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ARTIGO CIENTÍFICO CIFRAS NEGRAS 15 SETEMBRO

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CIFRAS NEGRAS: CASOS DE CIFRAS NEGRAS NOS CRIMES DE ROUBO OCORRIDOS COM OS ALUNOS DA FACULDADE DA AMAZÔNIA OCIDENTAL – FAAO DO TURNO DA NOITE.
Dário Victor Matos da Silva Brazzalotto[1: Acadêmico do curso de Direito na Faculdade da Amazônia Ocidental – FAAO - dariobrazzalotto@gmail.com]
Helison[2: Acadêmico do curso de Direito na Faculdade da Amazônia Ocidental – FAAO.]
Júnior Rodrigues Marques[3: Licenciado em Educação Física pela Universidade Federal do Acre – UFAC e Acadêmico do curso de Direito na Faculdade da Amazônia Ocidental – FAAO. - juniorrm17@hotmail.com]
RESUMO
Cifra Criminal é o termo que se utiliza para os crimes que ocorrem, porém não chegam ao conhecimento das autoridades ou deixam de seguirem com os trâmites necessários para que o autor seja responsabilizado. Portanto, há vários tipos de cifras, iremos tratar sobre as cifras negras, que é a genitora de todas as outras pelo fato de que englobam todas as demais, sendo definida como todos os crimes que não chegam ao conhecimento policial como também aqueles que até chegam ao conhecimento das autoridades, são registrados porém não chegam até o processo ou ação penal. Vale salientar a importância da diminuição desse índice para que, com a identificação das razões da não denúncia do crime por parte da vítima, a ocorrência de delitos seja do conhecimento das autoridades. Esse é um dos diversos aspectos que podem colaborar para sanar o problema da criminalidade. As cifras é um dos objetos de estudo da criminologia.
BLACK FIGURES: CASES OF BLACK FIGURES IN THE CRIMES OF ROBBING OCCURRED WITH THE STUDENTS OF THE COLLEGE OF THE WESTERN AMAZON - FAAO OF THE TURN OF THE NIGHT.
Palavras-chave: Cifras Negras. Crimes. Criminologia.
ABSTRACT
Criminal Cipher is the term that is used for crimes that occur, but do not come to the attention of the authorities or fail to follow the procedures necessary for the perpetrator to be held accountable. Therefore, there are several types of figures, we will deal with the black figures, which is the giver of all the others because they encompass all the others, being defined as all crimes that do not come to the police knowledge as well as those that even arrive to the knowledge of the authorities, are registered but do not reach the criminal proceedings. It is worth mentioning the importance of reducing this index so that, with the identification of the reasons for not reporting the crime by the victim, the occurrence of crimes is known by the authorities. This is one of several aspects that can help to solve the problem of crime. The ciphers is one of the objects of study of criminology
Keywords: Black Ciphers. Crimes. Criminology.
INTRODUÇÃO
Cifras criminais, através das leituras realizadas de diferentes autores, podemos conceituar como sendo os crimes que não chegam ao conhecimento policial, tanto a Polícia Administrativa (Polícia Militar) quanto a Polícia Judiciária (Polícia Civil e Federal), além do Ministério Público, que podem até chegar ao conhecimento policial, sendo confeccionados boletins de ocorrências, mas não são solucionados por diversos motivos a seguir tratados.
Com isso, foi possível verificar que há diversos tipos de cifras criminais, todas partindo do mesmo conceito, mas com algumas peculiaridades próprias tais como: cifras negras, cifras douradas, cifras cinzas, cifras amarelas e cifras verdes. Aqui, foi tratado com mais ênfase os casos das cifras negras, não diminuindo a importância das demais, trazendo para nossa localidade, a cidade de Rio Branco Acre com um público mais específico ainda, os alunos da Faculdade da Amazônia Ocidental – FAAO do turno da noite.
O tema abordado, cifras negras, especificando nos crimes de roubo, vem a tona para presentear o leitor para o controle e índice de pessoas que tem curiosidade sobre o assunto ou que até mesmo já foram vítimas de roubo, pois ao tempo que seus casos não são solucionados tem o desejo de adquirir o mínimo de conhecimento sobre essa situação que ocorre corriqueiramente no dia-a-dia. Fundamenta-se aqui buscar da melhor forma possível o tratamento das variadas situações de cifras negras na tipificação dos crimes de roubo.
Como objetivo, há uma grande importância de informar aos leitores o significado do assunto tratando, a seu papel de contribuição para o índice criminal e uma possível solução para a diminuição da violência local. Para isso, houve a necessidade de identificar através de entrevista dos alunos o percentual dos que já foram roubados, o percentual dentro dos que já foram roubados e não foram registrar o boletim de ocorrência e dentro do grupo dos que não registraram o boletim de ocorrência, identificar os possíveis motivos que o levaram a isso, para que possamos trabalhar em cima da problemática identificada e apresentar algumas ideias de solução. Para isso houve a necessidade de coletar um numero mínimo de cem pessoas para respondem um questionário elaborada por uma ferramenta virtual e repassadas a eles através de um Aplicativo de rede social, facilitando a comunicação do entrevistador e entrevistado. Respostas estas que foram colhidas por um período de dois dias e analisadas por um período subsequente.
AS CIFRAS CRIMINAIS
Em se tratando de criminologia e Código Penal, não são raros os casos que diz respeito ao número estatístico da criminalidade, casos estes contabilizados e analisados por um setor dos órgão de segurança publica chamado de Análise Criminal, mas como é sabido, nem todas as vítimas dos crimes levam seus casos para o conhecimento da polícia ou quando levam, não tem sua queixa crime levado a diante, muitas vezes não tendo uma apuração dos fatos, não chegando ao conhecimento do Ministério Público e não tendo seus casos elucidados, todas essas situações trata-se das “Cifras Criminais”. 
Assim contribui Raúl Eugenio Zaffaroni, o Ministro da Suprema Corte Argentina:
	Se todos os furtos, os adultérios, todos os abortos, todas as defraudações, todas as falsidades, todos os subornos, todas as lesões, todas as ameaças, etc. fossem concretamente criminalizados, praticamente não haveria habitante que não fosse, por diversas vezes, criminalizado.
	A partir dessa conclusão, o jurista argumenta que o mecanismo repressivo está estruturalmente edificado no sentido de que as leis não operam no caso concreto e que uma parcela da população não exterioriza muitas vezes situações de quando são vítimas de crimes.
	 O estudo das cifras criminais possui diversas particularidades, observando, em cada uma delas, o que lhes é designado pelas circunstâncias, vítima e autoria. Tais Cifras tiveram origem designadas pela Teoria da Associação Diferencial, Edwin H. Sutherland, demonstrando a visão da sociedade em relação aos crimes que, por desconhecimento, não se pode afirmar a existência.
	Da ausência de registro resulta a diferença entre o montante de crimes praticados e o número de delitos que os órgãos do sistema penal tomam conhecimento, ou seja, existem crimes que não entram para as estatísticas consideradas oficiais da criminalidade. Os motivos dessa informalidade criminal são diversos, dentre eles a diminuição de crédito da população com o aparato do Estado, avaliado como ineficiente e burocrático, demonstrando preferir relevar os delitos sofridos e permanecer no anonimato. Então, as cifras criminais se subdividem em:
CIFRAS NEGRAS
Este é o nosso objeto de estudo. Entende-se por cifra negra, também denominada cifra oculta ou zona obscura, a parcela de crimes ocorridos cotidianamente e não conhecidos das autoridades (polícias civil e militar, Ministério Público e Poder Judiciário). Talvez a de maior notoriedade, pode-se presumir que a Cifra Negra é a genitora das demais pelo fato de que englobam os conceitos de todas, sendo determinada pelos crimes que não são de conhecimento policial, seja por serem praticados por pessoas de “alto escalão” ou contra meio ambiente, além dos que, em determinados casos, chegam ao conhecimento das autoridades e, embora registrados, não alcançam o processo ou a respectivaação penal.
Para o cientista criminólogo Louk Hulsman, o maior índice dos crimes que compõe a cifra negra é o que o próprio sistema penal menospreza ou ignora. São avaliados como corriqueiros e ponderados por agentes e vítimas como naturais, ficando em segundo plano e não compondo estatísticas. Certos delitos, de acordo com seu conceito, facilmente deixam de ser alvos da atividade estatal de prevenção e coerção, além de pessoas que, da mesma forma, não são alvos de tal atividade.
No tocante ao assunto tratado, o doutrinador JUAREZ CIRINO DO SANTOS, entende que:
	[...] a cifra negra representa a diferença entre aparência (conhecimento oficial) e a realidade (volume total) da criminalidade convencional, constituída por fatos criminosos não identificados, não denunciados ou não investigados (por desinteresse da polícia, nos crimes sem vítima, ou por interesse da polícia, sobre pressão do poder econômico e político), além de limitações técnicas e materiais dos órgãos de controle social. (SANTOS, 2006, p. 13)
	Levando em consideração a contribuição acima apresentada, podemos trazer para a nossa realidade local (Rio Branco-AC) o que ocorre diariamente, crimes não solucionados, muitas vezes por falta de efetivo policial, que é uma realidade aparente e em muitos outros casos, os fatos não chegarem ao conhecimento dos Órgão de Segurança Pública.
	Sabe-se que por estatística o que é aparente não condiz com a realidade, ou seja, ao caso concreto, esse fundamento se baseia em muitos casos de crimes que chegam ao conhecimento dos Órgão de Segurança Pública e não são solucionados, este também é uma situação de Cifras Negras. Temos como exemplo, as taxas dos percentuais de homicídios, onde a polícia tem conhecimento do fato, mas que é divulgado um pequeno número dos autores do delito identificados.
	Ainda com base na colaboração do autor, vê-se que muitos casos de Cifras Negras está em maior quantidade na população de baixa renda, pois sempre que uma vítima que tem um poder aquisitivo grande ou influência política ela exerce uma pressão sobre a Polícia, exigindo a solução do seu caso, e muitas vezes amparado por defensores particulares, fato que normalmente quem não tem esse poder aquisitivo ou político fica impossibilitado de exigir tais providências policiais.
	[...] convém diferenciar a criminalidade real da criminalidade revelada e da cifra negra: a primeira é a quantidade efetiva de crimes perpetrados pelos delinquentes; a segunda é o percentual que chega ao conhecimento do Estado; a terceira, a porcentagem não comunicada ou elucidada. (PENTEADO FILHO, 2012).
Fica claro na citação do acima, que há dois tipos de quantitativos de grupos para se chegar ao total da criminalidade real, que é a soma dos casos dos crimes revelados com o quantitativo demostrado nas Cifras negras. Conceituamos aqui a criminalidade revelada: trata-se dos casos que foram de conhecimento das autoridades, tanto policial através de notícia crime, registrada nas delegacias, quanto aquelas que o Ministério público toma conhecimento através de ação pública condicionada e incondicionada, bastando o egrégio ter conhecimento do caso, o suficiente para tomar providencias acerca da resolução do crime.
No caso das Cifras Negras, entra nas estatísticas dos casos jamais revelados, porque a vítima não busca registrar o fato ocorrido por vários motivos, tais como: Medo do autor, falta de condição de se deslocar ao órgão competente, descredito que o caso será solucionado ou por simplesmente achar insignificante o valor do bem para tamanha burocracia das etapas a passar até iniciar as investigações, dentre outros fatores pessoais que cada cidadão internaliza.
Além disso, existe os casos revelados e não solucionados por alguns dos diversos motivos: Falta de provas suficientes, grande quantidade de casos para pouco efetivo policial, a questão de prioridades levando em conta o grau de risco que representa cada caso, o custo benefício de resolver um caso em detrimento de outro.
Se agora já sabemos que o conjunto universo dos crimes reais é a soma dos crimes revelados mais as cifras negras(crimes não conhecidos ou elucidados), fica a sugestão deste trabalho de ser utilizado pelo órgão competente do Estado, uma política de implementação para solucionar casos e até mesmo fazer investimentos, se utilizando a exemplo dos questionário como fonte para colher as informações que se fizer necessárias, a exemplo o local onde mais ocorreu os crimes sofridos pelas vítimas que responderam o questionário, como também podendo tornar-se de conhecimento as características principais do autor do crime, o horário que mais ocorre o crime, dentre tantas outras que podem auxiliar até mesmo com prevenção destes. Estamos exemplificando a importância do serviço de análise criminal, que através de seus estudos consegue identificar através do mapa de georreferenciamento os pontos quentes da criminalidade de determinada localidade. 
Assim contribui o autor: 
Não podendo esquecer dos fatores que mais contribuem para a ocorrência das Cifras Negras é o fato da vítima além de ter sofrido o crime, ela não tem o desejo de reviver todo aquele trauma novamente, como também de vergonha em ir até um Departamento de Polícia e declarar o que sofreu, preferindo assim sofrer as consequências calado ao invés de prestar tal declaração informando que veio a sofrer de um abuso sexual, violência doméstica ou algo semelhante. (DE PÁDUA, 2015)
É Notório que uma pessoa que passa por constrangimento onde foi vítima de um crime, onde teve sua imagem comprometida, muitas vezes o leva a omissão em não registrar o caso as autoridades, estamos diante de casos de pessoas que desenvolvem síndromes do pânico, e que não estão preparadas psicologicamente para superar as lembranças dos acontecimentos e para que não haja um agravamento da situação optam por silenciar, são casos de milhares de mulheres vítimas da violência doméstica por seus parceiros, que por motivo de não expor sua imagem a sua própria família, tomam a decisão de não buscar resolução nas delegacias, denunciando seus cônjuges, com isso é evidente que estamos diante de inúmeros casos não revelados, aumentando assim cada vez mais as estáticas das cifras negras.
Já relacionando os fatos dos roubos ocultos, não são raros os casos de roubo seguido de abusos sexuais, em que em muitos casos a vítima fica receosa em divulgar mesmo que seja para os órgãos de segurança pública a situação constrangedora que sofreram, tentando ao máximo não lembrar dos fatos passados.
Vale salientar, mesmo não sendo um caso fácil de tratar, a necessidade de repassar aos profissionais especializados todos os fatos delituosos que já sofreram, para que sejam solucionados o maior número possível dessa problemática. Caso isso não aconteça, problemas maiores poderão surgir, tais como: sensação de insegurança, sensação de impunidade, falta de repasses de verbas para a segurança pública, a certeza para os delinquentes que o crime compensa, dentre outros.
CIFRAS DOURADAS
Termo criado por Edwin H. Sutherland que relaciona aos crimes que são praticados por pessoas do alto-escalão, estes que por pertencerem as camadas mais altas da sociedade, que praticavam outros delitos, distinguindo dos demais criminosos.
A definição das Cifras Douradas nas palavras de Eduardo Luiz Santos Cabette:
Representa a criminalidade de 'colarinho branco', definida como práticas antissociais impunes do poder político e econômico (a nível nacional e internacional), em prejuízo da coletividade e dos cidadãos e em proveito das oligarquias econômico-financeiras.
	Os engravatados tem como peculiaridade fazerem parte do auto escalão da sociedade, fator que deixa de lado a ideia do crime como de exclusividade daquelas pessoas que pertencem às classes menos favorecidas, seja por falta de recursos financeiros, moradia, saúde, educação, lazer entre outros fatores, e os delitos por sua vez são fraudes, desvios de verbas públicas ou privadas, sonegações fiscais, que por atuarem em determinadas áreasdetém de conhecimentos especializados, habilidades e informações privilegiadas, fatores que maior parte da sociedade não os têm, com o fim de utilizar de maneira desviante a Legislação vigente em favor próprio ou alheio
CIFRAS CINZAS
São resultados daquelas ocorrências que até são registradas porém não se chega ao processo ou ação penal por serem solucionadas na própria Delegacia de Polícia seja por existir a possibilidade de conciliação das partes, evitando assim uma futura denúncia, processo ou condenação elucidando ou solucionando o fato, como também por desistência da própria vítima em não querer mais fazer a representação do B.O. registrado por alguma razão não chegando aos tribunais.
A Cifra Cinza, por seu turno, representou a orientação de pesquisas e de relatórios policiais para a afirmação do poder policial como estrutura mediadora ou rede horizontal de resolução de conflitos e instância de decisão jurídica e exercício do poder soberano de subtração de vida, independente do controle do Estado e da Sociedade.
Conforme Mr. Procarion reafirmou a ideia do professor Rogério Renó:
“É quando a denúncia foi realizada, porém não foi terminada, por exemplo: foi denunciada, foi feito um Inquérito, mas por algum procedimento aleatório o processo acaba não sendo concluído, não acaba sendo levado a frente.”
CIFRAS AMARELAS
Cifras Amarelas são aquelas em que as vítimas são pessoas que sofreram alguma forma de violência cometida por um funcionário público e deixam de denunciar o fato aos órgãos responsáveis por receio, medo de represália.
Defende-se aqui a hipótese de que há uma cifra amarela, um número considerável de violências policiais contra a sociedade que, por temor de retaliações ou de uma prática vingativa por parte da corporação, não realizam as denúncias. A cifra amarela seria a somatória entre as denúncias feitas na Corregedoria da Polícia Militar e/ou Ministério Público e o número de ações violentas cometidas pela polícia contra a sociedade e não explicitadas, inscrevendo pessoas infames (FOUCAULT,1990) no cruzamento com o poder como violentados (PASSETTI, 1995).
CIFRAS VERDES
Consiste nos crimes não chegam ao conhecimento policial e que a vítima diretamente destes é o meio ambiente, como exemplo: maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domesticados, pichações de paredes, monumentos históricos, prédios públicos; fato que quanto se nota o dano causado, fato consumado, há grande dificuldade de se identificar a autoria por não se encontrar mais no local dos fatos quem o praticou, estando assim isento da punição (pena) pelo crime praticado.
CRIMES DE ROUBO
Está positivado no Código Penal em seu Art. 157, que diz: “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.”
Confunde-se muito com o crime de furto (Art. 155, CP), ambos se tratam de crimes contra o patrimônio, o diferencial está na grave ameaça que é um requisito do crime de roubo, fazendo com que esta tipificação tenha uma punição mais severa. Ambos são um dos crimes mais cometidos na sociedade brasileira.

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