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Contabilidade Societária 1 Profa. Ms. Adriana Rodrigues Balardim CIÊNCIAS CONTÁBEIS MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO PARA A DISCIPLINA DE CONTABILIDADE SOCIETÁRIA MATERIAL ALUNO São Paulo 2019 Contabilidade Societária 2 ATA PRIMEIRA AULA PROCESSO DE AVALIAÇÃO Média NP 1 e NP 2 – formadas por 2 (duas) notas sendo uma nota de trabalhos aplicados em sala de aula ou extraclasse valendo de zero a 3,0 pontos*, e uma nota referente a prova (oficial) compreendendo a matéria dada em sala de aula, valendo de zero a 7,0 pontos. *o aluno que não estiver presente no dia da aplicação do trabalho poderá entregar na próxima aula com peso limitado à 2,0. A nota de trabalhos (3,0 pontos) será composta da seguinte forma: Exercícios e Trabalhos individuais ou em grupo a serem resolvidos ou realizados no decorrer das aulas, ou fora do horário de aula, com total apoio do professor. Média Final (MF) conforme Manual de Informações acadêmicas e Calendário Escolar. A título de informação: MF maior ou igual a sete (7,0) aprovado, menor que sete (7,0) exame. Frequência 75% O professor não tem autonomia para abonar faltas de alunos, caso tenha menos que 75% de frequência, automaticamente estará reprovado. OBS.: Prova Substitutiva substitui a nota do bimestre, anulando as notas obtidas referente a exercícios e trabalhos. Vista de prova será realizada na aula seguinte à sua realização no horário normal de aula. Quando da revisão de notas e faltas no final do semestre dificilmente será alterado a nota lançada no sistema; isto porque foi feito vista de provas anteriormente. Caso o professor venha a faltar, será aplicado aos alunos exercícios (previamente entregue à Coordenação) que valerão como parte da nota do professor. Para o bom desenvolvimento das nossas aulas, ao iniciar a aula, favor manter os celulares no modo silencioso e se manterem em silencio. Não autorizo filmar ou fotografar a matéria e/ou correções dos exercícios passados na lousa. Contabilidade Societária 3 Avaliação de Investimentos Introdução A Lei n o 6.404/76, alterada pelas Leis n os 11.638/07 e n o 11.941/09, introduziu critérios contábeis de avaliação de investimentos mais adequados que os até então praticados (art. 183, I, III e VI e § 1 o , art. 243, §§ 1 o , 2 o , 3 o e 4 o ) e que são de relativa complexidade na aplicação prática. Para fins contábeis passaram a existir três métodos de avaliação de investimentos permanentes em outras sociedades: Método de Custo, Método de Valor Justo e Método da Equivalência Patrimonial. Considerando-se as demonstrações contábeis individuais de empresas com investimentos permanentes em outras sociedades, o método de equivalência patrimonial será utilizado para os investimentos em coligadas e controladas (inclusive controladas em conjunto). Nas demonstrações financeiras separadas e em circunstâncias muito específicas, os modelos de valor justo ou de custo são usados para avaliar investimentos permanentes em outras sociedades. Classificação no balanço Investimentos de caráter permanente, ou seja, destinados a produzir benefícios pela sua permanência na empresa, são classificados à parte no balanço patrimonial como INVESTIMENTOS. Esse subgrupo Investimentos faz parte do Grupo ATIVO NÃO CIRCULANTE, que inclui também o Realizável a Longo Prazo, o Ativo Imobilizado e o Ativo Intangível. A lei 6.404/76, devidamente alterada pelas Leis 11.638/07 e 11.941/09, apresenta nos artigos 183 e 248 três métodos para avaliação (mensuração) dos investimentos: a) Método do Custo; b) Método do Valor Justo; c) Método da Equivalência Patrimonial. Contabilidade Societária 4 Método de Custo Todos os investimentos classificados no Ativo Circulante e nos subgrupos ARLP e Investimentos do Ativo Não Circulante, exceto aqueles sujeitos aos métodos que serão tratados por Valor Justo e por Equivalência Patrimonial. Neste método a investidora não considera os lucros da investida Artigo 183 Inciso I: Aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e títulos de créditos, classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo; Inciso III: Investimentos permanentes em participação no capital social de outras sociedades; e Inciso IV: Outros investimentos como obras de arte, propriedade para investimentos (Exemplo Compra de um prédio que não utilizará na operação) etc. Também conhecido como Método do Custo de Aquisição ou do Custo Histórico, consiste em avaliar os componentes do patrimônio tendo como base os valores das transações que lhe deram origem. Mecanismo de Avaliação de Investimentos pelo Método do Custo Mensuração Inicial Deve ser contabilizado pelo valor de entrada, isto é, pelo custo de aquisição constante do documento que comprova o ingresso do respectivo investimento, acrescido dos demais encargos com a transação (Custos de Transação), Corretagens, emolumentos, tributos etc. Mensuração Posterior No final do exercício por ocasião do resultado e elaboração das demonstrações contábeis, esse investimento será avaliado com base na regra “custo ou valor de realização, dos dois o MENOR”, contida no inciso III do artigo 183 da Lei 6.404/76. Método do Valor Justo O CPC 46, em seu Apêndice A, define valor justo como sendo o “preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração”. Os requisitos de mensuração e divulgação do CPC 46 se aplicam aos ativos, passivos e instrumentos patrimoniais próprios da entidade, sempre que exigida ou permitida, uma mensuração a valor justo por outra norma, exceto para os casos abaixo: • Pagamentos baseados em ações dentro do alcance do CPC 10 • Pagamento Baseado em Ações; arrendamento dentro do alcance do CPC 06 – Operações de Arrendamento Mercantil; e Contabilidade Societária 5 • Mensurações que tenham alguma similaridade com o valor justo, mas não resultam em um valor justo, como, por exemplo, o valor realizável líquido a que se refere o CPC 16 – Estoques ou o valor em uso a que se refere o CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos. A definição da norma especifica que o valor justo é um preço e, portanto, faz parte das mensurações a valor de saída, de forma contrária ao custo que faz parte das mensurações a valor de entrada. Especificamente pensando em um ativo, uma mensuração a valor de entrada é assim denominada em função de o valor refletir um tipo de montante representativo do desembolso necessário para que o ativo ingresse no patrimônio da empresa, como é o caso do custo histórico, custo de reposição etc. Já uma mensuração a valor de saída resulta em um valor que reflete o embolso proporcionado pela saída do ativo do patrimônio da empresa, tal como o preço de mercado, valor presente dos fluxos futuros líquidos de caixa etc. Então, o valor justo mensurado em conformidade com as orientações do CPC 46 resultará no montante que se espera receber pela venda do ativo em condições normais. Nesse sentido, em geral, o preço de cotação num mercado ativo do item será a melhor evidência de valor justo. Como consta no referido Pronunciamento, uma mensuração de valor justo pela abordagem do custo, normalmente utilizada para mensurar ativos tangíveis que são usados em conjunto com outros ativos, se justifica porque “um compradorparticipante do mercado não pagaria mais por um ativo do que o valor pelo qual poderia substituir a capacidade de serviço desse ativo” (CPC 46, item B9) Em resumo, para um ativo, o valor justo seria, na data da mensuração, o preço recebido pela venda desse ativo em uma transação ordenada (não forçada) em mercado principal (ou mais vantajoso), sob condições correntes de mercado. E esse preço será o preço diretamente observado no mercado ou, na sua ausência, o preço estimado utilizando-se outra técnica de avaliação. Ativos não financeiros Um ativo não financeiro pode ser um estoque, um imobilizado, um intangível, um investimento em coligada, controlada ou controlada em conjunto (joint venture). Dessa forma, podem existir situações nas quais o ativo possa ser mensurado considerando seu valor em usos diferentes. O item 27 do CPC 46 estabelece: “A mensuração do valor justo de um ativo não financeiro leva em consideração a capacidade do participante do mercado de gerar benefícios econômicos utilizando o ativo em seu melhor uso possível ou vendendo-o a outro participante do mercado que utilizaria o ativo em seu melhor uso.” Exemplo A entidade Alfa adquire, dentre outros ativos, um equipamento industrial por meio de uma combinação de negócios. Até então, a máquina vem sendo utilizada nas operações da entidade adquirida (a empresa Beta), a qual comprou tal equipamento de um de seus fornecedores (um terceiro) bem antes da combinação de negócios. Contabilidade Societária 6 Para fins de mensuração a valor justo, Alfa julgou que o uso do equipamento em combinação com outros ativos (conforme se encontra atualmente configurado para as operações de Beta) é o melhor uso possível do equipamento para os participantes do mercado, até porque não existem evidências que possam indicar que a forma como o ativo vem sendo utilizado não é o melhor uso possível do ativo. Assim, a customização do equipamento para as operações de Beta não foi extensa a ponto de o equipamento não ter mais comparabilidade com outros do mercado (de bens usados) e existem dados disponíveis suficientes para aplicar a abordagem de custo e da abordagem de mercado (a partir de preços de mercado de equipamentos similares tanto novos quanto usados). A abordagem de resultado (ou receita) não pode ser utilizada por Alfa, porque o equipamento, sozinho, não gera caixa de forma independente de outros ativos (não tem um fluxo distinto de resultados a partir do qual se possam desenvolver estimativas confiáveis de fluxos de caixa futuros). Adicionalmente, não há informações disponíveis sobre taxas de arrendamento de curto prazo e de médio prazo para equipamentos similares com as quais se poderia projetar um fluxo de caixa (baseando-se nos pagamentos de arrendamento ao longo da vida útil remanescente). As abordagens de mercado e de custo foram, então, aplicadas da seguinte forma: Abordagem de mercado: Alfa utilizou preços de mercado para equipamentos similares, ajustados para refletir diferenças entre o equipamento de Beta (que está customizado) e de equipamentos similares. A mensuração a valor justo, refletindo o preço que seria recebido pela venda do equipamento usado em sua condição atual e localização atual, resultou na seguinte faixa de valores válidos: de $ 400.000 a $ 480.000; Abordagem de custo: Alfa estimou o valor corrente que seria necessário para construir um equipamento substituto de utilidade comparável, também customizado para as operações de Beta. A estimativa levou em conta a condição atual e o ambiente no qual o equipamento é operado, incluindo o desgaste físico natural (ou seja, deterioração física), melhorias na tecnologia (ou seja, obsolescência funcional), bem como condições econômicas atuais (declínio na demanda do mercado por equipamentos similares, ou seja, obsolescência econômica) e, também, os custos de instalação. O valor justo indicado por essa abordagem varia de $ 400.000 a $ 520.000. Diante de duas faixas de valores válidas para definir o valor justo do equipamento, Alfa julgou que a melhor estimativa (representação do valor justo) é determinada pelo limite superior da faixa de valores apurada pela abordagem de mercado. Esse entendimento baseia-se na subjetividade relativa das informações, levando em conta o grau de comparabilidade entre o equipamento de Beta e os equipamentos similares. Em resumo, Alfa concluiu que: (i) as informações utilizadas na abordagem de mercado (preços de equipamentos similares) exigiram ajustes menos subjetivos e em número menor que as informações utilizadas na abordagem de custo; (ii) a faixa indicada pela abordagem de mercado se sobrepõe à faixa indicada pela abordagem de custo, mas é mais estreita que esta (menor variabilidade); e (iii) não houve nenhuma diferença não explicada conhecida (entre o equipamento de Beta e os equipamentos similares). Portanto, Alfa determina que o valor justo do equipamento é $ 480.000. Contabilidade Societária 7 Contabilização Aquisição: D – Investimentos Permanentes C – Banco Recebimento de dividendos: D – Dividendos a receber C – Receita com participações societárias Pagamento: D – Bancos C – Dividendos a receber Resumo Exemplo de Provisão para Perda Suponhamos que a empresa A participe da empresa B com investimento de 50.000,00 que corresponde a 5% do capital de B. Suponhamos que a empresa, tendo em vista a perda de mercado pelo lançamento de novos produtos por concorrentes, tem apresentado prejuízo nos últimos balanços, não havendo perspectivas de recuperação pelo menos no próximo exercício. Neste caso a empresa A deverá reconhecer uma perda (supondo esta redução de 20%) A participa em B com um investimento de 50.000,00 – 50.000,00 x 20% = 10.000,00 D - Despesa com perdas prováveis na realização de investimento (DRE) 10.000,00 Contabilidade Societária 8 C - (-) Perdas prováveis na realização de investimento (redutora investimento) 10.000,00 Exemplo de Contabilização de investimento mantido até o vencimento (não destinados a negociação) A Empresa X fez uma aplicação financeira no valor de 50.000,00, tendo um rendimento financeiro, entre a data da aplicação e a do balanço, no valor de 1.000,00. Referida aplicação financeira possui liquidez e cotação no mercado, sendo seu valor justo na data do balanço de 53.500,00. Dada a intenção e capacidade financeira da empresa em mantê-la até o vencimento, seu valor justo não influencia na contabilização, portanto teremos: D - Aplicação Financeira 50.000,00 C - Banco 50.000,00 D - Aplicação Financeira 1.000,00 C - Rendimento de aplicação (DRE) 1.000,00 Exemplo de Contabilização de investimento disponíveis para venda futura A Empresa X fez uma aplicação financeira no valor de 50.000,00, tendo um rendimento financeiro, entre a data da aplicação e a do balanço, no valor de 1.000,00. Referida aplicação financeira possui liquidez e cotação no mercado, sendo seu valor justo na data do balanço de 53.500,00. Dada a intenção da empresa em negociar somente no futuro, o seu valor justo influencia na contabilização, portanto teremos: D - Aplicação Financeira 50.000,00 C - Banco 50.000,00 D - Aplicação Financeira 1.000,00 C - Rendimento de aplicação (DRE) 1.000,00D - Aplicação Financeira 2.500,00 C - Ajuste de avaliação patrimonial (PL) 2.500,00 Método de Equivalência Patrimonial (MEP) A adoção do método da equivalência patrimonial dos investimentos é obrigatório para todas as sociedades por ações que esta disciplinado no art. 248 da Lei 6.404/76. Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob Contabilidade Societária 9 controle comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial, de acordo com as seguintes normas: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). I - o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado, com observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor de patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas; II - o valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido referido no número anterior, da porcentagem de participação no capital da coligada ou controlada; III - a diferença entre o valor do investimento, de acordo com o número II, e o custo de aquisição corrigido monetariamente; somente será registrada como resultado do exercício. Art. 249. A companhia aberta que tiver mais de 30% (trinta por cento) do valor do seu patrimônio líquido representado por investimentos em sociedades controladas deverá elaborar e divulgar, juntamente com suas demonstrações financeiras, demonstrações consolidadas nos termos do artigo 250. Contabilidade Societária 10 Coligadas Art. 243. O relatório anual da administração deve relacionar os investimentos da companhia em sociedades coligadas e controladas e mencionar as modificações ocorridas durante o exercício. § 1º São coligadas as sociedades quando uma participa, com 10% (dez por cento) ou mais, do capital da outra, sem controlá-la. § 1o São coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Considera-se que há influência significativa quando a investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá-la. É presumida influência significativa quando a investidora for titular de 20% ou mais do capital votante da investida, sem controlá-la. Controladas § 2º Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. a) Preponderância nas deliberações sociais; b) O poder de eleger ou destituir a maioria dos administradores Considera-se controlada em conjunto (join venture), é a sociedade que tem como acionistas, duas ou mais sociedades que dividem entre si, em partes iguais, o seu controle. Participação Direta ou Indireta A participação é direta quando a investidora é proprietária do total ou de parte das ações representativas do capital de outra empresa. Contabilidade Societária 11 A participação é indireta quando a investidora é proprietária do total ou de parte das ações representativas do capital de outra empresa. Aplicação do Método de Equivalência Patrimonial O valor do investimento deve ser revisto ao final de cada exercício social, aplicando-se a participação da investidora no capital social da investida, pois o valor do patrimônio líquido da investida deverá ser igual ao valor que consta no balanço patrimonial da investidora na mesma data ou no máximo dois meses antes dessa data. No valor do PL não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios da companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas. Entende-se por lucros não realizados para fins de equivalência patrimonial, quando parte dos ativos transacionados entre empresas investidoras e suas coligadas ou controladas ainda não foram realizados ou pelo uso ou pela venda a terceiros (Interpretação Técnica ICPC 09, item 49). Os lucros não realizados somente podem ser eliminados do patrimônio líquido da investida quando advir de operações com terceiros. Portanto, enquanto os ativos transacionados ainda estiverem constando no balanço de alguma empresa do grupo, o lucro nele contido é considerado como lucro não realizado (Interpretação Técnica ICPC 09, item 56). Desta forma, considerando que todos os ativos das empresas relacionadas estejam realizados, não haverá ajuste a ser efetuado e, portanto, não existirão lucro não realizados. Ressaltamos que a investidora, antes de realizar a Equivalência Patrimonial deverá verificar se os critérios contábeis adotados pela coligada ou controlada são igualmente adotados por ambas, caso contrário deverá proceder aos ajustes necessários para eliminar as diferenças que são decorrentes da adoção de critérios diferenciados utilizados por ambas (Resolução CFC n° 1.424/2013, item 34). O resultado da Equivalência Patrimonial poderá ser positivo ou negativo e este resultado precisará ser contabilizado para que o valor apresentado no balanço da investidora seja ajustado. Contabilidade Societária 12 Patrimônio líquido das investidas O valor do patrimônio líquido das investidas, que é a base para a determinação do valor patrimonial do investimento pela equivalência patrimonial, deve ser extraído de balanços dessas empresas elaborados dentro dos critérios contábeis e de apresentação das demonstrações contábeis da Lei das Sociedades por Ações e dos Pronunciamentos do CPC. Isso é necessário para que o método seja aplicado adequadamente. Adicionalmente, o item I do art. 248 da Lei n o 6.404/76 determina que “o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado com base no balanço ou balancete de verificação levantado, com observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço da companhia”. O disposto no item 34 do CPC 18 é consistente com o disposto na Lei Societária. A investida elaborará demonstrações contábeis utilizando-se dos critérios contábeis ali expressos, ou seja, seu patrimônio líquido e seu resultado deverão estar ajustados em forma final, para não produzir distorções na avaliação do investimento na investidora. Na hipótese de a investida também ter investimentos em outras investidas, seu Balanço já deverá refletir a atualização de tais investimentos pela equivalência patrimonial. As investidas devem adotar critérios contábeis uniformes em relação aos da empresa investidora. De qualquer forma, cabe à investidora apurar a influência de eventuais diferenças de critérios e políticas contábeis e ajustar extracontabilmente as Demonstrações recebidas das coligadas para então aplicar o MEP (item 36 do CPC 18), guardando todas as memórias de cálculos e documentos utilizados. Item 33 do CPC 18: “[...] Quando o término do exercício social do investidor for diferente daquele da investida, esta deve elaborar, para utilização por parte do investidor, demonstrações contábeis na mesma data das demonstrações do investidor, a menosque isso seja impraticável.” Contabilidade Societária 13 Mais Valia, Ágio por Rentabilidade Futura e Ganho por Compra Vantajosa Os investimentos, como já vimos, são registrados inicialmente pelo custo e, subsequentemente, ajustados pela parte do investidor nos resultados e demais mutações do patrimônio líquido da investida. Contudo, sempre que uma companhia comprar ações de uma empresa já existente e esse evento lhe proporcionar influência, controle ou controle conjunto, muito provavelmente o valor de aquisição será representativo do valor justo dessa participação comprada, o qual, na data da obtenção da influência, controle ou controle conjunto, conterá os seguintes valores: (a) valor patrimonial do investimento, pela parte do investidor no patrimônio líquido da investida; (b) valor por mais-valia de ativos líquidos, pela parte do investidor na diferença positiva entre o valor justo dos ativos líquidos e o valor patrimonial desses mesmos ativos líquidos; (c) valor de ágio por rentabilidade futura (goodwill), pela diferença positiva entre o valor de aquisição para o investidor na participação comprada e a parte que lhe cabe no valor justo dos ativos líquidos da investida. Caso tenhamos ambas as diferenças como negativas, teremos então um valor por menos-valia de ativos líquidos (ativos que valem menos do que o montante pelo qual estão escriturados) e um ganho de compra vantajosa (custo de aquisição por valor menor do que valem os ativos e passivos adquiridos – que deveria, como regra, ser exceção). Reconhecimento Inicial Como já visto, o investimento em coligadas ou controladas em conjunto deve ser inicialmente reconhecido pelo custo e ajustado subsequentemente pela parte do investidor nos resultados e nas mutações do patrimônio líquido da investida. Caso a investidora tenha comprado essa participação (e na ausência de uma participação preexistente), o valor de aquisição representa o custo para fins do reconhecimento inicial, como previsto no CPC 18. Esse valor de aquisição, para fins contábeis, pode ser decomposto em até três valores: o valor patrimonial do investimento adquirido (PL da investida X o percentual da participação comprada), o ágio por mais-valia de ativos líquidos (ou menos-valia) e o goodwill. Todavia, se houver um ganho de compra vantajosa ele deve ser reconhecido no resultado a débito da conta de investimento na data da obtenção da influência, controle ou controle compartilhado. Recomenda-se, já na ocasião do reconhecimento inicial, segregar o valor do investimento (reconhecimento inicial) em subcontas específicas. Essas subcontas compõem o saldo contábil do investimento (coligadas, controladas em conjunto ou controladas), que deve figurar no subgrupo Investimentos do Ativo Não Circulante no Balanço Patrimonial individual do investidor. Contabilidade Societária 14 Determinação da mais-valia e do goodwill (ganho por compra vantajosa) Para determinar a mais-valia e o goodwill na data em que se obtém a influência ou o controle (conjunto ou total), a qual pode ser a própria data da compra da participação de capital na investida, é necessário estimar o valor justo dos ativos líquidos da investida e determinar o valor contábil de seu patrimônio líquido. Caso antes da obtenção da influência significativa ou do controle (conjunto ou individual) a investidora já tenha uma participação na investida, a determinação da mais-valia de ativos líquidos (ou menos-valia) e do goodwill (ou ganho por compra vantajosa) será feita considerando a soma do valor de aquisição da participação comprada com o valor justo dessa participação que a investidora já tinha na investida. A data-base para o reconhecimento inicial do investimento será a data em que a investidora obtiver a influência ou o controle, que normalmente coincide com o fechamento do negócio pela compra da participação ou da celebração de acordos de acionistas, no caso de investimentos em coligadas e controladas em conjunto. Exemplo: Suponhamos que a Empresa A tenha iniciado entendimentos em julho de X0 com os acionistas da Empresa B, para compra de 40% de suas ações, o que irá lhe conferir influência (mas não controle). As discussões preliminares foram feitas até fins de agosto de X0 com base no balanço de junho de X0 da Empresa B; numa fase final, no final de setembro de X0, formalizou-se a compra das ações (em 30-9-X0), cujo preço foi fixado em $ 60,00/ação e nessa data a investidora passou a exercer influência significativa sobre a investida, sua nova coligada, cujo patrimônio líquido é formado por 3.000.000 de ações ordinárias. Em 30-9-X0, o reconhecimento inicial do investimento foi feito como abaixo indicado: D – Investimentos na coligada B C – Banco 72.000,00 Contudo, a segregação da mais-valia e do goodwill será possível somente após obter o valor justo dos ativos líquidos e o valor contábil do patrimônio líquido da investida na data da obtenção da influência significativa ou controle (ou controle conjunto). Neste exemplo, as negociações finais e a formalização da compra ocorreram em 30-9-X0, data em que se deve contabilizar a compra da participação, evento que levou à obtenção da influência. Nesse caso, apesar de o balanço utilizado nas negociações ser o de junho de X0, pela regra geral dada pelo CPC 18, deve-se levantar um balanço na data da obtenção da influência, que é 30-9-X0. Essa mesma norma possibilita existir uma defasagem de até dois meses (CPC 18.34), mas no caso em questão a defasagem é de três meses, de forma que uma nova posição patrimonial deve ser levantada. No caso de existir uma defasagem (de até dois meses), se houver qualquer transação de efeito significativo nesse período, deve ela ser considerada. Contabilidade Societária 15 Assim, para o caso em questão, foi levantado um Balanço Patrimonial em 30-9-X0 e o patrimônio líquido contábil da Empresa B, nesse balanço, era de $ 150.000.000. Agora, podemos determinar o valor da mais-valia e do goodwill contidos no custo inicial do investimento. EMPRESA B AQUISIÇÃO DE 40% VALOR JUSTO DOS ATIVOS R$ 170.000,00 R$ 68.000,00 VALOR PATRIMONIAL R$ 150.000,00 R$ 60.000,00 MAIS-VALIA NOS ATIVOS R$ 20.000,00 R$ 8.000,00 Como demonstrado acima, desconsiderando os tributos sobre o lucro, o ágio por mais-valia de ativos líquidos contido no custo inicial do investimento ($ 72 milhões) seria de $ 8 milhões. Por sua vez, o ágio por rentabilidade futura (goodwill) seria de $ 4 milhões ($ 72 milhões – $ 68 milhões). Resumo: A diferença entre o custo inicial do investimento em coligada ou controlada em conjunto e o valor patrimonial da participação do investidor pode ter origem por conta de até dois fatores: • A parte do Investidor na diferença entre o valor justo dos ativos líquidos da investida e o valor patrimonial dos mesmos na data da obtenção da influência ou controle conjunto. Essa diferença, se positiva, é chamada de Mais-valia de Ativos Líquidos e, se negativa, de Menos-valia de Ativos Líquidos. • Diferença entre o custo do investimento no reconhecimento inicial, que normalmente corresponde ao valor de aquisição da participação adquirida se for esse o evento que levou à obtenção da influência ou do controle conjunto, e a parte do investidor no valor justo dos ativos líquidos da investida. Essa diferença, se positiva, é chamada de Ágio por Rentabilidade Futura (Goodwill) e, se negativa, de Ganho por Compra Vantajosa. Considerando os dados apresentados no exemplo anterior, na data da obtenção da influênciasignificativa, a decomposição do custo inicial de R$ 72 milhões do investimento na Coligada B, reconhecido nas demonstrações da Investidora A, considerando o ajuste no valor justo dos ativos líquidos pelo efeito dos tributos sobre o lucro, teríamos os seguintes valores de mais-valia e de goodwill: Contabilidade Societária 16 Contabilidade Societária 17 Observe que, em comparação com os valores antes de ser computado o IR/CS sobre a mais-valia bruta a redução de $ 2.720.000 na mais-valia corresponde ao valor de aumento no goodwill. E é esse o procedimento exigido não importa se o investimento é em coligadas, controladas ou controladas em conjunto. Todavia, a importância de proceder corretamente torna-se mais contundente quando analisamos em conjunto os procedimentos de consolidação. Isso porque, nas demonstrações consolidadas deve constar a conta relativa ao Passivo Fiscal Diferido correspondente ao IR/CS sobre a mais-valia bruta do negócio cujo controle foi obtido. A essa diferença, se o valor pago for maior que o valor patrimonial, se dá o nome de mais-valia de ativos líquidos, ou de ágio por expectativa de rentabilidade futura (Goodwill). Se o valor pago for menor que o valor patrimonial, a essa diferença se dá o nome de ganho compra vantajosa (ou deságio). Os ativos da investida, líquidos dos passivos, mensurados a valor justo individualmente, valem mais que o valor contábil (mais-valia). Paga-se mais até do que o valor justo dos ativos líquidos da investida, porque se esperam lucros acima do normal, paga-se por expectativa de rentabilidade futura (goodwill). Quando os investimentos forem feitos por meio de subscrições em empresas coligadas e controladas formadas pela própria investidora, não surge normalmente qualquer mais-valia, ágio ou deságio, a não ser no caso de variação percentual de participação. Porém, quando uma sociedade adquire participações de empresas já existentes, aí sim, pode surgir a figura da mais- valia, ágio ou deságio. Contabilidade Societária 18 Exemplo 1 Suponha que a empresa X adquira, por $ 12.000,00, 30% do patrimônio líquido de uma investida Y que tenha um patrimônio Líquido de 30.000,00. A investida Y complementa com as seguintes informações: 1) O imobilizado vale $ 1.000,00 a mais do que o seu valor líquido contabilizado. 2) Existe uma patente criada pela própria empresa e por isso não contabilizada que pode ser negociada, no mercado, por $ 1.200,00. 3) O excedente, portanto, é pagamento por expectativa de rentabilidade futura. Empresa Y Empresa X 30% Valor do Patrimônio Líquido 30.000,00 9.000,00 Valor justo do imobilizado 1.000,00 300,00 Valor justo da patente 1.200,00 360,00 Valor do PL/Investimentos 32.200,00 9.660,00 Ágio por rentabilidade futura (goodwill) 2.340,00 Total do Investimento 12.000,00 A contabilização da operação será: D - Investimentos em Coligadas - Cia. Y 9.000,00 D - Mais-valia de ativos Líquidos – Cia. Y 660,00 D - Ágio por Rentabilidade Futura – Cia. Y 2.340,00 C - Bancos 12.000,00 Exemplo 2 Suponha que a empresa X adquira, por $ 7.000,00, 30% do patrimônio líquido de uma investida Y que tenha um patrimônio Líquido de 30.000,00. Contabilidade Societária 19 Empresa Y Empresa X 30% Valor do Patrimônio Líquido 30.000,00 9.000,00 Deságio (ganho por compra vantajosa) (2.000,00) Total do Investimento 7.000,00 A contabilização da operação será: D - Investimentos em Coligadas - Cia. Y 9.000,00 C - Ganho por compra Vantajosa (Resultado) 2.000,00 C - Bancos 7.000,00 Exemplo 3 Suponha que a empresa A inicie entendimentos com os acionistas da empresa B para comprar 40% de suas ações. O preço foi fixado em $ 60,00 por ação e o capital social da investida é formado por 3.000 ações ordinárias. Para determinação do valor dos investimentos, a coligada emitiu um balanço patrimonial, cujo patrimônio líquido era de $ 150.000,00. Considerando-se o valor justo dos ativos líquidos o Patrimônio Líquido seria de $ 170.000,00. Pede-se: Classificar a sociedade investida Contabilizar a operação Assim, teremos: Empresa B Empresa A 40% Valor Patrimonial 150.000,00 60.000,00 Valor justo do imobilizado 20.000,00 8.000,00 Valor do PL/Investimentos 170.000,00 68.000,00 Ágio por rentabilidade futura (goodwill) 4.000,00 Total do Investimento 72.000,00 A contabilização da operação será: D - Investimentos em Coligadas - Cia. B 60.000,00 Contabilidade Societária 20 D - Mais-valia de ativos Líquidos – Cia. B 8.000,00 D - Ágio por Rentabilidade Futura – Cia. B 4.000,00 C - Bancos 72.000,00 REALIZAÇÃO DA MAIS-VALIA A mais-valia fundamenta-se na existência de ativos e passivos líquidos cujo valor justo é superior ao valor contábil. Dessa forma a baixa dessa mais-valia deve ser feita proporcionalmente à realização dos ativos e passivos que lhes deu origem, por exemplo: • Estoques: quando da venda. • Ativos Imobilizados: proporcionalmente à depreciação ou baixa. • Ativos Intangíveis com vida útil definida: quando de sua amortização ou baixa. Entretanto, existem outras condições que implicam na baixa da mais-valia, por exemplo: • Quando a investidora alienar o investimento • Quando a investidor reconhecer perdas pela redução do investimento ao valor de recuperação. Logicamente haverá a necessidade de se manter controles, até com certa complexidade, para permitir o acompanhamento do valor pelo qual os ativos e passivos que geraram o ágio ou o deságio estão sendo realizados em cada exercício para que se amortize a mais-valia correspondente. A contrapartida dessa amortização será a própria conta de Resultado de Equivalência Patrimonial. Justifica-se este procedimento em razão de que a realização dessa conta ajusta o resultado líquido da investida. Exemplo Suponha que, no exemplo 3, o valor justo do imobilizado refere-se a máquinas e equipamentos, cuja taxa de depreciação é de 10% ao ano. Mais-valia de ativos líquidos (máquinas e Equipamentos) 8.000,00 Amortização da mais-valia (10%) 800,00 A Contabilização da operação será: D - Resultado de Equivalência Patrimonial 800,00 C - Mais-valia de ativos Líquidos – Cia. B 800,00 Contabilidade Societária 21 ÁGIO POR EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA Regra geral, o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) em coligadas e controladas não pode mais ser amortizado. No caso de investimento em coligadas, ele simplesmente permanecerá como sub conta até a baixa do investimento por alienação ou por impairment (redução ao valor recuperável de ativos). Segundo o CPC 18, o ágio não será testado separadamente em relação ao seu valor recuperável. O valor contábil total do investimento é que é testado como um único ativo. No caso de investimento em controlada, também não é mais amortizado, mas o teste de impairment é feito de maneira isolada conforme a Interpretação Técnica CPC 09 (R1) IMPAIRMENT TEXT: Será visto em Contabilidade Financeira: Perdas Estimadas VARIAÇÃO DE PERCENTUAL DE PARTICIPAÇÃO EM INVESTIMENTOS AVALIADOS PELO MEP Ocorre quando: • A investida aumenta o capital com emissão de novas ações e a investidora subscreve um percentual maior ou menor que o anteriormente detido.• Perde percentual: quando não exerce o direito de subscrição • Aumenta percentual: pela diluição na participação de outros acionistas (outros acionistas não exercem o direito de subscrição) RESULTADOS NÃO REALIZADOS EM OPERAÇÕES INTERSOCIEDADES Os resultados não realizados ocorrem quando uma sociedade vende bens para outra empresa do mesmo grupo, e esses bens, no final do exercício, ainda não foram vendidos a terceiros e, portanto, ainda estão no ativo da sociedade compradora. As operações intersociedades não geram economicamente resultados, a não ser quando esses bens forem vendidos para terceiros. As diversas empresas de um mesmo grupo econômico devem ser vistas como uma única entidade, e para efeito de aplicação do Método de Equivalência Patrimonial, os resultados não realizados decorrentes de negócios de uma para outra empresa do mesmo grupo não devem ser computados. Exemplo A Cia. Investida adquiriu 100 unidades de determinada mercadoria por R$ 50,00 cada uma. Em seguida vende essas mercadorias para a Cia. Investidora por R$ 70,00 cada uma. No mesmo exercício, a Cia. Investidora vende, para terceiros, o total dessas mercadorias por R$ 100,00 cada uma. Vejamos o impacto no resultado dessas companhias. CIA. INVESTIDA CIA. INVESTIDORA CONSOLIDADO (TERCEIROS) Venda (100 x 70,00) 7.000 Venda (100 x 100,00) 10.000 Venda (100 x 100,00) 10.000,00 Contabilidade Societária 22 Custo (100 x 50,00) (5.000) Custo (100 x 70,00) (7.000) Custo (100 x 50,00) (5.000,00) Lucro 2.000 Lucro 3.000 Lucro 5.000,00 Neste caso não existem lucros não realizados, pois todas as mercadorias foram vendidas a terceiros, nada restando no ativo da compradora, portanto nenhum ajuste é devido. Caso esses bens, ou parte deles, ainda permanecessem no ativo da compradora, aí sim, existem lucros não realizados em operações intersociedades. Os lucros não realizados para fins de aplicação do Método de Equivalência Patrimonial estão previstos na Lei 6.404/76, em seu art. 248, inciso I: Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial, de acordo com as seguintes normas: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) I - o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado, com observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor de patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas; II - o valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquido referido no número anterior, da porcentagem de participação no capital da coligada ou controlada; III - a diferença entre o valor do investimento, de acordo com o número II, e o custo de aquisição corrigido monetariamente; somente será registrada como resultado do exercício: a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada; b) se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos; c) no caso de companhia aberta, com observância das normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários. § 1º Para efeito de determinar a relevância do investimento, nos casos deste artigo, serão computados como parte do custo de aquisição os saldos de créditos da companhia contra as coligadas e controladas. § 2º A sociedade coligada, sempre que solicitada pela companhia, deverá elaborar e fornecer o balanço ou balancete de verificação previsto no número I. O Pronunciamento Técnico – CPC 18 (R2) – Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento Controlado em Conjunto, com a intepretação dada pela Interpretação Técnica – ICPC 09 (R2), determina o seguinte: 28. Os resultados decorrentes de transações ascendentes (upstream) e descendentes (downstream) entre o investidor (incluindo suas controladas consolidadas) e a coligada ou o empreendimento controlado em conjunto devem ser reconhecidos nas demonstrações Contabilidade Societária 23 contábeis do investidor somente na extensão da participação de outros investidores sobre essa coligada ou empreendimento controlado em conjunto, desde que esses outros investidores sejam partes independentes do grupo econômico a que pertence a investidora. As transações ascendentes são, por exemplo, vendas de ativos da coligada ou do empreendimento controlado em conjunto para o investidor. As transações descendentes são, por exemplo, vendas de ativos do investidor para a coligada ou para o empreendimento controlado em conjunto. A participação do investidor nos resultados resultantes dessas transações deve ser eliminada. 28A. Os resultados decorrentes de transações descendentes (downstream) entre a controladora e a controlada não devem ser reconhecidos nas demonstrações contábeis individuais da controladora enquanto os ativos transacionados estiverem no balanço de adquirente pertencente ao mesmo grupo econômico. O dispositivo neste item deve ser aplicado inclusive quando a controladora for, por sua vez, controlada de outra entidade do mesmo grupo econômico. 28B. Os resultados decorrentes de transações ascendentes (upstream) entre a controlada e a controladora e de transações entre controladas do mesmo grupo econômico devem ser reconhecidos nas demonstrações contábeis da vendedora, mas não devem ser reconhecidas nas demonstrações contábeis individuais da controladora enquanto os ativos transacionados estiverem no balanço de adquirente pertencente ao grupo econômico. “Em outras palavras, não é reconhecido via MEP a parte do investidor nos lucros não realizados gerados por sua investida, igualmente ao que consta na Lei, mas determina algo além da lei: não permite reconhecimento do lucro no investidor quando ele próprio tenha gerado em vendas para a controlada(s).” (FIPECAFI, Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras. Manual de contabilidade societária. 2a ed., São Paulo: Atlas, 2013, pág. 229). De acordo com as determinações produzidas pelo CPC 18 (R2) e ICPC 09 (R2), foi fixado um tratamento diferenciado para os resultados não realizados para coligadas e controladas. VENDA COM LUCRO DA INVESTIDORA PARA UMA COLIGADA (OU EMPREENDIMENTO CONTROLADO EM CONJUNTO) (CPC 18 (R2) item 28; ICPC 09 (R2) itens 48 a 52). upstream = transações ascendentes = venda da coligada para a investidora ou da controlada para a controladora downstream = transações descendentes = venda da investidora para a coligada ou da controladora para a controlada Contabilidade Societária 24 1) Nas operações de venda de ativos da investidora para uma coligada (downstream), são considerados lucros não realizados, na proporção da participação da investidora na coligada, os lucros obtidos em operações de ativos que ainda permaneçam na coligada. 2) A parcela do lucro proporcional à participação dos demais sócios na coligada deve ser considerada realizada na investidora. Apenas a parcela relativa à sua própria participação deve ser considerada não realizada. 3) A eliminação dos lucros não realizados deve ser feita no resultado individual da investidora, na linha de resultado da equivalência patrimonial da seguinte forma:aplicar o percentual de participação sobre o Lucro Líquido da coligada e contabilizar como Resultado de Equivalência Patrimonial. Aplicar o percentual de participação sobre os lucros não realizados e contabilizar como conta redutora do Resultado de Equivalência Patrimonial em contrapartida de conta redutora de investimentos. 4) Na venda da Investidora para a Coligada, o lucro não realizado é eliminado na linha do Resultado de Equivalência Patrimonial: Resultado de Equivalência Patrimonial 100 (-) Lucros não realizados com Coligadas (10) 5) Na venda da Investidora para a Coligada, o lucro não realizado deve ser controlado em subcontas do valor do Investimento: Investimento em Coligadas – Cia. A 100 (-) Lucros a realizar com Coligadas – Cia. A (10) Exemplo – Lucros não realizados em transações de vendas da Investidora para a Coligada A Cia. Investidora adquiriu 100 unidades de determinada mercadoria por R$ 50,00 cada uma. Em seguida vende essas mercadorias para a Cia. Investida por R$ 70,00 cada uma. Vamos admitir que, no mesmo exercício, a Cia. Investidora nada venda para terceiros, permanecendo, portanto, o total das mercadorias no ativo da Cia. Investida, desconsiderando-se o efeito dos tributos sobre o lucro. Vamos admitir, ainda, que a única movimentação no patrimônio líquido da Cia. Investida no período foi o Lucro Líquido do Exercício no valor de R$ 50.000,00 e que a participação da Cia. Investidora na Cia. Investida seja de 40%. CIA INVESTIDORA Venda (100 x 70,00) 7.000 Custo (100 x 50) (5000) Lucro 2.000 Contabilidade Societária 25 Cálculo do Lucro não realizado Lucro Líquido da Cia. Investida 50.000,00 Percentual de Participação 40% Receita de Equivalência Patrimonial 20.000,00 Lucros Não Realizados contidos nos estoques da Cia. Investida 2.000,00 Percentual de Participação 40% Lucros Não Realizados com coligadas 800,00 Obs.: o lucro não realizado de $ 2.000,00 está na DRE da Investidora. Contabilização D - Investimentos em Coligadas 20.000,00 C - Resultado de Equivalência Patrimonial 20.000,00 D - Lucros Não Realizados com Coligadas (Resultado) 800,00 C - Lucros a Realizar com Coligadas (Redutora de Invest.) 800,00 A conta Lucros Não Realizados com Coligadas é uma conta de resultado e reduz, portanto, o resultado do Investidor pelos lucros não realizados na venda para sua coligada. A conta Lucros a Realizar com Coligadas é uma conta redutora de Investimentos em Coligadas. Isto significa que quando a investidora vende para sua coligada e recebe o valor da venda é como se essa coligada estivesse devolvendo parte do investimento para a investidora. Na Demonstração do Resultado do Exercício da Cia. Investidora, a representação será da seguinte forma: Resultado de Equivalência Patrimonial 20.000,00 (-) Lucros Não Realizados com Coligadas (800,00) No Balanço Patrimonial da Cia. Investidora o valor do Investimento ficará assim demonstrado: Investimentos em Coligadas Valor do Investimento (-) Lucros a Realizar com Coligadas (800,00) Contabilidade Societária 26 VENDA COM LUCRO DA COLIGADA (OU EMPREENDIMENTO CONTROLADO EM CONJUNTO) PARA INVESTIDORA (CPC 18 (R2) item 28; ICPC 09 (R1) itens 53 e 54). Nas operações de venda da coligada (ou empreendimento controlado em conjunto) para sua investidora, os lucros não realizados por operação de ativos ainda em poder da investidora devem ser eliminados da seguinte forma: aplicar o percentual de participação sobre o Lucro Líquido da coligada deduzido o total do lucro que for considerado como não realizado pela investidora e contabilizar como Resultado de Equivalência Patrimonial. Na venda da Coligada para a Investidora o lucro não realizado é deduzido do Resultado de Equivalência Patrimonial. Exemplo – Lucros não realizados em transações de vendas da Coligada para a Investidora Vamos admitir, agora, que a Cia. Investida adquiriu as mercadorias e as vende para a Cia. Investidora, e que a Cia. Investidora ainda nada vendeu a terceiros: CIA. INVESTIDA Venda (100 x 70,00) 7.000 Custo (100 x 50,00) (5.000) Lucro 2.000 Contabilidade Societária 27 Cálculo do Lucro não realizado Lucro Líquido da Cia. Investida 50.000,00 (-) Lucros Não Realizados contidos nos estoques da Cia. Investidora (2.000,00) Lucro Líquido Ajustado para fins de MEP 48.000,00 Percentual de Participação 40% Receita de Equivalência Patrimonial 19.200,00 Obs.: o lucro não realizado de $ 2.000,00 está na DRE da coligada. Contabilização D - Investimentos em Coligadas 19.200,00 C - Resultado de Equivalência Patrimonial 19.200,00 Lucro Líquido do Exercício 50.000,00 x 40% = 20.000,00 (REP) REP após Lucros não Realizados = 19.200,00 Lucro Não Realizado efetivamente eliminado = 800,00 VENDA COM LUCRO DA CONTROLADORA PARA A CONTROLADA (CPC 18 (R2) item 28A; 28B; 28C; ICPC 09 (R1) itens 55 a 55C) Nas operações com controladas, os lucros não realizados devem ser totalmente eliminados nas operações de venda da controladora para a controlada. Os lucros não realizados devem ser eliminados no resultado individual da controladora, deduzindo-se 100% do lucro contido no ativo ainda em poder da controlada, da seguinte forma: aplicar o percentual de participação sobre o Lucro Líquido da controlada e contabilizar como Resultado de Equivalência Patrimonial. Contabilizar o total dos lucros não realizados como conta redutora do Resultado de Equivalência Patrimonial em contrapartida de conta redutora de Investimentos. Na venda da Controladora para a Controlada, o lucro não realizado é eliminado na linha do Resultado de Equivalência Patrimonial: Resultado de Equivalência Patrimonial 100 (-) Lucros não realizados com Controladas (10) Contabilidade Societária 28 Na venda da Controladora para a Controlada, o lucro não realizado deve ser controlado em subcontas do valor do Investimento: Investimento em Controladas – Cia. A 100 (-) Lucros a realizar com Controladas – Cia. A (10) Exemplo – Lucros não realizados em transações de vendas de Controladora para a Controlada O item 28C do CPC 18 (R2), de acordo com a ICPC 09 (R2) determina que a Controladora deverá eliminar o total do lucro não realizado em suas próprias demonstrações individuais, de forma a produzir o mesmo efeito que a consolidação produziria no resultado e no patrimônio líquido. Continuamos com o mesmo exemplo, só que, agora, a Controladora vende para a Controlada. Vamos admitir que a participação da Controladora na Controlada, seja de 60%. Obs.: os lucros não realizados de $ 2.000,00 estão na DRE da Controladora. Em se tratando de controlada os lucros não realizados são totalmente eliminados. Contabilização D - Investimentos em Controladas 30.000,00 C - Resultado de Equivalência Patrimonial 30.000,00 Lucro Líquido da Cia. Controlada 50.000,00 Percentual de Participação 60% Receita de Equivalência Patrimonial 30.000,00 Lucros Não Realizados contidos nos estoques da Cia. Controlada (2.000,00) Resultado da Equivalência Patrimonial após eliminação 28.000,00 Contabilidade Societária 29 D - Lucros Não Realizados com Controladas 2.000,00 C - Lucros a Realizar com Controladas 2.000,00Na Demonstração do Resultado do Exercício da Cia. Controladora, a representação será da seguinte forma: Resultado de Equivalência Patrimonial 30.000,00 (-) Lucros Não Realizados com Controladas (2.000,00) VENDA COM LUCRO DA CONTROLADA PARA A CONTROLADORA (CPC 18 (R2) item 28A; 28B; 28C; ICPC 09 (R2) itens 56 a 56B) Nas operações de venda da controlada para a controladora, o lucro deve ser reconhecido na controlada normalmente. No caso de coligada e de empreendimento controlado em conjunto, adota-se o mesmo procedimento. Nas demonstrações individuais da controladora, quando de operações de venda de ativos da controlada para a controladora, o cálculo da equivalência patrimonial deve ser feito deduzindo- se do patrimônio líquido da controlada, 100% do lucro contido no ativo ainda em poder da controladora. Com isso, a controladora deve registrar como resultado valor nulo, não tendo, por isso, afetação no seu resultado e no seu patrimônio líquido como decorrência do resultado reconhecido pela controlada. Quando a Controlada vende para a Controladora, o procedimento é exatamente igual ao demonstrado no caso de venda da Coligada para a Investidora. Deve-se, apenas, tomar o cuidado no Balanço Consolidado. É necessário calcular a participação dos não controladores que têm direito à sua porcentagem sobre o lucro total da controlada. Para eles não importa se a venda foi feita para a Controladora. Exemplo – Lucros não realizados em transações de vendas da Controlada para a Controladora Seguindo o mesmo exemplo, admitindo agora que o percentual de participação no capital social da controlada seja de 60%. Contabilidade Societária 30 Cálculo do Lucro não realizado Lucro Líquido da Cia. Controlada 50.000,00 (-) Lucros Não Realizados contidos nos estoques da Cia. Conroladora (2.000,00) Lucro Líquido Ajustado para fins de MEP 48.000,00 Percentual de Participação 60% Receita de Equivalência Patrimonial 28.800,00 Obs.: o lucro não realizado de $ 2.000,00 está na DRE da controlada. Contabilização D - Investimentos em Coligadas 28.800,00 C - Resultado de Equivalência Patrimonial 28.800,00 Lucro Líquido do Exercício 50.000,00 x 60% = 30.000,00 (REP) REP após Lucros não Realizados = 28.800,00 Lucro Não Realizado efetivamente eliminado = 1.200,00 Ao se calcular o Resultado de Equivalência Patrimonial, a controladora já o está fazendo pelo valor líquido dos resultados não realizados, não cabendo, portanto, mais nenhum lançamento de eliminação no seu resultado e no seu patrimônio líquido. VENDA COM LUCRO DA INVESTIDA PARA A INVESTIDORA COM PARTE DOS LUCROS JÁ REALIZADOS Nos exemplos anteriores, consideramos que a empresa compradora nada havia vendido a terceiros. Vamos considerar, agora, que a Investidora já tenha vendido parte desses ativos para terceiros. Exemplo – Lucros não realizados em transações de vendas de Investida para a Investidora com parte dos lucros já realizada A Cia. Investidora vende, para terceiros, metade das mercadorias adquiridas da Cia. Investida, a qual apurou, no exercício, um lucro líquido de R$ 50.000,00. Saldo remanescente no estoque 3.500,00 Lucro Não Realizado 1.000,00 Contabilidade Societária 31 1) Cálculo do Resultado de Equivalência Patrimonial Lucro Líquido da Cia. Investida 50.000,00 (-) Lucros não realizados contidos nos estoques (1.000,00) 49.000,00 Percentual de participação 60% Resultado de Equivalência Patrimonial 29.400,00 Contabilização D = Investimentos em Controladas 29.400,00 C = Resultado de Equivalência Patrimonial 29.400,00
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