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1 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA INSTITUTO SÓCIO AMBIENTAL E DOS RECURSOS HÍDRICOS - ISARH PROJETO VÁRZEA R A P Relatório Ambiental Preliminar das áreas de concessão florestal do Conjunto de Glebas Mamurú-Arapiuns RELATÓRIO FINAL Belém - Pará 2010 2 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA INSTITUTO SÓCIO AMBIENTAL E DOS RECURSOS HÍDRICOS PROJETO VÁRZEA R A P RELATÓRIO AMBIENTAL PRELIMINAR DAS ÁREAS DE CONCESSÃO FLORESTAL DO CONJUNTO DE GLEBAS MAMURÚ-ARAPIUNS RELATÓRIO FINAL COORDENAÇÃO GERAL Prof. Manoel Malheiros Tourinho EQUIPE DE PESQUISA Prof. Manoel Malheiros Tourinho – DSc. Prof. João Ricardo Vasconcellos Gama – DSc. Profª. Ana Silvia Sardinha Ribeiro - MSc Engº Agrônomo Pierre Nader Mattar – Esp. Engº Florestal Silvio Roberto Miranda dos Santos - MSc Engª Agrônoma Roberta Maria Vita Coutinho Mattar – MSc. Luiz Cláudio Moreira Melo Júnior - Acadêmico de Agronomia EQUIPE DE APOIO - LABORATÓRIO DE GEOPROCESSAMENTO/ IDEFLOR Engº Florestal Pedro Bernardo da Silva Neto Técnico Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto Hugo de Souza Ferreira Engº Florestal Farid Pinheiro Abdul Massih Belém - Pará 2010 3 SUMÁRIO Página 1. Apresentação 05 2. Introdução 07 3. Objetivo geral 07 4. Insumos utilizados para a construção do Relatório Ambiental Preliminar (RAP) 08 5. Descrição e localização dos lotes de concessão florestal e divisão política 10 5.1. Rotas de acesso à área de concessão florestal 12 6. Descrição do solo, relevo, tipologia vegetal e classes de cobertura 13 6.1. Características dos solos 13 6.2. Relevo 17 6.3. Tipologia vegetal e classes de cobertura (uso da terra) 20 7. Descrição da fauna e flora locais 25 7.1. Aspectos faunísticos na área dos lotes de concessão florestal 25 7.1.1. Fauna cinegética 27 7.1.2. Os peixes 31 7.1.3. Mastofauna 35 7.1.4. Herpetofauna 40 7.1.5. Avifauna 43 7.1.6. Os aracnídeos 44 7.1.7. Os insetos 46 7.2. Aspectos florísticos na área de concessão florestal e resultados do Inventário Floretsal 49 7.2.1. Descrição da flora 49 7.2.2. Resultados do Inventário Florestal 51 7.2.2.1 Espécies florestais encontradas nas áreas de estudos 53 8. Descrição dos recursos hídricos na área dos lotes de concessão 59 9. Descrição da área de entorno às áreas de concessão florestal 61 9.1. O Entorno Dinâmico (ED) 62 9.1.1. Os traços da vida social: tradição e modernidade na fronteira Amazônica do Entorno Dinâmico *ED) 64 9.1.2. A geografia e os sistemas de uso da terra 66 9.1.3. A população e seus principais traços demográficos 66 9.1.4. Os serviços básicos de uso público 68 9.1.5. As relações ecológicas, políticas, econômicas e sociais com o Estado do Pará 72 9.1.6. A síntese exploratória: o Entorno Dinâmico (ED) como território onde se dá a ocorrência de elementos e processos sociais, políticos, econômicos e culturais que afetam o padrão de uso dos recursos naturais das áreas de concessão florestal 74 9.2. A infra-estrutura atual da região do Entorno Dinâmico e as projeções futuras 80 10. Caracterização e descrição das áreas de uso comunitário, unidades de Conservação, áreas prioritárias para conservação, terras indígenas e áreas Quilombolas adjacentes aos lotes de concessão 83 4 11. O Processo de concessão florestal e os potenciais impactos negativos ambientais e sociais e ações para prevenção e mitigação pelo órgão gestor 85 11.1. Contextualização 85 11.2. Os potenciais impactos negativos ambientais e sociais e ações para Prevenção e mitigação pelo órgão gestor 92 12. Recomendações de restrições para execução de atividades de manejo florestal 98 13. Referências bibliográficas 102 14. Anexo 105 14.1. Tabelas 105 14.1.1. Tabela 1 - Lista das espécies de mamíferos ameaçadas de extinção No Brasil e respectivas categorias de ameaças. 105 14.2. Mapas 108 14.2.1. Mapa georrefernciado da comunidade Cachoeira do Aruã 108 14.2.2. Mapa georrefernciado da comunidade Camará 109 14.2.3. Mapa georrefernciado da comunidade Curí 110 14.2.4. Mapa georrefernciado da comunidade Forca 111 14.2.5. Mapa georrefernciado da comunidade Guaranatuba 112 14.2.6. Mapa georrefernciado da comunidade Jaratuba 113 14.2.7. Mapa georrefernciado da comunidade Mirizal 114 14.2.8. Mapa georrefernciado da comunidade Mocambo 115 14.2.9. Mapa georrefernciado da comunidade Monte Carmelo 116 14.2.10. Mapa georrefernciado da comunidade Monte Sião 117 14.2.11. Mapa georrefernciado da comunidade Novo Horizonte 118 14.2.12. Mapa georrefernciado da comunidade Novo Paraíso 119 14.2.13. Mapa georrefernciado da comunidade Samaúma 120 14.2.14. Mapa georrefernciado da comunidade São José 121 14.2.15. Mapa georrefernciado da comunidade São Luiz 122 14.2.16. Mapa georrefernciado da comunidade Vila Sabina 123 Belém - Pará 2010 5 1. Apresentação A documenta do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará (IDEFLOR) existente desde a sua criação pela Lei Estadual nº 6.963/2007 para exercer a missão de órgão gestor das florestas publicas do estado do Pará, sinaliza “um novo tempo na utilização de matérias-primas florestais no Estado”, onde alguns instrumentos de governança são apresentados como a afirmação do compromisso do governo estadual com os movimentos de vanguarda populares que defendem “o uso sustentável da floresta contra o desmatamento desenfreado, a privatização exagerada e concentradora da terra, a exploração excludente dos recursos minerais, a perda da biodiversidade, entre outros danos percebidos no avanço de modos de apropriação das riquezas do estado pelo capital, pouco ou nada compatível com as políticas de inclusão social dos governos federal e estadual”. Duas ordens de instrumentos se posicionam frontalmente contra o processo de uso da riqueza natural acima epigrafado. São elas: a ordem prescrita pelo Plano de Outorga Florestal do Pará (PAOF) e a ordem determinante (do próprio PAOF) prescrita pelo Relatório Ambiental Preliminar (RAP). O PAOF “é uma informação técnica sobre áreas destinadas à oferta para exploração florestal sustentável, mas principalmente, é uma ferramenta valiosa da nova política de gestão pública para a disponibilização de florestal, porque desencadeia um processo concorrencial que culmina com os contratos de concessões, passando por debates (e especificações) sobre as regras expressas em edital, nas quais a sociedade pode assegurar condições que favoreçam as economias locais, repartindo os benefícios nos municípios que sediam as florestas”. Estudos físicos, biológicos, socioambientais, de mercados para produtos da floresta foram realizados com o propósito de favorecer os aspectos técnicos encerrados no Plano de Outorga Florestal e de dar os subsídios indispensáveis a elaboração de Relatório Ambiental Preliminar, orientando o curso dos debates públicos e do conteúdo dos editais de licitação. O Relatório Ambiental Preliminar (RAP) pode ser considerado proxi do PAOF pelos objetivos que o mesmo encerra: “O RAP, conforme § 4º, do art.18, da Lei nº 11.284, de 2006, é uma condicionante do processo de licitação, fonte de informação técnica para a elaboração do edital delicitação e do contrato de concessão florestal”. 6 “O licenciamento ambiental prévio deverá, nesse contexto, cumprir sua função prioritária no que diz respeito à instrumentalização da Política Nacional de Meio Ambiente, funcionando como ferramenta de caráter preventivo de tutela ambiental, permitindo o equilíbrio entre os interesses de proteção ambiental e o desenvolvimento social e econômico regional buscado pelos princípios que norteiam a gestão de florestas públicas”. Pelo exposto, o RAP – Relatório Ambiental Preliminar constitui-se de um documento exigido por lei, obrigatório e condicionante do processo de licenciamento ambiental para concessão florestal, conforme fundamentação legal e conceitual a seguir indicada: a) Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007, que define povos e comunidades tradicionais; b) Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, que trata do novo arranjo institucional para o trato das questões florestais no Brasil; c) Decreto nº 6.063, de 20 de março de 2007, que regulamenta a Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006; d) Lei nº 6.963, de 16 de abril de 2007, que estabelece no estado do Pará o marco legal da gestão das florestas públicas; e) Instrução Normativa nº 04, de 25 de junho de 2008; Na Figura 1, abaixo, a importância do RAP no Processo de Concessão Florestal Figura 1 - Fluxograma do processo de concessão florestal Fonte: SFB 2010 7 2. Introdução O RAP -, Relatório Ambiental Preliminar das áreas de concessão florestal do conjunto de glebas Mamurú Arapiuns ora apresentado constitui-se na 3ª e última peça prevista nos Termos de Referência preparados pela Diretoria de Gestão de Florestas Públicas (DGFLOP), do Instituto de Desenvolvimento |Florestal do Estado do Pará – IDEFLOR, instituição responsável pelas diretrizes florestais no âmbito do Governo do Estado do Pará, após a entrega do Plano de Trabalho, do Relatório Preliminar do RAP e do Relatório Provisório do RAP.. Este RAP foi preparado por uma equipe multidisciplinar da UFRA - Universidade Federal Rural da Amazônia e da UFOPA – Universidade Federal do Oeste do Pará, com interveniência da FUNPEA - Fundação de Apoio à Pesquisa, à Extensão e ao Ensino em Ciências Agrárias, formada por professores, profissionais das áreas de Agronomia, Engenharia Florestal e Medicina Veterinária, com formação ao nível de Doutorado, Mestrado e Especialização, além da participação de alunos de graduação e pós- graduação da UFRA. Para a elaboração do presente documento “tornou-se necessária a realização de diagnósticos socioeconômicos e ambientais das áreas previstas no PAOF 2008- 2009, constituindo um referencial de como se estruturam e interagem os diferentes fatores e as diferentes esferas (econômicas, sociais e ambientais) encontradas em um sistema florestal. Esta análise tem como objetivo principal identificar e hierarquizar os elementos que condicionam a evolução dos sistemas de produção. Busca-se assim, compreender como estes interferem nas transformações que ocorrem no meio florestal. Esta situação deve embasar as ações e estratégias a serem adotadas pelos agentes e atores sociais envolvidos (técnicos, pesquisadores, administradores e produtores) com o propósito de desenvolver o ordenamento territorial e ambiental”. 3. Objetivo geral A elaboração do Relatório Ambiental Preliminar – RAP de que trata o art. 18, da Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006, consolidando em documento único, estudos prévios (publicados ou não) relacionados à caracterização da sócio economia e questões ambientais na área apresentada, atendendo aos produtos solicitados e 8 demandas de revisão por parte do IDEFLOR e da Secretaria de Meio Ambiente (SEMA/PA). 4. Insumos utilizados para a construção do Relatório Ambiental Preliminar (RAP). Entre as áreas objetos de licitação para o uso privado de florestas públicas do estado do Pará, indicadas para outorga florestal 2010, estão aquelas que fazem parte do conjunto de glebas Mamurú-Arapiuns, as quais encompassam outras glebas como a Nova Olinda I, II e III e a Curumucurí. Esse conjunto de glebas ocupa uma superfície de cerca de 600 mil hectares, dos quais 311 mil são destinadas à concessão florestal. Em 2009, o IDEFLOR conduziu através de pesquisas próprias ou encomendadas às universidades e institutos de pesquisa, seis (6) estudos cujos resultados indicativos são fundamentais para subsidiar a elaboração do RAP. Esses estudos foram: 1) Estudos físicos e tipologia vegetal: Este estudo foi realizado pelo IDEFLOR através de pesquisas a fontes secundárias e sensoriamento remoto realizado pelo Laboratório de Sensoriamento Remoto (LSR) do IDEFLOR e aborda, entre outros temas: as características do solo e do relevo; as classes de cobertura do solo; a descrição dos recursos hídricos; 2) Pesquisa Socioambiental na Região Mamurú-Arapiuns: Este estudo foi realizado por uma equipe de pesquisa do “Projeto Várzea” do Instituto Socioambiental e dos Recursos Hídrícos (ISARH) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), coordenada pelo professor Manoel Malheiros Tourinho, e aborda quatro estudos relacionados às comunidades tradicionais da região; a produção familiar e o uso da terra; recursos florestais; e animais domésticos e silvestres; 3) Caracterização do mercado de produtos florestais madeireiros e não- madeireiros da região Mamurú-Arapiuns: Este estudo também foi realizado por uma equipe de pesquisa da UFRA, também ligada ao ISARH e coordenada pelo professor Antônio Cordeiro de Santana, e teve por objetivo descrever os arranjos produtivos locais (APLs) de produtos e serviços florestais, assim como os aspectos da oferta e demanda de produtos florestais, os preços ofertados e pagos, a infra-estrutura e a logística regional; 9 4) Inventário florestal: Este estudo foi realizado por uma consultoria contratada pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e tem por objetivo a identificação do estoque de produtos florestais madeireiros e não madeireiros e a espacialização destes resultados; 5) Estudo de Fauna: Estudo realizado no interflúvio dos rios Mamurú e Arapiuns, por uma equipe formada por pesquisadores do MPEG e UFPA, coordenada pelos pesquisadores José Reinaldo Pacheco Peleja e Orlando Tobias Silveira 6) Projeto de Desenvolvimento Comunitário: Conduzido por uma equipe coordenada pela pesquisadora Regina Oliveira da Silva, do MPEG - Museu Paraense Emilio Goeldi cujo foco foi o fortalecimento da economia agro florestal e extrativista das comunidades na Gleba Nova Olinda I, com o propósito de construir, em parceria com as comunidades locais, projetos de desenvolvimento comunitário, que permitam a essas comunidades usufruir da biodiversidade local e melhorar a sua qualidade de vida; Assim, para a elaboração deste RAP foram considerados estes estudos retro mencionados. O presente RAP toma emprestado dos estudos mencionados as evidências mais estratégicas sobre como pode ser conduzido um plano de outorga florestal sem que as iniciativas do estado e do governo coloquem em risco as comunidades tradicionais ribeirinhas, as etnias indígenas e negras remanescentes, antigos centenários ocupantes de qualquer natureza; a biodiversidade, a condição dos corpos d’água, rios e igarapés, a segurança alimentar, ainda que de subsistência e a integração social, cultural e ambiental das populações, tudo conforme o princípio mais importante e prioritário da outorga florestal, qual seja: “a destinação não onerosa do território a povos e comunidades tradicionais que utilizam este território e, conseqüentemente, fazem uso sustentável dos seus recursos naturais” (PAOF 2010). Com referênciaà área de concessão e suas implicações para a Área de Entorno (AE), pode-se inferir, a partir das evidências constatadas na pesquisa socioambiental na região do Mamurú-Arapiuns, a importância da geografia do entorno dinâmico, e pode-se conjecturar sobre as “entradas” e “saídas” passíveis de acontecer nas áreas de licitação, cujo conjunto de glebas participantes reúne um espaço-natureza de 311 mil hectares, correspondendo a quase ¼ da superfície florestal da grande mata dos vales dos rios Mamurú e Arapiuns que perfaz um total de 1,3 milhões de hectares. Quando se busca encontrar acontecimentos que podem se fazer presentes, um dos fenômenos que se visualiza mais crucial para a área de entorno, como decorrência das concessões florestais, diz respeito a concentração urbana. De um modo geral a pesquisa mostrou a acelerada urbanização da região, com perda da população rural, 10 atração de mão de obra migrante e o agravamento das questões sociais e ambientais. E, na lógica da acumulação, Santarém se credencia como pólo de oferta de serviços. O PAOF deve prever mecanismos horizontais de descentralização urbana, direcionamento do fluxo migratório e a contenção da população rural, atenuando a assimetria de crescimento urbano e da pressão sobre os recursos naturais, tanto da “jusante” do processo (oferta de alimentos, etc.) como a “montante” do processo (oferta de terra- espaço físico para habitação, etc.) No que tange à política de concessão florestal e suas implicações para as comunidades tradicionais temos que um dos propósitos do PAOF estadual é proporcionar às comunidades tradicionais os benefícios decorrentes do ordenamento territorial, assegurando-lhes o uso sustentável dos recursos naturais. Dos estudos conduzidos pelas equipes de pesquisadores do IDEFLOR, UFRA e MPEG, se pode concluir que as áreas disponíveis às concessões, embora desabitadas(?), recebem povos da floresta de localização ribeirinha, que aí chegam para buscar as suas sobrevivências. Se pode hoje estimar com maior segurança a existência de uma centena de vilas e povoados com visível história política, social e cultural, donde vivem ao redor de 20.000 pessoas. As ameaças a essas comunidades e seus habitantes podem existir decorrentes da falta de governança para com os seguintes fatores, entre outros: a. A questão da regularização da terra, em bases comunitárias, evitando a titulação individual. b. A expansão do uso da terra com as frentes agrícola, pecuária e mineral e a desarticulação social das comunidades tradicionais. c. A ameaça à biodiversidade devida o uso da terra d. A manifestação latente e manifesta do conflito social e. A ausência do Estado do Pará no provimento e na garantia de perenização dos fatores de produção & reprodução social comunitária. 5. Descrição e localização dos lotes de concessão florestal e divisão política. A área de concessão florestal, objeto deste RAP é uma área de 311.953,805 hectares, localizada dentro do conjunto de glebas Mamurú Arapiuns, que tem uma área total de 1.312.244,006 hectares, e é composta por 8 lotes, sendo 4 pequenos, 3 médios e 1 grande, conforme se observa no Mapa da Figura 2 a seguir. Os lotes apresentam a seguinte configuração espacial: Lotes 1, 2, 3 e 4, classificados como pequenos, com 11 dimensões de 19.955,655 ha, 19.792,657 ha, 19.693,314 ha e 19.890,284 ha, respectivamente. Estes 4 lotes pequenos ficam na porção mais oriental da área de concessão florestal e a leste dos mesmos situa-se a Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns. Lotes 5, 6 e 7, classificados como médios, com dimensões de 44.796,518 ha, 45.687,087 ha e 42,316,213 ha, respectivamente. O lote 5 situa-se mais ao norte dentro da área de concessão florestal e os lotes 6 e 7 situam-se na porção centro ocidental, tendo a oeste o rio Mamurú e seus afluentes. Lote 8, único classificado como grande, com dimensão de 99.822,077 ha, situa- se ao sul dentro da área de concessão florestal, fazendo limite com o Parque Nacional da Amazônia. Figura 2. Mapa da área de concessão florestal Mamurú - Arapiuns Fonte: LSR/IDEFLOR 2010 12 Os lotes 1, 2 e 3 estão situados inteiramente no município de Santarém, já o lote 4 situa-se parte em Santarém e parte no município de Aveiro. O lotes 5 e 6 situam- se parte em Santarém e parte no município de Jurutí. O lote 7 está situado nos três municípios: Santarém, Jurutí e Aveiro e o lote 8 está situado quase que totalmente no município de Aveiro, apresentando apenas uma pequena ponta ao norte, situada no município de Santarém. 5.1. Rotas de acesso à área de concessão florestal Cabe salientar ainda que, diante da transposição dos mapas das figuras 2 e 3, os lotes de concessão florestal estão localizados dentro das glebas Nova Olinda II, Nova Olinda I e Mamurú, ficando de fora das áreas de concessão florestal as glebas: Curumucuri e Nova Olinda III, no âmbito do conjunto de glebas Mamurú Arapiuns. Figura 3. Mapa do conjunto de glebas Mamurú Arapiuns e suas rotas de acesso Fonte: LSR/IDEFLOR 2010 13 De acordo com o Plano de Outorga Florestal – PAOF 2010, o conjunto de glebas Mamurú Arapiuns pode ser acessado através de cinco percursos: o primeiro, por terra, sai de Itaituba passando pelo Projeto de Desenvolvimento Sustentável – PDS Anjo da Guarda e seguindo pela estrada “Transjuruti”. O segundo percurso via fluvial e terrestre, saindo de Santarém, seguindo pelo rio Arapiuns e acessando rotas terrestres (estradas e ramais), a partir da Gleba Nova Olinda. A terceira rota, vias fluvial e terrestre, sai de Santarém até a localidade de Patacho, de onde se segue por rota terrestre através de estradas e ramais. A quarta possibilidade acontece partindo-se de Juruti, via terrestre, seguindo por estradas e ramais de acesso pela Gleba Nova Olinda III. Por fim, a quinta possibilidade se dá através de Juruti, via fluvial, com destino ao rio Mamuru ou ainda saindo de Parintins descendo pelo Rio Mamuru (Figura 02). 6. Descrição do solo, relevo, tipologia vegetal e classes de cobertura. 6.1. Características dos Solos O estudo dos solos, de suas potencialidades e restrições, são elementos fundamentais quando se deseja desenvolver qualquer atividade que dependa da terra, seja ela agrícola, pecuária ou florestal. Alguns fatores como fertilidade natural, capacidade de retenção de água, suscetibilidade à erosão, condições de drenagem e impedimentos à mecanização, são limitantes ao uso do terreno, indicando o seu maior ou menor grau de aptidão ou mesmo a inviabilidade da exploração que se deseja realizar no mesmo. Quanto à aptidão dos solos à exploração florestal, por se tratar de um sistema de menor intensidade de uso da terra, pode-se dizer que há menor exigência e maior adaptabilidade deste tipo de atividade às restrições do terreno quando comparada à produção de cultivos anuais e perenes. De acordo com essas limitações, podemos agrupar os solos em quatro classes de aptidão: BOA - Solos com fertilidade natural insuficiente para manter a produção normal das lavouras, podendo apresentar leve salinidade ou alcalinidade. Podem ter um período (até 3 meses) com umidade insuficiente. REGULAR - Terrenos de baixa fertilidade natural, a qual decresce rapidamente quando explorados. Apresentam, de modo geral, uma nítida deficiência de água 14 disponível num período de três a cinco meses ao ano. Podem ser solos rasos e com drenagem imperfeita por motivos inerentes ao próprio solo. RESTRITA - Solos impróprios para cultivos e pastagens por apresentarem insuficiência de nutrientes ou serem salinos ou alcalinos. Possuem importantedeficiência hídrica durante cinco a sete meses ao ano. A drenagem é imperfeita e há risco de inundações ocasionais. No caso de inundações frequentes, estas não são prolongadas. INAPTA - Terrenos com severas limitações, considerados inaptos à atividade florestal. Em uma exploração florestal, o conhecimento do solo e de suas limitações poderá nos orientar no sentido da escolha de espécies que melhor se adaptem às suas condições, ou mesmo concorram para o melhoramento de suas restrições, como por exemplo, o uso de espécies que apresentem um rápido crescimento de copa, de maneira a proteger a superfície do solo em áreas sujeitas à erosão. Segundo o levantamento de reconhecimento de solos promovido pelo Zoneamento Ecológico-Econômico na área de influência da BR 163 (Cuiabá- Santarém), e que abrange o conjunto de glebas Mamurú-Arapiuns, as principais classes de solos encontradas em ordem decrescente foram as seguintes: Latossolos > Argissolos> Gleissolos > Neossolos Flúvicos > Neossolos Quartzarênicos > Neossolos Litólicos > Nitossolos > Plintossolos > Espodossolos. Os latossolos (Amarelos, vermelhos e Vermelho-Amarelos) juntamente com os argissolos (Amarelos, Vermelhos e Vermelho-Amarelos) ocupam uma área de 289.015,49 km2 , em relevo plano a suave-ondulado, representando 86,41% do total mapeado. Estes solos possuem boa drenagem interna, permeabilidade, porosidade, capacidade de retenção de água, além de outros aspectos físicos favoráveis a manejos agropecuários e florestais intensivos. Os latossolos são solos não hidromórficos, muito encontrados na Amazônia sob vegetação de floresta e de campo cerrado. No processo de formação desses solos, a elevada precipitação é responsável pela lixiviação de grande parte de sais solúveis e de sílica, gerando um perfil ácido, pobre em bases e com acúmulo de sesquióxidos, característico de solos bastante envelhecidos. A coloração do latossolo varia de acordo com o grau de hidratação dos óxidos de ferro, com a precipitação e com a natureza da rocha matriz. 15 Os Argissolos (classe anteriormente conhecida como dos Podzólicos) são solos bem desenvolvidos, normalmente ácidos e de baixa fertilidade natural, podendo apresentar algumas vezes fertilidade de média a alta. Esses solos evidenciam uma fina camada orgânica (horizonte O), um horizonte organomineral (A1), um horizonte A2 ou um A3 descansando sobre um horizonte B textural, de coloração vermelha, amarela ou vermelho-amarelada. Figura 4. Mapa de solos da área de influência da BR-163 (Santarém - Cuiabá) Fonte: ZEE da BR - 163 16 De acordo como mapa pedológico do conjunto de glebas Mamurú-Arapiuns, nota-se a existência de 5 classes de solos nessa região: Latossolo Amarelo, Podzólico Vermelho-Amarelo (Argissolo na nova classificação), Plintossolo, Areia Quartzosa (Neossolo Quartzarênico na nova classificação) e gleissolo. As áreas de latossolo predominam em relação às demais, sendo o Plintossolo o tipo menos freqüente, o qual aparece como uma mancha que se estende da Gleba Nova Olinda II até uma pequena porção da gleba Mamurú. Figura 5. Mapa pedológico do conjunto de glebas Mamurú–Arapiuns Fonte: LSR / IDEFLOR 2010 Em relação à aptidão agrícola dos solos, os dados oriundos do ZEE da BR-163 (Figura 6) nos sinalizam que quase a totalidade da área do complexo Mamurú Arapiuns possui aptidão boa para cultivos, em pelo menos um dos sistemas de manejo (A, B ou C), principalmente no que se refere à produção de grãos. 17 Figura 6. Mapa de Classes de Aptidão Agrícola na área de influência da BR-163 (Santarém-Cuiabá) Fonte ZEE da BR - 163 6.2. Relevo O relevo, como um dos agentes de formação do solo, é responsável direta e indiretamente pela determinação de suas características, pois influencia a movimentação da água, juntamente com partículas minerais e orgânicas através do perfil. Sendo assim, a declividade de um terreno é inversamente proporcional à sua profundidade, uma vez que nos solos declivosos (coluviais) há maior erosão e menor infiltração de água, retardando a diferenciação dos horizontes e o consequente amadurecimento do solo. 18 Uma vez que o relevo interfere diretamente em fatores considerados limitantes aos diferentes tipos de uso da terra, o conhecimento das condições topográficas de um terreno (classes de relevo, declividade, extensão e uniformidade do declive), constitui um importante subsídio para a determinação de sua aptidão agrícola, permitindo uma melhor apropriação da unidade de produção à atividade que apresente maior viabilidade ambiental e econômica. As florestas e demais formas de vegetação natural localizadas no topo de morros, montanhas e serras, e em encostas com declividade superior a 45(equivalente a 100% na linha de maior declive) não devem ser consideradas em concessões florestais, pois, segundo o Código Florestal (lei nº 4771 de 15 de setembro de 1965), são consideradas áreas de preservação permanente, só podendo ser suprimidas total ou parcialmente com a prévia autorização do Poder Executivo Federal, em caso de utilidade pública ou interesse social. Figura 7. Mapa topográfico do conjunto de glebas Mamurú Arapiuns Fonte: LSR/IDEFLOR 2010 19 A estrutura geomorfológica do conjunto de glebas Mamurú-Arapiuns é representada pelas seguintes unidades: Planície Amazônica, Depressão do Madeira- Canumã, Depressão do Abacaxis-Tapajós e Patamares do Tapajós. Estas unidades geomorfológicas pertencem à Região Geomorfológica das Bacias Sedimentares Mesozóicas Madeira-Xingú. A Planície Amazônica é constituída por depósitos aluviais (principalmente argila e areia) que aparecem margeando o curso dos rios, originando as várzeas. Possui as menores altitudes regionais, geralmente em torno de 20 metros, e encontra-se periodicamente inundada pelas águas fluviais. A tipologia vegetal que recobre esta unidade é representada pela Floresta Aberta Aluvial com Palmeiras. As Depressões (áreas mais baixas) e os Patamares (áreas escalonadas) são acidentes que aparecem dentro de uma unidade maior constituída pelo Planalto Rebaixado da Amazônia. Este último representa uma superfície pediplanada (relevo plano a suave ondulado), com altitude média de 250 metros, que corresponde aos baixos platôs (terras firmes) que margeiam as várzeas amazônicas. São formados por densas áreas de floresta entremeadas por campinarana (vegetação oligotrófica de influência pluvial). Quanto à distribuição destes tipos de relevo na área em estudo, observando-se a Figura 8 constata-se que os Patamares do Tapajós predominam na região,ocupando a totalidade das glebas Curumucurí e Nova Olinda III e grande parte das demais glebas. As Depressões constituem algumas áreas das glebas Nova Olinda II e Mamurú, enquanto que as áreas ocupadas pela Planície Amazônica são bastante restritas . 20 Figura 8. Mapa da Geomorfologia do conjunto de glebas Mamurú – Arapiuns. Fonte: LSR / IDEFLOR 2010 6.3. Tipologia vegetal e classes de cobertura (uso da terra) Quando se pensa em projetos que visam o aproveitamento racional dos recursos naturais, a caracterização da cobertura vegetal é de fundamental importância, pois fornecerá subsídios para se implementar técnicas que aliem desenvolvimento e sustentabilidade. Nesse contexto, em atividades florestais, o conhecimento da vegetação que compõe a paisagem permite a avaliação dos impactos causados pela ocupação e exploração da área, direcionando a um manejo que preserve as espécies de importância para a manutenção da dinâmicae equilíbrio do ecossistema. A Amazônia possui quatro tipos de cobertura vegetal: i) floresta densa de terra firme e florestas inundáveis (igapó e várzea), que abrange 49 %, com vegetação exuberante e com alta diversidade de espécies; ii) floresta aberta (27 %), que predomina a vegetação com cipós e palmeiras; iii) cerrados (savanas), com vegetação 21 herbácea-arbustiva e ocupam 17 % e iv) campos naturais áreas de terra firme ou inundáveis, que abrange cerca de 7 %, predominando espécies de gramíneas (Araújo et al., 1986). De acordo com o mapa de cobertura vegetal elaborado pelo Laboratório de Sensoriamento Remoto do IDEFLOR (Figura 9), na área que será destinada à concessão florestal ocorrem as seguintes tipologias florestais: a) Floresta Ombrófila Densa: Este tipo de vegetação, como o próprio nome diz (ombrófila=amigo das chuvas), ocorre em regiões com elevado índice pluviométrico (>2.300 mm ao ano), onde as espécies florestais de grande porte amontoam suas exuberantes copas, fazendo com que haja pouquíssima ou nenhuma penetração dos raios solares. Este tipo de floresta pode ser de Terras Baixas (Terra Firme), de Várzea (periodicamente inundada) e de Igapó (permanentemente inundada). b) Floresta Ombrófia Densa Aluvial: É uma variação da Floresta Ombrófila Densa que aparece margeando os rios e demais cursos d’água. Por se tratar de comunidades vegetais que recebem influência das cheias periódicas dos rios, apresentam espécies menos frondosas e adaptadas às condições de elevada umidade do solo. c) Floresta Ombrófila Aberta: A Floresta Ombrófila Aberta é um tipo de transição entre a Floresta Amazônica e as áreas extra-amazônicas e é caracterizada por um período seco que dura de 2 a 3 meses. Neste tipo de vegetação as espécies florestais, oriundas da Floresta Densa, não apresentam copas muito próximas umas das outras, permitindo que os raios solares penetrem no interior da mata. De acordo com a altitude, pode ser classificada em: de terras baixas (5 - 100 m de altitude); de locais submontanos (100 até 600 m de altitude) e de áreas montanas (serranas), que ocupam a faixa altimétrica entre 600 e 2.000 m. A distribuição dos diferentes tipos de cobertura vegetal nas glebas em estudo está discriminada na Figura 9, onde se verifica uma considerável dominância da Floresta Ombrófila (80,79%) sobre as demais formações florísticas, enquanto apenas uma pequena porção do território (4,08 %) é usada para atividades agrícolas. 22 Figura 9. Mapa de cobertura vegetal e uso da terra do conjunto de glebas Mamurú Arapiuns Fonte: LSR/IDEFLOR 2010 Além das áreas de floresta, ocorrem também outras áreas onde a mata entra em contato com a savana, um tipo de vegetação onde plantas rasteiras (herbáceas) são intercaladas por árvores de pequeno porte, sendo também conhecida como campo cerrado. Há também a presença de formações pioneiras de influência fluvial, ocupando 53.522,016 ha, o que corresponde a 4,08% do conjunto de glebas Mamurú Arapiuns. Este tipo de sistema vegetal ocorre nas planícies fluviais e sofre os efeitos temporários ou permanentes das cheias dos rios. São comunidades vegetais que encontram-se em constante sucessão, constituindo as “matas ciliares”, assim denominadas por serem tão 23 importantes para a proteção dos rios e lagos , como são os cílios para nossos olhos, pois ajudam a manter a qualidade da água dos mananciais, de duas maneiras: a) através da filtragem do escoamento superficial, o que dificulta o carreamento de sedimentos para o ecossistema aquático, reduzindo os riscos de assoreamento; e b) através da absorção de nutrientes do escoamento subsuperficial, favorecendo o equilíbrio do ciclo de nutrientes nos cursos d’água. Quanto aos diferentes tipos de uso da terra, analisando o mapa do ZEE da área de influência da BR-163 (Figur 10), verifica-se que na região que compreende as glebas em estudo, a floresta nativa ocupa a maior parte do território, sendo seguida pelas atividades agrossilvipastoris, que ocorrem às proximidades dos cursos d’água, havendo também pequenas manchas de floresta impactada. Figura 10. Mapa de uso da terra na área de influência da BR-163 (Santarém-Cuiabá). Fonte: ZEE da BR-163 Nos dias atuais, tem-se, enfim, reservado importância para algo que, embora há muito tempo já venha causando consideráveis prejuízos à qualidade de vida na terra, passou a ser visto como um dos principais fatores de degradação ambiental : o desmatamento. 24 Segundo a FAO cerca de 200.000.000 ha de florestas foram destruídos de 1980 a 1995 (Bol. nº 46,7/97,ONU em foco). Na Tabela 1 observa-se a área desmatada (km2) em cada Estado que compõe a Amazônia Legal, no período de 2001 até 2009. Os Estados do Mato Grosso, Pará e Rondônia apresentaram os maiores valores, em ordem decrescente, até o ano de 2005. Daí em diante, o Pará superou o Mato Grosso em área desmatada, pois, neste último ocorreu uma queda mais significativa no referido período, queda esta que se deve à uma importante redução na expansão do cultivo da soja. Entre agosto de 2008 e julho de 2009, o Estado do Pará respondeu por 57% de todo o desmatamento na Amazônia legal Tabela 1. Desmatamento (km2) por Estado e na Amazônia Legal (2001-2009) Estado/Ano 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Total Acre 419 883 1078 728 592 398 184 254 167 4703 Amazonas 634 885 1558 1232 775 788 610 604 405 7491 Amapá 7 0 25 46 33 30 39 100 70 350 Maranhão 958 1014 993 755 922 651 613 1271 828 8005 Mato Grosso 7703 7892 10405 11814 7145 4333 2678 3258 1049 56277 Pará 5237 7324 6996 8521 5731 5505 5425 5607 4281 54627 Rondônia 2673 3099 3597 3858 3244 2049 1611 1136 482 21749 Roraima 345 84 439 311 133 231 309 574 121 2547 Tocantins 189 212 156 158 271 124 63 107 61 1341 Amazônia Legal 18165 21393 25247 27423 18846 14109 11532 12911 7464 157090 Fonte: Dados do INPE Os menores valores de área desmatada pertencem ao Estado do Amapá, que vem seguido pelos Estados de Tocantins, Roraima, Acre, Amazonas e Maranhão. Segundo o INPE, o Estado do Maranhão apresentou, em 2009, valores correspondentes a 11% do desmatamento total, ligeiramente superiores aos verificados em 2008, que indicaram 10% de participação.O Estado de Rondônia, por sua vez, atingiu em 2009 , uma taxa inferior a 1000 km 2/ano, valor alcançado pela primeira vez desde 1988. Os demais Estados obtiveram, juntos, uma participação de 11% no desmatamento total da Amazônia legal no ano de 2009. 25 Os dados do INPE apontam para uma redução, entre agosto de 2008 e julho de 2009, de 42% na taxa anual de desmatamento, em relação ao mesmo período entre 2007 e 2008. De acordo com o instituto,esta foi a menor taxa anual verificada desde o início dos trabalhos de monitoramento por satélite, no ano de 1988. As florestas, entre outros benefícios, contribuem para a manutenção do equilíbrio climático, ajudando a regular a temperatura, a umidade e as chuvas, além de absorverem o CO2 da atmosfera. Dessa forma, a destruição progressiva da cobertura florestal vem acarretando sérias conseqüências, tais como: perdas de biodiversidade, degradação do solo, erosões, aumento da incidência de desertificação, mudanças climáticas e alterações na hidrografia. Até pouco tempo, destruir florestas era sinônimo de promover desenvolvimento. Hoje, diante de tantas evidências contrárias, a floresta em pé passou a ter mais valor do que a mata derrubada, e a exploração racional dos recursos florestais (manejo florestal), reduzindo ao máximo os impactos causados ao meio ambiente, vem sendo considerada uma prática que alémde permitir que se tire proveito das riquezas da floresta, concorre para a manutenção desse imenso patrimônio natural tão importante para o equilíbrio ambiental do planeta. 7. Descrição da fauna e flora locais 7.1 Aspectos faunísticos na área dos lotes de concessão florestal A região amazônica brasileira, que representa cerca de metade do território nacional, esconde sob a exuberância de sua cobertura vegetal, frágeis e diversificados ecossistemas, como as florestas de terra firme e de áreas inundáveis, os campos de várzeas e as savanas mal e bem drenadas. A utilização sustentável desses ecossistemas para fins de desenvolvimento agropecuário, florestal e agroindustrial, representa um grande desafio para as instituições de pesquisa e desenvolvimento regionais, uma vez que o desenvolvimento rural sustentável, a partir da fragilidade dos solos amazônicos, reclama por sistemas de uso da terra adaptado às condições regionais (BARBOSA, 2005). Os ecossistemas amazônicos tem sofrido intervenções antrópicas de tal forma que tem afetado a capacidade de resiliência dos recursos faunísticos e florísticos e levado a extinção de muitas espécies que ainda não foram estudadas. Essa afirmativa surge a partir de estudos sobre levantamento da fauna e flora e diagnósticos socioeconômicos 26 envolvendo as populações locais, as quais relatam que no passado era mais fácil caçar, devido a abundância dos animais, e que hoje, em algumas regiões, o esforço de caça é maior para atingir a biomassa desejada, onde uma das justificativas para o sumiço da caça é o próprio desmatamento. Na Amazônia existem mais de 1.200 espécies de aves (260 endêmicas), 427 de mamíferos (173 endêmicas), 378 de répteis (216 endêmicas) e 427 de anfíbios (364 endêmicas) e mais de 3.000 espécies de peixes (Hylands et al. (2002) citado por Peleja e Silveira, 2010). Abrigando comunidades de plantas e animais heterogêneas, a Amazônia é um mosaico de distintas regiões de endemismo delimitadas pelos grandes rios da região, cada um com biotas e histórias evolutivas próprias (SILVA et al. 2005). Nos estudos sobre diagnóstico de fauna na região do interflúvio Mamuru-Arapiuns, os autores citam que a Amazônia apresenta oito centros de endemismo - Belém, Xingu, Tapajós, Rondônia, Inhambari, Nabo, Imeri e Guiana, e destes, três destes centros são totalmente brasileiros, Xingu, Tapajós e Belém. As regiões de Belém (entre os rios Gurupi e Tocantins) e do Xingu (entre os rios Tocantins e Xingu) são as menores regiões em extensão e mais comprometidas, onde 76,48 e 26,75% da área total encontram-se desmatadas, respectivamente. Um dos centros de endemismo, o “Centro Rondônia” abrange a região do interflúvio entre os rios Madeira e Tapajós coberta por tipos variados de vegetação, entre eles a floresta pluvial densa de terras baixas, floresta pluvial densa submontana, submontana com dossel aberto e savanas, bem como tipos de vegetação inundada como várzea e igapó, este típico de vários rios da região, como Mamuru e Andirá. O Centro Rondônia apresenta feições expressivas e únicas de biodiversidade, com o registro de 183 espécies de mamíferos e 621 de aves. A área foco do levantamento (interfluvio Mamuru-Arapiuns) situa-se ela mesma dentro dos limites do interflúvio maior Madeira-Tapajós, carregando portanto as propriedades biogeográficas e os elementos faunísticos próprios daquele centro de endemismo. A região entre os rios Mamuru e Arapiuns, no oeste do Pará, encontra-se entre as muitas áreas amazônicas onde o conhecimento sobre a fauna de mamíferos é baixo (Lima e Queiroz, 2009). Essa região, de acordo com Peleja e Silveira (2009), é uma área de grande interesse técnico-científico pela sua biodiversidade e importante papel sócio- econômico, estando classificada como de extremamente alta importância biológica e prioridade de ação, no mais recente relatório sobre “áreas prioritárias para conservação, uso sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade brasileira” (áreas AM 185 Cachoeira do Aruã, e AM 189 Aruã; MMA, 2007). 27 A partir da análise de documentos sobre estudos realizados na região Mamuru- Arapiuns e área do entorno, assim como da legislação ambiental vigente, foi elaborada a lista de espécies da fauna silvestre de ocorrência na região, destacando os táxons endêmicos que se encontram ameaçados de extinção, presente nas listas oficiais dos órgãos ambientais competentes, como o IBAMA, União para a Conservação da Natureza- IUCN e Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção-CITES, que orientam a formação da lista vermelha de animais ameaçados no Brasil gerada pelo Ministério do Meio Ambiente e a Lista de espécies ameaçadas no Estado Pará. 7.1.1. Fauna cinegética Os trabalhos desenvolvidos na região tropical, referentes à caça e correlacionando populações tradicionais e ambientes naturais, relatam uma variedade enorme de espécies da fauna que são caçadas pelo homem não somente para alimento (Borge e De Faria, 2006). Na região do interfluvio Arapiuns-Mamuru, o uso dos recursos faunísticos se dá pelas atividades de caça e pesca, tendo como principal finalidade a subsistência. Na Tabela 2, a relação das espécies da fauna cinegética que ocorrem nas comunidades do interflúvio Mamurú-Arapiuns, muitas delas caçadas para diversos fins (alimentação, uso terapêutico, xerimbabo, comercial, controle de pragas). No estudo os autores citam que a atividade de caça é muito influenciada pela densidade populacional da comunidade e pelo uso da terra no entorno da mesma. A exploração florestal, o desmatamento, bem como áreas de fazenda para a pecuária, influenciam na disponibilidade, freqüência e distância de caça por parte dos comunitários. Essas atividades tem provocado a diminuição de animais nas áreas de florestas próximas as comunidades, que cada vez mais tem necessidade de seguir maiores distâncias na busca de caça e em direções onde a floresta se encontra mais conservada. 28 Tabela 2. Lista de espécies da fauna cinegética (mamíferos, aves e répteis) de ocorrência nas comunidades localizadas nos lotes de Concessão Florestal. Nome Comum Ordem Família Espécie USO MAMÍFEROS Anta Perissodactyla Tapiridae Tapirus terrestris A Boto/ boto preto/ boto vermelho Cetacea Delphinidae Sotalia fluviatilis T Capivara Rodentia Hydrochaeridae Hydrochaerus hydrochaeris A/C Catitu Artiodactyla Tayassuidae Pecari tajacu A/C Coatá Primatas Psittacidae Ateles belzebuth Cutia Rodentia Dasyproctidae Dasyprocta aguti A Cuxiu Primates Pitheciidae Chiropotes SP A Gato do Mato Carnivora Felidae Leopardus wiedii P Jaguatirica Carnivora Felidae Leopardus pardalis P Gavião Falconiformes Accipitridae Guariba Primates Cebidae Alouatta sp. A Macaco prego Primates Cebidae Cebus apella A Mico de Cheiro Primates Cebidae Saimiri vanzolinii Mucura Marsupialia Didelphidae Didelphis sp. T Onça Carnivora Felidae Panthera onça *P Paca Rodentia Cuniculidae Cuniculus paca A/C Peixe-boi Sirenia Trichechidae Trichechus sp. T Preguiça Ophidia Viperidae Lachesis sp. Quati Carnivora Procyonidae Nasua nasua A/P Queixada Pilosa Bradypodidae Bradypus sp. A Tamanduá Xenarthra Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla *P Tatu Edentata Dasipodídeos Euphractus sexcintus A Veado/veado vermelho/veado foboca Artiodactyla Cervidae A/C AVES Arara Psitaciformes Psittacidae Ara sp. Bem-Te-Vi Passeriformes Tyrannidae Pitangus sulphuratus Cujubim/ Cujubinha Craciformes Cracídeos Pipile cujubi Curica Psittaciformes Psitacídeos Gypopsitta caica Curió Passeriformes Fringílidas Oryzoborusangolensis X Gavião Falconiformes Accipitridae Inhambu Tinamiformes Tinamidae Tinamus sp. A 29 Inhambu-açu Tinamiformes Tinamidae Tinamus major A Jacamim Gruiformes Psophiidae Psophia sp Jacu Craciformes Cracidae Penelope sp. A Marreca Anatidae Dendrocygnidae Mutum Galliformes Cracidae Crax fasciolata A Papagaio Psittaciformes Psittacidae Amazona sp. X Periquito Psittaciformes Psittacidae Brotogeris tirica X Tucano Piciformes Ramphastidae Ramphastos SP RÉPTEIS Aperema Cryptodira Geoemydidae Rhinoclemmys punctularia A Camaleão Squamata Iguanidae Iguana iguana A Cobras Ophidia Viperidae Jabuti Chelonia Testudinidae Geochelone sp. A/C Jacaré/ jacaré- tinga Crocodylia Crocodilidae Caiman sp. A Jararaca Squamata Viperidae Bothrops sp. Jibóia Ophidia Boidae Boa constrictor T Pico-de-jaca Squamata Viperidae Lachesis sp. Sucuri Squamata Boidae Eunectes murinus P Tartaruga-da- Amazônia Testudines Chelidae Podocnemia expansa A/C Tracajá Testudines Pelomedusidae Podocnemis unifilis A/C A – alimentação; T – terapêutico; X – xerimbabo; *P – praga; C – comércio * Animais considerados pragas porque atacam os cães e os homens na hora da caçada. Dentre as espécies de aves registradas, utilizadas pela população local para alimentação, estão os inhambus (Crypturelus spp.), os jacus e jacutingas (Pipile cujubi e Penelope superciliaris) e os utuns (Nothocrax urumutum e Pauxi tuberosa), especies que sofrem intensa pressão de caça em zonas de contato com populacoes humanas Das 49 espécies de animais silvestres distribuídos nas classes de mamíferos, aves e répteis, pertencentes a fauna cinegética do interflúvio Mamurú-Arapiuns, 14,3% (n=6) encontram-se na lista de animais ameaçados, conforme tabela 3 a seguir. 30 Tabela 3 – Lista da fauna cinegética do interflúvio Mamurú-Arapiuns que encontram- se na lista de animais ameaçados Ordem Família Nome científico Nome popular Categoria de ameaça LV LEAP Carnivora Felidae Leopardus pardalis Jaguatirica Vu Vu Felidae Panthera onca Onça-pintada Vu Sirenia Trichechidae Trichechus inunguis Peixe-boi-da- Amazônia Vu Em perigo Pilosa Myrmecophagidae Myrmecophaga tridactyla Tamanduá- bandeira Vu Vu Perissodactyla Tapiridae Tapirus terrestris Anta Vu Vu Galliformes Cracidae Crax fasciolata Mutum Vu Vu LV – Livro Vermelho da fauna brasileira ameaçada de extinção; LEAP – Lista de espécies da fauna ameaçada no Estado do Pará; Vu – Vulnerável. Nos estudos realizados na Gleba Nova Olinda I, a caça foi considerada a principal atividade extrativista, seguido pelo extrativismo vegetal não-madeireiro e pesca, com um consumo médio de cinco quilos de carne de caça e cinco quilos de peixe por semana, constituindo-se as principais fontes de proteína animal, destacando que durante o inverno, a disponibilidade de peixes nos rios da região é muito baixa. Em algumas comunidades há algum comércio de carne de caça em pequena escala, em geral para moradores locais, quando esse produto excede o consumo familiar. Os resultados das ações antrópicas sobre as populações animais não são fáceis de serem quantificados, e os efeitos de redução e desaparecimento de espécies demoram a aparecer em florestas contínuas, devido aos fluxos freqüentes das espécies advindas de outras localidades. Mas com o aumento da atividade madeireira e a fragmentação dos habitats, esses efeitos já estão sendo notados pelas populações locais. Isso é um dado preocupante, pois os mamíferos tem uma importante função na dinâmica de florestas tropicais, com estudos sobre a dispersão e uso de habitat de mamíferos destacando a importância desses para a recuperação das áreas degradadas. O manejo da atividade de caça pode se transformar num incentivo à conservação da floresta, já que, no caso, esta seria a fonte dos animais de caça, permitindo sua reprodução e mantendo a atividade a níveis sustentáveis. Assim, o manejo planejado da caça se faz necessário para ordenar a atividade de forma a garantir a conservação das espécies animais, mantendo a qualidade de vida da população local (OLIVEIRA et al, 2005). 31 7.1.2. Os peixes As informações acerca da fauna de peixes de igarapés da região da gleba Mamuru-Arapiuns, atualmente restringem-se a igarapés do município de Juruti (PA) referentes ao projeto intitulado Levantamento faunístico do município de Juruti, PA, na área sob influência da exploração de bauxita, coordenado pelo Museu Paraense Emílio Goeldi, porém, tais dados ainda não foram publicados. A maioria dos estudos relacionados à fauna de peixes da região do baixo Amazonas, restringe-se aos grandes rios (navegáveis), excluindo os pequenos cursos d´água como os igarapés (Goch e Peleja, 2010) Nas Tabelas 4 e 5, a relação das espécies de peixes que ocorrem na região do interflúvio Mamuru-Arapiuns e áreas do entorno, de acordo com documentos consultados. Tabela 4 – Espécies de peixes capturadas nos igarapés da bacia do rio Mamuru. ORDEM FAMÍLIA GÊNERO E ESPÉCIE CHARACIFORMES Characidade Crenuchidae Bryconops inpai (Knöppel, Junk & Géry, 1968) Gnathocharax steindachneri (Fowler, 1913) Hemigrammus belotii (Steindachner, 1882) 10 60 Hemigrammus levis (Durbin, 1908) Hemigrammus unilineatus (Gill, 1858) Hyphessobrycon heterorhabdus (Ulrey,1894) Hyphessobrycon sp.1 Hyphessobrycon sp.2 Hyphessobrycon sp.3 Iguanodectes spirulus (Günther, 1864) Moenkhausia oligolepis (Günther, 1864) Characidium pteroides (Eigenmann, 1909) Characidium sp 1 Characidium sp 2 32 CYPRINODONTIFORMES GYMNOTIFORMES PERCIFORMES Erytrhinidae Gasteropelecidae Lebiasinidae Rivulidae Gymnotidae Hypopomidae Cichlidae Characidium sp 3 Crenuchus spilurus (Gunther, 1863) Elachocharax pulcher (Myers, 1927) Hoplerythrinus unitaeniatus (Agassiz, 1829) Hoplias malabaricus (Bloch, 1764) Carnegiella strigata (Günther, 1964) Copella nigrofasciata (Meinken, 1936) Copella nattereri (Steindachner, 1876) Nannostomus bifasciatus (Hoedeman, 1954) Nannostomus unifasciatus (Steindachner, 1876) Nannostomus marginatus (Eigenmann, 1909) Pyrrhulina sp.1 Pyrrhulina sp.2 Pyrrhulina brevis (Steindachner, 1876) Rivulus sp. Gymnotus sp.1 Gymnotus sp.2 Steatogenys duidae (La Monte, 1929) Aequidens epae (Kullander, 1989) Aequidens tetramerus (Heckel, 1840) Apistogramma eunotus (Kullander, 1980) Apistogramma sp.1 Apistogramma sp.2 Bujurquina sp. Cichla kelberi (Kullander & Ferreira, 2006) Crenicichla inpa (Ploeg, 1991) 33 SILURIFORMES SYNBRANCHIFORMES Polycentridae Cetopsidae Loricariidae Synbranchidae Dicrossus maculatus (Steindachner, 1875) Mesonauta festivus Monocirrhus polyacanthus (Heckel, 1840) Helogenes marmoratus (Gunther, 1863) Rineloricaria sp. Rineloricaria lanceolata (Gunther, 1868) Otocinclus hoppei (Miranda Ribeiro, 1939) Synbranchus sp. Total de espécies = 48 Nos igarapés da bacia do rio Mamuruforam identificados 48 espécies de peixes, distribuídos em 6 Ordens e 13 Famílias. Tabela 5 – Lista de espécies de peixes capturadas no rio Mamuru (foz dos igarapés). ORDEM FAMÍLIA GÊNERO E ESPÉCIE Nome vulgar CLUPEIFORMES CHARACIFORMES Clupeidae Engraulidae Anostomidae Characidae Pellona castelnaeana (Valenciennes, 1847) Pellona flavipinnis (Valenciennes, 1847) Lycengraulis batesii (Günther, 1868) Leporinus fasciatus (Bloch, 1794) Laemolyta varia (Garman, 1890) Serrasalminae Metynnis hypsauchen (Müller & Troschel, 1844) Myleus schomburgkii (Jardine & Schomburgk, apapá amarelo apapá branco apapazinho aracu flamengo aracu caneta pacu marreca pacu jumento 34 SILURIFORMES Curimatidae Cynodontidae Erythrinidae Hemiodontidae Ctenoluciidae Ageneiosidae Auchenipteridae Loricariidae Pimelodidae Doradidae 1841) Pygocentrus nattereri (Kner, 1860) Serrasalmus rhombeus (Linnaeus, 1766) Curimata inornata Vari, 1989 Cyphocharax abramoides Kner, 1859 Hydrolycus scomberoides (Cuvier, 1819) Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Hemiodus immaculatus (Kner, 1859) charuto Hemiodus sp1 Hemiodus sp2. Boulengerella sp Ageneiosus brevifilis (Valenciennes, 1840) Auchenipterichthys sp. Loricariinae Rineloricaria sp. acari Pimelodus blochii Valenciennes, 1840 Pinirampus pirinampu (Spix & Agassiz) Platynematichthys notatus (Schomburgk, 1841) Scorpiodoras sp. Megalodoras uranoscopus (Eigenmann & Eigenmann, 1888) Hypophthalmus marginatus Valenciennes, 1840 Cichla sp Cichla temensis Humboldt, piranha caju piranha preta branquinha branquinha peixe cachorro traíra charuto charuto rabo de fogo catrapola urumará ou bicuda mandubé corró cachimbo mandi piranambu cara de gato rebeca bacu ou rebecão 35 PERCIFORMES Hypophthalmidae Cichlidae Scianidae 1833 Geophagus proximus Castelnau, 1855 Satanoperca acuticeps (Heckel, 1840) Plagioscion squamosissimus (Heckel, 1840) mapará tucunaré comum tucunaré paca caratinga ou acará- róirói acará bicudo pescada branca Total de espécies = 31 No rio Mamuru foram identificadas 31 espécies distribuídas em 04 Ordens e 17 famílias. Contudo, conforme indicam os estudos, a distribuição das espécies de especial interesse para a conservação abrange todas as espécies, em função da pouca informação acerca da fauna íctica dos igarapés amazônicos, em especial os localizados na região do baixo e médio Amazonas. Considerando o alto grau de endemismo das espécies de peixes da Bacia Amazônica torna-se essencial que sejam definidas estratégias para a manutenção das espécies presentes nesta área, visto que apesar da diversidade de espécies, algumas apresentaram baixo número de indivíduos. No diagnóstico, foi citado o gênero Hyphessobrycon (Characidae) com indicação de prioridade para monitoramento. Este gênero está inserido na normativa Nº5 do Ministério do Meio Ambiente (2004), com três espécies consideradas criticamente em perigo nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Sendo que as espécies listadas na normativa ainda não foram registradas em igarapés amazônicos (Goch e Peleja, 2010). 7.1.3. Mastofauna Os estudos sobre a fauna de mamíferos registram que há pouco conhecimento científico sobre as espécies da região, havendo escassez de pesquisas sobre densidade populacional, com os poucos estudos publicados avaliando a ocorrência a 36 partir de estudos da fauna cinegética e de inventários recentes, executados para atender a demanda deste RAP. No Brasil há 652 espécies nativas de mamíferos e destas 69 espécies encontram-se oficialmente ameaçadas (Anexo Tabela 1), o que representa 10,6% (REIS et al., 2006). A grande maioria das espécies ameaçadas (40 espécies) está incluída na categoria Vulnerável (VU), quase um terço (18 espécies) está na categoria Criticamente em Perigo (CR) e as 11 espécies restantes situam-se na categoria Em Perigo (EN) (segundo critérios de avaliação adotados para a elaboração da lista em 2002 (União Mundial para a Natureza – IUCN, 2001a). Nenhuma espécie foi considerada Extinta ou Regionalmente Extinta e as espécies ameaçadas estão distribuídas em 10 das 12 ordens com representantes no Brasil (CHIARELLO et al., 2007). Segundo os autores, as Ordens Primates e Carnivora encontram-se proporcionalmente mais ameaçadas, em relação a outras Ordens com maior número de espécies, os primeiros por possuírem hábito exclusivamente florestal (portanto, baixa tolerância à destruição das florestas) e os últimos por serem predominantemente predadores, apresentando baixas densidades populacionais e grande necessidade de espaço, além de sofrerem grande pressão de caça para o uso alimentar e controle de população, respectivamente. Na Amazônia, há o registro de 427 de mamíferos com 173 espécies endêmicas e nos estudos não há citação de espécies endêmicas à região e sim da Amazônia brasileira como um todo. Na tabela 6 a lista de espécies da fauna inventariadas na área de concessão florestal e entorno. Tabela 6 - Diversidade de mamíferos terrestres de pequeno, médio e grande porte do interflúvio Mamuru-Arapiuns, Pará. Estado de conservação: E: Estável; DD: Deficiente de Dados; LC: Menor Preocupação; NT: Quase Ameaçada; VU: Vulnerável; EN: Em Perigo. (Adaptado de LIMA, 2010). Táxon Nome Comum Estado de Conservação SEMA (2007) IUCN(2009) PILOSA MYRMECOPHAGIDAE Ciclopes didactylus Tamandua tetradactyla Myrmecophaga tridactyla BRADYPODIDAE Bradypus variegatus Tamanduaí Tamanduá- decolete Tamanduá- bandeira Preguiça bentinha E E VU E LC LC NT LC 37 MEGALONYCHIDAE Choloepus didactylus DASYPODIDAE Cabassous unicinctus Dasypus kappleri Dasypus novemcinctus Dasypus septemcinctus Priodontes maximus Preguiça-real Tatu-rabo-de- couro Tatu-quinze- quilos Tatu-galinha Tatu-sete-cintas Tatu-canastra E E E E E VU LC LC LC LC LC VU PRIMATES CALLITRICHIDAE Mico humeralifer Saguinus labiatus CEBIDAE Cebus apella Cebus albifrons Saimiri ustus Callicebus hoffmannsi PITHECIIDAE Chiropotes albinasus Pithecia irrorata ATELIDAE Alouatta nigerrima Ateles chamek Sauim-branco Sauim-de-bigode Macaco-prego Caiarara Macaco-de-cheiro Zoque-zogue Cuxiú-da-cara- branca Parauacu Guariba-preta Coatá-da-cara- preta E E E E E E E E E E DD LC LC LC LCLC EN LC LC EN CARNIVORA CANIDAE Atelocynus microtis Cerdocyon thous Speothos venaticus Cachorro-do-mato Raposa Cachorro-do- mato-vinagre E E E NT LC NT 38 PROCYONIDAE Nasua nasua Potos flavus Procyon cancrivorus MUSTELIDAE Eira barbara Galictis vittata FELIDAE Leopardus pardalis Leopardus wiedii Leopardus tigrinus Panthera onça Puma concolor Puma yagouaroundi Quati Jupará Guaxinim Irara Furão Jaguatirica Gato-maracajá Gato-do-mato- pintado Onça-pintada Onça-vermelha Gato-mourisco E E E E E E E VU VU E LC LC LC LC LC LC NT VU NT LC LC PERISSODACTYLA TAPIRIDAE Tapirus terrestris Anta E VU ARTIODACTYLA TAYASSUIDAE Pecari tajacu Tayassu pecari CERVIDAE Mazama americana Mazama nemorivaga Caititu Queixada Veado-vermelho Veado-branco E E E E LC NT DD LC RODENTIA ERETHIZONTIDAE Coendou prehensilis CUNICULIDAE Cuniculus paca DASYPROCTIDAE Dasyprocta leporina MURIDAE ECHYMIDAE Coendu Paca Cotia-vermelha Rato E E E LC LC LC 39 Lonchothrix emilie LC DIDELPHIMORPHIA DIDELPHIDAE Didelphis marsupialis Marmosa murina Gambá-comum LC LC A diversidade de mamíferos de médio e grande porte encontrada nos estudos realizados nas glebas Mamuru e Arapiuns foi considerável, correspondendo em 95 % à riqueza esperada para a região. O conjunto de espécies de mamíferos de médio e grande porte apresentou-se constituído por seis ordens, 18 famílias, 24 gêneros e 39 espécies. Das 18 famílias, quatro pertencem à ordem Pilosa, quatro a Primates, quatro a Carnivora, uma a Perissodactyla, duas a Artiodactyla e três a Rodentia. Os estudos citam que não existem registros de espécies endêmicas e migratórias de mamíferos de médio e grande porte nas glebas Mamuru e Arapiuns. Contudo, foram registradas quatro espécies exóticas de mamíferos, Sus scrofa (porco doméstico), Bos sp. (boi doméstico), Canis familiaris (cachorro-doméstico), Equs asinus (burro-doméstico) e Felis catus (gato-doméstico). A presença desses animais domésticos em áreas nativas acarreta implicações de ordem epidemiológica, visto as zoonoses que podem ser veiculadas entre os animais da fauna nativa, os domésticos e os habitantes locais causando impactos desastrosos para todos os envolvidos; de ordem ecológica, as espécies exóticas podem predar as nativas e/ou se adaptarem mais rapidamente à área impactada afetando a cadeia trófica, através da competição por recursos alimentares, principalmente entre os ungulados nativos, artiodátilos (veados e porcos) e perissodátilos (anta). Em relação à importância para a conservação da natureza, a região onde se encontram as glebas Mamuru e Arapiuns faz parte da área de distribuição geográfica de quatro espécies de mamíferos considerados como ameaçados de extinção, segundo listagem oficial paraense (SEMA 2007), e de cinco espécies citadas em listagem oficial internacional (IUCN 2009). Todas as quatro espécies citadas na listagem paraense, na categoria “vulnerável”, foram confirmadas nas glebas, a saber, Myrmecophaga tridactyla (tamanduá-bandeira), Priodontes maximus (tatu-canastra), Panthera onca (onça- pintada) e Puma concolor (onça-vermelha). Entre as cinco espécies citadas em listagem internacional, quatro espécies foram encontradas nas glebas, sendo que duas espécies são consideradas vulneráveis: P. maximus (tatu-canastra) e Tapirus terrestris (anta); e uma espécie em perigo de extinção, Chiropotes albinasus (cuxiú-da-cara-branca). Além 40 destas, seis espécies merecem também atenção devido encontrar-se na categoria “quase ameaçada”: M. tridactyla (tamanduá-bandeira), Atelocynus microtis (cachorro- do-mato), Speothos venaticus (cachorro-do-mato-vinagre), Leopardus wiedii (gato- maracajá), P. onça (onça-pintada) e Tayassu pecari (queixada). 7.1.4. Herpetofauna Quanto a herpetofauna, no bioma Amazônico ainda é pouco conhecida, principalmente no que se refere aos anfíbios, lagartos e serpentes, e no Estado do Pará, pouco se sabe sobre áreas de maior riqueza e abundância de espécies ou dos padrões de distribuição. Os estudos registram que entre os répteis, são conhecidas para a Amazônia brasileira aproximadamente 150 espécies de serpentes, 10 de anfisbenas, 94 de lagartos, 18 de quelônios e quatro de crocodilianos, o que corresponde a cerca de 75% da fauna de répteis de toda Amazônia. De acordo com os registros da coleção herpetológica do Museu Paraense Emílio Goeldi, para a região do entorno da Gleba Mamuru, a que correspondem os municípios de Juruti, Santarém e Aveiro, são conhecidas 9 espécies de quelônios, 3 espécies de crocodilianos, 3 espécies de Anfisbenas (conhecidos como cobras cegas), 38 espécies de lagartos, 85 espécies de serpentes e 43 espécies de anfíbios (SARMENTO; CHALKIDIS, 2010). Para a herpetofauna, a exploração madeireira, principalmente aquela realizada de forma predatória, sem um plano de manejo adequado, pode ocasionar na perda de sítios de reprodução utilizados pelas espécies de anfíbios, como poças d’água, riachos e córregos. Além da perda do habitat, a dificuldade de locomoção para alguns répteis, lagartos de pequenos e médios porte, tartarugas e outros, durante a supressão vegetal pode resultar em óbitos destes animais. Na natureza, a herpetofauna tem papel fundamental nas diversas cadeias ecológicas, representando eficientes controladores das populações de insetos e outros invertebrados e servem de presas de variados predadores naturais (ZUG et al., 2001). Os anfíbios também tm sido reconhecidos como bioindicadores de qualidade ambiental devido a algumas características ecológicas, morfológicas e fisiológicas do grupo (e.g. pele permeável, um ciclo de vida complexo com uma fase larval aquática e uma fase adulta terrestre, susceptibilidade a variações de temperatura, predadores em posição apical nas variadas cadeias alimentares) (STRUSSMANN et al., 2000; AZEVEDO-RAMOS, 1998; DUELLMAN; TRUEB, 1994). 41 Na região do rio Mamuru, Juruti, Pará, foram registradas 18 espécies de anfíbios pertencentes a sete famílias e 12 gêneros, sendo que destas 16 foram coletadas e as demais apenas visualizadas ou registrada pela vocalização (Tabela 7). Tabela 7 - Lista das espécies de anfíbios amostrados na região do rio Mamuru, Juruti, Pará. Táxon Amphibia: Anura Leptodactylidae Leptodactylus andreae Müller, 1923 Leptodactylus macrosternum Miranda-Ribeiro,1926 Leptodactylus pentadactylus (Laurenti, 1768) Centrolenidae Cochranella oyampiensis (Lescure, 1975) Aromobatidae Alobates marchesianus (Melin, 1941) Allobates femoralis (Boulenger, 1884) Bufonidae Dendrophryniscus minutus (Melin, 1941) Rhinella marina (Linnaeus, 1758) Strabomantidae Pristimantis fenestratus (Steindachner, 1864) Dendrobatidae Ameerega trivittata (Spix, 1824) Hylidae Hypsiboas boans (Linnaeus,1758) Hypsiboas geographicus Hypsiboas multifasciatus (Günther, 1859) Osteocephalus taurinus Steindachner, 1862 Phyllomedusa vaillantii Boulenger, 1882 Scinax ruber (Laurenti, 1768) Scinax rostratus ( Peters, 1863) Trachycephalus resinifictrix (Goeldi, 1907) No estudo analisado as três espécies mais abundantes de anfíbios foram Leptodactylus andreae, Dendrophryniscus minutus e Allobates marchesianus, respectivamente, sendo que as duas primeiras estão entre as espécies mais abundantes em várias localidades da Amazônia brasileira. Numa das áreas de estudo (região do rio mamuru), foi relatado intensa atividade madeireira no passado, 42 apresentando inclusive uma pista de pouso desativada. Nessa área desmatada, foram encontradas Pristimantis fenestratus, Hypsiboas multifasciatus, Ameerega sp., Leptodactylus andreae, Hypsiboas boans, Rhinella marina, Cochranella oyanpiensis, Dendrophryniscus minutus e Leptodactylus macrosternum. Sendo que Leptodactylus macrosternum é uma espécie típica de áreas abertas. A espécie Cochranella oyanpiensis foi registrada apenas nesta área, sendo que é uma espécie conhecida por habitar ambientes de floresta primária íntegros, sempre próximo a corpos d’água permanentes. Na tabela 8, encontra-se a lista de répteis identificadas nos estudos da área a ser destinada à concessão florestal e entorno, onde foram registradas 24 espécies pertencentes a 14 famílias e 24 gêneros. Tabela 8 – Lista das espécies de répteis identificadas na área destinada à concessão florestal e entorno. Táxon Chelonia Testudines Podocnemidae Podocnemis unifilis Troschel, 1848 Testudinidae Chelonoidis denticulata (Linnaeus, 1766) Geochelone sp. Geoemydidae Rhinoclemmmys punctularia Chelidae Podocnemia expansa Squamata Gekkonidae Gonatodes humeralis (Guichenot, 1855) Coleodactylus amazonicus (Anderson, 1918) Thecadactylus rapicauda (Houttuyn, 1782) Gymnophthalmidae Arthrosaura reticulata (O'Shaughnessy, 1881) Polychrotidae Anolis fuscoauratus. D'Orbigny, 1837 Teiidae 43 Ameiva ameiva Linnaeus, 1758 Kentropyx calcarata Spix, 1825 Cnemidophorus lemniscatus (Linnaeus, 1758) Scincidae Mabuya nigropunctata (Spix, 1825) Iguanidae Iguana iguana Ophidia Viperidae Bothrops sp. Lachesis sp. Boidae Corallus hortulanus (Linnaeus, 1758) Eunectes murinus Colubridae Mastigodryas boddaerti (Sentzen, 1796) Oxybelis fulgidus (Daudin, 1803) Oxyrhopus melanogenys (Tschudi, 1845) Pseudoboa neuwiedii (Duméril, Bibron & Duméril, 1854) Siphlophis worontzowi (Prado, 1940) Crocodylia Crocodylidae Caiman crocodilus (Linnaeus, 1758) 7.1.5. Avifauna Nos estudos de avifauna analisados, realizados no interfluvio Mamuru-Arapiuns, através do levantamento de dados secundários e entrevistas realizadas através de DRP, estimou-se em 632 o número esperado de espécies de aves para a região, havendo o registro de 69 famílias e 168 espécies. A família mais numerosa foi a Thamnophilidae, seguida pela Tyrannidae, com 16 e 22 espécies, respectivamente. A maioria das espécies registradas é exclusiva de florestas de terra firme (81), e as demais ocupam outros ambientes. A maior parte das espécies registradas (72) é insetivora, como as espécies da família Thamnophilidae e Formicaridae. Grande parte desses insetivoros é participante regular de bandos mistos de copa e sub-bosque, ou acompanha formigas-de-correição. 44 As espécies Capito brunneipectus (capitão-de-peito-marrom) e Rhegmatorhina berlepschi (mãe-de-taoca-arlequim) são consideradas endêmicas. A primeira é conhecida de uma pequena área entre a margem esquerda do baixo Tapajós e o baixo Madeira. Foi registrada e coletado na área de Jaratuba e trata-se de uma espécie endêmica do interfluvio, que merece especial atenção. A Rhegmatorhina berlepschi (mãe-de-taoca-arlequim) também tem distribuição restrita ao interfluvio Madeira- Tapajós. Quanto às espécies da avifauna que encontram-se ameçadas de extinção, listamos a Anodorhynchus hyacintinus (arara-azul-grande), uma ave da família Psittacidae, que ocorre nos biomas da Floresta Amazônica e, principalmente, no do Cerrado, estando presente nos estados do Amazonas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará e Tocantins, cujo as principais causas da sua extinção estão relacionadas a caça, o comércio clandestino e a degradação em seu habitat natural através da destruição antrópica; e a Aratinga guarouba (ararajuba) que tambem é da familia Psittacidae, ocorrendo em florestas secas e altas na Amazonia brasileira, encontrada exclusivamente no Brasil, do Maranhão ao oeste do Pará (onde esta ameaçada de extinção) e, localmente, em Rondônia, sempre ao sul do rio Amazonas. Encontra-se ameaçada devido a perda de habitat, devastação e inundação de parte de sua área de ocorrência para a construção de hidrelétricas e também pelo tráfico de animais. É uma espécie protegida citada na CITES e na lista da fauna brasileira ameaçada de extinção (IBAMA, 2005). Os estudos analisados sobre a avifauna do interfluvio Mamuru-Arapiuns, concluíram que apesar do pouco tempo de amostragem, pode-se notar que existe um gradiente de perda de especies e empobrecimento (aumento da dominância) das comunidades de avifauna de sub-bosque conforme os pontos se aproximam das áreas mais habitadas, evidenciando que os efeitos da antropizaçãoo podem reduzir e alterar drasticamente os sub-bosques, refletindo diretamente na composição dessas comunidades. 7.1.6. Os aracnídeos Os aracnídeos constituem um grupo animal altamente diverso, seus representantes mais conhecidos, em virtude de seu interesse médico (toxina do 45 veneno ou hábito parasita) são as aranhas, os escorpiões, os ácaros e os carrapatos. A classe Arachnida apresenta mais de 93.000 espécies descritas, distribuídas em 11 ordens recentes: Acari (ácaros e carrapatos), Amblypygi (amblipígeos) Araneae (aranhas), Opiliones (opiliões), Palpigradi (palpígrados), Pseudoscorpiones (pseudoescorpiões), Ricinulei (ricinúleos), Schizomida (esquizomídeos), Scorpiones (escorpiões), Solifugae (solífugos) e Uropygi ou Thelyphonida (escorpião-vinagre). A grande diversidade e importância ecológica dos aracnídeos proporcionam dados fundamentais para avaliação e quantificação da diversidade biológica, fornecendo subsídios para o monitoramento de qualquer alteração em ambientes florestados, entretanto, informações sobre a fauna de aracnídeos na Amazônia são escassos (HUNG, 2010). Seis ordens de Arachnida foram coletadas na região da gleba Mamuru, são elas: Amblypygi, Araneae, Opiliones, Pseudoscorpiones, Ricinulei e Scorpiones. O número de morfoespécies (194) e de famílias de aracnídeos (39) registrado para a gleba Mamuru, não diferem muito dos trabalhos apresentados em outros biomas da Amazônia e do Brasil, havendo apenas um registro bem maior de morfoespécies e espécies para a Reserva Ducke na Amazônia Central e na Floresta Nacional de Caxiuanã, PA, resultado esse de anos de levantamentos com as mais variadas técnicas, o que demonstra a importância do tempo e da diversidade de técnicas nos estudos de inventário e densidade populacional. No estudo realizado na região do Mamuru, 08 famílias (Tabela 9) apresentaram mais de 05 indivíduos coletados. Tabela 9 - Riqueza de espécies por família de aracnídeos coletadas na gleba Mamuru, municípios de Aveiro e Juruti, PA. Família Nº de espécies Araneidae Salticidae Theridiidae Uloboridae Oxyopidae Linyphiidae Pholcidae Sparassidae Menos de 05 48 27 23 08 07 07 06 06 62 46 A maioria das aranhas
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