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Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis CAP II - ÁGUA NO SOLO DEFINIÇÃO E COMPOSIÇÃO DO SOLO Sob o ponto de vista agrícola, o solo é o produto da intemperização e fragmentação da crosta terrestre por meio de processos físicos, químicos e biológicos, sendo, portanto, um sistema heterogêneo, trifásico, disperso e poroso. O solo é constituído de partículas sólidas, liquidas e gasosas. Sendo a parte sólida constituída por partículas minerais e orgânicas. As frações minerais e orgânicas encontram-se mais ou menos agrupadas, de tal forma a deixar espaços vazios entre elas, ao quais constituem a parte porosa do solo. Este espaço poroso do solo divide-se os gases e a solução. O solo serve como suporte para as plantas, além de reservatório de água, ar e nutrientes para elas se desenvolverem. De forma geral, a composição dos solos pode ser representada de acordo com o esquema abaixo: Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis FRAÇÃO SÓLIDA As partículas sólidas apresentam formas, tamanhos e composição química diferente. Enquanto algumas são tão pequenas, como os colóides, outras são grandes, suficiente para serem vistas a olho nu. Dependendo do tamanho médio, as partículas minerais são classificadas em três frações, ou seja: Areia: 2 – 0,02 mm; Silte: 0,02 – 0,002 mm; Argila: < 0,002 mm. O SOLO COMO UM RESERVATÓRIO O solo é constituído de partículas sólidas, líquidas e gasosas. O volume de sólidos pode ser considerado praticamente fixo, enquanto os gases e a solução dividem o espaço poroso do solo. A parte sólida deste material poroso consiste principalmente de partículas minerais e substâncias orgânicas de várias formas e tamanhos, e é chamada de esqueleto, sólidos ou matriz do solo. Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis A parte porosa ou a parte não ocupada pela matriz do solo consiste de poros interconectados e recebe o nome de espaço poroso ou poros do solo. Se a quantidade de solução ou a umidade do solo aumentam, a quantidade de gases diminui. Na realidade, o solo pode ser considerado um grande reservatório de água, cuja quantidade de água armazenada varia com a umidade. SOLO O solo é um substrato natural que promove a sustentação dos vegetais, armazenando água e nutrientes para os mesmos. Dentro da relação água-solo-planta-atmosfera, torna-se necessário conhecer algumas de suas características para o bom aproveitamento ou mesmo o sucesso da irrigação. Essas características influenciam de diversas formas na quantidade de água que será armazenada e aproveitada pelas plantas. Por ex.: A velocidade de infiltração da água e a retenção de umidade do solo são os principais fatores diretamente dependentes destas características. As principais características físicas do solo que afetam a retenção da água são: Textura, estrutura e porosidade. a) TEXTURA A textura do solo refere-se à distribuição das partículas que o compõem em termos de tamanho e porcentagem de ocorrência. A importância do tamanho das partículas diz respeito ao número delas Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis por unidade de volume ou de peso, e a superfície que elas expõem. A superfície exposta determina as propriedades de retenção de água e de nutrientes. A textura de um solo é determinada pelas proporções de areia, silte e argila contida em sua composição. Solos arenosos são caracterizados como solos de alta permeabilidade ou infiltração. São por esta razão, solos que não possuem boa capacidade de armazenamento de água. Solos argilosos são caracterizados como solos de baixa permeabilidade, e alta capacidade de armazenamento de água. A textura é uma propriedade física do solo que deve ser determinada em laboratório. b) ESTRUTURA A estrutura do solo refere-se ao arranjo das partículas e a adesão de partículas menores na formação de agregados. Dessa forma, é uma propriedade qualitativa. É a maneira pela quais as partículas do solo se agregam ou agrupa na natureza. Os poros apresentam entre os agregados e dentro deles, sendo de maior tamanho os primeiros. Refere-se à forma de arranjamento das partículas do solo e influencia na permeabilidade e na resistência à erosão. Os principais tipos de estrutura são: prismática, em blocos, laminar, granular, e sem estrutura ou grãos simples. A estrutura é uma propriedade física do solo que pode ser destruída através do manejo inadequado, resultando em solos compactados e Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis mal aerados, onde são prejudicadas a infiltração da água e a penetração e oxigenação das raízes. A recuperação da estrutura de um solo é um processo lento, mas pode ser conseguido através da aplicação de matéria orgânica e rotação de culturas. c) POROSIDADE DO SOLO: É a Razão entre o volume total de poros (água + ar) e o volume total ocupado pela amostra de solo (sólidos + água + ar). gsolo de poros.cm de cm V VV V V P 3-3- t st t p Valores representativos de porosidade Solo arenoso = 0,396 a 0,321 cm-3 . cm-3 Solo franco-arenoso = 0,472 a 0,396 cm-3 . cm-3 Solo franco – argiloso = 0,509 a 0,472 cm-3 . cm-3 Solo argiloso = 0,623 a 0,509 cm-3 . cm-3 Solos orgânicos = 0,857 a 0,571 cm-3 . cm-3 O solo é formado por poros. Os poros de maior diâmetro são chamados de macroporos e os de menor diâmetro de microporos. É nesses poros que o solo armazena a água e o ar, cuja quantidade de um e de outro, dependerá da sua textura. Se um solo está encharcado, seus poros estão saturados com água. Se estiver completamente seco, seus poros estão ocupados com ar. A água tem um movimento de infiltração mais rápido através dos macroporos e através dos microporos seu movimento é capilar. Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis Um solo arenoso contém mais macroporos que microporos, daí decorre a maior velocidade de infiltração de água nestes solos. Já os solos argilosos possuem maior quantidade de microporos, através dos quais a água se infiltra lentamente, e consequentemente é mais retida. Solos compactados oferecem maior resistência ao desenvolvimento das raízes, apresentam menor capacidade de reter água e com isso tendem a perdas maiores de água por escoamento superficial. A Figura abaixo constitui-se numa representação esquemática de um solo hipotético e mostra as massas e os volumes das três fases em uma amostra representativa. Com base na Figura, definiremos alguns indicadores usados para expressar de forma quantitativa, as inter-relações dos três constituintes primários do solo. Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis MASSA ESPECÍFICA DAS PARTÍCULAS SÓLIDAS DO SOLO OU DENSIDADE REAL (dp): define a relação entre a massa de sólidos e o volume de sólidos, sendo representada pela Equação. 33 s s p m.kgoucm.g V M d A densidade real é uma propriedade física bastante estável porque depende exclusivamente da composição da fração sólida do solo. Pode ser alterada pelo manejo do solo ao longo do tempo, caso haja modificação significativa do conteúdo de matéria orgânica. Na maior parte dos solos minerais a dp varia de 2,6 a 2,7 g cm -3. É comum a adoção de 2,65 g cm-3 como valor médio. Feldspato = 2,5 a 2,6 g . cm-3 Mica = 2,7 a 3,0 g . cm-3 Quartzo = 2,5 a 2,8 g . cm-3 Mineraisde argila = 2,2 a 2,6 g . cm-3 Média = 2,48 a 2,75 g cm-3 → 2,65 g . cm-3 Aplicações da densidade real: - Avaliação da porosidade total do solo; - Avaliação do tempo de sedimentação de uma partícula em um fluido; - Critério auxiliar na classificação de solos; e, - Estudos mineralógicos na separação de minerais leves e minerais pesados. Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis MASSA ESPECÍFICA GLOBAL DO SOLO (ds) É a relação entre a massa do solo seco (m) a 105-1100C e o seu volume total (V), incluindo o espaço poroso. É determinada através da fórmula e geralmente expressa em g/cm3. 33 s m.kgoucm.g V m d solodeVolume secosolodemassa ds A densidade do solo é uma propriedade física que reflete o arranjamento das partículas do solo, que por sua vez define as características do sistema poroso. Ela é função da textura, estrutura e grau de compactação do solo. Permite transformar as percentagens de umidade gravimétrica do solo em termos de umidade volumétrica, e desta forma determinar a lâmina de água no solo. Entre os métodos existentes para determinação da densidade do solo, o do cilindro e o da proveta, os mais conhecidos. O método do cilindro é considerado padrão, para fins de irrigação. Já o método da proveta pode propiciar resultados compatíveis com aqueles obtidos pelo método do cilindro apenas para solo arenoso ou desestruturados. Métodos como o da parafina e o raio gama também são opções para determinação da densidade do solo. Valores médios de densidade em função do tipo de solo: Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis Solo arenoso = 1,6 a 1,8 g . cm-3 Solo franco-arenoso = 1,4 a 1,6 g . cm-3 Solo franco – argiloso = 1,3 a 1,4 g . cm-3 Solo argiloso = 1,0 a 1,3 g . cm-3 Solos orgânicos = 0,2 a 0,6 g . cm-3 e) PROFUNDIDADE Esta característica diz respeito à espessura do solo. Solos profundos são os mais adequados para as culturas irrigadas, pois permitem o maior desenvolvimento das raízes e com isto, o melhor aproveitamento da água. Solos rasos, com espessura menor que 0,50 m, devem ser utilizados apenas com culturas de raízes pouco profundas, como por exemplo, algumas hortaliças. f) TOPOGRAFIA Solos com declividade acentuada acumulam em geral, menos água que os solos sem declividade. DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA DO SOLO O conhecimento da umidade do solo é de fundamental importância, pois indica em que condições hídricas ele se encontra. Para irrigação, a umidade do solo deve ser determinada e servirá de referência para a quantidade de água a ser aplicada pelo sistema. Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis A umidade do solo é um fator essencial nos processos de transferência entre o solo, a planta e a atmosfera. Sua determinação constitui uma importante ferramenta nos estudos relacionados com o movimento de água no solo e o manejo da irrigação, especificamente com relação à época de irrigar e à quantidade de água a ser aplicada. Umidade do solo diz respeito ao teor de água contida no mesmo, num determinado momento. O seu controle determina a necessidade de voltar a irrigar ou não. Á medição ou estimação do conteúdo de água do solo em condições de campo é difícil devido a uma série de fatores, tais como: Crescimento desigual das plantas e a desuniformidade na distribuição do sistema radicular causam variações no conteúdo de água no solo; Diferenças em características de infiltração resultam em variações logo após chuva ou irrigação; A variabilidade do solo no campo com relação à estrutura, estratificação e textura causam diferenças na quantidade de água armazenada no solo; Distúrbios e mudanças na densidade aparente, variação em volume de poros e distribuição de tamanho de poros casam expressivas variações no conteúdo de água ao longo do perfil do solo, em condições de campo; Desuniformidade inerente à irrigação pode ser devido à adequação do dimensionamento, da operação e da qualidade do sistema de irrigação. Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis O teor de água no solo está sujeito a uma variabilidade temporal e espacial, uma vez que o sistema solo-água é dinâmico, tanto no perfil do solo quanto na área. A variabilidade espacial e temporal deve ser considerada no planejamento da amostragem do teor de água do solo, tendo em vista também a finalidade das informações (manejo de irrigação, pesquisa, etc.). UMIDADE DO SOLO A umidade do solo é definida como a razão entre a massa de água e a massa de solo seco, denominada umidade em peso (Up), ou como a razão entre o volume de água e o volume de solo, denominada umidade em volume (Uv). Nos cálculos de irrigação, trabalha-se sempre a umidade do solo em base seca, portanto, faz-se necessária a transformação desse valor, antes das determinações de lâminas de irrigação. Utiliza-se para essa transformação a relação a seguir: Determinação da percentagem de umidade em base úmida: úmido solo de massa águademassa Ubu% Determinação da percentagem de umidade em base seca: seco solo de massa águademassa Ubs% Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis Transformação de umidade em base úmida para umidade em base seca: %Ubu - 100 %Ubu x 100 Ubs% Por exemplo: se a umidade do solo em volume é de 0,20 ou 20%, significa que em cada camada de solo de espessura L existe 0,2.L de água, ou seja, em cada centímetro de solo existem 2,0 mm de água. Em irrigação, além de utilizar a umidade do solo em base seca, é desejável que a umidade do solo esteja em volume para que se possa trabalhar o resultado em lâmina (mm). Esse valor pode ser determinado da seguinte forma: 100x solodeVolume água de Volume %Uvol O maior problema encontrado neste caso é conhecer o volume da amostra de solo na hora da amostragem, isto é, o equipamento não pode deformar a amostra. São utilizados trados especiais, constituídos por um anel de volume conhecido. Conhecendo o volume do anel, tem-se o volume da amostra e, com isso, a possibilidade da umidade por volume do solo. A determinação de umidade em peso já é bem mais fácil, pois a amostra pode ser deformada e não é necessário o conhecimento do volume retirado. A amostra pode ser retirada com um enxadão. Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis Essa forma de amostragem, embora mais fácil, não permite a obtenção do resultado da umidade em milímetros, necessitando de transformação. 100x seco solo de massa águademassa Upeso% Para converter %Upeso em %Uvol, tem-se que multiplicar o seu valor pela densidade do solo; %Uvol = %Upeso x ds UMIDADE COM BASE EM MASSA SECA OU GRAVIMÉTRICA (U): É a razão entre a massa de água e a massa de sólidos (solo seco) existente em uma amostra de solo e é expressa em gramas de água por gramas de sólidos. sólidos de g . água de g M M U M M - M U 1- s a s st UMIDADE COM BASE EM VOLUME OU VOLUMÉTRICA (): É a razão entre o volume de água e o volume de solo (sólidos + água + ar) existente em uma amostra de solo e é expressa em cm3 de água por cm3 de solo. solo de cm . água de cm V V θ 3-3 T a Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis Na Equação acima, substituindo-se Va e VT em função da densidade da água (da = 1 g cm -3) e da densidade do solo,teremos: ss s as s a a s s a s s a a d U θ d M M θ 1 d M M θ d d M M θ d M d M θ expressa em cm3 de água por cm3 de solo A umidade do solo influencia diretamente o volume de água nele armazenado, bem como a sua resistência e a compactação, entre outros fatores. É importante o conhecimento da umidade do solo para estudos do movimento da água no solo, disponibilidade de água, erosão, época e quantidade de água a ser aplicada em irrigação e muitos outros problemas. POROSIDADE DO SOLO (): refere-se à relação entre o volume de vazios e o volume total. T p V V η Sabendo-se que: Vp = VAR + VA, tem-se: T s T sT T aar V V - 1 η V V- V η V V V η Expressando-se VS em função de dr, e VT em função de ds, tem-se: r s d d - 1 η Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis Considerando-se valores médios de ds de 1,3 g cm -3 e dr igual a 2,65 g cm-3, indicam porosidade de 0,5; ou seja, o volume ocupado pelo ar e água está ao redor de 50%. POROSIDADE LIVRE DE ÁGUA (): é a Razão entre o volume ar (Vp – Va) e o volume total ocupado pela amostra de solo (sólidos + água + ar). T ap T ar V V - V ε V V ε Relação importante: θ - η ε Esta relação tem grande importância no controle da água em projetos de irrigação e drenagem. No que diz respeito à irrigação, quando se aplica uma determinada lâmina é necessário que se avalie quanto tempo será necessário para que uma porcentagem de poros do solo esteja na condição de não saturação, ou seja, qual a porosidade livre de água. Para a maioria das culturas 6% de porosidade livre permite o aproveitamento do oxigênio pelo sistema radicular. PORCENTAGEM DE SATURAÇÃO (PS): reflete diretamente qual a porcentagem da porosidade do solo ocupado com água. P V V P s p a s Existem diversos métodos de se determinar o teor de umidade do solo, dentre eles os principais são: gravimétricos, eletrométricos, tensiômetro, sonda de nêutrons, TDR, etc.. Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis a) MÉTODO-PADRÃO DE ESTUFA (GRAVIMÉTRICO) É um método direto, preciso, que consiste em retirar amostras de solo, na área e na profundidade em deseja saber a umidade. É mais usado para trabalhos de pesquisa e verificação de aparelhos e processos mais simples, pois é demorado e necessita de equipamento de laboratório, não podendo ser feito diretamente no campo, como outros métodos. Os procedimentos de coleta da amostra no campo e de laboratório são: Na área de cultivo, as amostras de solo são retiradas em diferentes profundidades em que deseja conhecer a umidade. Em seguida, as amostras são colocadas em recipientes fechados (latas de alumínio lacradas com fita), e lavadas ao laboratório. Em seguida, pesa-se o recipiente com amostra (M1), coloca-se o recipiente aberto em uma estufa a 105 – 110 0C. Após 24 horas, no mínimo, retira-se o material da estufa, pesando-se novamente (M2). Sendo (M3) o peso do recipiente. A percentagem de umidade em peso será dada pela equação: latalatasolo latasololataáguasolo s st MM MM M MM U s a M M U ou seja Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis 100x C 105asecaamostradaassaM estufanaevaporadaaguadassaM U 0 ' Para determinação direta de umidade em volume, é necessário saber qual o volume da amostra que foi retirada do solo. A percentagem de umidade em volume será dada pela equação: 100x amostradaVolume MM st Para determinação indireta de umidade em volume, é necessário conhecer a umidade em peso e a densidade do solo. A percentagem de umidade em volume será dada pela equação: T a V V θ ss s a d U θ d M M θ Ds - densidade do solo Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis Obs.: apesar do método ser o mais preciso, apresenta o inconveniente, para irrigação, de só permitir o conhecimento do teor de umidade do solo 24 horas após a amostragem, além de exigir balança e estufa. b) TENSIÔMETRO É um método direto para determinação da tensão d’água no solo (potencial matricial) e indireto para determinação da % d’água no solo. Para quantificar a umidade pelo emprego da tensiometria, faz-se necessário o conhecimento da curva de retenção de água pelo solo, que permite correlacionar o potencial matricial com a umidade. O tensiômetro é composto por uma cápsula porosa de cerâmica conectada a um vacuômetro através de um tubo geralmente de plástico. Qualquer mudança no conteúdo de água no solo e, consequentemente, de seu estado de energia será transmitido à água Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis no interior do tensiômetro, sendo indicada rapidamente pelo vacuômetro. Alem desse modelo, tem sido utilizado o tensiômetro de punção, que mede o potencial matricial com um tensímetro digital ou analógico. A grande vantagem desse modelo é dispor de um grande número de sensores na área irrigada, bastando apenas um dispositivo de leitura (tensímetro). Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis A cápsula do tensiômetro funciona como uma membrana semipermeável, que permite a livre passagem de água e íons e não de ar e partículas de solo. De acordo com Reichardt (1987), para valores menores que -1,0 atm (-0,1 MPa) o tensiômetro deixa de funcionar, porque a coluna de água dentro do tubo não resiste a tensões maior que 1,0 atm (a coluna de água se rompe). Na prática, recomenda-se o uso de tensiômetro no intervalo Ψm = 0 (saturação) a Ψm = 0,75 atm (0,075 MPa), uma vez que as tensões recomendadas como adequadas para a maioria das culturas são inferiores a este limite. O tensiômetro deve ser instalado a uma profundidade tal que a cápsula porosa fique na região de maior concentração do sistema radicular da cultura, recomendando, se possível, três profundidades diferente sendo a última para detectar eventuais perdas por percolação profunda. Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis Devem ser instalados em pelo menos dois a três pontos representativos da área irrigada, sendo o controle da irrigação realizado pela média das leituras. Para instalar o tensiômetro, abre-se um furo na linha de plantio ( após a germinação completa da cultura), com o mesmo diâmetro do tensiômetro, até a profundidade desejada, com auxílio um trado. O tensiômetro deve ser firmemente inserido no solo, devendo existir um bom contato entre o solo e a cápsula porosa. Recomenda-se que a instalação seja feita quando o solo estiver úmido e que se coloque terra ao redor do tensiômetro para evitar empoçamento de água. O controle da irrigação realizado por este método exige que se conheça a correspondência entre o valor da tensão matricial utilizada como indicador e a umidade do solo. Para tanto, é necessário 1/2 1/1 10-15 cm Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis determinar a curvacaracterística ou de retenção de água no solo, para as profundidades exploradas pelo sistema radicular da cultura. A tensão registrada pelo tensiômetro indicará o momento de irrigar, e "quanto aplicar", é também definido uma vez que, para cada valor de tensão existe um correspondente teor de água, e conseqüentemente, sabe-se o que deve ser aplicado para elevar o solo à capacidade de campo. Exemplo Seja uma área com as seguintes características físico-hídricas: Capacidade de campo (0,01MPa) = 24% (base peso); Ponto de murcha (1,5 MPa) = 15% (base peso); Densidade aparente = 1,10 g/cm3. A irrigação será realizada sempre que os tensiômetros instalados à profundidade de 25 cm acusar uma tensão média de 0,05 MPa [umidade correspondente = 19% (base peso)]. A lâmina necessária para elevar o solo à capacidade de campo será dada por: mm,7513LL2510,1 10 19-24 LLzDs 10 Ua- CC LL Considerando que a eficiência de aplicação do sistema de irrigação seja de 80%, a lâmina bruta será: mm17,19LB 0,8 13,75 LB Ei LL LB Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis O controle da irrigação através de tensiômetros impossibilita a programação prévia da irrigação, uma vez que turnos de rega não são fixos, e conseqüentemente é necessário dispor de um equipamento que permita irrigar a área simultaneamente. C) EDABO - EVAPORAÇÃO DA ÁGUA ATRAVÉS DO BANHO DE ÓLEO Teve sua criação no âmbito do Departamento de Engenharia Agrícola, na Universidade Federal de Viçosa. Inicialmente era utilizado para determinação da umidade em grãos e, posteriormente, foi adaptado para determinação da umidade em solos também. É um equipamento artesanal muito simples, e sua precisão depende dos cuidados na sua construção e operação. Fornece o valor da umidade na hora, sendo de grande potencial para trabalhos em fazendas onde não tenha sido implantado um programa de determinação da umidade do solo por outros métodos. Trata-se de um equipamento que funciona por diferença de peso, em que, conhecendo o peso de uma amostra de solo, encontra-se a quantidade de água existente nessa amostra, utilizando o aquecimento, um termômetro para definir o final deste (180°) e seringa de injeção. Na Figura abaixo, apresenta-se uma vista do equipamento e um teste em andamento. Seu resultado é expresso em base úmida, sendo necessária a transformação para base seca para fins de irrigação. Procedimentos: Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis 1 - Monta-se o aparelho sobre uma bancada, juntando-se as peças e componentes. 2 - Através do contrapeso, o braço é nivelado (ponteiro alinhado). Coloca-se agora (seta amarela) o peso padrão de 100 g. 3 - Para novo equilíbrio coloca-se a amostra de solo (solo + água), que corresponderá a 100 g. 4 - Acrescenta-se Óleo vegetal até cobrir a amostra (cerca de 150 mL) e mistura-se bem até formar uma massa homogênea. 5 - Coloca-se um termômetro (0 a 260°C) na massa solo-óleo com cuidado, para não encostar o bulbo do termômetro no fundo do recipiente. 6 - Nivela-se novamente o braço (contrapeso) devido à adição de óleo e do termômetro. Coloca-se fogo no recipiente abaixo do frasco com a mistura, até que se atinja 180°C. Nesse momento, o fogo é apagado (tampa abafadora). 7 - Com a evaporação da água do solo, a balança pende para o lado esquerdo. 8 - Acrescenta-se água (seringa de injeção) até novo equilíbrio. A quantidade de água acrescentada para o novo equilíbrio do sistema representa o teor de umidade do solo (base úmida). Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis Exemplo 1: Ao fazer determinação de umidade no EDABO, o volume gasto para equilibrar o aparelho foi de 20 cm3. Determine o valor correspondente a umidade em bases úmida e seca. 20 cm3 ~ 20 ml ~ %UBúmida = 20% %Ubs = 25% % 25 % 20 - 100 % 20 x 100 Ubs Obs.: A %Ubs é sempre maior que a %Ubu Exemplo 2: Utilizando o EDABO, o volume acrescentado para equilibrar o aparelho foi de 25 cm3. Sabendo-se que esse solo está na capacidade de campo quando sua umidade é de 38%, determine qual porcentagem de umidade é necessária para se alcançar umidade correspondente à capacidade de campo. 25 cm3 ~ 25 ml ~ %UBúmida = 25% %Ubu %3,33 25% - 100 25% x 100 Ubs 38% - 33,3% = 4,7% e) BLOCOS DE RESISTÊNCIA ELÉTRICA Consiste num aparelho medidor da passagem de corrente elétrica (ponte de Wheatstone) ao qual estão ligados um par de eletrodos conectados a um bloco de gesso (nylon ou vidro sintético). Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis O bloco de gesso é enterrado ao solo, e quanto maior for o teor de água do mesmo, menor a resistência à passagem de corrente elétrica. Desta forma uma leitura de 400 ohms, significa que o solo dispõe do total de água disponível (100%). Uma leitura de 100.000 ohms, ou seja alta resistência à passagem de corrente elétrica, significa que não há água disponível para as plantas (0%). f) TDR O método TDR tem como base a medição da constante dielétrica do solo, uma propriedade física que representa a relação entre a capacitância de um meio isolador e o espaço livre. O método parte do principio da emissão de um pulso elétrico por um gerador de pulso, Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis que é propagado ao longo de uma sonda inserida no solo, na qual acontece a reflexão de pulso. O TDR tem sido usado para medida da constante dielétrica (ka) e da condutividade elétrica (CE) do solo, pela determinação do tempo de trânsito e dissipação de um pulso eletromagnético, lançado ao longo de sondas metálicas paralelas inseridas no solo. Demonstra-se que a relação entre a constante dielétrica do solo e sua umidade volumétrica é virtualmente independente da textura e densidade deste, temperatura e conteúdo de sal, o que torna o TDR versátil para determinação da umidade no solo. A velocidade de uma onda eletromagnética em uma linha de transmissão paralela depende da constante dielétrica (k) do material que esta em contato com ela. Quando maior for a constante K, menor será a velocidade da onda. O solo geralmente é composto por ar, partículas orgânicas e minerais e água. A constante dielétrica, k, desses materiais é: ar igual a 1, partículas orgânicas e minerais de 2-4 e água igual a 80. Por causa da grande diferença na constante dielétrica da água em relação à dos outros componentes do solo, a velocidade de um pulso de microonda de energia em uma linha de transmissão paralela enterrada no solo depende muito do teor de umidade no meio (solo). Analisando o tempo que a onda eletromagnética leva para percorrer a linha de transmissão paralela, encontra-se a constante dielétrica no meio, sendo o valor encontrado chamado de constante dielétrica aparente (ka). O teor de umidade do solo é relacionado a constante Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis dielétrica (ka) do solo, em geral, por meio de uma curva de correlação simples, quadrática ou similar. È um equipamento muito preciso (quando bem calibrado); as medidas não são afetadas pela salinidade do solo e medem diretamentea umidade do solo. É um método utilizado principalmente em trabalhos de pesquisa, em razão do seu alto custo e da complexidade de seu uso. g) MÉTODO DO ACETILENO OU "SPEEDY" Baseia-se na reação da água contida no solo com o carbureto de cálcio, originando o gás acetileno. Coloca-se uma amostra do solo na garrafa de aço chamada "speedy", juntamente com uma a duas ampolas de carbureto de cálcio, dependendo da umidade do solo. O "speedy" possui um manômetro que registrará, após a agitação da garrafa para quebrar as ampolas de carbureto, a pressão provocada pelo gás acetileno formado. Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis Esta pressão é diretamente proporcional ao teor de umidade da amostra do solo. É um método simples e rápido, podendo ser usado quando se exige muita precisão (Klar,1988). Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis h) IRRIGAS Embrapa Hortaliças; Versões atuais disponíveis: 7 a 25 KPa; Baixo custo, baixa manutenção. DISPONIBILIDADE DE ÁGUA NO SOLO A interceptação de água pelo solo é função de sua textura, sua estrutura e das propriedades mineralógicas dos minerais argílicos que compõem a matriz do solo. A capacidade de retenção de umidade pelo solo é função direta da microporosidade, uma vez que é nos microporos que a água fica retida. Em termos práticos, a quantidade de água a ser aplicada ao solo, equivalente a certa umidade retida, é dada em termos de lâmina d’água. Volumetricamente, a lâmina aplicada multiplicada pela área de interceptação da lâmina, nos fornecerá o volume equivalente. Assim, Cápsula porosa Cuba de medição Espaguete Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis define-se: 1 mm de altura de água é equivalente a um volume de 1 litro distribuído em uma área de 1 m2. Como consequência: 1 mm = 1 L m-2 = 10 m3 ha-1 A frequência de irrigação requerida para uma cultura, sob determinado clima, depende grandemente da água que pode ser “armazenada” no solo, após uma irrigação. Atualmente, não mais se preocupa classificar a água no solo, mas sim caracterizá-la quantitativamente, para fins de estudo de sua disponibilidade, para as plantas, durante a sua movimentação pelo solo. A água não é estática, mas sim dinâmica, movimentando-se em função do gradiente de seu potencial entre dois pontos quaisquer no solo. A água disponível às plantas, classicamente definida como uma característica estática representa a quantidade de água que um solo poderia reter ou armazenar entre a “capacidade de campo” (Cc) e o “ponto de murchamente” (Pm). Esse conceito pressupõe que a água do solo entre as umidades correspondentes à saturação e à capacidade de campo não é disponível às plantas, indo partes mais profundas do perfil do solo, por ação da gravidade. Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis 1. CAPACIDADE DE CAMPO (Cc) O termo capacidade de campo descreve a condição de movimento da água livre no solo sob ação da gravidade, com sentido vertical para baixo e intensidade muito lenta ou nula, o que equivale dizer que não há variação da umidade com o tempo. Quando isso acontece, diz-se que o solo está em condições de capacidade de campo. Com os conhecimentos atuais de movimento de água em solos saturados e não saturados, tornou-se evidente que a capacidade de campo é um conceito arbitrário e não uma propriedade física do solo. Como discutido, a Cc não pode ser determinada precisamente, uma vez que seu conceito envolve uma decisão mais ou menos arbitrária Água de percolação Água disponível Água não disponível Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis no que diz respeito ao tempo em que a intensidade de drenagem se torne tão lenta, podendo ser considerada desprezível. Ela pode ser determinada no campo e em laboratório 1.1. NO CAMPO. O solo é completamente umedecido, até uma profundidade de mais ou menos 1,5 m, por meio de irrigação ou represamento de água, em uma bacia de 2,0 m de diâmetro, durante o tempo necessário. Após o umedecimento do solo, a superfície é coberta com um plástico para evitar evaporação. O ter de umidade é determinado, em intervalos de 12 horas, por amostragem em cada camada de 10 a 20 cm, até a profundidade desejada. A amostragem e a determinação da umidade devem continuar até que se note que a variação no teor de umidade, no período de 24 horas, tenha se tornado mínima ao longo do perfil. Esse método é mais preciso e funciona como o método-padrão. Obs.: Uma única amostragem, em determinado tempo, em geral, após 24 horas para solos arenosos e 48 horas para solos argilosos, é muito usada, porém pode causar sérios erros. 1.2. NO LABORATÓRIO: Em razão de no campo consumir muito tempo, a determinação da Cc é feita usualmente em laboratório. Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis 1.2.1. MÉTODO DA CURVA DE TENSÃO (Curva Característica) O método clássico de laboratório sugere o uso da câmara de pressão de Richards para determinação da curva de retenção de água em solos, foi descrito originalmente por RICHARDS (1947). O critério clássico fixa o potencial matricial da capacidade de campo em -0,033 MPa, porém nos solos característicos das regiões tropicais e úmidas, esse critério deve ser alterado para potenciais maiores, da ordem de -0,01 MPa a -0,006 MPa (REICHARDT, 1988). As amostras de solo podem ser indeformadas ou deformadas. As placas porosas são de 1,0 bar, 3,0 bar e 15,0 bar. As tensões aplicadas geralmente são: 0,006; 0,010; 0,033; 0,08; 0,10; 0,30; 0,80; 1,5 MPa. A “Cc” pode-se variar de menos de 8%, em peso, para solos arenosos, até mais de 30%, para solos argilosos. 2. PONTO DE MURCHAMENTO (Pm) É a percentagem de água ainda existente no solo quando a força de adesão da água em torno das partículas de solo se iguala à força osmótica da planta que é responsável pela absorção da água pela planta. É expressa em percentagem ou volume. O conceito de ponto de murcha permanente representa o limite mínimo de umidade existente no solo, abaixo do qual uma planta em Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis crescimento ativo apresenta perda de turgescência das folhas, da qual não se recupera, mesmo quando colocada em ambiente saturado. Embora o ponto de murcha possa variar entre as diferentes espécies de plantas e de acordo com o estádio de desenvolvimento, o tipo de solo e as condições climáticas, é comum aceitar como a umidade do solo correspondente à tensão de 15 atm ou 1,5 MPa, independente da espécie e das condições ambientais, e, portanto, estimado indiretamente em laboratório. No campo é comum utilizar o girassol ou o feijão como plantas indicadoras de determinação direta do ponto de murcha permanente. O Ponto de Murcha Permanente é o teor de umidade do solo no qual as plantas murcham e não mais recuperam a sua turgidez mesmo quando colocada em atmosfera saturada por 12 horas (REICHARD & TIMM, 2004). Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos ReisIrrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis CÁLCULO DA ÁGUA DISPONÍVEL A água disponível de um solo pode ser facilmente calculada, desde que se conheçam os teores de umidade correspondentes à Cc e Pm, as propriedades físicas do solo e a profundidade do solo que serão consideradas. Em irrigação, essa profundidade é a profundidade efetiva do sistema radicular da cultura a) Disponibilidade total de água no solo (DTA) A disponibilidade total de água no solo é uma característica do solo, que corresponde à água nele armazenada no intervalo entre a capacidade de campo e ao ponto de murcha permanente. Pode ser Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis expressa em altura de lâmina de água, por profundidade de solo, geralmente de mm de água por cm de solo. A forma de se calcular essa água disponível, através de equações, é descrita abaixo: s mc D 10 PC DTA DTA : Disponibilidade total de água no solo, em mm/cm de solo Cc : capacidade de campo, % em peso Pm : ponto de murchamento permanente, % em peso Ds : densidade do solo, g/cm 3 b) Capacidade total de água no solo (CTA) A CTA representa a quantidade total armazenada na zona radicular (Z). O valor Z representa a profundidade efetiva do sistema radicular (cerca de 80% do volume de raízes), ou seja, a profundidade onde nos interessa controlar a umidade. A equação que descreve essa capacidade está descrita a seguir: ZDTACTA CTA : capacidade total de água do solo, em mm; Z : profundidade efetiva do sistema radicular da cultura, em cm. c) Capacidade real de água no solo (CRA) A CTA representa a capacidade total, mas do ponto de vista da agricultura irrigada não interessa planejar a utilização da água até o PMP. Assim definimos um limite entre a CC e PMP, denominado de fator de disponibilidade hídrica, que representa quanto do valor total sara utilizado. A equação que descreve CRA está descrita abaixo: Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis f .CTA CRA CRA : capacidade real de água do solo, em mm; f : fator de disponibilidade hídrica, sempre menor que 1. c1) Fator de disponibilidade de água no solo (f) O fator de disponibilidade de água no solo é um parâmetro que limita a parte da água disponível do solo que a planta pode utilizar sem causar maiores prejuízos à produtividade. Ele é também um fator de segurança que tem sua proporção definida segundo ao valor econômico e a sensibilidade da cultura ao déficit hídrico. Quando falamos que o f de uma cultura é 0,6 indica que devemos usar somente 60% da água disponível no solo (CC – PMP) para a manutenção da cultura. Quando o f for 0,4 significa usar 40% da água disponível. Tabela - Valores recomendados de fator de disponibilidade para algumas classes de culturas Fator f Grupos de Culturas Faixa comum Verduras e Legumes 0,2 a 0,6 Frutas e Forrageiras 0,3 a 0,7 Grãos e Algodão 0,4 a 0,8 d) Irrigação real necessária (IRN) A irrigação real necessária expressa a quantidade de água requerida pelo sistema para que a cultura se desenvolva sem déficit naquele Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis determinado solo. Ela deve ser sempre menor ou igual a capacidade real de água no solo (IRN CRA). Deve-se considerar dois casos: d.1) Condição de irrigação total Z.f .D 10 PC IRN CRAIRN s mc d.2) Condição de irrigação suplementar es mc e P - Z f D 10 PC IRN PCRA IRN Pe : precipitação efetiva, mm e) Irrigação total necessária (ITN) A IRN representa a quantidade de água necessária para a planta, mas durante a aplicação existem perdas, como evaporação, arraste, desuniformidade, etc. Assim devemos acrescentar certa quantidade para compensar essas perdas. Para isto dividimos a IRN pela eficiência de irrigação. A equação que descreve esse parâmetro está descrita abaixo: aE IRN ITN ITN : irrigação total necessária, em mm; IRN : irrigação real necessária, em mm; Ea : eficiência de aplicação da irrigação, em decimal. Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis Os valores de eficiência dependem do método utilizado, das condições climáticas, das condições de operações e manutenção do sistema de irrigação. Na Tabela abaixo, estão apresentados valores médios para os sistemas mais comuns. Tabela – Eficiência de aplicação média dos sistemas de irrigação. Sistema de Irrigação Eficiência média (%) Irrigação Localizada 85 a 95 Pivô Central 80 a 90 Aspersão Convencional 75 a 85 Irrigação por sulco 50 a 70 Exemplo 1: Solo CC = 33% (em peso); PMP = 16% (em peso); Ds = 1,20 g/cm 3; Cultura: feijão com profundidade radicular de 25 cm e f de 0,5; Irrigação : aspersão com eficiência de 85%. Calcular: DTA; CTA; CRA; IRN (lâmina líquida) e ITN (lâmina bruta). Resolução: solodemm/cm04,220,1 10 6133 DTA CTA = 2,04 * 25 = 51,0 mm CRA = 51,0 * 0,5 = 25,5 mm IRN CRA, vamos fazer IRN = CRA IRN = 25,5 mm (lâmina líquida) bruta) (lâminamm30 0,85 25,50 ITN Irrigação e Drenagem - 2017 Edvaldo Filho dos Reis Exemplos 2: Calcular a disponibilidade d’água para a seguinte condição: Local = Muqui Irrigação total Solo: Cc = 32% (% em peso) Pm = 18% (% em peso) Ds = 1,2 g/cm 3 Cultura: Milho Z = 25 cm f = 0,5 solo de /ha/cmm 16,8ou solo de mm/cm1,681,2. 10 1832 DTA 3 CTA = 1,68 x 25 = 42 mm ou 420 m3/ha CRA = 42 x 0,5 = 21 mm ou 210 m3/ha IRN 21 mm mm25,26 0,80 21 ITN ’
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