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Estruturas de concreto Armado Lajes e Vigas CISALHAMENTO EM VIGAS Prof. Ramon Costa Nascimento Cisalhamento em Vigas Nas vigas, em geral, as solicitações predominantes são o momento fletor e a força cortante. Em etapa anterior, o efeito do momento fletor foi analisado separadamente. Vamos agora considerar o efeito conjunto dessas duas solicitações, com destaque para o cisalhamento. 2 Comportamento Resistente Considere-se a viga biapoiada da figura abaixo, submetida a duas forças F iguais e equidistantes dos apoios, armada com barras longitudinais tracionadas e com estribos, para resistir os esforços de flexão e de cisalhamento, respectivamente. 3 Comportamento Resistente Para pequenos valores da força F, enquanto a tensão de tração for inferior à resistência do concreto à tração na flexão, a viga não apresenta fissuras, ou seja, as suas seções permanecem no Estádio I. Com o aumento do carregamento, no trecho de momento máximo (entre as forças), a resistência do concreto à tração é ultrapassada e surgem as primeiras fissuras de flexão (verticais). Continuando o aumento do carregamento, surgem fissuras nos trechos entre as forças e os apoios, as quais são inclinadas, por causa da inclinação das tensões principais de tração. 4 Comportamento Resistente 5 Modelo de Treliça O modelo clássico de treliça foi idealizado por Ritter e Mörsch, no início do século XX, e se baseia na analogia entre uma viga fissurada e uma treliça. Considerando uma viga biapoiada de seção retangular, Mörsch admitiu que, após a fissuração, seu comportamento é similar ao de uma treliça, formada pelos elementos: banzo superior → cordão de concreto comprimido; banzo inferior → armadura longitudinal de tração; diagonais comprimidas → bielas de concreto entre as fissuras; diagonais tracionadas → armadura transversal (de cisalhamento). 6 Modelo de Treliça 7 Modelo de Treliça clássica considera as seguintes as bielas de compressão, com Essa analogia de treliça hipóteses básicas: fissuras, e portanto inclinação de 45°; banzos paralelos; treliça isostática; portanto, não há engastamento nos nós, ou seja, nas ligações entre os banzos e as diagonais; armadura de cisalhamento com inclinação entre 45° e 90º. 8 Modelo de Treliça Porém, resultados de ensaios comprovam que há imperfeições na analogia de treliça clássica. Isso se deve principalmente a três fatores: a inclinação das fissuras é menor que 45º; os banzos não são paralelos; há o arqueamento do banzo comprimido, principalmente nas regiões dos apoios; a treliça é altamente hiperestática; ocorre engastamento das bielas no banzo comprimido, e esses elementos comprimidos possuem rigidez muito maior que a das barras tracionadas. Por esta razão, como modelo teórico padrão, adota-se a analogia de treliça, mas a este modelo são introduzidas correções, para levar em conta as imprecisões verificadas. 9 Modos de Ruína Numa viga de concreto armado submetida a flexão simples, vários tipos de ruína são possíveis, entre as quais: ruínas por flexão; ruptura por falha de ancoragem no apoio; ruptura por esmagamento da biela; ruptura da armadura transversal; ruptura do banzo comprimido devida ao cisalhamento; ruína por flexão localizada da armadura longitudinal. 10 Modos de Ruína: Ruína por Flexão Nas vigas dimensionadas nos domínios 2 ou 3: a ruína ocorre após o escoamento da armadura, ocorrendo abertura de fissuras e deslocamentos excessivos (flechas), que servem como “aviso” da ruína. Nas vigas dimensionadas no Domínio 4: a ruína se dá pelo esmagamento do concreto comprimido, não ocorrendo escoamento da armadura nem grandes deslocamentos, o que caracteriza uma “ruína sem aviso”. 11 Modos de Ruína: Ruptura por Falha de Ancoragem noApoio A armadura longitudinal é altamente solicitada no apoio, em decorrência do efeito de arco. No caso de ancoragem insuficiente, pode ocorrer o colapso na junção da diagonal comprimida com o banzo tracionado, junto ao apoio. A ruptura por falha de ancoragem ocorre bruscamente, usualmente se propagando e provocando também uma ruptura ao longo da altura útil da viga. O deslizamento da armadura longitudinal, na região de ancoragem, pode causar ruptura por cisalhamento da alma. 12 Modos de Ruína: Ruptura por Esmagamento da Biela No caso de seções muito pequenas para as solicitações atuantes, as tensões principais de compressão podem atingir valores elevados, incompatíveis com a resistência do concreto à compressão com tração perpendicular (estado duplo). Tem- se, então, uma ruptura por esmagamento do concreto. A ruptura da diagonal comprimida determina o limite superior da capacidade resistente da viga à força cortante, limite esse que depende, portanto, da resistência do concreto à compressão. 13 Modos de Ruína: Ruptura da Armadura Transversal Corresponde a uma ruína por cisalhamento, decorrente da ruptura da armadura transversal. É o tipo mais comum de ruptura por cisalhamento, resultante da deficiência da armadura transversal para resistir às tensões de tração devidas à força cortante, o que faz com que a peça tenha a tendência de se dividir em duas partes. 14 Modos de Ruína: Ruptura do Banzo Comprimido devido ao Cisalhamento No caso de armadura de cisalhamento insuficiente, essa armadura pode entrar em escoamento, provocando intensa fissuração (fissuras inclinadas), com as fissuras invadindo a região comprimida pela flexão. Isto diminui a altura dessa região comprimida e sobrecarrega o concreto, que pode sofrer esmagamento, mesmo com momento fletor inferior àquele que provocaria a ruptura do concreto por flexão 15 Modos de Ruína: Ruína por Flexão Localizada da Armadura Longitudinal A deformação exagerada da armadura transversal pode provocar grandes aberturas das fissuras de cisalhamento. O deslocamento relativo das seções adjacentes pode acarretar na flexão localizada da armadura longitudinal, levando a viga a um tipo de ruína que também decorre do cisalhamento. 16 17 18 19 20 21 Modelos de Cálculo A ABNT NBR 6118:2007 admite dois modelos de cálculo: Modelo I Bielas com inclinação θ = 45°; Vc constante, independentemente de Vsd; Modelo II Bielas com inclinação θ entre 30° e 45°; Vc diminui com o aumento de Vsd; 22 Modelos de Cálculo Nos dois modelos, devem ser consideradas as etapas de cálculo: Verificação da compressão da biela; de força no banzo Cálculo da armadura transversal; Deslocamento al do diagrama tracionado; Aqui vamos trabalhar apenas com o modelo I. 23 Verificação da Compressão na Biela 24 VSd VRd 2 VSd VRd 2 0,27v2 fcd bw d d alturaútil; bw é a largura mínima da seção ao longo da altura útil(d). fcd fck / c (resistência de cálculo do concreto); v 2 (1 fck /250) VRd 2 (Força cortante resistentede cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas de concreto) Cálculo da Armadura Transversal VRd3 é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal; Vc é parcela de força cortante absorvida por mecanismos complementares ao de treliça (resistência ao cisalhamento da seção sem armadura transversal); Vsw é a parcela de força absorvida pela armadura transversal. 25 VSd VRd 3 VcVsw Vsw VSdVc Cálculo de Vc 26 Vc 0,6 fctd bw d 2/3 ck ck 1,4 cc 0,7fct ,m fctd 0,70,3 f 2/3 0,15 f fctk ,inf V 0,60,15 f 2/ 3 b d c ck w V 0,09f 2/ 3 b d c ck w Cálculo da Armadura Transversal Asw é a área de todos os ramos da armadura transversal; s é o espaçamento da armadura transversal; fyw d é a tensão na armadura transversal passiva limitada ao valor de fyd, no caso de estribos, não se tomando valores superiores a 435 MPa = 43,5 kN/cm²; α é o ângulo de inclinação da armadura transversal (45 ≤ α ≤ 90°). 27 (sen cos ) s ywdV Asw 0,9d fsw Cálculo da Armadura Transversal Em geral adotam-se estribos verticais (α = 90°) e determina-se a área desses estribos por unidade de comprimento, ao longo do eixo da viga: 28 (sen cos ) s ywdV Asw 0,9d fsw s A a swsw Vsw asw 0,9d f ywd ywd swa Vsw 0,9 d f Armadura Transversal Mínima Para garantir ductilidade à ruína por cisalhamento, a armadura transversal deve ser suficiente para suportar o esforço de tração resistido pelo concreto na alma, antes da formação de fissuras de cisalhamento. 29 ywkw f 0,2 fctm sw ,minsw, Asw b s sen Asw área da seção transversal dos estribos; s – espaçamento entre os estribos, medido segundo o eixo longitudinal da peça; – inclinação dos estribos em relação ao eixo longitudinal da peça; bw – largura média da alma; fywk valor característico da resistência ao escoamento do aço da armadura transversal; ckfctm 0,3 3 f 2 Armadura Transversal Mínima 30 Detalhamento dos Estribos Os estribos para a força cortante podem ser fechados ou abertos. O diâmetro da barra que constitui o estribo deverá atender aos seguintes limites: 5mm ≤ ≤ bw/10 Quando a barra for lisa, seu diâmetro não poderá ser superior a 12 mm. No caso de estribos formados por telas soldadas, o diâmetro mínimo pode ser reduzido para 4.2 mm, desde que sejam tomadas precauções contra sua corrosão. O angulo de inclinação das armaduras transversais em relação ao eixo do elemento estrutural deve estar compreendido entre 45° e 90°. 31 Detalhamento dos Estribos Espaçamento entre elementos da armadura transversal O espaçamento mínimo entre estribos, medido segundo o eixo longitudinal do elemento estrutural, deve ser suficiente para permitir a passagem do vibrador, garantindo um bom adensamento. O espaçamento máximo (smáx) deve atender as seguintes condições: O espaçamento transversal (st,máx) entre ramos sucessivos de estribos não deverá exceder os seguintes valores: 32 Sd Rd2 máx 0,3 d 200 mm se VSd 0,67 VRd2 0,6 d 300 mm se V 0,67 V s Rd2Sd t,máx 0,6 d 350 mm se V 0,20 V d 800 mm se VSd 0,20 VRd2 s CÁLCULO DA ARMADURA TRANSVERSAL DA VIGA- PROJETO 33 Diagramas de Esforço Cortante 34 Verificação do esmagamento da biela de concreto 35 VSd VRd 2 VSd VRd 2 0,27v2 fcd bw d v2 (1 fck / 250) (1 (20 / 250)) 0,92 VRd 2 (Força cortante resistentede cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas de concreto) fcd fck / c 20.000/1,414.285,71kN/m² V wcd m² v2Rd 2 f b d 0,270,9214.286,71 kN 0,20m0,55m 390,37kN 0,27 VSd 1,4120,80kN 169,12kN 390,37kN OK!! Cálculo da armadura transversal 36 VSd VRd 3 VcVsw c ctd w 10 0,70,3202 / 3 V 0,6 f b d 0,601,4 2055 72,94kN Vsw VSd Vc 169,12 72,94 96,18kN s 1,15 A ywd sw sw s 9,00cm (5.0c / 9) 96,18 20,20 0,9055 50 (sen cos )0,9d f s V Determinação da Quantidade Mínima de Estribos 37 Taxa de armadura mínima Espaçamento máximo para a armadura mínima 0,00088 0,3202/3 500 0,20 sw90,min sw90,min f 0,20 fctm ywk w Asw sw90,min 20 s s 22,72cm s 22cm 0,00088 20,20 b s Verificação do espaçamento máximo 38 VSd 1,4120,80kN 169,12kN cd w m² v2Rd 2 f b d 0,270,9214.286,71 kN 0,20m0,55m 390,37kNV 0,27 0,433 390,37kN 169,12kN V Rd 2 VSd máx 0,3 d 200 mm se VSd 0,67 VRd2 0,6 d 300 mm se VSd 0,67 VRd2 s smáx 0,6 d 300mm se VSd 0,67 VRd 2 smáx 0,6 55 300 mm smáx 33cm smáx 30cm Detalhamento 39 Detalhamento 40
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