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PEDOLOGIA AMBIENTAL (51)

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1
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA 
INSTITUTO SÓCIO AMBIENTAL E DOS RECURSOS HÍDRICOS - ISARH 
PROJETO VÁRZEA 
 
 
 
R A P 
Relatório Ambiental Preliminar 
das áreas de concessão 
florestal do Conjunto de Glebas 
Mamurú-Arapiuns 
 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO FINAL 
 
 
 
 
 
 
 
Belém - Pará 
2010 
 2
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA 
INSTITUTO SÓCIO AMBIENTAL E DOS RECURSOS HÍDRICOS 
PROJETO VÁRZEA 
 
 
 
R A P 
RELATÓRIO AMBIENTAL PRELIMINAR DAS ÁREAS DE CONCESSÃO FLORESTAL 
DO CONJUNTO DE GLEBAS MAMURÚ-ARAPIUNS 
 
 
 
RELATÓRIO FINAL 
 
 
 
COORDENAÇÃO GERAL 
 
Prof. Manoel Malheiros Tourinho 
 
EQUIPE DE PESQUISA 
 
Prof. Manoel Malheiros Tourinho – DSc. 
Prof. João Ricardo Vasconcellos Gama – DSc. 
Profª. Ana Silvia Sardinha Ribeiro - MSc 
Engº Agrônomo Pierre Nader Mattar – Esp. 
Engº Florestal Silvio Roberto Miranda dos Santos - MSc 
Engª Agrônoma Roberta Maria Vita Coutinho Mattar – MSc. 
Luiz Cláudio Moreira Melo Júnior - Acadêmico de Agronomia 
 
EQUIPE DE APOIO - LABORATÓRIO DE GEOPROCESSAMENTO/ IDEFLOR 
 
Engº Florestal Pedro Bernardo da Silva Neto 
Técnico Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Hugo de Souza Ferreira 
Engº Florestal Farid Pinheiro Abdul Massih 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belém - Pará 
2010 
 3
SUMÁRIO 
 
 
 Página 
 
1. Apresentação 05 
2. Introdução 07 
3. Objetivo geral 07 
4. Insumos utilizados para a construção do Relatório Ambiental Preliminar (RAP) 08 
5. Descrição e localização dos lotes de concessão florestal e divisão política 10 
5.1. Rotas de acesso à área de concessão florestal 12 
6. Descrição do solo, relevo, tipologia vegetal e classes de cobertura 13 
6.1. Características dos solos 13 
6.2. Relevo 17 
6.3. Tipologia vegetal e classes de cobertura (uso da terra) 20 
7. Descrição da fauna e flora locais 25 
7.1. Aspectos faunísticos na área dos lotes de concessão florestal 25 
7.1.1. Fauna cinegética 27 
7.1.2. Os peixes 31 
7.1.3. Mastofauna 35 
7.1.4. Herpetofauna 40 
7.1.5. Avifauna 43 
7.1.6. Os aracnídeos 44 
7.1.7. Os insetos 46 
7.2. Aspectos florísticos na área de concessão florestal e resultados do 
Inventário Floretsal 49 
7.2.1. Descrição da flora 49 
7.2.2. Resultados do Inventário Florestal 51 
7.2.2.1 Espécies florestais encontradas nas áreas de estudos 53 
8. Descrição dos recursos hídricos na área dos lotes de concessão 59 
9. Descrição da área de entorno às áreas de concessão florestal 61 
9.1. O Entorno Dinâmico (ED) 62 
9.1.1. Os traços da vida social: tradição e modernidade na fronteira 
Amazônica do Entorno Dinâmico *ED) 64 
9.1.2. A geografia e os sistemas de uso da terra 66 
9.1.3. A população e seus principais traços demográficos 66 
9.1.4. Os serviços básicos de uso público 68 
9.1.5. As relações ecológicas, políticas, econômicas e sociais com o 
Estado do Pará 72 
9.1.6. A síntese exploratória: o Entorno Dinâmico (ED) como território 
onde se dá a ocorrência de elementos e processos sociais, políticos, 
econômicos e culturais que afetam o padrão de uso dos recursos 
naturais das áreas de concessão florestal 74 
9.2. A infra-estrutura atual da região do Entorno Dinâmico e as projeções 
futuras 80 
10. Caracterização e descrição das áreas de uso comunitário, unidades de 
Conservação, áreas prioritárias para conservação, terras indígenas e áreas 
Quilombolas adjacentes aos lotes de concessão 83 
 
 4
11. O Processo de concessão florestal e os potenciais impactos negativos 
ambientais e sociais e ações para prevenção e mitigação pelo órgão gestor 85 
11.1. Contextualização 85 
11.2. Os potenciais impactos negativos ambientais e sociais e ações para 
Prevenção e mitigação pelo órgão gestor 92 
12. Recomendações de restrições para execução de atividades de manejo florestal 98 
13. Referências bibliográficas 102 
14. Anexo 105 
14.1. Tabelas 105 
14.1.1. Tabela 1 - Lista das espécies de mamíferos ameaçadas de extinção 
No Brasil e respectivas categorias de ameaças. 105 
14.2. Mapas 108 
14.2.1. Mapa georrefernciado da comunidade Cachoeira do Aruã 108 
14.2.2. Mapa georrefernciado da comunidade Camará 109 
14.2.3. Mapa georrefernciado da comunidade Curí 110 
14.2.4. Mapa georrefernciado da comunidade Forca 111 
14.2.5. Mapa georrefernciado da comunidade Guaranatuba 112 
14.2.6. Mapa georrefernciado da comunidade Jaratuba 113 
14.2.7. Mapa georrefernciado da comunidade Mirizal 114 
14.2.8. Mapa georrefernciado da comunidade Mocambo 115 
14.2.9. Mapa georrefernciado da comunidade Monte Carmelo 116 
14.2.10. Mapa georrefernciado da comunidade Monte Sião 117 
14.2.11. Mapa georrefernciado da comunidade Novo Horizonte 118 
14.2.12. Mapa georrefernciado da comunidade Novo Paraíso 119 
14.2.13. Mapa georrefernciado da comunidade Samaúma 120 
14.2.14. Mapa georrefernciado da comunidade São José 121 
14.2.15. Mapa georrefernciado da comunidade São Luiz 122 
14.2.16. Mapa georrefernciado da comunidade Vila Sabina 123 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belém - Pará 
2010 
 5
1. Apresentação 
 
A documenta do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará (IDEFLOR) 
existente desde a sua criação pela Lei Estadual nº 6.963/2007 para exercer a missão de 
órgão gestor das florestas publicas do estado do Pará, sinaliza “um novo tempo na 
utilização de matérias-primas florestais no Estado”, onde alguns instrumentos de 
governança são apresentados como a afirmação do compromisso do governo estadual 
com os movimentos de vanguarda populares que defendem “o uso sustentável da 
floresta contra o desmatamento desenfreado, a privatização exagerada e concentradora 
da terra, a exploração excludente dos recursos minerais, a perda da biodiversidade, 
entre outros danos percebidos no avanço de modos de apropriação das riquezas do 
estado pelo capital, pouco ou nada compatível com as políticas de inclusão social dos 
governos federal e estadual”. 
Duas ordens de instrumentos se posicionam frontalmente contra o processo de 
uso da riqueza natural acima epigrafado. São elas: a ordem prescrita pelo Plano de 
Outorga Florestal do Pará (PAOF) e a ordem determinante (do próprio PAOF) prescrita 
pelo Relatório Ambiental Preliminar (RAP). 
O PAOF “é uma informação técnica sobre áreas destinadas à oferta para 
exploração florestal sustentável, mas principalmente, é uma ferramenta valiosa da nova 
política de gestão pública para a disponibilização de florestal, porque desencadeia um 
processo concorrencial que culmina com os contratos de concessões, passando por 
debates (e especificações) sobre as regras expressas em edital, nas quais a sociedade 
pode assegurar condições que favoreçam as economias locais, repartindo os benefícios 
nos municípios que sediam as florestas”. Estudos físicos, biológicos, socioambientais, 
de mercados para produtos da floresta foram realizados com o propósito de favorecer 
os aspectos técnicos encerrados no Plano de Outorga Florestal e de dar os subsídios 
indispensáveis a elaboração de Relatório Ambiental Preliminar, orientando o curso dos 
debates públicos e do conteúdo dos editais de licitação. 
O Relatório Ambiental Preliminar (RAP) pode ser considerado proxi do PAOF 
pelos objetivos que o mesmo encerra: 
 “O RAP, conforme § 4º, do art.18, da Lei nº 11.284, de 2006, é uma 
condicionante do processo de licitação, fonte de informação técnica para a elaboração 
do edital delicitação e do contrato de concessão florestal”. 
 6
“O licenciamento ambiental prévio deverá, nesse contexto, cumprir sua função 
prioritária no que diz respeito à instrumentalização da Política Nacional de Meio 
Ambiente, funcionando como ferramenta de caráter preventivo de tutela ambiental, 
permitindo o equilíbrio entre os interesses de proteção ambiental e o desenvolvimento 
social e econômico regional buscado pelos princípios que norteiam a gestão de florestas 
públicas”. 
Pelo exposto, o RAP – Relatório Ambiental Preliminar constitui-se de um 
documento exigido por lei, obrigatório e condicionante do processo de licenciamento 
ambiental para concessão florestal, conforme fundamentação legal e conceitual a seguir 
indicada: 
a) Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, que define povos e 
comunidades tradicionais; 
b) Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, que trata do novo arranjo institucional 
para o trato das questões florestais no Brasil; 
c) Decreto nº 6.063, de 20 de março de 2007, que regulamenta a Lei nº 11.284, 
de 2 de março de 2006; 
d) Lei nº 6.963, de 16 de abril de 2007, que estabelece no estado do Pará o 
marco legal da gestão das florestas públicas; 
e) Instrução Normativa nº 04, de 25 de junho de 2008; 
Na Figura 1, abaixo, a importância do RAP no Processo de Concessão Florestal 
Figura 1 - Fluxograma do processo de concessão florestal 
 
Fonte: SFB 2010 
 7
2. Introdução 
 
O RAP -, Relatório Ambiental Preliminar das áreas de concessão florestal do 
conjunto de glebas Mamurú Arapiuns ora apresentado constitui-se na 3ª e última peça 
prevista nos Termos de Referência preparados pela Diretoria de Gestão de Florestas 
Públicas (DGFLOP), do Instituto de Desenvolvimento |Florestal do Estado do Pará – 
IDEFLOR, instituição responsável pelas diretrizes florestais no âmbito do Governo do 
Estado do Pará, após a entrega do Plano de Trabalho, do Relatório Preliminar do RAP e 
do Relatório Provisório do RAP.. 
Este RAP foi preparado por uma equipe multidisciplinar da UFRA - Universidade 
Federal Rural da Amazônia e da UFOPA – Universidade Federal do Oeste do Pará, com 
interveniência da FUNPEA - Fundação de Apoio à Pesquisa, à Extensão e ao Ensino 
em Ciências Agrárias, formada por professores, profissionais das áreas de Agronomia, 
Engenharia Florestal e Medicina Veterinária, com formação ao nível de Doutorado, 
Mestrado e Especialização, além da participação de alunos de graduação e pós-
graduação da UFRA. 
Para a elaboração do presente documento “tornou-se necessária a realização 
de diagnósticos socioeconômicos e ambientais das áreas previstas no PAOF 2008-
2009, constituindo um referencial de como se estruturam e interagem os diferentes 
fatores e as diferentes esferas (econômicas, sociais e ambientais) encontradas em um 
sistema florestal. Esta análise tem como objetivo principal identificar e hierarquizar os 
elementos que condicionam a evolução dos sistemas de produção. Busca-se assim, 
compreender como estes interferem nas transformações que ocorrem no meio florestal. 
Esta situação deve embasar as ações e estratégias a serem adotadas pelos agentes e 
atores sociais envolvidos (técnicos, pesquisadores, administradores e produtores) com 
o propósito de desenvolver o ordenamento territorial e ambiental”. 
 
 
3. Objetivo geral 
 
A elaboração do Relatório Ambiental Preliminar – RAP de que trata o art. 18, da 
Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, consolidando em documento único, estudos 
prévios (publicados ou não) relacionados à caracterização da sócio economia e 
questões ambientais na área apresentada, atendendo aos produtos solicitados e 
 8
demandas de revisão por parte do IDEFLOR e da Secretaria de Meio Ambiente 
(SEMA/PA). 
 
4. Insumos utilizados para a construção do Relatório Ambiental Preliminar 
(RAP). 
Entre as áreas objetos de licitação para o uso privado de florestas públicas do 
estado do Pará, indicadas para outorga florestal 2010, estão aquelas que fazem parte 
do conjunto de glebas Mamurú-Arapiuns, as quais encompassam outras glebas como a 
Nova Olinda I, II e III e a Curumucurí. Esse conjunto de glebas ocupa uma superfície de 
cerca de 600 mil hectares, dos quais 311 mil são destinadas à concessão florestal. 
Em 2009, o IDEFLOR conduziu através de pesquisas próprias ou 
encomendadas às universidades e institutos de pesquisa, seis (6) estudos cujos 
resultados indicativos são fundamentais para subsidiar a elaboração do RAP. Esses 
estudos foram: 
1) Estudos físicos e tipologia vegetal: Este estudo foi realizado pelo 
IDEFLOR através de pesquisas a fontes secundárias e sensoriamento remoto realizado 
pelo Laboratório de Sensoriamento Remoto (LSR) do IDEFLOR e aborda, entre outros 
temas: as características do solo e do relevo; as classes de cobertura do solo; a 
descrição dos recursos hídricos; 
2) Pesquisa Socioambiental na Região Mamurú-Arapiuns: Este estudo foi 
realizado por uma equipe de pesquisa do “Projeto Várzea” do Instituto Socioambiental e 
dos Recursos Hídrícos (ISARH) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), 
coordenada pelo professor Manoel Malheiros Tourinho, e aborda quatro estudos 
relacionados às comunidades tradicionais da região; a produção familiar e o uso da 
terra; recursos florestais; e animais domésticos e silvestres; 
3) Caracterização do mercado de produtos florestais madeireiros e não-
madeireiros da região Mamurú-Arapiuns: Este estudo também foi realizado por uma 
equipe de pesquisa da UFRA, também ligada ao ISARH e coordenada pelo professor 
Antônio Cordeiro de Santana, e teve por objetivo descrever os arranjos produtivos locais 
(APLs) de produtos e serviços florestais, assim como os aspectos da oferta e demanda 
de produtos florestais, os preços ofertados e pagos, a infra-estrutura e a logística 
regional; 
 9
4) Inventário florestal: Este estudo foi realizado por uma consultoria contratada 
pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e tem por objetivo a identificação do estoque de 
produtos florestais madeireiros e não madeireiros e a espacialização destes resultados; 
5) Estudo de Fauna: Estudo realizado no interflúvio dos rios Mamurú e 
Arapiuns, por uma equipe formada por pesquisadores do MPEG e UFPA, coordenada 
pelos pesquisadores José Reinaldo Pacheco Peleja e Orlando Tobias Silveira 
6) Projeto de Desenvolvimento Comunitário: Conduzido por uma equipe 
coordenada pela pesquisadora Regina Oliveira da Silva, do MPEG - Museu Paraense 
Emilio Goeldi cujo foco foi o fortalecimento da economia agro florestal e extrativista das 
comunidades na Gleba Nova Olinda I, com o propósito de construir, em parceria com as 
comunidades locais, projetos de desenvolvimento comunitário, que permitam a essas 
comunidades usufruir da biodiversidade local e melhorar a sua qualidade de vida; 
Assim, para a elaboração deste RAP foram considerados estes estudos retro 
mencionados. O presente RAP toma emprestado dos estudos mencionados as 
evidências mais estratégicas sobre como pode ser conduzido um plano de outorga 
florestal sem que as iniciativas do estado e do governo coloquem em risco as 
comunidades tradicionais ribeirinhas, as etnias indígenas e negras remanescentes, 
antigos centenários ocupantes de qualquer natureza; a biodiversidade, a condição dos 
corpos d’água, rios e igarapés, a segurança alimentar, ainda que de subsistência e a 
integração social, cultural e ambiental das populações, tudo conforme o princípio mais 
importante e prioritário da outorga florestal, qual seja: “a destinação não onerosa do 
território a povos e comunidades tradicionais que utilizam este território e, 
conseqüentemente, fazem uso sustentável dos seus recursos naturais” (PAOF 2010). 
 Com referênciaà área de concessão e suas implicações para a Área de 
Entorno (AE), pode-se inferir, a partir das evidências constatadas na pesquisa 
socioambiental na região do Mamurú-Arapiuns, a importância da geografia do entorno 
dinâmico, e pode-se conjecturar sobre as “entradas” e “saídas” passíveis de acontecer 
nas áreas de licitação, cujo conjunto de glebas participantes reúne um espaço-natureza 
de 311 mil hectares, correspondendo a quase ¼ da superfície florestal da grande mata 
dos vales dos rios Mamurú e Arapiuns que perfaz um total de 1,3 milhões de hectares. 
Quando se busca encontrar acontecimentos que podem se fazer presentes, um 
dos fenômenos que se visualiza mais crucial para a área de entorno, como decorrência 
das concessões florestais, diz respeito a concentração urbana. De um modo geral a 
pesquisa mostrou a acelerada urbanização da região, com perda da população rural, 
 10
atração de mão de obra migrante e o agravamento das questões sociais e ambientais. 
E, na lógica da acumulação, Santarém se credencia como pólo de oferta de serviços. O 
PAOF deve prever mecanismos horizontais de descentralização urbana, direcionamento 
do fluxo migratório e a contenção da população rural, atenuando a assimetria de 
crescimento urbano e da pressão sobre os recursos naturais, tanto da “jusante” do 
processo (oferta de alimentos, etc.) como a “montante” do processo (oferta de terra-
espaço físico para habitação, etc.) 
 No que tange à política de concessão florestal e suas implicações para as 
comunidades tradicionais temos que um dos propósitos do PAOF estadual é 
proporcionar às comunidades tradicionais os benefícios decorrentes do ordenamento 
territorial, assegurando-lhes o uso sustentável dos recursos naturais. Dos estudos 
conduzidos pelas equipes de pesquisadores do IDEFLOR, UFRA e MPEG, se pode 
concluir que as áreas disponíveis às concessões, embora desabitadas(?), recebem 
povos da floresta de localização ribeirinha, que aí chegam para buscar as suas 
sobrevivências. Se pode hoje estimar com maior segurança a existência de uma 
centena de vilas e povoados com visível história política, social e cultural, donde vivem 
ao redor de 20.000 pessoas. As ameaças a essas comunidades e seus habitantes 
podem existir decorrentes da falta de governança para com os seguintes fatores, entre 
outros: 
a. A questão da regularização da terra, em bases comunitárias, evitando a titulação 
individual. 
b. A expansão do uso da terra com as frentes agrícola, pecuária e mineral e a 
desarticulação social das comunidades tradicionais. 
c. A ameaça à biodiversidade devida o uso da terra 
d. A manifestação latente e manifesta do conflito social 
e. A ausência do Estado do Pará no provimento e na garantia de perenização dos 
fatores de produção & reprodução social comunitária. 
 
5. Descrição e localização dos lotes de concessão florestal e divisão política. 
 
A área de concessão florestal, objeto deste RAP é uma área de 311.953,805 
hectares, localizada dentro do conjunto de glebas Mamurú Arapiuns, que tem uma área 
total de 1.312.244,006 hectares, e é composta por 8 lotes, sendo 4 pequenos, 3 médios 
e 1 grande, conforme se observa no Mapa da Figura 2 a seguir. Os lotes apresentam a 
seguinte configuração espacial: Lotes 1, 2, 3 e 4, classificados como pequenos, com 
 11
dimensões de 19.955,655 ha, 19.792,657 ha, 19.693,314 ha e 19.890,284 ha, 
respectivamente. Estes 4 lotes pequenos ficam na porção mais oriental da área de 
concessão florestal e a leste dos mesmos situa-se a Reserva Extrativista Tapajós 
Arapiuns. 
Lotes 5, 6 e 7, classificados como médios, com dimensões de 44.796,518 ha, 
45.687,087 ha e 42,316,213 ha, respectivamente. O lote 5 situa-se mais ao norte dentro 
da área de concessão florestal e os lotes 6 e 7 situam-se na porção centro ocidental, 
tendo a oeste o rio Mamurú e seus afluentes. 
Lote 8, único classificado como grande, com dimensão de 99.822,077 ha, situa-
se ao sul dentro da área de concessão florestal, fazendo limite com o Parque Nacional 
da Amazônia. 
 Figura 2. Mapa da área de concessão florestal Mamurú - Arapiuns 
 
 
 Fonte: LSR/IDEFLOR 2010 
 
 12
Os lotes 1, 2 e 3 estão situados inteiramente no município de Santarém, já o 
lote 4 situa-se parte em Santarém e parte no município de Aveiro. O lotes 5 e 6 situam-
se parte em Santarém e parte no município de Jurutí. O lote 7 está situado nos três 
municípios: Santarém, Jurutí e Aveiro e o lote 8 está situado quase que totalmente no 
município de Aveiro, apresentando apenas uma pequena ponta ao norte, situada no 
município de Santarém. 
 
5.1. Rotas de acesso à área de concessão florestal 
 Cabe salientar ainda que, diante da transposição dos mapas das figuras 2 e 3, 
os lotes de concessão florestal estão localizados dentro das glebas Nova Olinda II, 
Nova Olinda I e Mamurú, ficando de fora das áreas de concessão florestal as glebas: 
Curumucuri e Nova Olinda III, no âmbito do conjunto de glebas Mamurú Arapiuns. 
Figura 3. Mapa do conjunto de glebas Mamurú Arapiuns 
 e suas rotas de acesso 
 
 Fonte: LSR/IDEFLOR 2010 
 13
 
De acordo com o Plano de Outorga Florestal – PAOF 2010, o conjunto de 
glebas Mamurú Arapiuns pode ser acessado através de cinco percursos: o primeiro, 
por terra, sai de Itaituba passando pelo Projeto de Desenvolvimento Sustentável – PDS 
Anjo da Guarda e seguindo pela estrada “Transjuruti”. O segundo percurso via fluvial e 
terrestre, saindo de Santarém, seguindo pelo rio Arapiuns e acessando rotas terrestres 
(estradas e ramais), a partir da Gleba Nova Olinda. A terceira rota, vias fluvial e 
terrestre, sai de Santarém até a localidade de Patacho, de onde se segue por rota 
terrestre através de estradas e ramais. A quarta possibilidade acontece partindo-se de 
Juruti, via terrestre, seguindo por estradas e ramais de acesso pela Gleba Nova Olinda 
III. Por fim, a quinta possibilidade se dá através de Juruti, via fluvial, com destino ao rio 
Mamuru ou ainda saindo de Parintins descendo pelo Rio Mamuru (Figura 02). 
 
6. Descrição do solo, relevo, tipologia vegetal e classes de cobertura. 
 
6.1. Características dos Solos 
 
O estudo dos solos, de suas potencialidades e restrições, são elementos 
fundamentais quando se deseja desenvolver qualquer atividade que dependa da terra, 
seja ela agrícola, pecuária ou florestal. 
 Alguns fatores como fertilidade natural, capacidade de retenção de água, 
suscetibilidade à erosão, condições de drenagem e impedimentos à mecanização, são 
limitantes ao uso do terreno, indicando o seu maior ou menor grau de aptidão ou 
mesmo a inviabilidade da exploração que se deseja realizar no mesmo. 
Quanto à aptidão dos solos à exploração florestal, por se tratar de um sistema 
de menor intensidade de uso da terra, pode-se dizer que há menor exigência e maior 
adaptabilidade deste tipo de atividade às restrições do terreno quando comparada à 
produção de cultivos anuais e perenes. De acordo com essas limitações, podemos 
agrupar os solos em quatro classes de aptidão: 
BOA - Solos com fertilidade natural insuficiente para manter a produção 
normal das lavouras, podendo apresentar leve salinidade ou alcalinidade. Podem ter 
um período (até 3 meses) com umidade insuficiente. 
REGULAR - Terrenos de baixa fertilidade natural, a qual decresce rapidamente 
quando explorados. Apresentam, de modo geral, uma nítida deficiência de água 
 14
disponível num período de três a cinco meses ao ano. Podem ser solos rasos e com 
drenagem imperfeita por motivos inerentes ao próprio solo. 
RESTRITA - Solos impróprios para cultivos e pastagens por apresentarem 
insuficiência de nutrientes ou serem salinos ou alcalinos. Possuem importantedeficiência hídrica durante cinco a sete meses ao ano. A drenagem é imperfeita e há 
risco de inundações ocasionais. No caso de inundações frequentes, estas não são 
prolongadas. 
INAPTA - Terrenos com severas limitações, considerados inaptos à atividade 
florestal. 
Em uma exploração florestal, o conhecimento do solo e de suas limitações 
poderá nos orientar no sentido da escolha de espécies que melhor se adaptem às suas 
condições, ou mesmo concorram para o melhoramento de suas restrições, como por 
exemplo, o uso de espécies que apresentem um rápido crescimento de copa, de 
maneira a proteger a superfície do solo em áreas sujeitas à erosão. 
Segundo o levantamento de reconhecimento de solos promovido pelo 
Zoneamento Ecológico-Econômico na área de influência da BR 163 (Cuiabá-
Santarém), e que abrange o conjunto de glebas Mamurú-Arapiuns, as principais 
classes de solos encontradas em ordem decrescente foram as seguintes: 
Latossolos > Argissolos> Gleissolos > Neossolos Flúvicos > Neossolos 
Quartzarênicos > Neossolos Litólicos > Nitossolos > Plintossolos > Espodossolos. 
Os latossolos (Amarelos, vermelhos e Vermelho-Amarelos) juntamente com os 
argissolos (Amarelos, Vermelhos e Vermelho-Amarelos) ocupam uma área de 
289.015,49 km2 , em relevo plano a suave-ondulado, representando 86,41% do total 
mapeado. Estes solos possuem boa drenagem interna, permeabilidade, porosidade, 
capacidade de retenção de água, além de outros aspectos físicos favoráveis a manejos 
agropecuários e florestais intensivos. 
 Os latossolos são solos não hidromórficos, muito encontrados na Amazônia 
sob vegetação de floresta e de campo cerrado. No processo de formação desses solos, 
a elevada precipitação é responsável pela lixiviação de grande parte de sais solúveis e 
de sílica, gerando um perfil ácido, pobre em bases e com acúmulo de sesquióxidos, 
característico de solos bastante envelhecidos. A coloração do latossolo varia de acordo 
com o grau de hidratação dos óxidos de ferro, com a precipitação e com a natureza da 
rocha matriz. 
 15
Os Argissolos (classe anteriormente conhecida como dos Podzólicos) são 
solos bem desenvolvidos, normalmente ácidos e de baixa fertilidade natural, podendo 
apresentar algumas vezes fertilidade de média a alta. Esses solos evidenciam uma fina 
camada orgânica (horizonte O), um horizonte organomineral (A1), um horizonte A2 ou 
um A3 descansando sobre um horizonte B textural, de coloração vermelha, amarela ou 
vermelho-amarelada. 
Figura 4. Mapa de solos da área de influência da BR-163 
(Santarém - Cuiabá) 
 
 Fonte: ZEE da BR - 163 
 
 16
De acordo como mapa pedológico do conjunto de glebas Mamurú-Arapiuns, 
nota-se a existência de 5 classes de solos nessa região: Latossolo Amarelo, Podzólico 
Vermelho-Amarelo (Argissolo na nova classificação), Plintossolo, Areia Quartzosa 
(Neossolo Quartzarênico na nova classificação) e gleissolo. As áreas de latossolo 
predominam em relação às demais, sendo o Plintossolo o tipo menos freqüente, o qual 
aparece como uma mancha que se estende da Gleba Nova Olinda II até uma pequena 
porção da gleba Mamurú. 
 
Figura 5. Mapa pedológico do conjunto de glebas Mamurú–Arapiuns 
 
Fonte: LSR / IDEFLOR 2010 
 
 
Em relação à aptidão agrícola dos solos, os dados oriundos do ZEE da BR-163 
(Figura 6) nos sinalizam que quase a totalidade da área do complexo Mamurú Arapiuns 
possui aptidão boa para cultivos, em pelo menos um dos sistemas de manejo (A, B ou 
C), principalmente no que se refere à produção de grãos. 
 
 
 17
 Figura 6. Mapa de Classes de Aptidão Agrícola na área de influência 
 da BR-163 (Santarém-Cuiabá) 
 
 Fonte ZEE da BR - 163 
 
 
6.2. Relevo 
 
O relevo, como um dos agentes de formação do solo, é responsável direta e 
indiretamente pela determinação de suas características, pois influencia a 
movimentação da água, juntamente com partículas minerais e orgânicas através do 
perfil. Sendo assim, a declividade de um terreno é inversamente proporcional à sua 
profundidade, uma vez que nos solos declivosos (coluviais) há maior erosão e menor 
infiltração de água, retardando a diferenciação dos horizontes e o consequente 
amadurecimento do solo. 
 18
 Uma vez que o relevo interfere diretamente em fatores considerados limitantes 
aos diferentes tipos de uso da terra, o conhecimento das condições topográficas de um 
terreno (classes de relevo, declividade, extensão e uniformidade do declive), constitui 
um importante subsídio para a determinação de sua aptidão agrícola, permitindo uma 
melhor apropriação da unidade de produção à atividade que apresente maior 
viabilidade ambiental e econômica. 
 As florestas e demais formas de vegetação natural localizadas no topo de 
morros, montanhas e serras, e em encostas com declividade superior a 45(equivalente 
a 100% na linha de maior declive) não devem ser consideradas em concessões 
florestais, pois, segundo o Código Florestal (lei nº 4771 de 15 de setembro de 1965), 
são consideradas áreas de preservação permanente, só podendo ser suprimidas total 
ou parcialmente com a prévia autorização do Poder Executivo Federal, em caso de 
utilidade pública ou interesse social. 
 
 Figura 7. Mapa topográfico do conjunto de glebas Mamurú Arapiuns 
 
Fonte: LSR/IDEFLOR 2010 
 
 19
A estrutura geomorfológica do conjunto de glebas Mamurú-Arapiuns é 
representada pelas seguintes unidades: Planície Amazônica, Depressão do Madeira-
Canumã, Depressão do Abacaxis-Tapajós e Patamares do Tapajós. Estas unidades 
geomorfológicas pertencem à Região Geomorfológica das Bacias Sedimentares 
Mesozóicas Madeira-Xingú. 
A Planície Amazônica é constituída por depósitos aluviais (principalmente argila 
e areia) que aparecem margeando o curso dos rios, originando as várzeas. Possui as 
menores altitudes regionais, geralmente em torno de 20 metros, e encontra-se 
periodicamente inundada pelas águas fluviais. A tipologia vegetal que recobre esta 
unidade é representada pela Floresta Aberta Aluvial com Palmeiras. 
As Depressões (áreas mais baixas) e os Patamares (áreas escalonadas) são 
acidentes que aparecem dentro de uma unidade maior constituída pelo Planalto 
Rebaixado da Amazônia. Este último representa uma superfície pediplanada (relevo 
plano a suave ondulado), com altitude média de 250 metros, que corresponde aos 
baixos platôs (terras firmes) que margeiam as várzeas amazônicas. São formados por 
densas áreas de floresta entremeadas por campinarana (vegetação oligotrófica de 
influência pluvial). 
Quanto à distribuição destes tipos de relevo na área em estudo, observando-se 
a Figura 8 constata-se que os Patamares do Tapajós predominam na região,ocupando 
a totalidade das glebas Curumucurí e Nova Olinda III e grande parte das demais 
glebas. As Depressões constituem algumas áreas das glebas Nova Olinda II e 
Mamurú, enquanto que as áreas ocupadas pela Planície Amazônica são bastante 
restritas . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20
Figura 8. Mapa da Geomorfologia do conjunto de glebas Mamurú – Arapiuns. 
 
Fonte: LSR / IDEFLOR 2010 
 
 
 
6.3. Tipologia vegetal e classes de cobertura (uso da terra) 
 
Quando se pensa em projetos que visam o aproveitamento racional dos 
recursos naturais, a caracterização da cobertura vegetal é de fundamental importância, 
pois fornecerá subsídios para se implementar técnicas que aliem desenvolvimento e 
sustentabilidade. Nesse contexto, em atividades florestais, o conhecimento da 
vegetação que compõe a paisagem permite a avaliação dos impactos causados pela 
ocupação e exploração da área, direcionando a um manejo que preserve as espécies 
de importância para a manutenção da dinâmicae equilíbrio do ecossistema. 
A Amazônia possui quatro tipos de cobertura vegetal: i) floresta densa de terra 
firme e florestas inundáveis (igapó e várzea), que abrange 49 %, com vegetação 
exuberante e com alta diversidade de espécies; ii) floresta aberta (27 %), que 
predomina a vegetação com cipós e palmeiras; iii) cerrados (savanas), com vegetação 
 21
herbácea-arbustiva e ocupam 17 % e iv) campos naturais áreas de terra firme ou 
inundáveis, que abrange cerca de 7 %, predominando espécies de gramíneas (Araújo 
et al., 1986). 
De acordo com o mapa de cobertura vegetal elaborado pelo Laboratório de 
Sensoriamento Remoto do IDEFLOR (Figura 9), na área que será destinada à 
concessão florestal ocorrem as seguintes tipologias florestais: 
a) Floresta Ombrófila Densa: Este tipo de vegetação, como o próprio nome diz 
(ombrófila=amigo das chuvas), ocorre em regiões com elevado índice pluviométrico (>2.300 
mm ao ano), onde as espécies florestais de grande porte amontoam suas exuberantes copas, 
fazendo com que haja pouquíssima ou nenhuma penetração dos raios solares. Este tipo de 
floresta pode ser de Terras Baixas (Terra Firme), de Várzea (periodicamente inundada) e de 
Igapó (permanentemente inundada). 
b) Floresta Ombrófia Densa Aluvial: É uma variação da Floresta Ombrófila 
Densa que aparece margeando os rios e demais cursos d’água. Por se tratar de 
comunidades vegetais que recebem influência das cheias periódicas dos rios, 
apresentam espécies menos frondosas e adaptadas às condições de elevada umidade 
do solo. 
c) Floresta Ombrófila Aberta: A Floresta Ombrófila Aberta é um tipo de 
transição entre a Floresta Amazônica e as áreas extra-amazônicas e é caracterizada 
por um período seco que dura de 2 a 3 meses. Neste tipo de vegetação as espécies 
florestais, oriundas da Floresta Densa, não apresentam copas muito próximas umas 
das outras, permitindo que os raios solares penetrem no interior da mata. 
De acordo com a altitude, pode ser classificada em: de terras baixas (5 - 100 m 
de altitude); de locais submontanos (100 até 600 m de altitude) e de áreas montanas 
(serranas), que ocupam a faixa altimétrica entre 600 e 2.000 m. 
A distribuição dos diferentes tipos de cobertura vegetal nas glebas em estudo 
está discriminada na Figura 9, onde se verifica uma considerável dominância da 
Floresta Ombrófila (80,79%) sobre as demais formações florísticas, enquanto apenas 
uma pequena porção do território (4,08 %) é usada para atividades agrícolas. 
 
 
 
 
 
 22
 
 Figura 9. Mapa de cobertura vegetal e uso da terra 
 do conjunto de glebas Mamurú Arapiuns 
 
 Fonte: LSR/IDEFLOR 2010 
 
 
Além das áreas de floresta, ocorrem também outras áreas onde a mata entra 
em contato com a savana, um tipo de vegetação onde plantas rasteiras (herbáceas) 
são intercaladas por árvores de pequeno porte, sendo também conhecida como campo 
cerrado. 
Há também a presença de formações pioneiras de influência fluvial, ocupando 
53.522,016 ha, o que corresponde a 4,08% do conjunto de glebas Mamurú Arapiuns. 
Este tipo de sistema vegetal ocorre nas planícies fluviais e sofre os efeitos temporários 
ou permanentes das cheias dos rios. São comunidades vegetais que encontram-se em 
constante sucessão, constituindo as “matas ciliares”, assim denominadas por serem tão 
 23
importantes para a proteção dos rios e lagos , como são os cílios para nossos olhos, 
pois ajudam a manter a qualidade da água dos mananciais, de duas maneiras: a) 
através da filtragem do escoamento superficial, o que dificulta o carreamento de 
sedimentos para o ecossistema aquático, reduzindo os riscos de assoreamento; e b) 
através da absorção de nutrientes do escoamento subsuperficial, favorecendo o 
equilíbrio do ciclo de nutrientes nos cursos d’água. 
Quanto aos diferentes tipos de uso da terra, analisando o mapa do ZEE da área 
de influência da BR-163 (Figur 10), verifica-se que na região que compreende as 
glebas em estudo, a floresta nativa ocupa a maior parte do território, sendo seguida 
pelas atividades agrossilvipastoris, que ocorrem às proximidades dos cursos d’água, 
havendo também pequenas manchas de floresta impactada. 
 
 Figura 10. Mapa de uso da terra na área de influência da BR-163 (Santarém-Cuiabá). 
 
Fonte: ZEE da BR-163 
 
Nos dias atuais, tem-se, enfim, reservado importância para algo que, embora há 
muito tempo já venha causando consideráveis prejuízos à qualidade de vida na terra, 
passou a ser visto como um dos principais fatores de degradação ambiental : o 
desmatamento. 
 24
Segundo a FAO cerca de 200.000.000 ha de florestas foram destruídos de 1980 
a 1995 (Bol. nº 46,7/97,ONU em foco). 
Na Tabela 1 observa-se a área desmatada (km2) em cada Estado que compõe 
a Amazônia Legal, no período de 2001 até 2009. Os Estados do Mato Grosso, Pará e 
Rondônia apresentaram os maiores valores, em ordem decrescente, até o ano de 
2005. Daí em diante, o Pará superou o Mato Grosso em área desmatada, pois, neste 
último ocorreu uma queda mais significativa no referido período, queda esta que se 
deve à uma importante redução na expansão do cultivo da soja. Entre agosto de 2008 
e julho de 2009, o Estado do Pará respondeu por 57% de todo o desmatamento na 
Amazônia legal 
Tabela 1. Desmatamento (km2) por Estado e na Amazônia Legal (2001-2009) 
Estado/Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Total
Acre 419 883 1078 728 592 398 184 254 167 4703
Amazonas 634 885 1558 1232 775 788 610 604 405 7491
Amapá 7 0 25 46 33 30 39 100 70 350
Maranhão 958 1014 993 755 922 651 613 1271 828 8005
Mato Grosso 7703 7892 10405 11814 7145 4333 2678 3258 1049 56277
Pará 5237 7324 6996 8521 5731 5505 5425 5607 4281 54627
Rondônia 2673 3099 3597 3858 3244 2049 1611 1136 482 21749
Roraima 345 84 439 311 133 231 309 574 121 2547
Tocantins 189 212 156 158 271 124 63 107 61 1341
Amazônia Legal 18165 21393 25247 27423 18846 14109 11532 12911 7464 157090
Fonte: Dados do INPE 
 
Os menores valores de área desmatada pertencem ao Estado do Amapá, que 
vem seguido pelos Estados de Tocantins, Roraima, Acre, Amazonas e Maranhão. 
Segundo o INPE, o Estado do Maranhão apresentou, em 2009, valores 
correspondentes a 11% do desmatamento total, ligeiramente superiores aos verificados 
em 2008, que indicaram 10% de participação.O Estado de Rondônia, por sua vez, 
atingiu em 2009 , uma taxa inferior a 1000 km 2/ano, valor alcançado pela primeira vez 
desde 1988. Os demais Estados obtiveram, juntos, uma participação de 11% no 
desmatamento total da Amazônia legal no ano de 2009. 
 25
Os dados do INPE apontam para uma redução, entre agosto de 2008 e julho de 
2009, de 42% na taxa anual de desmatamento, em relação ao mesmo período entre 
2007 e 2008. De acordo com o instituto,esta foi a menor taxa anual verificada desde o 
início dos trabalhos de monitoramento por satélite, no ano de 1988. 
As florestas, entre outros benefícios, contribuem para a manutenção do 
equilíbrio climático, ajudando a regular a temperatura, a umidade e as chuvas, além de 
absorverem o CO2 da atmosfera. Dessa forma, a destruição progressiva da cobertura 
florestal vem acarretando sérias conseqüências, tais como: perdas de biodiversidade, 
degradação do solo, erosões, aumento da incidência de desertificação, mudanças 
climáticas e alterações na hidrografia. 
Até pouco tempo, destruir florestas era sinônimo de promover desenvolvimento. 
Hoje, diante de tantas evidências contrárias, a floresta em pé passou a ter mais valor 
do que a mata derrubada, e a exploração racional dos recursos florestais (manejo 
florestal), reduzindo ao máximo os impactos causados ao meio ambiente, vem sendo 
considerada uma prática que alémde permitir que se tire proveito das riquezas da 
floresta, concorre para a manutenção desse imenso patrimônio natural tão importante 
para o equilíbrio ambiental do planeta. 
 
7. Descrição da fauna e flora locais 
 
 7.1 Aspectos faunísticos na área dos lotes de concessão florestal 
 
A região amazônica brasileira, que representa cerca de metade do território 
nacional, esconde sob a exuberância de sua cobertura vegetal, frágeis e diversificados 
ecossistemas, como as florestas de terra firme e de áreas inundáveis, os campos de 
várzeas e as savanas mal e bem drenadas. A utilização sustentável desses ecossistemas 
para fins de desenvolvimento agropecuário, florestal e agroindustrial, representa um 
grande desafio para as instituições de pesquisa e desenvolvimento regionais, uma vez que 
o desenvolvimento rural sustentável, a partir da fragilidade dos solos amazônicos, reclama 
por sistemas de uso da terra adaptado às condições regionais (BARBOSA, 2005). 
Os ecossistemas amazônicos tem sofrido intervenções antrópicas de tal forma que 
tem afetado a capacidade de resiliência dos recursos faunísticos e florísticos e levado a 
extinção de muitas espécies que ainda não foram estudadas. Essa afirmativa surge a partir 
de estudos sobre levantamento da fauna e flora e diagnósticos socioeconômicos 
 26
envolvendo as populações locais, as quais relatam que no passado era mais fácil caçar, 
devido a abundância dos animais, e que hoje, em algumas regiões, o esforço de caça é 
maior para atingir a biomassa desejada, onde uma das justificativas para o sumiço da caça 
é o próprio desmatamento. 
Na Amazônia existem mais de 1.200 espécies de aves (260 endêmicas), 427 de 
mamíferos (173 endêmicas), 378 de répteis (216 endêmicas) e 427 de anfíbios (364 
endêmicas) e mais de 3.000 espécies de peixes (Hylands et al. (2002) citado por Peleja e 
Silveira, 2010). Abrigando comunidades de plantas e animais heterogêneas, a Amazônia é 
um mosaico de distintas regiões de endemismo delimitadas pelos grandes rios da região, 
cada um com biotas e histórias evolutivas próprias (SILVA et al. 2005). 
 Nos estudos sobre diagnóstico de fauna na região do interflúvio Mamuru-Arapiuns, 
os autores citam que a Amazônia apresenta oito centros de endemismo - Belém, Xingu, 
Tapajós, Rondônia, Inhambari, Nabo, Imeri e Guiana, e destes, três destes centros são 
totalmente brasileiros, Xingu, Tapajós e Belém. As regiões de Belém (entre os rios Gurupi 
e Tocantins) e do Xingu (entre os rios Tocantins e Xingu) são as menores regiões em 
extensão e mais comprometidas, onde 76,48 e 26,75% da área total encontram-se 
desmatadas, respectivamente. Um dos centros de endemismo, o “Centro Rondônia” 
abrange a região do interflúvio entre os rios Madeira e Tapajós coberta por tipos variados 
de vegetação, entre eles a floresta pluvial densa de terras baixas, floresta pluvial densa 
submontana, submontana com dossel aberto e savanas, bem como tipos de vegetação 
inundada como várzea e igapó, este típico de vários rios da região, como Mamuru e 
Andirá. O Centro Rondônia apresenta feições expressivas e únicas de biodiversidade, com 
o registro de 183 espécies de mamíferos e 621 de aves. A área foco do levantamento 
(interfluvio Mamuru-Arapiuns) situa-se ela mesma dentro dos limites do interflúvio maior 
Madeira-Tapajós, carregando portanto as propriedades biogeográficas e os elementos 
faunísticos próprios daquele centro de endemismo. 
A região entre os rios Mamuru e Arapiuns, no oeste do Pará, encontra-se entre as 
muitas áreas amazônicas onde o conhecimento sobre a fauna de mamíferos é baixo (Lima 
e Queiroz, 2009). Essa região, de acordo com Peleja e Silveira (2009), é uma área de 
grande interesse técnico-científico pela sua biodiversidade e importante papel sócio-
econômico, estando classificada como de extremamente alta importância biológica e 
prioridade de ação, no mais recente relatório sobre “áreas prioritárias para conservação, 
uso sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade brasileira” (áreas AM 185 
Cachoeira do Aruã, e AM 189 Aruã; MMA, 2007). 
 27
A partir da análise de documentos sobre estudos realizados na região Mamuru-
Arapiuns e área do entorno, assim como da legislação ambiental vigente, foi elaborada a 
lista de espécies da fauna silvestre de ocorrência na região, destacando os táxons 
endêmicos que se encontram ameaçados de extinção, presente nas listas oficiais dos 
órgãos ambientais competentes, como o IBAMA, União para a Conservação da Natureza-
IUCN e Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna 
Selvagens em Perigo de Extinção-CITES, que orientam a formação da lista vermelha de 
animais ameaçados no Brasil gerada pelo Ministério do Meio Ambiente e a Lista de 
espécies ameaçadas no Estado Pará. 
 
7.1.1. Fauna cinegética 
 
Os trabalhos desenvolvidos na região tropical, referentes à caça e 
correlacionando populações tradicionais e ambientes naturais, relatam uma variedade 
enorme de espécies da fauna que são caçadas pelo homem não somente para alimento 
(Borge e De Faria, 2006). Na região do interfluvio Arapiuns-Mamuru, o uso dos recursos 
faunísticos se dá pelas atividades de caça e pesca, tendo como principal finalidade a 
subsistência. 
Na Tabela 2, a relação das espécies da fauna cinegética que ocorrem nas 
comunidades do interflúvio Mamurú-Arapiuns, muitas delas caçadas para diversos fins 
(alimentação, uso terapêutico, xerimbabo, comercial, controle de pragas). No estudo os 
autores citam que a atividade de caça é muito influenciada pela densidade populacional 
da comunidade e pelo uso da terra no entorno da mesma. A exploração florestal, o 
desmatamento, bem como áreas de fazenda para a pecuária, influenciam na 
disponibilidade, freqüência e distância de caça por parte dos comunitários. Essas 
atividades tem provocado a diminuição de animais nas áreas de florestas próximas as 
comunidades, que cada vez mais tem necessidade de seguir maiores distâncias na 
busca de caça e em direções onde a floresta se encontra mais conservada. 
 
 
 
 
 
 28
Tabela 2. Lista de espécies da fauna cinegética (mamíferos, aves e répteis) de 
ocorrência nas comunidades localizadas nos lotes de Concessão Florestal. 
Nome Comum Ordem Família Espécie USO 
MAMÍFEROS 
Anta Perissodactyla Tapiridae Tapirus terrestris A 
Boto/ boto 
preto/ boto 
vermelho Cetacea Delphinidae Sotalia fluviatilis T 
Capivara Rodentia Hydrochaeridae 
Hydrochaerus 
hydrochaeris A/C 
Catitu Artiodactyla Tayassuidae Pecari tajacu A/C 
Coatá Primatas Psittacidae Ateles belzebuth 
Cutia Rodentia Dasyproctidae Dasyprocta aguti A 
Cuxiu Primates Pitheciidae Chiropotes SP A 
Gato do Mato Carnivora Felidae Leopardus wiedii P 
Jaguatirica Carnivora Felidae Leopardus pardalis P 
Gavião Falconiformes Accipitridae 
Guariba Primates Cebidae Alouatta sp. A 
 Macaco prego Primates Cebidae Cebus apella A 
Mico de Cheiro Primates Cebidae Saimiri vanzolinii 
Mucura Marsupialia Didelphidae Didelphis sp. T 
Onça Carnivora Felidae Panthera onça *P 
Paca Rodentia Cuniculidae Cuniculus paca A/C 
Peixe-boi Sirenia Trichechidae Trichechus sp. T 
Preguiça Ophidia Viperidae Lachesis sp. 
Quati Carnivora Procyonidae Nasua nasua A/P 
Queixada Pilosa Bradypodidae Bradypus sp. A 
Tamanduá Xenarthra Myrmecophagidae
Tamandua 
tetradactyla *P 
Tatu Edentata Dasipodídeos 
Euphractus 
sexcintus A 
Veado/veado 
vermelho/veado 
foboca Artiodactyla Cervidae A/C 
AVES 
Arara Psitaciformes Psittacidae Ara sp. 
Bem-Te-Vi Passeriformes Tyrannidae 
Pitangus 
sulphuratus 
Cujubim/ 
Cujubinha Craciformes Cracídeos Pipile cujubi 
Curica Psittaciformes Psitacídeos Gypopsitta caica 
Curió Passeriformes Fringílidas 
Oryzoborusangolensis X 
Gavião Falconiformes Accipitridae 
Inhambu Tinamiformes Tinamidae Tinamus sp. A 
 29
Inhambu-açu Tinamiformes Tinamidae Tinamus major A 
Jacamim Gruiformes Psophiidae Psophia sp 
Jacu Craciformes Cracidae Penelope sp. A 
Marreca Anatidae Dendrocygnidae 
Mutum Galliformes Cracidae Crax fasciolata A 
Papagaio Psittaciformes Psittacidae Amazona sp. X 
Periquito Psittaciformes Psittacidae Brotogeris tirica X 
Tucano Piciformes Ramphastidae Ramphastos SP 
RÉPTEIS 
Aperema Cryptodira Geoemydidae 
Rhinoclemmys 
punctularia A 
Camaleão Squamata Iguanidae Iguana iguana A 
Cobras Ophidia Viperidae 
Jabuti Chelonia Testudinidae Geochelone sp. A/C 
Jacaré/ jacaré-
tinga Crocodylia Crocodilidae Caiman sp. A 
Jararaca Squamata Viperidae Bothrops sp. 
Jibóia Ophidia Boidae Boa constrictor T 
Pico-de-jaca Squamata Viperidae Lachesis sp. 
Sucuri Squamata Boidae Eunectes murinus P 
Tartaruga-da-
Amazônia Testudines Chelidae 
Podocnemia 
expansa A/C 
Tracajá Testudines Pelomedusidae Podocnemis unifilis A/C 
A – alimentação; T – terapêutico; X – xerimbabo; *P – praga; C – comércio 
* Animais considerados pragas porque atacam os cães e os homens na hora da caçada. 
 
Dentre as espécies de aves registradas, utilizadas pela população local para 
alimentação, estão os inhambus (Crypturelus spp.), os jacus e jacutingas (Pipile cujubi e 
Penelope superciliaris) e os utuns (Nothocrax urumutum e Pauxi tuberosa), especies que 
sofrem intensa pressão de caça em zonas de contato com populacoes humanas 
Das 49 espécies de animais silvestres distribuídos nas classes de mamíferos, aves 
e répteis, pertencentes a fauna cinegética do interflúvio Mamurú-Arapiuns, 14,3% (n=6) 
encontram-se na lista de animais ameaçados, conforme tabela 3 a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 30
Tabela 3 – Lista da fauna cinegética do interflúvio Mamurú-Arapiuns que encontram-
se na lista de animais ameaçados 
Ordem Família Nome científico 
 
Nome 
popular 
Categoria 
de ameaça 
LV LEAP 
Carnivora Felidae Leopardus pardalis Jaguatirica Vu Vu 
 Felidae Panthera onca Onça-pintada Vu 
Sirenia Trichechidae Trichechus 
inunguis 
Peixe-boi-da-
Amazônia 
Vu Em perigo 
Pilosa Myrmecophagidae Myrmecophaga 
tridactyla 
Tamanduá-
bandeira 
Vu Vu 
Perissodactyla Tapiridae Tapirus terrestris Anta 
 
Vu Vu 
Galliformes Cracidae Crax fasciolata Mutum Vu Vu 
 
LV – Livro Vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção; LEAP – Lista de espécies 
da fauna ameaçada no Estado do Pará; Vu – Vulnerável. 
 
 
Nos estudos realizados na Gleba Nova Olinda I, a caça foi considerada a 
principal atividade extrativista, seguido pelo extrativismo vegetal não-madeireiro e 
pesca, com um consumo médio de cinco quilos de carne de caça e cinco quilos de 
peixe por semana, constituindo-se as principais fontes de proteína animal, destacando 
que durante o inverno, a disponibilidade de peixes nos rios da região é muito baixa. Em 
algumas comunidades há algum comércio de carne de caça em pequena escala, em 
geral para moradores locais, quando esse produto excede o consumo familiar. 
Os resultados das ações antrópicas sobre as populações animais não são 
fáceis de serem quantificados, e os efeitos de redução e desaparecimento de espécies 
demoram a aparecer em florestas contínuas, devido aos fluxos freqüentes das espécies 
advindas de outras localidades. Mas com o aumento da atividade madeireira e a 
fragmentação dos habitats, esses efeitos já estão sendo notados pelas populações 
locais. Isso é um dado preocupante, pois os mamíferos tem uma importante função na 
dinâmica de florestas tropicais, com estudos sobre a dispersão e uso de habitat de 
mamíferos destacando a importância desses para a recuperação das áreas 
degradadas. 
O manejo da atividade de caça pode se transformar num incentivo à 
conservação da floresta, já que, no caso, esta seria a fonte dos animais de caça, 
permitindo sua reprodução e mantendo a atividade a níveis sustentáveis. Assim, o 
manejo planejado da caça se faz necessário para ordenar a atividade de forma a 
garantir a conservação das espécies animais, mantendo a qualidade de vida da 
população local (OLIVEIRA et al, 2005). 
 31
7.1.2. Os peixes 
 
As informações acerca da fauna de peixes de igarapés da região da gleba 
Mamuru-Arapiuns, atualmente restringem-se a igarapés do município de Juruti (PA) 
referentes ao projeto intitulado Levantamento faunístico do município de Juruti, PA, na 
área sob influência da exploração de bauxita, coordenado pelo Museu Paraense Emílio 
Goeldi, porém, tais dados ainda não foram publicados. A maioria dos estudos 
relacionados à fauna de peixes da região do baixo Amazonas, restringe-se aos grandes 
rios (navegáveis), excluindo os pequenos cursos d´água como os igarapés (Goch e 
Peleja, 2010) 
Nas Tabelas 4 e 5, a relação das espécies de peixes que ocorrem na região do 
interflúvio Mamuru-Arapiuns e áreas do entorno, de acordo com documentos 
consultados. 
 
Tabela 4 – Espécies de peixes capturadas nos igarapés da bacia do rio Mamuru. 
 
ORDEM FAMÍLIA GÊNERO E ESPÉCIE 
CHARACIFORMES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Characidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crenuchidae 
 
 
 
Bryconops inpai (Knöppel, 
Junk & Géry, 
1968) 
Gnathocharax steindachneri 
(Fowler, 1913) 
Hemigrammus belotii 
(Steindachner, 1882) 10 60 
Hemigrammus levis (Durbin, 
1908) 
Hemigrammus unilineatus 
(Gill, 1858) 
Hyphessobrycon 
heterorhabdus (Ulrey,1894) 
Hyphessobrycon sp.1 
Hyphessobrycon sp.2 
Hyphessobrycon sp.3 
Iguanodectes spirulus 
(Günther, 1864) 
Moenkhausia oligolepis 
(Günther, 1864) 
 
 
Characidium pteroides 
(Eigenmann, 1909) 
Characidium sp 1 
Characidium sp 2 
 32
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CYPRINODONTIFORMES 
 
 
GYMNOTIFORMES 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERCIFORMES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Erytrhinidae 
 
 
 
 
 
Gasteropelecidae 
 
 
Lebiasinidae 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rivulidae 
 
 
Gymnotidae 
 
 
 
 
Hypopomidae 
 
 
 
Cichlidae 
 
 
 
 
 
 
 
 
Characidium sp 3 
Crenuchus spilurus (Gunther, 
1863) 
Elachocharax pulcher 
(Myers, 1927) 
 
Hoplerythrinus unitaeniatus 
(Agassiz, 1829) 
Hoplias malabaricus (Bloch, 
1764) 
 
 
Carnegiella strigata (Günther, 
1964) 
 
Copella nigrofasciata 
(Meinken, 1936) 
Copella nattereri 
(Steindachner, 1876) 
Nannostomus bifasciatus 
(Hoedeman, 1954) 
Nannostomus unifasciatus 
(Steindachner, 1876) 
Nannostomus marginatus 
(Eigenmann, 1909) 
Pyrrhulina sp.1 
Pyrrhulina sp.2 
Pyrrhulina brevis 
(Steindachner, 1876) 
 
Rivulus sp. 
 
Gymnotus sp.1 
Gymnotus sp.2 
 
Steatogenys duidae (La 
Monte, 1929) 
 
Aequidens epae (Kullander, 
1989) 
Aequidens tetramerus 
(Heckel, 1840) 
Apistogramma eunotus 
(Kullander, 1980) 
Apistogramma sp.1 
Apistogramma sp.2 
Bujurquina sp. 
Cichla kelberi (Kullander & 
Ferreira, 2006) 
Crenicichla inpa (Ploeg, 
1991) 
 33
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SILURIFORMES 
 
 
 
 
 
 
 
 
SYNBRANCHIFORMES 
 
 
 
 
 
 
 
 
Polycentridae 
 
 
Cetopsidae 
 
 
Loricariidae 
 
 
 
 
 
Synbranchidae 
Dicrossus maculatus 
(Steindachner, 1875) 
Mesonauta festivus 
 
Monocirrhus polyacanthus 
(Heckel, 1840) 
Helogenes marmoratus 
(Gunther, 1863) 
 
Rineloricaria sp. 
Rineloricaria lanceolata 
(Gunther, 1868) 
Otocinclus hoppei (Miranda 
Ribeiro, 1939) 
 
Synbranchus sp. 
Total de espécies = 48 
 
 
Nos igarapés da bacia do rio Mamuruforam identificados 48 espécies de peixes, 
distribuídos em 6 Ordens e 13 Famílias. 
 
Tabela 5 – Lista de espécies de peixes capturadas no rio Mamuru (foz dos igarapés). 
 
ORDEM FAMÍLIA GÊNERO E ESPÉCIE Nome vulgar 
CLUPEIFORMES 
 
 
 
 
 
 
 
 
CHARACIFORMES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Clupeidae 
 
 
 
 
Engraulidae 
 
 
 
Anostomidae 
 
 
 
 
Characidae 
 
 
 
 
Pellona castelnaeana 
(Valenciennes, 1847) 
Pellona flavipinnis 
(Valenciennes, 1847) 
 
Lycengraulis batesii 
(Günther, 1868) 
 
 
Leporinus fasciatus (Bloch, 
1794) 
Laemolyta varia (Garman, 
1890) 
 
Serrasalminae 
Metynnis hypsauchen 
(Müller & Troschel, 1844) 
Myleus schomburgkii 
(Jardine & Schomburgk, 
apapá amarelo 
 
apapá branco 
 
 
apapazinho 
 
 
 
aracu flamengo 
 
aracu caneta 
 
 
 
pacu marreca 
 
pacu jumento 
 
 34
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SILURIFORMES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curimatidae 
 
 
 
 
Cynodontidae 
 
 
Erythrinidae 
 
 
Hemiodontidae 
 
 
 
 
 
Ctenoluciidae 
 
 
 
Ageneiosidae 
 
 
 
Auchenipteridae 
 
 
Loricariidae 
 
 
Pimelodidae 
 
 
 
 
 
 
 
Doradidae 
 
 
 
 
 
1841) 
Pygocentrus nattereri 
(Kner, 1860) 
Serrasalmus rhombeus 
(Linnaeus, 1766) 
 
Curimata inornata Vari, 
1989 
Cyphocharax abramoides 
Kner, 1859 
 
Hydrolycus scomberoides 
(Cuvier, 1819) 
 
Hoplias malabaricus 
(Bloch, 1794) 
 
Hemiodus immaculatus 
(Kner, 1859) charuto 
Hemiodus sp1 
Hemiodus sp2. 
 
Boulengerella sp 
 
Ageneiosus brevifilis 
(Valenciennes, 1840) 
 
Auchenipterichthys sp. 
 
Loricariinae 
Rineloricaria sp. acari 
 
Pimelodus blochii 
Valenciennes, 1840 
Pinirampus pirinampu 
(Spix & Agassiz) 
Platynematichthys notatus 
(Schomburgk, 1841) 
 
Scorpiodoras sp. 
Megalodoras uranoscopus 
(Eigenmann & Eigenmann, 
1888) 
 
 
Hypophthalmus 
marginatus Valenciennes, 
1840 
 
Cichla sp 
Cichla temensis Humboldt, 
 
piranha caju 
 
piranha preta 
 
 
branquinha 
 
branquinha 
 
 
peixe cachorro 
 
 
traíra 
 
 
 
charuto 
 
charuto rabo de fogo 
catrapola 
 
 
urumará ou bicuda 
 
 
 
mandubé 
 
 
corró 
 
 
cachimbo 
 
 
 
mandi 
 
piranambu 
 
cara de gato 
 
 
 
 
rebeca 
 
bacu ou rebecão 
 
 35
 
 
 
 
 
PERCIFORMES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hypophthalmidae 
 
 
 
Cichlidae 
 
 
 
 
 
 
 
Scianidae 
 
1833 Geophagus proximus 
Castelnau, 1855 
Satanoperca acuticeps 
(Heckel, 1840) 
 
Plagioscion 
squamosissimus (Heckel, 
1840) 
 
 
mapará 
 
tucunaré comum 
tucunaré paca 
 
caratinga ou acará-
róirói 
acará bicudo 
 
pescada branca 
 
Total de espécies = 31 
 
 
 
No rio Mamuru foram identificadas 31 espécies distribuídas em 04 Ordens e 17 
famílias. Contudo, conforme indicam os estudos, a distribuição das espécies de especial 
interesse para a conservação abrange todas as espécies, em função da pouca 
informação acerca da fauna íctica dos igarapés amazônicos, em especial os localizados 
na região do baixo e médio Amazonas. Considerando o alto grau de endemismo das 
espécies de peixes da Bacia Amazônica torna-se essencial que sejam definidas 
estratégias para a manutenção das espécies presentes nesta área, visto que apesar da 
diversidade de espécies, algumas apresentaram baixo número de indivíduos. 
No diagnóstico, foi citado o gênero Hyphessobrycon (Characidae) com 
indicação de prioridade para monitoramento. Este gênero está inserido na normativa 
Nº5 do Ministério do Meio Ambiente (2004), com três espécies consideradas 
criticamente em perigo nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Sendo que 
as espécies listadas na normativa ainda não foram registradas em igarapés amazônicos 
(Goch e Peleja, 2010). 
 
7.1.3. Mastofauna 
 
Os estudos sobre a fauna de mamíferos registram que há pouco conhecimento 
científico sobre as espécies da região, havendo escassez de pesquisas sobre 
densidade populacional, com os poucos estudos publicados avaliando a ocorrência a 
 36
partir de estudos da fauna cinegética e de inventários recentes, executados para 
atender a demanda deste RAP. 
 No Brasil há 652 espécies nativas de mamíferos e destas 69 espécies 
encontram-se oficialmente ameaçadas (Anexo Tabela 1), o que representa 10,6% (REIS 
et al., 2006). A grande maioria das espécies ameaçadas (40 espécies) está incluída na 
categoria Vulnerável (VU), quase um terço (18 espécies) está na categoria Criticamente 
em Perigo (CR) e as 11 espécies restantes situam-se na categoria Em Perigo (EN) 
(segundo critérios de avaliação adotados para a elaboração da lista em 2002 (União 
Mundial para a Natureza – IUCN, 2001a). Nenhuma espécie foi considerada Extinta ou 
Regionalmente Extinta e as espécies ameaçadas estão distribuídas em 10 das 12 
ordens com representantes no Brasil (CHIARELLO et al., 2007). Segundo os autores, as 
Ordens Primates e Carnivora encontram-se proporcionalmente mais ameaçadas, em 
relação a outras Ordens com maior número de espécies, os primeiros por possuírem 
hábito exclusivamente florestal (portanto, baixa tolerância à destruição das florestas) e 
os últimos por serem predominantemente predadores, apresentando baixas densidades 
populacionais e grande necessidade de espaço, além de sofrerem grande pressão de 
caça para o uso alimentar e controle de população, respectivamente. 
Na Amazônia, há o registro de 427 de mamíferos com 173 espécies endêmicas 
e nos estudos não há citação de espécies endêmicas à região e sim da Amazônia 
brasileira como um todo. Na tabela 6 a lista de espécies da fauna inventariadas na área 
de concessão florestal e entorno. 
 
Tabela 6 - Diversidade de mamíferos terrestres de pequeno, médio e grande porte do 
interflúvio Mamuru-Arapiuns, Pará. Estado de conservação: E: Estável; DD: 
Deficiente de Dados; LC: Menor Preocupação; NT: Quase Ameaçada; VU: 
Vulnerável; EN: Em Perigo. (Adaptado de LIMA, 2010). 
 
Táxon 
 
Nome Comum Estado de Conservação 
SEMA (2007) IUCN(2009) 
PILOSA 
MYRMECOPHAGIDAE 
Ciclopes didactylus 
 
Tamandua 
tetradactyla 
 
Myrmecophaga 
tridactyla 
 
BRADYPODIDAE 
Bradypus variegatus 
 
Tamanduaí 
 
 
 
Tamanduá-
decolete 
 
Tamanduá-
bandeira 
 
 
Preguiça bentinha
 
E 
 
 
 
E 
 
 
 
VU 
 
 
 
E 
 
LC 
 
 
 
LC 
 
 
 
NT 
 
 
 
LC 
 37
 
MEGALONYCHIDAE 
Choloepus didactylus 
 
DASYPODIDAE 
Cabassous unicinctus 
 
 
Dasypus kappleri 
 
 
Dasypus 
novemcinctus 
 
Dasypus 
septemcinctus 
 
Priodontes maximus 
 
 
Preguiça-real 
 
 
Tatu-rabo-de-
couro 
 
Tatu-quinze-
quilos 
 
Tatu-galinha 
 
 
Tatu-sete-cintas 
 
 
 
Tatu-canastra 
 
 
 
E 
 
 
 
E 
 
 
 
E 
 
 
 
E 
 
 
E 
 
 
 
VU 
 
 
 
LC 
 
 
 
LC 
 
 
 
LC 
 
 
 
LC 
 
 
LC 
 
 
 
VU 
PRIMATES 
CALLITRICHIDAE 
Mico humeralifer 
 
Saguinus labiatus 
 
 
CEBIDAE 
Cebus apella 
 
Cebus albifrons 
 
Saimiri ustus 
 
Callicebus hoffmannsi 
 
PITHECIIDAE 
Chiropotes albinasus 
 
Pithecia irrorata 
 
ATELIDAE 
Alouatta nigerrima 
 
Ateles chamek 
 
 
 
Sauim-branco 
 
Sauim-de-bigode 
 
 
 
Macaco-prego 
 
 
Caiarara 
 
Macaco-de-cheiro 
 
Zoque-zogue 
 
 
Cuxiú-da-cara-
branca 
 
Parauacu 
 
 
 
Guariba-preta 
 
Coatá-da-cara-
preta 
 
 
E 
E 
 
 
E 
E 
E 
E 
E 
 
E 
 
E 
E 
 
 
 
DD 
 
LC 
 
 
 
 
 
LC 
 
LC 
 
LCLC 
 
 
EN 
 
 
 
LC 
 
 
 
LC 
 
EN 
CARNIVORA 
CANIDAE 
Atelocynus microtis 
 
 
Cerdocyon thous 
 
Speothos venaticus 
 
 
 
Cachorro-do-mato
 
Raposa 
 
Cachorro-do-
mato-vinagre 
 
 
 
E 
 
 
E 
 
 
E 
 
 
 
NT 
 
 
LC 
 
 
NT 
 
 38
 
 
PROCYONIDAE 
Nasua nasua 
 
Potos flavus 
 
Procyon cancrivorus 
 
MUSTELIDAE 
Eira barbara 
 
Galictis vittata 
 
FELIDAE 
Leopardus pardalis 
 
Leopardus wiedii 
 
Leopardus tigrinus 
 
 
Panthera onça 
 
 Puma concolor 
 
 Puma yagouaroundi 
 
 
 
Quati 
 
Jupará 
 
 
Guaxinim 
 
 
Irara 
 
Furão 
 
 
Jaguatirica 
 
Gato-maracajá 
 
Gato-do-mato-
pintado 
 
Onça-pintada 
 
Onça-vermelha 
 
Gato-mourisco 
 
 
 
E 
 
E 
 
 
E 
 
 
 
E 
 
 
 
 
 
E 
 
 
E 
 
E 
 
 
 
VU 
 
VU 
 
E 
 
 
 
LC 
 
LC 
 
 
LC 
 
 
 
LC 
 
LC 
 
 
 
LC 
 
 
NT 
 
VU 
 
 
 
NT 
 
LC 
 
LC 
PERISSODACTYLA 
TAPIRIDAE 
Tapirus terrestris 
 
 
Anta 
 
 
E 
 
 
VU 
ARTIODACTYLA 
TAYASSUIDAE 
Pecari tajacu 
 
Tayassu pecari 
 
CERVIDAE 
Mazama americana 
 
 
Mazama nemorivaga 
 
 
 
Caititu 
Queixada 
 
 
 
Veado-vermelho 
 
 
Veado-branco 
 
 
 
E 
 
 
E 
 
 
E 
 
 
E 
 
 
 
LC 
 
 
NT 
 
 
DD 
 
 
LC 
RODENTIA 
ERETHIZONTIDAE 
Coendou prehensilis 
 
CUNICULIDAE 
Cuniculus paca 
 
DASYPROCTIDAE 
Dasyprocta leporina 
 
MURIDAE 
 
ECHYMIDAE 
 
 
 
Coendu 
 
 
Paca 
 
 
Cotia-vermelha 
 
Rato 
 
 
 
 
E 
 
 
 
E 
 
 
E 
 
 
 
 
LC 
 
 
 
LC 
 
 
LC 
 
 
 
 
 
 39
Lonchothrix emilie 
LC 
DIDELPHIMORPHIA 
DIDELPHIDAE 
Didelphis marsupialis 
 
Marmosa murina 
 
 
Gambá-comum 
 
 
 
LC 
 
 
LC 
 
 
 
A diversidade de mamíferos de médio e grande porte encontrada nos estudos 
realizados nas glebas Mamuru e Arapiuns foi considerável, correspondendo em 95 % à 
riqueza esperada para a região. O conjunto de espécies de mamíferos de médio e 
grande porte apresentou-se constituído por seis ordens, 18 famílias, 24 gêneros e 39 
espécies. Das 18 famílias, quatro pertencem à ordem Pilosa, quatro a Primates, quatro 
a Carnivora, uma a Perissodactyla, duas a Artiodactyla e três a Rodentia. Os estudos 
citam que não existem registros de espécies endêmicas e migratórias de mamíferos de 
médio e grande porte nas glebas Mamuru e Arapiuns. Contudo, foram registradas 
quatro espécies exóticas de mamíferos, Sus scrofa (porco doméstico), Bos sp. (boi 
doméstico), Canis familiaris (cachorro-doméstico), Equs asinus (burro-doméstico) e 
Felis catus (gato-doméstico). A presença desses animais domésticos em áreas nativas 
acarreta implicações de ordem epidemiológica, visto as zoonoses que podem ser 
veiculadas entre os animais da fauna nativa, os domésticos e os habitantes locais 
causando impactos desastrosos para todos os envolvidos; de ordem ecológica, as 
espécies exóticas podem predar as nativas e/ou se adaptarem mais rapidamente à área 
impactada afetando a cadeia trófica, através da competição por recursos alimentares, 
principalmente entre os ungulados nativos, artiodátilos (veados e porcos) e 
perissodátilos (anta). 
Em relação à importância para a conservação da natureza, a região onde se 
encontram as glebas Mamuru e Arapiuns faz parte da área de distribuição geográfica de 
quatro espécies de mamíferos considerados como ameaçados de extinção, segundo 
listagem oficial paraense (SEMA 2007), e de cinco espécies citadas em listagem oficial 
internacional (IUCN 2009). Todas as quatro espécies citadas na listagem paraense, na 
categoria “vulnerável”, foram confirmadas nas glebas, a saber, Myrmecophaga tridactyla 
(tamanduá-bandeira), Priodontes maximus (tatu-canastra), Panthera onca (onça-
pintada) e Puma concolor (onça-vermelha). Entre as cinco espécies citadas em listagem 
internacional, quatro espécies foram encontradas nas glebas, sendo que duas espécies 
são consideradas vulneráveis: P. maximus (tatu-canastra) e Tapirus terrestris (anta); e 
uma espécie em perigo de extinção, Chiropotes albinasus (cuxiú-da-cara-branca). Além 
 40
destas, seis espécies merecem também atenção devido encontrar-se na categoria 
“quase ameaçada”: M. tridactyla (tamanduá-bandeira), Atelocynus microtis (cachorro-
do-mato), Speothos venaticus (cachorro-do-mato-vinagre), Leopardus wiedii (gato-
maracajá), P. onça (onça-pintada) e Tayassu pecari (queixada). 
 
 
7.1.4. Herpetofauna 
 
Quanto a herpetofauna, no bioma Amazônico ainda é pouco conhecida, 
principalmente no que se refere aos anfíbios, lagartos e serpentes, e no Estado do Pará, 
pouco se sabe sobre áreas de maior riqueza e abundância de espécies ou dos padrões 
de distribuição. Os estudos registram que entre os répteis, são conhecidas para a 
Amazônia brasileira aproximadamente 150 espécies de serpentes, 10 de anfisbenas, 94 
de lagartos, 18 de quelônios e quatro de crocodilianos, o que corresponde a cerca de 
75% da fauna de répteis de toda Amazônia. De acordo com os registros da coleção 
herpetológica do Museu Paraense Emílio Goeldi, para a região do entorno da Gleba 
Mamuru, a que correspondem os municípios de Juruti, Santarém e Aveiro, são 
conhecidas 9 espécies de quelônios, 3 espécies de crocodilianos, 3 espécies de 
Anfisbenas (conhecidos como cobras cegas), 38 espécies de lagartos, 85 espécies de 
serpentes e 43 espécies de anfíbios (SARMENTO; CHALKIDIS, 2010). 
Para a herpetofauna, a exploração madeireira, principalmente aquela realizada 
de forma predatória, sem um plano de manejo adequado, pode ocasionar na perda de 
sítios de reprodução utilizados pelas espécies de anfíbios, como poças d’água, riachos 
e córregos. Além da perda do habitat, a dificuldade de locomoção para alguns répteis, 
lagartos de pequenos e médios porte, tartarugas e outros, durante a supressão vegetal 
pode resultar em óbitos destes animais. Na natureza, a herpetofauna tem papel 
fundamental nas diversas cadeias ecológicas, representando eficientes controladores 
das populações de insetos e outros invertebrados e servem de presas de variados 
predadores naturais (ZUG et al., 2001). Os anfíbios também tm sido reconhecidos como 
bioindicadores de qualidade ambiental devido a algumas características ecológicas, 
morfológicas e fisiológicas do grupo (e.g. pele permeável, um ciclo de vida complexo 
com uma fase larval aquática e uma fase adulta terrestre, susceptibilidade a variações 
de temperatura, predadores em posição apical nas variadas cadeias alimentares) 
(STRUSSMANN et al., 2000; AZEVEDO-RAMOS, 1998; DUELLMAN; TRUEB, 1994). 
 41
 
Na região do rio Mamuru, Juruti, Pará, foram registradas 18 espécies de 
anfíbios pertencentes a sete famílias e 12 gêneros, sendo que destas 16 foram 
coletadas e as demais apenas visualizadas ou registrada pela vocalização (Tabela 7). 
 
Tabela 7 - Lista das espécies de anfíbios amostrados na região do rio Mamuru, 
Juruti, Pará. 
Táxon 
Amphibia: Anura 
Leptodactylidae 
Leptodactylus andreae Müller, 1923 
Leptodactylus macrosternum Miranda-Ribeiro,1926 
Leptodactylus pentadactylus (Laurenti, 1768) 
Centrolenidae 
Cochranella oyampiensis (Lescure, 1975) 
Aromobatidae 
Alobates marchesianus (Melin, 1941) 
Allobates femoralis (Boulenger, 1884) 
Bufonidae 
Dendrophryniscus minutus (Melin, 1941) 
Rhinella marina (Linnaeus, 1758) 
Strabomantidae 
Pristimantis fenestratus (Steindachner, 1864) 
 
Dendrobatidae 
Ameerega trivittata (Spix, 1824) 
 
Hylidae 
Hypsiboas boans (Linnaeus,1758) 
Hypsiboas geographicus 
Hypsiboas multifasciatus (Günther, 1859) 
Osteocephalus taurinus Steindachner, 1862 
Phyllomedusa vaillantii Boulenger, 1882 
Scinax ruber (Laurenti, 1768) 
Scinax rostratus ( Peters, 1863) 
Trachycephalus resinifictrix (Goeldi, 1907) 
 
No estudo analisado as três espécies mais abundantes de anfíbios foram 
Leptodactylus andreae, Dendrophryniscus minutus e Allobates marchesianus, 
respectivamente, sendo que as duas primeiras estão entre as espécies mais 
abundantes em várias localidades da Amazônia brasileira. Numa das áreas de estudo 
(região do rio mamuru), foi relatado intensa atividade madeireira no passado, 
 42
apresentando inclusive uma pista de pouso desativada. Nessa área desmatada, foram 
encontradas Pristimantis fenestratus, Hypsiboas multifasciatus, Ameerega sp., 
Leptodactylus andreae, Hypsiboas boans, Rhinella marina, Cochranella oyanpiensis, 
Dendrophryniscus minutus e Leptodactylus macrosternum. Sendo que Leptodactylus 
macrosternum é uma espécie típica de áreas abertas. A espécie Cochranella 
oyanpiensis foi registrada apenas nesta área, sendo que é uma espécie conhecida por 
habitar ambientes de floresta primária íntegros, sempre próximo a corpos d’água 
permanentes. 
Na tabela 8, encontra-se a lista de répteis identificadas nos estudos da área a 
ser destinada à concessão florestal e entorno, onde foram registradas 24 espécies 
pertencentes a 14 famílias e 24 gêneros. 
 
Tabela 8 – Lista das espécies de répteis identificadas na área destinada à concessão 
florestal e entorno. 
Táxon 
 
Chelonia 
Testudines 
Podocnemidae 
Podocnemis unifilis Troschel, 1848 
 
Testudinidae 
Chelonoidis denticulata (Linnaeus, 1766) 
Geochelone sp. 
 
Geoemydidae 
Rhinoclemmmys punctularia 
 
Chelidae 
Podocnemia expansa 
 
Squamata 
Gekkonidae 
Gonatodes humeralis (Guichenot, 1855) 
Coleodactylus amazonicus (Anderson, 1918) 
Thecadactylus rapicauda (Houttuyn, 1782) 
 
Gymnophthalmidae 
Arthrosaura reticulata (O'Shaughnessy, 1881) 
 
Polychrotidae 
Anolis fuscoauratus. D'Orbigny, 1837 
 
Teiidae 
 43
Ameiva ameiva Linnaeus, 1758 
Kentropyx calcarata Spix, 1825 
Cnemidophorus lemniscatus (Linnaeus, 1758) 
 
Scincidae 
Mabuya nigropunctata (Spix, 1825) 
 
Iguanidae 
Iguana iguana 
 
Ophidia 
Viperidae 
Bothrops sp. 
Lachesis sp. 
 
Boidae 
Corallus hortulanus (Linnaeus, 1758) 
Eunectes murinus 
 
Colubridae 
Mastigodryas boddaerti (Sentzen, 1796) 
Oxybelis fulgidus (Daudin, 1803) 
Oxyrhopus melanogenys (Tschudi, 1845) 
Pseudoboa neuwiedii (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) 
Siphlophis worontzowi (Prado, 1940) 
Crocodylia 
Crocodylidae 
Caiman crocodilus (Linnaeus, 1758) 
 
 
7.1.5. Avifauna 
 
Nos estudos de avifauna analisados, realizados no interfluvio Mamuru-Arapiuns, 
através do levantamento de dados secundários e entrevistas realizadas através de 
DRP, estimou-se em 632 o número esperado de espécies de aves para a região, 
havendo o registro de 69 famílias e 168 espécies. 
A família mais numerosa foi a Thamnophilidae, seguida pela Tyrannidae, com 
16 e 22 espécies, respectivamente. A maioria das espécies registradas é exclusiva de 
florestas de terra firme (81), e as demais ocupam outros ambientes. A maior parte das 
espécies registradas (72) é insetivora, como as espécies da família Thamnophilidae e 
Formicaridae. Grande parte desses insetivoros é participante regular de bandos mistos 
de copa e sub-bosque, ou acompanha formigas-de-correição. 
 44
As espécies Capito brunneipectus (capitão-de-peito-marrom) e Rhegmatorhina 
berlepschi (mãe-de-taoca-arlequim) são consideradas endêmicas. A primeira é 
conhecida de uma pequena área entre a margem esquerda do baixo Tapajós e o baixo 
Madeira. Foi registrada e coletado na área de Jaratuba e trata-se de uma espécie 
endêmica do interfluvio, que merece especial atenção. A Rhegmatorhina berlepschi 
(mãe-de-taoca-arlequim) também tem distribuição restrita ao interfluvio Madeira-
Tapajós. 
 Quanto às espécies da avifauna que encontram-se ameçadas de extinção, 
listamos a Anodorhynchus hyacintinus (arara-azul-grande), uma ave da família 
Psittacidae, que ocorre nos biomas da Floresta Amazônica e, principalmente, no do 
Cerrado, estando presente nos estados do Amazonas, Mato Grosso do Sul, Mato 
Grosso, Pará e Tocantins, cujo as principais causas da sua extinção estão relacionadas 
a caça, o comércio clandestino e a degradação em seu habitat natural através da 
destruição antrópica; e a Aratinga guarouba (ararajuba) que tambem é da familia 
Psittacidae, ocorrendo em florestas secas e altas na Amazonia brasileira, encontrada 
exclusivamente no Brasil, do Maranhão ao oeste do Pará (onde esta ameaçada de 
extinção) e, localmente, em Rondônia, sempre ao sul do rio Amazonas. Encontra-se 
ameaçada devido a perda de habitat, devastação e inundação de parte de sua área de 
ocorrência para a construção de hidrelétricas e também pelo tráfico de animais. É uma 
espécie protegida citada na CITES e na lista da fauna brasileira ameaçada de extinção 
(IBAMA, 2005). 
Os estudos analisados sobre a avifauna do interfluvio Mamuru-Arapiuns, 
concluíram que apesar do pouco tempo de amostragem, pode-se notar que existe um 
gradiente de perda de especies e empobrecimento (aumento da dominância) das 
comunidades de avifauna de sub-bosque conforme os pontos se aproximam das áreas 
mais habitadas, evidenciando que os efeitos da antropizaçãoo podem reduzir e alterar 
drasticamente os sub-bosques, refletindo diretamente na composição dessas 
comunidades. 
 
7.1.6. Os aracnídeos 
 
Os aracnídeos constituem um grupo animal altamente diverso, seus 
representantes mais conhecidos, em virtude de seu interesse médico (toxina do 
 45
veneno ou hábito parasita) são as aranhas, os escorpiões, os ácaros e os 
carrapatos. 
A classe Arachnida apresenta mais de 93.000 espécies descritas, distribuídas 
em 11 ordens recentes: Acari (ácaros e carrapatos), Amblypygi (amblipígeos) Araneae 
(aranhas), Opiliones (opiliões), Palpigradi (palpígrados), Pseudoscorpiones 
(pseudoescorpiões), Ricinulei (ricinúleos), Schizomida (esquizomídeos), Scorpiones 
(escorpiões), Solifugae (solífugos) e Uropygi ou Thelyphonida (escorpião-vinagre). A 
grande diversidade e importância ecológica dos aracnídeos proporcionam dados 
fundamentais para avaliação e quantificação da diversidade biológica, fornecendo 
subsídios para o monitoramento de qualquer alteração em ambientes florestados, 
entretanto, informações sobre a fauna de aracnídeos na Amazônia são escassos 
(HUNG, 2010). 
Seis ordens de Arachnida foram coletadas na região da gleba Mamuru, são 
elas: Amblypygi, Araneae, Opiliones, Pseudoscorpiones, Ricinulei e Scorpiones. O 
número de morfoespécies (194) e de famílias de aracnídeos (39) registrado para a 
gleba Mamuru, não diferem muito dos trabalhos apresentados em outros biomas da 
Amazônia e do Brasil, havendo apenas um registro bem maior de morfoespécies e 
espécies para a Reserva Ducke na Amazônia Central e na Floresta Nacional de 
Caxiuanã, PA, resultado esse de anos de levantamentos com as mais variadas 
técnicas, o que demonstra a importância do tempo e da diversidade de técnicas nos 
estudos de inventário e densidade populacional. No estudo realizado na região do 
Mamuru, 08 famílias (Tabela 9) apresentaram mais de 05 indivíduos coletados. 
 
Tabela 9 - Riqueza de espécies por família de aracnídeos coletadas na 
gleba Mamuru, municípios de Aveiro e Juruti, PA. 
Família Nº de espécies 
Araneidae 
Salticidae 
Theridiidae 
Uloboridae 
Oxyopidae 
Linyphiidae 
Pholcidae 
Sparassidae 
Menos de 05 
48 
27 
23 
08 
07 
07 
06 
06 
62 
 
 
 46
A maioria das aranhas

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