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Algumas teorias fundamentais sobre desenvolvimento humano Fonte: BOCK, Ana; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lurdes. Psicologia do desenvolvimento. In: Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 116-128. A partir do estudo da psicologia do desenvolvimento procura-se entender a conduta do bebê, da criança, do adolescente, do jovem, do adulto e dos mais velhos. Conhecer estes aspectos são importantes para o campo da educação, pois, possibilita conhecer e reconhecer individualidades, comportamentos. Fonte: (Ana Bock, et.al., 2008). É um processo contínuo e ininterrupto em que os aspectos biológicos, físicos, sociais e culturais se interconectam, se influenciam reciprocamente, produzindo indivíduos com um modo de pensar, sentir e estar no mundo absolutamente singulares e únicos. O que é desenvolvimento? Período pré-natal: da concepção ao nascimento Infância: primeiros dois anos de vida Período pré-escolar: dos 2 aos 6 anos Meninice: dos 6 aos 12 Adolescência: dos 12 aos 20 (?) Adulto jovem: dos 20 aos 40 anos Meia idade: dos 40 aos 60 Velhice: a partir dos 65 ... Visão cronológica do desenvolvimento Hereditariedade: carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não se desenvolver. Crescimento Orgânico: refere-se ao aspecto físico. Maturação neurofisiológica: é o que torna possível determinado padrão de comportamento. Ex.: alfabetização. Meio: conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento da criança. Fatores que influenciam o desenvolvimento humano Aspecto físico-motor: refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica. Aspecto intelectual: é a capacidade de pensamento, raciocínio. Aspecto afetivo-emocional: é o modo particular de o indivíduo integrar suas experiências. Aspecto social: é a maneira como o indivíduo reage diante das situações em que envolvem outras pessoas. Aspectos do desenvolvimento humano Todas as teorias partem do pressuposto de que esses quatro aspectos (físico-motor, intelectual, afetivo-emocional, social) são indissociáveis. TODAVIA, cada teoria pode vir a estudar o desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos. Teoria dos estágios cognitivos de Piaget Teoria sociocultural de Vygotsky Teoria psicossocial de Freud Algumas teorias fundamentais Foi biólogo, psicólogo e filósofo, embora não fosse propriamente pedagogo, influenciou a pedagogia do século XX. Estudou o desenvolvimento da inteligência desde o nascimento até o surgimento da linguagem. Jean Piaget (1896-1980) Período sensório-motor: (0-2 anos) – o recém nascido ou lactante Período pré-operatório (2 a 7 anos) – a 1ª infância Período operatório concreto (7 a 11 anos) – a infância propriamente dita Período operatório formal (12 anos em diante) – a adolescência Estágios do desenvolvimento cognitivo Cada período é caracterizado por aquilo que de melhor o indivíduo consegue fazer nessas faixas etárias. Todos os indivíduos passam por todas essas fases ou períodos, nessa sequência, porém o início e o término de cada uma delas dependem das características biológicas do indivíduo e de fatores educacionais e sociais. Portanto, a divisão nessas faixas etárias é uma referência, e não uma norma rígida. No recém-nascido, a vida mental reduz-se ao exercício dos aparelhos reflexos, como a sucção. Esses reflexos melhoram com o treino. Ex.: por volta dos 10 dias de vida – mama melhor. Por volta dos 5 meses coordena melhor os movimentos das mãos e olhos para pegar objetos. Desenvolvimento físico acelerado e emergência de novos comportamentos: sentar, andar, escolha de brinquedos... Período SENSÓRIO-MOTOR (de 0 a 2 anos) Diferenciação progressiva entre o seu interior e o mundo exterior. Passa de uma atitude passiva diante do mundo e das coisas para um posicionamento ativo. Período SENSÓRIO-MOTOR (de 0 a 2 anos) No final deste período: embora compreenda algumas palavras, só é capaz de fala imitativa. Aparecimento da linguagem – interação e comunicação entre os indivíduos. Com o aparecimento da linguagem o desenvolvimento do pensamento se acelera: - Do jogo simbólico para o entendimento das normas sociais. - Pensamento mais adaptado ao outro e ao real. No final deste período passa a procurar a razão causal das coisas – “fase dos famosos porquês”! Desenvolvimento de novas habilidades: coordenação motora fina – segurar lápis, fazer movimentos exigidos pela escrita. Período PRÉ-OPERATÓRIO (de 2 a 7 anos) O desenvolvimento mental, caracterizado no período anterior (pré-operatório) pelo egocentrismo intelectual e social, é superado neste período pelo início da construção lógica – capacidade da criança de estabelecer relações que permitam a coordenação de pontos de vistas diferentes. Capacidade de trabalhar em grupo e de autonomia pessoal. Estabelece corretamente as relações de causa e efeito e de meio e fim. Novos sentimentos morais: respeito mútuo, honestidade, companheirismo, senso de justiça... Período OPERATÓRIO CONCRETO (7 a 11ou 12 anos) Nesse período ocorre a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal/abstrato Capaz de lidar com conceitos como liberdade e justiça: abstraindo os termos e recriando teorias. ☺ Livre exercício da reflexão. ☺ No aspecto afetivo vive conflitos: deseja libertar-se do adulto, mas ainda depende dele. Deseja ser aceito pelo amigos e adultos. O grupo de amigos é um importante referencial. OPERATÓRIO FORMAL (11 ou 12 anos em diante) Construiu propostas inovadoras sobre temas como a relação pensamento e linguagem, a natureza do processo de desenvolvimento da criança e o papel da instrução no desenvolvimento. Pressupostos básicos: pensamento, memória, atenção voluntária, formas que diferenciam o homem de outros animais devem ser achadas nas relações sociais que o homem mantém. Lev Vygotsky (1896-1933) Põe em pauta a discussão do papel do social no desenvolvimento mental - o papel da educação, do professor e da aprendizagem. Funções psicológicas superiores: auto-observação, intencionalidade, planejamento, capacidade de pensamento abstrato, metacognição (indivíduo ser capaz de pensar sobre o seu próprio pensamento). Aspecto instrumental: refere-se à natureza basicamente mediadora das funções psicológicas. EX.: barbante na mão. Aspecto cultural: os meios socialmente estruturados pelos quais a sociedade organiza tipos de tarefas que a criança em crescimento enfrenta. EX.: aquisição da linguagem. Aspecto histórico: instrumentos que o homem usa para dominar seu ambiente e seu próprio comportamento foram criados e modificados ao longo da história social da civilização. O desenvolvimento infantil em Vygotsky Vygotsky dá importância à dimensão social, interpessoal, na construção do sujeito psicológico. Para Vygotsky o desenvolvimento está, alicerçado sobre o plano das interações, a partir das relações sociais. Portanto, as relações sociais são constitutivas das funções psicológicas do homem. Piaget: o desenvolvimento intelectual resulta da construção de um equilíbrio progressivo entre assimilação e acomodação, o que propicia o aparecimento de novas estruturas mentais. Isso é um processo em evolução. Modelo Construtivista. Vigotsky: o desenvolvimento é um processo que ocorre de fora para dentro, ou seja, é no processo de ensino-aprendizagem que ocorre a apropriação da cultura. Para ele são as relações sociais que permitem a aprendizagem. Modelo socio-histórico – os sistemas de signos (linguagem, escrita...) foram criados pela sociedade ao longo de sua história. Contribuições de Piaget e Vigotsky para à educação Para Piaget: o desenvolvimento cognitivo é condição para a aprendizagem. Para Vigotsky: a aprendizagem é elemento para o desenvolvimento e precede, ou seja, o fundamental é que a aprendizagem se dê nas relações sociais. Para ele, o desenvolvimentoé a conquista e resultado dessas interações. Na aprendizagem o contato com o outro, com o mundo já humanizado e cultural, é fator essencial. No contexto, escolar esses diferentes pontos de vistas são importantes! A psicanálise foi fundada por Freud no final do século XIX início do XX. Freud formou-se em medicina, especializou-se em psiquiatria. Trabalhou por um tempo em um laboratório de fisiologia e deu aulas de neuropatologia. Sigmund Freud (1856-1939) A Psicanálise pode ser vista como: Teoria: conjunto de conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica. Método de investigação: caracteriza-se pelo método interpretativo, que busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de ações e palavras ou pelas produções imaginárias, como os sonhos, os delírios, as associações livres, os atos falhos. Prática profissional: refere-se à forma de tratamento, análise, que busca o autoconhecimento ou a cura, que ocorre através desse processo de investigação. Freud e a descoberta do inconsciente. Freud e a descoberta da sexualidade infantil. Freud, em suas investigações na prática clínica sobre as causas e o funcionamento das neuroses, descobriu que a maioria de pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos. As descobertas colocam a sexualidade no centro da vida psíquica, e é postulada a existência da sexualidade infantil. A função sexual existe desde o princípio da vida. O período de desenvolvimento da sexualidade é longo e complexo até chegar à sexualidade adulta, onde as funções de reprodução e de obtenção do prazer podem estar associadas. * Fase fálica: Complexo de Édipo Pontos importantes das descobertas de Freud Personalidade Se forma mediante conflitos inconscientes entre as pulsões inatas do id e as exigências da vida civilizada. Esses conflitos ocorrem em uma sequência invariável de 5 estágios maturacionais do desenvolvimento psicossexual: Oral: do nascimento aos 12-18 meses Anal: dos 12-18 meses aos 3 anos Fálica: dos 3 aos 6 anos Latência: dos 6 até a puberdade Genital: da puberdade à vida adulta 31 Influência da Psicanálise no pensamento educacional: não através da aplicação direta de suas teorias ao ensino, mas devido ao fato dela efetuar um estudo do desenvolvimento dos seres humanos, de suas forças interiores, de suas inter-relações. Importância da relação professor-aluno: o intenso ódio a alternar-se com o amor; a procura das fraquezas dos professores e, simultaneamente, seu orgulho em descobrir que eles tinham boas qualidades e grande conhecimento. Caráter transferencial da relação pedagógica – a criança reage ao professor como um substituto paterno. Contribuições à Educação É desejável que o educador conheça os fenômenos que permeiam a sua relação com a criança e, por seu discernimento, evite reagir às provocações da criança de maneira indesejável. A identificação com o professor é um processo da maior importância tanto para o desenvolvimento da personalidade da criança quanto para sua aprendizagem acadêmica. Mecanismo de Identificação: o aluno tem o desejo de tornar-se igual à pessoa admirada, de tornar o professor, seu conhecimento e suas qualidades, parte de si próprio. As fantasias das crianças são expressas no brinquedo e na fala e o professor pode, desde a fase pré-escolar, ser orientado para lidar com elas. A partir de tais teorizações... O que é ser criança? Como elas pensam, sentem e vivem? Infância do latim infantia = refere-se ao indivíduo que ainda não é capaz de falar. Essa incapacidade, atribuída à primeira infância, estende-se até os sete anos, que representaria a idade da razão. Representações sócio-históricas da criança: “tabula rasa”, “pequeno adulto”... Para o dicionário: “infância período de crescimento que vai do nascimento até o ingresso na puberdade, por volta dos doze anos de idade”. Para o ECA (1990): “ criança é considerada a pessoa até os doze anos incompletos, enquanto entre os doze e dezoito anos, idade de maioridade civil, encontra-se a adolescência”. “A História social da criança e da família”– Philippe Ariès (1978) – Para este autor a emergência do sentimento de infância é uma invenção da modernidade e se deu devido a um longo processo histórico. A infância tal como a conhecemos hoje foi uma criação de um tempo histórico e de condições socioculturais determinadas. Para Ariès, o sentimento de infância data do século XIX. Até então as crianças eram tratadas como “adultos em miniatura”. A partir deste período, séc. XIX, a crianças passou a ser o centro da família. “O século XIX, inaugurou uma criança sem valor econômico, mas de valor emocional inquestionável, criando uma concepção de infância plenamente aceita no século XX”. A infância, enquanto produção cultural da pós-modernidade, não pode ser pensada como cristalizada, acabada. Constitui-se em um devir, que incorpora a noção de transformação e dinamismo (...) Essa ideia nos leva a pensar a subjetividade em território para além do tempo cronológico, uniforme e linear” . Problematizando um tema complexo Nem sempre a infância é vivida do mesmo modo por todas as crianças... Olhar atento a realidade: meninos e meninas na rua, esmolando, se prostituindo, sendo explorados no trabalho, sem tempo para brincar, sofrendo violências de todo o tipo... Será possível pensar que esses meninos e meninas não sejam crianças por não apresentarem todos os predicados que são atribuídos à infância? Documentário: a invenção da infância
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