observava como a sua sombra ia diminuindo no caminho coberto de grama. De repente, viu um cavalo que descia para sua casa. As árvores e as folhagens não permitiam ver distintamente, entretanto observou que o cavalo era manco. Ao olhar de mais perto verificou que o visitante era seu filho Guilherme, que há 20 anos havia partido para listar-se no exército e, em todo esse tempo, não havia dado sinal de vida. Guilherme, ao ver seu pai, desmontou imediatamente correu até ele e lançou-se no seu braço e começou a chorar. Faça uma análise e responda: a) É um texto de fato? Ou seja, apresenta coesão e coerência? Se não, reescreva-o, fazendo os ajustes necessários. 06 OS MECANISMOS DE COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS O texto não é simplesmente um conjunto de palavras; se fosse, bastaria que as agrupássemos de qualquer forma, como em: O ontem lanche menino comeu. Veja que, nesse caso, não há um texto, há somente um grupo de palavras dispostas em uma ordem qualquer. Mesmo que colocássemos essas palavras em uma ordem gramatical correta (sujeito-verbo- complemento), precisaríamos ainda organizar o nível semântico do texto, deixando-o inteligível. Veja: O lanche comeu o menino ontem. O nível sintático está perfeito (sujeito = o lanche; verbo = comeu; complementos = o menino ontem), mas o nível semântico apresenta problemas, pois não é possível que o lanche coma o menino, pelo menos nesse contexto. Caso a frase estivesse empregada num sentido figurado e em outro contexto, isto seria possível. Pedrinho saiu da lanchonete todo lambuzado de maionese, mostarda e catchup, o lanche era enorme, parecia que “o lanche tinha comido o menino”. O ideal para o caso anterior seria, então, O menino comeu o lanche ontem. Essa ordenação correta, na forma (sintaxe) e no significado (semântica), garante ao texto uma unidade de significados encadeados. A COESÃO TEXTUAL “A metáfora da tessitura dos textos” Os conectivos estabelecem diversos tipos de relação entre as partes do discurso e são usados como recursos coesivos que contribuem para estabelecer coerência entre termos ou segmentos na construção de um texto. Portanto, os conectivos conferem unidade ao texto; o que significa que problemas no seu emprego podem dificultar a compreensão da ideia que se deseja expressar. Algumas de suas características: a) Servem para ACRESCENTAR ideias, argumentos: além de, além disso, ademais, e, ainda. Além de sofrer com os constantes choques econômicos a que vem sendo submetida, a classe média vê-se forçada a expandir suas atividades para poder sobreviver. b) Estabelecem relação de CONCESSÃO, de resignação: embora, não obstante, apesar de, ainda que, mesmo que, conquanto, por mais que, por menos que, se bem que. Embora haja empenho das autoridades médicas em erradicar as doenças tropicais, estas continuam a fazer vítimas. c) Estabelecem OPOSIÇÃO entre ideias: mas, porém, contudo, entretanto, todavia. O ensino público vem apresentando gradativas melhoras, contudo, as escolas particulares ainda vêm apresentando melhor qualidade de ensino. d) Servem para COMPLEMENTAR e CONCLUIR ideias: assim, dessa forma, portanto, logo, por conseguinte, por consequência. As injustiças sociais são apontadas como a principal causa da violência. Assim, para combatê-la é preciso buscar a igualdade social. e) Estabelecem relação de JUSTIFICAÇÃO, de EXPLICAÇÃO entre as ideias: pois, que, porque, porquanto. O exame era difícil, pois nem sequer havíamos estudado. Não crie caso, que estamos aqui para ouvi-lo. f) Servem para ligar ideias que decorrem ao mesmo tempo, estabelecendo relação de PROPORÇÃO: à medida que, à proporção que. À medida que o professor falava, os alunos iam dormindo. g) Estabelecem relação de CONDIÇÃO entre ideias: se, caso, salvo se, desde que, a menos que, sem que, contanto que. O passeio será realizado, caso não chova. h) Expressam circunstância de TEMPORALIDADE entre as ideias: quando, enquanto, apenas, mal, logo que, depois que, antes que, até que, que. Quando a vejo, bate-me o coração mais forte. i) Estabelecem relação de CAUSA entre as ideias: porque, visto que, porquanto, já que, como. Como não estudou, foi reprovado. Como podemos ver, há inúmeros recursos que garantem o mecanismo de coesão, que pode ocorrer: 07 *por referência: quando usamos pronomes, advérbios e artigos para construir a unidade do texto, fazendo referência a termos que foram ou serão citados textualmente. O presidente foi a Portugal em visita. Em Portugal o presidente recebeu várias homenagens. Esse exemplo apresenta repetições que podem ser evitadas. Observe a atuação do advérbio e do pronome no processo de elaboração do texto: O presidente foi a Portugal. Lá, ele foi homenageado. Veja que o texto ganhou agilidade e estilo. Os termos “Lá” e “ele” referem-se a Portugal e a presidente, e foram usados a fim de tornar o texto coeso. *por elipse: quando omitimos um termo a fim de evitar sua repetição e essa supressão da palavra é facilmente depreendida. O presidente foi a Portugal. Lá, (o presidente/ele) foi homenageado. O ministro foi o primeiro a chegar. (O ministro/Ele) Abriu a sessão às oito (horas) em ponto e fez então seu discurso. Nos exemplos acima, omitiram-se as palavras “presidente” e “ministro” ou o pronome equivalente “ele”, e a palavra “horas”; todas facilmente subentendidas no contexto. *por uso lexical (quando usamos palavras ou expressões sinônimas dealgum termo para substituí- lo por um termo subsequente) ou por epítetos (quando usamos palavras ou frases que qualificam pessoas ou coisas): Uma menininha correu ao meu encontro. A garota parecia assustada. (Sinonímia entre menininha e garota) O presidente foi a Portugal. Na Terra de Camões, foi homenageado por intelectuais e escritores. Glauber Rocha fez filmes memoráveis. Pena que o cineasta mais famoso do cinema brasileiro tenha morrido tão cedo. Veja que “Portugal” foi substituído por “Terra de Camões” para evitar repetição e dar um efeito mais significativo ao texto, pois há uma ligação semântica entre “Terra de Camões” e intelectuais e escritores. No segundo exemplo, o nome do cineasta foi substituído por uma expressão que costumava ser atribuída a ele. *por termo-síntese: quando usamos uma expressão para resumir/abranger algo dito. O país é cheio de entraves burocráticos. É preciso preencher um sem-número de papéis. Depois, pagar uma infinidade de taxas. Todas essas limitações acabam prejudicando o importador. A palavra limitações sintetiza o que foi dito antes. *por repetição do nome próprio ou parte dele: usamos quando queremos enfatizar a pessoa; embora, normalmente, a repetição deva ser evitada. Manuel da Silva Peixoto foi um dos ganhadores do maior prêmio da Loto. Peixoto disse que ia gastar todo o dinheiro na compra de uma fazenda e em viagens ao exterior. *por associação: quando usamos uma palavra que retoma a outra porque mantém com ela, em determinado contexto, vínculos precisos de significação. São Paulo é sempre vítima das enchentes de verão. Os alagamentos prejudicam o trânsito, provocando engarrafamentos de até 200 quilômetros. O termo “alagamentos” relaciona-se semanticamente a “enchentes”. *por substituição: quando abreviamos sentenças inteiras, substituindo-as por uma expressão com significado equivalente. O presidente viajou para Portugal nesta semana e o ministro dos Esportes o fez também. A expressão “o fez também” retoma a sentença “viajou para Portugal”. *por nominalização: quando empregamos um substantivo que remete a um verbo enunciado anteriormente. Eles testemunharam sobre o caso, mas o juiz disse que tal testemunho não era válido. A COERÊNCIA TEXTUAL A coerência (do latim cohaerentia, “o que está junto ou ligado por nexo ou harmonia”) está relacionada à inteligibilidade (compreensão do sentido) do texto. “Estava andando sozinho na rua, 08 ouvi passos atrás de mim... Assustado, nem olhei, saí correndo, pois me perseguia um homem alto, estranho, que tinha em suas mãos uma arma...” Se o narrador não olhou, como soube descrever a personagem que o seguia? UNIDADE II DIRETRIZES PARA LEITURA, ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS No que diz respeito à leitura, análise, interpretação e produção de textos, ainda hoje os alunos demonstram inúmeras dificuldades. Se, por exemplo, o estudo de textos literários parece menos rigoroso em sua abordagem, o mesmo não acontece com textos filosóficos e científicos. Na verdade, os textos de ciência e de filosofia requerem abordagens específicas, mas, nem por isso, insuperáveis. No caso de textos de pesquisa positiva, é possível acompanhar o raciocínio, já mais rigoroso, seguindo a apresentação dos dados objetivos sobre os quais tais textos estão fundados. Os dados e fatos levantados pela pesquisa e organizados conforme técnicas específicas às várias ciências permitem ao leitor, devidamente iniciado, acompanhar o encadeamento lógico desses fatos no raciocínio científico. [...] Na realidade, mesmo em se tratando de assuntos abstratos, desde que o leitor esteja em condições de “seguir o fio da meada”, a leitura torna-se mais fácil, mais agradável e, sobretudo, mais proveitosa. Por isso é preciso criar condições de abordagem e de inteligibilidade do texto, aplicando alguns recursos que, apesar de não substituírem a capacidade de intuição do leitor na apreensão da forma lógica dos raciocínios em jogo, ajudam muito na análise e interpretação dos textos. A leitura analítica é um método de estudo que tem como objetivos: • fornecer uma compreensão global do significado do texto; • treinar para a compreensão e a interpretação crítica dos textos; • treinar para o desenvolvimento do raciocínio lógico, e; • fornecer instrumentos para o trabalho intelectual desenvolvido nos seminários, no estudo dirigido, no estudo pessoal e em grupos, na confecção de resumos, resenhas, relatórios, etc. Há, portanto, algumas diretrizes que norteiam a atividade de leitura analítica, cujos processos básicos são: Delimitação da Unidade de Leitura: A primeira medida a ser tomada pelo leitor é o estabelecimento de uma unidade de leitura, ou seja, de um “setor”, uma parte do texto que constitua a totalização de sentido. Assim, pode-se considerar um capítulo, uma seção ou qualquer outra subdivisão, determinando-se os limites nos quais se processará o trabalho de leitura e de estudo em busca da compreensão da mensagem. Análise textual (preparação do texto): • trabalhar sobre as unidades delimitadas (um capítulo, uma seção, uma parte, etc., sempre um trecho com um pensamento completo); • fazer uma leitura rápida e atenta da unidade para se adquirir uma visão de conjunto da mesma; • levantar esclarecimentos relativos ao autor, ao vocabulário específico, aos fatos, doutrinas e autores citados, que sejam importantes para a compreensão da mensagem; • esquematizar o texto, evidenciando sua estrutura redacional. Análise Temática (compreensão do texto): • determinar o tema-problema, a ideia central e as ideias secundárias da unidade; • refazer/reconstruir a linha de raciocínio do autor; • evidenciar a estrutura lógica do texto, esquematizando a sequência das ideias. Problematização (discussão do texto): • levantar e debater questões explícitas ou implícitas no texto; • debater questões afins surgidas a partir da interpretação do leitor. Análise Interpretativa (interpretação do texto): • situar o texto no contexto da vida e da obra do autor, bem como no contexto cultural de sua especialidade, tanto do ponto de vista histórico como do ponto de vista teórico; • explicitar os pressupostos do autor que justifiquem suas posturas teóricas; 09 • aproximar e associar ideias do autor expressas na unidade com outras ideias relacionadas à mesma temática; • exercer uma atitude crítica frente às posições do autor em termos de: o coerência interna da argumentação; o validade dos argumentos empregados; o originalidade do tratamento dado ao problema; o profundidade de análise do tema; o alcance de suas conclusões e consequências; o apreciação e juízo pessoal das ideias defendidas. Síntese Pessoal (reelaboração pessoal da mensagem): • desenvolver a mensagem mediante uma retomada pessoal e um raciocínio personalizado; • elaborar um novo texto, com redação própria, com discussões e reflexão pessoais. (Texto adaptado. SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2002. p. 47-61). Façamos agora uma leitura do texto que segue, analisando sua estrutura conforme os processos acima descritos. O PRAZER DE FICAR SÓ FOI DESCOBERTO POR ACASO [...] O homem, graças à inquietação íntima que deriva tanto de sua consciência dual como da consciência de sua condição cósmica, modificou de forma muito intensa seu hábitat. Isso abre novas perspectivas para seu modo de viver, o que determina imediatas repercussões sobre a vida íntima. Surgem facetas de nossa subjetividade que estavam enterradas, quase como fósseis ao contrário, e que agora podem se expressar. Um exemplo disso é exatamente o da solidão. Sempre existiram pessoas que viveram de forma solitária e, não raramente, por vontade própria. Isso sempre nos causouestranheza, a nós que crescemos há algumas décadas, ainda na era do elogio da vida familiar e grupal. Acontece que as possibilidades objetivas para podermos viver sozinhos têm se tornado muito atraentes de uns poucos anos pra cá, de maneira que é crescente o número de pessoas que, sempre por vontade própria, decidem viver sós. [...] O que acabou acontecendo, mesmo sem que nos déssemos conta? Fomos nos tornando, aos poucos, mais competentes para o estar só. Homens e mulheres já conseguem ficar em paz quando estão sozinhos tanto em casa como em um quarto de hotel; já são capazes de sair com amigos, sem o cônjuge, para um programa descontraído e ingênuo; já conseguem ficar em casa dedicando longas horas a afazeres solitários, como é o caso do uso do computador... [...] Não deixamos de gostar de sentir o aconchego e o prazer da companhia de alguém com quem nos sentimos bem e protegidos. No entanto, estamos valorizando mais os momentos individuais, aqueles nos quais podemos pensar sobre nossos projetos pessoais, ouvir nossas músicas favoritas, ler nossos poemas prediletos, etc. [...] O que isso significa? O ser humano mudou sua essência? Não creio. Significa que nossa subjetividade é uma caixa de surpresas para nós mesmos. [...] O antagonismo, aparentemente inconciliável, entre amor e individualidade parece que vai caminhando na direção da resolução. À medida que nos tornamos mais competentes para ficar com nós mesmos, tendemos a precisar menos do outro para atenuar a dor do desamparo. [...] A maior parte das pessoas ainda se ressente muito de não ter um parceiro romântico, mas já são muitas as que preferem estar sós a mal acompanhadas. Isso nem sempre foi assim. [...] Torna-se cada vez mais claro, para todos nós, que o estar só é muito importante para nosso equilíbrio emocional, uma vez que propicia o encontro com nossa subjetividade – e como isso nos ajuda no caminho do autoconhecimento! É possível mesmo que muitas das pessoas que, em um primeiro momento, ficaram sozinhas porque tiveram o curso de seus relacionamentos afetivos interrompido contra sua vontade venham a desenvolver tão grande prazer nesse novo estado que dificilmente voltarão a se interessar, de verdade e ao menos por um bom tempo, por novas relações muito íntimas e fundamentalmente repressoras. Muitas das pessoas que inicialmente se sentiram rejeitadas e abandonadas acabaram por conhecer uma nova dimensão de si mesmas, tiveram acesso a suas forças, até então adormecidas, e experimentaram importante crescimento pessoal. O avanço assim obtido jamais teria acontecido se não ocorresse a ruptura do elo amoroso. (Texto extraído e adaptado do livro Ensaios sobre o amor e a solidão, de Flávio Gikovate,) 10 Leitura Analítica do Texto 1. Análise Textual (delimitação da leitura): Trata-se de um capítulo do livro Ensaios sobre o amor e a solidão, de Flávio Gikovate. (leitura rápida, esclarecimentos): a) O autor: Flávio Gikovate é psiquiatra, conferencista e autor de inúmeros livros na área da psicoterapia; b) Vocabulário específico: termos da área da psicologia e da psiquiatria, como: consciência dual e cósmica; autoconhecimento, etc.; c) Os fatos: análise da condição de “estar só” vivida pelo homem contemporâneo; d) Doutrina: bases teóricas da Psiquiatria e conceitos associados à Psicologia e à Filosofia. 2. Análise Temática 2.1. Tema/Problema: O “estar só” 2.2. Ideia Central: A possibilidade de sentir prazer em estar sozinho. 2.3. Ideia Secundária: Os conceitos culturais relacionados ao “estar só”. 2.4. Reconstruindo o Raciocínio Lógico do Autor (resumo de suas ideias): 2.5. Esquema das Ideias do Autor: 3. Análise Interpretativa 3.1. Justificar ou criticar: 3.2. Interpretação: 3.3. Atitude Crítica: 11 APLICAÇÃO DA LEITURA ANALÍTICA Texto ENVELHECIMENTO E AÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL Texto extraído de: GOLDMAN, Sara Nigri. Caderno Especial nº 8. O Serviço Social e a questão do envelhecimento. Edição 04 a 18 de fevereiro de 2005. Disponível em: http://:www.assistentesocial.com.br/novosite/cadernos/cadespecial8.pdf Os dados demográficos do IBGE mostram que o segmento de pessoas com sessenta anos e mais tem crescido de forma extraordinária no Brasil. Na medida em que tal população requer atenção nas inúmeras áreas de atuação profissional, destacamos, a seguir, algumas possibilidades no campo do Serviço Social, lembrando que as demandas são historicamente determinadas e requerem respostas de políticas sociais adequadas. O atendimento à população idosa teve relevância desde os primórdios do Serviço Social. O caráter caritativo e assistencialista, de proteção aos idosos fragilizados, quer seja por questões socioeconômicas, quer seja por abandono dos familiares, foi se modificando, no decorrer de sua história. Os assistentes sociais comprometidos com as causas sociais, se assumem como agentes políticos de transformação social, ultrapassam a mera execução das políticas sociais e aliam-se aos movimentos sociais dos usuários na construção de um projeto que lhes garanta o usufruto da cidadania. A participação de assistentes sociais foi efetiva nos espaços de luta pela cidadania dos idosos e pela aprovação do Estatuto do Idoso, um avanço em termos legais, mas ainda distante de ser implementado. Cabe registrar que os assistentes sociais devem ser solidários na luta, sem serem os protagonistas das lutas dos idosos, evitando a tutela e a ocupação do espaço político dos sujeitos idosos. O assistente social deve atuar, sempre que possível, com os demais profissionais, numa ação interdisciplinar que congregue esforços no seu fazer cotidiano e na aliança de parceiros para a consolidação dos direitos dos idosos, principalmente os da seguridade social: saúde, previdência e assistência social. São importantes, também ações profissionais na esfera da educação, não só para os idosos, mas para todas as gerações, para que aprendam a conhecer e a respeitar os idosos, para que estabeleçam laços sociais de intercâmbio intergeracionais e para que se preparem para a velhice. O campo profissional de atendimento à população idosa é bastante amplo com tendências de ascensão a curto, médio e longo prazos, devido ao aumento demográfico e às demandas crescentes de produtos e de serviços. Sinalizaremos algumas, a título de exemplo, deixando claro que há áreas e sub-áreas que emergem de acordo com a realidade social e histórica. Na área da Saúde: em hospitais, da rede pública e privada, nos postos de saúde, em instituições asilares, nas campanhas comunitárias de vacinação, de prevenção de doenças, na prevenção de quedas, no acompanhamento domiciliar, na informação junto à família, na formulação de políticas de saúde, na orientação, assessoria e consultoria dos movimentos dos usuários de saúde, que contemplem as demandas dos idosos, não de forma exclusiva e outras atividades. Na área da Previdência Social: Nos postos da Previdência Social, orientando e viabilizando o usufruto dos direitos previdenciários; em todas os locais de atendimento aos idosos, esclarecendo direitos e informando aos usuários quanto aos benefícios da Previdência, nas campanhas comunitárias de esclarecimento, na formulação da política previdenciária, na orientação, assessoria e consultoria dos movimentos dos aposentados e pensionistas e outras atividades. Na área da Assistência Social: Nas repartições públicas de todos as esferas, nas instituições estatais, nas organizações sociais privadas, nas comunidades, em todos os espaços que congregam idosos e seus familiares para orientação, prestação de serviços e, especificamente sobre o Benefício da Prestação Continuada. Participar da formulação de políticas da área,da assessoria, consultoria e orientação aos movimentos dos usuários da Assistência Social, dos Conselhos da Assistência em todos os âmbitos, além de outras atividades. Na área da Educação: Atuar nos espaços educativos destinados aos idosos, como as Universidades para a Terceira Idade, as escolas para idosos, os grupos de convivência, os centros- dia, as entidades de cultura e lazer, as associações de moradores de bairros e das comunidades, as associações de aposentados e pensionistas, para compartilhar das equipes interprofissionais de experiências de educação social e política, que envolvam e preparem os idosos para o exercício pleno da cidadania enquanto sujeitos. Campanhas educativas em todas as áreas da seguridade social, além das voltadas para as barreiras arquitetônicas, para os transportes, para a inserção nos 12 espaços sócio-políticos, como os fóruns, conselhos e associações de idosos, aposentados e pensionistas. Há que se pensar, também, em programas educativos intergeracionais que possibilitem a construção de uma sociedade pautada na solidariedade entre as gerações para diminuir o preconceito que os jovens têm dos idosos e vice-versa. A educação para a cidadania amplia a ação do Serviço Social em programas dirigidos aos idosos. Há que se atentar para as demandas que emergirão, certamente, no transcorrer da história. Mas certamente, o Serviço Social terá espaço de participação em todas elas e nossa expectativa é de que sua atuação seja comprometida com a cidadania dos idosos, seja competente e crítica, rumo a um mundo em que a Justiça Social se faça presente não só para os idosos, mas para toda a sociedade brasileira. *Professora Adjunta da ESS/UFRJ, Doutora em Serviço Social e Políticas Sociais pela PUC/SP, Diretora Técnico-Científica da ANG/RJ. OS PROCEDIMENTOS DE ESCRITA: FASES DA PRODUÇÃO TEXTUAL Antes de falarmos das fases do processo de produção textual, é relevante explicar que os textos se realizam concretamente através de gêneros textuais, definidos como tipos relativamente estáveis de enunciados, constituídos de determinado modo (plano composicional), com certa função comunicativa em esferas de atuação humana, e distinguíveis pelo conteúdo temático e pelo estilo que apresentam. Em outras palavras, os gêneros são uma forma específica de combinar, indissoluvelmente: conteúdo, estilo, composição e, principalmente, propósito comunicativo. Em enunciados como “recebi seu e-mail hoje”, “achei aquele anúncio muito interessante”, “fiz o resumo do livro”, “terminei o relatório”, “o poema de Vinícius é lindo”, etc., os termos grifados são exemplares de gêneros textuais; práticas sociocomunicativas que convencionamos e utilizamos constantemente, por meio de uma linguagem que tanto pode ser conotativa quanto denotativa. Já os tipos textuais são formas de organização textual, predominantes em dado gênero. Os tipos mais conhecidos são: narrativo, descritivo, argumentativo, informativo-explicativo, injuntivo (instrucional), etc. Numa bula, por exemplo, predomina a injunção; num artigo de opinião, a argumentação, e assim por diante. O ato de escrever exige operações elementares como: organização e seleção de ideias, produção, revisão do texto (com o objetivo de torná-lo cada vez mais inteligível) e reescrita. Nesse sentido, o primeiro passo para aprender a produzir um texto é distinguir as várias fases de sua realização: planejamento (seleção e organização das ideias), criação do texto ou desenvolvimento, revisão e redação final. A fase de planejamento serve para “economizar” e distribuir o tempo disponível, bem como para clarear as ideias e identificar as características do texto a ser escrito. É mais fácil escrever um texto quando se determina exatamente o que fazer e, para isso, alguns pontos precisam ser esclarecidos e definidos antes do início do trabalho: • Objeto da redação: assunto e delimitação (tema); • Destinatário; • Tipo e gênero textual; • Propósito ou função comunicativa do texto. Feita então essa reflexão, passa-se para a busca (geração) de ideias. Nesse momento, vai-se anotando livremente tudo que vier à mente, como numa tempestade de ideias, palavra “puxando” palavra, ideia “puxando” ideia. E se as informações sobre dado tema forem insuficientes, será necessário ler e pesquisar mais sobre o assunto. Depois de geradas as ideias, elas devem ser selecionadas. Quando encaramos um assunto pela primeira vez, é normal que as ideias que nos vêm à mente sejam pouco ligadas entre si. Então, é preciso selecioná-las, conforme o objetivo do texto, e organizá-las, recuperando-as em subconjuntos, de forma que todas as informações tenham algo em comum (seleção e organização). A partir dessa organização, é aconselhável a criação de um roteiro do texto. O roteiro é o plano de desenvolvimento das ideias; é a definição da ordem ou sequência em que serão apresentados os aspectos ou detalhes que irão estruturar o texto; é um instrumento de controle de desenvolvimento, que evitará a presença de itens desnecessários ou incoerentes e assegurará aqueles realmente exigidos pelo objetivo do texto. Seus componentes são palavras-chave, frases ou 13 períodos. Durante a sua criação, as ideias do roteiro devem ser definidas, desenvolvidas e exemplificadas. Após a seleção das ideias e a sua organização no roteiro, chega o momento de começar a escrever o texto: a fase de desenvolvimento ou criação. Nela, tudo o que foi colocado em tópicos no roteiro deverá ser articulado, ligado devidamente, já que o texto é um continuum em que as partes se inter-relacionam. Portanto, ao passar de uma ideia a outra, deve-se estar atento para usar elementos de ligação que ajudam a criar o fio condutor do raciocínio. Depois de escrito o texto, vem a fase de revisão, um passo fundamental para a sua produção final. Os estudantes, em geral, não revisam seus textos; apenas releem de forma rápida e pouco crítica, em vez de fazerem uma revisão minuciosa. Pode-se falar de dois tipos principais de revisão: a revisão de conteúdo e a revisão de forma. Durante a revisão de conteúdo, deve-se verificar – antes de tudo – se o texto está bem estruturado, especialmente quanto à ordem e à organização dos parágrafos. Cada parágrafo deve desenvolver uma ideia relacionada com a tese do texto, e a sequência dos parágrafos deve ir construindo progressivamente a tese que se quer desenvolver. As primeiras versões dos textos contêm, às vezes, passagens que não apresentam nenhuma relação com o restante ou que constituem divagações muito distantes das partes precedentes e seguintes. No primeiro caso, trata-se de trechos que devem ser cancelados; no segundo, passagens que devem ser postas em outra ordem no texto ou integradas com o que segue ou antecede, através de conjunções ou frases de ligações. A revisão da forma consiste em efetuar transformações locais nos textos: cortar e simplificar frases longas demais, suprimir palavras supérfluas, colocar frases na voz ativa, corrigir as quebras de paralelismos, as regências, as concordâncias, a ortografia, e assim por diante. As revisões de conteúdo e de forma são separadas por comodidade de exposição; na realidade, os dois tipos de revisão são realizados ao mesmo tempo. Depois da revisão e da correção, a redação deve ser finalmente “passada a limpo” – fase da redação final. Uma boa apresentação serve tanto para satisfazer o senso estético como para facilitar a leitura e apreciação do texto. Trabalhando as fases do processo de produção textual Exemplo 01 I. Identificação das características da redação Assunto: Drogas Delimitaçãodo tema: Drogas: liberar ou não liberar? Tipo: Argumentativo Gênero (formato): Artigo de opinião Destinatário: Público em geral Propósito: Argumentar a favor ou contra a liberação das drogas II. Geração de ideias (elenco desordenado e casual de ideias para o tema) vulgarização e descontrole geral países com estados onde há liberação estão revendo a situação quem sairia ganhando? a posição do governo diante da paralisação da sociedade nenhum benefício poderia amenizar os males causados o governo seria o “traficante oficial” da nação sensação de poder X disposição para trabalhar liberar é desistir do combate e juntar-se ao inimigo a liberdade é o bem maior que possuímos, não devemos abrir mão desse bem o futuro das crianças decisão equivocada e pouco racional III. Seleção e organização das ideias (que configuram um roteiro como o expresso abaixo) IV. Roteiro 1. Não liberar, porque... ...será uma decisão equivocada e pouco racional ...haverá vulgarização e descontrole geral 14 ...nenhum benefício aliviaria os males causados ...a sensação de poder implicará em indisposição para trabalhar ...países onde há liberação estão revendo a situação 2. Ao liberar... ...quem sairia ganhando? ...qual seria a posição do governo diante da paralisação da sociedade? de “traficante oficial”? 3. A liberdade ...bem maior ...jamais abrir mão dela V. Conclusão Liberar é desistir do combate e juntar-se ao inimigo Qual será o futuro das crianças? Versão final do texto A liberação oficial das drogas é, sem dúvidas, uma decisão equivocada e pouco racional, uma vez que as tornariam vulgares e ocasionaria um descontrole geral no aumento do consumo. Além disso, os prejuízos causados com essa liberação seriam incalculáveis, por conta da sensação de poder que as drogas proporcionariam e a consequente falta de disposição para o trabalho. Devemos questionar, no caso de uma provável liberação para essas substâncias: quem sairia ganhando com isso? A sociedade, certamente, nada ganharia. Ademais, qual seria a função do governo nesse caso? Seria o “traficante oficial” da nação? Países que as liberaram estão revendo suas posições, exatamente porque a situação estava ficando caótica. Além desses questionamentos, devemos refletir em torno da nossa liberdade. Que liberdade tem uma pessoa que vive presa à sensação de uma substância? Não abramos mão do nosso bem maior! Liberar as drogas é, portanto, desistir do combate e juntar-se ao inimigo. É tolher o futuro brilhante de uma criança. Sejamos mais racionais e não troquemos a beleza do nosso mundo pela obscura trilha que tem a morte como ponto final. Atividade I. Identificação das características da redação Assunto: Delimitação do tema: Tipo: Gênero (formato): Destinatário: Propósito: II. Geração de ideias (elenco desordenado e casual de ideias para o tema) III. Seleção e organização das ideias (que configuram um roteiro como o expresso abaixo) IV. Roteiro V. Conclusão 15 A COMPOSIÇÃO DOS TEXTOS Comecemos com a definição de parágrafo dada por Othon Garcia: “O parágrafo-padrão é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela”. Formalmente, o parágrafo é indicado por um afastamento da margem esquerda da folha e facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as ideias principais de sua composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios. Os parágrafos são moldáveis quanto à extensão, podendo ser aumentados ou diminuídos de tamanho, conforme o tipo de redação, o leitor e o veículo de comunicação onde o texto vai ser divulgado. O parágrafo apresenta algumas partes distintas, dentre as quais, a mais importante é o tópico frasal, que consiste na sua ideia principal. As outras partes são: desenvolvimento, que deve conter as frases que irão expressar o pensamento do autor sobre a ideia anunciada, e conclusão, que arremata essa ideia. A devida articulação entre parágrafos torna o texto coeso e coerente. UNIDADE III Como vimos, a relação entre tipos e gêneros textuais é essencial para a produção escrita. Um texto pode apresentar-se narrativamente, com todos os elementos que lhe são peculiares (como o foco narrativo, o enredo, os personagens, a intriga, o clímax, o desfecho); descritivamente, enumerando detalhes concretos de um objeto, pessoa, situação ou lugar; injuntivamente, oferecendo instruções a serem seguidas; ou dissertativamente, expondo uma opinião, com base em observação, análise e argumentos. Nós, neste curso, vamos nos deter na produção desse último tipo: o dissertativo. O PROCESSO DE PRODUÇÃO DE TEXTOS DISSERTATIVOS 1 O TEXTO DISSERTATIVO Dissertar é exercer nossa consciência crítica, questionar um tema, debater um ponto de vista, desenvolver argumentos. Existem dois tipos de dissertação: o dissertativo expositivo e o dissertativo argumentativo. O primeiro tem como objetivo primordial expor uma tese, analisar e interpretar ideias e pode ser identificado como demonstrativo; não se dirige a um interlocutor definido e se constitui de provas as mais impessoais possíveis. Na dissertação argumentativa – texto argumentativo, além do interlocutor não definido e da utilização de provas impessoais, tentamos, explicitamente, formar a opinião do leitor ou ouvinte, procurando persuadi-lo de que a razão está conosco. Para a argumentação ser eficaz, os argumentos devem possuir consistência de raciocínio e de provas. O raciocínio consistente é aquele que se apoia nos princípios da lógica, que não se perde em especulações vãs, no “bate-boca” estéril. As provas, por sua vez, servem para reforçar os argumentos. Os tipos mais comuns de provas são: os fatos, os exemplos, os dados estatísticos e o testemunho. A estrutura dos dois tipos de composição é a mesma: introdução, desenvolvimento e conclusão. 1.1 Assunto, tema, recorte, tese, título Para alcançar um bom texto, é necessário relembrar alguns pontos fundamentais que favorecem a organização daquilo que se pretende comunicar. Observe: Assunto é algo amplo, genérico; Tema é o assunto já delimitado; Recorte é o que interessa ao autor discutir no texto; Tese é o ponto de vista a ser defendido sobre um determinado tema; Título é o nome dado ao texto, que visa atrair o leitor para a leitura do texto, fazendo referência ao tema abordado. 16 Exemplos: 1. Assunto: Centros urbanos. (Tema: O desenvolvimento dos grandes centros urbanos. Recorte: A violência em São Paulo. Tese: A cidade de São Paulo enfrenta sérios problemas em relação à segurança da população. Título: O desenvolvimento urbano e a violência). 2. Assunto: Tecnologia. (Tema: O avanço tecnológico no século 21. Recorte: Os meios de comunicação e as relações sociais. Tese: Na era da comunicação, o homem contemporâneo encontra-se cada vez mais sozinho. Título: O paradoxo da era da comunicação) 1.2 Técnicas de planejamento de um texto Vimos que criar uma espécie de roteiro de nossas ideias nos auxilia na construção de um texto. Outra possibilidade de planejamento de texto é a utilização da técnica do “POR QUÊ?” Considere a seguinte estrutura textual: INTRODUÇÃO: Tese + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3 DESENVOLVIMENTO: argumento 1 argumento 2 argumento 3 CONCLUSÃO: Expressão inicial + reafirmaçãodo tema + observação final (Adaptado de: OLIVEIRA, Luciana Scognamiglio de. Material de apoio e produção textual II. São Paulo: Universidade Nove de Julho, 2007). Vejamos, agora, os passos desse tipo de planejamento textual. Tese: O mundo caminha para a própria destruição Pergunta-se: Por que O MUNDO CAMINHA PARA A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO? Responde-se: (argumento 1) tem havido inúmeros conflitos internacionais. (argumento 2) o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico. (argumento 3) permanece o perigo de uma catástrofe nuclear. Conclui-se: Expressão inicial + retomada do tema + sugestão ou possibilidade (previsão) de solução do problema. Vejamos esse esquema sendo utilizado no texto: DESTRUIÇÃO: A AMEAÇA CONSTANTE O mundo caminha atualmente para a sua própria destruição, pois tem havido inúmeros conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico e, além do mais, permanece o perigo de uma catástrofe nuclear. Nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coreia que provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos que, envolvendo as grandes potências internacionais, poderiam conduzir-nos a um confronto mundial de proporções incalculáveis. Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em um local inabitável... Além disso, enfrentamos sério perigo relativo à utilização da energia atômica. Quer pelos acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas nucleares, quer por um eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente poderíamos sobreviver diante do poder avassalador desses sofisticados armamentos. Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar na possibilidade de estarmos a caminho do nosso próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo possa ser feito no sentido de conter essas diversas forças destrutivas, para podermos sobreviver às adversidades e construir um mundo que, por ser pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações futuras. (Texto adaptado de GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Scipione,1988) 17 Analisemos agora o processo de construção do texto abaixo. Eu ensinei a todos eles Lecionei no ginásio durante dez anos. No decorrer desse tempo, dei tarefas a, entre outros, um assassino, um evangelista, um pugilista, um ladrão e um imbecil. O assassino era um menino tranquilo que se sentava no banco da frente e me olhava com seus olhos azuis-claros; o evangelista era o menino mais popular da escola, liderava as brincadeiras dos jovens; o pugilista ficava perto da janela e, de vez em quando, soltava uma risada rouca que espantava até os gerânios; o ladrão era um jovem alegre com uma canção nos lábios; e o imbecil, um animalzinho de olhos mansos, que procurava as sombras. O assassino espera a morte na penitenciária do Estado; o evangelista há um ano jaz sepultado no cemitério da aldeia; o pugilista perdeu um olho numa briga em Hong Kong; o ladrão, se ficar na ponta dos pés, pode ver minha casa da janela da cadeia municipal; e o pequeno imbecil, de olhos mansos de outrora, bate a cabeça contra a parede acolchoada do asilo estadual. Todos esses alunos outrora se sentaram em minha sala, e me olhavam gravemente por cima de mesas marrons. Eu devo ter sido muito útil para esses alunos – ensinei-lhes o plano rítmico do soneto elisabetano, e como diagramar uma sentença complexa. Observações: 1) O texto é construído com as palavras-chave: assassino, evangelista, pugilista, ladrão e imbecil. O importante para a existência desse texto são essas cinco palavras. 2) O texto foi desenvolvido da seguinte forma: a) no primeiro parágrafo: são colocadas as palavras-chave; b) no segundo parágrafo: diz-se de cada palavra-chave algo relacionado com o passado. As palavras-chave aparecem na mesma ordem em que foram enunciadas no primeiro parágrafo; c) no terceiro parágrafo: as mesmas palavras, na mesma ordem, são explicadas em relação ao que aconteceu depois. 3) Do princípio ao fim, o texto atém-se a explicar situações relativas às personagens enunciadas no primeiro parágrafo; utilizando-se do paralelismo. 4) Ao final, o autor acrescenta um recuso novo: a ironia; provavelmente com o objetivo de possibilitar uma reflexão. 1.4 Proposta de produção de textos • Reflita sobre as leituras que fez. • Delimite o tema. • Estabeleça a tese que será apresentada. • Selecione o caminho que o levará à comprovação de sua ideia, usando para isso a técnica do “Por quê?” (aqui se define a proposta argumentativa, quando a articulação de ideias busca convencer e persuadir o leitor) • Estabeleça a que deseja chegar com a exposição que fará em seu texto. • Organize esse raciocínio por meio do gráfico. • Articule as ideias que organizou no gráfico e, a seguir, escreva seu texto. PROPOSTA DE ATIVIDADE – alimentação temática: Durante a semana, procure ler textos que tratem do desenvolvimento tecnológico (benefícios, prejuízos, adaptação dos profissionais, implicação em relação ao desemprego, contribuições para a medicina, para a educação etc.), para que possamos elaborar um fluxograma, ou um mapeamento de ideias sobre o assunto e desenvolver um texto organizado, claro e coeso. Quanto mais contato tiver com os meios de informação (TV, jornais, revistas, rádio, livros), maior será seu conhecimento sobre os assuntos. Por isso é muito importante ler constantemente, a fim de que seu “arquivo” de conhecimentos esteja sempre cheio e atualizado. Se suas idéias forem limitadas, seu texto também o será! 18 1.5 Expressões que ajudam a construir sua redação "É possível que... no entanto..."; "É certo que... entretanto..."; "É provável que... porém..." "Em primeiro lugar...; em segundo...; por último..."; "Primeiramente,...; em seguida,...; finalmente,..." "Por um lado... por outro..."; "É preciso considerar que os seguintes aspectos..."; "Também não devemos esquecer estes elementos essenciais:..."; "Não podemos deixar de lembrar que..." "Segundo..."; "Conforme..."; "De acordo com o que afirma..." "Compreende-se então que..."; "É bom acrescentar ainda que..."; "É interessante reiterar..." "Com este trabalho objetiva-se..."; "Pretende-se demonstrar..."; "O presente trabalho objetiva..." "A fim de comprovar o que foi dito,..."; "Para exemplificar,..."; "Exemplo disso é..." "Por outro lado,..."; "Em contrapartida,..."; "Ao contrário do que se pensa,..."; "Em compensação,..." "Para tanto,..."; "Para isso,..."; "Além disso,..."; "Se é assim,..."; "Na verdade,..." "É fundamental que..."; "Tudo isso é..."; "Nesse momento,..." "De toda forma,..."; "De tal forma que..."; "Em ambos os casos,..."; "Assim,..."; "Portanto,..."; "Mediante os fatos expostos,..."; "Dessa forma,..."; "Diante do que foi dito..." "Resumindo,..."; "Em suma,..."; "Em vista disso, pode-se concluir que..."; "Finalmente,..." "Nesse sentido,..."; "Com esses dados, conclui-se que..." 2 O TEXTO ARGUMENTATIVO O texto argumentativo tem como meta principal a defesa de uma tese, pressupondo a existência de um “auditório” definido, isto é, um interlocutor específico, adequando-se a ele com a intenção de convencê-lo, persuadi-lo (levá-lo a crer no ponto de vista defendido, de tal forma que passe a aceitá-lo como verdadeiro). Nesse tipo de discurso, o enunciador almeja a adesão total do interlocutor. Ao elaborar um texto argumentativo visando conseguir a adesão de determinado(s)interlocutor(es), o enunciador precisa escolher os argumentos, conhecer a dimensão deles e estabelecer uma ordem de apresentação dos mesmos. Em outras palavras, deve ter consciência da pertinência e da força desses argumentos. Sem esse conhecimento prévio, uma argumentação pode fracassar. Os argumentos são, portanto, as “provas” (raciocínio, dados, fatos) apresentadas para demonstrar que a ideia que você pretende defender é correta. Como diz Aristóteles, os argumentos servem quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas. Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argumento pode, então, ser definido como qualquer recurso que torna uma coisa mais vantajosa que a outra. O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o enunciador está propondo. "Argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, significa 'vencer junto com o outro' (com + vencer) e não contra o outro. Persuadir é saber gerenciar a relação, é falar à emoção do outro". A origem dessa palavra está ligada à preposição ‘per, 'por meio de, e a 'Suada', deusa romana da persuasão. (...) Mas em que 'convencer' se diferencia de ‘persuadir'? Convencer é construir algo no campo das ideias. Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize". (ABREU, Antônio Suarez. A arte de argumentar - gerenciando razão e emoção. São Paulo. Ateliê, 1999.) É comum utilizarem-se indistintamente os termos "convencer" e "persuadir" como sinônimos. Na teoria da argumentação, entretanto, eles adquirem sentidos específicos, associando-se o primeiro conceito mais à razão, e o segundo, à emoção. Koch (1984) adota essa distinção: "Enquanto o ato de convencer se dirige unicamente à razão, através de um raciocínio estritamente lógico e por meio de provas objetivas (...), o ato de persuadir, por sua vez, procura atingir a vontade, o sentimento do(s) interlocutor(es), por meio de argumentos plausíveis ou verossímeis, e tem caráter ideológico, subjetivo, temporal". 19 Textos para análise e discussão Folha ONLINE A OFERTA DE ENERGIA ELÉTRICA VAI AFETAR O CRESCIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO? (Argumentação 01: SIM) PARA FUGIR DE UM NOVO RACIONAMENTO Newton Duarte A CARÊNCIA de oferta de energia pode afetar negativamente o crescimento econômico. A necessidade de um eventual novo racionamento colocaria em risco a recuperação em curso da economia brasileira e inviabilizaria o desejado ciclo de desenvolvimento sustentado. Para atingir os objetivos de crescimento sustentado do PIB a taxas superiores a 4,5% ao ano e evitar um déficit entre a oferta e a demanda de energia no médio e longo prazos, o Brasil precisa gerar, pelo menos, quatro gigawatts (GW) ao ano em geração hidráulica, térmica e demais fontes renováveis, de forma a expandir a capacidade instalada. Levando em conta as premissas do Plano Decenal de Energia Elétrica da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), dos atuais 47,5 GW médios de demanda, atingiremos, em 2011, 61 GW médios, representando um crescimento médio de 6,5% ao ano, superando assim a previsão de órgãos governamentais quanto ao acréscimo de geração de apenas 2,9% ao ano no período. Tal cenário apresenta sérios riscos de abastecimento energético, se levarmos em conta a dependência hídrica do sistema elétrico brasileiro. Tendo em vista esse cenário, grandes projetos hídricos, como Madeira e Belo Monte, devem ser priorizados. Caso contrário, o país terá que buscar fontes alternativas para suprir a demanda energética. No entanto, vale ressaltar, essa alternativa implicaria um aumento relevante do custo da energia, gerando perda da competitividade da indústria. Outra grande preocupação é o déficit na oferta de gás natural. Em 2006, o Brasil teve déficit de 30 milhões de m3/dia. Esse déficit se intensificaria para cerca de 66 milhões de m3/dia em 2015 e só seria minimizado, mas não totalmente solucionado, com o incremento significativo da oferta de gás natural liquefeito (GNL). Fora da agenda energética do Brasil há muitos anos, a geração de energia a carvão permanece tímida. Segundo o primeiro balanço do PAC, recentemente divulgado pelo governo, só a usina de Candiota 3 é contemplada. Embora as questões ambientais e os custos representem barreiras para essa fonte, o carvão merece atenção especial pelo potencial que significa para a aceleração da expansão de oferta energética e a redução da dependência de fontes hidrelétricas. A malfadada experiência do racionamento de energia elétrica de 2001 representou impactos significativos para a economia brasileira. O ritmo de crescimento do PIB se contraiu de 4,3% em 2000 para apenas 1,3% em 2001. Mais intenso ainda foi o impacto na redução do ritmo de crescimento da produção industrial, que caiu de 6,6% para 1,5 no mesmo período. O risco de um novo racionamento pode afetar negativamente as decisões de novos investimentos por parte das empresas, com todos os reflexos negativos decorrentes. Um outro impacto potencial é o aumento dos custos de abastecimento energético. Em suma, o racionamento representaria não só um freio no crescimento econômico mas também um aumento dos custos da produção industrial. Enfrentar o problema da oferta de energia é urgente. Vale destacar, as medidas de produtividade adotadas por ocasião do racionamento de 2001 já foram incorporadas aos processos industriais, o que diminui o potencial para futuras economias. É preciso garantir a efetiva realização dos investimentos previstos, o que não exclui as iniciativas de melhoria da eficiência. É imprescindível tratar com prioridade as soluções eficazes para simplificar os processos de concessão de licenciamento ambiental. A longa maturação dos investimentos exige rapidez nas decisões para ampliar a oferta de energia e mantê-la sempre à frente da demanda. A desoneração dos investimentos em infra-estrutura é um elemento incentivador das decisões. Da mesma forma, é fundamental melhorar as condições de financiamento de projetos e propiciar um ambiente regulatório claro e estável. Não podemos deixar que o Brasil seja preterido de um futuro próspero por falta das ações necessárias e dos investimentos em infra-estrutura. Para progredir, o país precisa reconhecer os desafios presentes e atacá-los na raiz. (Newton Duarte, 52, engenheiro elétrico, é diretor do Departamento de Infra-Estrutura do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e diretor de Energia e Transporte da Siemens)). 20 (Argumentação 02: NÃO) A OFERTA (E O PREÇO JUSTO) DA ENERGIA Mauricio Tolmasquim EM 1999 e 2000, fui dos poucos a alertar para o alto risco de falta de energia no país, o que, afinal, se concretizou em forma do racionamento de 2001. Hoje, sinto-me muito à vontade para me contrapor ao "efeito manada" que atinge o conjunto de especialistas e comentaristas do setor energético e afirmar que o nível de risco de déficit para os próximos anos está dentro do nível aceitável. Sofre-se atualmente no Brasil de uma espécie de "trauma pós-racionamento". Especialistas e empresários em uníssono veem a falta de energia como uma questão inexorável - discordam apenas quanto à data em que essa fatalidadeatingirá o país. Em parte, é compreensível a apreensão dos menos informados. Afinal, como diz o ditado popular, “gato escaldado tem medo de água fria”. Porém, a situação hoje é muito diferente da que existia em 2001. O Brasil tem, desde 2004, um novo modelo para o setor elétrico, que visou à redução dos riscos para os investidores e das tarifas para os consumidores. Os vencedores das licitações têm, agora, contratos de longo prazo, que constituem recebíveis aceitos pelo BNDES para a concessão de financiamentos. Antes, as usinas eram concedidas para os investidores que aceitassem pagar o maior ágio pelo uso do bem público (UBP). Agora, os novos aproveitamentos hidrelétricos são concedidos aos investidores que aceitam construir e operar as plantas pela menor tarifa. Isso reduziu drasticamente o valor estratosférico do UBP que os investidores se viam obrigados a pagar - interessante para o Tesouro Nacional, mas perverso para o consumidor e para o investidor. A exigência de licença ambiental prévia para um empreendimento ser colocado em licitação é outro fator que reduziu o risco para o investidor e deu um fim ao faz-de-conta de antes, quando o governo concedia usinas que simplesmente não tinham viabilidade ambiental, criando um conflito entre empreendedores e órgãos licenciadores. Outras usinas licitadas eram passíveis de ser viabilizadas, mas o ônus da obtenção das licenças era exclusivo dos empresários. O setor elétrico está cada vez mais atrativo para os investidores. Entre 2003 e 2006, foram instalados, em média, 3.667 MW por ano de nova capacidade de geração no Brasil, o que é cerca de 40% superior à média entre 1995 e 2000, período que antecedeu o racionamento. Para o período de 2007 a 2010, já existem 11.078 MW com plenas condições de entrar em operação e uma quantidade maior será viabilizada com os dois leilões marcados para 18 e 26 próximos. O aumento dos preços da energia elétrica é em geral apontado por grandes consumidores como um gargalo para o desenvolvimento. Mas preços artificialmente baixos significam um grande custo para todo o setor energético. Um bom exemplo é o segmento dos eletrointensivos. Por duas décadas, algumas dessas indústrias tiveram acesso a energia muito barata, com preços fortemente subsidiados. Consumidores residenciais chegaram a pagar entre quatro e cinco vezes mais pela mesma energia. Em 1985, essas indústrias compravam energia por cerca de US$ 10/MWh e suas tarifas permaneceram, em grande parte do período, entre esse valor e US$ 25/MWh. A energia elétrica era vendida a tarifas muito inferiores ao custo da geração de usinas hidrelétricas, de cerca de US$ 60/MWh. Essa situação mudou em 2004, quando essas indústrias tiveram que negociar novos contratos de fornecimento. Sem dúvida, seria ótimo se todos pudessem ter energia barata. No entanto, vale lembrar outro ditado: "não existe almoço grátis". A energia barata, vendida no passado aos grandes consumidores pelas geradoras estatais, levou, em boa medida, ao endividamento e à perda de capacidade de investimento dessas empresas. A oferta de energia para os próximos anos é suficiente para atender ao crescimento econômico esperado, sendo igualmente necessário que ela se expanda de forma contínua. O novo modelo implantado em 2004 tem os mecanismos necessários para assegurar que isso ocorra. (Mauricio Tolmasquim, 48, doutor em socioeconomia do desenvolvimento, é presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética). Foi secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (2003-2005) e coordenou o grupo de trabalho que elaborou o novo modelo do setor elétrico). 21 Formas de argumentação Os argumentos são recursos linguísticos que utilizamos para tornar nosso discurso mais persuasivo e conquistar a adesão do auditório. Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as pessoas preferirem uma coisa à outra. Qualquer recurso linguístico destinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argumento. Os argumentos mais utilizados são: a) Argumento de autoridade É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas pelo auditório como autoridades em certos domínios do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Isso confere ao texto maior credibilidade, pois o ancora no depoimento de um especialista. Para o auditório, o efeito é positivo, uma vez que se acredita que as considerações de um expert são verdadeiras. A estratégia é adquirir respeitabilidade, fazendo valer sua tese com o peso da consideração de que goza a autoridade citada. Se considerarmos que, por meio da argumentação, se constrói um determinado objeto de saber, o discurso como um todo, podemos dizer que a autoridade auxilia-nos a construir esse objeto. Observe: Administrar é dirigir uma organização, utilizando técnicas de gestão para que alcance seus objetivos de forma eficiente, eficaz e com responsabilidade social e ambiental. Lacombe (2003, p.4) diz que a essência do trabalho do administrador é obter resultados por meio das pessoas que ele coordena. A partir desse raciocínio de Lacombe, temos o papel do "Gestor Administrativo" que com sua capacidade de gestão com as pessoas, consegue obter os resultados esperados. b) Argumento baseado no consenso É aquele que corresponde a valores em circulação na sociedade sobre os quais não pairam dúvidas: trata-se de ideias aceitas como verdadeiras por determinado grupo social, razão pela qual o consenso dispensa a demonstração (o que é considerado óbvio não precisa ser comprovado para ser aceito). De certa maneira, os dados consensuais produzem efeito semelhante ao que chamamos anteriormente de "evidência" (no discurso científico): criam a impressão de que não há o que argumentar. De fato, só se argumenta para chegar a um consenso, a um ponto comum (na verdade, o ponto de vista do enunciador). É preciso cautela no uso desse recurso argumentativo, uma vez que o consenso é o que todos sabem, e o texto que fala só do que todos já sabem torna-se desnecessário, perde sua razão de ser. Não há o que argumentar, por exemplo, diante de dados consensuais como a ideia de que o homem é mortal, a AIDS é uma doença contagiosa, homens não podem engravidar etc. Observe, por exemplo, o seguinte argumento em se tratando da questão da escassez de água: A escassez e o uso abusivo da água doce constituem, hoje, uma ameaça crescente ao desenvolvimento das nações e à proteção ao meio ambiente. A saúde e o bem estar de milhões de pessoas, a alimentação, o desenvolvimento sustentável e os ecossistemas estão em perigo. A luta pela água poderá levar o mundo a outra grande guerra. Alguns economistas preveem que, por sua importância estratégica, a água será a moeda do futuro. Mais do que o petróleo e o ouro, ela é valiosa para a humanidade. Sem ouro ou sem petróleo o homem vive; sem água não. (adaptado de http://www.uniagua.org.br. 06/08/2007) c) Argumento baseado em provas concretas Trata-se da apresentação de dados que servem para comprovar a nossa tese, criando também efeito de sentido de evidência, de realidade. Esses dados concretos, isto é, extraídos da experiência "real", são obtidos de levantamentos estatísticos, relatórios, pesquisas etc., em geral divulgados por fontes consideradas "fidedignas", ou seja, que gozam de credibilidade - por exemplo, os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os índices da FGV (Faculdade Getúlio Vargas) etc. Do ponto de vista do poder persuasivo, esse é um tipo de argumento forte, uma vez que cria a impressão de realidade, o efeito de verdade (embora se saiba
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