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Aproxime seu dispositivo móvel do código para acessar a teoria 203PROENEM COMPETÊNCIA 4 SEU TEXTO, AS REPETIÇÕES E AS CONEXÕES09 DO QUE SE TRATA? A competência IV relaciona-se à avaliação dos elementos que organizam no texto as informações nele dispostas. A banca analisa a progressão textual, ou seja, verifi ca que recursos o candidato utiliza para manter-se escrevendo sobre o mesmo tema sem tornar-se repetitivo, e como promove a aderência de informações novas a partir das conexões materializadas na superfície do texto. De acordo com o Inep, neste quesito avalia-se a capacidade do candidato de: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação MAS COMO A BANCA PONTUA SEU TEXTO DE ACORDO COM A COMPETÊNCIA 4? 200 pontos Articula bem as partes do texto e apresenta repertório diversifi cado de recursos coesivos. 160 pontos Articula as partes do texto com poucas inadequações e apresenta repertório diversifi cado de recursos coesivos. 120 pontos Articula as partes do texto, de forma mediana, com inadequações, e apresenta repertório pouco diversifi cado de recursos coesivos. 80 pontos Articula as partes do texto, de forma insufi ciente, com muitas inadequações e apresenta repertório limitado de recursos coesivos. 40 pontos Articula as partes do texto de forma precária. 0 ponto Não articula as informações. VAMOS ENTENDER MELHOR O QUE ESPERA A BANCA? A correção da competência 4 preocupa-se com a repetição de palavras, emprego das expressões conectivas e organização do parágrafo, ou seja, com os critérios de coesão e coerência textuais. Na hora de redigir um texto, você pode dominar o tema, ter excelentes ideias, ser bom em gramática e ainda contar com várias propostas de intervenção possíveis em mente. Porém, se não for capaz de arrumar esse conteúdo de forma clara, coesa e coerente, sua nota não será a máxima. Uma redação mal organizada, com partes relacionadas ao tema, mas que não se relacionam entre si é tão prejudicial à compreensão quanto um texto incompleto, pela metade, inacabado. Por isso, discutir os critérios de coerência é tão importante para boa elaboração de uma redação, sobretudo, para o ENEM. A partir disso, você pode perceber que competências e habilidades relacionadas ao conhecimento de gramática não estão relacionadas às competências e habilidades envolvidas com domínio de argumentos e não garantem aquelas ligadas à organização textual ou à capacidade de apresentar propostas direcionas ao problema social envolvido no texto. 09 COMPETÊNCIA 4 - SEU TEXTO, AS REPETIÇÕES E AS CONEXÕES 204 A correção do ENEM, desse modo, não se apoia em critérios aleatórios, mas tenta verifi car desempenhos cognitivos específi cos relacionados à capacidade humana de interagir com o outro por meio de textos escritos formais. Apesar de desenvolver na fala boas ideias, se não for pela prática constante, difi cilmente qualquer indivíduo saberá materializar competentemente suas ideias na escrita. Você já entendeu que, nesta competência, a banca avalia se o candidato é capaz de apresentar suas ideias de forma coesa e coerente. Portanto, você deve estar atento a quê? A) Organização dos parágrafos: Evite parágrafos muito longos e mal pontuados. Em um texto dissertativo-argumentativo, o parágrafo é formado por uma ideia principal relacionada a ideias secundárias. De maneira geral, a divisão de um parágrafo em três períodos favorece bastante sua organização. B) Organização dos períodos: Os períodos – no gênero dissertativo – são geral- mente estruturados com mais de uma oração, são compostos. Isso se deve à necessidade de expres- sarem-se ideias de causa-consequência, contradi- ção, temporalidade, comparação, conclusão, entre outras possibilidades. C) Repetição de palavras: Em um texto com fi nalidade lógico-gramatical, a pa- lavra escrita não pode chamar mais atenção do que as ideias por ele expressas. Nesse sentido, repetir palavras de forma exagerada extravia a atenção do leitor dada a mostra de desorganização. O QUE É COERÊNCIA? Quando dizemos que não há coerência nas atitudes de uma pessoa, geralmente, isso signifi ca que há falta de sentido nas ações que ela comete. A palavra coerência remete senso, sensibilidade, aquilo que percebemos do outro. Se alguém diz que “a mesa verde é azul”, por exemplo, entendemos que não há erro gramatical na declaração, mas a compreensão do que foi dito é inconsistente. Por outro lado, às vezes o problema surge na escrita. Se um texto tem sua leitura cansativa, dado o excesso de expressões repetidas, por exemplo, tal repetição representa um problema formal, pois, além do sentido estar prejudicado pela má redação, é possível apontar quais palavras deveriam ser substituídas para tornar a escrita mais palatável. As inadequações de sentido, portanto, relacionam- se às discussões sobre coerência. No plano formal, certas inadequações estão relacionadas à coesão. Na imagem a seguir, você pode perceber uma organização simplifi cada das subclassifi cações relacionadas a essas nomenclaturas: Coerência Externa Se você diz em seu texto que “Minas Gerais é um estado turístico e amplamente visitado, haja vista a qualidade de suas praias”, por exemplo, apesar de a estrutura estar muito boa, com tese seguida de argumentos, há um defeito de sentido: não há praias em Minas. O conteúdo do argumento não se relaciona com a realidade; dessa forma, podemos dizer que falta coerência (sentido) externa (com a realidade). Coerência Interna Muitos criticam a corrupção no Brasil; no entanto, esquecem-se de que seus morros, praias e belezas naturais representam uma beleza natural sem precedentes. Sendo assim, a sociedade precisa conscientizar-se sobre o real papel da mulher brasileira no mercado de trabalho e agir para que o caos na mobilidade urbana em consonância com a crise hídrica não oportunizem ainda mais fatores como a desigualdade social. Não precisa reler, porque você não vai conseguir mesmo entender o parágrafo anterior. Apesar de parecer muito bem construído, o fragmento não permite ao leitor saber qual o real foco argumentativo que o autor pretende desenvolver, qual o tema, qual o problema, qual seu posicionamento. Enfi m, falta coerência interna. A coerência interna está diretamente relacionada à organização do texto. Portanto, convém perguntar-se sempre: o desenvolvimento está de acordo com o que se enuncia no primeiro parágrafo? A conclusão remete ao problema ventilado no texto ou é genérica e superfi cial? Há frases ambíguas que atrapalham a compreensão? Os parágrafos ou períodos muito longos prejudicam o entendimento do que se diz? Entre os fatores que cooperam para construção de uma boa coerência interna está o planejamento do que se pretende escrever, a estrutura dissertativa clara, a seleção de argumentos de acordo com a delimitação do assunto e a coesão. REDAÇÃO 205PROENEM TIPOS DE COESÃO: RECORRENCIAL, SEQUENCIAL E REFERENCIAL Coesão Recorrencial Coesão recorrencial é um recurso muito comum nos textos literários e caracteriza-se pela repetição enfática de expressões no texto. Elis Regina imortalizou a letra de Tom Jobim com sua interpretação de águas de março cuja maioria dos versos apresenta o verbo “É”. É pau, é pedra, é o fi m do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho É um caco de vidro, é a vida, é o sol É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol É peroba do campo, o nó da madeira Caingá candeia, é o Matita-Pereira É madeira de vento, tombo da ribanceira É o mistério profundo, é o queira ou não queira É o vento ventando, é o fi m da ladeira É a viga, é o vão, festa da cumeeira É a chuva chovendo, é conversa ribeira Das águas de março, é o fi m da canseira É o pé, é o chão, é a marcha estradeira Passarinhona mão, pedra de atiradeira É uma ave no céu, é uma ave no chão É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão É o fundo do poço, é o fi m do caminho No rosto um desgosto, é um pouco sozinho A ideia das águas que passam e levam os itens apresentados na canção se reforça pela reiteração da forma verbal. Forma-se a imagem da correnteza relacionada à postura de contemplação diante das tantas coisas levadas pelas águas da chuva de março. Coesão Sequencial A coesão sequencial refere-se à seleção e ao emprego das expressões conectivas que somam e organizam as ideias apresentadas linguisticamente e fazem com que tais ideias, juntas, confi gurem unidades de sentido como orações, períodos, frases, texto. Já dizia Evanildo Bechara (2001) que o enunciado não se constrói com um amontoado de palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência e independência sintática e semântica, recobertos por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios. Cooperam – para organização do texto e para sua melhor compreensão pelo interlocutor – a pontuação na escrita, a entonação na fala, o uso dos sequenciadores textuais, entre outros. Nos módulos iniciais, vimos as primeiras possibilidades de emprego dos conectivos. Neste, apresentaremos outras formas de conexão para que você escolha aquelas que melhor lhe convierem na elaboração de sua redação. Convém observar e já destacar aquelas que identifi que como possivelmente úteis à sua maneira de escrever. VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Causa pois, tendo em vista, pois que, visto que, já que, porque, dado que, uma vez que, por causa de, posto que, em virtude de, devido a, graças a... VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Finalidade/ objetivo/intenção com o fi to de, com o intuito de, para (que), a fi m de, com o fi m de, com o objetivo de, de forma a, de maneira a... VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Hipótese/ Condição se, caso, considerando que, a menos que, salvo se, exceto se, a não ser que, desde que, supondo que, admitindo que... VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Sequência temporal/ espacial. primeiro, em primeiro lugar, num primeiro momento, antes de, em segundo lugar, em seguida, seguidamente, então, durante, ao mesmo tempo, quando, simultaneamente, depois de, após, até que, enquanto, entretanto, logo que, no fi m de, por fi m, fi nalmente, distante de, acima, abaixo, atrás, ao lado, à direita, à esquerda, ao centro, adiante, em cima, em baixo, no meio, naquele lugar, detrás, por trás (de), próximo de, sob, sobre... VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Concessão conquanto, apesar disso, ainda que, embora, mesmo que, por mais que, se bem que, ainda assim, mesmo assim... VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Conclusão/ síntese/resumo pois (deslocado), destarte, dessarte, portanto, por conseguinte, assim, logo, enfi m, concluindo, em conclusão, em síntese, consequentemente, em consequência, por outras palavras, ou seja, em resumo, em suma 09 COMPETÊNCIA 4 - SEU TEXTO, AS REPETIÇÕES E AS CONEXÕES 206 VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Confirmação com efeito, efetivamente, na verdade, de fato, sem dúvida, de certo, desse modo, na verdade, ora, aliás, veja-se, assim... VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Explicitação/ particularização melhor dizendo, quer dizer, isto (não) significa que, por outras palavras, isto é, por exemplo, ou seja, é o caso de, nomeadamente, em particular, a saber, entre outros, especificamente, ou melhor, assim, ressalte-se que, saliente-se que, importa salientar, é importante frisar que... VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Opinião acreditamos que, a nosso ver, em meu entender, no meu ponto de vista, parece-nos que, creio que, penso que, para mim... VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Dúvida é possível que, talvez, provavelmente, é provável que, possivelmente, porventura... VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Alternância faça... faça, fosse...fosse, ou, ou então, ou ...ou, ora...ora, quer... quer, seja...seja, alternativamente, em alternativa, senão... VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Comparação/ conformidade consoante, como, conforme, também, tanto...quanto, tal como, assim como, tão como, pela mesma razão, do mesmo modo, de forma idêntica, igualmente, de acordo com ... VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Conclusão/ consequência com isso, desse modo, por tudo isso, sendo assim, de modo que, de tal forma que, de sorte que, tanto...que, tamanho...que, tão... que, é por isso que... VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Prioridade em primeiro lugar, primeiramente, de saída, antes de tudo, acima de tudo, inicialmente, sobretudo VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Ênfase até, até mesmo, só, no mínimo, no máximo, mormente, principalmente VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Adição/Soma e, nesse sentido, além disso, além do mais, e ainda, e até, também, igualmente, do mesmo modo, não só ...como também, não só ... como ainda, bem como, assim como, por um lado ... por outro, nem...nem, de novo, incluindo... VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Certeza indubitavelmente, com certeza, decerto, naturalmente, é evidente que, certamente, sem dúvida que... VALOR ENUNCIATIVO EXPRESSÕES COESIVAS Oposição/ contraste entretanto, mas, porém, todavia, contudo, no entanto, doutro modo, ao contrário, pelo contrário, contrariamente, não obstante, por outro lado... REDAÇÃO 207PROENEM Você pode empregar em seu texto vários tipos de anáfora: • nominal: A casa era linda. As paredes eram altas e bem decoradas. Paredes recupera a ideia de casa. Entende-se “as paredes da casa” • verbal: João Carlos afi rmou que a prova seria adia- da. Disse também que não haveria outros testes. O verbo dizer retoma o antecedente afi rmar. • pronominal: Comprei um carro novo e paguei-o à vista. O pronome o refere-se a carro novo. • adverbial: O Brasil é um grande país. Lá as pessoas são mais felizes. O advérbio lá refere-se ao antecedente Brasil. Outros exemplos: • “Quando cheguei ao mercado, o meu tio tinha saído.” (“Tinha saído” é um termo anafórico pois sua interpretação depende de «cheguei», a forma verbal que explicita o ponto de referên- cia temporal do locutor.) • “Amo velhos, mulheres e crianças. Todos são fi lhos de Deus.” (“Todos” é um termo anafórico dos nomes antecedentes: “velhos”, “mulheres” e “crianças”.) • “Beatriz foi ao shopping e Eduarda, sua irmã, também.” (“Também” é uma forma de re- toma anafórica de “foi ao shopping”.) • A residência do presidente impressiona pelo bom gosto. A decoração é majestosíssima.” (“A decoração” funciona como anáfora contextual = “A decoração da residência do presidente”.) • Ana comprou um gato há dias e o animal já co- nhece dormiu em todos os cantos da casa.” (a anáfora nasce de uma relação de hiponímia / hiperonímia: “o animal” - hiperônimo - retoma o antecedente “um gato” - hipônimo) • “A sala do curso estavam destruídas. As car- teiras fi caram muito quebradas.” (neste caso, a anáfora decorre da relação holonímia / me- ronímia: “as carteiras” - merônimo - são parte do todo “a sala de aulas” - holônimo); • Carol penteou-se rapidamente. (o pronome re- fl exivo se remete a Carol) Coesão Referencial No sentido de não repetir palavras no texto, há vários recursos que podemos utilizar para diminuir a incidência das mesmas expressões linguísticas. Pode-se suprimir algo que já está subentendido; usar sinônimos, hipônimos hiperônimos, pode-se promover referências textuais para que o leitor remeta sua compreensão do texto a algo já mencionado etc. A coesão referencial,portanto, realiza-se no texto por meio de cadeias de referência. Cria-se um conjunto de termos ou expressões (correferentes) que remetem à mesma entidade (referente). O referente é o termo que aponta o ser ou a situação de que se fala. Como veremos, este ser ou situação podem ser reais ou imaginários. Carlos escreveu o livro sobre a sereia. Carlos = referente: aponta um ser da realidade Livro = referente: aponta um ser (pode ser real) Sereias = referente: aponta ser imaginário. Correferentes são elementos textuais ou gramaticais sem referência independente que remetem ao referente: Carlos escreveu o livro sobre sereias. O professor sabia que suas histórias sobre elas seriam interessantes. Carlos = referente: aponta um ser da realidade Livro = referente: aponta um ser (pode ser real) Sereia = referente: aponta ser imaginário. O professor = correferente: remete a Carlos. suas = correferente: remete a Carlos. elas = correferente: remete a sereia. Obs.: O professor e suas formam uma cadeia de referência, pois remetem ao mesmo ser e evitam a repetição da mesma expressão. Nesse sentido, destacamos a importância das anáforas, catáforas, elipses e correferência não anafórica. 1. Anáfora Anáfora é o processo de remissão a um elemento antecedente. A escola estava fechada e sem alunos. Eles estavam de férias naquele mês. Eles = elemento anafórico que se refere a alunos (referente anterior). 09 COMPETÊNCIA 4 - SEU TEXTO, AS REPETIÇÕES E AS CONEXÕES 208 2. Catáfora A catáfora consiste a correferência ao que é dito depois. • Tudo falta naquele mercado: arroz, feijão açúcar. (o vocábulo «tudo» remete às palavras que aparecem posteriormente na frase); • Ele chamou-nos naquele momento. A nós todos que estávamos por perto. • A forma pronominal “nos” remete a “nós todos” ex- plicitado posteriormente.) • Muito a odiavam; outros a desejavam; alguns até queriam ser como ela. Minha vizinha era a mais deusa das deusas do Olimpo. (as formas “a” e “ela” fazem correferência á expressão “minha vizinha”. • Se comesse bem, João Pedro não teria adoecido. (a forma verbal remete a João Pedro) • “A tia olhou-o e disse: - Viug, estás mais magro.”; (o remete a Viug) • “Minha irmã deu à luz dois filhos: Ton e Rodrigo. (Dois filhos remete a Ton e Rodrigo) • “O motivo da crise foi o seguinte: corrupção. (O se- guinte remete à corrupção) Observe que o termo apresentado primeiro é mais superficial do que o seu referente. Por isso, ele é considerado a correferência do segundo e não o contrário. 3. Elipse A elipse consiste na omissão de elementos subentendidos na frase. Para identificá-los, pode-se basear no próprio texto ou em seu conhecimento de mundo, ou seja, no contexto linguístico ou extralinguístico: • O professor chegou e (X) explicou a matéria. (a partir do texto, entende-se que o professor explicou) • O médico levou um papagaio para o hospital. (X) Curou o paciente. (a partir do conhecimento de mundo, entende-se que foi o médico que curou o paciente) 4. Correferência não anafórica Neste caso, duas ou mais expressões linguísticas (grupos nominais, adverbiais ou preposicionais) remetem ao mesmo referente, sem que exista dependência referencial entre si. Assim, a relação de correferência entre elas é estabelecida a partir do saber compartilhado dos falantes e do contexto extralinguísticos. Viug viajou ao Japão. O professor de matemática é rico e adora passear. As expressões “Viug” e “professor de matemática” remetem ao mesmo ser. No entanto, ambas as expressões têm referência autônoma, pois só quem conhece a Viug sabe que ele é rico, apesar de ser professor no Brasil. A repetição da forma “que” nas orações representa um problema que também gera desconto na competência 4. Alguns recursos para evitar este tipo de inadequação: 1) Elimine “que é”, “que foi”, “que era” - A população de São Paulo, (que é) uma das maiores capitais metropolitanas do Brasil já se acostumou com o trânsito nas ruas. - O professor de física, (que foi) um dos fundado- res do curso, pediu demissão da coordenação. 2) Troque oração adjetiva por nome - o menino que estuda → o estudante - cidadãos que não são honestos → cidadãos desonestos - funcionário que não tem educação → funcioná- rio mal-educado 3) Reduza orações - Carla disse que sabe utilizar citações. → Carla disse saber utilizar citações. - Assim que tiver terminado a capacitação, serei promovido. → Terminada a capacitação, serei promovido. - Depois que tiver publicado o livro, voltarei àque- le país. → Publicado o livro, voltarei àquele país. 4) Substitua a oração pelo termo nominal - Os alunos exigem que o diretor seja demito. → Os alunos exigem a demissão do diretor. - Ninguém duvida de que os policiais sejam co- rajosos. → Ninguém duvida da coragem dos policiais. Evite, em seu textos, fazer remissões metadiscursivas. Muitas bancas condenam tal uso e, apesar de ter havido redação nota 1000 que tivesse utilizado esse tipo de referência no ENEM, é bom não arriscar dada a variação em alguns aspectos da correção que ocorrem ano a ano. A remissão metadiscursiva representa um tipo de rotulação que não sumariza o conteúdo de um segmento textual precedente, mas focaliza a própria atividade enunciativa, qualificando esse segmento como determinado tipo de ação ou atividade metadiscursiva (KOCH, 2005, p.41). Em outras palavras, são referências a partes do próprio texto, por exemplo: A partir dos argumentos supracitados, Em oposição ao que foi dito no parágrafo anterior, Retomando, portanto, a introdução deste texto, OBSERVAÇÃO REDAÇÃO 209PROENEM EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. Reescreva os parágrafos que seguem, evitando a repetição de palavras. Se necessário, empregue conectivos entre as frases: Texto 1 Pedro saiu de casa e foi para a escola. Pedro chegou à escola e encontrou a professora a quem chama de tia. A professora de Pedro disse que a escola tinha pegado fogo. Pedro voltou para casa. Possível Resposta: Pedro saiu de casa e foi para a escola. Quando chegou ao colégio, encontrou a professora a quem chama de tia. Ela disse que a instituição tinha pegado fogo, logo o menino voltou ao seu lar. Texto 2 Muitos acreditam que a venda de armas de fogo deveria ser proibida. Muitos acreditam que quem usa arma de fogo aumenta o risco à vida em vez de proteger a vida. O congresso ainda não sabe o que fazer em relação ao uso de armas de fogo. O congresso ainda permite a venda de armas de fogo. Possível Resposta: Texto 2 Muitos acreditam que a venda de armas de fogo deveria ser proibida, pois quem as usa aumenta o risco à vida em vez de protegê-la. O congresso ainda não sabe o que fazer em relação ao assunto, por isso ainda permite sua comercialização. Um dos principais caminhos para se produzir um bom texto é empregar a palavra adequada no contexto adequado. 02. Reescreva as expressões eliminando a palavra “que”: a) O professor disse que conhece os critérios de correção da banca. b) O meu vizinho, que é fi lho único, passou para universidade com que tanto sonhava. c) A religião, que é considerada o mal do mundo por muitos, ajudou-me a superar momentos difíceis. d) A cidade que é sede das Olimpíadas recebeu a maior verba destinada ao turismo no país. e) Muitos cidadãos que são corruptos exigem honestidade de seus representantes políticos. GABARITO a) O professor disse conhecer os critérios de correção da banca. b) O meu vizinho, fi lho único, passou para universidade com que tanto sonhava. c) A religião, considerada o mal do mundo por muitos, ajudou-me a superar momentos difíceis. d) A cidade-sede das Olimpíadas recebeu a maior verba destinada ao turismo no país. e)Muitos cidadãos corruptos exigem honestidade de seus representantes políticos. 03. O texto a seguir é uma redação nota 1000 do ENEM de 2014. Leia a dissertação e faça o que se pede: “Responsabilidade social A Revolução Técnico-Científi ca do século XX inaugurou a Era da Informação e possibilitou a divulgação de propagandas nos meios de comunicação, infl uenciando o consumo dos indivíduos de diferentes faixas etárias. Nesse contexto, a publicidade destinada ao público infantil é motivo de debates entre educadores e psicólogos no território nacional. Assim, a proibição parcial da divulgação de produtos para as crianças é essencial para um maior controle dos pais e para um menor abuso de grandes empresas sobre os infantes. Os indivíduos com idade pouco avançada, em sua maioria, ainda não possuem condições emocionais para avaliar a necessidade de compra ou não de determinado brinquedo ou jogo. Isso porque eles não desenvolveram o senso crítico que possibilita uma escolha consciente e não impulsiva por um produto, como já observou Freud em seus estudos sobre os desejos e impulsos do homem. Consequentemente, os pais, principais responsáveis pela educação dos fi lhos, devem ter o controle sobre o que é divulgado para eles, pois possuem maior capacidade para enxergar vantagens e desvantagens do que é anunciado. Além disso, pela pouca maturidade, as crianças são facilmente manipuláveis pela mídia. Isso ocorre por uma crença inocente em imagens meramente ilustrativas, que despertam a imaginação e promovem o deslocamento da realidade, deixando a sensação de admiração pelo produto. Como consequência, empresas interessadas na venda em larga escala e no lucro aproveitam esse quadro para divulgar propagandas enganosas, em muitos casos. Portanto, é fundamental uma regulação da publicidade infantil, permitindo-se o controle de responsáveis e impedindo-se ações irresponsáveis de muitas empresas. Faz-se necessário, então, que propagandas com conteúdo infantil sejam direcionadas aos responsáveis em horários mais adequados, à noite, por exemplo, evitando-se o consumo excessivo dos anúncios pelas crianças. Ademais, o Governo Federal deve promover uma central nacional de reclamações para denúncias de pais, via internet ou telefonema, que avaliem determinada informação como abusiva ou desnecessária na mídia. Assim, infantes viverão com maior segurança e proteção.” Disponível em: http://g1.globo.com/educacao/enem/2015/ noticia/2015/05/leia-redacoes-do-enem-que-tiraram-nota-maxima- no-exame-de-2014.html a) Indique possíveis substituições para os elementos coesivos destacados no texto. b) Indique o valor semântico de cada um. c) Responda: o segundo parágrafo do texto se aprofunda em que informação da introdução? d) Responda: o terceiro parágrafo do texto se aprofunda em que informação da introdução? 09 COMPETÊNCIA 4 - SEU TEXTO, AS REPETIÇÕES E AS CONEXÕES 210 GABARITO Possibilidade de resposta (A) Nesse contexto, = Sob esse aspecto, Assim, = portanto, com isso, Porque = pois como = conforme sobre = acerca de Consequentemente = Em decorrência disso, pois = visto que, uma vez que, haja vista Além disso, = Outrossim Portanto, = Desse modo, Ademais, = somado a isso Resposta (B) Nesse contexto = situacional Assim = conclusão porque = explicação/ causa como = conformidade sobre = assunto Consequentemente = resultado/ consequência/ síntese/ resumo pois = explicação/ causa Além disso, = soma Portanto, = conclusão Ademais = soma Resposta (C) A proibição parcial da divulgação de produtos para as crianças é essencial para um maior controle dos pais. Resposta (D) A proibição parcial da divulgação de produtos para as crianças é essencial para um menor abuso de grandes empresas sobre os infantes. ANOTAÇÕES
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