Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Introdução à Terapia Cognitivo-Comportamental Carlos Henrique Santos carlos.santos@unipaulistana.edu.br Aaron Beck Professor na Universidade da Pennsylvania Início da década de 60 Psicanalista e cientista Demonstração com validade empírica Aceitação na comunidade médica Série de experimentos Busca de outras explicações para a depressão Identificou cognições distorcidas como característica da depressão Desenvolveu tratamento de curta duração Teste de realidade como um dos objetivos O que é Terapia Cognitivo-Comportamental? Nome original: Terapia Cognitiva. !Hoje utilizado como sinônimo de Terapia Cognitivo-Comportamental Tratamento da depressão (Beck, 1964) • Psicoterapia estruturada • Curta duração • Voltada para o presente • Direcionada para os problemas atuais • Modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais Outros autores aderiram a terapia e tiveram sucesso em populações diversas, abrangendo muitos transtornos e problemas. Tratamento também é baseado em uma compreensão de cada cliente (suas crenças específicas e padrões de comportamento). O terapeuta procura produzir uma mudança cognitiva, mudando o emocional e o comportamental de forma duradoura. !Modificação no pensamento e no sistema de crenças do cliente. Adaptada para clientes de diferentes níveis de educação e renda, uma variedade de culturas e idades. Usada atualmente em cuidados primários, especializações de saúde, escolas, programas vocacionais, prisões, etc. Individual, grupos, casais e famílias Teoria subjacente à Terapia Cognitivo- Comportamental O modelo cognitivo propõe que o pensamento disfuncional é comum a todos os transtornos psicológicos. Melhora no estado emocional e no comportamento ocorre quando as pessoas aprendem a avaliar seu pensamento de forma mais realista e adaptativa. Pessoa deprimida ! emite cheque sem fundos ! “eu não faço nada direito (pensamento automático) ! tristeza (reação emocional específica) ! ficar na cama (comportamento) Se a pessoa examinasse a validade dessa ideia poderia concluir que fez uma generalização e que, na verdade, muitas coisas são bem feitas. • Encarar a experiência a partir dessa nova perspectiva provavelmente faria essa pessoa se sentir melhor e levaria a um comportamento mais funcional. Os terapeutas cognitivos trabalham em um nível profundo de cognição: as crenças centrais (básicas) do cliente sobre si mesmo, seu mundo e outras pessoas para que haja melhora duradoura no humor e no comportamento. A modificação de crenças disfuncionais produz uma mudança mais duradoura. Cliente continuamente subestima as próprias habilidades ! provavelmente a crença é de incompetência • A modificação dessa crença (ver a si mesmo de forma mais realista, como alguém que possui pontos fortes e fracos) pode alterar a sua percepção de situações específicas. • Mudança no pensamento em situações específicas nas quais comete erros •“Eu não faço nada direito” ! “Eu não sou bom nessa tarefa” Pesquisas TCC tem sido amplamente testada desde os primeiros estudos científicos em 1977. Mais de 500 estudos científicos demonstraram eficácia para uma gama de transtornos. • Transtorno depressivo maior, TAG, Transtorno do pânico, Fobia social, Agorafobia, TOC, Abuso de substâncias, TDAH, Transtornos alimentares, Transtornos de personalidade, Agressão sexual, Transtorno bipolar (com medicação), Esquizofrenia (com medicação), problemas conjugais, familiares, luto, disfunção erétil, insônia, obesidade, etc. • Eficácia na comunidade; • TCC assistida por computador; • Validação do modelo cognitivo da depressão e ansiedade. Desenvolvimento da Terapia Cognitivo-Comportamental de Beck Início da década de 60. Beck testou o conceito psicanalítico de que a depressão é resultante da hostilidade voltada para si mesmo. • Sonhos de pacientes deprimidos continham menos temas de hostilidade e muito mais temas relacionados a fracasso, privação e perda. • Temas eram similares ao pensamento dos pacientes enquanto acordados; • Resultados desse e de outros estudos levaram Beck a acreditar que uma ideia psicanalítica (que pacientes deprimidos têm necessidade de sofrer) poderia ser incorreta. Como a depressão poderia ser entendida então? Desenvolvimento da Terapia Cognitivo-Comportamental de Beck Pacientes de Beck ocasionalmente relatavam duas vertentes de pensamento. ! Pensamento de livre associação ! Pensamentos rápidos de qualificações sobre si mesmos. Beck percebeu que todos os pacientes deprimidos tinham pensamentos automáticos negativos e essa vertente de pensamentos estavam ligados às emoções. Começou a ajuda-los a identificar, avaliar e responder ao pensamento irrealista e desadaptativo, notando melhora rápida. Por conseguinte, ensinou seus residentes psiquiátricos a usar a forma de tratamento e notou que os pacientes respondiam bem. John Rush, residente chefe, realizou uma pesquisa científica com Beck para demonstração da eficácia da terapia cognitiva. Desenvolvimento da Terapia Cognitivo-Comportamental de Beck Ensaio clínico controlado randomizado • Pacientes deprimidos; • Resultados apontaram que a terapia cognitiva era tão efetiva quanto a um antidepressivo comum (imipramina). Componentes da terapia cognitivo-comportamental para depressão: • Foco na ajuda aos clientes para solucionarem problemas e tornarem comportamentalmente ativados; • Ajudar os clientes na identificação e avaliação de pensamentos depressivos, especialmente pensamentos negativos sobre si mesmos, seu mundo e seu futuro. Desenvolvimento da Terapia Cognitivo-Comportamental de Beck Beck e seus colegas começaram a estudar a ansiedade no fim da década de 70 e descobriram que era necessário um foco um pouco diferente. Pacientes com ansiedade precisavam: • Avaliar melhor o risco das situações que temiam; • Levar em consideração seus recursos internos e externos, melhorar tais recursos; • Reduzir a evitação e enfrentar as situações que temiam para testar comportamentalmente as suas predições negativas. Aperfeiçoamento do modelo cognitivo da ansiedade para cada um dos transtornos de ansiedade. Estudos científicos demonstraram a eficácia da TCC para transtornos de ansiedade. Princípios Básicos do Tratamento Terapia deve se adequar a cada indivíduo, mas há princípios existentes para todos os casos 1) A terapia cognitivo-comportamental está baseada em uma formulação em desenvolvimento contínuo dos problemas dos pacientes e em uma conceituação individual de cada paciente em termos cognitivos. Ex.: cliente com depressão • Identificar o pensamento atual que contribui para sentimentos de tristeza e os comportamentos problemáticos; • Os comportamentos são gerados pelo pensamento disfuncional; • Identificar fatores que influenciaram as percepções do cliente no início da depressão; • Levantar hipóteses a respeito dos eventos-chave do desenvolvimento e padrões constantes de interpretação desses eventos que podem ter contribuído para a depressão; • Basear a conceituação do cliente na formulação cognitiva e nos dados que ele fornece durante a sessão de avaliação; • Aprimoramento contínuo da conceituação a cada sessão, mediante novos dados. • Ajudar o cliente a examinar sua experiência. 2) A terapia cognitivo-comportamental requer uma aliança terapêutica sólida. • Importante se esforçar para demonstrar afeto, empatia, atenção, interesse e competência; • Assinalar os sucessos, sejam eles pequenos ou maiores; • Manter um ponto de vista otimista e bem-humorado; • Pedir um feedback no fim de cada sessão para se certificar de que o cliente sente-se compreendido. 3) A terapiacognitivo-comportamental enfatiza a colaboração e a participação ativa. • Encorajar o cliente a encarar a terapia como um trabalho em equipe; • Terapeuta e cliente devem decidir juntos a frequência de sessões, o que trabalhar em cada sessão e o que fazer entre as sessões como exercício de terapia; • Tornar o cliente gradualmente mais ativo, encorajando-o a decidir sobre o que falar, identificando as distorções no pensamento, resumindo pontos e prescrevendo tarefas. 4) A terapia cognitivo-comportamental é orientada para os objetivos e focada nos problemas. • Enumerar os problemas; • Estabelecer juntos objetivos específicos; • Ambos devem compartilhar o entendimento de para onde a terapia está se dirigindo. 5) Enfatiza inicialmente o presente. • Foco nos problemas atuais e em situações específicas que são angustiantes, independente do diagnóstico; • Atenção se volta para o passado em duas ocasiões • Forte preferência por parte do cliente e quando não fizer assim pode colocar em risco a aliança terapêutica; • Cliente “emperrado” no pensamento disfuncional, quando o entendimento das raízes de suas crenças podem ajudar a modificar suas ideias rígidas. • Auxiliar na avaliação de crenças, tanto no passado quanto no presente. 6) É educativa, tem como objetivo ensinar o paciente a ser seu próprio terapeuta e enfatiza a prevenção de recaída. • Desde o início o cliente é informado sobre o modelo cognitivo (ex.: como seus pensamentos influenciam suas emoções e comportamentos); • Ajudar e ensinar a definir objetivos, identificar e avaliar pensamentos; • Anotações sobre a terapia (ideias importantes sobre o que aprendeu). 7) A terapia cognitivo-comportamental visa ser limitada no tempo. • Muitos pacientes com depressão e ansiedade são “tratados” de 6 a 14 sessões; • Nem todos têm sucesso em poucos meses (1 ou dois anos) para modificar crenças disfuncionais. • Pacientes com doença mental grave podem precisar de tratamento periódico por um longo período para manterem a estabilização. 8) Sessões são estruturadas. • Independente do diagnóstico ou estágio do tratamento, seguir uma determinada estrutura em cada sessão maximiza a eficiência e eficácia. • Parte introdutória • Verificar o humor; • Examinar rapidamente a semana; • Definir juntos a pauta da sessão. • Parte intermediária • Examinar o exercício de casa; • Discutir os problemas da pauta; • Definir um novo exercício de casa; • Fazer resumos. • Parte final • Eliciar um feedback. 9) A TCC ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder aos seus pensamentos e crenças disfuncionais. • Ajudar o paciente a identificar as principais cognições e a adotar perspectivas mais realistas e adaptativas. • Processo de descoberta guiada para avaliar seu pensamento • Experimentos comportamentais para o cliente testar diretamente seu pensamento. • Exploração colaborativa de evidências. 10) A TCC usa uma variedade de técnicas para mudar o pensamento, o humor e o comportamento. O tipo de técnica é influenciada pela conceituação do cliente, pelo problema em questão e pelos objetivos da sessão. Tratamento pode variar dependendo dos objetivos do cliente, da sua capacidade de desenvolver um vínculo terapêutico consistente, da sua motivação para mudar, sua experiência prévia com terapia, suas preferências de tratamento, etc. Como é uma sessão? A estrutura das sessões é bem parecida para vários transtornos, podendo variar de cliente para cliente. Academia de Terapia Cognitiva www.academyofct.org Formulação cognitiva, estratégias e técnicas para uma ampla gama de diagnósticos. • Reestabelecer a aliança terapêutica • Checar o humor • Sintomas e experiências do paciente durante a semana que passou • Pedir para nomear os problemas que mais deseja ajuda para resolver • Examinar exercícios de casa • Coletar os dados a respeito do problema colocado • Conceituar cognitivamente as dificuldades do cliente (perguntando sobre pensamentos, emoções e comportamentos) • Planejar uma estratégia (solução do problema, avaliação do pensamento e mudança no comportamento). Exemplo: Dificuldades de estudo: “De que adianta? De qualquer forma eu vou ser reprovado” • Ajuda para avaliar e responder a esse tipo de pensamento (experiências e estratégias anteriores) • Decisão sobre quais as soluções a implementar na semana seguinte • Exercícios fáceis, resumir mentalmente o que leu após cada página, sessões de estudos mais curtas, pedir ajuda ao professor e colegas, etc. • A sessão prepara as condições para o cliente fazer mudanças no pensamento e no comportamento durante a semana, levando a uma melhora no humor e no funcionamento. Um segundo problema da pauta é colocado em evidência e o processo repetido. Revisão dos pontos importantes no fim da sessão. Assegurar que o cliente fará os exercícios e pedir feedback sobre a sessão. O desenvolvimento de um terapeuta cognitivo- comportamental TCC: falsa impressão de ser simples Modelo cognitivo é simples: proposição de que o pensamento influencia as emoções e o comportamento. Terapeutas experientes realizam muitas tarefas de uma vez: conceituam o caso, familiarizam e educam o cliente, identificam problemas, coletam dados, testam hipóteses e fazem resumos periódicos. Terapeuta iniciante: precisa ser mais cuidadoso e estruturado, se concentrando em menos elementos por vez. ! Precisa aprender primeiro a habilidade de desenvolvimento da relação terapêutica, de conceituação e técnicas da TCC. 3 estágios de desenvolvimento do terapeuta 1) Aprendizagem das habilidades básicas de conceituação do caso em termos cognitivos com base na avaliação inicial e em dados coletados na sessão. • Aprende também a estruturar a sessão, planejar o tratamento, ajudar o cliente a resolver os problemas e a encarar os pensamentos disfuncionais de forma diferente. 2) O terapeuta se torna mais proficiente na integração da sua conceituação ao seu conhecimento das técnicas, fortalece a habilidade para compreender o fluxo da terapia, identifica com maior facilidade os objetivos principais do tratamento e torna mais hábil na conceituação dos pacientes, usando-a para tomar decisões quanto às intervenções. Amplia também o repertório de técnicas e a seleção do momento apropriado para utiliza-las. 3) Integra mais automaticamente os dados novos à conceituação, aperfeiçoa a habilidade de formulação de hipóteses, varia e estrutura (quando necessário) as técnicas da TCC. Conceituação Cognitiva Conceituação cognitiva dá o enquadramento para compreender o cliente. Começa a ser construída desde o primeiro contato com o cliente e continua a aprimorar sua conceituação ao longo do tratamento. A formulação ajuda o terapeuta a planejar uma terapia eficiente e efetiva. Dando início ao processo de formulação de um caso: “Qual o diagnóstico do cliente?” “Quais são seus problemas atuais? Como esses problemas se desenvolveram e como são mantidos?” “Que pensamentos disfuncionais e crenças estão associados aos problemas? Que reações (emocionais, fisiológicas e comportamentais) estão associadas a esses comportamentos?” A seguir, formular hipóteses sobre o desenvolvimento do problema: “Como o cliente vê a si mesmo, os outros, seu mundo pessoal e seu futuro?” “Quais são as crenças subjacentes (incluindo atitudes, expectativas e regras) e pensamentos?” “Como o cliente está enfrentando suas cognições disfuncionais?” “Que estressores contribuíram para o desenvolvimento dos seus problemas psicológicos atuais ou interferem na resolução desses problemas?” “Que experiências anteriores podem ter contribuído para os problemas atuais? Que significado o cliente extraiu dessas experiências e que crençasse originaram delas?” “Que mecanismos foram desenvolvidos para enfrentar as crenças disfuncionais?” O Modelo Cognitivo Premissa: percepções que uma pessoa tem dos eventos influenciam as emoções, os comportamentos e a fisiologia. Situação/evento Reação (emocional, comportamental , fisiológica) Pensamentos automáticos Não é a situação em si que determina o que a pessoa sente, mas como ela interpreta uma situação. Exemplo: vários alunos leem o mesmo texto de TCC “Isso faz sentido. Finalmente um livro que vai me ensinar a ser um bom terapeuta” (sente- se animado e continua a leitura) “Esta abordagem é muito simplista. Nunca vai funcionar” (desapontado, fecha o livro) “Não era o que eu esperava. Que desperdício de dinheiro” (desgostoso, descarta o livro) “Eu preciso aprender isso. E se eu não conseguir entender? E se eu nunca for bom nisso?” (ansioso, continua lendo repetidamente) “Isso é muito difícil. Eu sou tão burro. Nunca vou conseguir ser terapeuta” (triste, liga a TV). A forma como as pessoas interpretam e pensam a respeito de uma situação está associada a como as pessoas se sentem e como se comportam. ! A resposta emocional é mediada pela percepção da situação. Os terapeutas estão mais interessados no nível de pensamento que pode operar simultaneamente com o pensamento mais óbvio, de nível mais superficial. Aula de TCC Parte da mente focada nas informações Pensamentos rápidos e avaliativos Pensamentos automáticos Pensamentos automáticos: parecem surgir espontaneamente, são rápidos e breves. Podemos nem perceber esses pensamentos. É muito mais provável que estejamos conscientes da emoção ou do comportamento que se segue. Mesmo quando há consciência dos pensamentos, é provável que os aceitemos, acreditando que eles são verdadeiros. Identificar pensamentos automáticos • Dar atenção às mudanças no afeto, comportamento ou fisiologia. • Perguntar-se: “O que estava passando pela minha cabeça?” Ao identificar um pensamento automático ! Poderá avaliar a validade do pensamento. Muitas coisas a fazer ! “Eu nunca vou conseguir terminar tudo” • Teste da realidade: relembrar experiências e lembrar a si mesmo “Está tudo bem. Você sabe que sempre consegue fazer o que precisa”. Quando a interpretação errônea de uma situação é corrigida, provavelmente o humor melhora e o indivíduo se comporta de maneira mais funcional e/ou as reações fisiológicas diminuem. • Em termos cognitivos: quando pensamentos disfuncionais são sujeitos à reflexão objetiva, as emoções, o comportamento e a reação fisiológica do sujeito geralmente se modificam. De onde surgem os pensamentos automáticos? O que faz uma pessoa interpretar uma situação diferente de outra? Por que uma mesma pessoa pode interpretar o mesmo evento de forma diferente de outra vez? Resposta relacionada com fenômenos cognitivos mais permanentes Crenças Crenças centrais: compreensões duradouras tão fundamentais e profundas que frequentemente não são articuladas nem para si mesmo. A pessoa considera essas ideias como verdades absolutas. • No começo da infância as crianças desenvolvem determinadas ideias sobre si mesmas, sobre outras pessoas e o seu mundo. “Isso é muito difícil. Eu sou tão burro. Nunca vou conseguir ser terapeuta” • Frequentemente tem uma preocupação similar diante nova tarefa (aprender uma nova habilidade no computador, descobrir como montar uma estante de livros ou pedir um empréstimo bancário) • Crença central: “Eu sou um incompetente” • Opera quando está em estado depressivo ou na maior parte do tempo. • Quando ativada, o leitor interpreta as situações por meio de sua crença. O leitor tende a focar seletivamente nas informações que confirmam sua crença central, desconsiderando ou desvalorizando informações contrárias. Ex.: • Não considerou que outras pessoas competentes poderiam não entender completamente o material na primeira leitura. • Não levou em consideração que a autora pode não ter apresentado o material adequadamente. • Não considerou que a dificuldade de compreensão poderia ser derivada da falta de concentração. • Esqueceu que frequentemente tinha dificuldades iniciais diante novas informações, mas que depois tinha domínio sobre o assunto. ❖ A crença central foi ativada e ele automaticamente interpretou a situação de forma negativa e autocrítica Eu sou incompetente - Dificuldades com novas habilidades PC - Dificuldades para pedir um empréstimo - Mas eu não merecia - Mas levei muito tempo + Elogio do chefe + Escolhi plano de saúde + Paguei as contas no prazo + Arrumei a tubulação Crença central: nível mais fundamental da crença. Ela é global, rígida e supergeneralizada. Pensamento automático: é específico para as situações e pode ser considerado como o nível mais superficial de cognição. Regras e pressupostos As crenças centrais influenciam uma classe intermediária de crenças, que são as regras e os pressupostos. Exemplo de crenças intermediárias do leitor: • Regra: “Desistir se um desafio parece muito grande”. • Pressupostos: “Se eu tentar fazer alguma coisa difícil, vou falhar. Se eu evitar fazer, ficarei bem”. Essas crenças intermediárias influenciam a visão da situação, que, por sua vez, influenciam o pensamento, sentimento e o comportamento. Crenças centrais ! crenças intermediárias ! pensamentos automáticos Surgimento de crenças centrais e intermediárias • Desde os primeiros estágios de desenvolvimento, as interações das pessoas com o mundo e com outras pessoas conduzem a determinados entendimentos: suas crenças, as quais podem variar na acurácia e funcionalidade. Crenças disfuncionais podem ser desaprendidas e novas crenças baseadas na realidade e mais funcionais podem ser desenvolvidas e fortalecidas durante o tratamento. Maneira mais rápida de ajudar o cliente: modificação direta das crenças centrais o mais rápido possível. ! Cliente tende a interpretar situações ou problemas de maneiras mais construtivas. Curso habitual da TCC • Ênfase inicial na identificação e modificação de pensamentos automáticos que derivam de crenças centrais e em intervenções que modifiquem indiretamente as crenças centrais. • É mais fácil para o cliente reconhecer a distorção em seus pensamentos específicos do que a sua compreensão mais ampla de si mesmo, de seu mundo e dos outros. • Após repetidas experiências de alívio depois de trabalhar no nível mais superficial da cognição, o cliente fica mais aberto à avaliação das crenças. • A modificação mais profunda das crenças diminui a probabilidade de recaída. Hierarquia da cognição SITUAÇÃO/EVENTO PENSAMENTO AUTOMÁTICO REAÇÕES COMPORTAMENTO EMOÇÃO FISIOLOGIA CRENÇA INTERMEDIÁRIA CRENÇA CENTRAL Hierarquia da cognição Situação: leitura de um novo texto PA: “Isso é muito difícil. Nunca vou entender” REAÇÕES Evitar tarefa e ver TV Desânimo Peso no corpo C.I.:“Eu devo desistir se um desafio parecer muito grande” CRENÇA CENTRAL: Eu sou incompetente Hierarquia da cognição Situação: perder a hora do trabalho PA: “Eu não vou me adaptar ao novo horário” REAÇÕES Sai sem tomar café Raiva Taquicardia C.I.: “Nunca consigo me programar” CRENÇA CENTRAL: Eu sou irresponsável Hierarquia da cognição Situação: Tirar 0 na prova PA: “Não consigo entender nada dessa matéria” REAÇÕES Sair da aula e ir para casa Tristeza C.I.: “Mesmo que eu estude, não consigo memorizar as coisas” CRENÇA CENTRAL: Eu sou burro Eu sou desvalorizado Situação: Após ter limpado a casa, a mãediz: “você não limpou direito” Pensamento automático: “Não acredito que vou ter que limpar a casa novamente” Reações: com raiva, limpa novamente. Crença intermediária: “As pessoas não enxergam minha boa vontade” Situação: professora diz – “você tirou 0 porque a resposta estava incompleta” Pensamento automático: “Ela não podia ter me dado 0, eu fiz o que pude” Reações: tristeza, coração apertado, começa a chorar. Crença intermediária: “Nunca faço o suficiente par os outros” Perguntas a serem feitas quando se conceituam clientes: • Como o cliente veio a desenvolver esse transtorno? • Quais foram os eventos, experiências e interações significativos na sua vida? • Quais são as crenças mais centrais do cliente sobre si, seu mundo e os outros? • Quais são as crenças intermediárias? • Que estratégias o cliente usou durante a vida para fazer frente a essas crenças negativas? • Que pensamentos automáticos, imagens e comportamentos ajudaram a manter o transtorno? • Como as crenças desenvolvidas pelo cliente interagiram com situações de vida para deixa-lo vulnerável ao transtorno? • O que está acontecendo na vida do cliente no momento atual e quais são as suas percepções?
Compartilhar