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APS RESENHA CRÍTICA: DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO AO ESTADO PÓS DEMOCRATICO

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FACULDADE DOCTUM DE JOÃO MONLEVADE
REDE DE ENSINO DOCTUM
	
RESENHA CRÍTICA: DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO AO ESTADO PÓS DEMOCRATICO
João Monlevade
2018
Do Estado Democrático de Direito ao Estado Pós-Democrático
No que se entende por Estado Democrático de Direito ele tem como princípio os direitos fundamentais e presa como uma característica pilar o surgimento da limitação do estado frente ao exercício do poder. Em vista que, o Estado Democrático de Direito a sua base está relacionada com o Estado Constitucional pois em seu contexto, o indivíduo juntamente com os agentes estatais está certamente submetido a lei frente a concretude da Constituição da República. Em evidência, o Estado Democrático de Direito em sua síntese busca limitar o poder e meramente com isso traz também, o princípio da legalidade escrita que por sua vez é subentendido como uma técnica legislativa. A história do Estado Democrático de Direito vem de uma herança liberal onde parte do pressuposto entre liberdade e poder está enraizada em toda a parte da história humana trazendo a ideia de quanto mais liberdade menor o poder e assim mutualmente. 
Após a Segunda Guerra depois de várias atrocidades, o Estado Democrático de Direito optou a limitar o poder para assim evitar novas catástrofes humanitária e com isso, buscaram o poder máximo da liberdade conciliada com os exercícios da igualdade e da liberdade dos outros e as garantias fundamentais preexistente na Constituição e tornando os inatos, como o princípio que limitou o poder. A uma objeção em que todos os Estados junto com o Estado Democrático de Direito mostram a existência de um poder que fugia da legalidade e na maioria das vezes essa ilegalidade não era transparente, Max relata bem que a legalidade esteve quase sempre a serviço do poder ou seja, a função era legitimar propriamente a lei do mais forte. 
Mesmo o Estado estando frente a lei e o Direito, vivia diante do abismo da ilegalidade produzida por particulares e também pelo próprio Estado pois o poder político ele concretiza e estabelece o Direito. Houve a superação do Estado Democrático de Direito em um novo quadro histórico onde não é a violação dos limites ao exercício do poder, mas, o desaparecimento de qualquer pretensão de valer fazer esses limites. Em primeira instancia na pós - democracia desaparece mais do que a fachada democrática do Estado, os valores do Estado. Alguns sinais de pós – democráticos estão inteiramente relacionados com a sociedade da mercantilização do mundo a sociedade do espetáculo, um cenário onde aproxima o poder político ao poder econômico dando crescimento ao um poder totalmente autocrático assim fazendo com que os valores democráticos se desapareçam e também aos limites rígidos do exercício do poder que nos dias atuais existe apenas como um simulacro. 
A propagação democrática potencializou nos Estados Unidos no período da Guerra Fria que para a maioria se revelava como embuste, que hoje e inalienável o significado de democracia. O desaparecimento dos valores democráticos se deu em nome da “democracia”, ou seja, o termo democrático vem de movimentos antidemocráticos desde o século passado. O “Pós Democrático” se baseia, em um Estado sem limites rígidos onde o poder político e poder econômico estão próximos um do outro e passa a ser semelhantes e sem compostura.
As decisões políticas estão se deslocando da arena da democracia para pequenos grupos, os poderes de decisões são tomados conforme beneficia a globalização em todos os setores mundiais. A obra de Crouch Pós-Democracia revela que em países autoritários a concretização da implementação dos direitos básicos estão longe de serem concretizados, como também é perceptível a ruptura do Estado Democrático de Direito. 
O Pós Democrático de direito segundo Pierre Dardot e Christian Laval foi superado pelo neoliberalismo, ou seja, tudo está se transformando em mercadoria se configurando em Estado Cultural Liberal economia que fortalece a cada instante seu estruturado campo do controle social constituindo fins desejáveis pelos detentores do poder econômico os quais excluem boa parcela da sociedade gerando assim o aumento da violência física e estrutural. 
No Estado Pós-Democrático não há diminuição da intervenção do poder estatal na vida da sociedade, revela-se um estado forte e com tendências arbitrárias permitindo a concentração de poderes sem limites para adquirir os mesmos. A política adota uma funcionalidade intensa na adesão do Neoliberalismo, com isso, desaparecem as políticas inclusivas e de redução de desigualdade. Para sobreviver no Estado Capitalista exige em diferentes termos parte da história dos demais anteriores Estados, como também um estado regulado por leis em prevalência a ideia de reparação entre Estado e sociedade.
O Estado assume a função de realizar a “ justiça social” assegurar o desenvolvimento de cada um e concretizar o projeto de vida digna para todos. Entretanto em um quadro de crise econômica profunda no qual a debilidade da economia nos países capitalistas não permitia minimamente as realizações das promessas do Estado Social com os detentores do poder econômico sedentos por aumentar seus lucros o projeto capitalista teve que assumir a forma de um Estado fascista, antidemocrático e antissocialista. Um Estado que apostava na força como resposta para manter a ordem e resolver os mais variados problemas sociais na medida que incentivava a ausência de reflexão. 
	O Estado Pós-Democrático assume-se como corporativo e monetarista, como protagonista das grandes corporações e destaque para corporações financeiras, nas tomadas das decisões de governo. Um Estado em que o governo se põe abertamente a serviço do mercado da geração de lucro, e dos interesses dos grandes detentores do poder econômico o que faz com que desapareça a perspectiva de reduzir a desigualdade, enquanto a liberdade passa a ser entendida como a liberdade para ampliar as condições de acumulação de capital e geração de lucro. Na pós-democracia o significante “democracia” não desaparece mas perde o seu conteúdo. A democracia persiste como uma farsa, uma desculpa que justifica o arbítrio. Em nome da democracia rompe-se com os princípios democráticos. Falava-se em direitos fundamentais como requisito da democracia em oposição ao totalitarismo no qual uma perspectiva coletiva tinha o potencial de aniquilar os direitos individuais.
Atualmente, um Estado forte e capaz de eliminar os elementos indesejáveis, que antes era considerado uma negatividade inerente ao Estado totalitário, tornou-se uma positividade útil ao capitalismo. Rancière admite a democracia contemporânea, também chamada de pós-democracia, como algo passível de ódio, como o “reino do excesso”, onde se dá a destruição dos limites políticos em razão da “lei da ilimitação própria da sociedade moderna”. Com a “vitória” do modelo capitalista, não há mais necessidade de um conteúdo material (e ético) para o significante “democracia”.
O neoliberalismo, assim como o fascismo clássico, que permitiu o surgimento do Estado Pós-Democrático, também pode ser apresentado como um “capitalismo sem luvas”, um “estagio do capitalismo mais puro”, como afirma Ernest Mandel, sem direitos democráticos nem resistência, próprio de uma época em que as forças empresariais e financeiras normatizaram o seu poder político em todas as frentes possíveis, fabricando ilusões necessárias para que o neoliberalismo e o Estado Pós-Democrático pareçam desejáveis, racionais e necessários.
Outra característica marcante do estado Pós-Democrático é o esvaziamento da democracia participativa, onde a política passa a ser percebida como uma negatividade e a prioridade dos movimentos e campanhas passam a ser o ataque aos adversários. Tendo como resultado mais evidente dessa demonização da política e do “comum”, a passividade e a ausência de protestos diante de políticas públicas que reduzem os direitos da população, e as pessoas passam a enxergar o Estado e a política como inimigos,em vez de enxergá-los como espaço de luta por uma vida melhor e mais digna a todos.
Na pós-democracia, as eleições se revelam uma fraude, onde os detentores de poder econômico “compram” representantes e ainda guardam um trunfo para situações excepcionais. Isso se deu no Chile, em 1973, em que produziu a desestabilização e derrubada do governo eleito em nome da estabilidade.
Não há mais um Estado onde exista efetiva participação popular na tomada das decisões políticas, fato que põem em risco a vontade popular, que passa a ser não atendida. E os governados acabam se revelando um fenômeno artificial e fabricado, onde o eleitor não dispõe de informações para decidir e acabam tendo seu voto influenciado por campanhas de marketing políticas milionárias e o “jornalismo” partidário e corporativo, que visam o “controle da opinião pública”. E a eleição, símbolo da democracia, acaba cedendo espaço para a “deseleição”. 
A concretização dos direitos e garantias fundamentais, que deveria exigir ações do Estado nas mais diferentes áreas, muitas vezes se choca com os interesses dos detentores de poder econômico. E com o esvaziamento da democracia participativa e o abandono do projeto de concretização dos direitos fundamentais, a população mais pobre acaba ficando a margem da sociedade e coroa-se o “processo de desdemocratização” (Dardot e Laval), onde a substância da democracia desaparece, sem que haja a sua extinção formal.
Na “pós-democracia”, o que resta da “democracia” é um significante que serve de álibi às ações necessárias à repressão das pessoas indesejadas, ao aumento dos lucros e à acumulação. Ao afirmar que suas ações se dão em nome da democracia, o Estado busca legitimação externa, ou seja, ético-política. 
	A pós democracia une dois otimismos imbecilizantes, o otimismo da “ideologia do êxito” que vem da ideia de que se você fizer por merecer alcançará os seus sonhos, e o otimismo da “ideologia do Estado total” que o princípio é que o Estado sabe o que é o melhor para você, mesmo que o mesmo o diminuía seus direitos para alcançar o bem maior. Esses otimismos tinham como objetivo à domesticação das populações do campo capitalista, pelos EUA, e do campo socialista, pela URSS.
	A pós-democracia pode ser caracterizada pela transformação de toda prática humana em mercadoria, pela mutação simbólica pela qual todos os valores perdem importância e passam a ser tratados como mercadorias. Com o desaparecimento de limites efetivos ao exercício do poder, em nome da lógica do mercado, instaura-se a pós-democracia.
	Mercadorias são bens com valores de troca, bens produzidos para serem negociados e, assim, gerarem lucro. Por esse motivo Marx escolhe a mercadoria como ponto de partida para sua principal obra. Ele acreditava que nas sociedades em que vigora o capitalismo, a riqueza das sociedades “ aparece como uma enorme coleção de mercadorias”.
	O que caracteriza a mercadoria é a possibilidade de sua substituição e seu descarte. Todos relacionam-se a mercadoria, independente de raça, gênero, crença ou classe. O ato de comprar uma mercadoria pode ser tido como o ato fundador da sociedade capitalista.
	O tratamento do que é humano como mercadoria não é algo novo. O Holocausto judeu é um exemplo desse fenômeno, onde as pessoas, primeiramente, foram consideradas descartáveis e depois mortas, e depois ouve a exploração do sofrimento das vítimas do Holocausto para fins políticos e econômicos, como é ressaltado pelo termo “indústria do Holocausto” criado por Norman Finkelstein, para caracterizar essa capitalização de uma das maiores tragédias da humanidade.
	No discurso neoliberal, o problema da liberdade se coloca e se resolve através do mercado. Segundo Milton Friedman, existem dois modos de organização social: o mercado, que é entendido como a forma não coercitiva de organização social baseada em transações bilaterais formadas e incapazes de controlas os preços dos bens e serviços envolvidos, seria o “berço da liberdade; e o Estado seria tendencialmente autoritário, com o potencial de sufocar as liberdades individuais, o “berço da opressão”. O neoliberalismo, ao invés de criar uma propalada dinâmica libertária, criou uma espécie de despotismo, uma ditadura do mercado, em que se dá a imposição coercitiva das leis de mercado.
	Na pós-democracia não existem obstáculos ao exercício do poder: os direitos e as garantias fundamentais também são vistos como mercadorias que alguns consumidores estão autorizados a usar.
	A promoção da desigualdade não se restringe somente a vida econômica que muitas vezes é promovida muitas pelo seu valor mercadológico, a promoção das desigualdades está ocorrendo também no campo das liberdades públicas. As inviolabilidades se restringem somente há alguns, isso é comprovado pelos mandados de busca e apreensão “coletivos” que contrariam as leis, as prisões desnecessárias e conduções coercitivas fora dos parâmetros legais que ocorrem nas favelas, comunidades periféricas e ocupações de trabalhadores rurais sem-terra. Essas inviolabilidades seletivas são também notadas nos vazamentos seletivos de interceptações telefônicas onde a intimidade é violada, e nas agressões aos manifestantes que defendem posições contrarias aos detentores do poder econômico (violação da integridade física). 
Na “pós democracia” o poder judiciário deixa de ser o garantidor dos direitos e passa a ser o regulador das expectativas dos consumidores, enquanto o direito passa de regulador social para instrumento de mercado, onde o cidadão é mero consumidor e a alteridade e o diálogo são negados, e os conflitos capazes de gerar lucro são incentivados. A “pós democracia” induz à produção massificadas de decisões judiciais, a partir de modelos padronizados, chavões argumentativos e discursos de argumentação previa, buscando aumentar a produtividade para agradar parte dos consumidores estabilizando o mercado e protegendo os detentores do poder econômico. Essa lógica gerencial é baseada na busca de efeitos adequados à razão neoliberal, obrigando os atores jurídicos a segui-la caso queiram ter uma carreira de sucesso, para isso eles devem atuar com base em uma subjetivação contábil e financeira. 
Outra consequência da pós-democracia são os julgamentos espetáculos onde os direitos fundamentais são demonizados e o único objetivo é agradar as audiências autoritárias brasileiras. A justiça se torna uma mercadoria sem forma ou conteúdo estável se distanciando do projeto constitucional de vida digna para todos. O Estados Unidos e a Europa usaram países periféricos como o Brasil e o Chile para testar o modelo pós-democrático de Estado especialmente no que se refere a gestão da população diante a violação e retirada de direitos, onde foi afirmado a passividade das populações desses países periféricos diante das restrições, violações e falta de efetividade de direitos.

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