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Aspectos Introdutórios ao Estudo da Filosofia - Avaliação 1 - 08_09

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UNIVERSIDADE DE RIO VERDE (UniRV)
FACULDADE DE DIREITO
LINA MARTINS REZENDE
RIO VERDE, GO
2019
LINA MARTINS REZENDE
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS AO ESTUDO DA FILOSOFIA
Trabalho científico apresentado ao Professor Esp. Azambuja Moraes de Almeida, do curso de Direito da Universidade de Rio Verde (UniRV) como exigência para avaliação da primeira nota da matéria de Filosofia. 
Orientador: Prof. Esp. Azambuja Moraes de Almeida.
2019
1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS AO ESTUDO DA FILOSOFIA
	Há muitos critérios a serem analisados sobre os aspectos introdutórios da filosofia, aspectos estes que são uma verdadeira viagem não somente da história humana como um todo, mas, sobre cada característica, fundamento e forma o qual determinam a existência e o homem. Não há como analisar os estudos que comportam a filosofia sem citar o cerne de suas criações e o início de tudo, onde os primeiros pensamentos filosóficos clássicos nasceram e se instituíram como tal na sociedade antiga.
	Para iniciar, ensina Warburton, de forma breve, que Sócrates, sem dúvidas, é considerado o pai da filosofia clássica, pois, com ele, se deu o início de várias discussões na sociedade ateniense, criando perspectivas intrigantes da vida a partir de indagações intensas, as quais sempre significavam em uma profunda confusão aos ouvintes.
Sócrates adorava revelar os limites do que as pessoas entendiam genuinamente, bem como questionar as suposições que serviam de base para suas vidas. Para ele, era um sucesso quando uma conversa chegava ao fim e as pessoas percebiam o quão pouco sabiam. Algo muito melhor do que continuarmos acreditando que entendemos algo quando na verdade não entendemos. (WARBURTON, 2012, p. 05).
Tais são as características que determinam o filósofo e que, por consequência, constroem toda a sistemática do estudo da filosofia a partir de um ser que se indaga sobre as coisas de forma abstrata e tão profunda que, normalmente não é percebida pelos homens comuns. Além disso, a filosofia em sua essência é o ápice do amor ao conhecimento e a sabedoria, o qual, o verdadeiro filósofo se sacrifica no objetivo de entender o sentido de tudo e de cada aspecto da vida humana.
	Mesmo que se trate do conceito inicial da filosofia em seu cerne há mais de mil anos atrás, até nos dias de hoje, não há como negar que a filosofia é baseada a partir de suas intensas indagações e elucubrações sobre a vida e as razões as quais movem a mente humana e como ela é. 
A sabedoria significava entender a verdadeira natureza da nossa existência, inclusive os limites do que podemos saber. Os filósofos de hoje agem mais ou menos da maneira como Sócrates agia: fazem perguntas rigorosas, buscam razões e evidências, lutam para responder algumas das questões mais importantes que podemos fazer sobre a natureza da realidade e sobre como devemos viver. (WARBURTON, 2012, p. 06).
	Sócrates, uma vez sendo o principal professor de Platão o qual, este foi incumbido de apresentar à sociedade alguns de seus escritos, tiveram na história da filosofia íntima relação, mas, não possuíram, no final das contas, o mesmo pensamento. Esta conclusão se confirma também com Aristóteles, discípulo de Platão, que também teve influência indireta com o pensamento de Sócrates, por consequência. Os três grandes filósofos que iniciaram os primeiros trabalhos para a construção da filosofia grega eram, intimamente, diferentes entre si. 
Uma das questões que ocupou a reflexão de Aristóteles foi: “Como devemos viver?”. Sócrates e Platão já haviam feito essa pergunta. A necessidade de respondê-la faz parte do que leva as pessoas à filosofia pela primeira vez. Aristóteles tinha uma resposta própria, que em sua versão simples era: “Buscando a felicidade”. (WARBURTON, 2012, p. 12).
	Para Sócrates, o qual dizia que nada sabia, entrega seus pensamentos filosóficos a indagações das coisas e a nos faz adentrar cada vez mais a fundo nestes pensamentos, enquanto Platão, se limitava a pensar na filosofia como conteúdo abstrato das formas de tudo o que havia. Contudo, Aristóteles foi além, tanto nos trabalhos como no empirismo e concluiu que a filosofia possuía como principal objeto a busca da felicidade. Foram grandes filósofos que marcaram o período clássico.
	No fim, é nítido que no decorrer de toda a história extensa da filosofia, cada filósofo expôs suas ideias a partir delas próprias, criando novas características ou se embasando em experiências, influências de pensamentos anteriores ou em suas próprias conclusões e opiniões sobre a vida e as coisas. Logo, sempre haverá mais questões e discussões acerca dos pensamentos de cada filósofo, dada a própria filosofia como ela é e como já determinava Sócrates. Tal aspecto nunca mudou.
Assim, é impossível existir uma conclusão que possa delimitar a filosofia, ela não é e jamais será um fim em si mesma. Ela é recheada de fundamentos e alguns deles são primordiais no estudo da filosofia como uma introdução. Luiz Felipe Pondé, filósofo brasileiro, apresenta em sua obra os papéis que deveriam, de toda forma, fazer parte da filosofia e seus objetivos a serem alcançados, os quais, trazem a filosofia em seu aspecto mais lúdico, não limitando a apenas filósofos e juristas, mas, abrangendo todos os seres humanos como capazes de filosofar e pensar filosoficamente.
A filosofia trazida ao cotidiano se torna palpável e percebemos que possui, felizmente ou não, características terapêuticas, uma vez que, nos ajudam a compreender situações que dão sentido a nossa existência, ou seja, “A filosofia deveria nos ajudar a enfrentar o mundo, a vida e a morte” (PONDÉ, 2016, p. 20). E neste contexto que a filosofia se aplica principalmente, na busca incessante de encontrar respostas e quem sabe, algumas salvações para a vida humana e aliviando sua mazelas.
Como dito anteriormente, a filosofia como uma arte de amor à sabedoria e nunca sendo um fim em si mesma, também possui relação explícita com a impossibilidade de cessação do conhecimento. O conhecimento é infinito e assim a filosofia também o é, sempre havendo discussões a serem entendidas e compreendidas a partir da imensidão de contrastes que existem no campo filosófico, seja por meio da análise de seus pensadores, seja por meio da metafísica, do comportamento humano, psíquico e social e o estudo das coisas. 	
“Uma das coisas importantes em filosofia, penso, é a gratidão para com todos os que pensaram antes de você, ainda que você discorde deles” (PONDÉ, 2016, p.15), assim, a filosofia não seria possível em sua essência se não houvessem ideias contrapostas e/ou extremas, as quais, é possibilitado a análise de seus interregnos e da linha, nem tão tênue assim, que separam todos esses pontos, extremamente distantes mas, igualmente paralelos. 
Desta forma, ao trazer a filosofia para o dia a dia do homem médio, é necessário que vivamos a filosofia e não apenas a pensemos de forma rasa e delimitada ou que, ao pensar filosoficamente, não consigamos chegar em lugar algum, pois, neste momento, a filosofia perderia seu real objeto e utilidade. A filosofia aplicada na prática, torna a vida real mais suportável ou simplesmente, com algum significa intrínseco. 
	A filosofia também se preocupa em analisar aspectos da vida humana tal como moral e religião e até que ponto existe um precipício ou aliança entre elas. Ao estudar os filósofos do século XIX como Soren Kierkegaard, extremamente mais moderno se comparado com a filosofia clássica, e em consonância com as características de sua época, este pôde se aprofundar e apresentar outras versões para a compreensão e complexidade humana com análises mais polêmicas. 
A tomada de decisões está incorporada no título de uma de suas principais obras: Ou/ou. Esse livro dá ao leitor uma escolha entre uma vida de prazeres e perseguição da beleza ou uma vida baseada em regras morais convencionais, uma escolha entre o estético e o ético. Não obstante, um assunto muito recorrenteem sua obra era a fé em Deus. [...] Para Kierkegaard, não é uma decisão simples acreditar em Deus, mas sim uma decisão que requer uma espécie de salto no escuro, uma decisão tomada na fé e que pode até ir contra as ideias convencionais do que deveríamos fazer. (WARBURTON, 2012, p. 133, grifo do autor).
Assim, o salto no escuro seria o verdadeiro salto da fé em que o cristão se entrega a uma determinada ordem ou preceito dogmático-religioso no objetivo de demonstrar sua verdadeira fé, apesar da existência de um risco iminente de tal ordem não ser exatamente moral. Ora, a religião pode possuir preceitos imorais como objetivo de constituir uma obediência cega como já aconteceu, logo, Kierkegaard expressa dessa forma a existência de contradições na essência do ser humano e traz indagações sobre a dualidade entre a moral e a religião que fazem do campo filosófico uma batalha a céu aberto.
Há muitas outras características que são veementemente definidoras da filosofia e, para finalizar os seus principais aspectos, é justo que cedemos lugar ao negativismo, pessimismo e extremismos apontados por dois grandes filósofos, um pupilo do outro, que definiram algumas das regras mais dantescas que existem sobre a moral humana e o pressuposto determinante para a existência do Estado e da política: o poder. Aqui apresentamos, Maquiavel e Thomas Hobbes:
Apesar de seu caráter genial, Hobbes, assim como Maquiavel, tinha uma visão negativa dos seres humanos. Ele acreditava que basicamente somos todos egoístas, movidos pelo medo da morte e pela esperança de ganhos pessoais. Todos nós buscamos ter poder sobre os outros, independentemente de percebermos ou não. Se você não concorda com essa descrição da humanidade, então por que tranca a porta quando sai de casa? Certamente não seria porque sabe da existência de muita gente que adoraria roubar todas as suas coisas? Mas somente algumas pessoas são egoístas, você diria. Hobbes discordava. Ele considerava que, no fundo todos nós o somos, e que só o Estado de direito e a ameaça de punição poderiam manter-nos sob controle. A consequência disso, argumentava ele, era que se a sociedade se dissolvesse e tivéssemos de viver no que ele chamava de “estado de natureza”, sem leis ou ninguém para aplicá-las, todos nós roubaríamos e mataríamos quando necessário. Ao menos teríamos de fazer isso se quiséssemos continuar vivendo. (WARBURTON, 2012, p. 52).
Essa particularidades entre os dois filósofos de se apresentarem com um intenso negativismo possui, sem sombras de dúvidas, seus benefícios para a interpretação filosófica enquanto aplicação fática. Estamos diante de pensadores que explicitaram, sem pudor, as atitudes os quais os homens, talvez nem todos como acreditavam, mas alguns deles ou sua maioria, estão fadados a agir, com egoísmo e brutalidade.
A ideia fundamental era a de que um príncipe precisava ter o que ele chamou de virtù. Em italiano, essa palavra significa “firmeza” ou valor. O que isso significa? Maquiavel acreditava que o sucesso depende muito da boa sorte. Ele pensava que metade do que acontece conosco deve-se ao acaso e metade é resultado de nossas escolhas, mas também acreditava que podemos melhorar as chances de sucesso agindo brava e rapidamente. Só porque a sorte desempenha um grande papel em nossa vida não quer dizer que tenhamos de nos comportar como vítimas. (WARBURTON, 2012, p. 48, grifo nosso).
Maquiavel acreditava que era preciso a existência de uma certa firmeza na personalidade dos líderes para que estes pudessem se manter no poder. Contudo, entendemos aqui que Maquiavel era um conselheiro político em sua vida e se preocupava intimamente com as questões de Estado e suas formas de comportamento político e por isso, sua principal obra, O Príncipe, foi direcionada à este propósito, com o objetivo de dar conselhos políticos, por mais atroz que pudessem parecer. Todavia, como o assunto é filosofia, não devemos, de nenhum modo, resumir a filosofia de Maquiavel de forma dura, e sim, pensar com todos os aspectos contextuais os quais suas obras se encontram.
Apesar de parecer complexo e muitas vezes sem vínculo epistemológico, temos a filosofia como ponto primordial para o início da construção do conhecimento, do pensamento crítico, da razão cognitiva, além da possibilidade de buscarmos entender sobre como se dá a moral e qual a moral que emana da religião. Além disso, é possível que podemos determinar os motivos e os sentidos que levam a sociedade e o homem à determinado comportamento social, psíquico, emocional e suas (r)evoluções no mundo. Da mesma forma, se vê a filosofia enraizada em todas as áreas da mente humana e da sociedade, principalmente na psicanálise, na política, nas ciências jurídicas, buscando a mesma finalidade para determinar e guiar a personalidade humana e dar sentido, simplesmente, à vida.
REFERÊNCIAS
PONDÉ, L. F. Filosofia para corajosos. São Paulo: Planeta, 2016.
WARBURTON, N. Uma breve história da filosofia. Tradução Rogério Bettoni. Porto Alegre, RS: L&PM, 2012.

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