Buscar

Aula 21-08-19

Prévia do material em texto

AULA 21/08/2019 – DIREITO PREVIDENCIÁRIO
SEGURADO
O segurado mantém um vínculo com a Previdência Social baseado em contribuição - ele contribui com a Previdência.
O segurado mantém com a Previdência uma relação sinalagmática, ou seja, uma relação que implicam direitos e deveres para ambas as partes, sendo que a Previdência tem o direito de receber contribuições e o dever de conceder as prestações, e o segurado tem o dever de contribuir e o direito de receber as prestações.
Trata-se de uma relação sinalagmática, mas de caráter não contratual, pois o segurado é obrigado a filiar-se à Previdência, com exceção do segurado facultativo, pois a relação aqui tem caráter contratual (contrato de adesão). Há, nesse caso, autonomia da vontade. A lei não impõe ao segurado facultativo o dever de ser filiado à Previdência e, uma vez filiado, ele pode desfiliar-se a qualquer momento.
Segurado Obrigatório
Empregado.
Empregado doméstico.
Contribuinte individual (empresário; autônomo; equiparado ao autônomo ).
Trabalhador avulso.
Segurado Especial.
O segurado empregado começa a ser considerado filiado à Previdência no momento em que é contratado como empregado.
O contribuinte individual só é considerado filiado à Previdência após realizar o pagamento da 1ª contribuição. 
Percebe-se, nestes exemplos, que o vínculo com a Previdência, nos dois casos, começou em momentos distintos.
O segurado empregado não precisa comprovar que contribui, basta ser empregado para ser considerado filiado.
Outra regra distinta é a de que o contribuinte empregado pode contribuir, desde o início da sua filiação, pelo valor máximo, ou seja, o teto da contribuição; já o contribuinte individual passa por fases, escalas de salário-base. A escala de salário-base está sendo extinta. Já não se aplica mais aos segurados que se filiarem a partir de 29.11.1999 (ver Lei n. 9.876/99).
Percebe-se, assim que cada tipo de segurado tem tratamento específico.
Categoria de segurados obrigatórios
a) Empregado: Segurado que presta pessoalmente serviço de natureza urbana ou rural a empresa em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração.
Se o Estado mantiver alguém na condição de empregado, deverá ser segurado obrigatório do INSS, na categoria empregado.
Todos os funcionários públicos federais comissionados são segurados obrigatórios como empregados (ver Lei n. 8.213/91, art. 11, I, "a" a "i").
"Por força da Lei n. 9.876/99, o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por sistema próprio de previdência social, anteriormente classificado como equiparado a autônomo, passou a integrar o grupo dos empregados." ("in" Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social, Daniel Machado da Rocha e José Paulo Baltazar Júnior, Porto Alegre, ed. Livraria do Advogado e ESMAFE - Escola Superior da Magistratura Federal do Rio Grande do Sul, pág. 57, art.11)
b) Empregado doméstico: É aquele que presta serviço de natureza contínua, mediante remuneração, a pessoa ou família, no âmbito residencial destas, em atividades sem fins lucrativos. 
Diarista: se trabalhar duas ou mais vezes por semana, já é considerado o vínculo empregatício.
Caso haja alguma atividade comercial na residência, já não pode mais ser considerado empregado doméstico (ver Lei n. 8.213/91, art. 11, II).
c) Contribuinte individual
É o antigo autônomo e equiparado a autônomo e empresário. Trata-se da pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária ou pesqueira, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados ( é o antigo empregador rural).
São também considerados contribuintes individuais equiparados a autônomo o padre, o pastor, o pai de santo, o bispo etc.
E por fim, é também a pessoa que mantém firma individual, urbana ou rural (ver art. 11, V, da Lei n. 8.213/91).
O microempreendedor individual criado pela Lei Complementar nº 128/2008, que alterou a Lei Complementar nº 123/2006 está enquadrado como segurado obrigatório, na modalidade de contribuinte individual do Regime Geral da Previdência Social.
A Lei 8.213/1991 em seu artigo 11 classifica os segurados obrigatórios em cinco modalidades: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial.
O artigo 21 da Lei 8.212/1991 que define a forma de contribuição do contribuinte individual e facultativo determina por regra que, a alíquota de contribuição dos referidos segurados será de 20% (vinte por cento) sobre o respectivo salário de contribuição.
O salário de contribuição do contribuinte individual, assim considerado pelo que se extrai do inciso III do art. 28 da Lei 8.212/1991 é a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observada o limite máximo de 01(um) do salário de contribuição.
O MEI enquadra-se na modalidade de contribuinte individual, contudo, a ele e ao contribuinte facultativo de baixa renda foi concedido um tratamento diferenciado no que pertence a sua forma de custeio à Previdência Social e decorrente disso, os benefícios a que tem direito.
A Lei 12.470/2011 definiu para os segurados em questão que a alíquota por eles devida seria 5% (cinco por cento) incidente sobre o limite mínimo2mensal do salário de contribuição, desde que os referidos segurados optassem pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição.
Portanto, aplica-se obrigatoriamente ao contribuinte individual qualificado como Microempreendedor Individual – MEI, o disposto no § 2º do art. 21 da Lei 8.212/1991, “ipsis litteris”:
“Art. 21, § 2º. No caso de opção pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, a alíquota de contribuição incidente sobre o limite mínimo mensal do salário de contribuição será de”:
II – 5% (cinco por cento):
No caso do microempreendedor individual, de que trata o art. 18-A da Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006.
Consoante se depreende do artigo ora mencionado é que, no caso do MEI ao efetuar o recolhimento da contribuição pela alíquota reduzida de 5% (cinco por cento) sobre o salário mínimo estará optando pela exclusão do direito ao benefício da aposentadoria por tempo de contribuição.
Consigne-se que, não obstante, a opção pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, o segurado, enquadrado nesse regime diferenciado só fará jus a benefício com base no salário mínimo.
d) Trabalhador avulso
É aquele que trabalha com a intermediação obrigatória do sindicato ou do órgão gestor de mão-de-obra. Ex.: trabalhadores da área portuária.
e) Segurado especial
E o pequeno produtor rural, o parceiro, o meeiro, o pescador artesanal, o garimpeiro e os que exerçam a sua atividade em regime de economia familiar .
O segurado especial não contribui mensalmente; sua contribuição é anual.
Estes segurados podem requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, comprovando apenas o tempo de serviço, sem precisar comprovar a contribuição. 
O garimpeiro foi excluído da lei, mas continua sendo considerado administrativamente segurado especial.
Observação: Não confundir o contribuinte individual ( art. 11, V, a, da Lei n. 8212/91) com o segurado especial (inc. VII), pois o primeiro possui auxílio de empregados no exercício da atividade rural, já o segurado especial conta apenas com a ajuda dos membros da família para a exploração da atividade rural.
Segurado Facultativo (art. 13, Lei n. 8213/91 )
E toda pessoa que, sem exercer atividade que determine filiação obrigatória, contribui voluntariamente para a previdência social. É todo aquele que não é considerado obrigatório. 
Exemplos:
Dona de casa;
Estudante com mais de 16 anos
Síndico de edifico que não seja empregado
Lembrete: a idade mínima para ingressar no sistema Previdenciárioé 16 anos.
As pessoas que começaram a trabalhar com 14 anos, portanto, antes da mudança constitucional ocorrida com a EC n. 20, de 15.12.1998, que proíbe o trabalho aos menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz aos 14 anos (art. 7º, XXXIII), continuaram a ser filiadas da Previdência Social, em face do direito adquirido. Para efeito de aposentadoria por idade rural, começa-se a contar a partir dos 12 anos. 
Todo e qualquer cidadão que, em relação ao segurado do INSS se enquadre em um dos dois critérios básicos de dependência (econômica ou condição familiar), será considerado “dependente” e poderá ser inscrito para fins de recebimento de benefícios ou pagamento de resíduos.
 Dependentes
A legislação em vigor enumera os dependentes de segurado do INSS em ordem de prioridade conforme as 3 classes abaixo:
O cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente;
 Os pais;
O irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente.
 Observações
O enteado e o menor tutelado serão equiparados a filho mediante declaração do cidadão segurado do INSS e desde que seja comprovada a dependência econômica através de documentos.
Será considerada companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantenha união estável com o segurado ou com a segurada do INSS, sendo esta configurada na convivência pública, contínua e duradoura entre ambos, estabelecida com intenção de constituição de família.
Conforme Portaria MPS nº 513, de 09 de dezembro de 2010, o companheiro ou a companheira do mesmo sexo também integra o rol dos dependentes e, desde que comprovada a união estável, concorre em igualdade com os demais dependentes preferenciais.
O cônjuge separado de fato, divorciado ou separado judicialmente terá direito ao benefício desde que beneficiário de pensão alimentícia, mesmo que este benefício já tenha sido requerido e concedido à companheira ou ao companheiro.
 Dependência econômica ou união estável
Os dependentes que foram listados na classe 1 não precisarão comprovar dependência econômica uma vez que a legislação coloca esta condição como presumida.
Já os demais dependentes listados nas classes seguintes, bem como o enteado e o menor tutelado, têm a obrigatoriedade desta comprovação e poderão fazê-la com a apresentação de no mínimo 03 dos seguintes documentos:
Certidão de nascimento de filho havido em comum;
Certidão de casamento Religioso;
Declaração do imposto de renda do segurado, em que conste o interessado como seu dependente;
Disposições testamentárias;
Declaração especial feita perante tabelião (escritura pública declaratória de dependência econômica);
Prova de mesmo domicílio;
Prova de encargos domésticos evidentes e existência de sociedade ou comunhão nos atos da vida civil;
Procuração ou fiança reciprocamente outorgada;
Conta bancária conjunta;
Registro em associação de qualquer natureza onde conste o interessado como dependente do segurado;
Anotação constante de ficha ou Livro de Registro de empregados;
Apólice de seguro da qual conste o segurado como instituidor do seguro e a pessoa interessada como sua beneficiária;
Ficha de tratamento em instituição de assistência médica da qual conste o segurado como responsável;
Escritura de compra e venda de imóvel pelo segurado em nome do dependente;
Declaração de não emancipação do dependente menor de vinte e um anos;
Quaisquer outros documentos que possam levar à convicção do fato a comprovar.
Na impossibilidade de serem apresentados 03 dos documentos listados, mas desde que haja pelo menos 1 (um) documento consistente, o requerente do benefício poderá solicitar o procedimento de Justificação Administrativa para fins de comprovação.
Restrições
Nos requerimentos de benefício do INSS, a existência de um único dependente de qualquer das 03 classes automaticamente excluirá o direito de serem considerados dependentes aqueles que pertencerem às classes seguintes.
Importante observar ainda que, o filho, o enteado ou o irmão inválido maior de 21 anos somente serão considerados dependentes do cidadão se ficar comprovado pela avaliação médico-pericial do INSS que:
A incapacidade para o trabalho é total e permanente;
A invalidez é anterior à eventual causa de emancipação civil ou anterior à data em que completou 21 anos;
A invalidez manteve-se de forma ininterrupta até o preenchimento de todos os requisitos de elegibilidade ao benefício;
A invalidez seja anterior ou simultânea ao óbito do segurado.
Perda da condição de Dependente
Todos aqueles que foram listados nas classes de dependentes poderão perder esta condição devido a alguns fatores.
A perda poderá se dar da seguinte maneira:
Para o cônjuge
Pela separação judicial ou o divórcio, desde que não receba pensão alimentícia;
Pela anulação do casamento; pelo óbito ou por sentença judicial transitada em julgado.
Para a companheira ou o companheiro
Inclusive do mesmo sexo, pela cessação da união estável com o segurado ou segurada, desde que não receba pensão alimentícia.
 Para o filho, a pessoa a ele equiparada, ou o irmão, de qualquer condição
Ao completarem 21 (vinte e um) anos de idade, exceto se tiverem deficiência intelectual ou mental que os tornem absoluta ou relativamente incapazes, assim declarados judicialmente, ou inválidos, desde que a invalidez ou a deficiência intelectual ou mental tenha ocorrido antes: de completarem 21 (vinte e um) anos de idade; do casamento; do início do exercício de emprego público efetivo; da constituição de estabelecimento civil ou comercial ou da existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria; ou da concessão de emancipação, pelos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos.
Pela adoção
Para o filho adotado que receba pensão por morte dos pais biológicos, observando que a adoção produz efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença que a concede. No entanto, esta regra não será aplicada quando o cônjuge ou companheiro adota o filho do outro;
Para os dependentes em geral: Pela cessação da invalidez; ou pelo falecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOES, Hugo. Manual de Direito Previdenciário: teoria e questões. 9ª ed. Rio de Janeiro: Ferreira, 2015.
VIANNA, João Ernesto Aragonés. Curso de Direito Previdenciário. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
ALENCAR, Hermes Arrais. Desaponsentação e o instituto da “Transformação” de Benefícios Previdenciários do Regime Geral de Previdência Social. São Paulo: Conceito Editorial, 2011.
CASTRO, Carlos Alberto Pereira e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário, São Paulo: 4ª ed., LTR, 2003.
KERTZMAN,Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário, Salvador: 2ª ed., Edições Podivm, 2006.
MARTNS, Sergio Pinto. Direito da Seguridade Social. São Paulo: 20ª. ed., Atlas, 2004
ROCHA, Daniel Machado e SAVARIS, José Antonio Savaris. Curso de Especialização em Direito Previdenciário, Curitiba: 1ª ed., Juruá Editora, 2006.
VIEIRA, Marcos André Ramos, Manual de Direito Previdenciário, Niterói: 5ª. Ed., Editora Impetus, 2005. 
mpas.gov.br

Continue navegando