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QUALIDADE E TRATAMENTO DE ÁGUAS (95)

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ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TURBIDEZ E COR DECLINANTES SOBRE A
COAGULAÇÃO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO NO MECANISMO DE ADSORÇÃO-
NEUTRALIZAÇÃO DE CARGAS
Emília Akemi Kowata*, José Tarcísio Ribeiro**, Dirceu D´Alkimin Telles***
* Aluna do curso Construção Civil - Obras Hidráulicas da FATEC-SP e Bolsista de
Iniciação Científica pela FAPESP
** Professor Pleno do Departamento de Hidráulica da FATEC-SP
Mestre em Engenharia Civil/Saneamento pela UNICAMP
Doutorando em Engenharia Civil/Saneamento e Ambiente pela UNICAMP
*** Professor Pleno do Departamento de Hidráulica da FATEC-SP
Mestre em Engenharia Hidráulica pela Universidade de São Paulo – Escola Politécnica
Doutor em Engenharia Hidráulica pela Universidade de São Paulo – Escola Politécnica
Resumo
Este trabalho tem como objetivo avaliar a
remoção de cor aparente e turbidez da água dos
reservatórios do Laboratório de Hidráulica da
FATEC-SP, através de um filtro rápido de areia com
fluxo ascendente e taxa constante. O laboratório
conta com diversas bancadas para fins didáticos
(constituídas de material transparente) e uma
bancada para levantamento de curvas de calibração
de medidores de vazão. A água utilizada nas aulas
práticas, assim como nos ensaios de prestação de
serviços a terceiros, percorre um circuito fechado,
constituído de tubulações, canaletas de concreto,
reservatório enterrado e um reservatório elevado,
provocando, no decorrer do tempo, o aumento da
turbidez e cor aparente e, conseqüentemente,
acarretando danos às instalações didáticas do
laboratório. O volume deste sistema é mantido
constante através de uma alimentação com água
proveniente da rede pública de abastecimento.
O efluente do filtro é retornado para o
reservatório subterrâneo, provocando a diluição da
turbidez e cor da água bruta. Este trabalho
experimental possibilitou o estudo da influência do
declínio progressivo da turbidez e cor aparente sobre
a coagulação, no mecanismo de adsorção-
neutralização de cargas, assim como também, foi
possível avaliar seu comportamento, delineando sua
aplicabilidade e limitações no atendimento da atual
norma de potabilidade Portaria 36/90.
Introdução
A filtração consiste na remoção de
partículas suspensas e coloidais e de microrganismos
presentes na água, que escoa através de um meio
poroso – usualmente uma camada de areia. Em
geral, a filtração é o processo final de remoção de
impurezas realizado em uma Estação de Tratamento
de Água e, portanto, principal responsável pela
produção de água com qualidade condizente com o
Padrão de Potabilidade. A descrição quantitativa da
filtração envolve formulações matemáticas dos
mecanismos responsáveis pela retenção das
partículas no meio filtrante; tais modelos têm sido
aplicados com pouco sucesso na previsão do
comportamento da filtração, razão pela qual, até o
presente, faz-se necessária a combinação da teoria
com os resultados de pesquisas para o projeto e
operação dos filtros de uma estação.
Após um certo tempo de funcionamento, há
a necessidade da lavagem do filtro, geralmente
realizada por meio da introdução de água no sentido
ascensional com velocidade relativamente alta para
promover a fluidificação parcial do meio granular
com liberação das impurezas. É feita a seguir uma
abordagem suscinta, dos mecanismos de
funcionamento de um filtro rápido para que se possa
compreender melhor o desenvolvimento do trabalho
e suas conclusões.
Não obstante os avanços alcançados na
filtração direta ascendente, essa tecnologia de
tratamento não é recomendável para o tratamento de
águas que apresentam variação repentina de
qualidade. Quando as variações de turbidez não são
muito acentuadas e os filtros encontram-se em
funcionamento já a algumas horas, os mesmo têm
condições de absorver quantidade maior de
partículas até que a correção da dosagem do
coagulante seja efetuada, desde que o tempo
decorrido não supere ao limite de 10 a 15 minutos
aproximadamente.
A coagulação depende fundamentalmente
das características da água e das impurezas presentes
conhecidas através de parâmetros como pH,
alcalinidade, cor verdadeira, turbidez, temperatura,
mobilidade eletroforética, força iônica, sólidos totais
dissolvidos, tamanho e distribuição de tamanhos das
partículas em estado coloidal e em suspensão, etc.
Para se ter idéia da importância da qualidade da água
bruta, seja, por exemplo, água com cor e turbidez
relativamente baixas e temperatura superior a 15ºC.
Sem levar em conta os demais parâmetros de
qualidade, águas dessa natureza são candidatas, em
potencial, ao uso da filtração direta, não havendo, na
maioria dos casos, necessidade da floculação e da
sedimentação. Por outro lado, quase sempre, águas
com cor verdadeira, turbidez ou número de algas
relativamente elevados, requerem tratamento
completo. Também, águas com temperaturas
geralmente baixas (£ 10ºC) podem exigir uso de um
coagulante que não seja o sulfato de alumínio, como
um polímero catiônico e, eventualmente, um sal de
ferro. Evidentemente que, quanto maior a turbidez
ou a cor verdadeira da água bruta, maior será a
dosagem de coagulante e, portanto, mais acentuada a
taxa de crescimento de perda de carga e,
conseguentemente, menor será a duração da carreira
de filtração. Como visto anteriormente, a operação
com execução de descargas de fundo intermediárias
permite que a água bruta se apresente com qualidade
pior que aquela preconizada anteriormente, porém
tanto turbidez quanto cor verdadeira não devem ser
superiores a 100 unidades.
Turbidez
A turbidez da água é devida à matéria em
suspensão, como argila, silte, substâncias orgânicas
finamente divididas, organismos microscópicos e
partículas similares, alterando a penetração da luz
através da difusão e absorção, dando à água uma
aparência turva, esteticamente indesejável e
potencialmente perigosa. O material em suspensão
permite que ocorram áreas em que eventuais
microorganismos patogênicos presentes não entrem
em contato com a substância desinfectante.
A medida de turbidez se baseia numa
comparação entre a interferência à passagem de
raios luminosos através da amostra e através de
suspensões adotadas como padrões de medida. A
unidade de turbidez é uT, ou seja, unidade de
Turbidez, seja em unidade de Jackson ou
nefelométrica. No Brasil, o valor máximo
permissível de turbidez para a água entrando no
sistema de distribuição é de 1 uT. Um valor de até 5
uT é permitido em pontos da rede de distrbuição, se
ficar demonstrado que a desinfecção não está
comprometida pelo uso desse valor menos exigente
(Portaria N.º 36/GM de 19/01/90).
Cor parente e Cor Verdadeira
A cor da água é normalmente devido a
ácidos húmicos e tanino, originados da
decomposição orgânica. Os compostos orgânicos
naturais nas águas são oriundos da degradação de
plantas e animais e são denominados substâncias
húmicas. Além disso, pode-se ter cor devido a
presença de íons metálicos dissolvidos, plâncton,
macrófitas e despejos industriais. Antigamente, a
medida da cor era feita apenas por motivo estético,
porém, com a descoberta de que tais substâncias são
precursoras de formação de trihalometanos – THM,
se a desinfecção for feita com cloro livre, a
quantificação da cor passa a ser muito importante. A
unidade de cor, também conhecida como unidade
Hazen – uH, é obtida quando se dissolve 1 mg de
cloroplatinato de potássio e 0,5 mg de cloreto de
cobalto em 1 litro de água destilada com pH igual a
7.
O material em suspensão, geralmente
presente nas águas superficiais, gera a cor aparente,
ou seja, é como o ser humano a vê, mas é, na
verdade, em parte resultado da reflexão e dispersão
da luz nas partículas em suspensão. Removido o
material em suspensão por centrifugação ou
filtração, diz-se que a cor é verdadeira, devido a
partículas coloidais carregadas negativamente e
material dissolvido. A diferenciação entre a cor
verdadeira e a cor aparente, queé adicionada pela
turbidez, é dada pelo tamanho das partículas, isto é,
pode-se generalizar que partículas com diâmetro
superior a 1,2 mm causam turbidez e inferior, já na
categoria de colóides e substâncias dissolvidas
causam cor. A cor pode ser determinada por
espectrofotomotria. É expressa pelo comprimento da
onda dominante na transmissão da luz em um
aparelho denominado espectrofotômetro.
De acordo com a Portaria N.º 36, de
19/01/90, o valor máximo permissível, para a cor
aparente, para a água tratada entrando no sistema de
distribuição é de 5 uH e um valor de 15 uH é
permitido em pontos da rede de distribuição.
Temperatura
Refere-se à temperatura da água no
momento da coleta da amostra. A temperatura influi
nas reações de hidrólise do coagulante, a eficiência
da desinfecção, na solubilidade de gases e, em
especial, no desempenho das unidades de mistura
rápida, floculação, decantação e filtração. Por isso, é
importante conhecer-se a variação de temperatura
prevista na água a ser tratada. A temperatura é
medida através de termômetro e é expressa,
geralmente, em graus centígrados.
Alcalinidade, Acidez e pH
A alcalinidade pode ser entendida como a
capacidade da água em neutralizar ácidos, e a
acidez, como a de neutralizar bases. A alcalinidade é
importante pois influi consideravelmente na
coagulação química, já que os principais coagulantes
primários, comumente usados no Brasil – sulfato de
alumínio e cloreto férrico – são doadores de prótons
em solução. Assim, se a alcalinidade da água for
baixa, a coagulação eficiente poderá acontecer com
a adição de um alcalinizante para ajuste do pH mas,
se a alcalinidade e pH forem relativamente altos, é
provável que o sulfato de alumínio não seja
indicado.
O termo pH é usado universalmente para
expressar a intensidade de uma condição ácida ou
alcalina de uma solução. O pH representa a
concentração do íon de hidrogênio. Soluções com
pH abaixo de 7 são denominadas ácidas e águas com
pH acima de 7 são denominadas alcalinas. Águas
com pH baixo tendem ser corrosivas ou agressivas a
certos materiais, paredes de concreto e superfícies de
cimento amianto e, águas
com pH alto, tendem a formar incrustações. Nos
sistemas de abastecimento público de água, o pH
está geralmente compreendido entre 6,5 a 8,5.
Coagulação
A coagulação é o processo de tratamento
que envolve uma série de operações químicas e
mecânicas através das quais os coagulantes são
aplicados e exercem sua ação. Geralmente
consideram-se estas operações como
compreendendo duas fases distintas: mistura, na qual
o coagulante dissolvido é rapidamente dispersado na
água a ser tratada, geralmente por meio de agitação
violenta; e floculação, que inclui a agitação da água
a velocidades mais baixas por período mais longo,
durante o qual as partículas muito pequenas
crescem, aglutinam-se e aglomeram- se em flocos
hidratados bem definidos, de tamanho suficiente
para se decantarem prontamente.
A água pode conter uma variedade de
impurezas, destacando-se as partículas coloidais,
substâncias húmicas e microrganismos em geral.
Tais impurezas apresentam carga superficial
negativa, impedindo que as mesmas aproximem-se
uma das outras, permanecendo no meio se suas
características não forem alteradas. Para que as
impurezas possam ser removidas, é preciso alterar-se
algumas características da água e,
consequentemente, das impurezas, através da
coagulação, floculação, sedimentação (ou flotação) e
filtração.
A coagulação, geralmente realizada com
sais de alumínio e ferro, resulta de dois fenômenos,
o primeiro, essencialmente químico, consiste nas
reações do coagulante com a água e na formação de
espécies hidrolisadas com carga positiva, e depende
da concentração do metal e pH final da mistura; o
segundo, fundamentalmente físico, consiste no
transporte das espécies hidrolis0adas para que haja
contato com as impurezas presentes na água. O
processo é muito rápido, variando desde décimos de
segundo à cerca de 100 segundos, dependendo das
demais características (pH, temperatura, quantidade
de impurezas, etc). Ele é realizado em uma Estação
de Tratamento de Água, na unidade de mistura
rápida.
Mecanismos da Coagulação
Como visto anteriormente, partículas
coloidais, substâncias húmicas e microorganismos
em geral, apresentam-se com carga negativa na
água, impedindo a aproximação das mesmas. Por
isso, faz-se necessário alterar a força iônica do meio
e, em tratamento de água, isto é feito,
principalmente, pela adição de sais de alumínio ou
de ferro ou de polímeros, caracterizando o fenômeno
da coagulação.
Atualmente considera-se a coagulação
como o resultado da ação de quatro mecanismos
distintos. a) compressão da camada difusa; b)
adsorção e neutralização; c) varredura; d) adsorção e
formação de ponte.
Neste trabalho, abordaremos o mecanismo
de adsorção e neutralização de cargas:
Adsorção e Neutralização de Carga
A desestabilização de uma dispersão
coloidal consiste nas interações entre coagulante-
colóide, coagulante-solvente. Uma amina orgânica,
como C12H25NH3+, é uma substância ativa na
superfície dos colóides, que se acumula nas
interfaces, e os grupos CH2 nas cadeias alifáticas da
molécula não interagem com a água. Em
contraposição, cálcio e sódio interagem fortemente
com as moléculas de água e não são ativos na
superfície dos colóides. Duas diferenças importantes
são evidentes quando se compara Na+ com
C12H25NH3+. Primeiramente, os íons de sódio
somente são efetivos como coagulante para
concentrações da ordem de 0,1 M, enquanto a amina
orgânica, com carga idêncitica, causa a
desestabilização com concentração da ordem de
6x10-5 M. Em segundo lugar, para concentrações da
amina acima de cerca de 4x10-4 M, ocorre a
reestabilização dos colóides, fenômeno também
conhecido como reversão de cargas, isto é, os
colóides tornam-se carregados positivamente, pelo
excesso de íons da amina que têm carga +1. O
mesmo não acontece com o sódio.
O mecanismo de adsorção–neutralização de
carga é muito importante quando o tratamento é
realizado através de uma das tecnologias da filtração
direta, pois não há necessidade da produção de
flocos para posterior sedimentação mas de partículas
desestabilizadas que serão retidas no meio filtrante.
Coagulação com Cloreto Férrico
O diagrama de solubilidade do ferro,
mostrado na Figura 1, apresenta as regiões
comumente encontradas quando a coagulação é feita
com uso de cloreto férrico. Nota-se a existência de
três regiões típicas: região A, em que a coagulacão é
decorrente do mecanismo da varredura, com o pH
compreendido entre 6 e 9 e dosagem de cloreto
férrico na forma de FeCl3x6 H2O, entre 2,7 e 270
mg/L; região B, em que há predominância do
mecanismo de coagulação por adsorcão e
neutralizacão de carga, com o pH por volta de 4,5 -
6,0, e dosagem de cloreto férrico variando de 2,7 a
270 mg/L. Geralmente para valores de pH inferiores
a 6, dependendo da dosagem de cloreto férrico,
ocorre a reestabilizacão (região C).
Figura 1: Diagrama de coagulação do ferro a 25ºC
A coagulação com sal de ferro é mais
eficiente que com sal de alumínio, para valores de
pH mais elevados. Essa observação é fundamental,
pois muitas águas naturais possuem alcalinidade e
pH relativamente altos, e isso pode tornar não
adequado o uso do sulfato de alumínio como
coagulante.
Geralmente a eficiência da coagulação com
cloreto férrico (FeCl3 x 6 H2O) é semelhante à do
sulfato de alumínio (Al2(SO4)3 x 14,3 H2O), quando
comparados em termos de concentração molar pois,
embora o sulfato de alumínio tenha massa molecular
de, aproximadamente, 600 g e, o cloreto férrico, da
ordem de 270 g, o primeiro forma dois moles de
Al3+ enquanto o segundo, somente 1 mol de Fe3+ em
solução. As investigações de Amirtharajah, com uso
de uma solução com 50 % de sulfato de alumínio e
50 % de cloreto férrico (em função da massa
molecular),indicam que não há benefícios
substanciais se os resultados são comparados a um
só coagulante (sulfato de alumínio ou cloreto
férrico), embora o uso combinado desses
coagulantes possa ser mais adequado em algumas
situações, dependendo da qualidade da água.
Características Dos Meios Filtrantes
A camada suporte é geralmente constituída
de seixos rolados ou pedregulhos. Segundo Baylis e
colaboradores, existe uma relação entre o tamanho
dos seixos e a espessura da subcamada considerada,
cujos tamanhos comumente diminuem a partir do
fundo. A constituição da camada suporte depende
fundamentalmente do sistema de drenagem
utilizado, o qual é função do método de lavagem
adotado. Na filtração direta ascendente, a lavagem
do filtro no sentido ascensional, a camada suporte é
uma unidade importante, uma vez que a maior parte
de impureza fica retida nela e, realizando descarga
de fundo antes da lavagem, é possível remover
grande parte do material retido.
O conhecimento das características
granulométricas dos materiais granulares que
compõem o meio filtrante é imprescindível para que
se possa projetar um sistema de filtração. O tamanho
dos grãos e a distribuição de tamanhos são obtidos
através da análise granulométrica do material
granular, utilizando-se peneiras padronizadas.
Materiais e Métodos
O desenvolvimento da etapa experimental
envolveu diversas partes, a seguir relacionadas:
a) preparação da camada suporte e da areia
(seleção e peneiramento);
b) ensaios preliminares de filtração;
c) ensaios de filtração;
d) análise dos parâmetros físicos, pH e
temperatura.
A construção do filtro, em escala piloto, teve
como base um estudo feito por Di Bernardo, onde
foi realizado um ensaio de uma instalação piloto de
filtração direta ascendente para uma taxa de filtração
igual a 120 m3/m2d.
Equipamentos para análises físico-químicos
Para a análise dos parâmetros físico e químico
foram utilizados os seguintes aparelhos e materiais:
- turbidímitro digital, marca Hatch – modelo 2100P;
- espectrofotômetro, marca Hatch – modelo
DR/2010;
- potênciômetro marca Quimis, com eletrodo de pH;
- aparelho de “Jar-Test”, marca Policontrol – modelo
Turb-Floc Jr;
- papel de filtro W40;
Os ensaios de “Jar-test” foram realizados
numa etapa preliminar para determinação das
dosagens ótimas do coagulante, em escala de
bancada.
O coagulante empregado em nosso trabalho foi:
- cloreto férrico, grau de pureza comercial.
Filtro em Escala Piloto
A caixa do filtro é constituído de um tubo
de acrílico de seção circular, e com diâmetro interno
de 260,0 mm e altura de 2,50m. Um reservatório de
acrílico, de seção circular, com diâmetro interno de
600 mm e altura de 0,90 m, foi utilizado para
aumentar a carga hidráulica.
A camada suporte é constituída de cinco
subcamadas, com pedregulho variando de 2,4 a 32,0
mm. A camada de areia possui espessura de 1,00 m
e diâmetro efetivo de 0,85 mm.
Para melhor visualização, os parâmetros
hidráulicos e geométricos foram sumarizados na
Tabela 1. Na figura 2, podemos visualizar a
instalação do filtro piloto.
Tabela 1. Parâmetros hidráulicos e geométricos do
filtro piloto.
Item
Unidade Valor
Area em planta m2 0,053
Taxa de filtração m3/m2dia 120
Altura da lâmina d´água acima da
camada de areia
m 0,6
Altura da camada de areia m 1,0
Altura da camada suporte m 0,4
Caracterização da camada de areia
� 0,59 mm a � 0,84 mm % em peso 10
� 0,84 mm a � 1,19 mm % em peso 40
� 1,19 mm a � 2,00 % em peso 50
Diâmetro efetivo da camada de areia
(De)
mm 0,85
Coeficiente de não uniformidade (Cnu) - 1,60
Caracterização da camada suporte
� 2,4 mm a � 4,8 mm m 0,100
� 4,8 mm a � 6,3 mm m 0,100
� 9,5 mm a � 12,5 mm m 0,075
� 19,0 mm a � 25,0 mm m 0,075
� 25,0 mm a � 32,0 mm m 0,050
Figura 2: Instalação do Filtro Piloto de Fluxo
Ascendente.
O alimentador de coagulante, medindo 30,5
cm x 30,0 cm x 30,0 cm, foi construído em chapa de
acrílico. Um dispositivo flutuante e um dosador,
comumente usado para controle de aplicação de soro
fisiológico, foi empregado para manter a dosagem
de FeCl3. Um recipiente de plástico, utilizado na
comercialização de produtos químicos, foi adaptado
para funcionar como câmara de mistura rápida
hidráulica.
Metodologia
A trajetória da água bruta até a saída de
água tratada, está esquematizada na Figura 4. O
afluente, proveniente do reservatório elevado, chega
através de tubulação até o reservatório de acrílico,
onde há registro de esfera para regularização de
vazão; antes de ser despejada neste reservatório, é
vertida em recipiente de 5 litros de capacidade, onde
é feita mistura rápida com coagulante. A água
coagulada chega na base do filtro piloto, através de
tubulação, e passa a ser filtrada no sentido
ascensional; o efluente é vertido através de
tubulação instalada no topo do filtro, e esta segue
para o reservatório enterrado, onde novamente é
recalcado para o reservatório elevado.
Figura 4: Esquema da instalação do filtro piloto
A descarga de fundo é efetuada por
intermédio de tubulação conectada à peça no fundo
do filtro, contendo registro tipo gaveta. A operação
com descargas de fundo intermediárias foi feita de
modo a promover a limpeza da camada suporte, com
conseqüente recuperação de carga hidráulica e
aumento da carreira de filtração.
A dosagem ótima de coagulante, igual a 13
mg/L, foi determinada no Laboratório de Química e
Saneamento da Fatec-SP.
Foram realizados ensaios de “Jar-Test”, seguido de
filtração em papel de filtro W-40.
A taxa de filtração adotada é de 120 m3/m2
dia, onde o filtro foi operado de modo intermitente,
ou seja durante o dia, em intervalos de tempo
variáveis. Nos fins de semana e feriados, o
dispositivo permaneceu parado.
As coletas de água bruta e água tratada
foram realizadas diariamente em um período de três
meses, cujos resultados serão discutidos
posteriormente. Foram coletadas 5 amostras de água
filtrada e 1 amostra de água bruta, por dia. Logo
após cessada a coleta diária, as amostras seguiam
para as análises físico e químico (pH).
Resultados e Discussão
Nos diagramas da Fig. 5, são apresentados
os valores de turbidez e cor aparente, tanto da água
bruta como da água tratada, em função do tempo de
funcionamento do filtro. Pode-se observar uma
radual melhora na qualidade da água bruta. Isto
decorre do fato de a água filtrada retornar, ao
circuito fechado do Laboratório de Hidráulica,
proporcionando assim uma diluição. Ainda nos
diagramas da Fig. 5, pode ser visto o desempenho do
sistema de filtração, objeto de estudo. A turbidez da
água filtrada tem permanecido em torno de 0,15 uT,
enquanto que a cor aparente tem apresentado valores
médios de 3,5 uH.
Já as curvas que representam, na Figura 6,
os valores de pH da água bruta e da água filtrada,
mostram que a acidez introduzida no circuito, pelo
coagulante, esta sendo consumida, visto que dede o
início de operação do filtro, esse valores tem se
mantido estáveis. Ressalta-se aqui, que não foi
empregado qualquer produto para ajuste desse
parâmetro.
0,1
1
10
100
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Tempo (h)
Tu
rb
id
ez
e
C
or
A
pa
re
nt
e
0,1
1
10
100
Turbidez da Água Filtrada
Turbidez da Água Bruta
Cor Aparente da Água Filtrada
Cor Aparente da Água Bruta
Figura 5: Turbidez e Cor Aparente da Água Bruta e
Água Tratada ao longo do tempo
0
2
4
6
8
10
12
14
0 50 100 150 200
Te m po (h)
pH
0
2
4
6
8
10
12
14
pH água bruta pH água tratada
Figura 6: pH da Água Bruta e Água Tratada ao
longo do tempo
Conclusão
A qualidade da água filtrada, em termos de
turbidez, cor aparente e pH, satisfaz o Padrão de
Potabilidade dado pela Portaria 36/GM;
Foi constatado também que a retenção de impurezas
durante a filtração ocorre na camada de pedregulho
e, principalmente,na porção inferior da camada de
areia;
A turbidez da água bruta declinou de 15 uT
para 1,85 uT, em virtude da diluição proporcionada
pela água filtrada.
A cor aparente da água bruta, embora tenha
declinado de 65 uH para 17 uH, ainda pode ser
considerada elevada, em virtude da taxa de filtração
adotada, o que representa, para esse parâmetro, um
fator de diluição insuficiente, quando comparado
com resultado obtido para a turbidez.
Bibliografia
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 36
de 19 de janeiro de 1990. Diário Oficial, Brasília,
23 jan. 1990. Seção 1, p. 1651-4.
2. Di Bernardo, L. Métodos e Técnicas de
tratamento de Água - V. I e II. ABES - Associação
Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.
Rio de Janeiro, Brasil, 1993.
3. Di Bernardo, L. & Razaboni, J. D.
Influência da realização de descargas de fundo
durante a carreira de filtração no comportamento
de sistemas de filtração direta ascendente
REVISTA DAE, v. 44, n. 139, p. 340-345, dez.
1984.

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