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Gagueira e Disfluência Comum na infância (1)

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Gagueira e Disfluência Comum na infância – caracterização e diagnóstico diferencial
Profa MSc Andrea Cristina Rizzotto Grüdtner 
A quebra na fluência é algo habitual na fala das crianças em idade de estruturação da linguagem, o que contribui para confirmar o termo “disfluência comum”, o que é bastante diferente daquelas consideradas gagas.
Fluência – Não fluência
Há várias evidências clínicas que contribuem para que seja estabelecida a diferença e o atendimento especializado precoce da gagueira.
A intervenção pode acontecer entre 2 e 5 anos de idade, principalmente por volta dos três anos.
Quais seriam estas diferenças?
Influência de fatores orgânicos (genéticos)
Fatores sociais (família, escola, amigos)
Fatores emocionais (baixa tolerância a frustração).
Estudos recentes apontam que a gagueira pode ter sua origem nos múltiplos centros cerebrais de linguagem, ainda que se aceite que haja dificuldades no controle motor da fala (neurológico).
Multicausalidade: ainda é aceita.
Como saber?
Um meio ambiente acolhedor pode minimizar as manifestações de gagueira, mas não pode impedir que ela ocorra.
Portanto...
Tipologia e freqüência das disfluências.
O modo como a criança reage às dificuldades experimentadas na fala.
Se a criança apresentar apenas disfluências comuns, o fonoaudiólogo deve estar preparado para orientar os responsáveis (pais, avós, babás...).
A conduta fonoaudiológica vai depender:
FORMA DE APRESENTAÇÃO E EVOLUÇÃO CLÍNICA
TIPOLOGIAS DAS DISFLUÊNCIAS
PRESENÇA / AUSÊNCIA DE MOVIMENTOS CORPORAIS ASSOCIADOS
REAÇÃO EMOCIONAL
PRESENÇA / AUSÊNCIA DE INCOORDENAÇÃO PNEUMOFONOARTICUALTÓRIA
DESEMPENHO EM TAREFAS METALÍNGÜÍSTICAS
Diferenças Qualitativas
DESEMPENHO EM TAREFAS METAFONOLÓGICAS
PREDOMINÂNCIA EM MENINOS
DIFICULDADES FONOARTICULATÓRIAS
PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL
Diferenças Qualitativas
Gagueira infantil:manifestações clínicas são muito presentes na fala da criança. O desenvolvimento da gagueira, em geral, é gradual, pode ocorrer períodos de remissão parcial, ou intermitente.
Disfluências comuns / disfluência do desenvolvimento: esporádicas e há uma progressiva aquisição de maior fluência.
Forma de apresentação e evolução clínica
Gagueira infantil: fonemas e sílabas, em geral, primeiras sílabas ou primeiros fonemas, “efeito de início de palavra”. Bloqueios, prolongamentos. Rupturas são involuntárias.
Disfluência Comum: palavra inteira ou sentença, revisões de palavras, palavras não terminadas, pausa silenciosa hesitativa. Apesar do pouco controle sobre as disfluências, há um certo grau de deliberação (a criança “resolve” e continua a falar).
Tipologia das disfluências
Gagueira: tensões faciais e/ou corporais (comportamentos acessórios ou secundários), se intensificam com o tempo.
Disfluência comum: não há evidências de tensões ou comportamentos acessórios.
Movimentos corporais associados
Crianças com gagueira: impaciência em momentos de fala, dificuldade em manter contato visual no diálogo e no relacionamento com outras pessoas, podendo desistir de falar.
Não e observa nas disfluências comuns / do desenvolvimento.
Reação emocional
Presente na gagueira infantil
Disfluências comuns: respiração regular e contínua, mesmo durante as repetições.
Incoordenação pneumofonoarticulatória
Na Gagueira infantil, muitas crianças apresentam outros comprometimentos de linguagem.
Disfluências comuns:não acontece!!!!
OBS: O déficit de linguagem provavelmente é um elemento comum entre a gagueira e todos os distúrbios da linguagem.
Atenção!!!!
Crianças com gagueira podem apresentar maior dificuldade para avaliar (entender) frases irregulares nos aspectos semântico e sintático. 
Não acontece, em geral, em crianças com disfluências comuns / desenvolvimento. 
Desempenho em tarefas metalingüísticas
Gagueira infantil: comum presença de erros fonológicos (distúrbios fonológicos).
Disfluências comuns:menos freqüente.
Desempenho em tarefas metafonológicas
Crianças com gagueira: menos de 5 anos, a relação entre meninos e meninas é de 2:1, com o aumento da idade pode chegar a 3,5:1.
Disfluências comuns também ocorrem mais em meninos, embora não constituam propriamente um distúrbio.
Predominância em meninos
Gagueira infantil: contatos articulatórios intensos nos momentos de fala e algumas vezes, com variações bruscas na voz (intensidade e tom). Não é a causa da gagueira, mas repercute no aparelho fonador.
Disfluências comuns / desenvolvimento: não acontece.
Dificuldades fonoarticulatórias
Pode existir associação entre Gagueira e alterações auditivas centrais!
Processamento auditivo central
Há uma variação dos parâmetros quantitativos entre as idades e entre os sexos feminino e masculino. 
Na avaliação quantitativa, é importante verificar se os dados obtidos nas amostras de fala da criança estão ou não dentro do intervalo de confiança esperado para sua idade e sexo. Assim, é útil consultar Tabelas de Referência para o perfil da Fluência na faixa etária da criança que está sendo avaliada. 
Diferenças Quantitativas:
O percentual de sílabas gaguejadas revela-se como um parâmetro quantitativo de especial relevância e está vinculado com a severidade da gagueira.
O percentual acima de 3% de sílabas gaguejadas é indicativo de gagueira infantil.
Estimativas quantitativas devem ser consideradas apenas quando as disfluências gagas puderem ser devidamente documentadas.
Diferenças Quantitativas:
O fonoaudiólogo deve estar atento, pois pode haver períodos de remissão (às vezes longos) nos estágios iniciais da gagueira infantil, quando o período de intermitência é maior:as características clínicas persistem, porém de forma latente, para somente depois se tornarem novamente evidentes.
Relembrando!
A avaliação fonoaudiológica cuidadosa possibilita detectar diferenças importantes nas crianças com gagueira quando comparadas com as crianças disfluentes (comuns).
Pode haver dificuldades sintáxicas e fonológicas.
Gagueira: repetição de sílabas e fonemas + bloqueio + prolongamentos.
Disfluências comuns: repetições de palavras inteiras e frases.
Relembrando
A gagueira faz parte de um contexto maior que é o dos distúrbios da comunicação e que fatores lingüísticos provavelmente estão envolvidos desde o início.
É possível que dificuldades na construção morfossintática oral e em habilidades semânticas estejam associadas nas crianças pequenas que gaguejam. 
Relembrando
A gagueira é um distúrbio quantificável, entretanto, nem sempre uma avaliação quantitativa contribui de forma a garantir o diagnóstico preciso. Por isso, importante acompanhamento longitudinal do caso.
Relembrando

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