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1 2/2017 Material Complementar 3 – Redação Pré-Vestibular O texto argumentativo: como argumentar Para se entender o que é uma redação dissertativa, devemos distinguir os dois tipos de dissertação existentes: a dissertação expositiva e a dissertação argumentativa. Dissertação expositiva – como o próprio nome já sugere, é um tipo de texto em que se expõem as ideias ou pontos de vista. O objetivo é fazer com que o leitor os considere coerentes e não fazê-lo concordar com eles. Dissertação argumentativa – esse é o tipo de dissertação mais comum e conhecida por todos. Nela o intuito é convencer o leitor a concordar com a ideia ou ponto de vista exposto. Isso se faz por meio de várias maneiras de argumentação, utilizando-se de dados, estatísticas, provas, opiniões relevantes, etc. Além do processo de apresentação do tema e suas delimitações, no primeiro parágrafo, há algumas maneiras de se organizar uma dissertação, que podem ajudar na hora de iniciar o seu texto: 1. Você pode transformar o tema em um questionamento, e ao longo do texto tentar responder da melhor maneira possível a essa questão. Ex: TEMA: O desmatamento na Floresta Amazônica Questão abordada por você: A Floresta Amazônica, maior floresta tropical do mundo, sofre algum dano com a frequente prática do desmatamento em seu território? Observações: Mediante um questionamento, encontram-se vários argumentos, dos quais dois são escolhidos para preencherem a introdução e para o desenvolvimento da introdução textual. 2. Outra maneira de desenvolver o seu texto é expondo os contra- argumentos, ou seja, expondo as antíteses possíveis à sua tese. Ex: TEMA: Eutanásia Tese/opinião: A eutanásia realmente deve ser proibida, pois ninguém pode violar o direito à vida. Antítese/contra-argumento: Com a legalização da eutanásia um hospital poderia estar se utilizando do espaço que um paciente desenganado está ocupando para atender a alguém que tem reais chances de sobrevivência. Observações: Ao apresentar seu contra-argumento você deve estar preparado para convencer o leitor de que ele não tem fundamentos, e deve estar munido de informações convincentes para que possa fazê-lo. No caso de temas muito polêmicos, o melhor é se isentar totalmente de opiniões e fundamentar seus argumentos em fatos, estatísticas e opiniões em massa. Essa proposta dá margem à construção de um parágrafo de crítica à tese e de outro de defesa a ela. A ordem dos fatos no desenvolvimento textual é a seguinte: 2º §: contra- argumento; 3º §: argumento ou tese; 3º §: conclusão de acordo com a tese. Importante lembrar que, na conclusão, essa tese deve ser defendida. 3. Outra alternativa seria fazer uma relação entre causa e consequência, para que assim se possa ir do início ao fim do problema, olhá-lo como um todo e com isso ir construindo uma opinião. EX: TEMA: A Violência nas escolas públicas Causa: O pouco incentivo aos esportes e às artes nas escolas por parte do governo. Consequência: Os jovens passam muito tempo nas ruas, em contato com armas e drogas. Observações: A partir da causa e da consequência apresentadas, você deverá desenvolver seus argumentos em busca de uma solução possível e coerente para o problema. Por meio desse mecanismo também pode feito um desenvolvimento de um texto, com dois parágrafos, um para as causas e outro para as consequências. Como argumentar? Em diversas situações do dia a dia, usamos a argumentação: uma conversa entre amigos ou uma negociação no ambiente de trabalho pode ter como objetivo convencer nosso interlocutor de que estamos cheios de razão acerca de algum tópico. No texto dissertativo, expressamos o que conhecemos sobre determinado tema e tentamos convencer o leitor sobre a nossa opinião. “Argumentar é, em última análise, convencer ou tentar convencer mediante a apresentação de razões, em face da evidência das provas e à luz de um raciocínio coerente e consistente” (2007, p. 380). Na argumentação, é preciso demonstrar raciocínio consistente e evidência por meio de provas. Os manuais de redação costumam trazer a seguinte orientação: evite generalizações. É inadequado utilizar expressões como “Todo mundo sabe que…”. Como isso pode ser comprovado? As declarações que exprimem opinião só tem validade quando esta puder ser fundamentada por evidência de fatos. São cinco os tipos mais comuns de evidência: os fatos, os exemplos, as ilustrações, os dados estatísticos e o testemunho. Os fatos são o elemento mais importante da argumentação, mesmo porque eles podem representar o senso comum dentro do texto argumentativo. O candidato pode, por exemplo, dizer que “as drogas são um problema de segurança pública” e fundamentar sua opinião citando casos em que o uso de entorpecentes provocou algum tipo de violência. Os exemplos são fatos representativos de determinada situação. A estudante Isadora Faber é um exemplo típico – e divulgado na mídia – de resistência à precariedade da educação brasileira. A menina virou assunto nas redes sociais depois de ter publicado uma página para denunciar a má qualidade da escola em que estudava. A ilustração acontece “quando o exemplo se alonga em uma narrativa detalhada e entremeada de descrições” (Othon, 2007, p. 381). Ela pode ser hipotética ou real. A primeira é uma invenção do redator, que narra aquilo que poderia acontecer; a segunda, descreve um fato verdadeiro que sustente determinada declaração. Pode ser feita por referência a fatos históricos (alusão histórica), obras de ficção de cunho social, cujo enredo pode ser resumido como estratégia ilustrativa. Os dados estatísticos também são fatos. É preciso, no entanto, cautela ao usá-los como suporte à argumentação. Nem sempre o candidato tem acesso aos dados totais da pesquisa e sua argumentação acaba por parecer falha. O testemunho de autoridade pode ser o fato apresentado por intermédio de terceiros. Um bom exemplo disso é a citação que fizemos acima sobre o professor Othon Moacir Garcia. Esse depoimento pode ser feito em discurso direto (com a presença das aspas e idêntica à fala do original) ou em discurso indireto (por meio da fala do argumentador). A comparação é o paralelo que se chocam. É possível comparar países, doenças, épocas etc. Desde que sejam elementos opostos, há o ensejo para comparação. É recomendado que não haja comparações de muitos elementos. A citação é a apresentação de filmes, documentários, desenhos, livros e até mesmo de frases que defendam a tese é considerada, portanto, uma ferramenta argumentativa. A citação pode ser indireta (sem menção definida a autoria ou outros elementos textuais mais profundos) e direta (com elementos mais profundos). A citação direta pode ser feita em discurso direto ou discurso indireto. A Intervenção modificadora representa a solução, ao final dos desenvolvimentos, o que pode ser uma forma de argumentação. 2 2/2017 Em vestibulares privados, admite-se a confecção de um parágrafo integralmente interventivo. Observações: 1 – Hierarquia argumentativa: não existe hierarquia entre os processos argumentativos, isto é, considera-se que todos tenham o mesmo valor. A exceção é FATO, pois esse recurso argumentativo fato é considerado o único que possui valor reduzido, uma vez que todos os candidatos conseguirão escrevê-lo. 2 - Quantidade de processos argumentativos por parágrafo: cada parágrafo deve apresentar, no mínimo, um processo argumentativo e, no máximo, três. A construção de um parágrafo com ausência de recursos argumentativosrepresenta um texto baseado no “achismo” ou senso comum, ao passo que o registro de um parágrafo com mais de três instrumentos argumentativos, torna-o desgastante. 3 – Repetição de processos argumentativos: embora exista aceitação em relação à repetição de processos argumentativos ao longo do texto, é indicado que haja variação deles. Recursos argumentativos 1ª PARTE 19 Conceitos fundamentais de Sociologia e Filosofia para sua redação Enem A argumentação necessita de teoria e ideias, embasadas na realidade. A esse processo denomina-se de argumento de autoridade. Entre outros, doutrinas científicas representam valiosos argumentos de autoridade. Segue uma lista de algumas doutrinas de grande importância. 1. Direitos humanos Formulada pela primeira vez no contexto das guerras religiosas do século XVII, a noção de direitos humanos tornou-se um paradigma para a atuação do Estado moderna e é, inclusive, critério de correção do Enem. Dito de modo simples, acreditar em direitos humanos significa acreditar que todo ser humano, simplesmente pelo fato de ser uma pessoa, possui certos direitos, certas prerrogativas básicas que não lhe podem ser negadas de modo nenhum, independentemente de sua cor, raça, cultura, posição social, religião, visão de mundo, orientação sexual ou qualquer outra condição específica. 2. Direitos civis, políticos e sociais Como se vê, o conceito de direitos humanos é bastante amplo e, à primeira vista, vago. Tendo isso em vista, tradicionalmente dividem-se os direitos humanos em três grandes tipos. Os direitos civis são aqueles que visam preservar a integridade do indivíduo diante dos outros, garantindo a sua autonomia e imunidade de qualquer coação externa. É o caso dos direitos à vida, à propriedade privada e à liberdade de expressão. Os direitos políticos são aqueles que visam permitir a participação política do indivíduo, seu poder de tomar parte na administração pública. É o caso dos direitos ao voto e à ocupação de cargos públicos. Por fim, os direitos sociais são aqueles que visam garantir a posse, por parte dos indivíduos, de certos bens considerados essenciais para sua qualidade de vida. É o caso dos direitos à saúde, à educação e ao trabalho. 3. Cidadania Cidadania é um dos conceitos mais fundamentais quanto se trata de política. Diferente do simples habitante, que é apenas o sujeito é parte da população de um país, o cidadão é aquele que é parte de uma comunidade política, ou seja, que possui direitos políticos, que tem capacidade de influenciar nos rumos do Estado. Nesse sentido, no Brasil atual, uma criança é apenas uma habitante, mas não uma cidadã. De fato, ela mora no Brasil, mas não tem qualquer possibilidade de influenciar o Estado brasileiro, já que nem direito ao voto tem. 4. Democracia Quanto mais uma palavra é usada, mais ela corre o risco de ter seu significado esvaziado e acabar não dizendo coisa alguma. Foi mais ou menos o que aconteceu com a palavra democracia. Do ponto de vista sociológico, no entanto, seu significado é bem preciso: democracia é aquele regime político no qual o Estado é administrado pelo conjunto de todos os cidadãos, diferente da monarquia (na qual a administração cabe a um só) e da aristocracia (na qual a administração cabe a uma elite) 5. Democracia direta Para compreender a democracia, é preciso saber que ela teve diversos modelos ao longo da história. Hoje, nós vivemos uma democracia representativa ou indireta, um modelo no qual os cidadãos não determinam diretamente, por si mesmos, os rumos do Estado, mas sim através da eleição de representantes, como deputados ou senadores. O modelo de democracia onde o povo escolhe por si mesmo, sem intermediários, como o Estado irá funcionar, é chamado de democracia direta ou participativa. Este modelo vigorou na Grécia antiga e muitos o defendem na atualidade. 6. Cultura Muitas palavras variam de significado de acordo com o contexto em que são usadas. É o caso da palavra “cultura”. Em nosso dia-a-dia, usamos esse termo para classificar as diferentes atividades humanas em superiores ou inferiores. Assim, dizemos que certa pessoa tem muita cultura ou que tal gênero de música não é cultura. Em sociologia não é assim. Do ponto de vista sociológico, cultura é o conjunto de todos os elementos da vida humana que não são naturais. Simples: se não é algo espontâneo, natural para o homem (como respirar ou fazer sexo), então é cultural. 7. Cultura material e imaterial Dente os elementos que compõem a cultura, é necessários distinguir dos tipos: a cultura material e a cultura imaterial. A cultura material é composta por aqueles elementos culturais que são palpáveis, tais como objetos de decoração, móveis, templos, construções, vestes, etc. Por sua vez, a cultura imaterial é composta por aqueles elementos culturais não palpáveis, tais como a língua, a fé religiosa, a dança folclórica, a música típica, etc. 8. Diversidade cultural Se compreendemos o conceito de cultural tal como ele é visto pela sociologia, automaticamente percebemos que existem inúmeras culturas. De fato, há os mais diferentes modos humanos de crer, de dançar, de se divertir, de organizar as relações sociais, de prestar culto, de falar, de escrever, etc. O fato, porém, é que não há apenas diversas culturas espalhadas pelo mundo. Frequentemente há também uma grande variedade de culturas habitando conjuntamente o mesmo território. Esta coexistência de diferentes modelos culturais em uma mesma área é chamada de diversidade cultural. 9. Estratificação social Toda sociedade humana é um organismo complexo. A vida social não se trata de uma simples junção de indivíduos mais ou menos idênticos, mas sim das mais diferentes pessoas ocupando os mais diferentes papéis e posições sociais. Essa hierarquia social, essa divisão da sociedade em estratos, em grupos sociais com status diferenciado é chamada em sociologia de estratificação social. Naturalmente, há diversos modelos de estratificação nas mais diferentes sociedades. 10. Minorias A divisão da sociedade em camadas, a estratificação social, naturalmente leva a grupos sociais historicamente marginalizados, que ocupam uma posição de inferioridade social. Esses grupos são chamados em sociologia de minorias. Perceba-se, porém, que minorias não é aqui um conceito quantitativo. Não se trata de grupos sociais com poucas pessoas, mas sim de grupos sociais com menor status na sociedade. Nesse sentido, por exemplo, as mulheres são consideradas uma minoria na sociedade brasileira. Isso não faria sentido em termos 3 2/2017 quantitativos, já que há mais brasileiras do que brasileiros, mas faz sentido em virtude da posição de inferioridade que as mulheres historicamente assumiram no Brasil. 11. Movimentos sociais Em sociedades democráticas, especialmente naquelas marcadas por grande diversidade, é natural a formação de grupos sociais organizados que têm em vista pressionar o Estado para a realização de certas demandas específicas. Esses grupos são chamados de movimentos sociais. Geralmente associados a minorias, os movimentos sociais não se confundem com os partidos. Estes entram na política oficial, participam de eleições, etc. Os movimentos sociais, por sua vez, são tão somente grupos de pressão, procurando fazer uma espécie de ponte entre as agendas de certas parcelas da sociedade e o poder público. São exemplos de movimentos sociais o movimento negro, os coletivos feministas, os grupos LGBT,as associações pró-vida, etc. 12. O poder segundo Foucault Coisa importante para se utilizar em redação no Enem é não apenas saber conceitos genéricos, tais como democracia, mas sim compreender como certos conceitos são utilizados por autores específicos. É o caso da noção de poder em Michel Foucault. Para Foucault, o poder não é apenas um aspecto da vida do homem, mas sim a base inevitável de todas as relações humanas. Todas as relações humanas são relações de poder, pois todas as relações humanas envolvem elementos de domínio e disputa. Por isso, é tolice imaginar que o poder se concentra apenas em grandes instituições, como o Estado e a Igreja. Além disso, é necessário lembrar que, diante de qualquer exercício de poder, forma-se automaticamente um contra-poder, uma resistência. 13. O agir comunicativo segundo Habermas Nenhuma afirmação é mais comum do que a definição de que o homem é um ser racional. Mas o que significa efetivamente isso? Para o filósofo Jürgen Habermas, há duas formas básicas de racionalidade. Por um lado, a racionalidade instrumental é aquela que consiste em calcular custos e benefícios. É nesse que chamamos uma pessoa econômica ou organizada de racional. Por outro lado, a racionalidade comunicativa, ou agir comunicativo, é aquele que consiste na capacidade de deliberar em conjunto com os outros, mediante a troca de argumentos e de razões. Segundo Habermas, essa segunda forma de racionalidade tem sido excessivamente desvalorizada, quando, na verdade, ela é essencial tanto para a vida ética quanto para a sustentação da democracia. 14. O estado de natureza para Hobbes Ao observarmos o mundo ao nosso redor, repleto de tanta violência, é natural nos perguntarmos: de onde vem tanta maldade? Para o filósofo Thomas Hobbes, há violência entre os homens, pois o ser humano é naturalmente mau e egoísta. Segundo ele, todos nós somos movidos pela busca incessante por satisfação. Isso faz com que sempre coloquemos os nosso interesses acima dos interesses dos outros. Daí a famosa frase hobbesiana: “O homem é o lobo do homem”. De acordo com o pensador britânico, o único modo de impedir a guerra de todos contra todos, consequência inevitável do estado de natureza do homem, é através da instauração do Estado, instituição pública encarregada da manutenção da ordem mediante o uso da força. 15. A teoria do bom selvagem de Rousseau Indo na direção diametralmente a de Thomas Hobbes, Jean- Jacques Rousseau elaborou uma perspectiva bastante diferente sobre o problema da violência, perspectiva que, tal como a de Hobbes, influencia muitos até hoje. Segundo o filósofo iluminista, o homem é naturalmente bom, a sociedade é que o corrompe. Para ele, se vivêssemos com selvagens, tal como éramos em nosso estado de natureza, guiados por nossos sentimentos naturais, viveríamos em paz e tranquilidade perpétua. Se hoje isso não é mais possível, a culpa não se encontra na natureza humana, mas sim na criação da propriedade privada, que, instaurando conflitos de interesses entre os homens, os corrompeu e dividiu. 16. As virtudes segundo Aristóteles Em nosso dia-a-dia, frequentemente julgamos as pessoas por seu comportamento e, quando reconhecemos nelas atitudes positivas, as elogiamos. Esses hábitos bons, tais como a coragem, a justiça e sinceridade, são chamados de virtudes. Mas como podemos identificar uma virtude? O que diferencia um hábito bom de um mau? Para o filósofo Aristóteles, a virtude está sempre em um ponto de equilíbrio. Ou seja, ela se encontra sempre na justa medida entre dois vícios opostos, um por falta e outro por excesso. Assim, por exemplo, a virtude da paciência, que é a capacidade de suportar situações adversas, está entre o vício da ira, que é falta de paciência, e o vício da frouxidão, que é excesso de paciência. 17. A justiça segundo Aristóteles Vimos que, para Aristóteles, as virtudes são, de modo geral, hábitos bons, atitudes constantes que estão sempre em um ponto de equilíbrio entre hábitos maus. Este mesmo princípio vale para aquela que é uma das principais virtudes, a justiça. Sendo a justiça a virtude que regula nosso relacionamento com os outros, consiste ela não em trata a todos igualmente, mas sim em dar a cada um o que lhe é devido: aos iguais tratar igualmente, aos desiguais tratar desigualmente, na medida de sua desigualdade. Assim, sendo um hábito virtuoso, a justiça estaria na justa medida entre o vício de praticar injustiça e o vício de sofrer injustiça. 18. A alienação para Karl Marx O filósofo Karl Marx é conhecido, sobretudo, como um dos maiores críticos do capitalismo. De fato, para o pensamento marxista, o sistema capitalista é um sistema de exploração, onde alguns poucos proprietários dos meios de produção se beneficiam injustamente do suor e do trabalho de uma multidão de proletários. A condição na qual os trabalhadores são colocados pela exploração que sofrem é chamada por Marx de alienação. Ela consiste no fato de que o trabalhador não se identifica mais consigo mesmo, não se reconhece mais no fruto de seu trabalho. Em suma, o seu trabalho é percebido acima de tudo como um peso, como um estorvo, como algo que não tem qualquer significado para além do salário recebido no fim do mês. 19. A modernidade líquida em Bauman Segundo o autor Bauman, a modernidade líquida é a própria contemporaneidade em que as relações se esvaem e se tornam cada vez menos concretas. A sociedade anterior vivia a modernidade sólida, ou seja, tinha seus papéis sociais bem estabelecidos, as relações de trabalho eram mais claras e as noções de consumo e agilidade não obtinham destaque. A liquidez dos nossos tempos está basicamente nos relacionamentos interpessoais que passaram a ter a mesma lógica do consumo, isto é quanto mais e mais rápido for melhor, por isso o autor chama esse tipo de associação de conexão, pela facilidade de conectar e desconectar. Em suma modernidade líquida é a forma de vida de nossa sociedade capitalista que leva a volatilidade do consumo à todas as esferas sociais. Disponível em: https://descomplica.com.br/blog/noticias-enem-e-vestibular/redacao- enem-filosofia-sociologia/ Acesso em 19/03/2017 20. A obsolescência programada Trata-se de uma estratégia de empresas que programam o tempo de vida útil de seus produtos para que durem menos do que a tecnologia permite. Assim, eles se tornam ultrapassados em pouco tempo, motivando o consumidor a comprar um novo modelo. Os casos mais comuns ocorrem com eletrônicos, eletrodomésticos e automóveis. É algo relativamente novo: até a década de 20, as empresas desenhavam seus produtos para que durassem o máximo possível. A crise econômica de 1929 e a explosão do consumo em massa nos anos 50 mudaram a mentalidade e consagraram essa 4 2/2017 tática. Descubra como essa estratégia “secreta” dos fabricantes estimula consumo desenfreado. A) Vida breve Atualmente, a principal justificativa das empresas para criar novos modelos de um produto é o avanço da tecnologia. Mas há quem duvide dessa explicação. O iPad 4 foi lançado apenas sete meses após o 3, por exemplo. Será que houve mesmo tantos progressos em tão pouco tempo? Uma ONG brasileira ligada aos direitos do consumidor chegou a processar a Apple B) Impacto ambiental A troca regular de produtos aumenta a produção de lixo. E o lixo eletrônico contém metais pesados que podem contaminar o ambiente. Além disso, a obsolescência programada estimula a produção, o que gera mais gastos de energia e de matérias- primas,além da emissão de poluentes. Antes de trocar seu celular, pense bem: você realmente precisa de outro, só porque é novo? (Um designer holandês planeja lançar um celular modular: você só troca as partes que precisam ser atualizadas. Confira em phonebloks.com) C) Na pista pra negócio Hoje, há duas versões do fenômeno. Uma delas é a obsolescência percebida: o consumidor considera o produto que tem em casa “velho” porque novos modelos são lançados a toda hora. Você notou que, mesmo no início de 2015, já era possível comprar um carro versão 2016? Isso desvaloriza modelos anteriores e estimula a troca, mesmo que o veículo de 2015 ainda funcione bem Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br/tecnologia/o-que-e-obsolescencia- programada/ Acesso em 21/07/2017 2ª PARTE Citações filosóficas variadas O uso de citações literárias ou filosóficas na construção da redação, quando incluídas no contexto correto, agregam riqueza ao texto. Uma citação bem utilizada informa ao corretor que o candidato tem conhecimentos que vão além do que está presente nos textos de apoio, além de aprimorar a argumentação com falas de mestres no assunto. Porém, é de suma importância que os estudantes usem citações filosóficas em sua redação com cuidado. Se usá-la fora de contexto ou errar a autoria, será muito prejudicado na sua nota final. Abaixo, há alguns exemplos de citações interessantes que podem ser usadas em diferentes contextos nas suas redações. 1. “Toda hora é hora de fazer o que é certo.” - Martin Luther King 2. “O ser humano é aquilo que a educação faz dele.” - Immanuel Kant 3. “Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens.” - Pitágoras 4. "A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar." - Martin Luther King 5. "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons." - Martin Luther King 6. "Todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer" - Aristóteles 7. "Os fins justificam os meios" - Maquiavel | "O mundo se tornou mais parecido com aquele de Maquiavel" - Bertrand Russell 8. "O homem nasce livre e por toda parte encontra-se acorrentado" - Jean-Jacques Rousseau 9. "A vontade geral deve emanar de todos para ser aplicada a todos" - Jean-Jacques Rousseau. 10. "Deixe a mulher compartilhar dos direitos e ela emulará as virtudes do homem" - Mary Wollstonecraft 11. "Todo homem toma os limites de seu próprio campo de visão como os limites do mundo" - Arthur Schopenhauer 12. "Sobre seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano" - John Stuart Mill 13. "A história de todas as sociedades até hoje existentes é a história da luta de classes" - Karl Marx 14. "Deve o cidadão, por um momento sequer, renunciar à sua consciência em favor do legislador?" - Henry David Thoreau 15. "O homem é uma corda estendida entre o animal e o super- homem: uma corda sobre um abismo" - Friedrich Nietzsch 16. "Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo" - George Santayana 17. "A história não nos pertence: nós pertencemos a ela" - Hans- Georg Gadamer 18. "Quanto aos homens, não é o que eles são que me interessa, mas o que eles podem se tornar" - Jean-Paul Sartre 19. "O sentido fundamental da liberdade é liberdade dos grilhões" - Isaiah Berlin 20. "O que faríamos sem uma cultura?" - Mary Midgley 21. "A arte é uma forma de vida" - Richard Wollheim 22. "Os Estados não são agentes morais; as pessoas são" - Noam Chomsky 23. "A sociedade é dependente da crítica às suas próprias tradições" - Jürgen Habermas 24. "Que tipo de mundo podemos preparar para os nossos bisnetos?" - Richard Rorty 25. "Se podemos contar uns com os outros, não precisamos depender de mais nada" - Richard Rorty 26. "Sem um fim social o saber será a maior das futilidades." - Gilberto Freyre 27. "A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces." - Aristóteles 28. "É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade." - Immanuel Kant 29. "A boa educação é moeda de ouro. Em toda a parte tem valor." - Padre Antônio Vieira 30. "Toda a educação, no momento, não parece motivo de alegria, mas de tristeza. Depois, no entanto, produz naqueles que assim foram exercitados um fruto de paz e de justiça." - Bíblia (Hebreus 12:11) 31. "A vida deve ser uma constante educação." - Gustave Flaubert 32. "O resultado mais sublime da educação é a tolerância." - Helen Keller 33. "Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina." - Cora Coralina 34. "A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo." - Nelson Mandela 35. "Devemos promover a coragem onde há medo, promover o acordo onde existe conflito, e inspirar esperança onde há desespero." - Nelson Mandela 36. "A maior necessidade de um Estado é a de governantes corajosos." - Johann Goethe 37. "Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." - Paulo Freire 38. "Ninguém liberta ninguém. As pessoas se libertam em comunhão." - Paulo Freire 39. "Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes." - Paulo Freire 40. "Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém." - Paulo Freire Disponível em: http://www.acrobatadasletras.com.br/2016/07/40-citacoes-filoso ficas- para-usar-em-sua-redacao.html Acesso em 19/03/2017 3ª PARTE 15 alusões literárias para usar em sua redação A prova de redação, principalmente no Enem, é extremamente interdisciplinar. Espera-se que o candidato não só domine a língua portuguesa e as técnicas de construção de um texto, como também transpareça o conhecimento do tema proposto e suas consequências no mundo atual. Ao mencionar um livro ou fazer uma comparação entre o tema proposto e um fato histórico do passado, o candidato deixa claro aos corretores que seus conhecimentos vão além do que está presente nos textos de apoio, o que certamente agrega mais profundidade e complexidade no desenvolvimento da redação. Eis algumas alusões literárias de grande importância. 1. Harry Potter, de J.K. Rowling Resumo: A vida do menino Harry Potter não tem um pingo de magia. Ele vive com os tios e o primo, que não gostam nem um pouco dele. O quarto de Harry é, na verdade, um armário sob a escada, e ele nunca comemorou um aniversário sequer em onze anos. Até que, um dia, Harry recebe uma carta misteriosa, entregue por uma coruja: um convite para estudar num lugar incrível chamado Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts. Lá ele 5 2/2017 vai encontrar não só amigos, esportes praticados em vassouras voadoras e magia para todo lado, como também seu destino: ser um aprendiz de feiticeiro até o dia em que terá que enfrentar a pior força do mal, o bruxo que assassinou seus pais. Mas, para isso, Harry precisará passar por uma série de desafios e enfrentar inúmeros perigos. Contexto em que pode ser usado: Aceitação do diferente. Eu mesma já citei Hermione Granger em uma redação como exemplo de uma pessoa que, apesar de todas as suas qualidades, sofre com o preconceito por causa de suas origens (nos livros, a personagem é nascida trouxa, fato interpretado como "ruim" por alguns bruxos de sangue puro). A perseguição aos nascidos trouxas pode ser usada como gancho para tratar da aceitação do diferente e combate ao preconceito. 2. 1984, de George Orwell Resumo: Winston, herói de '1984', último romance de George Orwell, vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão,a mais famosa personificação literária de um poder cínico e cruel ao infinito, além de vazio de sentido histórico. De fato, a ideologia do Partido dominante em Oceania não visa nada de coisa alguma para ninguém, no presente ou no futuro. O’Brien, hierarca do Partido, é quem explica a Winston que 'só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade - só o poder pelo poder, poder puro.' Contexto em que pode ser usado: O livro conta a história de um mundo dominado por ditadores. Você pode usá-lo em qualquer tema que envolva os direitos à liberdade de expressão e privacidade e no combate à censura. 3. Laranja Mecânica, de Anthony Burgess Resumo: Narrada pelo protagonista, o adolescente Alex, esta brilhante e perturbadora história cria uma sociedade futurista em que a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma reposta igualmente agressiva de um governo totalitário. A estranha linguagem utilizada por Alex - soberbamente engendrada pelo autor - empresta uma dimensão quase lírica ao texto. Ao lado de '1984', de George Orwell, e 'Admirável Mundo Novo', de Aldous Huxley, 'Laranja Mecânica' é um dos ícones literários da alienação pós-industrial que caracterizou o século XX. Adaptado com maestria para o cinema em 1972 por Stanley Kubrick, é uma obra marcante: depois da sua leitura, você jamais será o mesmo. Contexto em que pode ser usado: Pode ser usado em diferentes contextos. Apesar do ar futurístico empregado na obra, a violência exacerbada presente no livro pode ser comparada diretamente à violência urbana que vemos diariamente nos jornais dos dias de hoje (infelizmente, sem muitas diferenças). Você também pode usar em temas que envolvam controle mental e supressão de direitos básicos, como a liberdade de expressão. 4. Homem Invisível, de Ralph Ellison Resumo: Um clássico da literatura norte-americana. O homem invisível é a história de um jovem negro que sai do sul racista dos Estados Unidos e vai para o Harlem, em Nova York, nos primeiros anos do século XX. Com o passar do tempo, entre experiências frequentemente contraditórias, o protagonista conhece um mundo muito diferente daquele que idealizara. Invisível para brancos racistas, e também para negros radicais, ele deseja apenas ser como é, e não um “homem invisível”, onde todos veem o que o rodeia e não a ele próprio. Contexto em que pode ser usado: Qualquer tema que envolva racismo e diferentes formas de preconceito. 5. Lolita, de Vladimir Nabokov Resumo: Lolita é uma das obras mais polêmicas da literatura contemporânea universal. Muito arrojado para a moral vigente na época, o romance de Vladimir Nabokov (1899-1977) foi inicialmente recusado por várias editoras. Ao ser finalmente lançado, em 1955, por uma editora parisiense, gerou opiniões antagônicas: houve quem definisse o livro como um dos melhores do ano; houve quem o considerasse pornografia pura. Nos Estados Unidos, onde só viria a ser publicado em 1958, rapidamente conquistou o topo das listas de mais vendidos. O protagonista é o obsessivo Humbert, professor de meia- idade. Da cadeia, à espera de um julgamento por homicídio, ele narra, num misto de confissão e memória, a irreprimível e desastrosa atração por Lolita, filha de 12 anos de sua senhoria. Contexto em que pode ser usado: Qualquer tema que envolva pedofilia e aliciamento de menores de idade. 6. A Cor Púrpura, de Alice Walker Resumo: Neste livro conhecemos a história de uma garota chamada Celie, de 14 anos, que é abusada sexualmente pelo próprio pai e tem dois filhos com ele. 'Querido Deus': assim começa a maior parte das cartas escritas por Celie. Negra, semianalfabeta, vivendo no Sul dos Estados Unidos, subjugada a um homem que ela pensa ser seu pai, forçada a viver longe dos dois filhos e com um marido a quem não ama, Celie vive entre cuidar da família e planejar uma vida diferente da sua para a irmã, Nettie. As duas irmãs passariam trinta anos sem notícias uma da outra, Celie confiando seus pensamentos a Deus, seu único correspondente. Até que sua amizade com Shug Avery, cantora de sucesso e amante de seu marido, lhe dá outra perspectiva da vida. Em oposição à solidão, pobreza, brutalidade e violência, Celie descobre novas maneiras de sentir: beleza, conforto, desejo, saudade, esperança, amor e consciência de si. Ganhador do Prêmio Pulitzer de 1983. Contexto em que pode ser usado: Qualquer tema que envolva racismo e machismo. 7. Extraordinário, de R. J. Palacio Resumo: August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso, ele nunca havia frequentado uma escola de verdade... até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros. Contexto em que pode ser usado: Temas que envolvam o combate ao preconceito e aceitação do diferente. 8. Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie Resumo: Lagos, anos 1990. Enquanto Ifemelu e Obinze vivem o idílio do primeiro amor, a Nigéria enfrenta tempos sombrios sob um governo militar. Em busca de alternativas às universidades nacionais, paralisadas por sucessivas greves, a jovem Ifemelu muda-se para os Estados Unidos. Ao mesmo tempo que se destaca no meio acadêmico, ela depara pela primeira vez com a questão racial e com as agruras da vida de imigrante, mulher e negra. Contexto em que pode ser usado: Em temas que envolvam imigração, preconceito racial e desigualdade de gênero. 9. Eu sou Malala, de Malala Yousafzai Resumo: Quando o Talibã tomou controle do vale do Swat, uma menina levantou a voz. Malala Yousafzai recusou-se a permanecer em silêncio e lutou pelo seu direito à educação. Mas em 9 de outubro de 2012, uma terça-feira, ela quase pagou o preço com a vida. Malala foi atingida na cabeça por um tiro à queima-roupa dentro do ônibus no qual voltava da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria. Mas a recuperação milagrosa de Malala a levou em uma viagem extraordinária de um vale remoto no norte do Paquistão para as salas das Nações Unidas em Nova York. Aos dezesseis anos, ela se tornou um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prêmio Nobel da Paz. 6 2/2017 Eu sou Malala é a história de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos à valorização da mulher em uma sociedade que valoriza filhos homens. O livro acompanha a infância da garota no Paquistão, os primeiros anos de vida escolar, as asperezas da vida numa região marcada pela desigualdade social, as belezas do deserto e as trevas da vida sob o Talibã. Contexto em que pode ser usado: Temas que envolvem a luta pelo direito à educação e o combate à desigualdade de gênero. 10. A Peste, de Albert Camus Resumo: Romance que destaca a mudança na vida da cidade de Oran depois que ela é atingida por uma terrível peste, transmitida por ratos, que dizima sua população. Narrado do ponto de vista de um médico envolvido nos esforços para conter a doença, o texto de Albert Camus ressalta a solidariedade, a solidão, a morte e outros temas que auxiliam na compreensão dos dilemas do homem moderno. Contextoem que pode ser usado: Embora seja claramente uma metáfora da Segunda Guerra Mundial, se interpretado no sentido literal você poderá citar este livro em temas que envolvam saúde pública, a importância do saneamento básico nos meios urbanos e o acesso da população à informação como medidas profiláticas essenciais na prevenção e combate às epidemias. 11. Jogos Vorazes, de Suzanne Collins Resumo: a trilogia Jogos Vorazes se passa em um futuro pós-guerras e destruição, em um local antes conhecido como América do Norte e agora chamado de Panem. O novo país é dividido em treze Distritos, que são controlados pela Capital, totalmente autoritária. Tudo que é produzido nos Distritos abastece obrigatoriamente a Capital, sendo terminantemente proibido que os Distritos consumam o que produzem. Um dia, o Distrito 13 se rebela, mas acaba sendo destruído. Para punir os demais Distritos e evitar novas rebeliões, a Capital cria os Jogos Vorazes, um reality show anual em que cada região do país deve ceder, por meio do sorteio chamado Colheita, um menino e uma menina entre 12 e 18 anos para entrar numa arena para lutar. Apenas um sobrevive. Contexto em que pode ser usado: Em temas que envolvam opressão de grupos minoritários, fome, pobreza e também sobre os efeitos da guerra entre os homens. 12. Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus Resumo: O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem à este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com três filhos. Contexto em que pode ser usado: Temas que envolvam a pobreza, a fome, a desigualdade social e o racismo. 13. Vidas Secas, de Graciliano Ramos Resumo: Vidas Secas, romance publicado em 1938, conta a história do vaqueiro Fabiano que, juntamente com sua mulher, Sinha Vitória, seus dois filhos e, é claro, a cadela Baleia, enfrentam uma vida miserável em meio à seca nordestina, sendo obrigados a se deslocar de tempos em tempos como retirantes para áreas menos castigadas e com maiores possibilidades de sobrevivência. Contexto em que pode ser usado: Qualquer tema que envolva a desigualdade social, a fome e a pobreza, e a importância do acesso aos direitos básicos. 14. A Morte de Ivan Ilitch, de Liev Tolstói Resumo: Esta obra mostra a história de um burocrata medíocre, Ivan Ilitch, um juiz respeitado que depois de conseguir uma oferta para ser juiz em uma outra cidade, compra um apartamento lá, para ele, sua mulher, sua filha e seu filho morarem. Ao ir para o apartamento, antes de todos, para decorá- lo, ele cai e se machuca na região do rim, dando início à uma doença, que por fim o levará à morte. Contexto em que pode ser usado: Apesar de toda a subjetividade do livro, a forma como todos os "amigos" do protagonista Ivan Ilitch, e até mesmo sua esposa, trataram sua morte (preocupando-se mais com suas posses e o cargo de trabalho que deixaria vago quando morresse) pode ser usada como gancho para uma crítica ao individualismo e falta de senso de coletividade. 15. Fahrenheit 451, de Ray Bradbury Resumo: Escrito após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1953, 'Fahrenheit 451', de Ray Bradubury é um texto que condena não só a opressão anti-intelectual nazista, mas principalmente o cenário dos anos 1950, revelando sua apreensão numa sociedade opressiva e comandada pelo autoritarismo do mundo pós-guerra. O livro se propõe a descrever um governo totalitário, num futuro incerto, mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instalados em suas casas ou em praças ao ar livre. A leitura deixou de ser meio para aquisição de conhecimento crítico e tornou-se tão instrumental quanto a vida dos cidadãos, suficiente apenas para que saibam ler manuais e operar aparelhos. Contexto em que pode ser usado: Temas que envolvam a opressão, a censura e o cerceamento da liberdade de expressão. Também pode ser usado como gancho para tratar sobre a importância da leitura e do acesso à cultura e educação. Disponível em: http://www.acrobatadasletras.com.br/2017/01/15-alusoes-literarias- para-usar-em-sua-redacao.html Acesso em 19/03/2017 4ª PARTE Grandes filósofos da sociedade e seu pensamento em forma de citações ALBERT EINSTEIN: foi um físico e teórico alemão. Entre seus principais trabalhos desenvolveu a teoria da relatividade geral, ao lado da mecânica quântica um dos dois pilares da física moderna. 1. O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer. 2. Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta. 3. Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito. 4. O mundo não está ameaçado pelas pessoas más, e sim por aquelas que permitem a maldade. 5. No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade. 6. A educação é o que sobra depois que gente se esquece do que aprendeu na escola. ARISTÓTELES: foi um filósofo grego, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande. 1. O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete. 2. A dúvida é o princípio da sabedoria. 3. Ter muitos amigos é não ter nenhum. 4. A cultura é o melhor conforto para a velhice. 5. A felicidade não se encontra nos bens exteriores. 6. O homem prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz. 7. O egoísmo não é amor por nós próprios, mas uma desvairada paixão por nós próprios. PLATÃO: foi um filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. Juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles, Platão ajudou a construir os alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental. 1. Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo. 7 2/2017 2. Quem comete uma injustiça é sempre mais infeliz que o injustiçado. 3. Deve-se temer a velhice, porque ela nunca vem só. Bengalas são provas de idade e não de prudência. 4. Devemos aprender durante toda a vida, sem imaginar que a sabedoria vem com a velhice. 5. Só pelo amor o homem se realiza plenamente. 6. Não devemos de forma alguma preocupar-nos com o que diz a maioria, mas apenas com a opinião dos que têm conhecimento do justo e do injusto, e com a própria verdade. SÓCRATES: foi um filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga. Creditado como um dos fundadores da filosofia ocidental, é até hoje uma figura enigmática, conhecida principalmente através dos relatos em obras de escritores que viveram mais tarde, especialmente dois de seus alunos, Platão e Xenofont. 1. Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância. 2. O ideal no casamento é que a mulher seja cega e o homem surdo. 3. O amigo deve ser como o dinheiro, cujo valor já conhecemos antes de termos necessidade dele. 4. Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a ignorância. 5. Três coisas devem ser feitas por um juiz: ouvir atentamente, considerar sobriamente e decidir imparcialmente. IMMANUELKANT: foi um filósofo prussiano. Amplamente considerado como o principal filósofo da era moderna. 1. A sabedoria das mulheres não é raciocinar, é sentir. 2. A amizade é semelhante a um bom café; uma vez frio, não se aquece sem perder bastante do primeiro sabor. 3. Podemos julgar o coração de um homem pela forma como ele trata os animais. 4. O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele. 5. É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade. 6. Age sempre de tal modo que o teu comportamento possa vir a ser princípio de uma lei universal. ÉMILE DURKHEIM: foi um sociólogo, psicólogo social e filósofo francês. Formalmente, criou a disciplina acadêmica da sociologia e, com Karl Marx e Max Weber, é comumente citado como o principal arquiteto da ciência social moderna e pai da sociologia. 1. Nosso egoísmo é, em grande parte, produto da sociedade. 2. O indivíduo se mata para parar de sofrer. 3. A religião não é somente um sistema de ideias, ela é antes de tudo um sistema de forças. MAX WEBER: foi um intelectual, jurista e economista alemão considerado um dos fundadores da Sociologia. 1. A palavra política significa elevação para a participação no poder ou para a influência na sua repartição, seja entre os Estados, seja no interior de um Estado ou entre os grupos humanos que nele existem. 2. Somente quem tem a vocação da política terá certeza de não desmoronar quando o mundo, do seu ponto de vista, for demasiado estúpido ou demasiado mesquinho para o que ele deseja oferecer. Somente quem, frente a todas as dificuldades, pode dizer "Apesar de tudo!" tem a vocação para a política. 3. A idade não é decisiva; o que é decisivo é a inflexibilidade em ver as realidades da vida, e a capacidade de enfrentar essas realidades e corresponder a elas interiormente. KARL MARX: foi um filósofo, sociólogo, jornalista e revolucionário socialista. 1. Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo. 2. A religião é o ópio do povo. 3. As revoluções são a locomotiva da história. 4. As ideias dominantes numa época nunca passaram das ideias da classe dominante. 5. O trabalhador só se sente à vontade no seu tempo de folga, porque o seu trabalho não é voluntário, é imposto, é trabalho forçado. 6. O capitalismo gera o seu próprio coveiro. SARTRE: foi um filósofo, escritor e crítico francês, conhecido como representante do existencialismo. Acreditava que os intelectuais têm de desempenhar um papel ativo na sociedade. Era um artista militante, e apoiou causas políticas de esquerda com a sua vida e a sua obra. 1. Detesto as vítimas quando elas respeitam os seus carrascos. 2. A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota. 3. A violência faz-se passar sempre por uma contra-violência, quer dizer, por uma resposta à violência alheia. 4. O inferno são os outros. SANTO AGOSTINHO: foi um dos mais importantes teólogos e filósofos dos primeiros anos do cristianismo cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental. 1. Não basta fazer coisas boas - é preciso fazê-las bem. 2. Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem. 3. O mundo é um livro, e quem fica sentado em casa lê somente uma página. 4. O dom da fala foi concedido aos homens não para que eles enganassem uns aos outros, mas sim para que expressassem seus pensamentos uns aos outros. NICOLAU MAQUIAVEL: foi um historiador, poeta, diplomata e músico italiano do Renascimento. É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo fato de ter escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser. Os recentes estudos do autor e da sua obra admitem que seu pensamento foi mal interpretado historicamente. 1. Eu creio que um dos princípios essenciais da sabedoria é o de se abster das ameaças verbais ou insultos. 2. Quando um homem é bom amigo, também tem amigos bons. 3. O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta. 4. Os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do património. 5. Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela. 6. Os fins justificam os meios. ROUSSEAU: foi um importante filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço. É considerado um dos principais filósofos do iluminismo e um precursor do romantismo. 1. Geralmente aqueles que sabem pouco falam muito e aqueles que sabem muito falam pouco. 2. É sobretudo na solidão que se sente a vantagem de viver com alguém que saiba pensar. 3. A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável. 4. Os homens dizem que a vida é curta, e eu vejo que eles se esforçam para a tornar assim. 5. Quanto mais do mundo vi, menos pude moldar-me à sua maneira. 6. Quem quer agradar a todos não agrada a ninguém. 7. Prefiro ser um homem de paradoxos que um homem de preconceitos. THOMAS HOBBES: foi um matemático, teórico político e filósofo inglês, autor de Leviatã (1651) e Do cidadão (1651). 1. Aqueles que concordam com uma opinião chamam-lhe opinião; mas os que discordam chamam-lhe heresia. 2. O homem é lobo do homem, em guerra de todos contra todos. 3. Qualquer governo é melhor do que a ausência de governo. O despotismo, por pior que seja, é preferível ao mal maior da Anarquia, da violência civil generalizada, e do memo permanente da morte violenta. 4. Conhecimento é poder. VOLTAIRE: foi um escritor, ensaísta, deísta e filósofo iluminista francês. 8 2/2017 1. Uma discussão prolongada significa que ambas as partes estão erradas. 2. Todas as grandezas do mundo não valem um bom amigo. 3. Todo o homem é culpado do bem que não fez. 4. É melhor correr o risco de salvar um homem culpado do que condenar um inocente. 5. Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las. 6. Não prestamos para nada se só formos bons para nós próprios. MONTESQUIEU: foi um político, filósofo e escritor francês. Ficou famoso pela sua teoria da separação dos poderes, atualmente consagrada em muitas das modernas constituições internacionais. 1. Liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem. 2. A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos. 3. A amizade é um contrato segundo o qual nos comprometemos a prestar pequenos favores a alguém a fim de ele nos prestar grandes. 4. Até a virtude precisa de limites. 5. As viagens dão uma grande abertura à mente: saímos do círculo de preconceitos do próprio país e não nos sentimos dispostos a assumir aqueles dos estrangeiros. 6. A ignorância é a mãe das tradições. ROSA LUXEMBURGO: foi uma filósofa e economista marxista, polaco-alemã. Tornou-se mundialmente conhecida pela militância revolucionária ligada à Social-Democracia da Polônia (SDKP), ao Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) e ao Partido Social-Democrata Independente da Alemanha (USPD). Participou da fundação do grupo de tendência marxista do SPD, que viria a se tornar mais tarde o Partido Comunista da Alemanha (KPD). 1. Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem. 2. Há todo um velho mundo ainda por destruir e todo um novo mundo a construir. 3. A massa não é apenas objeto da açãorevolucionária; é sobretudo sujeito. 4. A liberdade apenas para os partidários do governo, apenas para os membros do partido, por muitos que sejam, não é liberdade. A liberdade é sempre a liberdade para o que pensa diferente.