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ANATOMIA HUMANA GERAL CURSOS DE GRADUAÇÃO – EaD Anatomia Humana Geral – Profª. Drª. Camila Tavares Valadares da Silva Cod. 33 Olá, tudo bem? Seja bem-vindo! Meu nome é Camila Tavares Valadares da Silva, sou Fisioterapeuta graduada pela Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP). Mestre e Doutora em Ciências (área de concentração: Psicobiologia) pela Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto. Em minha dissertação de mestrado, investiguei os efeitos da desnutrição proteica sobre a memória e a aprendizagem em ratos. A minha tese de doutorado foi sobre o mesmo assunto, embora tenham sido analisados outros parâmetros de comportamentos e neurológicos. Já atuei como docente na Universidade de Uberaba (UNIUBE) nos cursos de Fisioterapia e, também, na Universidade Paulista (UNIP), campus de Araraquara, nos cursos de Enfermagem e Farmácia Bioquímica. No Centro Universitário Claretiano de Batatais, sou professora nas áreas de Anatomia e Neuroanatomia no curso de Fisioterapia e Educação Física, Biologia Humana e Fisiologia no curso de Licenciatura em Educação Física e Fundamentos Biológicos no curso de Bacharelado em Educação Física. Sou uma apaixonada pelo estudo do corpo humano desde a graduação, quando comecei a estudar Anatomia Humana. Será um imenso prazer participar da construção de seu conhecimento e de sua formação profissional. ANATOMIA HUMANA GERAL Caderno de Referência de Conteúdo Camila Tavares Valadares da Silva Batatais Claretiano 2019 © Ação Educacional Claretiana, 2013 – Batatais (SP) Versão: ago./2019 611 S578a Silva, Camila Tavares Valadares da Anatomia humana / Camila Tavares Valadares da Silva – Batatais, SP : Claretiano – 1 ed. rev. e atualizada, 2019. 178 p. ISBN: 978-85-67425-20-7 1. Noções gerais sobre os componentes do sistema esquelético e junturas, reconhecendo a importância destes nos diferentes movimentos humanos. 2. Aparelhos cardiorrespiratório e digestório. 3. Componentes do Sistema Nervoso Central: estrutura do neurônio, propagação do impulso nervoso. 4. Componentes do Sistema Nervoso Periférico. 5. Organização dos músculos esqueléticos. 6. Estudo teórico e prático dos músculos dos membros superiores, inferiores e tronco. I. Anatomia humana. CDD 611 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional VCoordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Luis Henrique de Souza Patrícia Alves Veronez Montera Rita Cristina Bartolomeu Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Centro Universitário Claretiano Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretiano.edu.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................7 2 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO .................................................................................................................9 UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA 3 OBJETIVOS ...................................................................................................................................................23 4 CONTEÚDOS ................................................................................................................................................23 5 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ..........................................................................................23 6 INTRODUÇÃO À UNIDADE ..........................................................................................................................24 7 CONSIDERAÇÕES INICIAIS E BREVE HISTÓRICO SOBRE ANATOMIA HUMANA .....................................24 8 POSIÇÃO ANATÔMICA ................................................................................................................................31 9 PLANOS ANATÔMICOS E EIXOS DE MOVIMENTOS DO CORPO HUMANO .............................................32 10 TERMOS DE POSIÇÃO, RELAÇÃO E COMPARAÇÃO DO CORPO HUMANO .............................................37 11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ...................................................................................................................38 12 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................................................38 13 E-REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................................39 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................39 UNIDADE 2 - APARELHO LOCOMOTOR 1 OBJETIVOS ...................................................................................................................................................41 2 CONTEÚDOS ................................................................................................................................................41 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .........................................................................................41 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ..........................................................................................................................42 5 SISTEMA ESQUELÉTICO ..............................................................................................................................43 6 DIVISÃO DO ESQUELETO ............................................................................................................................44 7 CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS .......................................................................................................................45 8 O ESQUELETO HUMANO: PRINCIPAIS OSSOS ..........................................................................................48 9 SISTEMA ARTICULAR ...................................................................................................................................57 10 CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS ARTICULAÇÕES ...................................................................................6311 CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS ARTICULAÇÕES .............................................................................63 12 PRINCIPAIS ARTICULAÇÕES DO CORPO HUMANO ...................................................................................66 13 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ..................................................................................................................70 14 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................................................71 15 E-REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................................71 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................72 UNIDADE 3 - SISTEMA MUSCULAR 1 OBJETIVOS ...................................................................................................................................................73 2 CONTEÚDOS ................................................................................................................................................73 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .........................................................................................73 4 INTROUÇÃO À UNIDADE .............................................................................................................................74 5 SISTEMA MUSCULAR ..................................................................................................................................74 6 CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS DOS MÚSCULOS ..................................................................................76 7 CLASSIFICAÇÃOS DOS MÚSCULOS.............................................................................................................80 8 PRINCIPAIS MÚSCULOS DO CORPO HUMANO .........................................................................................86 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ...................................................................................................................106 10 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................................................106 11 E-REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................................107 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................107 UNIDADE 4 - APARELHO CARDIORRESPIRATÓRIO 1 OBJETIVOS ...................................................................................................................................................109 2 CONTEÚDOS ................................................................................................................................................109 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ..........................................................................................109 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ..........................................................................................................................110 5 SISTEMA RESPIRATÓRIO .............................................................................................................................110 6 SISTEMA CIRCULATÓRIO ............................................................................................................................121 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ...................................................................................................................134 8 CONSIDERAÇÕES .........................................................................................................................................135 9 E-REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................................135 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................136 UNIDADE 5 - SISTEMA DIGESTÓRIO 1 OBJETIVOS ...................................................................................................................................................137 2 CONTEÚDOS ................................................................................................................................................137 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ..........................................................................................137 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ..........................................................................................................................138 5 SISTEMA DIGESTÓRIO .................................................................................................................................138 6 CAVIDADE DA BOCA ....................................................................................................................................139 7 FARINGE, ESÔFAGO E ESTÔMAGO .............................................................................................................141 8 INTESTINOS..................................................................................................................................................145 9 ÓRGÃOS ANEXOS AO CANAL ALIMENTAR ................................................................................................149 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ...................................................................................................................155 11 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................................................155 12 E-REFERÊNCIAS ...........................................................................................................................................156 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................156 UNIDADE 6 - FUNDAMENTOS DE NEUROANATOMIA – SISTEMA NERVOSO 1 OBJETIVOS ...................................................................................................................................................157 2 CONTEÚDOS ................................................................................................................................................157 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ..........................................................................................157 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ..........................................................................................................................158 5 SISTEMA NERVOSO .....................................................................................................................................158 6 DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO................................................................................................................164 7 SISTEMA NERVOSO CENTRAL ....................................................................................................................165 8 SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO ................................................................................................................173 9 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO ...............................................................................................................175 10 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ...................................................................................................................177 11 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................................177 12 E-REFERÊNCIAS...........................................................................................................................................177 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................178 CRC Caderno de Referência de Conteúdo 1. INTRODUÇÃO Seja bem-vindo! Caro aluno, iniciaremos, agora, o estudo de Anatomia Humana Geral, um dos cadernos que compõem o Curso de Graduação. No Caderno de Referência de Conteúdo (CRC), você en- contrará as unidades básicas que o ajudarão a compreender a importância dos conhecimentos fundamentais da Anatomia Humana como pré-requisito para outros conteúdos e para a forma- ção de um profissional voltado à promoção e à manutenção da saúde, tanto na nossa sociedade, de uma maneira geral, como no contexto escolar, de forma mais específica, dando subsídios para o planejamento e para a implementação de programas esportivos apropriados. A Anatomia Humana Geral faz parte do conteúdo básico de todos os cursos voltados para a área biológica e da saúde. No seu Curso de Graduação ela tem por objetivo oferecer aos futu- ros profissionais conhecimentos sobre a composição e o funcionamento do corpo humano, uma vez que um de seus focos de trabalho será o corpo humano, que é constituído por uma série de ossos, articulações, músculos e órgãos que trabalham em conjunto, formando os sistemas componentes do organismo humano. Depois de ter conhecido a estrutura geradora da vida, a célula, e a composição dos tecidos humanos, vamos, juntos, conhecer a estrutura e o funcionamento dos órgãos e dos sistemas mantenedores da vida, sem os quais seria impossível se locomover, respirar, alimentar etc. O estudo de Anatomia Humana Geral em um Curso de Graduação, em um primeiro mo- mento, pode não parecer importante; no entanto, ela adquire uma enorme responsabilidade, na medida em que estará preparando o aluno para as possíveis discussões em outros estudos, tais como Fisiologia Humana Geral e outras disciplinas aplicadas. Conteúdo –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Noções gerais sobre os componentes do sistema esquelético e junturas, reconhecendo a importância destes nos diferentes movimentos humanos. Aparelhos cardiorrespiratório e digestório. Componentes do Sistema Nervoso Cen- tral: estrutura do neurônio, propagação do impulso nervoso. Componentes do Sistema Nervoso Periférico. Organiza- ção dos músculos esqueléticos. Estudo teórico e prático dos músculos dos membros superiores, inferiores e tronco. ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © Anatomia Humana Geral8 Assim, este Caderno de Referência de Conteúdo fornecerá o suporte básico para que você possa ter uma visão crítica dos mecanismos anátomo-fisiológicos. Compreender, inicialmente, a importância desse conhecimento parece uma tarefa difícil, porém, é fundamental para a for- mação de um profissional diferenciado, que tem interesse em obter uma formação completa e poder cuidar apropriadamente do outro. Então, vamos juntos fazer esta viagem ao corpo hu- mano e conhecer todas as estruturas fundamentais para a locomoção e sobrevivência dos seres humanos. A Educação a Distância exige uma nova forma de estudo, uma vez que você é o protagonis- ta de sua aprendizagem. Entretanto, você não estará sozinho, pois terá todo o suporte necessá- rio para a construção do seu conhecimento. Esse será um desafio que enfrentaremos juntos, e, com sua dedicação, o crescimento profissional e pessoal acontecerá naturalmente. Não se esqueça de que você deverá participar e interagir constantemente com seus pro- fessores (tutores) e com seus colegas de curso, assim como fazer a leitura não só deste material, como também das bibliografias indicadas. O conteúdo deste material está organizado didaticamente em seis unidades. Na Unidade 1, será feita uma introdução ao estudo da Anatomia Humana, passando por um breve relato histórico e tratando de conceitos básicos. Você tomará conhecimento da posi- ção de descrição anatômica, cuja função é a padronização do estudo anatômico. Também fare- mos uma breve explicação sobre os planos de delimitação e de secção anatômico, assim como dos eixos de movimentos do corpo humano, essenciais para o estudo e compreensão das diver- sas partes do corpo. Seguindo nossa jornada, na Unidade 2, estudaremos o aparelho locomotor, discutindo as principais características do sistema esquelético e articular, com o objetivo de compreender o movimento humano, muito importante para o profissional da área de saúde. Na Unidade 3, continuaremos a falar do aparelho locomotor, focando o estudo no sistema muscular, analisando os principais músculos que são responsáveis pelos movimentos dos mem- bros superiores, membros inferiores, como também do tronco. A Unidade 4 estará focada no aparelho cardiorrespiratório, tendo em vista sua importân- cia para a sobrevivência do organismo. Iniciaremos estudando o sistema circulatório, dando ênfase na constituição morfológica e funcional de seu principal componente, o coração. Em seguida, estudaremos os vasos responsáveis pela circulação do sangue, as veias e as artérias. Em seguida, estudaremos o sistema respiratório, desde o nariz até os pulmões, o principal órgão respiratório. Ao final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de entender não somente as fun- ções individuais dos dois sistemas, mas sua interdependência, uma vez que o sistema respirató- rio é o responsável pelas trocas gasosas e o sistema circulatório por transportar os nutrientes e os gases (oxigênio e gás carbônico) até as células. Durante a Unidade 5, estudaremos o sistema digestório com seus órgãos constituintes, relacionando sua estrutura e função, que é a obtenção dos nutrientes pelos alimentos. Dentre esses nutrientes, podemos citar os lipídios, as proteínas, os carboidratos e a água, cujas funções são estudadas em Biologia Humana. Finalmente, na Unidade 6, trataremos do sistema nervoso, considerado o mais complexo de todos. Nesta unidade estudaremos a estrutura e a função do sistema nervoso central, peri- férico e autônomo, assim como a sua primordialidade para o funcionamento de todos os outros sistemas. 9 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo A proposta deste Caderno de Referência de Conteúdo é despertar você para a compreen- são dos princípios básicos da constituição da vida humana, como a estrutura e a função dos prin- cipais sistemas componentes do corpo humano, assim como a importância desses elementos para o funcionamento normal do corpo humano. O convite está feito; agora, só depende de você. O êxito de sua aprendizagem dependerá, principalmente, de seu empenho em cumprir as atividades propostas e interagir de maneira apropriada com seus professores e colegas de turma. Portanto, venha adquirir os conhecimen- tos básicos capazes de beneficiar e potencializar sua atuação profissional. 2. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO Abordagem Geral Neste tópico, apresentamos uma visão geral do que será estudado neste Caderno de Refe- rência de Conteúdo. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. No entanto, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessá- rio a partir do qual você possa construir um referencial teórico com base sólida - científica e cul- tural - para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos começar nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que fundamentam este Caderno de Referência de Conteúdo. O estudo da Anatomia Humana Geral é importante para a formação do profissional dasaúde. Nas seis unidades que compõem este material, você encontrará todo o conteúdo ne- cessário para que você tenha uma visão crítica dos sistemas que compõem o corpo humano, aumentando sua competência profissional e garantindo uma formação mais completa e com êxito em sua profissão. Nesta Abordagem Geral sobre o conteúdo do Caderno de Referência de Conteúdo Anato- mia Humana Geral, iniciaremos com a introdução ao estudo da Anatomia Humana, apresentan- do um breve relato histórico sobre o estudo anatômico do corpo humano e seu impacto para as ciências da saúde. Além disso, estudaremos os principais termos e conceitos utilizados em Ana- tomia, importantes para a padronização e compreensão do Caderno de Referência de Conteúdo. Estudaremos, também, os sistemas componentes do organismo humano, iniciando com o aparelho locomotor, composto pelo sistema esquelético, o sistema articular e, por fim, o sis- tema muscular. Esses sistemas são os responsáveis pela execução dos movimentos humanos, como a locomoção. Conheceremos, ainda, os outros sistemas importantes para a nossa sobrevivência, que são: o sistema respiratório e sistema circulatório, que, juntos, compõem o aparelho cardiorres- piratório; o sistema digestório; e, finalmente, o sistema nervoso, imprescindível para o funcio- namento de todos os outros sistemas. Durante nosso estudo, faremos uma análise crítica sobre a importância desse conheci- mento para a formação de um profissional diferenciado e comprometido com seu trabalho. Antes de iniciarmos, vamos fazer a Oração do Cadáver, escrita por Rokitasnky em 1876: Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas, cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu seio o agasalhou. Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens. Por certo amou e foi amado, esperou e acalentou um amanhã feliz e sentiu saudades dos outros que partiram. Agora jaz na © Anatomia Humana Geral10 fria lousa, sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome, só Deus sabe, mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir à humanidade. A humanidade que por ele passou indiferente . Agora podemos começar e, já de início, perguntamos: o que é Anatomia? Anatomia é originária da palavra grega “anatome”, em que “ana” significa “parte” e “tome” significa “cortar”; portanto, “anatome” é “cortar em partes”, o mesmo que “dissecar” em português. Contudo, podemos definir Anatomia como a ciência que estuda macroscopicamente a constituição e a organização dos seres vivos. Em Biologia Humana, estudamos que os seres vivos são constituídos de células que se agrupam para formar os tecidos, que, por sua vez, constituem os órgãos. Os órgãos com objetivos comuns agrupam-se para formar os sistemas orgânicos, que são estudados pela Anatomia. Mas quando será que surgiu a Anatomia? Essa não é uma pergunta muito simples de se responder; para isso, teremos de fazer uma viagem para cerca de 500 anos antes de Cristo, onde começaremos a obter respostas. A Anatomia é o estudo mais antigo da medicina, e os relatos históricos dizem que os primeiros a estudá-la foram os egípcios, mas os maiores anatomistas foram os gregos, como Aristóteles e Hipócrates. No início, as dissecações eram proibidas pela igreja, sendo realizadas às escondidas, ou, então, em animais, como fez Galeno no século 2 depois de Cristo, que dissecava porcos e macacos e fazia alusões ao corpo humano, havendo, é claro, muitos erros. Porém, no início do século 16, mais precisamente em 1539, o médico e anatomista Belga Andrés Vesalius, depois de ter feito inúmeras dissecações em corpos humanos, reproduziu-as perfeitamente em sua obra De humani corporis fabrica, sendo a partir daí considerado o pai da anatomia moderna. Depois desse breve relato, podemos imaginar quantas estruturas foram descobertas e quantos nomes foram dados para a mesma estrutura. Na tentativa de resolver esse problema, foi criada uma Nomenclatura Anatômica Internacional. Na verdade, foram feitas muitas tenta- tivas, até que, em 1955, foi criada oficialmente a Paris Nomina Anatomica, no Congresso Inter- nacional de Anatomia em Paris, a qual foi sendo atualizada a cada cinco anos em congressos internacionais de Anatomia. A última versão da nomenclatura anatômica foi feita em 1999, em Roma, sendo traduzida para o português pela Sociedade Brasileira de Anatomia e publicada em São Paulo no ano 2000, sendo utilizada até o presente momento. Desde crianças, aprendemos que o corpo humano é divido em cabeça, pescoço, tronco e membros. A cabeça é a parte superior, presa ao tronco pelo pescoço. O tronco é divido em tórax, abdome e pelve. Além disso, temos dois membros superiores e dois inferiores. O membro superior é constituído pelo braço, antebraço e mão, enquanto o membro inferior é constituído pela coxa, perna e pé. A Anatomia é um estudo descritivo e, na tentativa de padronizar a descrição anatômica, são utilizados alguns conceitos. Inicialmente, estudamos a posição em que devemos estudar o corpo humano, que é denominada posição de descrição anatômica. Nessa posição, o corpo deverá estar em pé, em posição bípede, com a cabeça e os olhos voltados para frente, com os membros superiores ao lado do corpo e as palmas das mãos para frente, os membros inferiores unidos e os pés também dirigidos para frente. O corpo poderá estar deitado sobre uma mesa. A partir da posição anatômica, o estudo da Anatomia segue-se utilizando os planos de delimitação, os planos de secção e os eixos, no qual os movimentos acontecem. 11 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Os planos de delimitação, como o próprio nome diz, delimitam o corpo humano como se estivesse dentro de uma caixa. Sendo assim, temos: dois planos verticais, o plano anterior ou ventral e o plano posterior ou dorsal; dois planos laterais, direito e esquerdo; e dois planos hori- zontais, o plano superior, que está acima da cabeça, e o plano inferior, que está abaixo dos pés. Os planos de secção são importantes para se orientar a dissecação, que é a base da Ana- tomia. Portanto, esses planos cortam o corpo humano em partes, tendo o plano de secção mediano, que divide o corpo humano em duas metades iguais: a metade direita e a metade esquerda. Paralelamente ao plano mediano, há o plano de secção sagital. Verticalmente, existe o plano de secção frontal ou coronal, que divide o corpo em parte anterior e posterior. O corpo humano também pode ser divido em metade superior e inferior pelo plano de secção transver- sal ou horizontal. Esses planos também são considerados na hora de analisar os movimentos corporais. Mas, para uma melhor análise dos movimentos, precisamos determinar o eixo em torno do qual ele está ocorrendo; sendo assim, descrevem-se três eixos perpendiculares ao plano de execução do movimento: o eixo vertical, que atravessa o plano de secção transversal; o eixo sagital, que atravessa o plano de secção frontal; e, finalmente, o eixo transversal, que atravessa o plano de secção sagital. Como você deve ter percebido, o estudo anatômico não é tão simples. Vale ressaltar, ainda, alguns termos de posição e comparação do corpo humano que des- crevem a localização e a relação das partes do corpo. Os termos mais utilizados são: “medial”, para aquilo que está mais próximo do plano mediano; “lateral”, para o que está mais distante; e “intermédio”, que é o que está entre o medial e lateral. Existem, também, os termos “anterior” ou “ventral”; “posterior” ou “dorsal”; “superior” e “inferior”. Nos membros, por exemplo, são utilizados os termos “proximal”, para o que está mais próximo da raiz do membro, e “distal”, para o mais distante. Agora, falaremos do aparelho motor, constituídopelos sistemas esquelético, articular e muscular. O sistema esquelético e o articular, embora sejam os responsáveis pela conformação e sustentação do corpo humano, são considerados os elementos passivos do movimento, ou seja, permanecem imóveis, necessitando dos músculos para que os movimentos ocorram. Os múscu- los, portanto, são os elementos ativos do movimento. O sistema esquelético é formado por 206 ossos, que compõem o corpo humano adulto. Os ossos são os elementos mais rígidos e resistentes do corpo humano, com múltiplas funções, tais como: 1) proteção dos órgãos vitais, como encéfalo, pulmão, coração, medula espinhal e me- dula óssea; 2) sustentação do peso corporal; 3) conformação do corpo humano; 4) armazenamento de Cálcio e outros íons; 5) suporte de tecidos moles, como os músculos e os ligamentos; 1) produção de certas células sanguíneas, conhecida por hematopoiese. Os ossos são revestidos por uma membrana conjuntiva conhecida por periósteo, com ex- ceção da superfície articular, que é revestida pela cartilagem articular. O periósteo é importante para a nutrição e é fonte de osteoblastos, fundamentais para o crescimento e reparo ósseo após fraturas. © Anatomia Humana Geral12 O esqueleto humano é divido em duas partes: o esqueleto axial e o esqueleto apendicu- lar. O esqueleto axial forma o eixo do corpo humano e é composto pelos ossos do crânio, pela caixa torácica e pela coluna vertebral. Já o apendicular é a parte apensa e livre do esqueleto, formado pelos ossos do membro superior e do membro inferior. O esqueleto apendicular está ligado ao esqueleto axial pela cintura escapular e pela cintura pélvica. Além dessa divisão que pode classificar o osso quanto à sua localização, os ossos podem ser classificados de acordo com sua forma; podem ser longos, curtos, laminares e irregulares. Al- guns ossos apresentam características peculiares, recebendo uma classificação especial, como: pneumáticos e sesamoides. O crânio é formado por 22 ossos, sendo dividido em crânio neural e crânio visceral. A cavidade torácica é formada pelas 12 vértebras torácicas, 12 pares de costelas e pelo esterno. A coluna vertebral é porção mediana posterior do tronco, com a função de proteger a medula espinhal, permitir a posição ereta e os movimentos do tronco. É formada por 33 vérte- bras, divididas em cervicais, torácicas, lombares, sacro e cóccix. O membro superior é composto pelo úmero, rádio, ulna, ossos do carpo, metacarpos e falanges, e está preso ao tronco por meio da cintura escapular, formada pela escápula e claví- cula. O membro inferior, por sua vez, é formado por fêmur, tíbia, fíbula, ossos do tarso, meta- tarso e falanges, estando também preso ao tronco, só que pela cintura pélvica formada pelos ossos dos quadris. Quanta coisa, não é mesmo? Mas ainda não terminamos e passaremos agora a estudar o sistema articular. O sistema articular é formado pelo conjunto de articulações cuja função é conectar os ossos, permitindo ou não a mobilidade. Essa mobilidade dependerá do tipo de elemento inter- posto entre os ossos que se articulam, que poderá ser um tecido fibroso, uma cartilagem ou o líquido sinovial. Portanto, existem três tipos de articulações: as fibrosas, as cartilagíneas e as sinoviais. Nas articulações fibrosas, a conexão entre os ossos é feita por um tecido conjuntivo fibroso, com mobilidade extremamente reduzida, sendo o tipo de união mais comum entre os ossos do crânio. Nas articulações cartilagíneas, o elemento que faz a conexão entre os ossos é uma cartilagem e pode permitir uma pequena mobilidade, tendo como exemplo os discos intervertebrais. E, por fim, as que mais nos interessam, as articulações sinoviais, com muita mo- bilidade, sendo, portanto, as responsáveis pelos movimentos humanos. Para facilitar essa mobilidade, a maior característica dessas articulações é a presença de um líquido viscoso e lubrificador, chamado líquido sinovial. Porém, as peças ósseas permane- cem unidas através da cápsula articular. No interior da articulação, há a presença de uma cavida- de, chamada cavidade articular, em que se encontra o líquido sinovial. As superfícies ósseas que se articulam são revestidas por uma cartilagem hialina, denominada cartilagem articular, cuja função é impedir o atrito entre os ossos, facilitando o deslizamento entre eles. Portanto, todas as articulações sinoviais possuem como características básicas: a cápsula articular, a cartilagem articular, a cavidade articular e o líquido sinovial. Além disso, algumas articulações sinoviais podem apresentar elementos especiais, como os ligamentos, cujas funções são manter a união entre os ossos e impedir os movimentos indesejáveis, como também os discos e os meniscos, que têm como funções melhorar a adaptação entre os ossos, absorver impactos e melhorar o deslizamento entre os ossos. 13 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo As articulações podem ser classificadas funcionalmente, de acordo com a quantidade de eixos de movimentos, em monoaxiais, quando há apenas um eixo; biaxiais, com dois eixos; e triaxiais, com três eixos de movimentos. Além desta, podem também receber uma classificação morfológica, isto é, de acordo com a forma das superfícies articulares. As classificações mor- fológicas e funcionais são relacionadas; assim, temos: as planas, que são anaxiais; gínglimo e trocoide, que são monoaxiais; condilar ou elipsoide e selar, que são biaxiais; e as esferoides, que são triaxiais. As principais articulações do membro superior são: o ombro, o cotovelo, o punho e as ar- ticulações entre os ossos da mão. Já no membro inferior, temos o quadril, o joelho, o tornozelo e as articulações entre os ossos do pé. O ombro e o quadril são as articulações que permitem maior mobilidade; no entanto, o ombro é muito menos estável que o quadril, que é bem reforça- do pelos ligamentos. O joelho é a maior articulação do corpo humano e também a mais lesada. Bem, até agora, nós só falamos dos ossos e das articulações, que são passivos e depen- dentes de outros elementos para se movimentarem: os músculos, que estudaremos a partir de agora. O sistema muscular é composto pelos músculos e pelos anexos, que são as fáscias e as bai- nhas fibrosas e sinoviais. Mas o movimento corporal não é a sua única função, sendo também responsável pela produção de calor e manutenção da temperatura corporal, estabilização das posições corporais, como ficar de pé ou sentado, regulação do volume dos órgãos e o movimen- to de substâncias corporais, como sangue (vasos), urina e alimentos. Como estudamos em Biologia Humana, os músculos podem ser classificados de acordo com suas características morfológicas e funcionais em músculo estriado esquelético, músculo estriado cardíaco e músculo liso. O músculo estriado esquelético é o que nos interessa agora. Esses músculos são constituídos por uma porção carnosa, central, chamada de ventre muscular, e duas extremidades tendinosas, os tendões musculares. O ventre é o responsável pela contra- ção muscular e os tendões prendem os músculos aos ossos, à pele, às cápsulas articulares e a outros tendões. A contração do ventre muscular causa o deslocamento de um segmento ósseo sobre o outro através do trabalho mecânico feito pelos tendões musculares. O comprimento e o volume do músculo podem ser alterados em relação ao estado de repouso ou de trabalho. Sendo assim, um músculo que permanece muito tempo em repouso pode diminuir o comprimento e o volu- me de suas fibras, ao passo que um músculo muito trabalhado pode aumentar o volume de suas fibras. A diminuição no volume das fibras é denominada hipotrofia, e o aumento, hipertrofia. Os principais músculos que agem nas articulações do membro superior, do membro infe- rior e do tronco estão descritos no Caderno de Referência de Conteúdo.Até o momento, estudamos muitos conceitos em Anatomia, assim como o aparelho lo- comotor, cuja importância de seu estudo pelo profissional da saúde é indiscutível. Agora, estu- daremos os principais sistemas orgânicos, começando pelo aparelho cardiorrespiratório, com- posto pelos sistemas respiratório e circulatório. Com base nesse estudo, você será capaz de compreender a importância desse conhecimento para sua formação. O sistema respiratório é formado por órgãos responsáveis pela respiração, que é a troca gasosa de oxigênio e gás carbônico que ocorre entre o meio externo e o sangue, em nível dos alvéolos pulmonares. O oxigênio absorvido pelos pulmões é transportado pelo sangue até os tecidos e, em seguida, o gás carbônico e outros resíduos são recolhidos e transportados até os órgãos responsáveis por suas eliminações. © Anatomia Humana Geral14 Para isso, o sistema respiratório é dividido em duas porções, uma porção de condução, formada por um conjunto de órgãos responsáveis pela condução do oxigênio inspirado até os pulmões e do gás carbônico para o meio externo; e uma porção respiratória, formada pelos pulmões. O ar inspirado entra pelo nariz e cavidade nasal, onde encontramos as conchas nasais, que aumentam a superfície mucosa para umidificar e aquecer o ar, facilitando sua absorção. Da cavidade nasal, o ar passa pelas três porções da faringe, a nasal, a oral e a laríngea, continuando pela laringe, a qual é um órgão formado por cartilagens e músculos que também participam da fonação devido à presença das pregas vocais em sua cavidade interna. A laringe continua na tra- queia, que é um tubo formado por semianéis de cartilagens que termina se dividindo nos dois brônquios principais que se dirigem para os pulmões direito e esquerdo. Os brônquios principais dividem-se em brônquios lobares para cada lobo pulmonar e, dentro desses lobos, dividem-se novamente nos brônquios segmentares para formar os seg- mentos broncopulmonares. Cada brônquio segmentar continua se dividindo sucessivamente até os bronquíolos, que terminam nos alvéolos pulmonares, formando a árvore brônquica. Os pulmões são dois órgãos volumosos e esponjosos, localizados na cavidade torácica e revestidos por uma membrana conjuntiva chamada pleura. O pulmão direito é divido em três lobos (superior, médio e inferior), pelas fissuras oblíqua e horizontal; em geral, o pulmão esquer- do apresenta dois lobos, o superior e o inferior, separados pela fissura oblíqua. O músculo dia- fragma é o principal músculo respiratório, sendo auxiliado pelos intercostais internos e externos e até mesmo pelos abominais. Então, já sabemos que o sistema respiratório garante o oxigênio para o organismo. Mas qual o sistema encarregado pelo transporte de oxigênio e dos nutrientes até os tecidos? A resposta é o sistema circulatório, formado pelo coração com seus vasos, pelas artérias, pelas veias e capilares, e pelo sangue. Portanto, não fica difícil perceber a interdependência en- tre o sistema respiratório e o sistema circulatório, não é mesmo? O sistema circulatório é hermeticamente fechado, isto é, sem nenhum contato externo, e possui um órgão muscular central, o coração, responsável pela propulsão do sangue pelo corpo. Internamente, o coração é constituído por quatro câmaras, dois átrios e dois ventrículos. Os átrios são separados dos ventrículos pelos septos atrioventriculares direito e esquerdo, que apresentam orifícios, denominados óstios atrioventriculares, por onde o sangue passa do átrio para o ventrículo. Nesses óstios, existem as valvas, que impedem o refluxo de sangue do ven- trículo para o átrio durante a contração ventricular conhecida por sístole. Assim, temos a valva tricúspide à direita e a valva mitral ou bicúspide à esquerda. O músculo cardíaco é chamado de miocárdio e dele projetam-se feixes musculares em forma de pilares denominados músculos papilares, que fixam as cordas tendíneas, que se prendem às margens das valvas, cuja função é impedir o refluxo dessas valvas. O coração recebe o sangue venoso de todo o corpo pela veia cava superior e veia cava inferior, que desembocam no átrio direito, de onde o sangue passa para ventrículo direito. Do ventrículo direito, o sangue é impulsionado para os pulmões durante a sístole, através do tronco pulmonar, que se divide em duas artérias pulmonares, direita e esquerda. O sangue, depois de ser oxigenado, retorna ao coração por meio das veias pulmonares, que desembocam no átrio esquerdo e passa para o ventrículo esquerdo. Na sístole, o sangue do ventrículo esquerdo é ejetado para todo o organismo pela artéria aorta, que vai se dividindo sucessivamente até os capilares, onde ocorrem as trocas, e o sangue passa para veias que vão se confluindo até as veias 15 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo cavas superior e inferior, fechando, assim, o ciclo. No Caderno de Referência de Conteúdo, você encontrará as principais veias e artérias que fazem a circulação sanguínea do corpo humano; vale à pena conferi-las. Durante uma atividade física, o aparelho cardiorrespiratório aumenta o seu trabalho para levar maior quantidade de oxigênio e nutrientes até os músculos esqueléticos e o cardíaco. Para isso, o sistema respiratório deverá absorver maior quantidade de O 2 , aumentando a frequência respiratória. Ao mesmo tempo, o coração aumenta seus batimentos com o objetivo de aumen- tar a circulação sanguínea. Mas nem só de oxigênio vivem as células; é preciso haver, também, os nutrientes para seu metabolismo. O oxigênio é conseguido pelo sistema respiratório; e os nutrientes? Para a ingestão de alimentos, existe um sistema, conhecido por sistema digestório, capaz de realizar reações químicas, transformando os alimentos para que possam ser absorvidos. O sistema digestório é composto por um conjunto de órgãos que formam um tubo muscular liso, o canal alimentar, e, também, por órgãos anexos a esse canal, como o fígado, o pâncreas e as glândulas salivares. O canal alimentar começa na boca e na cavidade da boca, onde as glândulas salivares secretam a saliva que contém a enzima amilase, cuja função é iniciar o processo de digestão dos carboidratos. Em seguida, o bolo alimentar passa pelas porções oral e laríngea da faringe e segue pelo esôfago até o estômago, onde ficará por algum tempo para ser transfor- mado pelas enzimas digestivas em um líquido pastoso chamado quimo. O quimo passa para a primeira porção do intestino delgado, o duodeno, em que o processo de digestão é finalizado e, assim, é iniciada a absorção dos nutrientes. Ele segue pelas outras partes do intestino delgado, o jejuno-íleo, que termina no ceco, primeira parte do intestino grosso. O ceco continua com o colo ascendente, que, após a flexura cólica direita, continua com o colo transverso que novamente se flete na flexura cólica esquerda continuando no colo descendente. O colo descendente termina no colo sigmoide, que, após curto trajeto na pelve, continua no reto, no qual os resíduos da di- gestão são eliminados pelas fezes pelo ânus. O fígado é a maior glândula do corpo humano que participa da metabolização das pro- teínas, carboidratos e gorduras; é, também, o responsável pela produção e pela eliminação da bile no duodeno. O pâncreas é uma glândula responsável pela secreção endócrina da insulina e exócrina do suco pancreático no duodeno juntamente com a bile. Para finalizar a apresentação deste conteúdo, vamos estudar a composição e a função do sistema nervoso, que é considerado o mais complexo de todos os sistemas. O sistema nervoso é o responsável pela adaptação do animal no meio ambiente. Ele é ca- paz de perceber e identificar os estímulos internos e externos e permitir que o corpo responda a esses estímulos. Para isso, possui um centro que processa os estímulos e gera uma resposta por vias ner- vosasresponsáveis por enviar os estímulos até o centro e, do centro, para os efetuadores das respostas. O sistema nervoso é anatomicamente dividido em sistema nervoso central (SNC) e siste- ma nervoso periférico (SNP). O sistema nervoso central é composto pelo encéfalo e pela medu- la espinhal, e o sistema nervoso periférico, pelos nervos, gânglios e terminações nervosas. O encéfalo é a parte do SNC que está alojada no crânio e é composto pelo cérebro, cere- belo e tronco encefálico. O cérebro é formado pelo telencéfalo e diencéfalo, e ocupa quase toda a cavidade craniana, sendo o responsável pela nossa consciência, inteligência, interpretação de © Anatomia Humana Geral16 todos os estímulos que nele chegam e, consequentemente, geram uma resposta apropriada para cada estímulo. No córtex cerebral, estão armazenadas todas nossas memórias e habili- dades. A continuação caudal do cérebro é o tronco encefálico, constituído pelo mesencéfalo, ponte e bulbo, que continua diretamente com a medula espinhal, servindo de passagem para as vias nervosas e onde estão os principais centros vegetativos, o respiratório e o cardiovascular. O cerebelo situa-se abaixo do cérebro e está relacionado com a coordenação motora e a manuten- ção da postura e equilíbrio. A medula espinhal é a parte do SNC que está alojada no interior da coluna vertebral, servindo de condutora das vias sensoriais e das vias motoras e, também, como sede para alguns reflexos. É nela que estão conectados os nervos espinhais. O sistema nervoso periférico é constituído pelos nervos espinhais e cranianos. Os nervos espinhais são os que fazem conexão com a medula espinhal, sendo formados por fibras sensi- tivas e motoras responsáveis pela inervação dos músculos, da pele e das estruturas articulares dos membros superiores, membros inferiores e tronco. Os nervos cranianos são aqueles que fazem conexão com o encéfalo e são responsáveis pela inervação sensorial e motora da cabeça e da face. Para a inervação dos órgãos, existe uma terceira parte do sistema nervoso, conhecida por sistema nervoso autônomo, dividido em simpático e parassimpático. O tecido nervoso é composto por dois tipos básicos de células, o neurônio e as células da glia. Os neurônios são as unidades fundamentais do sistema nervoso, especializado em captar e conduzir o impulso nervoso por todo o sistema, através das sinapses. O neurônio pode ser sen- sitivo e motor e é composto por um corpo de onde partem dois prolongamentos, os dendrito e os axônios. As células da glia não são capazes de gerar e conduzir o impulso nervoso, mas são essenciais para a manutenção do tecido, uma vez que são responsáveis pela proteção, manu- tenção, nutrição e isolamento protetor dos axônios dos neurônios, através da bainha de mielina formada pela oligodendrócito no SNC e pelas células de Schwann no SNP. Vamos analisar, por fim e de maneira resumida, o controle motor feito pelo sistema ner- voso. O estímulo sensitivo é captado pelo receptor e é enviado pelos neurônios sensitivos até a medula espinhal e de lá para o encéfalo, onde as áreas se conectam para processar o estímulo e gerar uma resposta apropriada. Essa resposta será conduzida pelas vias motoras até a medula espinhal, de onde partem os neurônios motores até o órgão efetuador. Terminamos por aqui a Abordagem Geral e desejamos profundamente que os conteúdos aqui tratados contribuam para sua formação profissional. Esperamos que você tenha acompa- nhado as discussões com relação à importância deste estudo para a formação de um profissional da área da saúde e que a compreensão da constituição anatômica do corpo humano possibilite uma reflexão sobre o papel e a importância dessa área na manutenção da saúde, auxiliando-o na sua futura profissão. Tenha sempre em mente que seu objeto de trabalho é o corpo humano; portanto, a compreensão de sua constituição e funcionamento é importante para a prática de uma atividade física segura e que permita a manutenção e o desenvolvimento corporal. Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida e precisa das definições con- ceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimento dos temas tratados no Caderno de Referência de Conteúdo Anatomia Humana Geral. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos deste Caderno de Referência de Con- teúdo: 17 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo 1) Anatomia Humana: ciência que estuda a composição macroscópica e a organização do corpo humano. 2) Aponeuroses: são as fixações musculares em forma de leque, de cor esbranquiçada ou amarelada. São finas e delgadas, porém muito resistentes. São constituídas por tecido conjuntivo denso, composto principalmente por fibras colágenas. 3) Artrologia: é a parte da Anatomia que estuda as articulações. 4) Coanas: são a abertura nasal posterior, que delimita a cavidade nasal da parte nasal da faringe. 5) Endomísio: é uma camada de tecido conjuntivo que encobre uma fibra muscular e é composta principalmente de fibras reticulares. 6) Epimísio: é uma camada de tecido conjuntivo que envolve todo o músculo. 7) Esqueleto axial: é a parte do esqueleto que forma o eixo do corpo humano, composto pelo crânio, pela coluna vertebral, pelas costelas e pelo esterno. 8) Esqueleto apendicular: é a parte do esqueleto formada pelos ossos do membro supe- rior e do membro inferior. 9) Expiração: é a fase da respiração na qual ocorre a saída do ar. 10) Inspiração: é a fase da respiração em que ocorre a entrada do ar. 11) Mediastino: é o espaço entre as regiões pulmonares que se estende da abertura to- rácica superior até o diafragma, e contém o coração, as partes torácicas dos grandes vasos, as partes torácicas do timo. 12) Miologia: é parte da Anatomia que estuda os músculos. 13) Neuroanatomia: é o ramo da Anatomia que estuda o sistema nervoso e todas suas subdivisões. 14) Periósteo: membrana fibrosa que recobre os ossos e que contém os vasos sanguíneos e nervos que fornecem, respectivamente, alimentos e sensibilidade aos ossos. 15) Perimísio: é uma membrana fibroelástica formada por fibras colágenas e elásticas, cuja função é envolver o ventre muscular para proteger e manter as fibras organizadas e para potencializar a ação muscular. 16) Peristaltismo: são contrações musculares rítmicas e coordenadas que ocorrem auto- maticamente para movimentar os líquidos de um local para outro do organismo. 17) Placa motora: região de contato entre os neurônios e as fibras musculares, também conhecida por junção neuromuscular. 18) Posição anatômica: posicionamento universal do corpo humano para a descrição das partes que compõem o corpo humano. 19) Quimo: é um líquido pastoso que chega ao intestino delgado após os processos diges- tivos das enzimas do estômago no bolo alimentar. 20) Sarcômero: é a unidade funcional, contrátil, dos músculos estriados, composto pelas proteínas contráteis actina, miosina, troponina e tropomiosina. 21) Valvas cardíacas: são estruturas formadas basicamente por tecido conjuntivo locali- zadas entre os átrios e ventrículos, e também nas saídas da artéria aorta e do tronco pulmonar. Esquema dos Conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apre- sentamos, a seguir (Figura 1), um Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimen- to, ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, © Anatomia Humana Geral18 de maneira gráfica, as relações entre os conceitospor meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na se- quenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organiza- ção das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem escolar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que a apren- dizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, apenas, realizar acréscimos na es- trutura cognitiva do aluno; é preciso, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se con- figure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante considerar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos conceitos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar es- ses conceitos nas suas já existentes estruturas cognitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da cons- trução do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs. br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). 19 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo ANATOMIA HUMANA Aparelho Locomotor Posição de descrição anatômica Planos e eixos Sistema digestório Constituição e organização macroscópica do corpo humano Aparelho Cardiovascular Sistema Muscular Sistema esquelético: ossos Neuroanatomia Coração, artérias, veias e sangue Sistema nervoso central Proteção, Sustentação, conformação, armazenamento de íons, hematopoiese Cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal Através Estuda Sistema articular: articulações Funções Conectar os ossos, permitindo ou não a mobilidade Sistema circultório Sistema respiratório Fibrosa, cartilaginosa e sinovial Funções Tipos Nariz, cavidade nasal, faringe, laringe, traquéia, brônquios, bronquíolos, alvéolos e pulmões Composição Composição Músculo estriado esquelético: ventre, tendões ou aponeuroses – origem e inserção Estruturas Composição Boca, cavidade bucal, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, ânus, fígado e pâncreas Sistema nervoso periférico Sistema nervoso autônomo Sistema nervoso simpático e parassimpático Divisões Nervos espinhais e cranianos Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo Anatomia Humana Geral. Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar en- tre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendi- zagem. Por exemplo, o conceito de Anatomia Humana implica conhecer a composição estrutural do corpo humano, por meio do estudo dos órgãos componentes dos diversos sistemas orgâni- cos e como esses sistemas se correlacionam para manter a homeostase, fator importante para a nossa sobrevivência. Esse domínio conceitual o ajudará a compreender as interações dinâmicas © Anatomia Humana Geral20 entre os vários órgãos e sistemas para o funcionamento do organismo humano, que será com- pletado com o estudo de Fisiologia Humana Geral e Aplicada. O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambiente virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realizadas presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio conhecimento. Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os con- teúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dis- sertativas. Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática profissional pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a reso- lução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. As questões de múltipla escolha são as que têm como resposta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por resposta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as bibliografias complementares. Figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte integrante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustrativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os conteúdos deste Caderno de Refe- rência de Conteúdo, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite- -se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. 21 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Você, como aluno do Curso de Graduação na modalidade EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produçõescientíficas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Co- teje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são im- portantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses pro- cedimentos serão importantes para o seu amadurecimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é partici- par, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. Claretiano - REDE DE EDUCAÇÃO 1 EA D Introdução ao Estudo da Anatomia Humana 1. OBJETIVOS • Conhecer a breve história da Anatomia. • Definir Anatomia. • Identificar os principais conceitos anatômicos para a compreensão do seu estudo. • Compreender os planos e eixos utilizados no estudo anatômico. 2. CONTEÚDOS • Breve histórico sobre o estudo em Anatomia. • Conceituação de Anatomia e nomenclatura anatômica. • Posição de descrição anatômica. • Constituição e divisão do corpo humano. • Planos de delimitação, planos de secção e eixos de movimentos do corpo humano. • Sistemas orgânicos. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a se- guir: 1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos explicitados no Glossário e suas liga- ções pelo Esquema de Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste CRC. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho. © Anatomia Humana Geral24 2) Nesta primeira unidade, iniciaremos o estudo de Anatomia Humana Geral com um breve relato histórico sobre a evolução em seus estudos durante os séculos, assim como sua importância para as ciências médicas. Estudaremos, também, os principais termos de posição e secção do corpo humano, que são fundamentais para unificação da linguagem que será utilizada em toda o Caderno de Referência de Conteúdo, facili- tando, assim, o seu estudo. 3) É muito importante que você compreenda a posição de descrição anatômica e todos os termos utilizados para estudo do corpo humano. 4) No decorrer de nosso estudo, conheceremos um pouco da história da anatomia. Se quiser saber mais sobre essa história, acesse o site disponível em: <http://www.aula- deanatomia.com>. Acesso em: 27 out. 2010. 5) Se você tiver dúvidas depois de ler este material, poderá recorrer às bibliografias su- geridas e tirar suas dúvidas com seu tutor. A compreensão desses termos é imprescin- dível para o estudo da Anatomia. 6) Leia os conteúdos com atenção, grifando os termos mais importantes e anotando suas dúvidas, para que você não siga para a próxima unidade com incertezas. Procure so- lucionar suas dúvidas por meio de nosso sistema de interatividades (Lista e Fórum) ou fale diretamente com o seu tutor. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Prezado aluno, iniciaremos nosso estudo de Anatomia Humana Geral fazendo a conceitu- ação e uma breve apresentação de alguns aspectos históricos interessantes sobre o estudo do corpo humano, bem como de seus principais pesquisadores, os quais foram fundamentais para o desenvolvimento dessa ciência. Em seguida, faremos uma explicação rápida sobre os níveis organizacionais desde a Biologia Celular até a constituição dos diversos sistemas que compõem o organismo humano. Esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de reconhecer, compreender e analisar os principais conceitos utilizados em Anatomia Humana, bem como perceba a impor- tância dessa ciência para a compreensão do funcionamento do organismo. Que este estudo seja estimulante! Bom trabalho! 5. CONSIDERAÇÕES INICIAIS E BREVE HISTÓRICO SOBRE ANATOMIA HUMANA Antes de iniciar o nosso estudo sobre a Anatomia Humana, vamos, juntos, ler a Oração do Cadáver: Oração do Cadáver –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Ao te curvares com a rígida lâmina de teu bisturi Sobre o cadáver desconhecido, Lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas, Cresceu embalado pela fé e pela esperança daquela que em seu seio o agasalhou. Sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens. Por certo amou e foi amado, esperou e acalentou um amanhã feliz e Sentiu saudades dos outros que partiram. Agora jaz na fria lousa, sem que por ele se tivesse derramado uma lágrima sequer, Sem que tivesse uma só prece. Seu nome, só Deus sabe. Mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir à humanidade. A humanidade que por ele passou indiferente (ROKITANSKY, 1876,) ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 25 Claretiano - Centro Universitário © Introdução ao Estudo da Anatomia Humana Depois de você ter estudado Biologia Humana, deu para perceber que o corpo humano é constituído basicamente por células, que se organizam com outras células de mesma função para formarem os tecidos corporais (epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso). Esses tecidos, por sua vez, reúnem-se para formarem os órgãos, que se organizam com outros órgãos de mes- ma origem e com funções integradas, formando os diversos sistemas que compõem o corpo humano. Podemos enumerar esses sistemas em: 1) Sistema esquelético: formado pelos ossos, que constituem o esqueleto humano. 2) Sistema articular: formado pelas conexões entre os ossos, que permitem, ou não, os movimentos. 3) Sistema muscular: composto pelos músculos responsáveis pelos movimentos corpo- rais. 4) Sistema circulatório e linfático: formado pelo coração e vasos (artérias e veias) con- dutores do sangue. 5) Sistema respiratório: formado pelos pulmões e vias respiratórias, responsáveis pelas trocas gasosas (oxigênio e gás carbônico) entre o organismo e o meio ambiente. 6) Sistema digestório: formado por um conjunto de órgãos que se inicia na boca e termi- na no ânus e por glândulas anexas (fígado, pâncreas, e glândulas salivares), responsá- veis pela condução, digestão e absorção dos nutrientes necessários ao metabolismo celular. 7) Sistema nervoso: sistema complexo e altamente sofisticado, constituído pelo cérebro, cerebelo, tronco encefálico, medula espinhal e nervos, capazes de captar, conduzir, interpretar os estímulos do meio ambiente e do próprio organismo e de produzir uma resposta. 8) Sistema genital: constituído por um conjunto de órgãos distintos entre os sexos femi- nino e masculino, porém com a mesma função: a de reprodução. Alguns desses sistemas, com funções, localização ou desenvolvimento semelhantes, po- dem se reunir para constituir um aparelho. Assim, temos: o aparelho locomotor (constituído pelos sistemas esquelético, articular e muscular), o aparelho cardiorrespiratório (constituído pelos sistemas respiratório e circulatório) e o aparelho urogenital feminino e masculino (cons- tituído pelo sistema urinário e pelos genitais feminino e masculino). Observe todos esses níveis de organização na Figura 1. © Anatomia Humana Geral26 Figura 1 Níveis de organização do corpo humano, desde os átomos até a formação dos sistemas. Então, baseados em tudo o que falamos até agora, como podemos definir Anatomia? “Anatomia” é originária da palavra grega ”anatome”, que significa “cortar em partes” (“ana” = “partes” ou “através de”, e “tome” = “corte”), o mesmo que “dissecar”, em português. Por definição, a Anatomia é a ciência que estuda macroscopicamente a constituição e a organi- zação dos seres vivos. Dessa maneira, podemos relatar várias formas de estudos em Anatomia, taiscomo Anatomia Humana, Anatomia Vegetal e Anatomia Comparada, a qual faz uma com- paração estrutural entre os diferentes animais e os vegetais para estabelecer relações e explicar vários aspectos da evolução. Quando estudamos Anatomia, devemos ter em mente os aspectos micro e macroscópicos da constituição corporal, isto é, a citologia e a histologia, porque todas essas ciências, embora se constituam em especializações, são inter-relacionadas e imprescindíveis para a sobrevivência do organismo humano. Afinal de contas, quando será que surgiu a Anatomia? Bem, essa não é uma pergunta muito fácil de responder, tendo em vista que a Anatomia é considerada a mais antiga da medicina, datando de 500 anos a.C., praticada por Alcméon, que realizava dissecações em animais. Cabe lembrar que a importância da Anatomia para a medicina é tão grande que alguns anatomistas, na era antes de Cristo, eram considerados médicos por seus conhecimentos aprofundados do corpo humano. Os maiores anatomistas da história foram os egípcios, que sempre demonstraram verda- deiro fascínio pelo corpo humano um exemplo disso são as técnicas de mumificação dos cadá- veres. Alguns cientistas afirmam, porém, que, na verdade, o interesse pelo estudo do corpo hu- mano vem desde a pré-história, porque foram encontrados diversos desenhos em cavernas que poderiam representar corpos animais e humanos. Há, ainda, os nomes de Aristóteles, Herófilos, Erasístrato e Hipócrates, entre outros, como exemplos de gregos que estudavam Anatomia. 27 Claretiano - Centro Universitário © Introdução ao Estudo da Anatomia Humana No início, o estudo anatômico era feito às escondidas por razões religiosas, pois, naquela época, o corpo humano era considerado intocável. Assim, Gáleno, no século 2º d.C., dissecava animais (como porcos e macacos) e fazia alusões ao corpo humano. É claro que muitos erros foram cometidos, porém suas descobertas fo- ram importantes para o avanço da Anatomia. Já no século 16, mais precisamente em 1539, Andrés Vesálio (1514- 1564), um médico e anatomista belga, fez inúmeras disse- cações em corpos humanos e reproduziu-as perfeitamente em sua obra De humani Corporis fabrica, publicada quatro anos depois, em 1543, o que lhe proporcionou o título de pai da Anatomia moderna (Figura 2). Não podemos deixar de falar dos artistas Leonardo da Vinci (1425-1519) e Michelangelo di Ludovico Buonar- roti (1475-1564), que retratavam belissimamente o corpo humano do ponto de vista anatômico. Leonardo da Vinci dissecou vários cadáveres e fez milhares de ilustrações precisas, das quais cerca de 750 ainda são preservadas, representando ossos, músculos, vasos e nervos (Figura 3). Suas ilustrações são muito mais detalhadas do que as de Andrés Vesálio, embora este fosse médico e as descrevesse com mais cuidado. Figura 3 Gravura de Leonardo da Vinci e algumas de suas ilustrações sobre o estudo anatômico do ombro e do esqueleto humano. Michelangelo também praticava a dissecação e a expunha em suas obras de arte. Uma de suas obras mais conhecidas, a Criação de Adão, na Capela Sistina (Itália), é considerada por alguns autores como uma lição de anatomia, uma vez que a obra representa Deus dando a cons- ciência ao ser humano, representada pelo cérebro. Faça você uma análise da Figura 4 e observe a forma do encéfalo representado por Deus e seus anjos. Além disso, Michelangelo construiu belas esculturas, que também representam detalhadamente o corpo humano. Figura 2 Gravura de Andrés Vesálio (1514-1564). © Anatomia Humana Geral28 Figura 4 Gravura de Michelangelo e sua obra "A Criação de Adão" da Capela Sistina. Os relatos dispostos aqui são apenas uma pequena parcela de toda a discussão a respeito da história da Anatomia. Por isso, caso você se interesse pelo assunto, sugerimos que acesse os sites indicados no tópico E-referências. Com base nesses dados, muitas outras descobertas foram feitas, as quais, com certeza, são importantes para toda a área da saúde, sobretudo para a medicina. Hoje em dia, por exem- plo, já é possível estudar anatomia em pessoas vivas, utilizando-se técnicas de imagens como radiografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética etc. Terminologias anatômicas Depois dessa breve viagem que fizemos pela história da Anatomia, podemos observar que o corpo humano começou a ser estudado não só por necessidade, mas pelo simples fascínio que despertava nos homens. Até hoje, esse assunto é de interesse de muitas pessoas e, consequen- temente, é difundido pelo mundo todo, sendo o seu estudo imprescindível para a área da saúde. Com toda essa repercussão e graças aos importantes trabalhos anatômicos, as mesmas estruturas corporais recebiam diferentes denominações, dependendo do centro de estudo (Ale- manha, Itália, Franca e Inglaterra). Com o objetivo de evitar esse e outros problemas, muitas tentativas foram feitas para padronizar e criar, assim, uma nomenclatura anatômica internacio- nal que poderia ser traduzida para cada país. A primeira tentativa ocorreu em 1895, na Basileia, e foi denominada Basle Nomina Anatomica (B.N.A.). No entanto, muitas atualizações foram feitas nas décadas seguintes e, em 1955, no Congresso de Anatomia em Paris, uma nova Nomi- na Anatomica foi aprovada oficialmente e chamada de Paris Nomina Anatomica (P.N.A.). Essas atualizações foram feitas de cinco em cinco anos até o ano de 1980, quando foi criado o Fede- rative Commitee on Anatomical Teminology (FCAT), no qual ficou decidido que a nomenclatura anatômica poderia ser criticada e modificada desde que corretamente justificada e aprovada em Congressos Internacionais de Anatomia, realizados a cada cinco anos. A última versão da nomenclatura anatômica, que foi feita em 1999, em Roma (Itália), sen- do traduzida para o português pela Sociedade Brasileira de Anatomia e publicada em São Paulo no ano de 2000, é utilizada até o presente momento. Mas você deve estar se perguntando: o que é nomenclatura anatômica? 29 Claretiano - Centro Universitário © Introdução ao Estudo da Anatomia Humana A nomenclatura ou terminologia anatômica é o nome dado ao conjunto de termos em- pregados para descrever o organismo em partes, ou seja, para descrever a anatomia. Antes de ela ser criada, muitos anatomistas davam seus nomes às estruturas observadas por eles, o que é conhecido por epônimos. Alguns epônimos, porém, foram descartados, para que fossem utilizados termos que pudessem dar alguma informação sobre a estrutura descrita, como, por exemplo, a forma (músculo deltoide), a ação (músculo levantador da escápula), a localização (artéria braquial), o trajeto (artéria circunflexa anterior do úmero), os ossos ou acidentes ósseos que unem (ligamento glenouneral, ligamento coracoacromial, ligamentos tibiofibulares). Eles podem, também, utilizar mais de um critério. Entretanto, alguns termos não muito lógicos fo- ram preservados devido à sua ampla utilização, tal como o “fígado” (DANGELO; FATTINI, 2007). Para facilitar a descrição de alguns termos anatômicos, são utilizadas algumas abreviaturas, tais como: 1) A. = artéria; Aa.= artérias. 2) V. = veia; Vv.= veias. 3) M. = músculo; Mm. = músculos. 4) Lig. = ligamento; Ligg. = ligamentos. 5) N. = nervo; Nn. = nervos. Desde a nossa iniciação às ciências, aprendemos que o corpo humano é dividido em ca- beça, tronco e membros, sendo que a cabeça é unida ao tronco pelo pescoço. Os membros são divididos em superiores (popularmente chamados de braços) e inferiores (popularmente cha- mados de pernas). A cabeça é a parte mais superior do corpo humano e é onde está localizado o encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico). Além disso, na cabeça, estão as orelhas, os olhos, o nariz e a boca. Abaixo dela, há o pescoço, por onde passam os tubos relacionados ao sistema respiratório e digestório e que, também, é o local onde
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