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RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO AO DIREITO AMBIENTAL: CONCEITO, OBJETO, PRINCÍPIOS E TUTELA CONSTITUCIONAL .................................................... 1 1.1CONCEITO E OBJETO ............................................................................. 1 1.2 PRINCÍPIOS ............................................................................................. 1 1.3 TUTELA CONSTITUCIONAL .................................................................... 3 2. POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ................................................ 5 2.1 PRINCÍPIOS E OBJETIVOS ..................................................................... 5 2.2 INTRUMENTOS DA PNMA....................................................................... 6 2.3 SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA) ........................ 9 3. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA FLORESTAL ................................................... 10 3.1 CÓDIGO FLORESTAL (LEI N° 12.651/12) ............................................. 10 3.1.1 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE .................................. 11 3.1.2 RESERVA LEGAL ............................................................................ 12 3.1.3 OUTROS TEMAS IMPORTANTES DO CÓDIGO FLORESTAL ....... 13 3.2 MATA ATLÂNTICA (LEI N° 11.428/06) ................................................... 15 3.1 SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO (LEI N° 11.284/06) ..................... 16 4. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ...................... 22 4.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 22 4.2 TIPOS E FUNÇÕES ............................................................................... 22 4.3 COMPENSAÇÃO .................................................................................... 25 5. BIODIVERSIDADE ....................................................................................... 25 6. RESPONSABILIDADE AMBIENTAL ............................................................ 26 6.1 ASPECTOS INICIAIS .............................................................................. 27 6.2 LEI DE CRIMES AMBIENTAIS ............................................................... 29 6.3 PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO PARA APURAÇÃO DE INFRAÇÕES AMBIENTAIS (DECRETO N° 6.514/08) .................................. 31 7. PRECEDENTES RELEVANTES EM DIREITO AMBIENTAL ....................... 32 RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 _________________________________________________________________ ____________ 1 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br 1. INTRODUÇÃO AO DIREITO AMBIENTAL: CONCEITO, OBJETO, PRINCÍPIOS E TUTELA CONSTITUCIONAL 1.1CONCEITO E OBJETO Inicialmente, vamos abrir os estudos a respeito do Direito Ambiental a partir da conceituação do tema, passo imprescindível para compreendermos qual a necessidade de existir um ramo do Direito responsável pela tutela do meio ambiente. Paulo de Bessa Antunes, referência na doutrina ambientalista, amparado pela teoria tridimensional da norma de Miguel Reale, conceitua o Direito Ambiental como sendo a norma que, baseada no fato ambiental e no valor ético ambiental, estabelece os mecanismos normativos capazes de disciplinar as atividades humanas em relação ao meio ambiente. O que devemos compreender é que o meio ambiente se tornou um bem jurídico extremamente relevante para toda a sociedade, portanto precisa da mais completa proteção, até porque é dele que advém toda a fonte de produção humana em busca de desenvolvimento. Todavia não pode o aspecto econômico se sobrepor ao social nem ao ambiental, por isso deve haver a harmonização entre esses três pontos, a fim de garantir a subsistência das gerações atuais e preservar os recursos para as gerações futuras. Bem ambiental é aquele que foi definido pela Constituição Federal no seu art. 225, caput, como de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida. Ademais, não cabe mais a divisão na tradicional classificação público x privado, pois passou a integrar uma terceira categoria intermediária, sendo classificado como bem difuso, isto é, pertence a cada um e a todos ao mesmo tempo, não sendo possível identificar seu titular e seu objeto é indivisível. Por fim, candidato(a), atente-se para a definição trazida pelo art. 3°, I, da Lei n° 6.838/81 sobre Meio Ambiente, como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida, em todas as suas formas, pois já foi objeto de questão de prova. 1.2 PRINCÍPIOS Igualmente importante para a preparação em Direito Ambiental é ter conhecimento acerca dos princípios que informam esse ramo jurídico, sendo um dos assuntos mais cobrados nas provas de Delegado de Polícia. Os princípios, como o próprio nome sugere, constituem o início de tudo, a base axiológica de onde parte a compreensão necessária dos conceitos, trazendo valores intrínsecos que servem para balizar as atividades do legislador, do julgador e dos operadores do direito. Pela sua natureza abstrata, facilitam o estudo e a análise de muitos assuntos estanques do direito. São inúmeros os princípios informativos do Direito Ambiental, mas, como o foco aqui é trazer os pontos mais importantes, não esgotaremos a matéria, trazendo o que é imprescindível para acertar as questões de provas. RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 2 2 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br • Princípio do Estado Socioambiental de Direito: conforme ordenado pelo art. 225, caput, da Constituição Federal, são deveres do Poder Público a defesa e a preservação do meio ambiente, o que precisa ser feito através de prestações positivas do Estado, voltadas para a concretização de um ambiente equilibrado, como consequência direta do Estado Democrático de Direito. • Princípio da ubiquidade: ubiquidade é estar em vários locais ao mesmo tempo. Assim, em razão do caráter onipresente dos bens ambientais, esse princípio demanda que haja cooperação entre os povos de todas as partes do mundo para fixação de políticas globais de proteção e preservação do meio ambiente. • Princípio da cooperação dos povos: os Estados Nacionais são soberanos e esse princípio não afeta essa condição, permitindo autonomia a respeito da exploração dos seus recursos naturais. Entretanto, isso deve ser feito de forma responsável, assegurando que as atividades não causem danos a outros Estados. Ademais, todos eles devem congregar esforços positivos (políticas públicas) para promover a preservação. • Princípio do desenvolvimento sustentável: é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades da geração atual sem comprometer as gerações futuras, através do crescimento econômico, da igualdade social e do equilíbrio ambiental. É um dos princípios mais importantes, estando presente em vários diplomas legislativos, a exemplo da Constituição (art. 170, VI), Lei n° 6.938/81 (art. 4°, I), Lei n° 8.666/93 (art. 3°, caput). Lembrar que alguns também o chamam de princípio da solidariedade intergeracional. • Princípio da função ambiental da posse e da propriedade: o exercício desses direitos deve vir acompanhado de preservação ambiental (art. 1228, §1°, CC/02), obrigação propter rem que acompanha o bem, ensejando, consequentemente, o poder da sociedadede exigir do proprietário e do possuidor o cumprimento da responsabilidade ambiental. • Princípio da proibição do retrocesso ambiental: impõe o progresso na tutela jurídica do meio ambiente, não podendo o Estado retroceder no seu exercício, sendo proibido revogar os avanços já alcançados. Pelo viés positivo, deve o legislador buscar aumentar o progresso através de maior alcance jurídico, ao passo que negativamente lhe é vedado voltar atrás nessa progressão (núcleo duro do Direito Ambiental). • Princípio do mínimo existencial ambiental: tem por objetivo garantir padrões mínimos de qualidade ambiental para desenvolvimento sadio da humanidade. • Princípio da participação: é o direito-dever de todos de atuar na defesa do meio ambiente (art. 225, caput). Pode se dar através de vários instrumentos: ação popular, ação civil pública, ONGs, audiências públicas, entre outros (democracia participativa ecológica). A educação ambiental é elementar para esse princípio e foi regulada pela Lei n° 9.795/99. • Princípio da prevenção: é aquele que tem por objetivo impedir a ocorrência de danos ambientais, através da implantação de medidas de cautela em atividades potencialmente poluidoras. É utilizado nos casos em que o risco é PREVIAmente conhecido e existe certeza a respeito da sua ocorrência, exigindo do responsável a garantia de que vai evitar e reparar o dano que é de existência certa. RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 3 3 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br • Princípio da precaução: objetiva impedir danos potenciais que são ainda desconhecidos pela ciência, ou seja, danos desConhecidos e sobre os quais paira inCerteza científica. Não confundir com a prevenção, porque lá os danos são previamente conhecidos, ao passo que aqui os danos são incertos. Segundo o STJ, a inversão do ônus da prova cabe ao interessado na execução da atividade potencialmente poluidora, devendo provar que não vai haver o dano ou provar que as medidas adotadas são suficientes para eliminar ou minimizar os danos. • Princípio do poluidor-pagador: todo aquele que exerce atividades poluidoras deve arcar com os custos das medidas de prevenção (internalização dos custos ambientais), levando para o cálculo dos preços a existência de custos com a reparação do ambiente utilizado. Não se pode pensar tal princípio como a negociação do direito de poluir, pagando pelo que consumir do meio ambiente, pelo contrário, deve funcionar como vetor de conscientização, ao tempo que gera para a sociedade a cobrança dos custos. Esse princípio é largamente mencionado pelo STJ, mormente na fundamentação da teoria do risco integral em matéria de danos ambientais, na inversão do ônus da prova e no dano moral coletivo. • Princípio do protetor-recebedor: é a compensação financeira para aqueles que adotam práticas de preservação ambiental, incentivando ainda mais o seu exercício. • Princípio da responsabilidade: o cometimento de atos que importem em danos ambientais gera para o executor a responsabilidade de reparação, tendo ela também caráter pedagógico na repreensão de outros danos. O art. 225, §3°, da Constituição aduz que as condutas lesivas ao meio ambiente ensejam sanções penais e administrativas, além da reparação do dano. É aqui que entra a discussão a respeito da responsabilização penal da pessoa jurídica, a qual já é largamente aceita pela doutrina e jurisprudência, que não mais se posiciona pela dupla imputação, podendo a pessoa jurídica ser responsabilizada criminalmente independentemente de pessoa física responsabilizada. Ademais, o STJ já pacificou o entendimento de que a responsabilidade pelo dano ambiental é objetiva, independente de culpa, na modalidade de risco integral (REsp 1.374.284). 1.3 TUTELA CONSTITUCIONAL Em matéria Constitucional, o que é importante frisar é que a Constituição de 1988 se preocupou em estabelecer uma harmonia entre os diferentes dispositivos relacionados à proteção do meio ambiente, fazendo a integração entre as normas de natureza econômica e as que protegem os direitos sociais1. O art. 225 é o ponto principal na análise constitucional do Direito Ambiental, o qual traz princípios e regras. É direito de todos o ambiente ecologicamente equilibrado, mas isto é de responsabilidade tanto da sociedade quanto do Poder Público. Extrema atenção para os biomas que foram alçados à categoria de patrimônio nacional (não é federal!), sendo eles (§4°): Floresta Amazônica brasileira, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira [Bizu: FAMA SeM tamanho (PMG) é ZONA]. 1 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 18a Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2016. P. 70. RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 4 4 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br Outro ponto que é bastante recorrente nas provas é o que trata da competência de cada ente federativo em relação ao Direito Ambiental. É um assunto direto e objetivo, que exige a chamada “decoreba”. Vejamos como aprender de vez essa matéria e não esquecer mais: • Competência material exclusiva da União: elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social; instituir sistema nacional de recursos hídricos; instituir diretrizes para desenvolvimento urbano (habitação, saneamento e transporte); explorar atividades nucleares, exercer monopólio sobre minérios nucleares (art. 22, IX, XIX, XX, XXIII, CF). • Competência legislativa privativa da União: águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; jazidas, minas e recursos minerais; populações indígenas e atividades nucleares (art. 22, IV, XII, XIV, XXVI, CF). • Competência material comum: proteger bens de valor cultural, paisagens naturais e sítios arqueológicos; impedir destruição de bens de valor cultural, proteger meio ambiente, preservar florestas; promover programas de construção de moradias, fiscalizar as concessões de exploração de recursos hídricos (art. 23, III, IV, VI, VII, IX e XI, CF). • Competência legislativa concorrente: direito urbanístico, floresta, caça, pesca, fauna, conservação, defesa do meio ambiente e dos recursos naturais, proteção ao patrimônio e responsabilidade por dano ao meio ambiente (art. 24, I, VI, VII e VIII, CF). • Competência dos Municípios: podem legislar sobre todos os aspectos do meio ambiente que guardem respeito ao interesse local (art. 30, I), contanto que respeite as legislações federais e estaduais. A competência é sempre concorrente com a União e Estados. A dica é sempre pensar se é interessante todos os entes serem responsáveis por dada atribuição, ou se realmente se faz necessário que a União tome para si a competência, seja pela complexidade (envolve todo o território nacional) ou pela gravidade (atividades nucleares, por exemplo). F DPC-PA| 2016: Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o princípio da precaução decorre da constatação de que a evolução científica poderia trazer riscos, muitas vezes imprevisíveis ou imensuráveis, a exigir uma reformulação das práticas e procedimentos tradicionalmente adotados por diversas áreas da ciência. Por este motivo, a existência de quaisquer riscos ao meio ambiente decorrentes de incertezas científicas deve produzir imediata paralisia de atividades públicas ou privadas, sem que o princípio da proporcionalidade possa ser aplicado. COMENTÁRIO: Segundo o STF, “o princípio daprecaução é um critério de gestão de risco a ser aplicado sempre que existirem incertezas científicas sobre a possibilidade de um produto, evento ou serviço desequilibrar o meio ambiente ou atingir a saúde dos cidadãos, o que exige que o Estado analise os riscos, avalie os custos das medidas de RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 5 5 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br prevenção e, ao final, execute as ações necessárias, as quais serão decorrentes de decisões universais, não discriminatórias, motivadas, coerentes e proporcionais. O princípio da precaução não é absoluto e sua aplicação não pode gerar temores infundados. O Estado deve agir de forma proporcional. Não há vedação ao controle jurisdicional das políticas públicas quanto à aplicação do princípio da precaução, desde que a decisão judicial não se afaste da análise formal dos limites desse conceito e que privilegie a opção democrática das escolhas discricionárias feitas pelo legislador e pela Administração Pública”. STF. Plenário. RE 627189/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/6/2016 (repercussão geral) (Info 829). 2. POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 2.1 PRINCÍPIOS E OBJETIVOS A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) encontra-se regulamentada pela Lei n° 6.938/81, a qual, inclusive, cria o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). Essa política deve ser encarada como o conjunto dos objetivos, princípios, instrumentos e diretrizes voltados à promoção do desenvolvimento sustentável. O objeto de estudo da PNMA é a qualidade ambiental propícia à vida das presentes e futuras gerações, através da preservação, melhoria e recuperação da natureza e dos ecossistemas. Preservar é impedir a intervenção humana na região, mantendo o estado natural dos recursos; melhorar é permitir a intervenção humana para que realize o manejo adequado e prospere os recursos; e recuperar é permitir a intervenção humana buscando a reconstituição da área degradada, para que volte a ter suas características originais2. Para tanto, a Lei instituiu alguns objetivos fundamentais, no art. 4°, que, de forma prática e direta, são: (a) desenvolvimento sustentável (crescimento socioeconômico aliado à preservação ambiental); (b) definição de áreas prioritárias da ação governamental; (c) fixação de critérios e padrões da qualidade ambiental e normas de uso dos recursos ambientais; (d) desenvolvimento de pesquisas e tecnologias para uso racional dos recursos; (e) difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente e conscientização pública; (f) preservação e restauração dos recursos ambientais; (g) imposição ao poluidor da obrigação de reparar e indenizar os danos e ao usuário que contribua com a utilização dos recursos ambientais. Em relação aos princípios da PNMA, amigo(a) concurseiro(a), temos que eles não se confundem com os Princípios do Direito Ambiental, já que estes são bem mais amplos. No entanto, não é o ponto de maior incidência nas questões, embora recomendemos a leitura do art. 2° da Lei 6.938/81. 2SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de Direito Ambiental. 14a Ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 210. RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 6 6 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br 2.2 INTRUMENTOS DA PNMA Continuando no estudo da PNMA, o legislador se preocupou em estabelecer alguns instrumentos para viabilizar o melhor cumprimento dos objetivos arrolados pela Lei n° 6.939/81. Na lição de José Afonso da Silva, os instrumentos podem ser divididos em três grupos: (a) de intervenção ambiental (incisos I, II, III, IV, V, VI e XIII), que condicionam condutas e atividades, (b) de controle ambiental (incisos VII, VIII e XI), que verificam a observância das normas pelos particulares, e (c) de controle repressivo (inciso IX), constituindo medida sancionatória (civil, penal e administrativa). Desta feita, os instrumentos são as ferramentas com as quais a Administração vai caminhar na busca pela efetiva aplicação das políticas ambientais. Essa é a parte mais importante da Lei, sendo bastante cobrada nas provas de Delegado de Polícia. Sem perder mais tempo, vamos aos principais pontos que devem ser lembrados na hora da prova, para que funcionem como gatilhos de memória no desenvolvimento do seu estudo. Primeiramente temos os padrões de qualidade, os quais consistem nas normas editadas pelo Poder Público, como forma de limitar a atividade humana, a partir da fixação de critérios que adéquem tais atividades à sustentabilidade. Eles estabelecem os níveis máximos permitidos de poluição do ar, da água, dos ruídos no ambiente, do solo e da poluição visual. Em seguida temos o zoneamento ambiental, instrumento cujo objetivo é o de evitar a ocupação desordenada do solo urbano ou rural, fazendo cumprir a função social da propriedade. Assim, o legislador impôs ao Poder Público que delimitasse áreas a serem especialmente protegidas, em todas as unidades da federação, sendo a alteração desses espaços apenas permitida por lei. Vale salientar que não se admite a aplicação da teoria do fato consumado para manter a ocupação irregular dessas áreas, devendo ser desocupadas. Ele poderá ainda impor vedações, restrições e alternativas de exploração a certos empreendimentos e atividades incompatíveis com suas diretrizes. A avaliação de impacto ambiental é o conjunto de estudos preliminares que precedem a instalação de qualquer atividade ou empreendimento potencialmente poluidor, constituindo base para a concessão das diversas licenças requeridas. É um instrumento de atuação prévia do Poder Público, que exigirá o relatório de impacto ambiental (RIMA) quando o empreendimento puder causar degradações ambientais. Não confundir o RIMA com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), pois este coleta todos os materiais e analisa os impactos ambientais, propondo a forma como a obra deverá ser feita, ao passo que o relatório é conclusivo, traduzindo os termos técnicos e analisando o impacto ambiental, para que o órgão competente o analise e decida sobre a possibilidade de seguir em frente na obra. Assim, o RIMA nada mais é que a materialização do EIA. O licenciamento ambiental, segundo o art. 1° da Resolução n. 237/97 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), é o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 7 7 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. A Lei Complementar n° 140/11, por sua vez, conceitua traz os conceitos de atuação supletiva e subsidiária, sendo a primeira a ação do ente federativo que se substitui ao ente originariamente competente para dar a licença e a segunda é quando outro ente da federação se oferece para auxiliar no desempenho das atribuições comuns, quando solicitado pelo órgão competente. Ainda, importante salientar que a licença é um ato administrativo negocial, com prazo de validade pré-estabelecido, e sua ausência quando exigidacaracteriza crime. Em até 120 dias antes do vencimento, deve o interessado requerer a renovação da licença. A competência para concessão das licenças, em geral, é do órgão estadual, contudo isto não dispensa a possibilidade de regulamentação para que outros entes as concedam, a depender da prevalência do interesse no caso. No caso de empreendimento ou atividade, a LC 140/11 aduz no art. 13 que serão licenciados por um único ente federativo, mas isto não impede que os demais atuem supletivamente, conforme permite a própria legislação. Inclusive, o art. 17 determina que, quando o ente licenciador lavrar auto de infração e instaurar processo administrativo, caberá aos demais a determinação de medidas para evitar, cessar ou mitigar a degradação ambiental. Ademais, a Resolução 237/97 estipula as seguintes espécies de licença: (a) licença prévia, com prazo de validade de até 05 anos, (b) licença de instalação, válida em até 06 anos, e (c) licença de operação, válida até 10 anos. As duas primeiras são concedidas preliminarmente, ao passo que a licença de operação somente será concedida depois do efetivo cumprimento das anteriores. Os incentivos à instalação de equipamentos tecnológicos guardam íntima relação com o art. 170, VI da Constituição Federal, que atribui às empresas o dever de instalarem equipamentos que respeitem os padrões ambientais, adquirindo, cada vez mais, produtos com tecnologias menos poluentes. Isto será feito através de incentivos fiscais aos empresários que adotarem as tecnologias verdes, a partir de um projeto apresentado perante um dos órgãos do SISNAMA, para avaliação e aprovação, constando nele a aquisição de equipamentos ambientalmente corretos (art. 12 da Lei 6.938/81). Os espaços territoriais especialmente protegidos englobam as áreas de preservação permanente, as reservas legais e as unidades de conservação. Esse instrumento é decorrência do art. 225, §1°, III da Constituição Federal, o qual impõe ao Poder Público o dever de criar espaços territoriais especialmente protegidos em todas as unidades federativas. Acerca do sistema nacional de unidades de conservação trataremos mais adiante. O sistema nacional de informações sobre o meio ambiente (SINIMA) foi criado com o objetivo de centralizar e sistematizar, em um banco de dados, todas as informações relevantes aos procedimentos administrativos relacionados ao meio ambiente e seus impactos. É direito de todos a informação, inclusive a RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 8 8 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br publicidade dos atos públicos é condição de validade para a produção de seus efeitos, portanto nada mais democrático que a criação de um sistema único e centralizado de dados para facilitar o acesso de todos. Ademais, compete ao Ministério do Meio Ambiente a introdução e a atualização dos dados, desenvolvendo indicadores e estatísticas das informações disponíveis. O Cadastro Técnico Federal está previsto no art. 17, incisos I e II da Lei n° 6.938/81 e será administrado pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis). Esse cadastro tem por objetivo o monitoramento os profissionais que prestam serviços às empresas potencialmente poluidoras. Há duas modalidades de cadastro: (a) Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental, para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a consultoria técnica sobre problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, e (b) Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora. Ainda como instrumento, temos as penalidades disciplinares ou compensatórias, as quais foram disciplinadas pela Lei dos Crimes Ambientais (Lei n° 9.605/98), sobre a qual trataremos mais a frente. Em que pese ser uma lei federal, nada impede a criação de outras penalidades (exceto penais) por legislação estadual e municipal, até porque, como vimos, é competência legislativa concorrente a matéria referente às responsabilidades por dano ambiental (art. 24, VIII, CF). O Relatório de Qualidade Ambiental é o instrumento através do qual se analisa a efetividade das políticas públicas adotadas em matéria de meio ambiente. Nele constarão a situação ambiental e os resultados das políticas adotadas dentro de um ano, sendo divulgado pelo IBAMA. E, por fim, um dos incisos mais cobrados em prova, o que diz respeito aos instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. Os instrumentos econômicos têm por finalidade atribuir os custos do uso dos recursos ambientais a quem realmente os está usando e é matéria recorrente nas provas. Alguns dos instrumentos são: • Concessão florestal: delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado (art. 3°, VII da Lei n° 11.284/06). A mesma lei define o que é unidade de manejo, que constitui basicamente uma área delimitada dentro de uma floresta pública. • Servidão ambiental: amigo(a) concurseiro(a), tenha máxima atenção a essa modalidade, porque ela despenca nas provas de Delegado de Polícia. RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 9 9 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br Fique bem atento e faça a leitura de todo o dispositivo na lei! Então, segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro3, a servidão constitui o direito real de gozo instituído por lei, em propriedade alheia, pelo Poder Público, que o fará em benefício de um serviço público ou de um bem afetado a uma utilidade pública. Assim, o art. 9°-A da Lei n° 6.938/81, incluído pelo Código Florestal, previu a possibilidade de que o proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão integrante do Sisnama, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão ambiental. Assim, o proprietário vai renunciar, em caráter permanente ou temporário, aos direitos de supressão ou exploração da vegetação nativa, a qual está localizada fora da reserva legal e da área de preservação permanente (§2°). Ela deverá ser registrada no Registro de Imóveis e pode ser temporária (mínimo de 15 anos) ou perpétua. Por fim, é possível que o detentor da servidão aliene, cesse ou transfira, o que será feito através de contrato registrado também no Registro de Imóveis (art. 9°-C). • Seguro ambiental: é o contrato de seguro no qual o segurador se compromete, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse do segurado relacionado a algum bem ambiental, contra riscos predeterminados (art. 757, CC). V DPC-DF| 2015: A respeito do licenciamento ambiental,é correto afirmar que, como um dos instrumentos da política nacional do meio ambiente, consiste em procedimento administrativo decorrente do poder de polícia ambiental, destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental. 2.3 SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (SISNAMA) O Sistema Nacional do Meio Ambiente é o conjunto de órgãos e instituições vinculadas ao Poder Executivo que, nos níveis federal, estadual e municipal, são encarregados da proteção ao meio ambiente, conforme definido em lei4. Embora cada Poder da República tenha atribuições importantes a serem desempenhadas na elaboração das políticas públicas ambientais, o mais relevante fica a cargo do Executivo. Aos órgãos integrantes do SISNAMA compete precipuamente o exercício do poder de polícia na fiscalização das atividades potencialmente poluidoras. São divididos em vários níveis, vejamos: • Órgão superior: é o Conselho do Governo, diretamente vinculado ao Presidente da República, tendo por finalidade o seu assessoramento na elaboração das políticas ambientais. Esse conselho é composto por todos os Ministérios da Presidência, implementando programas e ações que ultrapassam a competência de um só Ministério. 3 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 29a Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016, p. 190. 4 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 18a Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2016, p. 127. RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 10 10 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br • Órgão consultivo, deliberativo, normativo: é constituído pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Amigo(a), este é o órgão que mais é cobrado nas provas, então bastante atenção neste ponto. Esse órgão vai assessorar o Conselho de Governo (superior), propondo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e recursos naturais. O CONAMA é presidido pelo Secretário do Meio Ambiente e as suas competências estão arroladas no art. 8° da Lei 6.938/81, o qual vale a pena ser lido com cuidado. Ele tem o apoio de 11 Câmaras Técnicas que analisam assuntos específicos e levam ao plenário para deliberação. Vale salientar que, no art. 20 da Resolução 237/97 do CONAMA, está previsto que na composição dos conselhos ambientais deve ser obrigatória a participação da sociedade civil, reforçando sua atuação na PNMA. • Órgão central: é constituído pelo Ministério do Meio Ambiente, ao qual compete a preservação, conservação e fiscalização do uso racional dos recursos naturais. • Órgão executor: é constituído pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), autarquias federais ligadas ao Ministério do Meio Ambiente que têm a finalidade de executar ações de política nacional ambiental. • Órgãos setoriais: são constituídos pelos órgãos da Administração Pública direta e indireta voltados à proteção do meio ambiente. • Órgãos seccionais: são constituídos pelos órgãos estaduais responsáveis por programas ambientais que digam respeito ao seu âmbito de competência. • Órgãos locais: são as unidades municipais responsáveis por programas ambientais mais direcionados, voltados ao interesse local do Município. Conforme se percebe, os órgãos do SISNAMA compreendem uma estrutura dividida em níveis, a depender do âmbito de abrangência das competências de cada entidade federativa. Em que pese as críticas ao sistema, por ineficácia e por falta de atuação dos órgãos, para sua prova o que precisa saber é o que está acima, dando uma olhada acurada nos dispositivos legais, a fim de firmar o conteúdo que foi trazido aqui. 3. LEGISLAÇÃO BRASILEIRA FLORESTAL 3.1 CÓDIGO FLORESTAL (LEI N° 12.651/12) Inicialmente, a fim de criar um breve contexto histórico, vale dizer que, antes do primeiro Código Florestal, a proteção do meio ambiente era feita pelo Código Civil e poucas legislações esparsas. Surgiu então em 1934 o primeiro Código Florestal, depois reeditado em 1965. Finalmente, com a Lei n° 12.651/12, surge o novo Código Florestal, que sofreu muitas críticas, em razão dos retrocessos operados pelas pressões ruralistas, violando o princípio da vedação ao retrocesso. Para além das discordâncias e dos importantes debates doutrinários, nos cabe aqui apresentar os pontos relevantes para a realização da sua prova. As florestas existentes no país constituem bens de interesse comum de todos, portanto o exercício do direito de propriedade deve ser feito com as RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 11 11 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br limitações impostas pela legislação pertinente, sob pena de arcar o proprietário com as sanções administrativas, civis e penais previstas. Tal obrigação, de preservar e respeitar o meio ambiente na exploração da propriedade estende-se aos sucessores de qualquer natureza, ou seja, aqueles que adquirirem a propriedade permanecem incumbidos do dever de preservá-la (art. 2°). Com base nisso, o Código criou alguns espaços territoriais especialmente protegidos, vejamos. 3.1.1 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE Segundo traz o art. 3°, II, da Lei, a Área de Preservação Permanente (APP) é área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Atente-se para as expressões em negrito, porque constituem as finalidades das APP, e costumam cair em provas. As áreas de preservação permanente são divididas em áreas legais e áreas administrativas. As primeiras são aquelas previamente definidas na lei, ou seja, aquelas constantes do art. 4° do Código Florestal, que inclusive vale a pena ser lido com bastante calma. De outra sorte, as áreas administrativas estão previstas no art. 6° do Código e dizem respeito àquelas regiões que vão ser declaradas como de interesse social pelo Chefe do Poder Executivo, contanto que se destine a alguma das finalidades dos incisos subsequentes ao caput. Essa diferenciação é importante, já que apenas as APP administrativas admitem a discussão sobre eventual indenização ao proprietário que teve que suportá-la, tendo em vista ter sido feita em caráter individual, apenas se tiver havido prejuízo. Isto se justifica porque a APP legal é restrição imposta a todos, de forma geral e abstrata, portanto não há que se falar em indenização. Querido(a) amigo(a) concurseiro(a), isto é entendimento do STJ5 e já foi questão de prova, então bastante atenção! Os incisos I e II do art. 4° tratam basicamente das áreas no entorno de qualquer curso d’água natural, perene e intermitente (excluídos os efêmeros), e das áreas nos entornos de lagos e lagoas naturais. As alíneas desses incisos trazem a relação entre o tamanho da APP para com o tamanho do curso d’água.O inciso III dispõe que serão APP as áreas situadas no entorno dos reservatórios de águas artificiais, decorrentes de represamento de cursos d’água naturais, sendo basicamente as áreas que estão ao redor das represas de água. Entretanto, somente serão APP os entornos dos reservatórios de água que decorram de barramento ou represamento de cursos de águas naturais. Apenas para complementar, oart. 2°, I, da resolução n° 302 do CONAMA, define reservatório artificial como toda acumulação não natural de água destinada a quaisquer de seus usos. 5 “Sendo imposições de natureza genérica, as limitações administrativas não rendem ensejo a indenização, salvo comprovado prejuízo” (REsp 1233257 / PR; RECURSO ESPECIAL 2011/0020176-7 Relator(a) Ministra ELIANA CALMON (1114); Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA; Data do Julgamento 16/10/201). RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 12 12 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br No período de estiagem, quando alguns reservatórios naturais de água se retraem, é permitido às populações ribeirinhas que façam o plantio de culturas temporárias e sazonais de ciclo curto nessas áreas que foram expostas pela menor vazão do rio. Contanto, isto deve ser feito de forma que não importe em supressão de novas vegetações e que seja conservada a qualidade da água e do solo. Nos imóveis de até 15 módulos fiscais, admite-se que seja praticada a aquicultura (produção de organismos aquáticos, como criação de peixes) e seja instalada a infraestrutura necessária a ela. Todavia, para tanto, são imprescindíveis alguns requisitos: (a) adoção de práticas sustentáveis de manejo dos recursos, (b) estar de acordo com os planos de bacia ou plano de recursos hídricos, (c) realização do licenciamento pelo órgão competente, (d) inscrição do imóvel no Cadastro Ambiental Rural, e (e) ausência de novas supressões à vegetação. Na implantação de reservatório de água artificial destinado a geração de energia ou abastecimento público, ao empreendedor é obrigatória a aquisição, desapropriação ou instituição de servidão administrativa nas APP localizadas no entorno, conforme estabelecido pelo licenciamento ambiental. Ademais, é exigido ainda do empreendedor que elabore o Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial, em conformidade com o termo de referência expedido pelo SISNAMA, não podendo o uso exceder a 10% da APP. Esse plano deverá ser apresentado junto com o Projeto Básico Ambiental nas licitações que sucederem ao Código Florestal. Por fim, é permitido que se realizem atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil para prevenção de acidentes em áreas urbanas, sendo, nestes casos, dispensada a autorização para intervenção e supressão de APP. 3.1.2 RESERVA LEGAL Agora trataremos do segundo tópico mais importante dentro do Código Florestal. O conceito de Reserva Legal é trazido pelo art. 3°, III, como sendo a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa. O percentual da reserva legal depende do bioma no qual o terreno está situado, podendo ser na Floresta Amazônica, no cerrado, campos gerais e outros. Vale salientar, todavia, que são três as hipóteses que não exigem a manutenção de reserva legal: (a) os empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto, (b) as áreas adquiridas por detentor de concessão, permissão ou autorização para exploração de potencial de energia hidráulica, e (c) as áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de capacidade de rodovias e ferrovias. Fique ligado(a) porque normalmente caem no concurso! RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 13 13 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br É possível o cômputo da APP no cálculo do percentual da Reserva Legal do imóvel, desde que (a) o benefício não implique em conversão de novas áreas para uso alternativo do solo, (b) a área a ser computada esteja conservada ou em recuperação, (c) proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no CAR (Cadastro Ambiental Rural). Concurseiro(a), isto cai bastante em prova, e o pior, para confundir o candidato, a banca inverte a afirmativa, dizendo que o percentual da reserva legal poderá ser computado na APP, então cuidado!!! A escolha da localização da reserva levará em conta: (a) plano de bacia hidrográfica, (b) Zoneamento Ecológico-Econômico, (c) formação de corredores ecológicos com outra reserva, APP, unidade de conservação ou outra área protegida, (d) áreas de maior importância para biodiversidade, e (e) áreas de maior fragilidade ambiental. É possível haver a exploração econômica da área de reserva, mediante manejo sustentável, contanto que haja prévia autorização do SISNAMA. A área de reserva legal deve ser registrada por meio da inscrição no CAR, sendo vedada a sua alteração em caso de transmissão da propriedade, já que implica em sub- rogação das obrigações assumidas. O manejo sustentável é a administração da vegetação natural de forma responsável e pode ser destinado ao a) consumo na propriedade e b) para exploração com propósito comercial. No caso de consumo na propriedade, dispõe o art. 23 do Código Florestal que independe de autorização dos órgãos competentes, devendo apenas informar previamente a motivação e o volume explorado. Por outro lado, no caso de existir propósito comercial, depende de autorização, devendo seguir as obrigações impostas pelo art. 22, ou seja,não descaracterizar a vegetação, assegurar a manutenção das espécies e conduzir o manejo de espécies exóticas. 3.1.3 OUTROS TEMAS IMPORTANTES DO CÓDIGO FLORESTAL O Cadastro Ambiental Rural (CAR) foi criado através da Lei n° 12.651/12 e é obrigatório para todos os imóveis rurais, tendo por objetivo a integração das informações ambientais, para fins de controle e monitoramento. Mas é importante destacar que, se a reserva legal já tiver sido averbada na matrícula do imóvel, não mais se exige que se leve ao CAR o detalhamento sobre a identificação do imóvel (art. 29, §1°, III), devendo o proprietário comprovar que já o fez no registro de imóveis. Isto é um assunto importante, amigo(a), porque no Código anterior se exigiam as duas averbações, mas hoje uma é suficiente, então a banca pode tentar te confundir! A exploração de florestas nativas de domínio público ou privado somente poderá ser feita após licenciamento do órgão competente do SISNAMA, que ficará encarregado de analisar o Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) elaborado pelo interessado, no qual conterá todas as informações da situação atual do terreno a ser submetido à exploração, bem como o detalhamento do manejo a ser feito e das formas de reposição florestal. A licença permite então a RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 14 14 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br prática do manejo sustentável, devendo o proprietário enviar anualmente relatório de suas atividades realizadas. No caso de propriedades rurais familiares, o PMFS será feito através de procedimento simplificado. Todavia, estão isentas de apresentar o referido Plano: (a) a supressão de florestas para uso alternativo do solo, (b) a exploração de áreas localizadas fora da APP, e (c) a exploração florestal não comercial nas propriedades rurais. Ainda, também muito importante, é o controleda origem dos produtos florestais, que será feito por sistema nacional integrado de dados dos diferentes entes federativos, organizado pelo SISNAMA e de acesso disponível ao público. Segundo o Código Florestal, o plantio ou reflorestamento com espécies florestais nativas ou exóticas independem de autorização, devendo apenas ser informado aos órgãos competentes para fins de controle de origem. Ainda, é livre a extração de produtos que não sejam decorrentes de APPs. Também é manifestação do controle o Documento de Origem Florestal (DOF), que é exigido para o transporte e armazenamento de produtos florestais, através de prévio licenciamento do SISNAMA. Por fim, a prática do comércio interno de plantas vivas e de outros produtos da flora nativa exige licença do órgão estadual e Cadastro Técnico Federal, e a exportação desses precisa de licença do órgão federal. Dando seguimento, o art. 38 do Código versa sobre a proibição do uso de fogo e controle de incêndios. A regra é a proibição, todavia, há casos em que será permitida, como: (a) em práticas agropastoris e florestais, mediante prévia autorização, (b) queima controlada em unidades de conservação, conforme o plano de manejo e prévia autorização, e (c) atividade de pesquisa científica, após autorização. Ainda, estão fora dessa proibição as atividades de combate aos incêndios e as de agricultura de subsistência praticada pelos indígenas. E o que acontece com quem provoca o desmatamento ilegal? O órgão competente, quando tiver conhecimento da atividade ilícita, deverá embargar a obra, propiciar a regeneração do meio ambiente e dar viabilidade à recuperação da área. Avançando no conteúdo, já finalizando a parte relacionada ao Código Florestal, vamos tratar da Agricultura Familiar e do regime diferenciado que a permeia. Segundo o art. 3°, V, a pequena propriedade ou posse rural familiar é aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de reforma agrária, e que atenda ao disposto no art. 3° da Lei n° 11.326, de 24 de julho de 2006. Assim, o art. 52 permite que haja, nessas propriedades, a intervenção e a supressão de vegetação em APP e em Reserva Legal para as atividades de baixo impacto, precisando apenas de simples declaração. Para esses proprietários, deve haver o Registro no CAR, mas ele será gratuito e seguirá procedimento simplificado. Também terá procedimento simplificado o licenciamento ambiental de Plano de Manejo Florestal Sustentável de atividade sem propósito comercial, para suprimento local e uso do próprio imóvel. Por fim, caro(a) amigo(a), com o objetivo de viabilizar tudo isto, o Código conferiu ao Poder Executivo Federal a autorização para instituir incentivos à RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 15 15 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br conservação do meio ambiente, bem como à adoção de tecnologias redutoras de impactos ambientais. As medidas previstas versam basicamente sobre: (a) pagamento ou incentivo a serviços ambientais, a exemplo de retribuição, monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas e que gerem serviços ambientais, (b) compensação pelas medidas de conservação ambiental necessárias para o cumprimento dos objetivos desta Lei, (c) incentivos para comercialização, inovação e aceleração das ações de recuperação, conservação e uso sustentável das florestas e demais formas de vegetação nativa. F DPC-DF| 2015: Com relação à área de preservação permanente e à reserva legal previstas no Código Florestal, é correto afirmar que a configuração, como área de preservação permanente, de área coberta com florestas ou outras formas de vegetação somente ocorrerá por meio de lei em sentido formal. 3.2 MATA ATLÂNTICA (LEI N° 11.428/06) A mata atlântica possui a maior biodiversidade do mundo e é um dos principais biomas brasileiros, cobrindo boa parte do litoral do país. Após muita luta, foi editada a Lei n° 11.428/06, que dispõe sobre utilização e proteção desse bioma. Conforme aduz o art. 2° da Lei, consideram integrantes da mata atlântica: (a) Floresta Ombrófila Densa, (b) Floresta Ombrófila Mista (Mata de Araucária), (c) Floresta Ombrófila Aberta, (d) Floresta Estacional Decidual, (e) manguezais, (f) restingas, (g) campos de altitude, (h) brejos, e (i) encravos florestais nordestinos. ATENÇÃO: ombrófila é a espécie vegetal que depende de águas pluviais abundantes e constantes. O objetivo geral da Lei é o desenvolvimento sustentável e o objetivo específico é a salvaguarda da biodiversidade, da saúde humana, entre outros valores ambientais. Vale dizer que as áreas de mata atlântica podem ser computadas para fins de Reserva Legal e, ainda, se houver excedente, pode ser usado para fins de compensação ambiental, institutos previstos no Código Florestal. A exploração da mata atlântica será feita de forma diferenciada, conforme seja vegetação primária ou secundária (nesta leva-se em conta o estágio de regeneração), sendo que essa classificação será feita pelo CONAMA. Ademais, em caso de implantação de novos empreendimentos, deverão ser fixados preferencialmente em áreas substancialmente alteradas ou degradadas. Atenção, candidato(a), isto já foi cobrado em prova!!! Ficar atento também para o fato de que, o corte e a supressão serão excepcionalmente autorizados, apenas quando envolver obras, projetos ou atividades de utilidade pública, pesquisa científica e práticas de conservação. RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 16 16 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br F DPC- PA| 2016: A vegetação primária ou a vegetação secundária em qualquer estágio de regeneração do Bioma Mata Atlântica não perderão esta classificação nos casos de incêndio, desmatamento ou qualquer outro tipo de intervenção não autorizada ou não licenciada, salvo nos casos constantes do rol taxativo previsto na Lei n° 11.428/2006. 3.1 SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO (LEI N° 11.284/06) As florestas e seus recursos foram alçados à condição de bem ambiental, devendo ser preservadas e cumprir a função social, ultrapassando a noção de propriedade privada. Assim, surge a Lei n° 11.284/06 com vistas a viabilizar os recursos florestais na forma de produtos e serviços a serem consumidos de forma racional e sustentável. A Lei de Gestão Florestal garante a preservação ambiental ao mesmo tempo em que estimula investimentos de longo prazo no manejo, conservação e recuperação da floresta, através das modalidades: (a) gestão direta pelos entes (criação de florestas nacionais, estaduais e municipais), (b) destinação das florestas públicas à comunidade local, e (c) concessão florestal. A concessão é a que mais aparece nas provas, consistindo em contrato celebrado por prazo determinado e após prévia licitação, que outorga delegação onerosa do direito de praticar manejo florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco. Lembrar que a lei veda a contratação direta através de inexigibilidade nos moldes do art. 25 da Lei de Licitações. Essas concessões serão algo de auditorias florestais, a fim de verificar (a) regular cumprimento contratual, (b) deficiências sanáveis, e (c) irregular cumprimento, passível desanções. Ainda, qualquer pessoa física ou jurídica poderá verificar se está sendo cumprido o contrato, contanto que tenha autorização e esteja assistida por profissionais. O serviço florestal brasileiro (SFB) foi criado pela Lei e está vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, atuando exclusivamente na gestão florestal. Vale dizer que o art. 67 prevê a possibilidade de realização de contrato de gestão entre o SFB e o Poder Executivo, a fim de que o órgão adquira maior autonomia em troca de prestação de serviços mais eficiente, nos moldes do art. 37, §8° da CF. Esse contrato será o instrumento de controle das atividades do órgão, no qual estarão previstos indicadores de avaliação, sendo esta realizada periodicamente. RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 17 17 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br Princípio da prevenção x precaução Frisando bem esse assunto, lembrar que a prevenção é PRÉVIA e a precaução é INCERTA. Princípio do poluidor- pagador Esse princípio não permite que sejam negociadas atividades poluidoras, mas exige a internalização dos custos ambientais. Patrimônio Nacional Floresta Amazônica brasileira, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira [Bizu: FAMA SeM tamanho (PMG) é ZONA]. PNMA O objeto de estudo da PNMA é a qualidade ambiental propícia à vida das presentes e futuras gerações, através da preservação, melhoria e recuperação da natureza e dos ecossistemas. A PNMA é composta de princípios, objetivos e instrumentos. Servidão Ambiental É um instrumento da PNMA que consiste na abdicação da exploração de parcela do terreno para proteção ambiental. Pode ser temporária ou permanente e precisa ser registrada para sua eficácia perante terceiros. SISNAMA É o conjunto de órgãos vinculados ao Poder Executivo e distribuídos em níveis, espalhados por todos os entes federativos, responsáveis pela tutela ambiental. Áreas de preservação permanente Espaços cobertos ou não por vegetação nativa, mas com objetivo de preservar os bens ambientais existentes no terreno. Reserva Legal É o espaço florestal que deve ser preservado, dentro de uma propriedade rural. CAR x Registro de Imóvel Se a reserva legal já tiver sido averbada na matrícula do imóvel, não se exige nova averbação no CAR. Mata Atlântica As áreas de mata atlântica podem ser computadas para fins de Reserva Legal e de implantação de novos empreendimentos, deverão ser fixados preferencialmente em RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 18 18 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br áreas substancialmente alteradas ou degradadas. Lei de Gestão Ambiental A lei garante a preservação ambiental ao mesmo tempo em que estimula investimentos, através de gestão direta, destinação à comunidade local e concessão florestal. SFB Órgão criado pela Lei de Gestão Ambiental, estando vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e atua exclusivamente na gestão florestal. RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 19 19 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br QUESTÕES INÉDITAS 1) O Meio Ambiente foi alçado pelo artigo 225 da Constituição Federal a bem jurídico de uso comum do povo, o qual deve ser defendido e preservado pelo Poder Público e pela coletividade. Com base no regramento dado pelo ordenamento jurídico ao meio ambiente, julgue as seguintes assertivas: a) Uma empresa solicita ao órgão ambiental competente a licença para início de seu empreendimento. Recebe então como resposta que a atividade em questão é considerada como potencialmente causadora de degradação do meio ambiente, portanto deve a empresa proceder a prévio estudo de impacto ambiental. Diante do caso narrado, é possível dizer que houve a manifestação do princípio da precaução. b) A Política Nacional do Meio Ambiente é regida por meio de instrumentos, dentre os quais se encontra a servidão ambiental, instrumento econômico. Segundo aduz a Lei n° 6.938/81 (PNMA), a servidão constitui a renúncia do proprietário de terreno total ou parcial de sua propriedade para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, inclusive nas Áreas de Preservação Permanente. c) Considera-se Reserva Legal, em zonas rurais ou urbanas, as áreas no entorno dos reservatórios de água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento. Ademais, todo imóvel rural deve manter área com cobertura vegetal nativa, a título de Área de Preservação Permanente, sem prejuízo das áreas de Reserva Legal. d) A gestão do patrimônio florestal brasileiro, em especial das florestas públicas, é disciplinada em lei ordinária, comumente chamada de Código Florestal. e) A gestão de florestas públicas nacionais é dividida em três modalidades: a concessão florestal ao setor privado, a destinação de florestas públicas às comunidades locais, além da gestão direta governamental pelo órgão competente integrante do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Comentários: a) (F) CUIDADO!!!! A questão confunde os conceitos dos princípios da precaução e da prevenção. O item fala que o órgão ambiental alertou a empresa para realizar estudos de uma atividade que “é considerada” potencialmente causadora de danos, portanto demonstra que já conhece a prática, sendo manifestação clara do princípio da prevenção. b) (F) O item está praticamente todo correto, conforme dicção do art. 9°-A da Lei n° 6.938/81, no entanto, ao observar o §3° do mesmo artigo, temos que as servidões não serão instituídas nas Áreas de Preservação Permanente e nas RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 20 20 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br Reservas Legais, vez que já existe proteção, portanto desnecessária a servidão. c) (F) Aqui cuidado, pois, propositadamente, troquei os conceitos de APP e de Reserva Legal, uma vez que, pela denominação, fica muito fácil confundir. Lembre-se: as APP são impostas quando o próprio terreno já possui elementos naturais que exigem essa proteção ao redor (ex: cursos d’água, reservatórios de água, nascentes), ao passo que a Reserva Legal é uma parcela do terreno que possui cobertura vegetal que será protegida, considerando a localização da propriedade. d) (F) A gestão das florestas públicas é disciplinada pela lei ordinária 11.284/06, que não se confunde com o Código Florestal (Lei 12.651/12). e) (V) Correta. Exata redação do art. 4° da Lei n° 11.284/06. 2) Com base nas legislações brasileiras florestais, julgue os seguintes itens: I. Nas áreas passíveis de uso alternativo do solo, a supressão de vegetação que abrigue espécie da flora ou da fauna ameaçada de extinção, segundo lista oficial, ou espécies migratórias, dependerá da adoção de medidas compensatórias e mitigadoras que assegurem a conservação da espécie. II. O corte, a supressão e a exploração do bioma da Mata Atlântica sempre deverão ser precedidos de autorização pelos órgãos competentes, a qual independe da forma de vegetação presente no terreno. III. O Serviço FlorestalBrasileiro é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e atua na gestão das florestas públicas, ficando responsável também por realizar a licitação e a concessão das licenças ambientais. Comentários I. (V) Redação do art. 27 do Código Florestal. Assim, se o uso alternativo do solo já é algo excepcional e que depende de autorização, quanto mais em regiões com animais em extinção, devendo haver, nesses casos, medidas compensatórias. II. (F) Caro(a) candidato(a), o art. 9° da Lei 11.428/06 permite que haja exploração da mata atlântica por populações tradicionais e pequenos produtores rurais, quando não houver caráter comercial, portanto não é sempre que se exige autorização. Ademais, as práticas referidas vão ter diferentes tratamentos a depender da vegetação se é primária ou secundária e qual o estágio de regeneração (art. 8°). III. (F) O SFB atua exclusivamente na gestão das florestas, sendo que a concessão das licenças ambientais é incumbência de outros órgãos vinculados aos entes federativos a exemplo do IBAMA, portanto não confunda! 3) Sobre o licenciamento ambiental é correto afirmar que: a) É um ato administrativo concedido por qualquer órgão ambiental, após a realização do requerimento pelo interessado, podendo ser feito a qualquer tempo. b) Uma vez preenchidos os requisitos, o licenciamento será concedido por prazo indeterminado. RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 21 21 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br c) A licença ambiental concedida possui caráter temporário, devendo ser requerida renovação após o término do prazo pré-estabelecido. d) Considera-se atuação subsidiária a ação do ente da Federação que visa a auxiliar no desempenho das atribuições decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo originariamente detentor das atribuições definidas na Lei. Comentários: a) (F) A licença é ato administrativo negocial e a sua concessão será feita pelo órgão previamente competente. Ademais, a depender do tipo de licença, deverá ser concedida antes do empreendimento e não depois, a exemplo da licença prévia. b) (F) Cuidado, o preenchimento dos requisitos deverá ser sempre auferido pelo órgão fiscalizador, portanto uma vez irregulares, poderá ser cassada a licença. Além disso, toda licença possui prazo determinado. c) (F) Olha a pegadinha sutil. A alternativa diz que a renovação será requerida após o prazo, mas deve ser em até 120 dias antes do vencimento. d) (V) Exato teor do art. 2°, III da LC 140/11. RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 22 22 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br 4. SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO 4.1 INTRODUÇÃO Em cumprimento ao art. 225, §1°, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, a Lei n° 9.985/00 instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), o qual é composto pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e municipais. Além disso, ela conceituou as unidades de conservação como sendo o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. O artigo 6° da Lei traz os órgãos que compõem o SNUC: (a) órgão consultivo, o CONAMA, (b) órgão central, o Ministério do Meio Ambiente, e (c) órgãos executores, o ICMBio e o IBAMA. As unidades podem ser públicas ou privadas e constituem uma parcela da fauna e da flora que serão protegidas pelo Poder Público. O artigo 22 da Lei define as normas obrigatórias para que a Administração realize a afetação dos espaços, devendo ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública. Todavia, estes requisitos não são necessários na criação de Estações Ecológicas e Reservas Biológicas. Inclusive, vale salientar que o STF tem se posicionado a favor da nulidade da criação das unidades quando não precedida dos requisitos (MS 24184), ao passo que o STJ não faz essa exigência. Ainda, importante destacar que cada unidade de conservação deve elaborar um Plano de Manejo, feito em parceria com as populações envolvidas e no prazo máximo de 05 anos, a partir da criação da unidade, devendo conter: (a) a área da unidade, (b) zona de amortecimento e (c) corredores ecológicos. V DPC-PA| 2016: A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e oportuno, prestarão orientação técnica e científica ao proprietário de Reserva Particular do Patrimônio Natural para a elaboração de um Plano de Manejo ou de Proteção e de Gestão da unidade. 4.2 TIPOS E FUNÇÕES Agora, trataremos dos tipos de unidades de conservação de forma a trazer todas elas, mas com breves conceitos de cada uma. Inicialmente a primeira divisão é feita entre: (a) Unidades de Proteção Integral, que tem por objetivo a preservação da natureza, sendo permitindo apenas o uso indireto de seus recursos, e (b) Unidades de Uso Sustentável, nas quais se intenta compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela da unidade. Com relação às Unidades de Proteção Integral, estas se dividem em: RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 23 23 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br • Estação Ecológica: têm por objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. São áreas tão importantes que devem ser praticamente intocadas e somente podem ser instituídas em áreas públicas, devendo ser desapropriadas as áreas particulares incluídas nesse espaço. Aqui as alterações dos ecossistemas somente são autorizadas nos casos de: (a) restauração, (b) manejo de espécies para preservá-las, (c) coleta de componentes para estudos, e (d) pesquisas científicas. • Reserva Biológica: é unidade de conservação que tem por objetivo a preservação integral dos recursos em seus limites. As suas áreas são de domínio público, portanto, se recaírem sobre propriedade privada, deverão estas ser desapropriadas. São proibidas visitações e pesquisa científica na área, exceto para fins educacionais e nas condições permitidas. • Parque Nacional: é o modelo de unidade mais conhecido, porque se destina tanto à preservação e estudo científico, quanto ao lazer da sociedade. Também se localiza em áreas de domínio público, sendo desapropriadas as propriedades particulares nele inseridas. Os parques têm por objetivo preservar ecossistemas de grande relevância ecológica e beleza cênica. • Monumento Natural: essas unidades são aquelas que protegem sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. Aqui há um detalhe importante, pois podem ser constituídos em áreas públicas e particulares, todavia nestas deve haver o consentimento do proprietário, para que compatibilize os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos. Se não houver o assentimento, será desapropriada a área, simples assim. • Refúgio de Vida Silvestre: são espaços apropriados para existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da faunaresidente ou migratória. Nesse caso também é possível ser instalada em propriedade privada, todavia, da mesma forma que nos Monumentos, se não houver a concordância do proprietário, será desapropriada a área. Já com relação às Unidades de Uso Sustentável, temos: • Área de Proteção Ambiental (APA): são espaços protegidos, mas não são áreas intocáveis, já que admitem ocupação humana. De acordo com o art. 15 da Lei, a APA tem por objetivos: (a) proteger a diversidade biológica, (b) disciplinar o processo de ocupação e (c) assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Ela pode ser implantada em áreas públicas ou particulares, mas só haverá direito à indenização nos casos de desapropriação indireta, isto é, quando a sua instituição causar o encerramento de atividades econômicas no local, devidamente comprovado. Quando recair sobre propriedade privada, cabe ao proprietário a definição das regras para visitação e pesquisa pelo público. Ademais, deve ser criado um Conselho presidido pelo órgão administrativo, com representação pública e das organizações da sociedade. • Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIL): são regiões que abrigam características naturais extraordinárias ou exemplares raros da biota regional, tendo por objetivo sua manutenção. Podem ser instituídas em áreas públicas ou privadas, compatibilizando os interesses. RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 24 24 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br • Floresta Nacional: é uma área com cobertura florestal de espécies nativas, se destinando ao uso sustentável e à pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração das próprias florestas. É estabelecida em áreas de domínio público, portanto as terras particulares serão desapropriadas. Todavia, isto não impede que as populações já residentes permaneçam ali, sendo isto delimitado no Plano de Manejo. Poderão ser instituídas nos estados e municípios também. • Reserva Extrativista: são regiões ocupadas por extrativistas tradicionais, que sobrevivem através da agricultura de subsistência, tendo por objetivo proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, ao mesmo tempo em que protege os recursos naturais. É uma região de domínio público, portanto as áreas privadas serão desapropriadas. A reserva será gerida por um Conselho Deliberativo, composto pelo órgão instituidor, organizações da sociedade e do poder público. A visitação e pesquisa são permitidas nos limites do Plano de Manejo, aprovado pelo Conselho. Ademais,são proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadora ou profissional. Por fim, a regra é que a exploração madeireira seja vedada, mas se estiver dentro das previsões do Plano de Manejo, poderá ser feita. • Reserva de Fauna: como o próprio nome diz, constitui área na qual se estabeleceram espécies animais nativas, que são adequadas para o estudo científico, sobre o seu manejo econômico sustentável. São áreas de domínio público, sendo as privadas desapropriadas. É possível comercializar os produtos e subprodutos resultantes das pesquisas, conforme regime legal. Por fim, vedada a caça amadora ou profissional na região. • Reserva de Desenvolvimento Sustentável: são áreas naturais que abrigam populações tradicionais, que vivem em harmonia com o ambiente, portanto a reserva tem por objetivo preservar a natureza e promover o adequado desenvolvimento dos habitantes. Não confundir com as reservas extrativistas e com as áreas de proteção ambiental. Também é de domínio público e as áreas privadas serão desapropriadas. • Reserva particular do Patrimônio Natural: é uma área privada (atenção, é a única área inteiramente privada!!!) com o objetivo de conservar a diversidade biológica, sendo feita através de termo de compromisso entre o proprietário e o órgão ambiental, averbado no Registro de Imóveis. Nela somente são permitidas as atividades de pesquisa e de visitação pública. Como se vê, são várias as espécies, muitas delas semelhantes. Portanto, é de extrema importância que você consiga fixar pelo menos os termos destacados, para fazer a diferenciação na hora da prova. F DPC-PA| 2013: O Sistema Nacional de Unidades de Conservação, criado pela Lei 9985/2000, estabelece as Unidades de Conservação de Uso Sustentável e de Proteção Integral. A Floresta Nacional é uma unidade de conservação de proteção integral. RE NA TA LE VA LE SS I C PF :19 0.6 55 .85 8-2 6 re na tal ev ale ss i@ ho tm ail .co m (11 ) 94 770 -03 26 = 25 25 Estude inteligente, estude Ad Verum www.adverum.com.br 4.3 COMPENSAÇÃO A compensação ambiental é um instituto voltado à reparação de danos, realizado de forma econômica. Ocorre que nem todos os danos ambientais são passíveis dessa medida. Explica-se. Segundo Paulo de Bessa Antunes6, existem três tipos de danos: (a) danos reparáveis, os quais são reversíveis, a partir de políticas de recuperação do ambiente, (b) danos mitigáveis, que são quase insignificantes, podendo técnicas adequadas fazê-los desaparecer, e (c) danos compensáveis, os quais não podem ser reparados ou mitigados, mas são compreensíveis, em razão dos benefícios que trazem. Somente tem sentido falar da compensação desses últimos, porque, nos dois primeiros, há medidas outras que podem ser feitas. Na Lei n° 9.985/00, o legislador estabeleceu, no art. 36, uma presunção legal de dano compensável nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo impacto ambiental, obrigando o empreendedor a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação. Assim, da leitura dos parágrafos, é possível observar que o empreendedor deverá destinar no mínimo meio por cento dos custos totais da implantação da obra para a compensação, percentual este que será definido pelo órgão ambiental licenciador. Ainda, este mesmo órgão irá definir quais as unidades de conservação a serem beneficiadas, considerando o que foi definido no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), podendo inclusive ser criadas novas unidades. Por fim, se o empreendimento afetar unidade de conservação específica, o órgão ambiental responsável pela definição será aquele que detém a administração da área, e ela será uma das beneficiárias dos recursos da compensação. 5. BIODIVERSIDADE A biodiversidade é constituída pela grande variedade de organismos vivos no planeta Terra, recebendo especial tratamento pela Constituição Federal Brasileira no art. 225, §1°, II, IV e V. Por outro lado, biopirataria é a transferência de algum dos organismos da biodiversidade presente em um país para outro. A proteção da biodiversidade é emergente em razão da enorme pressão que ela recebe pela exploração humana desenfreada. Fatores como desmatamento, queimadas, mudanças climáticas são definitivos para a degradação da vida na terra, e todas elas estão relacionadas às práticas humanas irresponsáveis. Assim, a fim de proteger a grande biodiversidade brasileira, foi criado o Decreto n° 4.339/02, que instituiu a Política Nacional da Biodiversidade, cuja coordenação, promoção e execução competem ao Ministério do Meio Ambiente. Tal política possui como algumas diretrizes: (a) cooperação com outras nações no trato de áreas fronteiriças, (b) esforço nacional de conservação, (c) investimentos para conservação, (d) prevenção e combate às causas de perda da diversidade, (e) determinação de uso sustentável dos recursos da biodiversidade, 6 ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 18ª Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2016, p. 1.089. RE NA
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