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DIREITOS HUMANOS ESTACIO

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DIREITOS HUMANOS 
RESUMO
Aula 1: Conceito, características e evolução dos direitos fundamentais
Para Hobbes(matemático, teórico político, e filósofo inglês )os direitos do homem são a base do reconhecimento do exercício do poder político e da formação do Estado. Para ele, a origem do Estado e o reconhecimento do poder político têm por fundamento um contrato social. 
Leviatã, livro de Thomas Hobbes, alega que o ser humano é egoísta por natureza, e tende à autodestruição. Para Hobbes, deveria haver um soberano (Leviatã, título inspirado no nome de um monstro bíblico) para punir quem não obedecesse ao contrato social que estabeleceria a paz.
DIREITOS DO HOMEM X DIREITOS HUMANOS
DIREITOS DO HOMEM – está ligada aos direitos naturais ainda não positivados em nenhum documento escrito, seja internacional, seja interno. 
DIREITOS HUMANOS - ficaria reservado para aqueles direitos naturais positivados na esfera do direito internacional. São posições jurídicas subjetivas reconhecidas expressamente pelo direito internacional como sendo da natureza do ser humano.
A ideia de direitos humanos se cristaliza com:
Carta das Nações Unidas
Declaração Universal dos Direitos do Homem
Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos
Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos e Culturais, 
Uma vez que tais documentos positivam os direitos naturais em seara internacional, consolidando definitivamente o processo de internacionalização dos direitos do homem, até então situados no plano jusnatural.
DIREITOS FUNDAMENTAIS - os direitos fundamentais são os direitos naturais que foram efetivamente positivados na Constituição de um determinado Estado nacional. Isto significa dizer por outras palavras que cada Estado tem sua própria concepção de direitos fundamentais. É por isso que os direitos fundamentais são limitados no espaço e no tempo. 
As principais características dos direitos fundamentais:
IMPRESCRITIBILIDADE 
INALIENABILIDADE – indisponíveis, não se transferem, não podem de negociados economicamente.
IRRENUNCIABILIDADE – não se renuncia, mas podem deixar de ser exercidos voluntariamente. Vale ressaltar que o STF vem admitindo a renúncia, ainda que excepcional, de certos direitos, como é o caso da intimidade e da privacidade. Portanto, ainda que de forma temporária, admite-se a renúncia temporária e excepcional de um direito fundamental, desde que decorrente de um caso em concreto de conflito de direito efetivamente instalado, aplicando-se o princípio da proporcionalidade entre o direito fundamental e o direito que se pretende proteger. Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, exemplificam um caso muito interessante de renúncia temporária e específica, qual seja , "...o que ocorre nos programas de televisão conhecidos como reality shows (Big Brothrer Brasil, por exemplo), em que as pessoas participantes, por desejarem receber o prêmio oferecido, renunciam, durante a exibição do programa, à inviolabilidade da imagem, da privacidade e da intimidade (art. 5º , X , CF)."
HISTORICIDADE – os direitos fundamentais são históricos, os direitos fundamentais não nasceram de uma única vez, sendo fruto de uma evolução e desenvolvimento histórico e cultural.
UNIVERSALIDADE – é para todos
EFETIVIDADE – concretização desses direitos
COMPLEMENTARIDADE – os direitos fundamentais não serão interpretados isoladamente, mas como um conjunto se complementando.
RELATIVIDADE OU LIMITABILIDADE – não existem direitos fundamentais absolutos, todos são relativos ou limitados. Ex: o direito a vida não é absoluto, uma vez que em casos de guerra pode haver pena de morte.
TRÊS PRINCIPAIS FASES DE EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:
 Na Grécia antiga do século V a. C., podemos destacar dois pensadores:
Protágoras - O sofista grego Protágoras já afirmava que “o homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são". Note-se, pois, a centralidade da pessoa humana dentro do pensamento grego clássico.
Sófocles - Na obra de Sófocles, também há nítida manifestação dos direitos humanos, pois quando Antígona desobedece a um édito de seu tio Creonte no sentido de  proibir o sepultamento de Polinice, trava-se um duelo de ideias ressaltando a dicotomia entre o indivíduo e o Estado.
Já a Magna Carta, documento inglês de 1215, limitava o poder do Rei João Sem-Terra em relação aos barões em nítida demonstração da presença dos direitos humanos, na medida em que estabelecia o habeas corpus, o direito à propriedade e o devido processo legal. Em 1628, a Petition of Rights consolidou definitivamente os direitos previstos na Magna Carta de 1215.
Somente a partir do século XVII é que começa a florescer a idéia de afirmação dos direitos naturais com base nas correntes contratualistas lideradas por Hobbes e seguida por Locke e Rousseau. É neste período que ocorre a superação das doutrinas teocráticas do direito divino dos reis. Tal fase perdura até o advento da Revolução Francesa e da Declaração de Virginia de 1776, quando se dá efetivamente a positivação dos direitos do homem em documentos solenes e dotados de hierarquia, transformando-se, como vimos, direitos do homem em direitos fundamentais.
VISÃO ESQUEMÁTICA DA EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:
Grécia antiga ao século XVI : Fase de pré-história dos direitos humanos: compreende o período da polis na Grécia antiga e vai até o fim do feudalismo e da concepção medieval de Estado (até século XVI).
Início do Absolutismo ao Estado de Direito: Fase de afirmação dos direitos naturais: corresponde ao início do absolutismo e da elaboração da doutrina contratualista (Hobbes, Locke e Rousseau), e acaba com a formação do Estado de Direito (séculos XVI e XVII).
Revolução Francesa e Constitucionalização: Fase de constitucionalização dos direitos fundamentais, pois nasce com a Revolução francesa de 1789 ou com a Declaração de Virginia de 1776 e corresponde à atual fase de positivação dos direitos humanos, ou seja, a fase onde os direitos naturais são transformados em direitos fundamentais mediante um processo legislativo de ordem constitucional.
A PRÉ-HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS
Fase estóica grecoromana e do cristianismo surgiram as teses da unidade da humanidade e da igualdade de todos os homens em dignidade perante Deus, ou seja, “os valores da dignidade humana, da liberdade e da igualdade dos homens encontram suas raízes na filosofia clássica, especialmente na greco-romana, e no pensamento cristão.
Já no campo teórico do Estado Medieval, destacamos a concepção dual de poder, vale explicitar a luta pelo poder político entre a Igreja e o Estado. O conceito de soberania ainda não é uno, na medida em que há uma disputa por supremacia entre o poder temporal e o poder eclesiástico.
A FASE DE AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS NATURAIS
Locke, o ato de constituição do Estado é um contrato social, no qual cada indivíduo abre mão de realizar a justiça privada em prol do Estado que fica com a obrigação de garantir as liberdades individuais. Não há cessão de direitos naturais, mas tão-somente reconhecimento do governo civil como elemento assegurador de direitos como a propriedade, vida, liberdade religiosa, liberdade de pensamento, etc. 
 Rousseau, entende que o homem nasce livre, feliz e bom; é a sociedade que o torna escravo e mau. E tudo isso acontece em função da divisão do trabalho e da propriedade privada que geram grandes diferenças entre ricos e pobres, desestabilizando a sociedade politicamente organizada. Nesse sentido, o contratualismo de Rousseau entende que no estado da natureza, o homem essencialmente bom só se preocupa com a sua própria conservação. A ordem social é, pois, um direito sagrado que serve de base a todos os demais. A justificação do Estado surge em nome de uma vontade geral, manifestação inconteste da soberania da nação. Com isso, podemos afirmar que, dentre os contratualistas, Rousseau é aquele que assume posição teorizante que mais se aproxima do princípio democrático eda democracia plebiscitária de participação direta do povo.
A FASE DE CONSTITUCIONALIZAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Há divergências se foi pela Declaração de Direitos do Povo da Virgínia de 1776, ou, à Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789.
Esta fase possui três grandes etapas bem definidas que correspondem respectivamente ao estado liberal, ao estado social e ao estado pós-moderno ou estado pós-social.
Fase liberal : começa com a Revolução francesa de 1789 e vai até a Constituição de Weimar na Alemanha de 1919, coincide com o liberalismo político da burguesia francesa em ascensão. Com base na negação do absolutismo, o constitucionalismo liberal fixa uma concepção jurídica de Estado mínimo que rejeita os privilégios estamentais do Estado absolutista. Para tanto, estabelece constitucionalmente um catálogo de direitos negativos com ênfase especial nos direitos civis e políticos.
Fase da democracia social : se estende de Weimar até o fim da queda do muro de Berlim em 1989 . 
Fase Atual - estado pós-moderno: que se inicia com o fim da bipolaridade geopolítica e também com o colapso do welfare state. Diferente é a concepção do welfare state, entre nós, denominado de Estado do Bem-Estar Social ou simplesmente Estado Social. Sem descurar dos direitos civis e políticos, o Estado Social procura ampliar o catálogo de direitos fundamentais do cidadão comum, incorporando uma nova plêiade de direitos sociais, econômicos, culturais e trabalhistas. Nesse sentido, o Estado social surge como reação ao liberalismo, na medida em que impele o Estado a ampliar suas próprias responsabilidades constitucionais garantidoras da igualdade real ou material. Sem embargo da sua nobre aspiração, o fato é que o advento da globalização econômica vem pondo em xeque a soberania estatal e a legitimidade do Estado para intervir nas relações jurídicas privadas. A crise do Estado de bem estar social é, também, a crise do constitucionalismo dirigente. Nesse sentido, é inelutável a argumentação de que a consecução dos objetivos do welfarismo (igualdade material e distribuição da justiça social) é dependente de grandes recursos financeiros do Estado. Da mesma forma, é inquestionável que o fim da bipolaridade geopolítica e o triunfo do capitalismo sobre o socialismo real vêm criando as condições ideais para a formação de um novo paradigma estatal, agora dito pós-moderno ou pós-social. Enfim, com isso chegamos ao fim da análise das fases de evolução dos direitos humanos, desde sua pré-história, perpassando-se pela fase de afirmação dos direitos naturais dos filósofos contratualistas Hobbes, Locke e Rousseau, até finalmente alcançar-se a fase de constitucionalização e suas três grandes etapas, quais sejam: a democracia liberal, a social democracia e a democracia pós-social ou pós-moderna, ainda em construção.
AVALIANDO O APRENDIZADO:
1.Com relação à questão terminológica envolvendo os conceitos da teoria jurídica contemporânea, podemos afirmar que é a positivação em uma Constituição de um determinado Estado que transforma direitos do homem(direitos naturais) em: direitos fundamentais
2. Sobre a afirmação histórica dos direitos do homem, dos direitos fundamentais e dos direitos humanos, assinale a opção correta: A consagração dos direitos individuais nos primeiros documentos constitucionais solenes simboliza a transição entre as fases de reconhecimento dos direitos do homem em direitos fundamentais.
3. Entende-se por Direitos Humanos: os direitos marcados pela evolução dos direitos fundamentais, ascensão ao plano internacional dos direitos fundamentais.
4. A Constituição Federal de 1988, trouxe em seu Título II, os Direitos e Garantias Fundamentais, subdivididos em cinco capítulos. Assinale a opção correta: Direitos sociais: são referentes à educação, saúde, trabalho, previdência social, lazer, segurança, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados. Sua finalidade é a melhoria das condições de vida dos menos favorecidos, concretizando assim, a igualdade social.
5. Com relação as características dos direitos fundamentais, entende-se por imprescritibilidade: que o exercício dos direitos fundamentais nunca deixa de ser exigível, isto é, os direitos fundamentais não se perdem pelo decurso do tempo.
6. A concepção jurídica do Estado liberal diferencia-se da concepção do Estado social, na medida em que o modelo liberal propõe: Um Estado mínimo, com ênfase na proteção dos direitos civis e políticos, enquanto o modelo de estado social propõe um Estado intervencionista, com ênfase na proteção dos direitos sociais, econômicos e culturais.
Aula 2 – A concepção dos direitos fundamentais na constituição de 1988
DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CRFB
No entanto, o próprio José Afonso da Silva alerta que o catálogo de direitos fundamentais do cidadão brasileiro não se limita aos direitos acima descritos, ao revés, existem outros direitos espalhados ao longo da Constituição, como, por exemplo, os direitos fundados nas relações econômicas (arts. 170 a 192), o direito à saúde (artigo 196) e à educação (artigo 205), o princípio da anterioridade tributária (art.150, III, b), e muitos outros.
Desta feita, é importante reconhecer que o catálogo de direitos fundamentais do cidadão brasileiro se perfaz mediante:
direitos explícitos: Título II e outros direitos positivados ao longo da Constituição;
direitos implícitos: aqueles decorrentes da autorização do § 2º do art. 5º de nossa Carta Maior, quais sejam, os decorrentes do regime, princípios constitucionais e tratados internacionais.
Direitos fundamentais na CF:
Direitos individuais e sociais
Art. 5º - DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Direitos à nacionalidade
Art. 12
Direitos políticos
Arts. 14 a 17
Direitos sociais
Arts. 6º e 193 e ss.
Direitos coletivos
Art. 5º
Direitos solidários
Arts. 3º (Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
e art. 225 (meio ambiente)
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
ANÁLISE DO ART. 5º, § 2º
Trata de abertura do sistema brasileiro de direitos fundamentais:
Sistema aberto de regras e princípios: Autoriza a existência de direitos fundamentais positivados em outras partes do texto constitucional e até mesmo em tratados internacionais, bem assim para a previsão expressa da possibilidade de se reconhecer direitos fundamentais não-escritos, implícitos e decorrentes do regime e dos princípios da Constituição.
Sistema aberto da CF: nossa Constituição é um sistema aberto de regras e princípios e não mais um sistema fechado de regras. Isso significa dizer que a nova interpretação constitucional tem um viés dinâmico que se traduz em maior capacidade de reaproximar o direito da ética. Tal fato se dá por meio da estrutura aberta dos princípios constitucionais, que evidentemente permite ao exegeta captar o sentido da norma consoante o sentimento constitucional de justiça. É nesse passo, que o juiz fica autorizado a invocar valores éticos na solução dos problemas jurídicos a resolver, não ficando preso a uma aplicação axiomática da lei, vale dizer, uma aplicação pautada na mera subsunção do fato à norma.
A aplicação axiomática da lei acredita na completude do direito dentro de um sistema fechadode regras, como se o direito fosse capaz de regular in abstracto todo o mundo dos fatos. No positivismo jurídico, não há espaço para a efetividade de princípios, cuja aplicação é axiológica e não axiomática, uma vez que princípios são aplicados mediante um processo de ponderação de valores e não na base do “tudo ou nada” das regras jurídicas.
A Constituição de 1988 deve ser percebida como um sistema aberto que desloca para a centralidade do ordenamento jurídico a força normativa de regras e princípios, e não, apenas de regras. O intérprete ganha maior autonomia para realizar a Constituição, pois, tem maior legitimidade para captar o significado da letra da lei in abstrato transformando-a em norma efetivamente concretizada.
Há portanto, um sistema misto de regras e princípios, de modo a eliminar as inconveniências tanto de um "sistema puro de regras" (capacidade limitada de realizar a justiça social) quanto de “sistema puro de princípios” (capacidade limitada de gerar segurança jurídica).
AVALIANDO O APRENDIZADO
1. Os tratados internacionais de direitos humanos incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro: reforçam o caráter aberto da Constituição.
2. Segundo a sistematização elaborada pelo professor José Afonso da Silva sobre a concepção dos direitos fundamentais na Constituição de 1988, podemos dizer que o direito que todos os indivíduos têm, ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações, tem previsão no rol dos direitos: Solidários.
3. Na Constituição de 1988, os direitos referentes à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados¿, encontram-se formalmente previstos no rol dos direitos: Individuais e Sociais.
4 - Tema de particular importância no estudo dos direitos humanos está relacionado com a posição hierárquica ocupada pelos tratados internacionais ratificados pelo Brasil em nosso ordenamento jurídico. Isto porque, a Emenda Constitucional n. 45 de 2004 regulou expressamente a incorporação dos tratados internacionais sobre direitos humanos. É neste contexto que se pode afirmar que os tratados internacionais sobre direitos humanos, na ordem interna brasileira: equivalem à emenda constitucional desde que aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros.
5- Acerca da incorporação dos tratados internacionais sobre direitos humanos na ordem interna, analise as seguintes afirmativas: I Os tratados internacionais sobre direitos humanos, na ordem interna, não podem ter status de supralegalidade. II Os tratados internacionais sobre direitos humanos incorporados à ordem interna brasileira sempre serão considerados como emendas constitucionais, independentemente do modo de sua aprovação pelo Congresso Nacional; III Os tratados internacionais sobre direitos humanos, na ordem interna, podem equivaler à emenda constitucional, caso sejam aprovados com maioria de três quintos e em dois turnos. IV Os direitos previstos nos tratados internacionais sobre direitos humanos podem fazer parte do catálogo de direitos fundamentais do cidadão brasileiro, de acordo com a cláusula de abertura do art. 5º, § 2º, da CRFB/88. Somente é CORRETO o que se afirma em: III e IV.
6 - O pós-positivismo jurídico busca dar força normativa aos princípios constitucionais. Portanto, é correto afirmar que, hoje em dia, no centro da Constituição encontra-se: A proteção dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana.
Aula 3: Os Direitos Fundamentais e suas três dimensões
AS GERAÇÕES DO CONCEITO:
A evolução dos direitos fundamentais podem ser dividads em 3 gerações:
Liberdade: direitos civis (individuais) e políticos. O Estado se abstém de interferir nestes direitos individuais.
Igualdade: direitos sociais, econômicos, culturais, trabalhistas. O Estado promove o bem estar social.
Fraternidade: direitos coletivos e difusos. Direitos baseados na solidariedade, ex: proteção ao meio ambiente, direito do consumidor, a busca do desenvolvimento econômico, os direitos do gênero humano, patrimônio comum da humanidade (preocupação com os destinos da humanidade)
Cumpre alertar ao aluno desde logo que a terminologia “gerações de direitos fundamentais” é bastante controversa na esfera doutrinária, uma vez que projeta implicitamente a idéia de que uma geração supera a outra, o que evidentemente não é verdade. Uma geração não é substituída pela outra, mas, sim, complementa a outra; eis a razão pela qual diversos autores preferem usar a expressão “dimensões dos direitos fundamentais” no lugar de “gerações de direitos”.
DIMENSÃO VERSUS GERAÇÃO
Quarta geração - adotada pela doutrina pátria (Paulo Bonavides e outros) e doutrina alienígena (Noberto Bobbio): direito a democracia, pluralismo, informação, dentre outros.
Quinta geração – adotada por Augusto Zimmerman: cibernética, realidade virtual, pois a internet possibilita o rompimento de fronteiras e o aumento de conflitos envolvendo assim e as diversas realidades virtuais que cada Estado possui.
ANÁLISE DA PRIMEIRA DIMENSÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
A primeira dimensão de direitos surge como reação ao mecanismo de concentração do poder político do Estado absolutista, cuja arquitetura jurídica prejudicava a burguesia ascendente. E assim é que a positivação dos direitos de primeira dimensão em documentos solenes e superiores tem dupla conotação: de um lado, a sacralização do pacta sunt servanda e, do outro, a criação de um modelo de garantismo constitucional respaldador da estatalidade mínima.
Observe, com atenção, que os direitos de primeira dimensão são predominantemente diretos negativos de não intervenção do Estado no domínio privado. Em regra, não demandam ações estatais positivas para a sua concretização; é um “não fazer” do Estado, daí a idéia de direitos de defesa que demarcam zonas rígidas de não-intervenção estatal nas relações jurídicas privadas.
EXPLORANDO A PRIMEIRA DIMENSÃO
Direito a vida
Direito a Liberdade (individual, locomoção, pensamento , imprensa, manifestação, expressão coletiva, reunião, associação, etc.)
Direito a propriedade
Direito a igualdade: perante a lei ( igualdade formal), igualdade em termos de garantia processual: devido processo legal, HC, direito de petição, etc.
Direito de participação política: direito a voto, capacidade eleitoral ativa e passiva, partidos políticos, etc.
ANÁLISE DA SEGUNDA DIMENSÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
É a consolidação do welfare state (Estado Providência) e do dirigismo constitucional. Após a instalação da burguesia no poder, instaura-se o modelo econômico capitalista, capitaneado pelos impactos da Revolução Industrial, que não tardou a impor às massas de trabalhadores um quadro lamentável de verdadeira miséria humana. Isto significa dizer que o rol jusfundamental pautado apenas nos direitos civis e políticos não teve o condão de garantir a dignidade da pessoa humana, ainda que em sua expressão mínima.
Com efeito, os importantes avanços da democracia liberal, a igualdade formal perante a lei, a garantia dos direitos civis e políticos, a separação de poderes como meio de limitar o arbítrio estatal e muitos outros, não foram capazes de criar condições mínimas indispensáveis ao efetivo gozo dos direitos fundamentais. Tal incapacidade deu azo à fixação de uma nova categoria de direitos fundamentais, agora ditos de segunda dimensão, cuja concretização efetiva deveria ser feita pelo Estado mediante ações prestacionais positivas.
 DIREITOS DA SEGUNDA DIMENSÃO
A maior parte da doutrina aponta a Constituição mexicana de 1917 e em especial a de Weimar de 1919 na Alemanha como marcos de inovação na ordem constitucionalno que diz aos direitos de segunda dimensão (sociais, econômicos, culturais e trabalhistas).
ANÁLISE DA TERCEIRA DIMENSÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
A terceira dimensão dos direitos fundamentais também é conhecida como a dimensão dos direitos de fraternidade e de solidariedade, na medida em que a titularidade dos direitos transcende o homem-indivíduo para alcançar determinados grupos humanos, como por exemplo, a família, os consumidores, a nação, etc. São os direitos coletivos (grupo determinado que tem em comum a natureza jurídica) ou difusos ( pessoas indeterminadas ligadas por uma circunstância de fato, não havendo vinculo comum de natureza jurídica e ainda os direitos individuais homogêneos, que são decorrentes de origem comum, ou seja, nascidos em consequência da própria lesão.
A classificação dos direitos fundamentais em dimensões é mais apropriada do que gerações, vez que projeta a ideia de complementaridade ao invés de ruptura.
AVALIANDO O APRENDIZADO
1. A primeira geração ou dimensão de direitos surge como reação ao mecanismo de concentração do poder político do Estado absolutista, cuja arquitetura jurídica prejudicava a burguesia ascendente. A liberdade como direito fundamental pode ser classificada como um direito de: Primeira geração.
2. O descaso para com os problemas sociais, que veio a caracterizar o État Gendarme, associado às pressões decorrentes da industrialização em marcha, o impacto do crescimento demográfico e o agravamento das disparidades no interior da sociedade, tudo isso gerou novas reivindicações, impondo ao Estado um papel ativo na realização da justiça social. O ideal absenteísta do Estado liberal não respondia, satisfatoriamente, às exigências do momento. Uma nova compreensão do relacionamento Estado/sociedade levou os poderes públicos a assumir o dever de operar para que a sociedade lograsse superar as suas angústias estruturais. Daí o progressivo estabelecimento pelos Estados de seguros sociais variados, importando intervenção intensa na vida econômica e a orientação das ações estatais por objetivos de justiça social. Gilmar Ferreira Mendes et al. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 223 (com adaptações). Esse texto caracteriza, em seu contexto histórico, a: A segunda dimensão de direitos fundamentais.
3. Sobre as gerações de direitos fundamentais, é correto afirmar que: Há uma relação de complementaridade entre as 3 gerações, de maneira que nenhuma delas pode ser apontada como mais importante do que a outra. Da mesma forma, uma geração de direitos não substitui a outra, daí a opção da doutrina pela expressão dimensões de direitos no lugar da expressão gerações de direitos.
4. São direitos fundamentais de segunda dimensão do Estado Social de Direito (Welfare State): Direito dos trabalhadores e proteção dos hipossuficientes.
5. Sobre os direitos fundamentais e suas dimensões, analise as afirmações e marque a alternativa CORRETA: a) Os direitos fundamentais de primeira dimensão são predominantemente diretos negativos de não intervenção do Estado no domínio privado. Em regra, não demandam ações estatais positivas para a sua concretização.
6. Sobre as dimensões dos direitos e garantias fundamentais, é correto afirmar-se que: c) os temas relacionados à proteção ao meio ambiente são identificados como expressão dos direitos fundamentais de terceira dimensão, também designados direitos de fraternidade ou de solidariedade.
Aula 4: A aplicabilidade das normas constitucionais: a classificação tradicional e a doutrina brasileira da efetividade
Vigência - aponta para a existência ou inserção da norma no mundo jurídico.
Eficácia - diz respeito à aptidão para produzir efeitos na ordem jurídica. 
Assim sendo, é perfeitamente possível que uma norma esteja em vigor, sem, porém, produzir efeitos, como, por exemplo, uma lei já aprovada, aguardando o período de vacatio legis.
TIPOLOGIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA PLENA
As normas constitucionais de eficácia plena são aquelas de aplicabilidade imediata, direta, integral, desde a entrada em vigor da Constituição, sem a necessidade de regulamentação por uma norma infraconstitucional editada posteriormente pelo poder constituinte derivado. São também chamadas de normas constitucionais preceptivas (cf. Marcelo Rebelo de Souza). Vejamos dois exemplos:
Art. 2º CF- são poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Art. 14 § 2º CF- Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.
NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA
As normas constitucionais de eficácia contida também têm aplicabilidade imediata, desde a entrada em vigor da Constituição. Entretanto, podem ter seu alcance restringido nos casos e na forma que a lei infraconstitucional estabelecer. O legislador comum pode restringir, mas não pode ampliar o alcance da norma constitucional. Neste sentido, o poder constituinte originário deixou margem de manobra para a ação regulamentadora do legislador derivado. São também conhecidas como normas de eficácia redutível ou restringível (cf. Michel Temer) e normas de eficácia relativa restringível (cf. Maria Helena Diniz). Vejamos dois exemplos:
Art. 5º inciso XIII CF- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.
Art. 5º inciso XII CF- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução penal.
NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA
Tem que ser complementada por outras normas para ser aplicada que pode ser tanto do legislativo quanto do executivo.
Se divide em:
Normas de princípio institutivo - depende de lei par dar concretude as instituições, órgãos ou pessoas previstas pelo legislador originário.
Art. 18. § 3º CF - Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.
Normas de princípio programático - não precisa de lei superveniente para garantir a sua aplicabilidade. São normas programáticas com eficácia jurídica. Ex: Art. 205. CF A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
A PROPOSTA TIPOLÓGICA DE LUÍS ROBERTO BARROSO
Normas constitucionais definidoras de direitos: fixam os direitos fundamentais dos indivíduos.
Normas constitucionais de organização: organiza o exercício do poder político.
Normas constitucionais programáticas: traçam os fins públicos a serem alcançados pelo Estado.
O art. 5º §1º garante que os direitos e garantias fundamentais previstos pela Carta Ápice brasileira são de aplicabilidade imediata, sem necessidade de qualquer regulamentação posterior. Neste sentido, cabem, inter alia (entre outra coisas), Mandado de Segurança Coletivo, Habeas Data e Mandado de Injunção, independentemente de qualquer regulamentação.
POSIÇÃO COMPROMISSÓRIA DA CRFB E A DOUTRINA DA EFETIVIDADE
A principal missão é atribuir força normativa aos princípios constitucionais, independentemente da ação legislativa do Congresso Nacional.
A doutrina da efetividade tem como objetivo o reconhecimento de que todo e qualquer direito constitucional tem aplicabilidade direta e imediata, sem necessidade de interposição legislativa superveniente.
Não importa se um direito constitucional foi insculpido na forma de uma norma de eficácia limitada ou norma programática, seu conteúdomínimo tem aplicação imediata, sem necessidade de regulação por parte do legislador e sem necessidade de se fazer ponderação de valores com outras normas constitucionais (é o neoconstitucionalismo).
AVALIANDO O APRENDIZADO
1. É considerado norma de eficácia contida o seguinte dispositivo da Constituição Federal: o art. 5º, XIII: é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.
2. A norma constitucional cuja aplicação não dependa de intervenção legislativa superveniente, gerando seus efeitos de per si é considerada norma de eficácia: PLENA
3. Com relação à doutrina brasileira da efetividade, analise as assertivas abaixo e assinale a resposta CORRETA: I. A doutrina brasileira da efetividade é especialmente importante na proteção dos direitos fundamentais de defesa de primeira dimensão, na medida em que tais direitos são direitos negativos e exigem uma postura absenteísta do Estado. II. No atual Estado de Direito, as normas constitucionais de eficácia limitada não têm nenhuma eficácia: as duas assertivas são falsas.
4. A norma constitucional cuja aplicação não dependa de regulamentação por norma infraconstitucional e que tenha aplicabilidade direta, integral e imediata, é considerada de eficácia: PLENA
5. São normas constitucionais de eficácia contida aquelas: em que o legislador constituinte regulou suficiente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte do legislador infraconstitucional.
6 - Com relação ao rol jusfundamental do cidadão brasileiro, analise as assertivas abaixo e assinale a resposta CORRETA: I) A Constituição de 1988 é um sistema fechado de regras jurídicas que só admite os DIREITOS FUNDAMENTAIS EXPLÍCITOS. II) A Constituição de 1988 é um sistema aberto de regras e princípios e também admite DIREITOS FUNDAMENTAIS IMPLÍCITOS, advindos do artigo 5º, § 2º: a assertiva I é falsa e a assertiva II é verdadeira.
Aula 5: A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível
Existem muitos outros fatores que comprometem a efetividade dos direitos sociais, como por exemplo:
1) uma crescente inflação de direitos fundamentais (direito ao sono, direito ao turismo, direito a não se submeter a trabalho aborrecido, etc.);
2) a baixa densidade normativa dos direitos sociais que dependem da ação interpretativa do operador do direito; 
3) o caráter programático dos direitos sociais que se submetem à regulamentação superveniente do legislador ordinário.
Tais fatores vêm induvidosamente reduzindo a eficácia jurídica dos direitos sociais. Daí muitos autores não considerarem os direitos sociais como verdadeiros direitos fundamentais. À margem das controvérsias existentes quanto à conveniência de se consagrarem os direitos sociais e econômicos como legítimos direitos fundamentais, é necessário admitir que nosso constituinte optou por lhes reconhecer status privilegiado em nossa ordem constitucional.
Com efeito, mantendo-se o argumento apenas no plano topográfico-literal, cumpre observar que nosso constituinte, na divisão do Título II da Constituição, reconhece a existência de quatro “espécies” de direitos fundamentais: 
os direitos e deveres individuais e coletivos (Capítulo I),
os direitos sociais (Capítulo II), 
os direitos de nacionalidade (Capítulo III) e 
os direitos políticos (Capítulos IV e V).
APLICABILIDADE X TRATAMENTO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Todos tem a aplicação imediata , conforme prevê o art. 5º parágrafo 2º CF, mas o tratamento difere por causa das diferenças e dificuldades que cada um apresenta.
CONCEITO DE RESERVA DO POSSÍVEL FÁTICA
A eficácia dos efeitos sociais fica dependente da reserva do possível fática, ou seja, se há recurso disponível no orçamento público.
Os direitos sociais são subjetivos, e ao aplicar a reserva do possível para tudo, reduz-se a eficácia por completo desses direitos.
DIFICULDADE CONTRAMAJORITÁRIA
O juiz não pode exercer sua vontade política para formular políticas públicas ao criar o direito. Essa é a dificuldade que é imposta ao judiciário, uma limitação.
LEGISLATIVO X JUDICIÁRIO
Em consequência, não pode prosperar a tese da reserva do possível fática como obstáculo intransponível à efetividade dos direitos sociais, notadamente nesses tempos de interpretação moral da Constituição e da dogmática pós-positivista que reaproxima o direito da ética. De outra banda, há que se reconhecer que a superação da tese da reserva do possível fática (e, na sua esteira, da impossibilidade financeira do Estado) deve se limitar à garantia do conteúdo mínimo das normas constitucionais.
CONCEITO DE RESERVA DO POSSÍVEL JURÍDICA
Para além da questão da reserva do possível fática, existe ainda, no âmbito do direito constitucional brasileiro, a reserva do possível jurídica, ou seja, mais uma limitação à plena efetividade dos direitos sociais, e desta feita com base em prescrição constitucional que atribui ao poder legislativo a competência para aprovar as leis orçamentárias (plano plurianual, lei de diretrizes orçamentária e lei do orçamento anual), cuja iniciativa é privativa do Presidente da República.
Isso significa dizer que o poder judiciário não tem legitimidade constitucional para participar da elaboração orçamentária, salvo naquilo que tange à sua autonomia financeira.
Em outros termos, a fixação de políticas públicas (escolha de prioridades dentro do orçamento público) se encontra no campo discricionário dos poderes legislativo e executivo, responsáveis pela elaboração das leis orçamentárias que regulam os gastos públicos. Não cabe ao poder judiciário superar a reserva do possível jurídica, criando direitos a prestações positivas sem que haja expressa previsão legislativa e/ou administrativa para tanto.
EXPLORANDO O CONCEITO
Em última instância, a reserva do possível jurídica pretende atuar como óbice ao positivismo jurisdicional, expressão cunhada por Pedro de Vega García (segundo Gilberto Bercovici) e que significa a criação jurisdicional do direito, isto é, o ativismo judicial no qual o juiz age como legislador positivo ao fixar sua decisão judicial, independentemente da existência ou não da letra da lei. 
O MAGISTRADO E A RESERVA DO POSSÍVEL JURÍDICA
A reserva do possível jurídica: impedir que magistrados – mediante sua atividade jurisdicional normal - tenham o poder de fixar políticas públicas, agindo como legisladores positivos, pois não têm autorização constitucional para participar do processo legislativo atinente ao orçamento público.
Entendemos que há um rol de direitos sociais que integra o núcleo essencial da dignidade da pessoa humana e por isso mesmo são direitos subjetivos diretamente sindicáveis perante o poder judiciário com validade erga omnes.
AVALIANDO O APRENDIZADO 
1. Com relação ao Estado social (welfare state), analise as assertivas abaixo e assinale a resposta CORRETA: I) O Estado social incorporou a segunda dimensão dos direitos fundamentais ao fixar um novo catálogo de direitos positivos, voltado precipuamente para o bem-estar social de toda a sociedade. II) O Estado social volta-se para a proteção dos hipossuficientes e para a busca da igualdade material: ambas assertivas são verdadeiras.
2. O fato de o poder judiciário não estar autorizado constitucionalmente para participar da feitura das leis orçamentárias caracteriza a: reserva do possível jurídica.
3. A busca da efetividade das normas constitucionais, em especial das normas garantidoras dos direitos sociais é feita a partir de uma dogmática baseada em fórmulas hermenêuticas de reaproximação entre a ética e o direito e que se pauta no modelo: pós-positivista
4. Com relação aos direitos sociais, é correto afirmar que sua efetividade: é dificultada pela falta de recursos financeiros do Estado, representada pela reserva do possível fática.
5. No âmbito do direito constitucional brasileiro, são direitos sociais. EXCETO: Liberdade de locomoção.
6. No âmbito do neoconstitucionalismo,prevalece a tese da força normativa da Constituição. Assim sendo, a ideia de que existe uma dificuldade financeira de o Estado garantir todo o rol de direitos sociais recebe a denominação de: Reserva do possível fática
Aula 6: O conceito de mínimo existencial
A divisão das duas primeiras gerações de direitos encontra fundamento normativo no direito internacional ao se constatar que os dois Pactos organizados pelas Nações Unidas, em 1966, utilizam justamente esta distinção: Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e Pacto Internacional sobre Direitos Sociais, Econômicos e Culturais.
	Assinala-se, todavia, que na doutrina internacional prevalece a visão de que os direitos humanos, de modo geral, são interdependentes e inter-relacionados, de maneira que não há qualquer relação de hierarquia entre eles.
Foi determinada a aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais na CF, mas nem todos os direitos merecem o mesmo tratamento, visto as diferenças e dificuldades que cada direito tem em termos efetividade ou eficácia social.
As questões dos custos - refere-se aos direitos sociais e o Estado é quem arca com essas despesas, sendo que há uma certa escassez de recursos, logo, o judiciário não pode interferir nas escolhas relacionadas a alocação do recurso público.
A questão da omissão – o legislativo e o executivo não podem se omitir em seu dever de integrar a previsão constitucional.
DIREITOS SOCIAIS E JUSTICIABILIDADE
A justiciabilidade dos direitos sociais está diretamente relacionada à distinção entre regras e princípios proposta por Robert Alexy, que afirma serem os princípios “comandos de otimização” a serem realizados na máxima medida fática e juridicamente possível, e reconhecendo-se que, em geral, os direitos sociais estão escritos sob a forma de princípios, e não de regras, é até natural que a justiciabilidade de tais normas não seja plena, pois dependerá do resultado do sopesamento a ser efetuado com outras normas igualmente fundamentais, como o princípio da igualdade e a reserva do possível.
O reconhecimento dos direitos sociais como direitos escritos sob a forma de normas principiológicas permite que não lhes seja negada a característica de serem verdadeiros direitos fundamentais, ao mesmo tempo em que não incorre no inconveniente (e na verdadeira impossibilidade fática) de afirmar a sua plena justiciabilidade, característica das normas escritas sob a forma de regras.
A JURISPRUDÊNCIA DO STF E O MÍNIMO EXISTENCIAL
A partir do momento em que se chama a atenção para a necessidade de se analisar a justiciabilidade dos direitos sociais como mecanismo que permite ao Judiciário fiscalizar a concreta implementação dos direitos fundamentais sociais inscritos na Constituição de 1988, torna-se necessário examinar como os tribunais vêm cumprindo com esta função, em especial o STF, guardião supremo da Constituição.
Há alguns anos (2004), Ricardo Lobo Torres assinalou que aquela corte não dispensava atenção ao problema do mínimo existencial, a não ser incidentalmente. Desde então, muito embora não se possa estabelecer um padrão rigoroso dos julgamentos feitos pelo STF, a análise de algumas decisões permite avançar um pouco neste objetivo.
Inicialmente, duas decisões monocráticas proferidas pela então Presidente do STF, Ministra Ellen Gracie, pareciam indicar que ela não estaria disposta a reconhecer a plena justiciabilidade dos direitos sociais.
Para que um direito social tenha a sua aplicabilidade reconhecida de fato deve haver o direito ao mínimo existencial.
Para a concretização dos direitos de segunda geração, deve haver:
a razoabilidade da pretensão individual/social deduzida em face do Poder Público. (mínimo existêncial para a dignidade da pessoa humana)
a existência de disponibilidade financeira do Estado para tornar efetivas as prestações positivas dele reclamadas.
INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO – trata da inercia diante dos demais direitos sociais pendentes de regulamentação infraconstitucional.
AVALIANDO O PRENDIZADO
Os conceitos em cuja base se encontra a conformação de um patrimônio jurídico fundamental, acervo de direitos subjetivos mínimos sem os quais qualquer pretensão de vida digna seria improvável, denominam-se: princípio da dignidade humana e mínimo existencial
2. Com relação à teoria do mínimo existencial, assinale a alternativa CORRETA: A dignidade da pessoa humana simboliza o novo eixo axiológico do Estado Democrático de Direito contemporâneo, sendo mesmo considerada para grande parte da doutrina pátria como sendo o núcleo essencial dos direitos fundamentais.
3. Analise as assertivas abaixo e assinale a resposta CORRETA: I. A íntima vinculação de diversos direitos sociais com o direito à vida e com o direito à dignidade humana leva à necessidade de se reconhecer que ao menos na esfera das condições existenciais mínimas encontramos um claro limite à liberdade de conformação do legislador. II. As normas constitucionais que asseguram direitos sociais são meras normas programáticas e, portanto, insuscetíveis de gerar prestações subjetivas. R: a assertiva I é verdadeira e a assertiva II é falsa.
4. Analise as assertivas abaixo e assinale a resposta CORRETA: I - Por implicarem custos que devem ser arcados pelo Estado para a sua satisfação, dentro de um panorama de escassez de recursos, o poder judiciário não pode, em nenhuma hipótese, interferir no âmbito das escolhas relacionadas à alocação dos recursos públicos. II - O mínimo existencial implica, desde logo, o respeito a uma dimensão prestacional mínima dos direitos sociais. R: Os direitos sociais ligados ao mínimo existencial, por implicarem custos que devem ser arcados pelo Estado para a sua satisfação, não autorizam o ativismo do poder judiciário na sua concretização.
5. Leia o trecho abaixo retirado do voto de Celso de Mello na ADPF 54: A meta central das Constituições modernas, e da Carta de 1988 em particular, pode ser resumida, como já exposto, na promoção do bem-estar do homem, cujo ponto de partida está em assegurar as condições de sua própria dignidade, que inclui, além da proteção dos direitos individuais, condições materiais mínimas de existência. Ao apurar os elementos fundamentais dessa dignidade (o mínimo existencial), estar-se-ão estabelecendo exatamente os alvos prioritários dos gastos públicos. A partir do texto, aponte a única resposta que não corresponde ao conceito de mínimo existencial: Os direitos sociais ligados ao mínimo existencial, por implicarem custos que devem ser arcados pelo Estado para a sua satisfação, não autorizam o ativismo do poder judiciário na sua concretização.
6. Sobre o princípio da dignidade da pessoa humana, é CORRETO afirmar que: Contém um núcleo essencial, que não admite restrição, denominado mínimo existencial.
Aula 7: Os direitos fundamentais e suas garantias constitucionais
DIREITO DE PETIÇÃO
Tem raízes no Bill of Rights de 1989. Visa evitar demandas judiciais desnecessárias. Pode ser usado por qualquer pessoa, física, jurídica, grupos de indivíduos e estrangeiros. Não pode ser usado por forças militares, salvo militar individualmente, respeitados os princípios constitucionais da disciplina e hierarquia. Pode ser feito em nome próprio ou da coletividade (foi incluído no rol dos direitos coletivos).
Resposta: pela Lei 9051/95, o prazo é de 15 dias, a CF não positivou o prazo.
Constituições que positivaram o direito de resposta:
Colômbia
Equador
Venezuela
Para José Afonso da Silva - a falta de resposta , recusa ou omissão cabe MS.
Para Michel Temer – o direito de petição carece de impulsão e por isso é pouco utilizado.
DIREITO DE CERTIDÕES
Colabora para o exercício da cidadania, pois as certidões serão usadas para defesa de direitos ou esclarecimento de interesse pessoal.
Tanto no direito a petição quanto ao de certidão não se cobra taxa, porém não isenta de custas, emolumentos ou honorários. A isenção de taxas não pressupõe a gratuidade.
GRATUIDADE NA CF:	
LXXIV– assistência integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
LXXVI - registro civil e certidão de óbito para os reconhecidamente pobres na forma da lei;
LXXVII – ações de HC e habeas data, e atos necessários ao exercício da cidadania na forma da lei.
HC (tomes o corpo do detido e venha o tribunal resolver sobre o homem e o caso)
Ocorrerá sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade (qdo extrapolar os limites da lei) ou abuso de poder ( quando desviar de sua finalidade, embora autorizado pela lei. Só pode ser cometido por autoridade pública).
Funcionamento desse instrumento
Pode ser:
Preventivo – quando ameaça de sofrer violência ou coação na liberdade de locomoção. Será expedido o salvo-conduto ou ordem liberatória.
Liberatório ou repressivo – quando estiver efetivamente sofrendo a violência ou coação na liberdade de locomoção. 
Cabe liminar para ambas as espécies.
Periculum in mora – dano irreparável
Fumus boni iuris – ilegalidade ou abuso de poder
Legitimidade:
Pode ser impetrado por qualquer pessoa, em nome próprio ou alheio e sem advogado.
Pode ser concedido de ofício pelo juiz (art. 654, parág 2º Recurso ordinário para o STFCPP). Não pode ser impetrado por ele.
MP: pode impetrar (art. 654 CPP e art. 32 da Lei 8625/93 Lei MP.
A CF proíbe o HC em punições disciplinares militares.
Recurso:
Recurso ordinário para o STF em caso de HC e MS é de 5 dias (sum 319).
Obs: se for para resolver ônus de custas não cabe RO de HC, pois não estará mais discutindo a liberdade de locomoção (sum 395).
MS
Serve para proteger direito líquido e certo (independe de qualquer outra prova além das apresentadas por ocasião da petição inicial), não amparado por “habeas corpus” ou “habeas data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
É disciplinado pela lei 12.016, de 7 de agosto de 2009 e em diversas súmulas do STF.
Natureza jurídica - é a de ação constitucional, de natureza civil, cujo objeto é a proteção de direito líquido e certo. A natureza civil não se altera, nem tampouco impede o ajuizamento de mandado de segurança em matéria criminal, inclusive contra ato de juiz criminal, praticado no processo penal.
O impetrante pode ser pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, domiciliada ou não no país, além das universalidades reconhecidas por lei (espólio, massa falida) e os órgãos públicos despersonalizados, mas dotados de capacidade processual (chefia do Poder Executivo, Mesas do Congresso Nacional, Assembléias, Ministério Público).
 O prazo para impetração é de 120 dias
É possível a concessão de liminar em mandado de segurança. não é preciso esgotar todas as instâncias administrativas para o ingresso, embora não se admita a medida se o ato administrativo, por força de efeito suspensivo ainda não estiver causando lesão (art. 5º, I, Lei nº1533/51). A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede, porém, o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade, nos termos da Súmula 429 do STF.
Conforme dito antes, a construção jurisprudencial do STF sobre o mandado de segurança é extensa, valendo destacar algumas de suas súmulas: 
O mandado de segurança não substitui a ação popular (súmula 101);
É competente, originariamente, o STF para mandado de segurança contra ato do Tribunal de Contas da União (súmula 248); o mandado de segurança não é substituto de ação de cobrança (súmula 269); 
não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição (súmula 267);
concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretéritos, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria (súmula 271); não se
admite como ordinário recurso extraordinário de decisão denegatória de mandado de segurança (súmula 272);
o STF não é competente para conhecer de mandado de segurança contra atos dos Tribunais de Justiça dos Estados (súmula 330); 
é pacífico o não-cabimento do writ contra decisão judicial com trânsito em julgado (súmula 268) e contra lei em tese (súmula 266).
O mandado de segurança tanto pode ser repressivo de uma ilegalidade já cometida, como preventivo quando o impetrante puder sofrer violação de direito líquido e certo por parte de autoridade. Pode ainda ser individual ou coletivo. Ao contrário do mandado de segurança individual, o coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, bem como por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano. 
Não se deve confundir mandado de segurança coletivo com mandado de segurança individual com vários autores, ou seja, enquanto o mandado de segurança coletivo visa à defesa de interesses de seus membros ou associados e, por isso mesmo, não há nem mesmo necessidade de autorização dos seus integrantes (o texto constitucional já dá tal autorização). No segundo caso, os direitos continuam individuais, apenas sendo postulados em uma única ação (litisconsórcio ativo em mandado de segurança individual).
Coisa julgada material da decisão que julgar o mandado de segurança coletivo:
decisão favorável- faz coisa julgada
desfavorável- não faz, o que significa dizer que fica autorizado o mandado individual quando a organização coletiva tiver insucesso.
MANDADO DE INJUNÇÃO
Cabe sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Deve ser interposto perante o STF quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio STF (art. 102, I, q).
Será interposto perante o STJ quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal (art. 105, I, h).
Por fim, o art. 121, § 4º, inciso V da Carta Magna prevê a competência do Tribunal Superior Eleitoral para julgar, em grau de recurso, o mandado de injunção que tiver sido denegado pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Apesar de não estar expressamente previsto na Constituição Federal, grande parte da doutrina admite o mandado de injunção coletivo, sendo reconhecidamente legítima a possibilidade de associação de classe devidamente constituída impetrar o instrumento coletivo. Os particulares não têm legitimidade ad causam (figurar no pólo passivo) para o processo injuncional, uma vez que não lhes compete legislar ou expedir normas regulamentadoras necessárias ao direito impetrante. Assim sendo, não é possível o litisconsórcio passivo (nem necessário, nem facultativo) entre particulares e pessoas estatais. 
A jurisprudência do STF é pacífica no que tange à impossibilidade da concessão de medida liminar por ser imprópria ao mandado de injunção. Pelo princípio da simetria constitucional, é permitido aos Estados-membros estabelecerem em suas respectivas Constituições Estaduais o órgão competente para o processo e julgamento de mandados de injunção contra omissão legislativa estadual.
O Poder Judiciário, ao acolher o mandado de injunção, deve, além de declarar a omissão legislativa ou administrativa, emitir decisão constitutiva para atender o caso concreto suscitado pelo impetrante, independentemente de qualquer regulamentação (é a chamada posição concretista). Até pouco tempo atrás, a jurisprudência do STF entendia que o julgamento do mandado de injunção nãodeve regular o caso concreto, mas apenas comunicar a mora inconstitucional para que o Poder compete emita a norma faltante (é a chamada posição não concretista). Com isso, o mandado de injunção passa a ter os mesmos efeitos da ação direta de inconstitucionalidade por omissão.
A posição concretista é geral quando a decisão é erga omnes; é individual quando apenas inter partes; é direta quando regula o caso concreto independentemente de regulamentação; é intermediária quando dá um prazo para a elaboração da norma faltante, regulando em seguida o caso concreto se persistir a omissão legislativa. Esta última posição foi criada pelo Ministro Néri da Silveira.
Os institutos do mandado de injunção e da ação direta de inconstitucionalidade por omissão não se confundem. Em comum tãosomente a falta de norma reguladora que torne inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. A ação de inconstitucionalidade por emissão somente pode ser proposta pelos entes arrolados no art. 103 da Constituição, ao passo que o mandado de injunção pode ser impetrado por qualquer pessoa que acredite ter seu direito subjetivo prejudicado por falta de norma regulamentadora. Os efeitos da ação de inconstitucionalidade por omissão são erga omnes, enquanto no mandado de injunção são inter partes. Entretanto, observe, com atenção, que a posição não concretista faz com que os efeitos do mandado de injunção sejam os mesmos da ação de inconstitucionalidade por omissão, tal qual previsto no art. 103, § 2º da Constituição, anulando por completo a diferença entre institutos tão diversos.
HABEAS DATA
LXXII - conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
Também é cabível para instituições de cadastramento pessoal para controle ou proteção do crédito;
Para impetrar habeas data tem que ter pedido prévio ao ente estatal negado, se não tiver incorre em carência de ação constitucional do habeas data.
AÇÃO POPULAR
Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.
A lei nº 4717/65 regula a ação popular, indicando, em seu art. 1º, o rol de entidades estatais passíveis da proteção constitucional, a saber: “qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União representa os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de 50% (cinqüenta por cento) do patrimônio ou da receita ânua de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos”. Em se tratando de instituições ou fundações, para cuja criação ou custeio o tesouro público concorra com menos de 50% (cinqüenta por cento) do patrimônio ou da receita ânua, bem como de pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas, as conseqüências patrimoniais da invalidez dos atos lesivos terão por limite a repercussão deles sobre a contribuição dos cofres públicos. A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral. Não estão legitimados a propor ação popular: estrangeiros, apátridas, pessoas jurídicas, menores de 16 anos, demais incapazes e os que não estejam no pleno exercício de seus direitos políticos. 2 O Ministério Público acompanhará a ação popular, cabendo-lhe promover a responsabilidade, civil ou criminal, dos que nela incidirem. Se o autor desistir da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, II, ficando assegurado a qualquer cidadão bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação. É ainda facultado a qualquer cidadão habilitar-se como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular. A ação popular deriva do princípio republicano
AVALIANDO O APRENDIZADO
1. Com relação aos remédios constitucionais, analise as assertivas abaixo e assinale a resposta CORRETA: I - O habeas corpus pode ser impetrado sem advogado, por qualquer pessoa, em nome próprio ou alheio. II - Conceder-se-á habeas data sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. R: a assertiva I é verdadeira e a assertiva II é falsa
2. Em relação aos remédios constitucionais, assinale a afirmativa correta: O particular pode figurar no polo passivo da ação de habeas corpus.
3. Dentre os direitos e garantias individuais da Constituição de 1988, inclui/incluem-se: A inviolabilidade do domicílio, sendo vedado nele ingressar sem consentimento do morador, ressalvadas as exceções previstas na Constituição.
4. Tendo em vista os remédios constitucionais: Em tema de mandado de segurança, direito líquido e certo é aquele que é comprovado de plano, não dependendo de prova futura.
5. Em tema de mandado de segurança, é correto afirmar que: na sua extensão, apto a ser exercitado no momento da impetração e que não admite dilação probatória
6. Conceder-se-á habeas data: para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público.
Aula 8: O sistema constitucional de emergência e a restrição dos direitos fundamentais
O ESTADO DE DEFESA
Visa preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
CAMINHO PARA A DECRETAÇÃO DO ESTADO DE DEFESA
O Presidente da República deve antecipadamente, tomar conhecimento dos pareceres emitidos pelo Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional.
Artigo 136 – O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
Ressalta-se que as opiniões dos Conselhos não vinculam a decisão do Chefe do Executivo que, tendo decidido pela instituição do Estado de Defesa ou sua prorrogação, deverá submeter, dentro de vinte e quatro horas, o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
Na hipótese do Congresso estar em recesso, deverá ser convocado extraordinariamente, no prazo de cinco dias, para apreciar o decreto devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.
Na vigência deste tipo de salvaguarda são estabelecidas ao Estado algumas limitações formais expressas. A prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará se não for legal (cf. inciso LXV , Art. 5°), facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial, sendo que a comunicação da prisão será acompanhada de declaração do estadofísico e mental do detido no momento de sua autuação.
PRESSUPOSTOS DE FATO
Desencadeamento:
Grave e iminente instabilidade institucional – causa sócio-política
Calamidade de grandes proporções na natureza – o Estado facilita a implementação de políticas públicas a fim de reduzir o sofrimento da população vitimada e não para fins de controle direto da massa popular.
LIMITES DAS MEDIDAS DE DEFESA
Tempo não superior 30 dias, especificando as áreas a serem abrangidas pelas medidas, e indicará nos limites da lei as medidas coercitivas que irão vigorar, e também:
- Restrição ao direito de reunião, ainda que exercida no seio das associações;
- Quebra de sigilo da correspondência, comunicação telegráfica e telefônica;
- Na hipótese de calamidade pública poderá especificar medidas de ocupação e uso temporário DE BENS E SERVIOS PÚBLICOS, respondendo a União pelos custos e danos decorrentes;
- Outros direitos previstos em tratados internacionais.
O ESTADO DE SÍTIO
O Estado de Sítio é a segunda espécie do gênero Estado de Salvaguarda, e para sua decretação o Presidente da República deve, após ouvir a opinião do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional, solicitar autorização ao Congresso Nacional, conforme o comando constitucional (Art. 137, CRFB). O emprego da medida de Sítio é ato extremado e configura a existência de situações mais graves que aquelas que justificariam o estabelecimento do Estado de Defesa.
Há que se atentar que o Presidente, ao solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar ou prorrogar o Estado de Sítio, deve relatar os motivos determinantes do pedido cuja decisão do Congresso será por maioria absoluta. Estando o Congresso em recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal o convocará para dentro de cinco dias apreciar o ato de solicitação. Em hipótese alguma o Presidente da República poderá decretar o Estado de Sítio sem a prévia autorização do Congresso Nacional.
O Congresso Nacional atuará como instrumento fiscalizador do Estado Democrático de Direito Excepcional. Por essa razão, permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas.
As resoluções a serem cumpridas pelo executor das medidas do sítio são formalizadas através de decreto presidencial que, uma vez publicado, legitimará a prática dos atos constritores do exercício de direitos individuais.
O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas. Depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas (cf. art. 138, CRFB).
SUBESPÉCIES DE ESTADO DE SÍTIO
Interessante se faz observar que o regime constitucional em vigor estabelece duas espécies de Estados de Sítio, cada qual diferenciada em função dos direitos que podem ser contidos. Em virtude disso, há na espécie Estado de Sítio duas subespécies: Estado de Sítio Pleno e Estado de Sítio Restrito ou “atenuado” .
ESTADO DE SÍTIO PLENO
CF/88 - Art. 137. II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. No Estado de Sítio Pleno o Presidente da Republica não encontra, de forma expressa, limitação de atuação.
CF/88 - Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
ESTADO DE SÍTIO RESTRITO
CF/88 - Art. 137. I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa. No Estado de Sítio Restrito, o texto constitucional estabelece limites expressos à atuação estatal. “[...] a norma pode referir-se também a fatos ou situações que não constituem conduta humana, mas isso só na medida em que esses fatos ou situações são condições ou efeitos de condutas humanas” 
CF/88 - Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas.§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
AVALIANDO O APRENDIZADO
Com relação ao prazo de vigência do estado de sítio e do estado de defesa, é CORRETO afirmar que: O prazo máximo de duração do estado de defesa é de 30 dias, admitindo-se apenas uma prorrogação, pelo mesmo prazo.
O Estado de Defesa, como exceção a regra de ¿direitos e liberdade¿, visa preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. Assim, ele é: Um instituto de direito de crise cuja restrição de direitos fundamentais é legitimada pelo próprio texto constitucional.
Nomeie, com alusão à defesa do Estado e das instituições democráticas, a opção válida: Constituem pressupostos para a decretação do Estado de Sítio a comoção grave de repercussão nacional, a ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o Estado de Defesa e a declaração do Estado de Guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
O Estado de Sítio é a segunda espécie do gênero Estado de Salvaguarda ou de Exceção. O emprego da medida de Sítio é ato extremado e configura a existência de situações mais graves do que do Estado de Defesa. O decreto do estado de sítio indicará sua duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas. O procedimento para sua decretação dá-se no seguinte sentido: A decisão de autorizar ou não a decretação do Estado de Sítio é do Congresso Nacional e tal decisão será tomada por maioria absoluta.
O ano de 1968, "o ano que não acabou", ficou marcado na história mundial e na do Brasil como um momento de grande contestação da política e dos costumes. O movimento estudantil celebrizou-se como protesto dos jovens contra a política tradicional, mas principalmente como demanda por novas liberdades. O radicalismo jovem pode ser bem expresso no lema "é proibido proibir". Esse movimento, no Brasil, associou-se a um combate mais organizado contra o regime: intensificaram-se os protestos mais radicais, especialmente o dos universitários, contra a ditadura. Por outro lado, a "linha dura" providenciava instrumentos mais sofisticados e planejava ações mais rigorosas contra a oposição. O Ato Institucional nº 5 (AI-5), baixado em 13 de dezembro de 1968, durante o governo do general Costa e Silva, foi a expressão mais acabada da ditadura militar brasileira (1964-1985). Vigorou até dezembro de 1978 e produziu um elenco de ações arbitrárias de efeitos duradouros. Definiu o momento mais duro do regime, dando poder de exceção aos governantes para punir arbitrariamente os que fossem inimigos do regime ou como tal considerados. A Constituição de 1988 que marca a redemocratização do Brasil, prevê um sistema de crises que legalmente contempla através de dois institutos, a supressão temporária de direitos fundamentais, e que em nada se assemelha ao mencionado instrumento arbitrário que foi o AI5. Na vigência do estado de sítio só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas, exceto: restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações , inclusive restrições a difusão de pronunciamentos que parlamentares efetuadosem suas Casas Legislativas mesmo que liberada pela respectiva Mesa;
 Sobre o sistema constitucional de emergência, assinale a alternativa correta: O Estado de Defesa tem por escopo restabelecer a ordem pública ou a paz social em locais restritos e determinados.
Aula 9: A colisão de direitos fundamentais e os princípios da concordância prática e da proporcionalidade
A COLISÃO DE DIREITOS CONSTITUCIONAIS E A PONDERAÇÃO DE VALORES
Normas constitucionais – pode haver colisão das normas constitucionais da mesma hierarquia. Essas normas são regidas pelo sistema de cláusulas abertas, conceitos jurídicos indeterminados e são aplicados para obter a prevalência do interesse social, ordem pública, boa-fé.
Colisão de direitos na CF:
Livre iniciativa x Direito do consumidor
Liberdade de contratar X políticas públicas de restrição
Desenvolvimento econômico X proteção ambiental
Propriedade privada X função social da propriedade
Estado mínimo X Welfare State ( Estado do bem estar social. Cabe a ele promover serviços públicos e proteção a população)
Autonomia privada X direitos trabalhistas
Igualdade formal X igualdade material
RESULTADOS POSSÍVEIS DA PONDERAÇÃO
É o processo pelo qual irão se resolver os conflitos, a colisão de direitos, levando-se em consideração o caso concreto. Podem ser resolvidas por:
Ponderação Harmonizante – visa conciliar os princípios, aplicando o princípio da concordância prática . Aplicar a “ponderação harmonizante” dentro de um caso concreto significa dizer que não houve princípios constitucionais ganhadores ou perdedores, mas, sim, concessões recíprocas dos direitos em tensão
Ponderação Excludente – escolhe um princípio vencedor, aplica-se o princípio da proporcionalidade e da tríade subprincipal (adequação, necessidade e proporcionalidade)
A PONDERAÇÃO EXCLUDENTE E A TRÍADE SUBPRINCIPIAL DA PROPORCIONALIDADE
A eficácia ótima – nenhuma norma é sacrificada, porém não pode ir além do necessário para a harmonização.
A ponderação excludente – quando não é possível a harmonização, uma norma irá vencer, sem invalidar a que perdeu.
O subprincípio da adequação ou da conformidade: pelo subprincípio da adequação ou da conformidade, o juiz ou intérprete deve apreciar a relação entre o fim constitucional e as medidas impostas pelos direitos em tensão, havendo, pois, a exigibilidade de um em relação às outras. Resultado: o direito escolhido deve ser adequado e útil para atingir o fim colimado pelo preceito constitucional envolvido na colisão.
 O subprincípio da necessidade: mas não basta a adequação, o exegeta deve partir para o segundo teste da proporcionalidade, o subprincípio da necessidade. Nesta linha de interpretação, o juiz deve escolher o direito mais suave, o direito que causa o menor desgaste aos valores constitucionais patrocinados pelo direito perdedor. Ou seja, o subprincípio da necessidade é um teste para a identificação do direito menos gravoso para os valores constitucionais em tensão.
Na aplicação do teste da necessidade, o intérprete avalia o grau da lesão imposta ao direito constitucional perdedor, não admitindo em nenhuma hipótese a violação do seu núcleo essencial. Ou seja, o direito derrotado cede até o limite máximo de seu conteúdo essencial, daí não passa. Com isso, o subprincípio da necessidade projeta no espírito do exegeta constitucional a idéia de que a ponderação excludente não pode sacrificar a essencialidade mínima do comando constitucional perdedor, ainda que em nome de uma solução necessária in concreto da antinomia normativa objetiva. Em suma, o direito perdedor deve ter seu núcleo essencial respeitado em todo e qualquer caso.
Finalmente, a proporcionalidade stricto sensu que, em essência, é uma verificação de custo/benefício. Pelo subprincípio da proporcionalidade em sentido estrito comparam-se as vantagens da aplicação do direito vencedor com as desvantagens decorrentes da não aplicação do direito perdedor. Assim sendo, o teste da proporcionalidade stricto sensu garante a aplicação do direito cuja promoção dos valores constitucionais protegidos compensa o desrespeito dos outros valores albergados pelo direito perdedor.
AVALIANDO O APRENDIZADO
A interpretação é um processo aberto, no qual estão envolvidos os Poderes Estatais, os órgãos públicos, mas também os cidadãos e os grupos sociais¿ (Häberle) O princípio hermenêutico da concordância prática ou harmonização deve ser entendido como: aquele que o interprete parte da ideia de unidade da Constituição, os bens jurídicos constitucionalizados deverão coexistir de forma harmônica na hipótese de eventual conflito ou concorrência entre eles, buscando, assim, evitar o sacrifício (total) de um princípio em relação a outro em choque. O fundamento da ideia de concordância decorre da inexistência de hierarquia entre os princípios.
Quando o intérprete avalia o grau da lesão imposta ao direito constitucional perdedor, VERIFICANDO se não há um outro meio igualmente eficaz para satisfazer o princípio vencedor que sacrificasse menos o princípio perdedor, está aplicando: O subprincípio da necessidade.
A aplicação de uma norma de eficácia excludentemente ponderável implica necessariamente no sacrifício de outro enunciado normativo abstratamente válido, mas, que, diante das circunstancias fáticas do caso concreto, apresentou menor dimensão de peso. Entretanto, tal fato não autoriza a violação do núcleo essencial do direito derrotado, ou seja, o resultado da ponderação excludente não pode sacrificar a essencialidade do comando constitucional perdedor, ainda que em nome de uma solução necessária in concreto da antinomia normativa objetiva¿ (GÓES, Guilherme Sandoval. Neoconstitucionalismo e dogmática pós-positivista. In: A reconstrução democrática do direito público no Brasil. Organizador Luís Roberto Barroso. Rio de Janeiro: Renovar, 2007, pp. 113-150). O trecho do texto do professor Guilherme Sandoval está refletindo sobre: A Ponderação Excludente.
	 O resultado da impossibilidade de se obter concessões recíprocas, ou seja, simplesmente não foi possível alcançar qualquer tipo de harmonização, tornando-se necessário, então, optar pela aplicação de apenas um enunciado normativo, fala do princípio: Princípio da Ponderação Excludente.
	Com relação à colisão de normas constitucionais de mesma hierarquia, é CORRETO afirmar que: A interpretação de uma Constituição compromissória axiologicamente dividida, que se mostra aberta à pluralidade de valores da democracia liberal e da social democracia, torna imprescindível ao exegeta constitucional, recorrer aos processos de ponderação de valores para alcançar plena efetividade dos princípios constitucionais
	Quando o intérprete constitucional compara a ¿aferição da relação de adequação entre o fim visado e o meio empregado¿ e a ¿constatação de que o que se perde com a medida é de menor importância ou relevo do que aquilo que se ganha¿, está ponderando entre os seguintes princípios respectivamente: O subprincípio da adequação e o subprincípio da proporcionalidade em sentido estrito.
Aula 10: A PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS
Só se pode efetivamente falar em proteção internacional dos direitos humanos com a criação da ONU em 1945. Antes disso tínhamos um sistema fragmentado de proteção dos direitos humanos. Em consequência, é lídimo afirmar que efetivação dos direitos humanos ganha nova dimensão no momento em que cada Estado passa a comprometer-se a cooperar entre si para a promoção dos direitos humanos.
Destarte, é importante compreender que o Direito Internacional dos Direitos Humanos surge com maior intensidade no Segundo Pós-Guerra, como resposta às atrocidades cometidas durante o nazismo.
Dos poderes implícitos
Pelos poderes implícitos, permite-se a atuação em domínios próximos das atividades e atribuições da UE, mas que não estão expressamente previstos nas normas de competências, quando isso se mostre necessário à consecução de objetivos que determinado órgão deve alcançar. Ou seja, seriam competências

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