Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Bruna Sayuri Eguchi – Problema 4 1 1. Sobre os Antiácidos, IBP, Procinéticos, Antagonista H2: a) Farmacocinética b) Farmacodinâmica c) Vias de administração d) Efeitos colaterais e adversos e) Formas de apresentação f) Indicações e contraindicações g) Interações medicamentosas h) Posologia: omeprazol i) Quais podem ser utilizados para idosos, crianças e gestantes? 2. Sobre os Antibióticos (β-lactâmicos e macrolídeos): a) Farmacocinética b) Farmacodinâmica c) Vias de administração d) Efeitos colaterais e adversos e) Formas de apresentação f) Indicações (espectro de ação) e contraindicações g) Interações medicamentosas h) Mecanismos de resistência bacteriana i) Posologia: amoxicilina j) Tratamento para H. pylori (quando indicar antibiótico?) k) Quais podem ser utilizados para idosos, crianças e gestantes? 3. Quais os sinais de alerta para indicação de endoscopia digestiva alta? a) Existe microbiota estomacal? 4. Por que a indicação de um protetor gástrico associado ao antibiótico? (efeito sobre absorção gástrica, efeito local do antibiótico...) 5. Por que a preferência por IBP do que antagonista H2? 6. Diferenciar medicamentos de referência (marca), similar e genérico. Bruna Sayuri Eguchi – Problema 4 2 INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS (IBP) Bloqueiam irreversivelmente a H+/K+/ATPase São mais potentes na supressão da secreção de ácido gástrico e cicatrização de úlceras pépticas. Exemplos: omeprazol, esomeprazol, lansoprazol, dexlansoprazol, rabeprazol e pantoprazol. MECANISMO DE AÇÃO São pró-fármacos que exigem ativação no meio ácido da célula parietal. Após sua absorção na circulação sistêmica, o pró-fármaco difunde-se nas células parietais do estômago e acumula-se nos canalículos secretores ácidos, onde é convertido em sulfenamida tetracíclica (forma ativa) e catalisada por prótons, retendo o fármaco de modo que ele não pode difundir-se novamente através da membrana canalicular. A forma ativada liga-se de modo covalente a grupos sulfidrila de cisteínas na H+/K+/ATPase, inativando irreversivelmente a molécula da bomba. A secreção de ácido só retoma após a síntese de novas moléculas da bomba e sua inserção na membrana luminal, proporcionando uma supressão prolongada da secreção ácida (de até 24-48 h). FORMAS DE APRESENTAÇÃO Para impedir a degradação dos IBPs pelo ácido no lúmen gástrico, as formas posológicas orais são preparadas em diferentes formulações: Fármacos de revestimento entérico contidos em cápsulas de gelatina omeprazol, esomeprazol e lansoprazol Bruna Sayuri Eguchi – Problema 4 3 Grânulos de revestimento entérico fornecidos na forma de pó para suspensão lansoprazol Comprimidos de revestimento entérico pantoprazol, rabeprazol e omeprazol Omeprazol em pó combinado com bicarbonato de sódio embalado em cápsulas e formulado para suspensão oral – neutralizam a acidez estomacal Pacientes que não possuem a via oral disponível para adm (hemorragia GI) ou que necessitam de supressão ácida imediata, podem ser tratados com esomeprazol, pantoprazol e lansoprazol por via intravenosa. Obs: posologia omeprazol – cápsula de 10 ou 20mg, 1x ao dia, por 4-8 semanas sódico (pó para solução injetável) 40mg (Losec) FARMACOCINÉTICA Por apresentar uma ativação precoce indesejada em meio ácido estomacal, é indicado a adm desses fármacos orais 30 min antes das refeições, já que o alimento estimula a produção desse ácido. Sofrem rápida absorção no intestino delgado, ligam-se às proteínas transportadoras e são biotransformadas por CYP hepáticas (CYP2C19 e CYP3A4). Em seguida, os metabólitos são excretados pelos rins. Como nem todas as bombas ou células parietais estão simultaneamente ativas, a supressão máxima da secreção ácida requer várias doses de IBPs. EFEITOS ADVERSOS Causam poucos efeitos adversos. Os mais comuns são náuseas, dor abdominal, constipação, flatulência e diarreia... Em certas ocasiões pode ocorrer infecção entérica, visto que as bactérias não são mortas pelo ácido. Outra preocupação é o ↑ dos níveis plasmáticos de gastrina. Como o ác gástrico é um regulador fisiológico da secreção de gastrina pelas céls G do antro, a ↓ secreção ácida causada pelo tratamento leva a um ↑ da liberação de gastrina, que pode induzir hiperplasia das céls enterocromafins e céls parietais da mucosa. INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA Podem interferir na eliminação de outros fármacos que sofrem depuração pela mesma via hepática (CYP), como a varfarina, diazepam e ciclosporina. Entre os IBPs, apenas o omeprazol inibe a CYP2C19 (diminui a depuração do issulfiram, fenitoína...) e induz a expressão da CYP1A2 (aumenta a depuração da imipramina, vários antipsicóticos...). O omeprazol (apenas) pode interagir de modo adverso com o anticoagulante clopidogrel ao nível da CYP2C19, do qual ambos são substratos. Assim, o omeprazol pode inibir a conversão do clopidogrel à sua forma anticoagulante ativa. Tratamento crônico com omeprazol diminui a absorção de vitamina B12 A perda de acidez gástrica pode afetar a biodisponibilidade de fármacos – cetoconazol... USO TERAPEUTICO Promover a cicatrização de úlceras gástricas e duodenais e tratar a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), tratamento de distúrbios hipersecretores patológicos. Todos os IBPs são indicados para reduzir o risco de recidiva de úlcera duodenal associada a infecções por H. pylori. Crianças - omeprazol é seguro e efetivo no tratamento da esofagite erosiva e da DRGE. Em geral, os pacientes mais jovens apresentam uma capacidade metabólica aumentada, o que pode explicar a necessidade de doses mais altas de omeprazol por quilograma nas crianças, em comparação com os adultos. Bruna Sayuri Eguchi – Problema 4 4 Grávidas – não é recomendado seu uso, pois atravessam a barreira placentária; caso necessite preferem-se os antagonistas H2. Idosos – não necessitam redução da dose, mesmo apresentando uma depuração plasmática reduzida, visto que a meia-vida plasmática é curta e não ocorre acúmulo do fármaco. Os pacientes idosos que apresentam insuficiência renal e hepática concomitantemente devem receber doses mais baixas, para evitar riscos de efeitos adversos. ANTAGONISTA RECEPTORES H2 Inibem a produção de ácido competindo de modo reversível com a histamina no recep H2 (membrana basolateral das céls parietais). Tbm diminuem indiretamente a secreção de ác induzida pela gastrina e Ach Exemplos: cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina. São menos potentes que os IBPs, diminuindo em 70% durante 24hs. Eles inibem predominantemente a secreção de ácido basal, sendo eficaz na supressão de secreção noturna. FORMAS DE APRESENTAÇÃO Todos os 4 antagonistas dos receptores H2 são disponíveis em formulações adquiridas com e sem prescrição médica para administração oral. Dispõem-se também de apresentações para uso intravenoso e intramuscular de cimetidina, ranitidina e famotidina. Quando as vias oral ou nasogástrica não constituem uma opção, esses fármacos podem ser administrados em injeções intravenosas intermitentes ou por infusão intravenosa contínua FARMACOCINETICA Rapidamente absorvidos no intestino delgado após adm oral, com [séricas] máximas em 1-3hs. A absorção pode ser aumentada pela presença de alimento ou diminuída por antiácidos. Apenas uma parte liga-se à proteínas transportadoras. Com isso, pequenas quantidades desse fármaco sofrem biotransformação hepática, porém a presença de doença hepática não constitui indicação para ajuste de doses. Excreção renal, sendo importante diminuir as doses em pacientes com diminuição da depuração de creatinina.EFEITOS ADVERSOS São mínimos os efeitos adversos, incluindo diarréia, cefaleia, dor muscular, obstipação e fadiga. Os efeitos menos comuns estão relacionados ao SNC (confusão, delírio, alucinações, fala arrastada e cefaleia), presentes principalmente em idosos ou associados à adm intravenosa. Cimetidina (altas doses) Inibe as enzimas do citocromo P450, interferindo no metabolismo hepático e diminuindo o metabolismo da lidocaína, fenitoína, teofilina e varfarina, permitindo o acúmulo de níveis tóxicos desses fármacos. Atravessa a placenta e é secretada no leite materno, não sendo recomendada para uso durante a gravidez ou aleitamento. Porém, não apresentam efeito teratogênico comprovado. Pode exercer efeitos antiandrogênicos, em virtude de sua ação como antagonista no receptor de andrógenos, e inibe a CYP que hidrolisa o estradiol, resultando em ginecomastia (♂) e galactorreia (♀) INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Fármacos que inibem a secreção de ác gástrico podem alterar a velocidade de absorção e biodisponibilidade dos antagonistas dos recep H2. Cimetidina inibe as CYP (CYP1A2, CYP2C9 e CYP2D6), podendo aumentar os níveis de fármacos que são substratos dessas enzimas. Ranitidina interage de forma mínima (10%) no metabolismo hepático de outros fármacos. Famotidina e Nizatidina são mais seguras, por não interferir. Bruna Sayuri Eguchi – Problema 4 5 Cetoconazol necessita de meio ácido para absorção gástrica. Os antag H2 competem pela secreção tubular renal de procainamida e outros fármacos. USO TERAPÊUTICO Promover a cicatrização de úlceras gástricas e duodenais, tratar DRGE não complicada e evitar a ocorrência de úlceras de estresse. ANTIÁCIDOS São utilizados quando necessário para alívio sintomático da dispepsia. Neutralizam diretamente a acidez gástrica (ácido clorídrico), reagindo para formar água e sais. Sua adm, de acordo com a quantidade e tempo suficiente, pode produzir o fechamento de úlceras duodenais, mas são menos eficazes para úlceras gástricas. Os mais usados são misturas de hidróxido de alumínio e hidróxido de magnésio. O íon hidróxido reage com íons hidrogênio e o alumínio no estômago, formando água, enquanto o magnésio e o alumínio reagem com bicarbonato nas secreções pancreáticas e com fosfatos da dieta, formando sais. Hidróxido de magnésio – pó insolúvel que forma cloreto de magnésio no estômago. Não produz alcalose sistêmica pq o Mg+2 é pouco absorvido no intestino. Trissilicato de magnésio – pó insolúvel que reage lentamente com o suco gastrico, formando cloreto de magnésio e sílica coloidal. Esse agente tem efeito antiácido prolongado e tbm absorve pepsina. Gel de hidróxido de alumínio – forma cloreto de alumínio no estômago; quando chega no intestino, o cloreto é liberado e reabsorvido. O hidróxido de alumínio eleva o pH para 4 e absorve a pepsina. O hidróxido de alumínio coloidal combina-se com fosfatos no TGI, aumentando a eliminação de fosfato nas fezes e diminuindo sua eliminação renal, sendo o mecanismo utilizado para tratar pacientes com insuficiência renal crônica. Antiácidos mais comuns – sais de magnésio e alumínio. Os sais de magnésio causam diarreia, e os sais de alumínio causam constipação, e a mistura de ambos sais pode ser usada para preservar a função normal do intestino. Por conterem alumínio que se liga ao fosfato (hipofosfatemia), pode causar fraqueza, mal estar e anorexia. Pacientes com doença renal crônica devem evitar antiácidos contendo Mg, pois podem levar ao desenvolvimento de hipermagnesia. O bicarbonato de sódio reage com HCl, formando água / CO2 / sal. Pacientes com hipertensão ou sobrecarga hídrica, os antiácidos contendo sódio podem resultar em retenção significativa de sódio. PROCINÉTICO ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES DA DOPAMINA (D2) (Domperidona) Adm por via oral, com meia-vida plasmática de 4-5hs e eliminação pela urina Não apresenta efeitos significativos na motilidade do TGI baixo Os seus efeitos limitam-se em grande parte ao trato digestivo superior, onde ele aumenta o tônus do esfincter esofágico inferior e estimula as contrações do antro gástrico e do intestino delgado. Embora não atravesse facilmente a barreira hematencefálica a ponto de causar efeitos adversos extrapiramidais, a domperidona exerce efeitos nas estruturas do SNC que não possuem tal barreira, entre elas os centros que controlam os vômitos, a temperatura e a secreção de prolactina. Obs: dopamina produz efeitos inibitórios na motilidade – redução da das pressões do esfíncter esofágico inferior e intragástricas, efeitos que resultam aparentemente da supressão da liberação da ACh pelos neurônios motores mioentéricos. Bruna Sayuri Eguchi – Problema 4 6 BETALACTÂMICOS São antibióticos que apresentam um anel betalactâmico, que por sua vez inibem a síntese da parede bacteriana de gram (+) e (-) Obs: a parede bacteriana é essencial para evitar sua lise por osmose, estando disposta na superfície da membrana plasmática, além de ser diferente nas gram (+) e (-). Nas bact gram (+) é formada apenas por uma camada de peptidoglicanas; nas gram (-) é constituída por uma dupla camada peptidoglicanas interna + espaço periplasmático + lipopolissacarídeo externa. MECANISMO DE AÇÃO As bact apresentam um grupo de proteínas da membrana plasmática (proteína ligadora de penicilina - PBP) que funcionam como enzimas necessárias à síntese das peptidoglicanas da parede bacteriana. A ligação do antibiótico à PBP inibe sua função enzimática e síntese da parede bacteriana. Essa função associada à autolisinas (pré-existentes na bact) degradam a parede, resultando na morte bacteriana (BACTERICIDA). Os betalactâmicos alcançam facilmente as PBP das gram (+), já das gram (-) precisam atravessar canais proteicos (porinas) na memb externa para atingir o espaço periplasmatico, onde se ligam à PBP. MECANISMO DE RESISTENCIA A resistência pode ser intrínseca (decorrente da própria natureza do micro-organismo) ou adquirida (surge a partir de uma mutação no gene bacteriano). Fragmentos de DNA extracromossomiais (plasmídeos) podem ser transferidos de uma bact para outra através da conjugação bacteriana. Essa troca pode ocorrer entre bact de mesma espécie ou diferentes (+ e -), disseminando genes de resistência antibiótica. Produção de betalactamase (enzima capaz de clivar o anel betalactâmico) Betalactamases são enzimas que hidrolisam o anel betalactâmico, inativando o antibiótico. Essas enzimas podem clivar as penicilinas (penicilinases), cefalosporinas (cefalosporinases) e ambas (betalactâmicos). Staphylococcus aureus e Klebsiella pneumoniae produzem penicilase, sendo resistente à penicilina, mas não à cefalosporinas. A produção de betalactamases é o principal mecanismo de resistência das gam (-), por produzirem betalactamases plasmídio-codificadas. Com isso, tem como indicação a associação de betalactâmicos + inibidores da betalactamase (clavulanato, sulbactam, tazobactam). PBP com baixa afinidade pelo antibiótico Porinas que dificultam ou impedem a passagem do antibiótico em bact gram (-) Exemplo: penicilina G e oxacilina Obs: isso não ocorre com aminopenicilinas (ampicilina, amoxicilina) e outras penicilinas de nova geração com espectro ampliado para gram (-) CLASSIFICAÇÃO 1. PENICILINAS a. Penicilina G (benzil-penicilina) Origem natural É a droga mais eficaz contra: cocos gram (+) – Streptococcus pneumoniae... cocos gram (-) – Neisseria meningitidis bacilos gram (+) – Listeria monocytogenes anaeróbios da boca e orofaringe, exceto Bacteroides fragilis espiroquetas – Treponema pallidum, Leptospira interrogansBruna Sayuri Eguchi – Problema 4 7 Geralmente tem efeito apenas bacteriostático contra Enterococcus fecalis Em geral, as bact gram (-) possuem resistência natural à penicilina G (exceto do gênero Neisseria e alguns anaeróbios da boca e orofaringe), por não atravessar as porinas da memb externa. É instável em meio ácido, e mal absorvida pelo trato GI, devendo ser adm por via parenteral (1) penicilina G cristalina por via venosa em infecções mais graves que indicam internação; (2) penicilina G procaína – despacilina – por via intramuscular em infecções de gravidade intermediaria (ex erisipela) (3) penicilina G benzatina – benzetacil – por via intramuscular, com efeito de duração por 10 dias pela sua liberação lenta. Usada para infecções como faringoamigdalite estreptocócica, impetigo estreptocócico e sífilis sem acometimento do SNC b. Penicilina V (fenoximetilpenicilina) Tipo de penicilina sintética Tem como vantagem ser mais estável em meio ácido e uma excelente absorção por via oral, podendo ser utilizada para tratamento ou profilaxia de infecções por bactérias sensíveis à penicilina G. Não utilizar próximo a uma refeição, pois os antibióticos tem capacidade de aderir-se às moléculas de nutrientes, formando partículas maiores e dificultando a sua absorção e efeito. c. Penicilinas penicilase-resistentes São penicilinas semi-sintéticas com capacidade de resistir à penicilinase Mesmo apresentando anel betalactâmico, não sofrem ação das enzimas betalactamase, pois apresentam uma estrutura que protegem seu anel betalactâmico, impedindo a ação enzimática. Oxacilina, meticilina e nafcilina A oxacilina é mais utilizada na pratica por ser mais eficaz contra S. aureus; por ser mal absorvida pelo TGI, deve ser adm por via endovenosa. A meticiclina não é utilizada na clínica (alto grau de nefrotoxicidade), apenas em testes laboratoriais para testar a resistência de bact contra esse grupo de penicilinas. d. Aminopenicilinas Ampicilina e Amoxicilina Conseguem atravessar as porinas da memb externa das gram (-) Possui eficácia contra gram (+), porém não é superior à penicilina G São facilmente hidrolisada pelas penicilases ou betalactamases → seu uso deve ser feito associado ao Clavulanato (inibidor de betalactamase) A ampicilina possui uma absorção pelo TGI imprevisível, e amoxicilina tem biodisponibilidade de praticamente 100% e grande eficácia quando adm por via oral e. Carboxipenicilinas Carbenicilina e Ticarcilina (2-4x mais eficaz) São menos eficazes do que as penicilinas G e aminopenicilinas, mas possuem espectro ampliado para alguns gram (-) produtores de betalactamase f. Ureidopenicilinas Mezlocilina e Piperacilina São menos eficazes do que as carboxipenicilinas Obs: Penicilinas + inibidores de betalactamase As principais associações: amoxicilina-clavulanato / ampicilina-sulbactam → possuem eficácia garantida contra gram (+) e (-) e anaeróbios, sendo excelente para tratamento de infecções comunitárias polimicrobianas. Outras associações: ticarcilina-clavulanato / piperacilina-tazobactam → tratamento de infecções nosocomiais (pneumonia) 2. CEFALOSPORINAS São antibióticos semelhantes às Penicilinas, sendo mais estáveis em meio ácido. São isoladas do fungo Cephalosporium. Tbm apresentam um anel betalactâmico que pode ser clivado por betalactamases do tipo cefalosporinases Bruna Sayuri Eguchi – Problema 4 8 Obs: nenhuma cefalosporina é eficaz contra Enterococcus fecalis, exceto ceftobiprole (cefalosporina de 5ª geração) São classificadas de acordo com suas gerações, de modo que a 1ªg é mais ativa contra gram (+) e as demais contra gram (-). O que as diferenciam são os seus respectivos espectros de ação. a. 1ª geração São utilizadas em infecções contra cocos gram (+) (Pneumococos, Stafilococos e Streptococos), principalmente no trato urinário Cefalotina e Cefazolina – via parenteral → são muito utilizadas para profilaxia antibiótica intra- operatória e tratamento de infecções de pele e tecido subcutâneo (nesse caso, menos eficazes que as penicilinas) Cefalexina e Cefadroxil – via oral São eficazes contra a maioria dos gram (+), incluindo S. aureus oxacilina-sensível, São efetivos apenas contra poucos gram (-), como algumas cepas de E. coli, Proteus mirabilis e Klebsiella pneumoniae. São ineficazes contra S. aureus MRSA, S. pneumoniae resistenteà penicilina, N. meningitidis, N. gonorrhoeae, H. influenzae, M. catarrhalis, Enterobacter sp, Serratia sp, Proteus indol-positivo... b. 2ª geração Possuem um espectro mais ampliado contra cocos gram (-), quando comparados aos de 1ªg Usados no tratamento de infecções das vias aéreas superiores e inferiores (sinusite, otite e infecções de vias aéreas inferiores) causadas principalmente pelo H. influenzae Cefuroxime – possui atividade anti-Haemophilus influenzae; apresenta estabilidade às betalactamases produzidas pelas bact (H. influenzae, M. catarrhalis, N. gonorrhoeae) Cefoxitina – possui atividade anti-Bacteroides fragilis. c. 3ª geração Cefotaxima e Ceftriaxone Caracterizadas pela sua estabilidade às betalactamases produzidas pelos gram (-) entéricos (Neisseria), sendo mais ativas contra essas bact se comparadas com as cefalosporinas de 1ª/2ªg Usada no tratamento de gonorreia, meningite (apresentam boa difusão na barreira hemato- cefálica)... d. 4ª geração Cefepime e Cefpiroma Em sua estrutura química, possuem amônio quaternário de carga positiva ligado ao anel cefalosporínico. Isto confere 2 propriedades – passam com facilidade pelas porinas de P. aeruginosa / tem menor afinidade às betalactamases cromossomo-codificadas induzíveis produzidas por algumas cepas multi-resistentes de gram (-) entéricos (Neisseria). Algumas cepas de P. aeruginosa são resistentes ao Ceftazidime, mas não às cefalosporinas de 4ªg (drogas anti-pseudomonas) 3. CARBAPENÊMICOS E MONOBACTÂMICOS Carbapenêmicos: Imipenem e Meropenem. São drogas extremamente resistentes à clivagem pelas betalactamases das bact gram (+) e (-), incluindo os anaeróbios. Bactérias resistentes – S. pneumoniae com resistência alta à penicilina / S. aureus MRSA / Enterococcus faecium / Stenotrophomonas maltophilia / Burkholderia cepacia Para evitar a resistência bacteriana induzida, é necessário que se associe outro antibiótico (amicacina ou levofloxacina) visando destruir todas as cepas da bactéria de forma efetiva. Monobactâmicos: Aztreonam. Tem atividade apenas contra gram (-) aeróbicos, com espectro semelhante ao dos aminoglicosídeos. Não é eficaz contra nenhum gram (+) anaeróbio Bruna Sayuri Eguchi – Problema 4 9 MACROLIDEOS MECANISMO DE AÇÃO São antibióticos bacteriostáticos (raramente bactericidas), estruturalmente relacionados, que inibem a síntese proteica do micro-organismo em nível ribossômico, por se ligar de forma reversível à subunidade 50s do ribossoma bacteriano. Essa ligação impede o processo de enlongação da cadeia peptídica. Sua ação pode ser bactericida ou bacteriostática, dependendo da concentração, da fase e do tipo de micro-organismo. Costumam apresentar maior atividade em pH alcalino. Agem na 3ª e 4ª fase em que o RNAt ligado a nova sequência se transloca para o sitio doador (momento em que o sítio aceptor torna-se livre para a entrada de um novo RNAt) MECANISMO DE RESISTENCIA Passagem impossibilitada pelas porinas dos gram (-) da família Enterobacteriaceae, P. aeruginosa, Acinetobacter sp. Alteração do sitio de ligação do antibiótico na subunidade 50s Efluxo ativo da droga pela membrana plasmática bacteriana ESPECTRO ANTIMICROBIANO (MACROLÍDEOS) Eritromicina (1ª geração) Primeiro macrolídeo; produzido pela bact Streptomyces erytherus Atividade aumentada em pH alcalino Pode ter ação bacteriostática ou bactericida (em doses altas) Amplo espectro – contra maioria dos gram (+) (S. pneumoniae, S. aureus...), germes atípicos, cocos gram (-) (N. gonorrhoeae, N. meningitidis), agente da coqueluche (B. pertussis), da sífilis (Treponema pallidum)... Usada no tratamento de infecções respiratórias, oculares, pneumonia... Usada para tratar infecções estreptocócicas, gonocócicas e treponêmicas (sífilis) em pacientes alérgicos à Penicilina. É a droga de escolha para tratamento de infecções por Mycoplasma pneumoniae (50x mais potente que as tetraciclinas), coqueluche e angiomatose bacilar. É ativa contra maioria das cepas de S. aureus oxacilina-sensível, porém seu uso induz uma rápida resistência desta bactéria Tem função de inibir o citocromo P450 de corticoides, digoxina (agente cardiotônico usado para insuficiência cardíaca congestiva)... Com isso, o uso de eritromicina + corticoide resultará em efeito alterado dos corticoides (não será biotransformado na sua forma inativada) Azitromicina e Claritromicina (nova geração): são derivados semi-sintéticos da eritromicina, possindo mesmo espectro da eritromicina, podendo variar seu grau de eficácia de acordo com a bactéria. Claritromicina: atividade aumentada em pH alcalino, mas é estável em pH ácido. Apresenta amplo espectro contra gram (+) e (-) → Mycobacterium leprae e Toxoplasma gondii Azitromicina: possui meia-vida longa de 2-4 dias. Apresenta amplo espectro contra gram (+) e (-) e combate o Toxoplasma gondii. Mostra-se menos ativa a estafilococos e estreptococos. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES Eritromicina e Azitromicina podem ser usados durante a gestação, com a preferência pela Eritromicina nas formas não ligadas ao estolato (o tratamento da sífilis na gestante feaz-se com uso de Estearato de Eritromicina). A Claritromicina não deve ser usada pelo potencial teratogênico Importantes para bact gram (+) que adquirem resistência a este grupo de antibióticos Bruna Sayuri Eguchi – Problema 4 10 Principal efeito adverso da Eritromicina é a intolerância gastrointestinal, devido efeito motilina- símile de um de seus metabólitos. Náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal podem ocorrer, sendo mais frequentes em crianças e adolescentes. Outro efeito é a hepatite colestática A vantagem da Azitromicina e Claritromicina sobre a Eritromicina é a menor frequência e intensidade dos efeitos adversos gastrointestinais. No entanto, elas tbm podem estar associadas à hepatite colestática Eritromicina venosa pode prolongar o intervalo QT do ECG e desencadear uma arritmia ventricular potencialmente maligna TRATAMENTO DA INFECÇÃO PELO H. PYLORI A infecção pelo H. pylori tem sido considerada um fator causal na produção de úlceras gástricas e duodenais, bem como fator de risco para câncer gástrico. A erradicação da infecção pelo H. pylori promove o fechamento rápido e duradouro de úlceras, através de um esquema de 1 ou 2 semanas de “terapia tríplice” – IBP + amoxicilina + metronidazol ou claritromicina. INDICAÇÃO PARA ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA Dor abdominal alta persistente apesar de um apropriado teste terapêutico (posologia e tempo de tratamento adequados); Dor abdominal alta associada a sinais e sintomas sugestivos de doença orgânica séria, como anorexia e perda de peso; Disfagia e odinofagia; Sintomas de refluxo gastroesofágico que persistem ou recorrem apesar de terapêutica apropriada; Vômitos persistentes de causa desconhecida; Sangramento gastrointestinal oculto; Acompanhamento de malignidade; Biópsia de intestino delgado; Avaliação de lesão aguda após ingesta de cáusticos. São contraindicações absolutas para realização de eda: Quando os riscos à saúde e à vida do paciente superam os benefícios do procedimento; Suspeita ou evidência de víscera perfurada. São contraindicações relativas para realização de eda: Grande divertículo de zenker; Doença cardiopulmonar descompensada; Pacientes com coagulopatia (principalmente se planejado biópsia ou procedimento terapêutico). TIPOS DE MEDICAMENTOS REFERENCIA É todo medicamento “originador”, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente. Todo medicamento referência possui o nome comercial (marca) em suas embalagens GENERICO É igual ao medicamento de referência, onde exclusivamente se apresenta com o nome da substancia ativa. Não sendo permitida, desta forma, a utilização do nome comercial (marca). Desde 1999, todos os medicamentos genéricos precisaram comprovar a sua eficácia, segurança e qualidade através de estudos de bioequivalência com seu originador (referência). SIMILAR Todo medicamento, que contém os mesmos princípios ativos, mesma concentração, forma farmacêutica, via de adm, posologia e indicação terapêutica, e que é equivalente ao medicamento referência registrado pela ANVISA, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículo, devendo sempre ser identificado por nome comercial (marca).
Compartilhar