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A história de Ana e Penina 1 Samuel 1 Ana é uma personagem abençoada bíblica do Antigo Testamento, mencionada no livro de I Samuel como a mãe do profeta Samuel. Segundo a história bíblica, Elcana, pai de Samuel, tinha duas esposas: Ana e Penina. Enquanto Penina tinha filhos, Ana era estéril. Todos os anos, quando Elcana e sua família iam peregrinar no templo de Deus em Siló]. Penina provocava Ana humilhando-a por causa da esterilidade. Certa vez, Ana sentiu-se profundamente amargurada após ter sido provocada por Penina e, quando entrou no templo, começou a orar intensamente e chorava. Não dizia nenhuma palavra, mas comunicava-se com Deus através de seu coração, tendo feito uma promessa em que, caso tivesse um filho varão, este se tornaria um nazireu e iria servir desde criança à religião dedicando-se ao sacerdócio. Deus atendeu o pedido de Ana e, assim que ela e seu marido retornaram para a residência da família nas montanhas de Efraim, Ana engravidou e teve um filho (Samuel). Depois que Samuel desmamou, Ana, com o consentimento de Elcana, apresentou Samuel no templo e na ocasião compôs um belo cântico no estilo dos Salmos[ ANA se ocupou com os preparativos da viagem, tentando esquecer seus problemas. Era para ser uma ocasião feliz. Todo ano, seu marido, Elcana, viajava com a família para adorar a Deus no tabernáculo em Silo. Jeová queria que essas ocasiões fossem alegres. (Leia Deuteronômio 16:15.) E desde pequena Ana sem dúvida apreciava muito essas festividades. Mas as coisas tinham mudado nos últimos anos. Ana era muito amada pelo seu marido. Mas ele tinha outra esposa, chamada Penina. Parecia que o objetivo dela na vida era atormentar Ana. Penina conseguiu um jeito de fazer com que até essas ocasiões anuais fossem uma fonte de angústia para Ana. Como? E, mais importante, como a fé que Ana tinha em Jeová a ajudou a lidar com um problema que parecia não ter solução? Se você estiver enfrentando desafios que tiram sua alegria, provavelmente achará a história de Ana muito comovente. A Bíblia mostra que Ana tinha dois grandes problemas na vida. Sobre o primeiro, ela tinha pouco controle; e sobre o segundo, nenhum. Ela estava num casamento polígamo, e a outra esposa de seu marido a odiava. Além disso, Ana era estéril. Essa situação é difícil para qualquer mulher que deseja ter filhos, mas na cultura e na época de Ana era ainda pior, porque todos esperavam ter descendência para dar continuidade ao nome da família. Ser estéril era uma grande vergonha. Ana até poderia ter tido forças para suportar essa situação, se não fosse a atitude de Penina. A poligamia nunca foi uma situação ideal. Gerava muita rivalidade, conflito e angústia. Era bem diferente do padrão de monogamia que Deus havia estabelecido no jardim do Éden. (Gên. 2:24) Assim, a Bíblia apresenta a poligamia numa luz desfavorável, e esse relato sobre a família de Elcana é um forte exemplo disso. Ana era a esposa preferida de Elcana. A tradição judaica diz que ele se casou primeiro com Ana e alguns anos depois com Penina. Seja como for, Penina tinha muito ciúme de Ana e sempre encontrava um jeito de fazer sua rival sofrer. A grande vantagem de Penina em relação a Ana era sua fertilidade. Ela teve vários filhos, um atrás do outro, e seu orgulho aumentava cada vez que dava à luz. Em vez de sentir pena de Ana e a consolar, Penina se aproveitava do ponto fraco dela. A Bíblia diz que Penina humilhava Ana “para fazê-la sentir-se desconcertada”. (1 Sam. 1:6) ela fazia isso de propósito; queria magoar Ana, e conseguia. Pelo visto, a oportunidade preferida de Penina para atormentar Ana era a viagem anual a Silo, e aquele ano não foi diferente. A cada um dos muitos filhos de Penina — “a todos os filhos e filhas dela” —, Elcana deu porções dos sacrifícios oferecidos a Jeová. Mas a amada Ana recebeu uma porção especial. A invejosa Penina rebaixou tanto aquela pobre mulher, mencionando vez após vez sua esterilidade, que ela começou a chorar e até perdeu o apetite. Elcana percebeu logo que sua querida esposa estava angustiada e não comia nada, por isso tentou consolá-la. “Ana”, perguntou ele, “por que choras e por que não comes, e por que se sente mal o teu coração? Não te sou eu melhor do que dez filhos?” — 1 Sam. 1:4-8. Elcana até conseguiu perceber que a angústia de Ana tinha a ver com o fato de ela ser estéril, e com certeza ela gostou de sua demonstração de carinho. * Mas ele não mencionou nada a respeito das maldades de Penina. O relato também não sugere que Ana tenha contado isso a ele. Talvez ela achasse que expor Penina só pioraria a situação. Elcana mudaria realmente alguma coisa? Será que Penina não passaria a desprezá-la ainda mais? E que dizer dos filhos e dos servos daquela mulher maldosa? Ana se sentiria cada vez mais uma estranha em sua própria casa. Quer Elcana soubesse de toda a crueldade de Penina, quer não, uma coisa é certa: Jeová Deus sabia de tudo. Sua Palavra expõe tudo o que aconteceu, dando assim um forte aviso a todos os que praticam atos aparentemente pequenos de ódio e ciúme. Por outro lado, pessoas inocentes e pacíficas como Ana podem sentir-se consoladas por saber que o Deus de justiça resolve todos os assuntos no seu tempo e à sua maneira. (Leia Deuteronômio 32:4.) Com certeza Ana sabia disso, pois foi a Jeová que ela procurou em busca de ajuda. Bem cedo, a casa já estava movimentada. Todos, até as crianças, se preparavam para a viagem. Para chegar a Silo, aquela grande família teria de atravessar mais de 30 quilômetros na região montanhosa de Efraim. * A viagem levaria um ou dois dias a pé. Embora Ana soubesse como sua rival agiria, ela não ficou em casa. Assim, deu um valioso exemplo para os adoradores de Deus hoje. Nunca devemos permitir que a má conduta de outros atrapalhe nossa adoração a Deus, pois isso nos impediria de receber justamente as bênçãos que nos dão forças para perseverar. Após um longo dia caminhando por estradas sinuosas nas montanhas, aquela família chegou perto de Silo, no topo de uma colina cercada por montes. Podemos imaginar Ana meditando profundamente sobre o que diria a Jeová em oração. Ao chegar, a família tomou uma refeição. Assim que pôde, Ana se separou do grupo e foi ao tabernáculo de Jeová. O Sumo Sacerdote Eli estava lá, sentado perto da porta. Mas a atenção de Ana estava em seu Deus. Ali no tabernáculo ela tinha certeza de que seria ouvida. Mesmo que mais ninguém pudesse entender o que ela estava passando, seu Pai celestial podia. Toda a angústia de Ana veio à tona, e ela começou a chorar. Soluçando muito, Ana orou silenciosamente a Jeová. Seus lábios tremiam ao passo que pensava nas palavras certas para expressar sua dor. Ela fez uma longa oração, abrindo o coração ao seu Pai. Mas fez mais do que apenas pedir a Deus que realizasse seu forte desejo de ter filhos. Ana não queria só receber bênçãos de Deus, mas também queria lhe dar o que podia. Assim, fez um voto dizendo que, se tivesse um filho, ela o entregaria para servir a Jeová por toda a vida. — 1 Sam. 1:9-11. No que se refere à oração, Ana foi um exemplo para todos os servos de Deus. Jeová bondosamente convida seus adoradores a abrir o coração a ele e expressar todas as suas preocupações, sem reservas, como faria um filho que tem um pai amoroso. (Salmo 62:8; 1 Tessalonicenses 5:17.) O apóstolo Pedro foi inspirado a escrever estas palavras consoladoras: ‘Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele cuida de vocês. ’ — 1 Ped. 5:7. No entanto, os humanos não são tão compreensivos como Jeová. Enquanto Ana chorava e orava, uma voz a assustou. Era Eli, o sumo sacerdote, que a observava. Ele disse: “Até quando te comportarás como embriagada? Afasta de ti o teu vinho. ” Eli havia notado que os lábios e o corpo de Ana tremiam e que ela parecia perturbada. Em vez de perguntar qual era o problema, ele foi logo concluindo que ela estava bêbada. — 1 Sam. 1:12-14. Como deve ter sido duro para Ana ouvir essa acusação infundada num momento de tanta angústia — ainda mais de um homem que ocupava uma posição tão importante! Apesar disso, mais uma vez ela deixou um excelente exemplo de fé. Não permitiu que as imperfeições de outra pessoa interferissem em sua adoração a Jeová. Ela respondeu respeitosamente a Eli e explicou sua situação. Então, percebendo que tinha errado e talvez falando num tom mais suave, ele disse: “Vai em paz, e que o Deus de Israel te conceda o teu pedido. ” — 1 Sam. 1:15-17. Como Ana se sentiu depois de abrir o coração a Jeová e adorá-lo no tabernáculo? O relato diz: “A mulher passou a ir-se embora e a comer, e seu semblante não estava mais preocupado. ” (1 Sam. 1:18) A Versão Brasileira diz: “Não mais era triste o seu semblante.” Ana se sentiu aliviada. Em certo sentido, ela transferiu o peso da sua carga emocional para os ombros infinitamente mais largos e mais fortes de seu Pai celestial. (Salmo 55:22.) Há algum problema pesado demais para ele? Não. Nunca houve e nunca haverá! Quando sentimos que a tristeza está tomando conta de nós, podemos seguir o exemplo de Ana e falar abertamente com Aquele que a Bíblia chama de “Ouvinte de oração”. (Sal. 65:2) Se fizermos isso com fé, no lugar da tristeza poderemos sentir “a paz de Deus, que excede todo pensamento”. — Fil. 4:6, 7. Na manhã seguinte, Ana voltou ao tabernáculo com Elcana. É provável que ela tenha lhe falado sobre o pedido e a promessa que tinha feito a Deus, pois a Lei mosaica dizia que o marido podia anular um voto feito pela esposa sem o seu consentimento. (Núm. 30:10-15) Mas aquele homem fiel não anulou o voto de sua esposa. Em vez disso, ele e Ana, juntos, prestaram adoração a Jeová no tabernáculo antes de voltar para casa. Quando foi que Penina percebeu que não conseguia mais atormentar Ana? O relato não diz, mas a expressão “seu semblante não estava mais preocupado” sugere que a partir de então Ana recuperou o ânimo. De qualquer forma, Penina logo descobriu que seu comportamento cruel já não tinha mais efeito. A Bíblia não menciona mais o seu nome. Os meses se passaram e a paz que Ana sentia se transformou numa indescritível alegria. Ela estava grávida! Mas Ana não esqueceu nem por um momento quem a tinha abençoado. Quando o menino nasceu, ela o chamou de Samuel, que significa “nome de Deus”, pelo visto uma referência a se invocar o nome divino, como Ana havia feito. Naquele ano, ela não acompanhou Elcana e sua família na viagem a Silo. Ela ficou em casa por três anos, até desmamar a criança. Então reuniu forças para o dia em que teria de se separar de seu querido filho. A despedida não deve ter sido nada fácil. É claro que Ana sabia que Samuel seria bem cuidado em Silo, talvez por algumas mulheres que serviam no tabernáculo. Mas ele ainda era tão pequeno! E que mãe não quer ficar perto de seu filho? Mesmo assim, Ana e Elcana levaram o menino, não de má vontade, mas com sentimento de gratidão. Eles ofereceram sacrifícios na casa de Deus e entregaram Samuel a Eli, lembrando-o do voto que Ana havia feito anos antes. Então, Ana fez uma oração que Deus considerou digna de ser incluída em sua Palavra inspirada. Ao ler suas palavras em 1 Samuel 2:1-10, em cada linha você notará a profunda fé que Ana tinha em Deus. Ela louvou a Jeová pela forma maravilhosa como ele usa seu poder — por sua capacidade inigualável de humilhar os orgulhosos, abençoar os oprimidos, pôr fim à vida ou até salvar da morte. Ela louvou seu Pai por sua santidade sem igual, e por sua justiça e fidelidade. Com bons motivos, Ana pôde dizer: “Não há rocha igual ao nosso Deus. ” Jeová é totalmente confiável e imutável, um refúgio para todos os oprimidos que buscam sua ajuda. Com certeza, o pequeno Samuel foi privilegiado por ter uma mãe com tanta fé em Jeová. Mesmo tendo saudades dela, ele nunca se sentiu abandonado enquanto crescia. Todo ano, Ana viajava a Silo, levando uma túnica sem mangas para ele usar no serviço do tabernáculo. Cada ponto costurado era prova do seu amor e carinho. (1 Samuel 2:19.) Podemos imaginar seu olhar de ternura e suas palavras bondosas e encorajadoras enquanto colocava a túnica no menino e a ajeitava. Samuel foi abençoado por ter uma mãe assim, e quando cresceu ele mesmo se tornou uma bênção para seus pais e todo o Israel. Ana também não foi abandonada. Jeová a abençoou com mais cinco filhos. (1 Sam. 2:21) Mas talvez a maior bênção de Ana tenha sido sua relação com seu Pai, Jeová. E essa relação ficava cada vez mais forte ao longo dos anos. Que o mesmo aconteça com você, ao passo que imita a fé demonstrada por Ana. Duas orações especiais As duas orações de Ana registradas em 1 Samuel 1:11 e 2:1- 10 são especiais por vários motivos. Veja alguns deles: Ana dirigiu a primeira das duas orações a “Jeová dos exércitos”. Ela é a primeira pessoa na Bíblia a usar esse título. Ele aparece 285 vezes na Bíblia e se refere à autoridade que Deus exerce sobre um grande número de filhos espirituais. Note que Ana não fez a segunda oração quando seu filho nasceu, mas quando ela e Elcana o ofereceram para o serviço a Deus em Silo. Assim, Ana estava feliz por ter sido abençoada por Jeová, não por ter silenciado sua rival, Penina. Quando Ana disse “Meu chifre está deveras exaltado em Jeová”, talvez ela estivesse pensando no touro, um forte animal de carga com chifres poderosos. Em outras palavras, Ana estava dizendo: ‘Jeová, tu me dás forças.’ — 1 Sam. 2:1. As palavras de Ana sobre o “ungido” de Deus são consideradas proféticas. Ela usou uma expressão hebraica que é também traduzida “messias”, e foi a primeira pessoa na Bíblia a usá-la para se referir a um futuro rei ungido. — 1 Sam. 2:10.
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