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Aula 14 - Agentes Públicos

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Aula 14
Fernanda Marinela
Direito Administrativo
08.07.14
+ Dia do jogo do Brasil – 7x1 (Alemanha)
Na aula passada estávamos falando dos agentes públicos 
Tratávamos da classificação dos agentes públicos, aonde paramos na segunda classificação:
II) Servidores Estatais
O servidor estatal pode ser:
Servidor Público
Servidor de Ente governamental de Direito Privado
Esse servidor é aquele que atua em PJ de direito privado. (empresa pública, SEM, fundação pública de direito privado).
Esse aqui NÃO é servidor público, senão estaria na categoria anterior. Ele é, na verdade, um empregado, ele é titular de emprego do regime celetista, regime trabalhista. 
Apesar do servidor de ente governamental de direito privado NÃO ser servidor público, ele se equipara a servidores públicos em algumas situações. Ele não é servidor, mas terá o mesmo tratamento dos servidores públicos em algumas situações.
Obs1. empregado da CEF, do CORREIOS, BB precisa prestar concurso? Sim, precisa prestar concurso. Esse é um ponto de equiparação. 
Obs2. No Brasil, o que vale é o regime da não acumulação, excepcionalmente a cumulação pode acontecer, mas em regra NÃO é possível acumular. Esses empregados também estão proibidos de acumular, eles também estão sujeitos ao regime da não acumulação 
Obs3. Há teto remuneratório? Sim, ninguém no serviço público no Brasil pode ganhar mais do que ministro do STF, será que esses empregados também estão sujeitos ao teto? Sim, ele também está sujeito a teto remuneratório, ele também se submete. 
Ex: mas e aquelas pessoas que trabalham em empresa pública e ganham 50 mil reais? A nossa CF diz que o empregado da empresa pública e da SEM está sujeito a teto, no entanto a CF traz uma exceção, uma ressalva: se a nossa empresa NÃO depende do repasse da administração direta para sua manutenção, para o seu custeio ela não está sujeita ao teto. Se a empresa caminha com as próprias pernas, não precisa do repasse da administração direta NÃO precisará respeitar o teto. Ex: é como se fosse pai e filho, pai não dá dinheiro para o filho viajar, mas quando ele começa a trabalhar e ganhar não precisa da ajuda do pai. 
Obs4. Nosso empregado também se iguala ao servidor público no que diz respeito à improbidade administrativa, ele irá responder como se fosse servidor pela lei de improbidade. Portanto, quanto à lei 8429/92 se equipara ao servidor público
Obs5. Esse empregado é considerado funcionário público para a lei penal – art. 327, do CP.
Obs6. Esse empregado também está sujeito aos remédios constitucionais – pode discutir através dos remédios constitucionais. Pode ajuizar MS, Ação Popular, Mandando de Injunção. 
Em todas essas situações estamos falando de equiparação. Em todas essas situações se igualam aos servidores públicos.
O que acontece no que diz respeito à dispensa desses empregados? 
Esses empregados, da empresa pública e SEM, eles não gozam da estabilidade do art. 41, da CF – súmula 390, do TST.
Súmula nº 390 - TST - Res. 129/2005 - DJ 20, 22 e 25.04.2005 - Conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 229 e 265 da SDI-1 e da Orientação Jurisprudencial nº 22 da SDI-2
Estabilidade - Celetista - Administração Direta, Autárquica ou Fundacional - Empregado de Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista
I - O servidor público celetista da administração direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ nº 265 da SDI-1 - Inserida em 27.09.2002 e ex-OJ nº 22 da SDI-2 - Inserida em 20.09.00)
II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de economia mista, ainda que admitido mediante aprovação em concurso público, não é garantida a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ nº 229 - Inserida em 20.06.2001)
Desse modo, se eles não têm estabilidade, a dispensa desses empregados não precisa ser motivada. 
A OJ 247, do TST dizia isso, como não há estabilidade, a dispensa não precisa ser motivada. 
Mas há um contrassenso, pois esse empregado presta concurso. O sujeito passa 3 anos estudando para passar, aí ele passa e o chefe não vai com a cara dele e no dia seguinte diz tchau. 
Do jeito que a situação estava posta não precisava nem explicar para a dispensa. 
Isso é um contrassenso. 
O TST, na OJ247 dizia: a dispensa é imotivada, salvo a ECT (correios), pois é uma empresa pública que presta serviço público, portanto o regime dela é mais próximo do público. 
Essa matéria foi levada ao STF e esse decidiu em sede de repercussão geral – RG: tema 131 ou RE 589.998. O STF diz o seguinte: estes empregados realmente não gozam de estabilidade, no entanto, se eles prestam concurso não pode mandar embora de qualquer jeito, de forma imotivada, precisa motivar este ato. 
A empresa pública tem duas finalidades:
- pode prestar serviço público: dispensa deve ser motivada
- ela pode ser exploradora de atividade econômica: para essas, como o regime é mais próximo de uma empresa privada, não precisa ser motivado. 
III) Particulares em Colaboração 
É um particular que vai colaborar com o Estado, vai cooperar com o Estado, ele é um particular que não perde a qualidade, condição de particular, mas que me um dado momento ele exerce função pública. Ex: mesário na eleição. Sou particular, não prestei concurso, mas no dia da eleição sou agente público. Ex2: cidadão convocado para ser jurado no Tribunal do Júri, ele será agente público particular que colabora com o Estado. Ele exerce função pública. 
O particular em colaboração pode ser subdividido em algumas categorias:
Particular em colaboração requisitado (é obrigado a ir)
Ex: jurado, mesário, serviço militar obrigatório 
Particular em colaboração voluntário 
Ex: dirigentes de órgão de classe como presidente do conselho de medicina, veterinária, OAB, eles são voluntários, participam por livre e espontânea vontade.
Nesse caso, alguns autores preferem denominar particular em Sponte Própria, ou seja, é aquele particular que colabora de forma livre. Eli Lopes Meireles chamava de agentes honoríficos, nada mais é do que um particular voluntário. 
Concessionária serviço público / permissionárias serviço público
Também é particular em colaboração aquele sujeito que está trabalhando na concessionária de serviço público, permissionária de serviço público. Ex: presta serviço de transporte coletivo, dirige caminhão etc.
Delegados de função – art. 236, da CF
Estamos falando dos serviços notariais, serviços de cartório. 
Sujeito passa no concurso e irá comandar o cartório, ele recebeu a delegação de função, ele é particular, mas ele está exercendo a função pública. A delegação de função acontece quando ele presta e passa no concurso. É um dos concursos mais concorridos. 
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. (Regulamento)
§ 1º - Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
§ 2º - Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro.
§ 3º - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.
Particular que pratica ato oficial 
Ele está em dois serviços: de saúde e de ensino
O particular que pratica ato oficial está em dois serviços específicos: saúde e ensino.
Ex: faço uma faculdade privada, mas o ensino é serviço público? Se a faculdade é privada, está sim prestando serviço público. É possível ajuizar MS contra escola privada? Sim, o MS é ajuizado contra ato de autoridade, o dirigente da universidade privada presta ensino, ensino é serviço público, portanto ele é agente público, mas ele é particular em colaboração
O dirigente de escola ou hospital privado são particulares em colaboração.Presta serviço público na qualidade de particular. São particulares que praticam atos oficiais. 
Saúde e ensino no Brasil são serviços específicos. Posso ajuizar MS contra dirigente de escola ou hospital privados porque eles estão prestando serviços públicos. São particulares em colaboração. Eles são agentes públicos. 
O sujeito no Brasil para ser servidor público, o que ele precisa? 
+ Acessibilidade
+ Precisa ser brasileiro? Acessibilidade no Brasil é em sentido amplo, portanto, brasileiros e estrangeiros podem ser servidores públicos, no entanto, o estrangeiro pode ser servidor na forma da lei. Não é qualquer estrangeiro, não é em qualquer situação. Ex: pesquisador, professor na universidade pública.
+ Qual é a porta de entrada para acessibilidade no serviço público? Concurso público. A acessibilidade é ampla, mas a condição é ser aprovado no concurso público. 
O que é o concurso público? É um processo seletivo, portanto estamos falando de uma escola meritória – passa os melhores candidatos. 
Aqui não importa o parentesco, vínculo político, o vizinho, parente ou amigo. Aquele que conseguiu cumprir os requisitos, passou no concurso e pronto.
Fala-se em exercício da isonomia, exercício da impessoalidade, pois todos têm condição de passar, não importa o nome do sujeito, ele foi bem ele é aprovado. 
Portanto, concurso é: processo seletivo, escolha meritória, exercício da isonomia e princípio da impessoalidade.
Todavia, há no Brasil exceções. Quem não presta concurso?
Mandatos eletivos. Ex: presidente, governador, prefeito etc. 
Eles são escolhidos de forma política e não meritória. 
Esse grupo não precisa fazer concurso, a escolha deve ser política. Todavia, o sujeito, para ser parlamentar, por exemplo, ele é o que faz a lei, se o sujeito não sabe nada como ele vai saber se a lei é constitucional ou não? A professora se preocupa com isso, pois temos parlamentares que não tem compreensão do que está sendo discutido.
Cargos em comissão: aquele baseado na confiança. 
Esse cargo de confiança serve para:
Direção 
Chefia 
Assessoramento 
Esse cargo pode ser exercido por qualquer pessoa, desde que cumpra o mínimo (maioridade e assim por diante). 
Livre nomeação com livre exoneração. 
Contrato temporário
Estamos falando de situação de excepcional interesse público. Art. 37, IX, da CF
 IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público;
Hipóteses expressas na CF
Não presta concurso no Brasil:
Ministro do Supremo
Ele não precisa sequer ser formado em direito, ele precisa ter notável saber jurídico. Ele é escolhido de forma política. Se parar para pensar, a maioria foi nomeada pelo PT. Isso é perigoso.
Alguns Tribunais Superiores (ex: STJ, TST)
Regra do quinto constitucional – art. 94, da CF
É a regra em que membros da OAB e MP passam a ser magistrados no TJs, TRF. 
Ministros e conselheiros dos Tribunais de Conta
Quem os escolhe é o político que terá suas contas julgadas por ele. Perigoso; escolha política. 
Art. 198, da CF – traz o agente comunitário de saúde e o agente de combate às endemias.
Esses agentes são submetidos a um processo seletivo simplificado. Esses agentes não prestam concurso, não estão sujeitos ao concurso público. 
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
O concurso público é aquele processo seletivo, é aquela escolha meritória e ele tem um prazo de validade. As regras do concurso estão previstas no edital. 
O que se pode exigir em um edital de concurso? 
Houve um concurso que exigia número de dentes para ser gari. Será que isso pode? 
Pode exigir altura, peso idade?
Todas essas exigências são possíveis SE elas forem compatíveis com as atribuições do cargo a serem exercidas. Se eu quero ser gari, ter dentes não é requisito
Compatível com atribuição do cargo
Portanto, tem que estar de acordo com as atribuições do cargo. Sendo compatível com as atribuições do cargo.
Previsto na lei da carreira
Ex: concurso de defensor público, querem exigir 3 anos de atividade jurídica, mas está na lei da carreira? Se não estiver não pode.
Deve estar previsto no Edital
Qualquer requisito que imaginar: idade, altura, peso etc.
+ Prazo de Validade
O prazo de validade de um concurso é de até 2 anos. O prazo não necessariamente será de 2, pois a CF diz até 2 anos, portanto pode ser de 6 meses, 1 ano. 
Esse prazo pode ser prorrogado? se você pensa em prorrogar esse prazo tem que estar previsto no edital. Se não falou nada, logo, a prorrogação tem que estar no edital. 
Mas é possível prorrogar por uma única vez e por igual período. Se o prazo é 2 anos posso prorrogar por mais 2. Se é de 1 ano, posso prorrogar por mais 1. 
A prorrogação tem que acontecer dentro da validade. Se o meu prazo é de 2 anos, venceu o prazo, esqueci de prorrogar, no dia seguinte quer prorrogar, já era. A prorrogação precisa acontecer enquanto o concurso é válido. Se morreu o prazo não tem mais o que fazer. 
Se o prazo vai vencer semana que vem, o administrador tem a obrigação de prorrogar o concurso? A prorrogação para a maioria dos autores é uma decisão discricionária para o administrador. De acordo com a conveniência e oportunidade do interesse público ele poderá prorrogar ou não. 
Se você é o próximo da lista e o concurso ainda é válido, tem direito à nomeação? 
A regra geral, a resposta é: ele não tem direito. 
Candidato aprovado no concurso tem mera expectativa de direito. 
No entanto, a jurisprudência reconhece direito subjetivo em algumas situações. 
Quando a jurisprudência diz: vai ter que nomear? Quais são as hipóteses que nós temos direito subjetivo à nomeação?
Preterição 
Ocorre quando o poder público nomeia o segundo colocado no lugar do primeiro. 
Súmula 15, do STF
STF Súmula nº 15 - 
    Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo for preenchido sem observância da classificação.
Vínculo precário
Ex: concurso de médico – 3 vagas – A, B e C são aprovados. Acontece que aquele queridinho do prefeito não está na lista. O administrador ignorava o A, B e C e contratava o queridinho como vínculo precário. A jurisprudência diz: se ele faz vínculo precário, chama gente de fora é porque ele precisa de gente e tem dinheiro para pagar, logo nomeia o aprovado para o concurso. 
Candidatos aprovados dentro do número de vagas
Terá direito subjetivo à nomeação – STF – RG tem 161 – RE 598.099
Para fugirem disso, eles colocam cadastro de reserva para não se comprometer. 
O CR acaba liberando o administrador de nomear o número de vagas, pois eles não dizem. Por enquanto, isso é constitucional. 
Obs. parte de provimento, posse, exercício, nomeação, prazos – iremos estudar no intensivo II.
Tomou posse, entrou no exercício, terá direito à estabilidade? Art. 41, da CF
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Esse artigo foi modificado pela EC 19/98
Servidor público tem direito à estabilidade? Precisa passar no concurso, Ser nomeado para o cargo público, essa é a primeira exigência. Precisará cumprir 3 requisitos:
Nomeação para cargo efetivo (pressupõe a aprovação em concurso)
3 anos de exercício 
Aprovação na chamada avaliação especial de desempenho 	
Cadê o estágio probatório? A CF não traz expressamente essa exigência, ela está prevista de forma expressa na lei, mas não na CF.
O que é avaliação especial de desempenho? Vai depender da lei de cada carreira. Cada carreira terá avaliação diferente. A maioria das carreiras não tem previsão sobre isso ainda. 
Pergunta: se for nomeado para emprego público terá direito à estabilidade no Brasil hoje? A CF usa somente o termo cargo. Temos que saber o históricoA CF/88 dizia que o servidor tem que ter:
Aprovação em concurso 
2 anos de exercício 
Nesse contexto, o empregado poderia ter estabilidade? Sim, a CF não falava nada de cargo. Ela dizia somente que tem que ser aprovado em concurso, não se exigia cargo ou emprego.
Nesse contexto, o TST tem a súmula 390. 
Ela diz assim: se o sujeito é empregado de pessoa jurídica de direito público – tem estabilidade, art. 41, da CF.
O empregado de PJ de direito privado nunca teve estabilidade. 
Quem tinha estabilidade era o empregado de pessoa pública. 
Todavia, o texto foi alterado. O art. 41, da CF foi modificado pela EC/19. 
Pela EC/19/98 tivemos alteração do art. 41.
Hoje para o servidor adquirir estabilidade ele precisa: cargo efetivo, de 3 anos de exercício, avaliação especial de desempenho. 
Portanto, hoje, o empregado de pessoa pública não tem mais estabilidade. 
Antes da EC sim, mas depois da EC, a súmula não será aplicada para os que forem admitidos depois de 98. Eles não têm mais estabilidade.
Precisa de cargo efetivo. 
Se entrou antes de 98 tudo bem, terá direito.
Mas a partir de 98 os empregados de pessoa pública não terão estabilidade. 
Temos que reconhecer discussão na doutrina, mas na jurisprudência a matéria está bem resolvida. 
Quais sãos as formas em que esse servidor poderá perder a estabilidade?
Via procedimento administrativo com o contraditório + ampla defesa
Processo judicial – tem que ser com o trânsito em julgado. 
Através de uma avaliação periódica de desempenho 
Servidor público sempre teve avaliação periódica, mas essa não retirava a estabilidade. A avaliação não servia para nada, mas não retirava a estabilidade.
A partir de 98, com a EC/19, o servidor poderá perder a estabilidade, ele perderá o direito de ser estável. 
Mas como se avalia? Depende de regulamentação. Mas até hoje essa avaliação não foi regulamentada. 
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; 
II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; 
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa. 
Essas 3 hipóteses estão no 41, todavia iremos incluir uma 4ª hipótese: diz respeito ao art. 169, da CF.
Art. 169, da CF – racionalização da máquina
Se o administrador está gastando demais ele terá que cortar a máquina, terá que cortar cargo em comissão, os não estáveis, se não tiver jeito ele vai cortar servidor estável. 
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências:   
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança;  (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)    (Vide Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
+ Estágio probatório
Período que será avaliado se tem ou não perfil. 
Qual é o prazo do estágio probatório no Brasil hoje? 
O prazo é de 3 anos, mas ainda há discussão sobre isso. 
Qual é a polêmica?
No texto original da CF/88, a CF dizia que o servidor para adquirir estabilidade tem que ter: aprovação em concurso público e 2 anos de exercício. 
A nossa CF não utilizava a palavra estágio probatório, ela não falava e ainda não falava. 
Em 1990 vem a lei 8.112/90, ela vem para regulamentar com base nesse texto. Ela diz no art. 20: o estágio probatório é de 24 meses.
Art. 20.  Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados os seguinte fatores: (Vide EMC nº 19)
        I - assiduidade;
        II - disciplina;
        III - capacidade de iniciativa;
        IV - produtividade;
        V- responsabilidade.
Nesse contexto, os prazos combinavam. Quando o sujeito terminava os 24 meses de estágio ele já tinha os 2 anos de exercício. Eles eram coincidentes. 
Todavia, após, com a EC19/98, a CF passou a dizer que precisava de 3 anos de exercício. 
Portanto, o prazo para adquirir estabilidade é de 3 anos. 
Sendo assim, como fica a situação do estágio probatório? 
A lei 8.112, em seu art. 20 continua valendo? Será que estabilidade e estágio probatório são institutos interligados? São institutos dependentes, que estão amarrados? Será que eles precisam ter o mesmo prazo? 
Se você acha que esses institutos são independentes, que têm vidas próprias, você vai dizer que eles podem ter prazos diferentes. É dizer, portanto, que o art. 20 da lei 8.112 tá valendo, é dizer que ele foi recepcionado pela nova norma constitucional. 
Entretanto, em 24 meses o sujeito termina o estágio, terminou o período de prova, ele é estável? Não, mas o que prevalece no Brasil e jurisprudência? Prevalece que esses institutos são dependentes, portanto, eles precisam ter o mesmo prazo. Se eles precisam ter o mesmo prazo, o prazo da estabilidade hoje é de 3 anos, portanto o prazo do estágio deverá ser 3 anos também. 
Portanto, para a maioria, eles são institutos dependentes. 
Sendo assim, o art. 20, nesse posicionamento, ele está em desacordo com a CF, portanto, ele não foi recepcionado. Nesse sentido, há orientação no STF, STJ, CNJ.
Quem se posicionou que eles são independentes foi o CN.
Obs. a AGU tem parecer vinculante dizendo que é 3 anos. 
+ SISTEMA REMUNERATÓRIO no Brasil hoje
O sistema remuneratório também sofreu alteração a partir da EC19/98.
A EC/19 estabeleceu algumas situações no que tange às modalidades de remuneração. 
- Modalidades:
a. Nós temos servidor público que recebe remuneração 
b. Temos servidor público que recebe subsídio
Remuneração (ou vencimentos)
A remuneração é composta de 2 parcelas.
Tem, portanto, uma parcela fixa, a qual traz o que chamamos de salário base, que podemos chamar de vencimento, no singular. 
Essa parcela fixa é acrescida por uma parcela variável que vai depender da condição de cada servidor. Ex: trabalha tantos anos, tem nível superior etc. A remuneração ou vencimentos (no plural) tem duas fases, a parcela fixa + parcela variável.
O problema disso é a aposentadoria. Ex: ganhava 1000 de parcela fixa, com a parcela variável dava 10.000. Sobre o que será incorporado ou não? os 1000 ou 10.000? isso gerava uma insegurança muito grande. 
Ex2: quando o governo dava aumento era sobre 1000 ou sobre 10.000? isso gerava muito complicação para o Estado. 
Essa remuneração, apesar de continuar existindo, ela gerava insegurança. 
A EC19 criou uma segunda opção, que é o subsídio 
Subsídio
Acabam os picadinhos. Era 1000 de base, o subsídio será 10.000 tudo será no sobre 10.000. Ganhou aumento é sobre 10, é um bolo só. Não tem mais parcela. A ideia do subsídio era acabar com essas inseguranças, subsídio é a remuneração paga em parcela única. 
Portanto, subsídio = parcela única. 
Subsídio, no latim, significa ajuda de sobrevivência. 
Quem no Brasil ganha subsídio hoje? 
- Chefes do poder executivo e seus vices. 
- Auxiliar imediato do executivo (ministro de Estado, do secretário estadual e secretário municipal)
- Parlamentares (senadores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores)
- Magistrados e membros do MP
- Ministros e Conselheiros dos Tribunais de Contas
- Membros da AGU
- Procuradores e Defensores Públicos- Policiais 
- podem receber subsídio os demais cargos de carreira (é aquele cargo que tem plano de crescimento, de ascensão funcional). 
Ex: servidor foi ministrar um curso a trabalho da administração, essas despesas poderão ser paga por fora além dos 10 mil? O que poderá ser pago fora dos 10 mil?
- verbas indenizatórias (indenizar despesa com alimentação, deslocamento daquele curso que fui dar, até porque foi só naquele dia, naquele mês, não pode somar no bolo).
- direitos previstos no art. 39, §3º, da CF, esse artigo remete ao art. 7º, da CF, que fala dos direitos do trabalhador, esses direitos paga por fora. Ex: 13º, férias, horas extraordinárias etc. 
Portanto, essas duas verbas poderão ser pagas fora da parcela única
Verbas indenizatórias (diária, transporte etc.)
Verbas previstas no art. 39, §3º, da CF. (13º, adicional de férias etc.)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir. 
Vai para o bolo o que é constante.
Obs. remuneração de servidor SOMENTE por lei. Quer dar abono, aumento, SEMPRE por lei. Não pode por decreto, portaria etc. A fixação no Brasil tem que ser por lei. 
Sendo assim, quem deve apresentar o projeto de lei? Quem vai pagar a conta. Portanto, se o salário é do executiva, a iniciativa é do executivo e assim por diante. 
Exceção: hipóteses em que não será fixado por lei:
Será fixado pelo CN, através de Decreto Legislativo, fixará a remuneração de quem? 
Ele fixa a remuneração: 
Do Presidente e Seu Vice
Ministros de Estado 
Senadores
Deputados Federais 
Câmara municipal – também através de Decreto Legislativo fixa a remuneração dos vereadores. 
Obs. uma lei passa pelo senado, câmara, vai para o presidente, esse sanciona ou veta. 
Um decreto legislativo não tem essa parte, não passa pelo presidente, é aprovado pelas casas do parlamento e não vai à sanção ou veto. 
Somente essas são exceções.
Mas e o deputado estadual, como se fixa? Se não está na lista é por lei.
Isso é pegadinha. Quem não estiver na lista será por lei.
+ TETO REMUNERATÓRIO NO BRASIL
Ninguém pode receber mais do que ministro do STF. Foi chamado de teto geral e foi inserido a partir da EC19. 
O que aconteceu? Além desse teto geral, em 2003, a EC41 criou os chamados subtetos. Além desse teto geral que veio pela EC19/98, iremos ter agora os subtetos. 
Quais foram os subtetos?
+ Além do teto geral temos: na União – ninguém pode receber mais do que ministro do STF. 
+ No âmbito estadual teremos 3 situações – 
(PE) Ninguém pode ganhar mais do que o Governador. 
(PL) No legislativo estadual – ninguém pode receber mais do que o deputado estadual 
(PJ) No judiciário, não pode receber mais do que o desembargador. Ex: técnico e analista do judiciário. 
O limite do desembargador também serve para membros do MP (procurador de justiça e promotor de justiça
O teto do desembargador também serve para os procuradores e defensores. 
+ O teto do âmbito municipal é o teto do prefeito
Pergunta: sujeito seja analista no MP, auxiliar administrativo da procuradoria ou defensoria? Qual é o teto dele? Ele não é defensor e nem promotor, portanto, o teto dele é o do governador. 
Obs. os juízes estaduais sempre receberam menos que os juízes federais. Isso sempre foi assim. 
A nossa CF diz assim: o teto do desembargador vai ser de até 90,25% do ministro do STF. 
Originariamente, esse 90,25% era entendido como teto da remuneração toda do judiciário estadual. Os juízes estaduais foram ao STF e disse: a magistratura, segundo a constituição, é una. Portanto, o juiz estadual quer ter como teto o ministro do STF. Isso foi objeto na ADIN 3854. O STF fez uma interpretação conforme para dizer: 90,25% é o limite do que o juiz estadual poderá ganhar, no entanto, se ele exercer outra profissão, como professor, o teto dele será o do STF.
Obs. se o sujeito ganha acima do teto, aplicamos o redutor constitucional e corta. 
Com isso fechamos o sistema remuneratórios. 
+ ACUMULAÇÃO NO BRASIL
Em regra, não pode, vale o regime da não acumulação. 
Excepcionalmente a CF permitiu. 
Pensou em acumulação no Brasil, deveremos guardar:
*No Brasil vale o regime da não acumulação, que é aplicado para:
		a. administração direta (AD)
		b. administração indireta (AI)
			Ex: Vale para cargos, para empregos, seja da AD ou AI
Art. 37, XVI e XVII, da CF
Art. 38, da CF
Se não estiver na lista não é possível acumular.
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001)
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
1ª Hipótese:
Ex: professor da universidade federal; ele prestou concurso e passou a ser professor da atividade estadual. Se ele está trabalhando nos dois, ou seja, está em atividade nos dois, é possível acumular? 
Depende, ele poderá acumular:
Se a soma das remunerações não ultrapassarem o teto remuneratório 
Horário compatível 
Ex: sujeito tem 8h diárias em um cargo e mais 8h do outro. Tem algo errado, como não quero servidor fantasma, o horário tem que ser compatível. 
Hipóteses da atividade que poderá acumular: 
+ 2 de professor
+ 1 de professor + técnico/científico 
+ 2 na área da saúde
Pode ser professor de universidade federal e estadual? Sim. Nessas hipóteses sim. 
Pode ser juiz e professor.
Posso ser professor estadual e federal ao mesmo tempo.
Mas será que posso me aposentar no federal e estadual e ganhar as duas aposentadorias? 
2ª Hipótese: Aposentadoria
Pode aposentar e receber os dois, desde que seja nas hipóteses da atividade. 
Ex: estava nos dois de professor e vou me aposentar nos dois de professor. 
Ex2: imagina que sou professora da universidade federal e me aposentei. Eu resolvi voltar a trabalhar. pergunta: posso receber os proventos de professora aposentada + os salários da atividade?
Ex3: imagina que eu, professora da universidade federal, me aposentei e resolvi me candidatar a presidente da república e ganhei. Poderei ganhar os proventos da aposentadoria e o salário de presidente? 
Se o segundo é um mandato eletivo – PODE. Desde que eu esteja aposentado no primeiro. 
Ex4: sou professora da federal e me aposentei. Eu posso passar em um concurso de professora da estadual e ganhar os dois? 2 de professor, pode? Nas hipóteses da atividade, SIM, posso. 
De professor são as hipóteses mais permitidas, essas podem tudo. 
2 de professor 
1 de professor + técnico ou científico
2 da saúde
Pode tudo. 
Ex: O professor da federal é aposentado, ele foi convidado pata exercer um cargo em comissão, ele poderá ganhar a aposentadoria mais o salário de cago em comissão? Se pode ser presidente da república, pode ser cargo em comissão também. 
Ele poderá exercer: 
-As hipóteses da atividade
-Mandato eletivo 
-Cargo em comissão 
Ex: o sujeito era delegado de polícia e se aposentou. Nesse caso, ele resolveu ser juiz. 
Ele poderá ganhar as duas? Ou promotor que virou juiz ou vice e versa. 
Na verdade, até 98 essas hipóteses eram permitidas. Se o sujeito era delegado e virou juiz poderia ganhar os dois. 
Todavia, a EC20, lá no seu art. 11 diz: as acumulaçõesanteriores à EC podem tudo. Fica reconhecido o direito adquirido. Essa acumulação só é permitida antes da EC20. 
Se a acumulação é anterior à EC20/98, poderá acumular em qualquer hipótese, lembre-se, estando aposentado no primeiro. 
Obs. Atividade + Atividade (mandato eletivo)
Quando falamos do mandato eletivo é importante observar o art. 38, da CF.
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados como se no exercício estivesse.
Quando pensamos em mandato eletivo, temos que observar o seguinte.
Se o mandato eletivo é federal, estadual e municipal, o mandato eletivo não pode ser acumulado. Eu poderia ser presidente da república se estivesse aposentada. Aqui não. 
Nesse caso não acumula. Como ficará a remuneração? Ele se afasta do cargo de professor e vai ganhar qual salário? O de presidente. Ele se afasta como professor, ele vai ser presidente e vai ganhar a nova remuneração. Ele não tem a opção de escolher nada. 
Se o mandato for de prefeito ele também não pode acumular. Mas como de prefeito ele pode ter salário baixo, nesse caso ele vai poder escolher. Ele vai escolher a remuneração. 
No caso do vereador, se o horário for compatível, ele poderá exercer os dois e ganhar os dois. 
Mas e se o horário não der? Na prática a professora nunca viu, masss, em caso de horário incompatível, aplica a regra do prefeito, ele se afasta e escolhe a remuneração. 
Obs. profissionais de saúde das forças armadas 
Ele também terá essa possibilidade de acumulação 
Obs. ler EC77/2014, que estende essa possibilidade de acumulação para os profissionais das forças armadas. 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", será transferido para a reserva, nos termos da lei;  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ainda que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea "c", ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a reserva, nos termos da lei;  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014)
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea "c";   (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 77, de 2014)

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