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P1 - Integração Regional

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS 
GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS - 2019.2 
INTEGRAÇÃO REGIONAL - Prof.º Deborah Monte 
ACADÊMICO (A): Emily Rafany 
 
Texto (1): ​HERZ, Monica; HOFFMAN, Andrea Ribeiro. Organizações Internacionais. 
São Paulo: Ed. Elsevier. ​Integração Regional​, p.167-213. 
 
O Conceito de Integração Regional 
O termo integração regional envolve dois conceitos básicos: integração e região. 
 
REGIÃO: ​pode ser definida por critérios econômicos, socioculturais, 
político-institucionais, climáticos, entre outros, mas ​remete necessariamente a uma localidade 
territorial onde essas características ocorrem​. Essa localidade ​pode ser geograficamente 
contínua, ou nã​o, e tem ​sempre uma correspondência territorial. 
 
INTEGRAÇÃO​: processo ao longo do qual atores, inicialmente independentes, se 
unificam, ou seja, se tornam parte de um todo. 
 
Os ATORES ENVOLVIDOS em um processo de integração podem ser classificados 
segundo dois critérios. 
1. podem ser ​governamentais ou não governamentais​, ou seja, serem 
representantes de governos, ou da sociedade civil. Exemplos: ator nacional 
governamental são os setores executivos dos Estados; atores nacionais não 
governamentais, podem ser citadas federações nacionais de indústria, agricultura ou 
comércio e ONGs de abrangência nacional. 
2. podem ser ​nacionais, subnacionais ou transnacionais​. Exemplos: atores 
subnacionais governamentais, encontram-se os governos estaduais e municipais, e 
entre os atores subnacionais não governamentais, ONGs regionais e federações 
estaduais de indústria, agricultura ou comércio. Um exemplo de ator governamental 
transnacional são as organizações transnacionais compostas por prefeitos ou 
governadores.2 Exemplos de atores transnacionais não governamentais são as ONGs 
internacionais e redes acadêmicas compostas por membros de dois ou mais Estados. 
 
INTEGRAÇÃO REGIONAL: ​processo dinâmico de intensificação em profundidade 
e abrangência das relações entre atores levando à criação de novas formas de governança 
político-institucionais de escopo regional. 
 
Características: 
1. os processos de integração regional podem, ou não, “gerar” organizações 
regionais. Uma organização de integração regional é um resultado institucional 
específico de um processo de Integração Regional que inclui um documento básico 
constituinte e a criação de uma sede com um secretariado permanente. 
2. Embora uma grande variedade de atores, como os anteriormente mencionados, 
possam ter um papel determinante para o estímulo e para o sucesso de um processo de 
integração regional, sua ​institucionalização na forma de uma organização é 
conduzida por governos nacionais de Estados​. 
3. Apesar ​de as organizações de integração regional serem criadas por governos 
de Estados e, nesse sentido, ​poderem ser classificadas como intergovernamentais, 
seu formato jurídico institucional pode ser supranacional, ​ou seja, pode limitar o 
escopo da soberania dos Estados nas atividades exercidas pela organização. 
4. engloba a cooperação em diversas áreas temáticas: político-institucional, 
sociocultural, econômica. 
 
DIFERENÇA entre ​organização de integração regional e ​acordos regionais de 
integração econômica ​(criação de uniões aduaneiras, zonas de livre comércio, etc.) 
 
a) Ainda que a integração econômica possa ser promovida intencionalmente como 
uma etapa de um processo de integração regional, a integração regional, envolve 
também questões sociais, políticas e culturais. 
b) Além disso, acordos de integração econômica não precisam estabelecer 
organizações regionais com sedes permanentes para administrar suas atividades 
(embora quanto maior for a profundidade da integração, principalmente no caso de 
mercados comuns e uniões monetárias, mais a ausência de uma organização parece 
comprometer sua própria eficácia). 
 
 
 
REGIONALISMO 
Fenômeno produzido quando as organizações regionais funcionais, de segurança e de 
integração regional, e os acordos de integração econômica surgem concomitantemente. 
O termo regionalismo é bastante amplo, englobando esses três tipos de resultado 
institucional, bem distintos, mas que têm como referencial comum o fato de envolverem 
atividades no âmbito de uma região geográfica específica, e não no âmbito universal/global. 
 
PRIMEIRA E SEGUNDA ONDA DE REGIONALISMO 
 
Primeira Onda​: iniciou-se no pós-guerra, e embora seu vigor tenha sido maior até a 
década de 1970, engloba também os acordos e organizações criados até o início da década de 
1980. 
 
Na Europa — Organização Europeia de Cooperação Econômica, em 1948 (renomeada 
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 1960), 
União Ocidental, em 1948 (renomeada União da Europa Ocidental (WEU) em 1955), 
Conselho da Europa (CdE), em 1949, Organização do Tratado do Atlântico Norte 
(OTAN), em 1949, Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), em 1952; 
Comunidade Econômica Europeia (CEE) e Comunidade Europeia de Energia 
Atômica (EURATOM) em 1958, Área de Livre-Comércio Europeia, em 1960; 
Conselho para Assistência Econômica Mútua (COMECON) em 1949; o Pacto de 
Varsóvia, em 1955; e a Organização para Segurança e Cooperação na Europa 
(OSCE), em 1975. 
 
Nas Américas — Tratado Interamericano de Defesa (TIAR, ou Pacto do Rio) em 
1942, Organização dos Estados Americanos (OEA), em 1948; Mercado Comum da 
América Central, em 1960; Associação Latino-Americana de Livre-Comércio 
(ALALC), em 1960; Pacto Andino, em 1969; Comunidade Caribenha, em 1973; 
Sistema Econômico Latino-Americano (SELA), em 1975; Associação 
LatinoAmericana de Integração (ALADI), em 1980; e Organização dos Estados do 
Leste Caribenho, em 1981. 
 
Na Ásia ​— Organização do Tratado do Sudeste Asiático (SEATO), em 1954; e 
Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), em 1967. 
 
Na África — Organização da União Africana (OUA), em 1963; União Econômica e 
Aduaneira da África Central, em 1964; Comunidade Econômica dos Estados da 
África Ocidental (ECOWAS), em 1975; Comunidade Econômica dos Estados dos 
Grandes Lagos, em 1976; Comunidade Econômica dos Estados da África Central, em 
1983; e União Árabe do Magreb, em 1989. 
 
No Oriente Médio — Liga dos Estados Árabes, em 1945; Organização dos Países 
Árabes Exportadores de Petróleo (OPEC), em 1960; Organização da Conferência 
Islâmica, em 1969, Organização Árabe para o Desenvolvimento Agrícola, em 1970; e 
Conselho de Cooperação para os Estados Árabes do Golfo, em 1981. 
 
Segurança: A primeira onda foi fortemente influenciada pela estratégia promovida 
pelos Estados Unidos no pós-guerra. Várias organizações e alianças, como a Organização do 
Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e Organização do Tratado do Sudeste Asiático 
(SEATO), ​foram propostas ou promovidas pelos Estados Unidos para conter o comunismo​. O 
caso da ​OEA foi diferente, pois sua criação refletiu principalmente o tradicional interesse dos 
países latino-americanos de institucionalizar o princípioda não intervenção​, contra possíveis 
interferências por parte, entre outros, dos Estados Unidos. 
 
Economia: ​a primeira onda de regionalismo ficou conhecida como ​regionalismo 
“fechado”​. Esse tipo de regionalismo foi promovido como uma ​estratégia de 
desenvolvimento econômico ​, dado que a percepção era de que os regimes econômicos 
internacionais, principalmente o de comércio, promovido pelo GATT, não atendiam a essa 
necessidade. A principal ideia que sustentava o regionalismo fechado era que os países mais 
atrasados não podiam concorrer em igualdade com os mais desenvolvidos e precisavam de 
incentivos especiais para promoção de sua industrialização. Essa tese foi defendida por 
organizações funcionais da ONU, como a UNCTAD e a CEPAL. 
Críticas: ​No caso do processo de integração na Europa, posto que a ideologia do 
regionalismo fechado não fôsse uma motivação explícita, a liberalização comercial 
interna acabou por ser discriminatória na medida em que não foi acompanhada pela 
liberalização externa, levando à percepção de que a Europa estava se transformando 
em uma “fortaleza” (Fortress Europe). 
A relação entre regionalismo e universalismo/multilateralismo na área comercial 
permanece polêmica, já que os estudos sobre a criação/ diversão de comércio são 
inconclusivos. Alguns autores, como Anne Krueger (Krueger, 1995), defendem que 
são atividades complementares e mutuamente benéficas, e outros, como Jagdish 
Bhagwati (Bhagwati, 1991), defendem que são incompatíveis e que a proliferação de 
acordos e organizações regionais representa uma ameaça ao sistema multilateral, a 
custa do crescimento econômico global 
 
DÉCADA DE 70: A crise econômica global, propulsionada pelo fim do sistema de 
Bretton Woods, e as crises do petróleo e da dívida do terceiro mundo provocaram uma 
profunda mudança na conjuntura internacional. Na América Latina (e Ásia), a estratégia 
protecionista de substituição de importações foi levada adiante e o regionalismo deixado para 
segundo plano. Os Estados Unidos e o Reino Unido se engajaram na promoção da 
desregulamentação e liberalização no âmbito global, que acabaram por ter um profundo 
impacto sobre os fluxos econômicos internacionais. O processo de integração na Europa, que 
já passava por um período delicado, sofreu uma verdadeira estagnação com a recessão 
econômica, como será visto adiante. 
 
Segunda onda: ​Somente na segunda metade da década de 1980, com o fim da Guerra 
Fria, com a recuperação econômica global e a aceleração do processo de globalização, é que a 
integração regional foi retomada, dando origem a uma “nova onda de regionalismo”. Nesse 
período, foram criadas novas organizações e acordos de integração e outras já existentes 
foram revigoradas, como pode ser visto a seguir: 
 
Na Europa ​— Assembleia do Báltico, em 1991; Conselho dos Estados do Báltico, em 
1992; Área Econômica Europeia, em 1992; e União Europeia (UE) em 1992. 
 
Nas Américas — Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (NAFTA), em 
1989; Sistema de Integração na América Central, em 1991; Merca- 166 Organizações 
Internacionais do Comum do Cone Sul (Mercosul) em 1991; Associação dos Estados 
Caribenhos, em 1994; Área de Livre-Comércio do Grupo de Três (G3), em 1995; e 
Comunidade Andina (CAN), em 1997. 
 
Na Ásia ​— Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), em 1989; Comunidade dos 
Estados Independentes (CIS), em 1992; e Comissão do Rio Meking, em 1995. 
 
Na África — Na África Comunidade do Sudeste Asiático para o Desenvolvimento 
(SADC), em 1992; Comunidade Econômica e Monetária da África Central, em 1994; 
Mercado Comum da África Oriental e do Sul (COMESA), em 1994; União 
Econômica e Monetária da África Ocidental, em 1994; Comunidade da África 
Oriental, em 1999; e União Africana (AU), em 2002 
 
Segurança: ​embora o fim da Guerra Fria tenha possibilitado inicialmente uma maior 
atuação do Conselho de Segurança, as organizações regionais também foram revigoradas, 
vistas como complementares aos esforços no nível multilateral universal. A mudança do 
conceito de segurança, que passou a abarcar uma série de questões como a democracia, os 
direitos humanos e o meio ambiente, também ampliou o espaço para atuação dessas 
organizações. 
 
Economia: ​maior motivação para esse novo impulso de regionalismo foi a busca de 
uma melhor inserção na economia internacional no contexto do processo de globalização 
econômica. O termo ​regionalismo aberto se refere ao fato de que os processos regionais de 
integração econômica passaram a ser vistos como etapas intermediárias para a liberalização 
multilateral e não como fins em si mesmos. Nesse sentido, os blocos regionais passam a 
promover a liberalização entre eles, ou seja, não apenas uma liberalização intrarregional, mas 
também inter-regional. os Estados Unidos foram um dos principais promotores do novo 
regionalismo econômico ao proporem a criação do NAFTA, APEC e posteriormente a ALCA 
 
 
 
 
Regionalismo no século XXI: No início do século XXI, a crença otimista do 
regionalismo aberto como forma de promover o desenvolvimento econômico diminuiu, 
principalmente após as crises econômicas na Ásia e na América Latina e o crescente 
questionamento no México, sobre os efeitos do NAFTA.14 Na Europa, no entanto, apesar 
dos obstáculos, fica claro que o processo de integração atingiu um grau de desenvolvimento 
incomparável com os demais. 
A despeito do pessimismo sobre o desenvolvimento dos processos de integração além 
da UE, o regionalismo continua sendo visto como uma alternativa viável para manutenção da 
ordem e estabilidade da política internacional, dada a crise das instituições multilaterais 
universais de governança global e a crescente unipolaridade do sistema internacional 
 
Integração Regional na Europa: a União Europeia 
O processo de integração na Europa englobou a criação de várias instituições e 
organizações regionais, culminando na criação da União Europeia (UE) em ​1993​, quando 
entrou em vigor o ​Tratado de Maastricht 
Embora a ideia de integração na Europa tem origens históricas distantes, foi 
necessário, no entanto, que o continente passasse por mais uma guerra para que os projetos de 
integração europeia fossem transformados em políticas concretas. Antes mesmo do fim da 
Segunda Guerra, circulavam projetos de integração como os propostos por ativistas políticos 
da resistência não comunista, como Walter Lipgens, Altiero Spinelli, Ernesto Rossi e León 
Blum, e políticos exilados, como o ministro de relações exteriores belga PaulHenri Spaak. 
Nesse contexto, foi criado, por um Tratado concluído em Londres em setembro de 1944, o 
Benelux, uma organização regional entre a Bélgica, os Países Baixos e Luxemburgo 
compreendendo uma união aduaneira. 
Inicialmente, os Estados Unidos resistiram à ideia de integração regional na Europa, já 
que o presidente Roosevelt defendia a criação deuma organização universal, a Organização 
das Nações Unidas, e não organizações regionais para institucionalizar a cooperação entre os 
Estados. Contudo, com a configuração do conflito leste-oeste e a criação do bloco soviético, a 
política norte-americana se alterou rapidamente. O Plano Marshall, criado em abril de 1948 
como um programa de ajuda à recuperação europeia, já incluiu como requisito a cooperação 
entre os Estados europeus. 
Com o objetivo de facilitar a implementação dessa cooperação​, os dezesseis países 
classificados como receptores de fundos do Programa, — Reino Unido, França, Benelux, 
Turquia, Grécia, Itália, Portugal, Irlanda, Áustria, Suíça, Suécia, Noruega, Dinamarca e 
Islândia — ​criaram a Organização Europeia de Cooperação Econômica (OECE), ​com sede 
em Paris, que pode ser considerada a primeira organização regional gerada no contexto do 
processo de integração na Europa. 
Uma ​terceira organização regional criada no âmbito do processo de integração na 
Europa, e que funciona até o presente momento, foi o Conselho da Europa (CdE). Seu tratado 
constituinte foi assinado em maio de 1949 entre Reino Unido, França, países do Benelux, 
Itália, Irlanda, Dinamarca, Noruega e Suécia, e previu um campo de atuação bem vasto, 
excluindo, porém, as questões de defesa.19 Apesar de também ter sido apoiado pelos Estados 
Unidos, o CdE foi uma iniciativa mais diretamente impulsionada por forças europeias 
O projeto funcionalista de integração europeia, embora levado a cabo por Robert 
Schuman, tinha como principal mentor o francês, então comissário-geral do Plano de 
Modernização e de Equipamento, Jean Monnet. Defensor do processo de integração já desde 
a Segunda Guerra, Monnet acreditava que era essencial impedir a reconstrução da soberania 
econômica dos Estados europeus e que a prosperidade e o progresso social dependeriam de 
seu reagrupamento em uma entidade econômica comum e, posteriormente, uma verdadeira 
federação europeia. apenas esses seis países, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo, Bélgica 
e Países Baixos, que fizeram parte da Conferência sobre o Plano Schuman, aberta em 20 de 
junho de 1950, em Paris, para negociar a criação da Comunidade Europeia do Carvão e do 
Aço (CECA). Apesar de seus objetivos imediatos terem um caráter meramente econômico, a 
CECA foi criada como a primeira etapa de um processo que deveria culminar na integração 
política nos moldes de uma federação supranacional. 
O ​Tratado de Paris​, assinado em abril de 1951, propondo a criação da Comunidade 
Europeia do Carvão e do Aço (CECA), entrou em vigor em julho de 1952, não tendo havido 
dificuldades no processo de ratificação. O principal órgão da CECA, a Alta Autoridade, tinha 
poderes supranacionais em diversas áreas, detalhadamente definidas no Tratado. 
Em seus primeiros anos de funcionamento, a CECA ganhou credibilidade no exterior, 
abrindo delegações em terceiros países e em organismos internacionais, como o GATT e a 
OECE, e alcançou sua independência financeira através de empréstimos americanos. A 
organização negociou acordos bilaterais de comércio, destacando-se o Acordo de Associação 
com o Reino Unido em 1954, e fez investimentos sociais na área siderúrgica. 
A conjuntura econômica do período inicial do desenvolvimento da CECA foi favorável, 
tendo sido retomado o crescimento econômico e se iniciado o “milagre alemão”. Na área de 
segurança, houve um relaxamento das tensões leste-oeste após a morte de Stalin, mas logo 
interrompido com a crise de Suez e a escalada das tensões em Berlim. 
O relatório final dessa conferência foi adotado como base de negociação para uma nova 
conferência intergovernamental, iniciada em junho de 1956 em Val Duchesse, com o objetivo 
de elaborar dois novos tratados para aprofundar o processo de integração. O primeiro deveria 
estabelecer as condições para a criação da Comunidade Econômica Europeia (CEE), que, 
além de expandir setorialmente a cooperação funcional econômica iniciada com a CECA, 
deveria estabelecer metas para a consolidação de um mercado comum entre os 
Estados-membro. O segundo tratado teria como objetivo a cooperação na área de energia 
atômica e pode ser visto como uma resposta à crescente preocupação com a questão nuclear 
no cenário mundial. A organização a ser criada, a Comunidade Europeia da Energia Atômica 
(Euratom), trataria da cooperação na área de pesquisa e produção de energia nuclear para fins 
não militares com o objetivo de atender à demanda crescente por energia em um cenário de 
insegurança quanto ao fornecimento do petróleo e de saturação da indústria de carvão, além 
de evitar uma corrida secreta entre os países europeus por essa tecnologia. 
Apesar das tensões iniciais devido à proposta do Reino Unido para criação de uma área 
de livre-comércio como uma alternativa ao mercado comum, esse começou a ser 
implementado a partir de janeiro de 1959, e avançou rapidamente, alcançando uma união 
aduaneira em julho de 1968.27 Um dos maiores sucessos do mercado comum foi a criação da 
Política Agrícola Comum (PAC), que se tornou um verdadeiro símbolo da integração. 
Ainda que esse primeiro projeto, o Plano Werner, tenha sido rejeitado novamente pelo 
governo francês, contrário à supranacionalização, ele representou o primeiro passo para 
criação da união monetária. Outro resultado importante dessa iniciativa foi o apoio à adesão 
dos quatro países que haviam se candidatado: Noruega, Dinamarca, Irlanda e, novamente, 
Reino Unido. Após três anos de negociações, em 1973, esses países se tornam membros da 
Comunidade Europeia, com exceção da Noruega, que não pôde ratificar o tratado devido à 
sua rejeição em referendo popular. 
Apesar da ampliação, que continuou com a adesão da Grécia, em 1981, e de Portugal e 
Espanha, em 1986, a integração econômica e monetária foi lenta durante a década de 1970 e 
início de 1980, período que ficou conhecido como “eurosclerosis”. Entre os fatores 
determinantes dessa estagnação, pode-se mencionar: a conjuntura econômica desfavorável, 
marcada pelo fim do sistema de Bretton Woods; a desvalorização do dólar; as crises do 
petróleo; e a recessão e desemprego na Europa. 
A queda do muro de Berlim, em novembro de 1989, a reunificação alemã, em outubro 
de 1990 e a dissolução da União Soviética, em dezembro de 1991, aceleraram essa profunda 
transformação do processo de integração. A Europa passou a buscar um espaço proeminente 
na reconfiguração da nova ordem internacional, em particular na promoção da estabilidade do 
centro e leste europeu através da cooperação para as transições democráticas e econômicas. 
Nesse contexto, os Estadosparte deram um grande passo para a institucionalização do 
processo de integração ao concluir o Tratado em Maastricht. O Tratado, assinado em 
fevereiro de 1992, entrou em vigor em janeiro de 1993 e criou uma nova organização do 
processo de integraçãona Europa: a União Europeia (UE). 
As negociações para a criação da União Europeia envolveram novamente a polêmica 
questão da cessão de soberania. A falta de consenso sobre a inclusão de várias áreas de 
cooperação, entre elas a de segurança, no âmbito comunitário supranacional, levou a um 
exercício criativo de desenho institucional e a configuração de uma estrutura composta por 
três “pilares” independentes. Nessa estrutura, apesar de estarem inseridos em um quadro 
institucional único, os poderes e os métodos de decisão dos órgãos da UE variam conforme a 
área temática tratada. Apesar de algumas modificações posteriores, como será visto adiante, o 
desenho institucional estabelecido pelo Tratado de Maastricht é o que vigora até o presente 
momento. 
O primeiro pilar da UE, chamado de pilar comunitário, consiste nas políticas de 
competência exclusivas e não exclusivas da Comunidade Europeia. Nas áreas de 
competências exclusivas, os Estados-parte perderam a capacidade de formular e implementar 
políticas nacionais, como é o caso da política comercial. Nas áreas de competências não 
exclusivas, os Estados ainda podem formular e implementar políticas, apesar da Comunidade 
também o fazer, como é o caso da política de cooperação ao desenvolvimento. O Tratado 
ampliou as competências da Comunidade Europeia, que passaram a abarcar, entre outros, as 
áreas de pesquisa — meio ambiente, indústria e coesão social — e também estabeleceu novas 
metas para finalização do mercado comum e a introdução da moeda comum. O segundo pilar 
consiste na cooperação política na área de Política Externa e de Segurança Comum (PESC), 
que substituiu a Cooperação Política Europeia, embora mantendo seu caráter 
intergovernamental. O terceiro pilar, também de caráter intergovernamental, trata das 
questões internas policiais e judiciais, abarcando a política de imigração, asilo, luta contra 
drogas, criminalidade e terrorismo. 
Outro aspecto importante do Tratado de Maastricht foram as reformas institucionais 
com vistas a aumentar a legitimidade democrática da organização, como o aumento dos 
poderes legislativos do Parlamento. De fato, à medida que foi aumentando a consciência da 
população europeia quanto ao impacto do processo de integração e suas consequências de 
curto e médio prazo, intensificou-se o debate sobre o “déficit democrático” de suas 
instituições. 
Além da crescente politização do processo de integração, outro fator importante que 
contribuiu para o desenvolvimento de uma nova percepção de participação em uma 
coletividade entre os cidadãos europeus foi a incorporação do Acordo de Schengen, pelo 
Tratado de Amsterdã, de 1997. Esse Acordo, em vigor desde 1995, havia eliminado os 
controles fronteiriços entre seus signatários e, ao ser incorporado à União Europeia, 
significou a implementação da liberdade de circulação de pessoas no âmbito do mercado 
comum. O impacto da possibilidade de cruzar fronteiras livremente sem controle de 
passaporte foi, sem dúvida, enorme. 
Os ​principais órgãos da União Europeia são o Conselho de União Europeia 
(ex-Conselho de Ministros, também chamado apenas de Conselho), a Comissão Europeia, o 
Parlamento Europeu, o Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias e o Tribunal de 
Contas Europeu. 
O ​Conselho Europeu​, embora não seja formalmente um órgão da União Europeia, é 
de vital importância para a organização. Ele foi reconhecido pelo Ato Único Europeu e 
institucionalizado pelo Tratado de Maastricht, como uma codificação da prática de 
cooperação intergovernamental fora da Comunidade Europeia. O Conselho é composto pelos 
chefes de Estado e de Governo dos Estados-parte e pelo presidente da Comissão e se reúne 
pelo menos uma vez a cada seis meses, sendo coordenado pelo Estado-parte que esteja 
exercendo a Presidência do Conselho da União Europeia. Sua principal função é definir as 
orientações políticas gerais da União, mas, ao contrário do Conselho da União Europeia, não 
emite decisões formais, apenas declarações, que precisam ser aprovadas por unanimidade. No 
entanto, qualquer modificação nos Tratados da UE precisa ser aprovada pelo Conselho 
Europeu, em um processo chamado de Conferências Intergovernamentais. 
O Parlamento Europeu era originalmente um órgão apenas consultivo, mas teve seus 
poderes legislativos fortalecidos, possuindo, desde o Tratado de Maastricht, quatro tipos de 
inserção no processo decisório: consentimento, consulta, cooperação e codecisão, em ordem 
crescente de poder legislativo. Um dos principais problemas do PE é a ausência de um 
verdadeiro sistema partidário. Embora o TEU tenha previsto a criação de partidos 
transnacionais europeus, na prática o que existe são apenas grupos políticos que englobam os 
candidatos dos partidos nacionais de maior proximidade ideológica 
 
Apesar das críticas ao seu complexo desenho institucional, a UE se tornou o principal 
fórum para o exercício da política na Europa, tanto no nível de suas atividades internas 
quanto externas. No plano doméstico, um dos principais desenvolvimentos foi a consolidação 
da união monetária e a implementação da moeda única: o euro. 
No campo de suas atividades externas, a UE concluiu, ao longo da década de 1990, 
uma série de acordos com quase todos os países e regiões do mundo, consolidando uma vasta 
rede de relações institucionalizadas. 
 
No âmbito dessa densa rede de relações externas, há uma clara hierarquia na política 
externa da UE. Primeiramente, são priorizadas as relações com os países passíveis de 
entrarem em futuras ondas de ampliação, como foi o caso dos países do centro e leste 
europeu. Antes mesmo de terem suas candidaturas aceitas, eles se beneficiaram de uma série 
de acordos preferenciais e programas de cooperação que visavam a manter sua estabilidade 
política e econômica na transição democrática e capitalista.47 Os chamados países ACP, 
ex-colônias da África, Caribe e Pacífico, e do Mediterrâneo também recebem atenção 
destacada. Além das relações especiais com os Estados Unidos e países como a Rússia e a 
China, as relações com blocos regionais, como a ASEAN, e especialmente o Mercosul, têm 
um papel especial, sendo vistos como suscetíveis à adoção do modelo de integração à la UE. 
 
Enquanto uma organização internacional, a UE pode ser considerada tanto um fórum de 
negociações para seus Estados-parte, principalmente sobre as atividades ainda fora de suas 
competências, quanto um verdadeiro ator da política internacional, basicamente no que se 
refere às atividades comunitárias. Essa separação se reflete na própria população, que se 
encontra dividida entre cidadania e identidade nacional e europeia. O Tratado Constitucional 
busca dar uma solução ao problema jurídico da cidadania, mas a questão da identidade 
provavelmente permanecerá no espírito dos europeus até a vivência comum possibilitar a 
eliminação definitivadas fronteiras sociais na Europa. 
 
Integração Regional no Cone Sul da América Latina: o Mercosul 
 
A ideia de integração nas Américas, assim como na Europa, também não é recente. Pode-se 
atribuir a Simon Bolívar a primeira tentativa integracionista no continente. Na célebre Carta 
da Jamaica, de 1815, não por coincidência, o mesmo ano em que foi realizado o Congresso 
de Viena, o general venezuelano já havia expressado seu desejo de criar três federações no 
continente, uma entre o México e América Central, uma no norte e uma no sul da América do 
Sul. A ideia de integração foi novamente proposta por Bolívar em um projeto político que, 
dessa vez, deveria englobar todo o continente, no Primeiro Congresso Americano realizado 
no Panamá, em 1826. Esse projeto de integração tinha um caráter defensivo, na medida em 
que era visto como uma estratégia para garantir a independência dos Estados 
latino-americanos contra possíveis tentativas de reconquista por parte das potências europeias 
e também de uma política expansionista por parte dos Estados Unidos, que havia, em 1823, 
declarado a Doutrina Monroe. 
Entre os fatores determinantes do fracasso do movimento integracionista de Bolívar, deve-se 
destacar o fato de os próprios Estados nacionais latino-americanos ainda estarem em processo 
de consolidação. Além disso, alguns, como os do Cone Sul, não aderiram à sua causa. 
Apesar do fracasso, a doutrina do pan-americanismo criada pelos Congressos Americanos 
deixou um legado no continente, sendo resgatada por ocasião da criação da Organização dos 
Estados Americanos (OEA), em 1948, e da Associação Latino-Americana de Livre-Comércio 
(ALALC), em 1960.54 O projeto de integração promovido no âmbito da ALALC, diferente 
dos anteriores, partiu da premissa de que a integração 192 Organizações Internacionais 
deveria ser implementada primeiramente na esfera econômica, como advogado pelo 
pensamento funcionalista na época, que também influenciou a criação das comunidades 
europeias e das organizações funcionais universais. 
O projeto também teve influência do pensamento econômico desenvolvido no âmbito da 
Comissão Econômica para América Latina (CEPAL), criada em 1948 pelo ECOSOC (ONU) 
O “cepalismo” pregava, além da substituição de importações, a integração regional como 
estratégia para promoção do desenvolvimento econômico dos países mais atrasados.57 A 
criação do Instituto para Integração Latino-Americana (INTAL) pelo Banco Interamericano 
de Desenvolvimento (IDB), em 1966, também reflete a importância concedida, nesse 
período, à integração regional. Embora os países do Cone Sul tenham participado da ALALC, 
não fizeram dela sua prioridade, o mesmo tendo ocorrido no caso da Associação 
Latino-Americana para o Desenvolvimento de Integração (ALADI), que substituiu a ALALC 
em 1980. 
Como visto anteriormente, o novo regionalismo se insere em um paradigma do pensamento 
do desenvolvimento econômico de cunho liberal. Os projetos de integração regional são 
vistos como etapas para inserção internacional. Alguns se limitam à integração econômica, 
outros têm um forte componente político, como é o caso do Mercosul. Nesse contexto se 
desenvolveu o processo de integração no Cone Sul. A definição do Cone Sul como uma 
região específica é recente e refere-se ao formato geográfico dos Estados-parte do Mercosul. 
O Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento, assinado em novembro de 1988, 
projetou a criação de um espaço econômico comum em dez anos. Com a troca de governo e a 
eleição de Carlos Meném e Fernando Collor de Mello na Argentina e Brasil, respectivamente, 
os dois países adotaram uma política econômica liberalizante sem precedentes e, nesse 
contexto, se propuseram a formar um mercado comum. A Declaração de Buenos Aires, 
assinada em julho de 1990, criou o Grupo Mercado Comum, encarregado de elaborar um 
projeto para a implementação do mercado comum.61 Apesar de sua origem bilateral, o 
Uruguai e, posteriormente, o Paraguai aderiram ao projeto de integração. A preferência inicial 
por parte da Argentina e do Brasil pela manutenção do projeto no âmbito bilateral foi 
definitivamente revertida após a declaração da Iniciativa para as Américas pelo governo 
norte-americano. Aqui percebe-se o caráter exógeno e defensivo da integração no Cone Sul, 
que se adicionou aos fatores endógenos anteriormente citados. A integração regional passou a 
ser vista como um instrumento para agregar forças e coordenar posições frente às 
negociações internacionais. A incorporação do Chile também foi cogitada, mas esse país 
acabou optando por não participar, já que possuía um maior grau de abertura comercial e 
demonstrava ter mais interesse em participar do NAFTA. Os quatro países assinaram assim, 
em março de 1991, o Tratado de Assunção. 
Embora a iniciativa de integração tivesse claros objetivos políticos, o Tratado de Assunção só 
incluiu compromissos na esfera comercial, especialmente em seus anexos, que estabeleceram 
critérios e prazos para implementação do programa de liberalização comercial, regime de 
origem, salvaguarda e um sistema de solução de controvérsias.63 A própria estrutura 
jurídico-institucional do Mercosul só veio a ser estabelecida três anos após sua criação, com a 
assinatura do Protocolo de Ouro Preto, em dezembro de 1994, que estabeleceu também sua 
personalidade jurídica. Dessa forma, apenas com a entrada em vigor do Protocolo de Outro 
Preto em dezembro de 1995 é que se pode falar no Mercosul como uma organização 
internacional. Um aspecto interessante do Mercosul é a progressiva importância concedida ao 
caráter democrático dos governos de seus Estados-parte. Esse aspecto é em particular 
relevante devido ao fato de o projeto de integração ter se desenvolvido concomitantemente ao 
processo de redemocratização de seus Estados-parte. 
Outra evolução importante no processo de integração regional foi a Declaração de Zona de 
Paz, assinada em Ushuaia em 1998. Embora seus Estados-parte já participassem de 
mecanismos de segurança e defesa comum regionais, como a OEA e o TIAR, e bilaterais, 
como o “Mecanismo de Consulta e Coordenação entre os Governos do Brasil e da Argentina 
em matéria de Defesa e Segurança Internacional”, estabelecido em 1997, o Mercosul não 
incluía, até então, a cooperação nessa área, não havendo nenhuma referência a esses temas no 
Tratado de Assunção. 
 
Os principais órgãos do Mercosul são: o Conselho do Mercado Comum, o Grupo Mercado 
Comum, a Comissão de Comércio, a Comissão Parlamentar Conjunta, o Foro Consultivo 
Econômico-Social, o Tribunal Permanente de Revisão e a Secretaria Administrativa.

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