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Repressão Social e Segurança Pública

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CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
Aula 3: Preservar a ordem ou aplicar a lei .................................................................................... 2 
Introdução ............................................................................................................................. 2 
Conteúdo ................................................................................................................................ 2 
Origens da repressão social ............................................................................................. 2 
Guerra subversiva .............................................................................................................. 3 
Defesa social ....................................................................................................................... 3 
O Brasil e a paz ................................................................................................................... 6 
Construção da política pública ....................................................................................... 6 
Atual sistema legal brasileiro ........................................................................................... 7 
Função militar ..................................................................................................................... 8 
Ordem pública .................................................................................................................... 8 
Conflito .............................................................................................................................. 10 
Mediação de conflitos ..................................................................................................... 12 
Soluções para a violência ............................................................................................... 12 
A relação dos moradores de favela com o aparelho jurídico-político do estado
 ............................................................................................................................................. 13 
Atividade proposta .......................................................................................................... 18 
Referências........................................................................................................................... 19 
Exercícios de fixação ......................................................................................................... 19 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 29 
 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
Introdução 
Esta aula pretende mostrar a influência do aparelho policial na solução de 
conflitos e os efeitos desse direito de transição, bem como a comunicação não 
violenta (CNV), criada por Marshall Rosenberg como recurso interativo para 
definir o poder e conciliar os conflitos quando a intenção de agredir o outro 
encontrar-se totalmente superada. 
 
Objetivo: 
1. Analisar conceito e efeitos do direito em transição; 
2. Compreender o papel das polícias comunitárias na resolução de conflitos; 
3. Demonstrar a comunicação não violenta como proposta de solução de 
conflitos. 
Conteúdo 
Origens da repressão social 
Para começarmos a falar sobre repressão social, devemos nos recordar que, em 
episódios retratados no livro Memórias de um Sargento de Milícias, temos o 
surgimento da figura do brigadeiro Vidigal, famoso pelas ceias de camarão, nas 
quais os marginais eram açoitados em praça pública até que seus lombos se 
assemelhassem a cascas de camarões. Embora o brigadeiro tenha ficado 
conhecido por seus métodos de repressão social, não era o único a praticá-los 
na corporação. 
 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
Nessa época, o negro que fosse flagrado jogando capoeira também era 
açoitado publicamente, caracterizando, portanto, uma prática comum de 
repressão social, respaldada pela política da época. 
 
Guerra subversiva 
Entre 1930 e 1945, durante o primeiro governo de Vargas, a polícia militar 
ganhou maior prestígio político. Ao longo da ditadura militar, o papel da PM não 
foi alterado na medida em que agia junto aos militares para combater a guerra 
comunista, que ficou conhecida como guerra subversiva. O inimigo da época 
não era somente o marginal comum, mas, também, os comunistas. 
 
Embora os comunistas não fossem os vitoriosos dessa guerra, a ditadura, no 
final da década de 1970, já indicava os sinais de fragilidade. Uma figura de 
destaque na época foi o coronel Carlos Nazareth Cerqueira. 
 
Importante ressaltar que, embora visse a polícia como garantidora da 
cidadania, Cerqueira não abria mão da repressão, respaldando-se nos limites de 
atuação impostos pela lei e, principalmente, sem violar os direitos humanos. 
 
Com o fim da ditadura militar no Brasil, houve uma crise de identidade entre 
militares e policiais sobre seus novos papéis constitucionais. No entanto, aos 
poucos, ambas as instituições foram se reformulando em busca de suas 
identidades institucionais. Se a pacificação, ao menos em alguns estados 
brasileiros, se tornou uma realidade, as mazelas deixadas pelo papel histórico 
da PM na repressão social também são. 
 
Defesa social 
A pacificação, então, pode ser entendida como uma estratégia organizacional 
que vem ganhando cada vez mais espaço na segurança pública brasileira. 
Importante destacar que o caráter dessa estratégia é, preferencialmente, 
preventivo. Daí, a importância de entender o que consiste o fenômeno de 
 
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crime, ou seja, compreender que ele é um produto da realidade social. Não 
cabe, então, ao policial militar julgar (espancar ou matar, por exemplo), mas, 
sim, prender (se for o caso) e entregar à justiça para que, se condenado, o 
indivíduo sofra as punições que a lei exigir. 
 
Além disso, o próprio Ministério da Justiça recomenda a todas as polícias 
militares que busquem envolver as comunidades na preservação da ordem 
pública. O conceito de ordem pública representa, portanto, os valores, 
princípios e normas que a moral vigente em nossa cultura jurídica 
considera fundamentais e que se pretende que sejam observados em 
sociedade. Assim, tudo que se mostrar contrário a essa conformação 
moral básica será considerado contrário à ordem pública. 
 
Em consonância com essa proposta, tem-se aplicado o policiamento 
comunitário para estabelecer o elo de confiança entre polícia e sociedade. A 
Constituição de 1988 também afirma que as polícias militares e corpos de 
bombeiros militares são forças auxiliares e reserva do exército. Na ausência do 
exército brasileiro na defesa das fronteiras territoriais brasileiras, é inegável que 
as polícias devam ser acionadas; no entanto, é de extrema urgência que a PM 
não seja mais confundida com o exército brasileiro. É inaceitável que as polícias 
militares continuem mantendo práticas ilegais nos dias de hoje. O uso da força 
letal só é autorizado pela lei em defesa própria ou da sociedade. Ao policial, 
cabe preservar a vida e garantir a cidadania. 
 
A defesa social é um conceito bem mais amplo do que segurança pública. Ela 
está associada ao conjunto de mecanismos coletivos, públicos e privados, com 
vista à preservação da paz social. A segurança pública torna-se parte 
importante da sociedade, da cidadania e do bem jurídico. Dessa forma, justiça 
e segurança se completam, mas, entre elas, localiza-se uma área que é a de 
riscos coletivos, que envolve também a autodefesa das comunidades. 
 
 
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A Constituição de 1988 é marcadapela transição e, hoje, percebe-se que ela 
permite uma pequena abertura na revisão conceitual de segurança quando fala, 
no Artigo 136 e seguintes, em paz social como um valor diferente de ordem 
pública. Se, ontem, a instabilidade compreendia terrorismo e guerrilha, 
turbações eminentemente políticas, hoje, ela advém principalmente do crime 
organizado. 
 
Em um conceito de defesa social, é simultânea à defesa das instituições 
democráticas, disciplinando a Constituição, em seu Artigo 136 e seguintes, a 
condição radical de intervenção do estado para “preservar ou prontamente 
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz 
social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou ameaçadas 
por calamidades de grandes proporções da natureza”. 
 
Dentro do contexto de defesa, é especificada a segurança pública “para a 
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio” 
através do aparelho policial (Artigo 144 e seguintes). Dessa forma, cabe ao 
estado, ao mesmo tempo, a garantia dos direitos individuais e coletivos 
previstos na Constituição, condição indispensável para a manutenção de um 
estado de tranquilidade ou paz social, alcançada graças às boas relações de 
convivência entre os indivíduos. 
 
 
Atenção 
 A construção dessa paz deveria ser objetivo constitucional de 
política interna; entretanto, a manutenção da ordem pública 
envolve a prevenção e a resolução de conflitos no âmbito da 
segurança pública. Mas, para que haja paz social, há 
necessidade de se atender a uma demanda específica: a 
garantia dos direitos individuais e das minorias, e daqueles a 
quem a Constituição garante privilégios em relação aos demais; 
isto significa proteção. 
 
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O Brasil e a paz 
O Brasil vive um processo de mudanças profundas, inclusive estruturais. A paz 
é uma opção nacional, claramente expressa na Constituição. Construir a paz em 
um processo de mudança é o que responde, de fato, aos anseios da sociedade. 
Isso exige um esforço continuado e uma revisão constante de mecanismos; por 
outro lado, estabelece um princípio comum entre o estado e a sociedade, um 
filtro para as ações dos dois lados – princípio que, de resto, já está expresso na 
vontade política constitucional. Uma política pública deriva, forçosamente, do 
próprio pacto social que reúne as pessoas numa organização social. 
 
Ela é feita de opções que resultam em diretrizes, prioridades e, finalmente, 
normas legais ou consensuais. Como em todos os produtos de uma sociedade 
complexa, uma política pública organiza-se também no bojo das pressões da 
vida em sociedade e se constrói em produtos do confronto dessas pressões: 
minorias e maiorias, interesses de várias ordens. Uma política pública deve 
possuir objetivos claros a serem alcançados e um rumo definido, o que não 
acontece quando os confrontos e pressões são resolvidos de maneira pontual. 
 
Construção da política pública 
Com vista à construção da política pública voltada para a defesa social, pode-se 
estruturar uma política de segurança pública como ferramenta importante para 
alcançar um objetivo maior. É importante pensar que uma política de segurança 
pública é só uma parte da ação necessária para romper, definitivamente, as 
amarras deixadas pela visão repressiva e puramente estatal no combate à 
violência e ao delito. 
 
O debate referente à segurança pública baseia-se, muitas vezes, em premissas 
pouco consistentes ou, no mínimo, polêmicas. Mas qual deve ser o papel da 
polícia na violência contra a pessoa? A maioria absoluta das violências 
praticadas contra a pessoa, em que não existe vinculação com delitos contra o 
 
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patrimônio, como no caso de homicídios e lesões corporais, é casual. A redução 
dessa modalidade criminosa depende de dois fatores. 
 
O primeiro fator é a prevenção, que pode estar embutida inclusive na própria 
comunicação de massa ou através de mecanismos não necessariamente 
judiciais de conciliação e resolução de disputas entre pessoas. O segundo fator 
é a certeza de punição, que depende, em primeiro lugar, de comprovada e 
reconhecida capacidade de investigação, atribuição eminentemente policial. A 
morosidade do judiciário consiste em outro grande problema, mas só chega a 
sê-lo quando os casos de homicídio ou lesão referidos chegam à sua alçada. 
 
Atual sistema legal brasileiro 
O atual sistema legal brasileiro só alcança um percentual mínimo de infratores. 
Mesmo com todas as deficiências do aparelho policial, o número de 
procedimentos encaminhados à justiça abarrota e entrava os cartórios criminais 
de todo o país, sem solução. Isso significa que a maioria absoluta não é punida. 
Também não há mecanismo que possibilite o acordo, a conciliação ou a 
pacificação antes da delegacia e do tribunal. A polícia atua na repressão do 
crime e procura inibir sua prática com a presença suasória. 
 
Mas as medidas proativas que previnem as situações de conflitos individuais e 
coletivos, ou que dificultam práticas criminosas, ou, ainda, que influenciem o 
comportamento positivo do cidadão estão nas mãos da União, dos estados e, 
especialmente, dos municípios; porém, fora da polícia. Essas medidas envolvem 
ampla gama de ações, que vão desde a eficiência do aparelho judicial – o que 
envolve o poder judiciário e o ministério público – até soluções eminentemente 
localizadas, como o controle do tráfego ou a iluminação das ruas ou, ainda, 
lugares para deixar a criança enquanto os pais trabalham. 
 
 
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Função militar 
A função militar articula-se à defesa do estado, à segurança do país e à 
condição de força mobilizável pelo país. A função policial está diretamente 
articulada à sociedade e ao pacto da organização dela, e responde ao desafio 
imposto pela violência e pelo crime. Essas duas funções podem ser 
desenvolvidas de maneira definida e clara numa mesma organização; para 
tanto, é necessário rever vários conceitos doutrinários e algumas normas legais. 
 
Do ponto de vista material, ordem pública é a situação de fato ocorrente em 
uma sociedade, resultante da disposição harmônica dos elementos que nela 
interagem de modo a permitir um funcionamento regular e estável que garanta 
a liberdade de todos. 
 
Ordem pública 
A ordem pública deve estar em consonância com o conjunto de regras formais 
que emanam do ordenamento jurídico da nação. Dessa forma, o conceito de 
ordem pública reflete os valores dominantes e a cultura jurídica vigente em 
determinada época – a Constituição, a noção de interesse social e dos direitos 
basilares de uma coletividade. 
 
Pela preservação dessa ordem pública, entende-se a manutenção da ordem do 
estado e do bem social através de ações coativas, objetivando coibir as 
ameaças à convivência pacífica em sociedade. Essas ações coativas estão 
presentes em instrumentos judiciais, policiais, prisionais e promotorias públicas. 
 
 
Atenção 
 A segurança pública é a garantia que o estado proporciona de 
preservação da ordem pública diante de toda espécie de 
violação. Mas, neste ponto da discussão, vale exemplificar: nas 
favelas, o policial não pode simplesmente aplicar a lei e 
 
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apreender todas as motos irregulares, pois isso acabaria com o 
transporte mais utilizado pelos moradores. Ele precisa preservar 
a ordem, e, muitas vezes, isto significa ponderar a regulação 
informal do espaço público e do direito, criando espaço para 
uma transição pacífica entre a ordem que existia antes e aquela 
trazida coma presença do estado, até porque a ordem pública 
deve ser entendida como sendo o conjunto de regras formais 
que emanam do ordenamento jurídico da nação. 
 
No momento em que começa a existir essa transformação política e social, a 
compreensão da sociedade como um ambiente conflitivo, no qual os problemas 
da violência e da criminalidade são complexos, a polícia passa a ser demandada 
para garantir não mais uma ordem pública determinada, mas, sim, os direitos, 
como está colocado na Constituição de 88. 
 
Nesse novo contexto, a ordem pública passa a ser definida também no 
cotidiano, exigindo uma atuação estatal mediadora dos conflitos e interesses 
difusos e, muitas vezes, confusos. Por isso, a democracia exige justamente uma 
função policial protetora de direitos dos cidadãos em um ambiente conflitivo. 
 
A ação da polícia ocorre em um ambiente de incertezas, ou seja, o policial, 
quando sai para a rua, não sabe o que vai encontrar diretamente, visto que tem 
uma ação determinada a fazer e entra num campo de conflitividade social. Isso 
exige não uma garantia da ordem pública, como na polícia tradicional, 
sustentada somente nas ações repressivas, pelas quais o ato consiste em 
reprimir para resolver o problema. O campo de garantia de direitos exige uma 
ação mais preventiva. A preocupação com a desordem não precisa 
necessariamente se traduzir em políticas de tolerância zero. Num estado 
democrático de direito como o nosso, a polícia não pode se furtar a 
desempenhar um papel mediador entre vários interesses muitas vezes 
conflitantes. A sensibilidade necessária para esse tipo de abordagem pode ser 
decisiva para a afirmação de um novo equilíbrio social, mesmo que provisório. 
 
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É, pois, nessa área de possibilidade de consenso extrajudicial entre os sujeitos 
em conflito que é possível a mediação conduzida pelo agente policial bem-
preparado. 
 
Nos conflitos em torno de direitos disponíveis regulados por normas de direito 
civil e naqueles de ordem penal em que a ação penal seja privada, ou mesmo 
pública, desde que condicionada à representação do ofendido, o emprego de 
técnicas de mediação por policiais teria o condão de pacificar conflitos em sua 
flagrância, ao contrário da via judicial, notadamente mais tardia, por mais que 
se tente imprimir celeridade. A partir dessa constatação, podemos levantar 
alguns questionamentos, como: seria possível afastar a dogmática jurídica do 
cenário de pacificação dos conflitos? O direito seria formado de um sistema 
absolutamente fechado, impermeável a soluções alternativas? Ficam as 
indagações, pois o tema aqui não se esgota; muito ao contrário, amplifica-se. 
 
Conflito 
Na introdução do livro Sociologia (1983, p. 23), Evaristo de Morais Filho expõe 
uma síntese do pensamento de Simmel acerca do conflito, considerando-o: 
 
“(...) forma pura de sociação e tão necessário à vida do grupo e sua 
continuidade como o consenso. (...) O conflito não é patológico nem nocivo à 
vida social, pelo contrário, é condição para sua própria manutenção, além de 
ser o processo social fundamental para a mudança de uma forma de 
organização para outra”. 
 
Assim, o conflito surge das interações dos indivíduos, sendo inerente à própria 
existência humana. Diferentemente do que a grande maioria das pessoas acha, 
o conflito não é nocivo à vida social, muito embora congregue elementos 
positivos e negativos, que propiciam a alteração da realidade posta segundo 
essa compreensão. 
 
 
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Para alguns teóricos, como Paes de Carvalho, o conflito pressupõe a existência 
de três caminhos possíveis: 
 
1) a recusa do diálogo, que pode estimular a competição ou a estagnação do 
conflito; no entanto, até chegar nessas soluções, os envolvidos passam por 
situações de ansiedade, stress, irritabilidade, entre outras sensações; 
 
2) a declaração de guerra, que propicia um resultado negativo para as pessoas 
e para a sociedade, pois tem como expressão a violência, a agressão e a 
destruição, gerando, entre os conflitantes, situações de agressividade, disputa e 
stress; 
 
3) a administração do conflito, resultado positivo que a mediação busca gerar, 
traz novas oportunidades, crescimento e desenvolvimento dos envolvidos e 
daqueles que estão ao redor, possibilitando a comunicação, a cooperação, o 
respeito mútuo e a resolução do conflito. 
 
 
Atenção 
 Dessa forma, ademais da resolução do conflito, o estímulo à sua 
prevenção, a inclusão social e a mediação de conflitos visam à 
implantação da paz social ou pacificação social, que vai além da 
mera prática de não violência, pois essa prática é parte também 
do processo de efetivação dos direitos fundamentais da pessoa 
humana, principalmente nas localidades e para os indivíduos 
excluídos social e economicamente, uma vez que tal exclusão é 
tida como violação de direitos, gerando, portanto, instabilidade 
na ordem social. 
 
 
 
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Mediação de conflitos 
A ordem pública deve estar em consonância com o conjunto de regras formais 
que emanam do ordenamento jurídico da nação. Dessa forma, o conceito de 
ordem pública reflete os valores dominantes e a cultura jurídica vigente em 
determinada época – a Constituição, a noção de interesse social e dos direitos 
basilares de uma coletividade. 
 
Outro motivo que torna sua análise importante é que a técnica de mediação 
comunitária tem como um dos objetivos fundamentais, como dito acima, 
facilitar o acesso à justiça, visto que a justiça formal é de difícil acesso para as 
pessoas de bairros periféricos com alta taxa de vulnerabilidade social e alto 
índice de criminalidade. 
 
Destarte, essa técnica passa a mostrar uma representação social diferenciada 
aos moradores dos bairros do que é justiça por ser, principalmente, baseada no 
princípio da informalidade do acesso e das ações realizadas nos núcleos de 
justiça comunitária. Segundo o programa mediação de conflitos (2009, p. 31), 
“(...) a cultura da mediação traz consigo propostas semelhantes de pacificação 
social, visando a uma cultura, sobretudo de paz”. 
 
Soluções para a violência 
Sabemos que a violência urbana e a criminalidade estão crescendo de forma 
desproporcional, e uma pergunta se faz importante: será que cabe apenas ao 
sistema penal, à justiça criminal e à segurança pública, através de ações 
reativas policiais, a solução para a violência? 
 
A utilização dos meios tradicionais é importante para gerar mudanças no 
fenômeno da violência e da criminalidade, mas também é imprescindível a 
associação de ações preventivas, como, por exemplo, a utilização da mediação 
de conflitos, uma vez que a complementaridade entre repressão e prevenção é 
mais eficiente. 
 
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A mediação tem como princípios fundantes o respeito mútuo e a cooperação 
entre as pessoas envolvidas no procedimento, estimulando que os envolvidos 
resolvam seus conflitos de forma pacífica, diferentemente do método 
adversarial, que se caracteriza por incentivar a competição, promovendo uma 
rivalidade entre vencedor e vencido. 
 
A relação dos moradores de favela com o aparelho jurídico-
político do estado 
Partimos do pressuposto de que os moradores de favela se acham inseridos nos 
grupos dos mais excluídos do sistema formal de justiça por sua condição de 
renda e escolaridade mais baixas, mas quais seriam os fatores, além de renda e 
educação, que ajudariam a explicar a exclusão dessa população do acesso à 
justiça? No caso das favelas, existem outros elementos de exclusão, a começarpela forma irregular e mesmo ilegal de ocupação do espaço urbano, que 
acabam por configurar a própria negação do acesso de seus moradores à 
cidade. 
 
A ilegalidade coletiva do tipo de habitação nas favelas, à luz do direito 
brasileiro, condiciona o relacionamento de seus moradores com o aparelho 
jurídico-político do estado. 
 
Ao estarem excluídos do sistema legal oficial, os moradores das favelas acabam 
construindo um direito próprio, interno e informal. Somando-se à forma de 
ocupação do espaço, a escassa presença do estado nas favelas possibilitou o 
controle do território por grupos armados, reforçando o discurso criminalizante 
que vem estigmatizando essa população. 
 
Partindo do pressuposto de que, ao promover a recuperação do território, a 
polícia pacificadora se constitui como etapa antecedente e essencial para 
possibilitar o acesso aos demais direitos relacionados à cidadania. Como dito, o 
 
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principal aspecto do exercício de cidadania que nos interessa analisar aqui é o 
acesso à justiça. Argumentamos que acesso à justiça é condição fundamental 
para o desenvolvimento pleno da cidadania. 
 
O acesso à justiça pressupõe igualdade de condições a todos os cidadãos na 
utilização das instituições e dos canais do sistema pelos quais possam 
reivindicar direitos e solucionar conflitos, a assistência judiciária à população de 
baixa renda, bem como a simplificação de procedimentos e do próprio 
processo, e incorporação dos meios alternativos e informais de resolução de 
conflitos. Assim, o acesso à justiça só é pleno se envolver a possibilidade de 
mobilizar instrumentos institucionais e beneficiar-se da ação dos mecanismos 
institucionais pertinentes. 
 
 
Atenção 
 É frequente nas favelas, até pela presença ostensiva do tráfico, 
os moradores parecerem mais descrentes em relação à justiça 
ao apontarem que as leis não são cumpridas, e a justiça “não 
fazer valer as leis”, conforme se pode perceber por algumas 
falas que aparecem nas mídias. Afirmam essas vozes que o 
domínio dos traficantes de drogas desestimula a procura pelos 
equipamentos formais de justiça, seja porque os moradores têm 
medo de serem confundidos com delatores, seja porque podem 
contar com a mediação do próprio tráfico (chamado de 
“movimento”) para a solução desses conflitos. 
 
Na visão dos moradores das favelas, é comum a discriminação e 
o preconceito estarem associados à presença ostensiva do 
tráfico. Os habitantes dos bairros do entorno não conseguem 
dissociar o morador comum do traficante. O maior exemplo 
nesse sentido é o fato de que os moradores enfrentam 
dificuldades para se empregar quando dizem o local em que 
 
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residem. 
 
A UPP passa a ocupar aos poucos um espaço na administração 
de conflitos nas comunidades pacificadas, sobretudo aqueles 
tipos de conflitos antes mediados pelo tráfico. Também passa a 
desempenhar um papel antes restrito a ONGs e associações de 
moradores, no sentido de informar e orientar a busca pela 
efetivação e garantia de direitos. Na ânsia de agradar à 
população e a seus superiores hierárquicos, os agentes têm 
aceitado essa tarefa, passando a intermediar contatos com 
outros órgãos de governo, oferecendo atividades lúdicas (o que, 
curiosamente, ocorre ao mesmo tempo em que atividades 
geradas na própria dinâmica social das localidades, como os 
bailes funk, são proibidas ou rigidamente reguladas). Essa 
ampliação de fato do objetivo das UPPs altera seu sentido e 
representa enorme risco para seu sucesso. Nesse sentido, isso 
pode promover um retrocesso na democratização das relações 
sociais no Rio de Janeiro, ou seja, transformar unidades policiais 
em atores políticos de base. 
 
Comunicação não violenta – CNV 
No dia a dia, vivenciamos várias situações que nos causam estresse, angústia, 
raiva, tristeza, ódio e impotência. Muitas vezes, não sabemos como lidar com 
esses fatos que nos causam desconforto e sofrimento. Acabamos reproduzindo 
a violência sofrida ou nos isolando e não resolvendo o conflito. 
 
As contribuições teóricas e práticas daqueles que se apoiam na comunicação 
não violenta – CNV (chamada também de comunicação empática) consideram 
que todas as ações estão originadas numa tentativa de satisfazer necessidades 
humanas, mas tentam fazê-lo evitando o uso do medo, da vergonha, da 
acusação, da ideia de falha, da coerção ou das ameaças. O ideal da CNV é 
conseguir que nossas necessidades e expectativas não sejam satisfeitos às 
 
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custas de outra pessoa. Um princípio-chave da comunicação não violenta é a 
capacidade de se expressar sem usar julgamentos decisivos sobre o que é 
"bom" ou "mau", do que está certo ou errado. 
 
A ênfase é posta em expressar sentimentos e necessidades em vez de críticas 
ou juízos de valor e é amplamente utilizada nas áreas de mediação e definição 
dos conflitos. Muitas pessoas passam uma vida inteira comunicando-se de 
maneira extremamente informal ou, até mesmo, violenta sem que se deem 
conta disso. A definição de comunicação não violenta (CNV) nos diz que ela: “... 
é baseada nos princípios da não violência – o estado natural de compaixão 
quando a não violência está presente no coração. A CNV começa por assumir 
que somos todos compassivos por natureza e que estratégias violentas – se 
verbais ou físicas – são aprendidas, ensinadas e apoiadas pela cultura 
dominante. A CNV também assume que todos compartilham o mesmo, 
necessidades humanas básicas, e que cada uma de nossas ações são uma 
estratégia para atender a uma ou mais dessas necessidades”. 
 
A CNV essencialmente busca a pacificação de uma guerra cotidiana, já que nos 
habituamos a expressar o que queremos de forma impositiva e desatenta. Ela 
também parte da observação de que a violência pode ser evitada, muitas 
vezes, se utilizarmos uma comunicação adequada, considerando os atributos 
alheios em vez de desprezá-los. Através de uma série de distinções precisas, o 
trabalho revela como as formas culturais predominantes de nos comunicarmos, 
conosco mesmos e com os outros, levam-nos a entrar em choque com colegas, 
familiares e pessoas com opiniões ou culturas diferentes e, assim, iniciar ciclos 
de emoções dolorosos. 
 
Eminentemente prático, o processo oferece alternativas claras aos confrontos 
em que ficamos presos e à lógica destrutiva da raiva, punição, vergonha e 
culpa. Com a consciência que essa constatação nos fornece, passamos a 
enxergar a mensagem por trás das palavras e ações dos outros e de nós 
mesmos, independentemente de como se faz a comunicação. Assim, as críticas 
 
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pessoais, rótulos e julgamentos dos outros, seus atos de violência física, verbal 
ou social são revelados como expressões trágicas de necessidades não 
atendidas. Além de uma abordagem de clareza e mediação pessoal, a CNV 
possibilita mudanças estruturais no modo de encarar e organizar as relações 
humanas (gestão de grupos e organizações) e na questão da responsabilidade, 
diminuindo a chance de agressões ou dinâmicas de grupo opressoras. 
 
A comunicação não violenta foi usada primeiramente em projetos federais do 
governo americano a fim de integrar, de forma pacífica, escolas e instituições 
públicas durante os anos sessenta. Ao longo dos últimos 40 anos, Dr. 
Rosenberg e sua equipe criaram sistemas de apoio à vida nas relações intra e 
interpessoais, com administradores escolares, professores, profissionais de 
saúde, policiais, mediadores, sistemas jurídicos, gerentes de empresas, 
detentos e guardas, líderesreligiosos judeus, cristãos, budistas e muçulmanos, 
autoridades governamentais e outros, em mais de 50 países. 
 
A CNV é aplicada em penitenciárias na Suécia, nos Estados Unidos, Alemanha e 
Reino Unido, faz parte de programas para detentos e guardas, e é cada vez 
mais utilizada no processo da reintegração de ex-presidiários. Projetos com 
policiais e militares demonstraram a eficácia de treinamento em não violência, 
aumentando o respeito aos direitos humanos, o uso protetor de força e a 
melhoria no bem-estar dos capacitados. Comunicação não violenta faz parte da 
formação de membros da força não violenta de paz, grupo internacional 
presente em situações de conflito armado para apoiar a transformação pacífica. 
No Brasil, ela desempenha papel-chave nos projetos-piloto do Ministério de 
Justiça em justiça restaurativa, aplicada em escolas, varas de infância e fóruns, 
unidades da FEBEM e demais instituições de amparo. 
 
“Olho por olho, dente por dente”. A cultura da vingança está ligada à da 
premiação, reforçando que há os ontologicamente bons e os ontologicamente 
ruins. O risco coletivo em períodos de tensão e desigualdade social acirra uma 
 
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cultura da vingança/punição como compensação social e estabilização de 
medos. 
 
O homem é um ser ontologicamente de linguagem. Não é só porque fala, mas 
porque se caracteriza como humano pela linguagem – que é produção de 
sentido, cultura, arte, gesto, corpo, sinais, escrita, olhar e uma infinidade de 
formas de relação entre sujeitos. Assim, a tarefa essencial da mediação é 
restituir à palavra o seu valor dentro do embate social. A sociedade humana é 
ontologicamente dialógica, ou seja, atravessada pela palavra. E é justamente a 
palavra livre de preconceitos capaz de solucionar conflitos, propor soluções. A 
importância da CNV na resolução de conflitos vem exatamente da nossa 
capacidade de escolha das palavras utilizadas em nosso discurso diário, pois 
palavras e frases mal colocadas podem nos colocar diante de situações 
desagradáveis, instaurando, inclusive, conflitos. 
 
Existe uma alternativa pacífica de resolução de conflitos que busca uma relação 
não hierárquica, de escuta, diálogo e respeito por todos os envolvidos. São as 
práticas restaurativas, que vêm sendo usadas em diversos espaços como 
escolas, poder judiciário, comunidades e no dia a dia das pessoas. A ideia é 
proporcionar um encontro onde as pessoas diretamente envolvidas numa 
situação de violência ou conflito possam conversar e identificar suas 
necessidades não atendidas. Busca a responsabilização coletiva pela situação 
de conflito e construção de alternativas de resolução não violenta, visando 
restaurar as relações rompidas. 
Atividade proposta 
Sabemos que ações coativas estão presentes em instrumentos judiciais, 
policiais, prisionais e promotorias públicas. Pergunta-se então: O que se pode 
entender por ordem pública? 
 
Chave de resposta: Segundo Tourinho Filho, o conceito de ordem pública 
pode ser entendido como a paz, a tranquilidade que reina no meio social; este 
conceito não se limita a dizer em quais casos, por exemplo, estaria tal ordem 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
periclitada, como nos casos em que o agente estiver cometendo novas 
infrações penais, sem que se consiga surpreendê-lo em flagrante delito, estiver 
fazendo apologia ou incitando ao crime, ou se reunindo em quadrilha ou bando. 
 
Referências 
FILHO, Evaristo de Morais. O problema de uma sociologia do direito. Rio 
de Janeiro: Freitas Bastos, 1950. 
LUCI DE OLIVEIRA, Fabiana. UPPs, direitos e justiça: um estudo de caso das 
favelas do Vidigal e do Cantagalo. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2012. 
MONTEIRO, Fabiano Dias; MALANQUINI, Lidiane. Sobre soldados e gansos: 
uma aproximação acerca da percepção policial sobre a atuação em UPPs. 
Trabalho apresentado na 28ª Reunião Brasileira de Antropologia. São Paulo, 
2012. 
NASCIMENTO, Vânia. Mediação nas unidades de polícia pacificadora: 
Morro da Formiga. Dissertação UFF/ PPGA. 2012. 
PAES DE CARVALHO, Ana Karine P. C. Miranda. Mediação de conflitos: uma 
alternativa para a paz. 5. ed. Fortaleza: s.n., 2009. 
ROSENBERG, Marshall B. Comunicação não violenta: técnicas para 
aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. 1. ed. São Paulo: Summus, 
2006. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
O que se entende por pacificação de favelas? 
a) É um programa no qual a polícia recupera territórios controlados por 
traficantes e milicianos e instala unidades de polícia pacificadora, 
tentando aproximar a polícia da população. 
b) É um programa no qual são instaladas unidades de polícia pacificadora 
em locais estratégicos para que, futuramente, a polícia possa recuperar 
territórios controlados por traficantes e milicianos. 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
c) É a instalação de unidades de polícia pacificadora em diversos pontos da 
cidade para atender especialmente à denúncia de crimes relacionados ao 
tráfico de drogas. 
d) É a transformação de delegacias comuns em unidades de polícia 
pacificadora, onde policiais de elite se concentrarão para atender 
chamados de crimes mais graves. 
e) É a retirada em etapas de moradores de áreas dominadas pelos 
traficantes e sua realocação em moradias populares em outros locais. 
 
Questão 2 
Dentre as afirmativas abaixo, indique aquela que melhor conceitua o 
policiamento de proximidade. 
a) Consiste na proatividade e na descentralização de conflitos da polícia. 
b) Consiste tão somente no combate ao tráfico de drogas. 
c) Consiste unicamente numa polícia de enfrentamento. 
d) Consiste em criar única e exclusivamente planos de controle e ataque. 
e) Consiste em criar estratégias capazes de resolver conflitos e reduzir os 
indicadores de criminalidade com base na ação de uma polícia 
qualificada. 
 
Questão 3 
O atendimento prestado à cidadania, a educação dos policiais e os êxitos 
alcançados pelas polícias ajudam bastante, mas confiança exige proximidade 
dos policiais com as pessoas. Nesse sentido, pode-se dizer que o objetivo da 
polícia pacificadora está fundado: 
a) Numa concepção reativa, onde os policiais patrulham aleatoriamente as 
favelas. 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
b) Na ausência de vínculos entre policiais e indivíduos para combater a 
violência. 
c) No conceito de cidadania que une policiais e comunidade para solucionar 
conflitos temporários. 
d) Na criação de estratégias para resolver conflitos e reduzir os índices de 
criminalidade local. 
 
Questão 4 
Com o policiamento de proximidade, os profissionais de segurança passam a 
conhecer os residentes por seus nomes, passam a entender as dinâmicas 
sociais da região, adquirindo, assim, melhores condições para auxiliar as 
pessoas em variados momentos de dificuldade. Dessa forma, podemos 
entender que a polícia pacificadora: 
a) Trabalha com um conceito que vai além da polícia comunitária e tem sua 
estratégia fundamentada na parceria entre a população e as instituições 
da área de segurança pública. 
b) Trabalha com um conceito de enfrentamento e tem sua estratégia 
pautada no afastamento entre policiais e comunidade. 
c) Trabalha para reduzir os índices de criminalidade, sem, contudo, se 
preocupar com os problemas causados pela violência doméstica 
d) Trabalha exclusivamente para reduzir os conflitos domésticos, sem se 
preocupar com o tráfico de drogas e as milícias. 
 
Questão 5 
A presença ininterrupta da polícia tem sido essencial para que as comunidades 
se integrem ao restante da cidade formal. Hoje, as comunidades pacificadas 
recebem investimentosprivados, têm agências bancárias e serviços públicos 
que, antes, simplesmente eram impedidos de chegar. Assim: 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
a) A prioridade do governo é a preservação de vidas e liberdades dos 
moradores. 
b) A prioridade do governo é a dominação e captura de narcotraficantes. 
c) A prioridade do governo é a redução de crimes de pequena monta. 
d) A prioridade do governo é defender a comunidade de balas perdidas. 
 
Questão 6 
A restauração da relação social implica em retomar uma qualidade de 
comunicação e de convivência pautada no respeito mútuo, de forma a garantir 
a sustentabilidade do diálogo daqueles que participam daquela convivência. 
Assim, podemos entender como mediação de conflitos, exceto: 
a) O processo de diálogo, que inclui a desconstrução do conflito e o 
restauro da relação social. 
b) A construção de soluções com comprometimento para preservar a 
relação social. 
c) O método autocompositivo dedicado à restauração da relação social. 
d) A composição de diferenças com soluções de mútuo benefício. 
e) O método de contraste visando à coexistência da competição. 
 
Questão 7 
O conflito surge das interações dos indivíduos, sendo inerente à própria 
existência humana. Diferentemente do que a grande maioria das pessoas acha, 
o conflito não é nocivo à vida social, muito embora congregue elementos 
positivos e negativos, formando uma unidade. Assinale a resposta correta: 
a) Os participantes da mediação aprendem uma forma pacífica e 
colaborativa de negociar diferenças. 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
b) Os participantes da mediação não possuem nenhum comprometimento 
com o fortalecimento da harmonia social. 
c) Os participantes da mediação interagem sem, contudo, se preocuparem 
com a restauração do equilíbrio social. 
d) Os participantes da mediação interagem em favor da coexistência da 
competição, promovendo diferenças. 
e) Os participantes da mediação colaboram com as diferenças, instigando 
os enfrentamentos. 
 
Questão 8 
A mediação de conflitos é uma técnica utilizada para a administração positiva 
do conflito, colocando a paz social ao alcance dos cidadãos. Um policiamento 
voltado para a resolução de problemas locais é necessário para recuperar 
territórios empobrecidos, dominados pela criminalidade. Assim, relacionando a 
mediação de conflito com a polícia pacificadora, é incorreto afirmar que: 
a) Surge um novo paradigma no enfrentamento da violência e 
criminalidade. 
b) Surge a possibilidade de favorecer o encontro de mundos conflitantes, 
aumentando as chances de diálogo. 
c) Surge a possibilidade de estabelecer possibilidades de convivência 
pacífica. 
d) Surge uma experiência inovadora de policiamento comunitário. 
e) Surge a ineficácia diante de uma situação de longa data: o conflito. 
 
Questão 9 
O conceito tradicional de segurança pública restringe-se à ação policial 
ostensiva e repressiva contra o crime. Contrapondo-se a essa abordagem 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
tradicional, já se pode pensar num trabalho capaz de solucionar conflitos e 
estabelecer a ordem pública. Assim, pode-se dizer que: 
a) Não há dúvidas de que os agentes da segurança pública em nada 
contribuem para a solução de conflitos. 
b) Somente a sociedade civil pode planejar e executar ações e oferecer 
estímulos positivos no combate a conflitos. 
c) As ações do governo demonstram a preocupação do estado em 
implantar mudanças e solucionar conflitos. 
d) O fazer policial justifica-se na manutenção da ordem frente aos conflitos 
insurgentes produzidos no interior da sociedade. 
 
Questão 10 
Numa acepção moderna, mediação é o processo voluntário de ajuste de 
conflitos, no qual uma terceira pessoa, imparcial e capacitada ─ escolhida ou 
aceita pelas partes ─, atua no sentido de encorajar e facilitar a resolução de 
uma disputa sem determinar qual a solução. Por mediação de conflito, 
podemos entender: 
a) O processo dialógico e cooperativo, que possibilita identificar os 
interesses e as necessidades que jazem sob as posições adversárias. 
b) O processo cooperativo, mas nunca dialógico, que propicia a articulação 
de interesses. 
c) O processo que visa desarticular os interesses e estabelecer 
desigualdades. 
d) O processo capaz de favorecer um conjunto de ganhadores com suas 
necessidades e interesses. 
e) O processo que possibilita a satisfação de interesses de apenas uma das 
partes envolvidas. 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
 
Questão 11 
Dentre as afirmativas abaixo sobre comunicação não violenta (CNV), escolha 
aquela não se relaciona com a verdade. 
a) A CNV é eficaz e capaz de exercer relações de parceria e colaboração. 
b) A CNV possibilita mudanças estruturais no modo de encarar e organizar 
as relações humanas. 
c) A CNV baseia-se na escuta empática e na expressão autêntica da nossa 
própria experiência interior. 
d) A CNV não é capaz de transformar o modelo social, uma vez que se 
pauta no autoritarismo e na imposição do medo. 
e) A CNV foi criada por Marshall B. Rosenberg a partir de suas experiências 
pessoais. 
 
Questão 12 
A CNV possibilita entrar em contato com a nossa própria compassividade, 
podendo ser aplicada em todos os níveis de comunicação, bem como em 
instituições públicas e privadas e na solução de conflitos de toda a natureza. 
Para Rosenberg: 
I - É justamente na forma como nos comunicamos e, também, como somos 
ouvidos pelos outros que reside os motivos dos conflitos. 
II - É reconhecer qual necessidade está ligada ao sentimento observado e que 
não está sendo atendida num determinado momento. 
III - É reconhecer que, na forma como nos comunicamos, está a chave para a 
solução de questões conflituosas. 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
IV - É reconhecer que formas específicas de linguagem contribuem para 
comportamentos violentos em relação aos outros; dentre eles, encontra-se a 
CNV. 
Estão corretas as afirmativas: 
a) I e II 
b) II e IV 
c) I, II e III 
d) Todas as afirmativas estão corretas. 
 
Questão 13 
Observemos os seguintes exemplos: “Cheguei atrasado porque havia muito 
trânsito hoje”; “Trabalho nesta empresa porque não tem outra”; “Ele fala assim 
comigo porque não sabe do que sou capaz”. Todas essas falas podem 
ocasionar conflitos e estabelecer desarmonia. A proposta de Rosenberg é: 
I - Criar uma comunicação capaz de evitar focos de discussão e consequentes 
conflitos. 
II - Criar a possibilidade de nos comunicarmos de maneira independente, sem 
nos importarmos com o outro. 
III - Criar a possibilidade de sermos autênticos, nos comunicando com 
liberdade e de acordo com nossos próprios interesses. 
IV - Criar uma comunicação capaz de atuar como um norteador na resolução de 
conflitos. 
Estão corretas as afirmativas: 
a) I e II 
b) II e III 
c) I, II e IV 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
d) I e IV 
 
Questão 14 
Assinale a afirmativa incorreta. 
a) A CNV começa por assumir que somos todos compassivos por natureza e 
que estratégias violentas – verbais ou físicas – são aprendidas, ensinadas 
e apoiadas pela cultura dominante. 
b) A CNV possibilita mudanças estruturais no modo de encarar e organizar 
as relações humanas (gestão de grupos e organizações) e na questão da 
responsabilidade, diminuindo a chance de agressões ou dinâmicas de 
grupo opressoras. 
c) A CNV faz parte da formação de membros da força não violenta de paz, 
grupo internacional presente em situações de conflito armado para 
apoiar a transformação pacífica. 
d) O ideal da CNV é conseguir que nossas necessidades, desejos eexpectativas sejam satisfeitos de acordo com nossos próprios interesses, 
custe o que custar. 
e) A CNV foi usada primeiramente em projetos federais do governo 
americano durante os anos sessenta e é cada vez mais utilizada no 
processo da reintegração de ex-presidiários. 
 
Questão 15 
Indique a única resposta incorreta. 
a) A comunicação não violenta faz com que os outros que nos ouvem se 
sintam atacados, fragilizados e impotentes. 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
b) A comunicação não violenta pode ser utilizada formalmente na mediação 
e resolução de conflitos, e mais informalmente em todas as situações da 
vida quotidiana. 
c) A comunicação não violenta pode ser útil em qualquer situação onde 
existam problemas ou conflitos e contribuir para encontrar soluções 
benéficas para todos. 
d) A comunicação não violenta é uma maneira de falar que é assertiva e 
empática ao mesmo tempo. 
e) A comunicação não violenta também é uma forma de compreender o 
que se passa com os outros e reconhecer a nossa situação. 
 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
Questão 1 - A 
Justificativa: As UPPs são pensadas como um modelo a ser adotado em todo o 
país para ser aplicado nos contextos geradores de altas taxas de criminalidade 
com o objetivo de recuperar territórios controlados por traficantes e milicianos. 
 
Questão 2 - E 
Justificativa: A polícia de proximidade visa descentralizar os conflitos, 
aproximando-se das comunidades. 
 
Questão 3 - D 
Justificativa: As estratégias estabelecidas pelas UPP têm como finalidade não só 
contribuir para a redução da criminalidade como, também, resolver conflitos 
entre os membros das comunidades. 
 
Questão 4 - A 
Justificativa: Diferentemente de épocas passadas, a polícia de proximidade 
procura um bom entendimento entre os cidadãos que vivem nas comunidades, 
resgatando, dessa forma, o elo que os une à cidadania. 
 
Questão 5 - A 
Justificativa: A preocupação do estado é garantir e preservar as liberdades 
individuais e o direito à vida, base de todo o sistema constitucional. 
 
Questão 6 - E 
Justificativa: A mediação de conflitos cria soluções para atender aos interesse 
de todos os envolvidos, porque não haverá um ganhador e um perdedor, como 
ocorre quando as diferenças são resolvidas por meio de métodos adversariais – 
quando um ganha e o outro perde. 
 
Questão 7 - A 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
Justificativa: Os participantes da mediação identificam na convivência pacífica o 
bem maior. 
 
Questão 8 - E 
Justificativa: No momento em que começam a existir as transformações política 
e social, a compreensão da sociedade como um ambiente conflitivo é complexo, 
e a polícia de pacificação passa a ser demandada para garantir não mais uma 
ordem pública determinada, mas a solução de conflitos. 
 
Questão 9 - D 
Justificativa: O conflito origina-se da contraposição de interesses, animosidades 
recíprocas ou outras causas dissociativas, que geram certa tensão entre os 
indivíduos e os dispõe como antípodas no espaço social. O fazer policial, hoje, é 
de especial importância na solução de conflitos. 
 
Questão 10 - A 
Justificativa: Os conflitos são inerentes à vida em grupo e gerados pela 
escassez de recursos para satisfazer todas as necessidades e desejos 
individuais. Para que possam ser solucionados, utiliza-se o processo da 
intermediação, dialógico e cooperativo, que possibilita a identificação do 
interesse dos envolvidos e das posições adversárias. 
 
Questão 11 - D 
Justificativa: A CNV atua como um norteador na resolução de conflitos, 
segundo Rosenberg (2006). É justamente na forma como nos comunicamos, ou 
seja, como falamos e ouvimos os outros e, também, como somos ouvidos pelos 
outros, que reside os motivos dos conflitos; portanto, entendendo esse 
processo e alterando a forma da comunicação, compreenderemos como 
solucionar situações conflituosas. 
 
Questão 12 - C 
 
 CIÊNCIA JURÍDICA E SEGURANÇA PÚBLICA 
Justificativa: Para Rosenberg, a CNV possibilita entrarmos em contato com um 
estado natural do ser humano de sermos compassivos e tolerantes, 
contribuindo, dessa forma, para solucionar conflitos. 
 
Questão 13 - D 
Justificativa: Esses discursos sinalizam uma violência cotidiana, que 
perpetuamos inconscientemente. Alterando a forma da comunicação, 
compreenderemos como solucionar situações conflituosas. 
 
Questão 14 - D 
Justificativa: A CNV permite que venha à tona aquilo que existe de positivo em 
cada um de nós e que sejamos dominados pelo respeito e pela compreensão 
em vez de sermos guiados por atitudes egocêntricas. 
 
Questão 15 - A 
Justificativa: A comunicação não violenta (CNV) é um processo conhecido por 
sua capacidade de inspirar ação compassiva e solidária, e parte da observação 
de que a violência que nos cerca é reflexo de uma lógica de ação e relação 
divorciada de nossos verdadeiros valores.

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