Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 1 Introdução à Engenharia Biomédica e à Engenharia Clinica INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 2 Introdução à Engenharia Biomédica e à Engenharia Clínica Introdução A tecnologia nunca esteve tão presente em na vida do cidadão comum. Aplicativos rodando em aparelhos celulares constantemente conectados por internet móvel e dispositivos com microprocessadores fazem parte o dia a dia de um número cada vez maior de pessoas. Na área da saúde, o desenvolvimento tecnológico dos últimos anos possibilitou uma revolução nos procedimentos assistenciais e equipamentos médico-hospitalares (EMH). Nesse cenário, a Engenharia Biomédica pode ser considerada uma das áreas das Ciências Exatas na qual a evolução tecnológica e o caráter multidisciplinar com as Ciências da Saúde está mais presente. Os engenheiros biomédicos precisam atuar em conjunto com os profissionais da área assistencial e de pesquisa a fim de facilitar a implantação das novas tecnologias na área da saúde. Por sua vez, a Engenharia Clínica pode ser descrita como uma das especialidades da Engenharia Biomédica, cuja atuação se faz necessária no ambiente hospitalar atual, onde o grande desenvolvimento tecnológico também tornou indispensável a utilização de profissionais especializados na gestão e na integração das novas tecnologias na área da saúde. Nesse aspecto, a Engenharia Clínica tem como objetivo fornecer suporte técnico para especificação, aquisição, manutenção e gestão dos EMH necessários ao funcionamento adequado de uma unidade hospitalar. Histórico da Tecnologia na Área de Saúde A inovação tecnológica está progredindo intensamente, em especial nos campos da medicina e de serviços de saúde. Hoje em dia, o hospital moderno é considerado um local com sofisticada tecnologia e que precisa ser operado por uma equipe igualmente capacitada. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 3 Graças à evolução tecnológica dos serviços médicos, os profissionais de engenharia têm se envolvido diretamente em muitas pesquisas médicas. Dessa forma, a área de Engenharia Biomédica surgiu como um meio de integração entre as Ciências da Saúde e as Ciências Exatas. Os engenheiros biomédicos têm participado ativamente no projeto, desenvolvimento, e utilização de biomateriais e equipamentos médico-hospitalares para pesquisa clínica, assim como o diagnóstico e o tratamento de pacientes. Evolução dos Sistemas de Saúde Antes de 1900, a medicina tinha pouco a oferecer para o cidadão comum, pois os seus recursos consistiam principalmente do médico e da sua pequena bagagem educacional e material. A demanda para os serviços dos doutores era muito pequena, pois muitos dos serviços também providos pelo médico poderiam ser obtidos de curandeiros da comunidade. A residência era tipicamente o local para tratamento e recuperação, e parentes e vizinhos constituíam o corpo de enfermagem disponível. Bebês eram entregues por parteiras, e as enfermidades que não eram curadas com remédios caseiros eram deixadas para correr o seu curso natural. As mudanças na ciência médica tiveram origem nos desenvolvimentos rápidos que ocorreram nas ciências aplicadas (química, física, engenharia, microbiologia, fisiologia, farmacologia etc.) na virada do século XX. Esse processo de desenvolvimento foi caracterizado pela intensa integração interdisciplinar que proporcionou um ambiente no qual a pesquisa médica foi capaz de desenvolver técnicas para o diagnóstico e tratamento de doenças. Em 1903, Willem Einthoven, um fisiologista holandês, inventou o primeiro eletrocardiógrafo para medir a atividade elétrica do coração. Ao aplicar descobertas das ciências físicas para analisar um processo biológico, iniciou INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 4 uma nova era na medicina cardiovascular e nas técnicas de medidas elétricas. Novas descobertas nas ciências médicas se seguiram mas a inovação mais significativa para a medicina clínica foi o desenvolvimento dos raios-X, descobertos por W. K. Röentgen em 1895. Inicialmente foram usadas radiografias para diagnosticar fraturas ou deslocamentos dos ossos, e os aparelhos de raios-X se tornaram comuns na maioria dos hospitais urbanos. Departamentos de radiologia foram estabelecidos e sua influência se espalhou pelos outros setores dos hospitais. Após 1930, a visualização de radiografias de praticamente todos os sistemas de órgãos do corpo humano havia se tornado possível graças ao uso de sais de bário e uma ampla quantidade de materiais radiopacos. A tecnologia da radiografia foi uma ferramenta poderosa que permitiu diagnósticos precisos de uma grande variedade de doenças e problemas de saúde. Por causa de seu alto custo, os aparelhos de radiografia foram instalados em centros de saúde ou hospitais. A radiografia proporcionou a transformação do hospital em uma instituição de cura ativa para os doentes. A centralização dos serviços de saúde em hospitais tornou-se essencial por inúmeras outras inovações tecnológicas importantes de alto custo que foram aparecendo na área médica. Entretanto, os hospitais eram instituições perigosas para cirurgias e internações por causa das altas taxas de infecção cruzada entre pacientes até o surgimento dos primeiros antibióticos nos anos 1930. Com essas novas substâncias, os hospitais passaram a oferecer melhores condições para recuperação dos pacientes após internações e cirurgias. Outro exemplo da evolução tecnológica foi o desenvolvimento dos bancos de sangue, para fornecer a principal matéria- prima dos procedimentos médicos. Mesmo após da descoberta dos grupos sanguíneos, de suas incompatibilidades e da descoberta substâncias anticoagulantes, o pleno desenvolvimento dos bancos de sangue somente INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 5 foi possível após os anos 1930, quando a tecnologia de refrigeração evoluiu e permitiu a preservação e o armazenamento adequados do sangue e de seus derivados. Uma vez que esses avanços tecnológicos foram estabelecidos, o emprego de peças especificamente projetadas ajudou no desenvolvimento de procedimentos cirúrgicos mais complexos. O primeiro respirador por pressão negativa surgiu em 1927 e a primeira ligação de contorno de coração-pulmão em 1939. Procedimentos médicos que dependiam fortemente da tecnologia médica, como a cateterização cardíaca e a angiografia, foram desenvolvidos após os anos 1940. Esse procedimento envolve o uso de uma cânula enfiada por uma veia do braço até o coração com uma injeção de tintura de líquido radiopaco para a visualização de veias e válvulas do pulmão e do coração. Como resultado, o diagnóstico preciso de doenças congênitas e adquiridas do coração foi possível e uma nova era de cirurgia cardíaca e vascular foi estabelecida. Após a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento tecnológico foi estimulado por investimentos para criar sistemas superiores de armamentos e para a corrida aeroespacial. Como um subproduto desses investimentos, o desenvolvimento de dispositivos médicos foi acelerado por várias inovações tecnológicas, como os seguintes exemplos: a) Os avanços nos dispositivos eletrônicos tornou possível o monitoramento de vários parâmetros fisiológicos, como o eletrocardiograma (ECG) e o eletroencefalograma (EEG); b) Desenvolvimento de biomateriais, próteses e de sistemas informatizados melhoraram a qualidade de vida de pacientes inválidos; c) A MedicinaNuclear resultou em um grande avanço no diagnóstico e tratamento de problemas fisiológicos; INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 6 d) O ultrassom se tornou uma técnica de rotina para diagnóstico e terapia em muitas especialidades médicas; e) As cirurgias para substituir órgãos doentes por dispositivos artificiais também ficaram comuns. Foram desenvolvidos dispositivos de assistência cardíaca artificiais, como válvulas de coração, vasos sanguíneos e até mesmo um coração artificial em substituição ao coração humano defeituoso ou doente; f) Descobertas de novos materiais possibilitaram o desenvolvimento de dispositivos médicos descartáveis, como agulhas e termômetros; g) Computadores passaram a ser utilizados para armazenar e processar registros médicos, além de permitir novos procedimentos para monitoramento e diagnóstico de doenças correlacionadas com sintomas dos pacientes; h) Desenvolvimento do primeiro instrumento médico baseado em computador, o tomógrafo computadorizado (TC), que revolucionou os procedimentos de diagnóstico por imagens. Atualmente existem ainda outras técnicas como a ressonância magnética (RM) e a tomografia de emissão de pósitrons (PET). O sistema de saúde tradicional foi substituído por equipes clínicas tecnologicamente sofisticadas que opera em hospitais projetados para acomodar essa nova tecnologia médica. Esse processo evolutivo continua, com avanços em Biotecnologia e Engenharia Biomédica alterando a natureza do próprio sistema de saúde. O Sistema de Saúde no Brasil No período colonial, as condições de acesso à saúde eram muito precárias, com poucos médicos e instituições de assistência. A maioria dos problemas de saúde eram tratados por remédios caseiros, o atendimento era feito por curandeiros com procedimentos primitivos, como sangrias e purgantes. Somente após a chegada da família real portuguesa em 1808 é que houve INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 7 avanços no atendimento de saúde, com a criação de academias de medicina, algumas clínicas de tratamento e institutos de saúde públicas. Somente após a proclamação da República, os novos trabalhadores urbano- industriais começaram a se organizar em cooperativas para acesso aos benefícios sociais e de saúde, dando início ao conceito de seguro social. No início do século XX foram criados institutos de aposentadorias e pensões, onde a cobertura e atendimento eram restritos aos associados contribuintes. A população fora do mercado de trabalho dependia de instituições de caridade e filantropia para assistência (santas casas, sanatórios). No início dos anos 1900 podem ser destacadas as ações de saúde pública implementadas por médicos sanitaristas como Oswaldo Cruz nas atividades de controle da febre amarela no Rio de Janeiro e Carlos Chagas pelas ações de combate à malária e pelas descobertas sobre a doença de Chagas. Após a década de 1950, houve a criação do Ministério da Saúde (MS) e a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), mas o conceito de seguro social se manteve pouco inalterado. Nos anos seguintes houve várias crises financeiras, econômicas, sociais e políticas. Tentativas de melhora nos indicadores de saúde e previdência foram implementadas, mas sem sucesso, tais como a criação do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (Inamps), Ministério de Previdência e Assistência Social (MPAS), Legião Brasileira de Assistência (LBA) etc. Somente com a Constituição Federal (CF) de 1988 foi institucionalizado o conceito de seguridade social com a garantia de direitos básicos e universais de cidadania, independente de contribuição ou condição social. A Constituição possibilitou regulamentar o direito universal à saúde pública, à assistência social, ao seguro-desemprego e à previdência. No art. 194, o conceito de Seguridade Social é descrito como: INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 8 Universalidade da cobertura e do atendimento; Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; Seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços; Irredutibilidade do valor dos benefícios; Equidade na forma de participação no custeio; Diversidade da base de financiamento; Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão com participação nos órgãos colegiados dos trabalhadores, empregadores, aposentados e do Governo. Nos arts. 196 a 200 são tratados os conceitos de saúde: Saúde como direito de todos e dever do estado; Conjunto de ações e serviços de atenção à saúde prestados por órgãos públicos (administração direta, indireta e fundações) e complementados pela iniciativa privada, conveniada e/ou contratada; Ações e serviços de saúde como de relevância pública, sob a perspectiva de políticas econômicas e sociais; Criação do Sistema Único de Saúde (SUS), com definição de suas atribuições, objetivos e diretrizes principais; Regulamentação e detalhamento por intermédio de leis específicas. Como descrito na CF, dentre os objetivos gerais do SUS, estão a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde; a formulação de políticas de saúde destinadas a promover a redução de risco de doenças, com acesso integral e igualitário às ações e serviços de saúde; além de fornecer assistência às pessoas e coletividades com ações de promoção, proteção, recuperação da saúde de forma integrada. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 9 A seguir são descritos alguns princípios e diretrizes do SUS: Descentralização: com direção única em cada esfera de governo (federal, estadual e municipal); Igualdade e preservação da autonomia; Universalidade e integralidade do atendimento; Direito à informação (indivíduo e sistema); Integração com saneamento e meio ambiente; Epidemiologia e planejamento de ações preventivas; Conjugação dos recursos financeiros e resolutividade; Participação da comunidade: priorização do uso dos recursos públicos. As competências do SUS são descritas como: Controle e fiscalização de serviços de saúde; Vigilância à saúde; Incremento do desenvolvimento em Ciência e Tecnologia; Participação no saneamento básico; Controle de alimentos e da água de consumo humano; Controle da produção e utilização de substâncias psicoativas, tóxicas e radioativas; Produção de medicamentos; Colaborar com a proteção do meio ambiente. Na estrutura do Ministério da Saúde, podemos destacar as seguintes autarquias e fundações vinculadas: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): com atribuições de regulamentação; registros de produtos e equipamentos; INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 10 autorizações, fiscalização e monitoramento; controle do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, além de ações de educação e pesquisa; Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS): responsável pela regulamentação e controle dos planos de saúde; Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz): com várias ações de pesquisa e educação na área da saúde. Com vistas ao desafio de atender aos objetivos de universalidade e integralidade dos serviços assistenciais, a Constituição de 1988 definiu as fontes de orçamento próprio para as áreas da saúde, da previdência e da assistência social: O faturamento das empresas, por meio da Contribuição para o Financiamentoda Seguridade Social (Cofins); O Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep); O lucro líquido das empresas com a criação da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL); Parte da receita de concursos de prognósticos; Contribuição sobre a folha de pagamento das empresas – INSS. Apesar de as fontes de orçamento da seguridade social estarem definidas pela CF, a situação financeira da saúde no Brasil ainda não está solucionada e ainda existem várias questões sem resposta: Qual o volume de recursos necessário a ser destinado à saúde? Como prover acesso da população a serviços de saúde de qualidade, eficazes e seguros? Como atender às diretrizes do SUS de universalidade e integralidade? INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 11 Qual a melhor forma de remuneração da equipe assistência sem criar distorções no sistema? Como viabilizar a introdução de novas tecnologias e medicamentos, permitindo melhor padrão de atendimento? Como evitar a rápida obsolescência dos recursos tecnológicos? Como tornar o Sistema Nacional de Regulação (Sisreg) mais eficiente para marcação de consultas, exames e internações na rede pública? Além disso, existem vários desafios do SUS: Cerca de 70% da população do Brasil (140 milhões de pessoas) dependem do SUS para acesso aos serviços de saúde; Por causa da crise atual, seguros de saúde privados estão sendo cancelados, aumentando a demanda pelo atendimento público; Mudança de padrão epidemiológico da população: aumento da expectativa de vida, envelhecimento e menor taxa de natalidade; Aumento da incidência de doenças crônicas e bactérias resistentes; Novas epidemias e doenças recorrentes: dengue, zika, chikungunya, tuberculose, gripe H1N1, AIDS, sífilis...; Custos envolvidos com aumento da violência e desigualdades sociais. Por outro lado, o setor de saúde deveria encarado também como uma área dinâmica da economia para geração de riqueza, não apenas como consumidora de recursos públicos. A área da saúde já é responsável pela produção de cerca de 6% do PIB do Brasil. Como o setor de saúde é caracterizado pelo uso intensivo de tecnologia e pesquisa científica, deveria ser considerado como setor estratégico para mais investimentos públicos e ajudar no desenvolvimento socioeconômico do País. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 12 Introdução à Engenharia Biomédica Em razão do grande desenvolvimento tecnológico dos últimos anos, algumas áreas das ciências aplicadas à saúde tiveram grande evolução: - Cirurgias: desenvolvimento de aparelhos de suporte à vida e que podem substituir funções do organismo (respiradores, máquinas de anestesia, marca-passo, máquinas de hemodiálise, circulação sanguínea extracorpórea, cirurgia robótica etc.); -Terapia e diagnóstico: monitoramento de sinais vitais e diagnóstico do estado dos pacientes nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) com os aparelhos de eletrocardiografia (ECG) e eletroencefalografia (EEG); - Medicina nuclear: criação de substâncias radioativas para auxiliar o diagnóstico e a visualização da fisiologia e metabolismo do paciente (contrastes, radiofármacos e instrumentação para detectar e monitorar a radioatividade no organismo); - Imagens médicas: desenvolvimento de aparelhos para exibir detalhes anatômicos e morfológicos dos pacientes (raios-X, ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância magnética); -Informática médica: uso de redes de computadores para armazenamento e processamento de registros médicos, sistemas de informações hospitalares, sistemas multimídia para telemedicina e telecirurgia, sistemas de armazenamento e processamento de imagens médicas etc. Como consequência do grande desenvolvimento tecnológico na área da saúde, aumentou a necessidade de integração com os profissionais das áreas de engenharia, física, química, matemática e informática, ampliando o aspecto multidisciplinar das ciências médicas em geral. Podem ser INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 13 destacadas três áreas principais em que profissionais das áreas de Ciências Exatas devem atuar em conjunto com os profissionais das Ciências da saúde: - Engenharia Biomédica; - Física Médica; - Informática Médica. Por seu caráter multidisciplinar, é difícil definir precisamente o campo de atuação do engenheiro biomédico. De forma geral, os profissionais da Engenharia Biomédica aplicam princípios elétricos, físicos, mecânicos, químicos, ópticos, e outros conhecimentos de engenharia para entender, modificar, ou controlar sistemas biológicos. Também podem projetar e fabricar produtos que monitoram funções fisiológicas e auxiliam o diagnóstico e o tratamento de pacientes. Quando os engenheiros biomédicos trabalham dentro de um hospital ou em uma clínica médica, eles são denominados engenheiros clínicos. Dentre as principais atividades dos Engenheiros Biomédicos, podemos destacar: - Aplicação da análise de sistemas a problemas biológicos (modelagem, simulação e controle de sistemas fisiológicos); - Detecção, medição e monitoramento de sinais fisiológicos (instrumentação biomédica e biossensores); - Automatização do diagnóstico pela interpretação de dados fisiológicos mediante técnicas de processamento digital de sinais; INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 14 - Desenvolvimento de dispositivos de biomecânica e procedimentos terapêuticos e de reabilitação; - Dispositivos para substituição ou aumento de funções do organismo (órgãos artificiais, ventilador pulmonar etc.); - Análise computacional de informações dos pacientes, diagnósticos e decisões clínicas, pesquisa médica (informática médica, inteligência artificial, redes neurais, telemetria etc.); - Imagens médicas para exibição de detalhes anatômicos, funções fisiológicas e auxílio no diagnóstico; - Pesquisas e criações de novos produtos biológicos (biotecnologia, órgãos artificiais e engenharia de tecidos); - Análise de problemas com equipamentos e dispositivos médicos para fins de segurança, prevenção e gestão; - Projeto de dispositivos de auxílio à comunicação para deficientes. A Engenharia Biomédica é um campo interdisciplinar que abrange abordagens teóricas, experimentais e até aplicações do estado-da-arte, podendo englobar pesquisa, desenvolvimento, implementação e operação. Dessa forma, é improvável que uma única pessoa possa adquirir conhecimentos que englobem todo o campo de atuação da Engenharia Biomédica, como ocorre com a prática médica. Por essa natureza interdisciplinar, torna-se necessária uma crescente interação, união de interesses e esforço entre as diversas áreas de atuação. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 15 Um dos maiores benefícios da Engenharia Biomédica é facilitar a identificação dos problemas dos sistemas de saúde que podem ser resolvidos utilizando a tecnologia e metodologia existentes. Por outro lado, a atuação da engenharia biomédica pode fornecer as ferramentas e as técnicas para tornar o sistema de saúde mais eficiente, ajudando a oferecer serviços de qualidade a custos razoáveis. A Engenharia Biomédica pode ser dividida nas seguintes áreas: -Engenharia Clínica. -Engenharia de Reabilitação; -Bioengenharia; -Instrumentação Médica. Engenharia Clínica Cada vez mais as diversas áreas da saúde dependemda tecnologia, seja em medicina preventiva, diagnóstico, cuidados terapêuticos, reabilitação, administração, treinamento e educação relacionados com a saúde. A tecnologia médica deve permitir aos médicos interagir com os seus pacientes de uma maneira eficiente e segura. Dessa forma, a Engenharia Clínica despontou como a área da Engenharia Biomédica que possibilita integrar o desenvolvimento da tecnologia médica e com as práticas clínicas de forma adequada e custo-efetiva. O sistema de saúde apresenta grande complexidade de instalações, equipamentos, materiais e procedimentos médicos estão envolvidos. Pacientes de várias idades e condições, equipes médicas e uma grande variedade de tecnologias precisam coexistir harmonicamente. Esse ambiente complexo pode levar a riscos consideráveis se os procedimentos de segurança, monitoramento, controle, qualidade e treinamento de todas INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 16 essas entidades envolvidas não são integrados adequadamente por profissionais qualificados. O crescente aumento da quantidade e complexidade dos equipamentos médico-hospitalares e o desenvolvimento de novas tecnologias tornaram indispensável a presença do Engenheiro Clínico no ambiente hospitalar. Esse novo profissional possui especialização técnica para auxiliar o gerenciamento das novas tecnologias na área da saúde, usando métodos de engenharia para resolver os problemas relacionados com os serviços oferecidos por uma unidade de saúde. A engenharia clínica possibilita melhor gerenciamento dos custos e procedimentos relacionados com a tecnologia na saúde. A melhor gestão tecnológica pode reduzir despesas nas áreas de manutenção e aquisição de equipamentos, treinamentos operacional e técnico mais adequados, melhor gerenciamento de riscos e segurança, investigação de acidentes, além de melhor planejamento da construção ou reforma dos espaços físicos. Assim, o Engenheiro Clínico precisa reunir as informações necessárias que identifiquem as áreas que apresentam potencial para melhor gerenciamento da tecnologia e possível redução de despesas. Em geral, a atribuição básica do engenheiro clínico é fornecer apoio científico, técnico e gerencial para a administração, departamentos clínicos e corpo médico do hospital, de maneira a garantir a melhor qualidade possível dos serviços prestados pelo hospital com relação às tecnologias médicas. Além disso, o Engenheiro Clínico possui as seguintes atribuições: Apoio Científico: - pesquisa e desenvolvimento da instrumentação biomédica; - adaptações e melhoramentos em equipamentos médicos; - avaliação de novas tecnologias médicas. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 17 Apoio Técnico: - acompanhamento da vida útil dos equipamentos médicos (instalação, operação, manutenção corretiva, manutenção preventiva e desativação) para garantir a segurança dos usuários e pacientes; - auxílio a setores clínicos na aquisição de equipamentos médicos, fornecendo as especificações técnicas necessárias; - fornecimento de treinamentos operacional e técnico adequados dos equipamentos médicos. Apoio gerencial: - auxílio na gerência de contratos de manutenção externa de equipamentos médicos; - participação na normatização de procedimentos administrativos de solicitação de inspeções de rotina e manutenções preventivas e corretivas de equipamentos médicos; - otimização de custos durante a vida útil dos equipamentos médicos (instalação, operação, manutenção corretiva, manutenção preventiva e desativação). Engenharia de Reabilitação A origem da Engenharia de Reabilitação pode ser explicada pela necessidade de assistência às pessoas que foram feridas na Segunda Guerra Mundial. A Engenharia de Reabilitação utiliza princípios da ciência e tecnologia a fim de facilitar a vida dos indivíduos que possuem alguma deficiência física, sensorial ou motora. Dessa forma, a Engenharia de Reabilitação envolve a tecnologia para desenvolvimento de qualquer dispositivo ou técnica utilizados na reabilitação. Uma das principais tarefas do engenheiro de reabilitação é tentar projetar sistemas artificiais para ampliar ou substituir sistemas sensoriais e motores prejudicados. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 18 O engenheiro de reabilitação, em geral, lida com deficiências dos músculos esqueléticos ou inaptidões sensoriais. Sua formação técnica é fundamentada em biomecânica, mas também deve integrar habilidades artísticas, sociais, financeiras, psicológicas e fisiológicas para desenvolver e analisar um dispositivo, técnica, ou conceito que satisfaz as necessidades de reabilitação. Como as outras áreas da Engenharia Biomédica, grande parte do trabalho de reabilitação é definido por uma equipe de caráter multidisciplinar. A Engenharia de Reabilitação envolve vários aspectos da reabilitação, incluindo desenvolvimento de dispositivos de assistência e para pessoas de alguma deficiência ou inaptidão, sistemas de aumento sensorial e de substituição, estimulação elétrica funcional para controle motor, próteses neurossensoriais, órteses, técnicas e dispositivos mioelétricos, transdutores e eletrodos, processamento de sinais, hardware, software, robótica, sistemas de aproximação, avaliação tecnológica, estabilidade postural, sistemas de assento de cadeira de rodas, análise de andadura, biomecânica, biomateriais, sistemas de controle (biológicos e externos), ergonomia e desempenho humano. Bioengenharia A Bioengenharia tem como finalidade principal a aplicação da engenharia aos processos biológicos, desenvolvendo de novas ideias para instrumentação e de novos métodos de promoção de saúde. A formação profissional em Bioengenharia utiliza conhecimentos de matemática, física, análise de sistemas e computadores. Dentre as atividades do bioengenheiro, destacam-se estudos sobre o funcionamento e a estrutura dos sistemas vivos, pesquisas biotecnológicas como engenharia genética e meio ambiente. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 19 Biomateriais Um biomaterial é um material sintético que substitui parte de um sistema vivo ou que funciona em contato íntimo com tecido vivo, de forma segura, confiável, econômica e fisiologicamente aceitável. Diversos dispositivos e materiais são utilizados no tratamento de doenças ou danos. Exemplos comuns incluem suturas, agulhas, cateteres, placas e obturações de dentes. Outra definição classifica biomateriais como materiais de origem sintética como também de origem natural em contato com tecido, sangue e fluidos biológicos para uso protético, diagnóstico, terapêutico e armazenamento sem afetar adversamente o organismo vivo e seus componentes. Ao contrário, um material biológico, tal como a pele ou uma artéria, é produzido por um sistema biológico. Materiais artificiais que simplesmente estão em contato com a pele, como auxiliares de audição e membros artificiais utilizáveis, não estão incluídos da definição de biomateriais, visto que a pele atua como uma barreira ao mundo exterior. De acordo com essas definições, é necessário conhecimento interdisciplinar e colaboração entre diferentes especialidades para o desenvolvimento e utilização de biomateriais nas áreas da saúde. O uso dos biomateriais inclui a substituição de partes do corpo que perderam funcionalidades em decorrência de doenças ou traumatismos, auxiliar a recuperação, melhoria de alguma função e correção de anormalidades. Próteses e Órgãos ArtificiaisAté os anos 1950, a tecnologia para substituição de órgãos era precária, com o uso de membros de madeira, óculos corretivos e próteses dentais. A única forma aceita de transplante de tecidos vivos era a transfusão de sangue. Nos anos seguintes houve os primeiros exemplos mais sofisticados INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 20 de bioengenharia com o desenvolvimento da máquina de hemodiálise, máquina de circulação extracorpórea, marca-passo cardíaco, enxerto arterial, válvula cardíaca protética, articulação de quadril e de joelho artificiais, ventilador pulmonar, lentes óticas implantáveis, próteses de dedos e tendões, implantes para reconstrução mamária, maxilofacial ou de ouvido. Biomateriais como a pele artificial são cada vez mais utilizados no tratamento de feridas e queimaduras. Os órgãos artificiais híbridos são sistemas que incluem elementos vivos como parte de um dispositivo feito de materiais sintéticos. Os órgãos artificiais podem ser localizados fora do corpo, estar presos a ele ou implantados dentro do corpo. A aplicação de órgãos artificiais pode ser temporária ou substituição permanente. Órgãos artificiais são projetados em termos das funcionalidades necessárias e são feitos com materiais sintéticos utilizando processos mecânicos, elétricos ou químicos, para alcançar os mesmos objetivos funcionais dos órgãos naturais. O uso de órgãos artificiais são mais benéficos em adultos do que em crianças, pois não conseguem acomodar-se facilmente ao crescimento do corpo. Como no caso de todos os equipamentos, os órgãos artificiais possuem uma expectativa de funcionamento limitada por causa do desgaste dos materiais de construção e do ambiente agressivo do corpo humano. Dessa forma o uso dos órgãos artificiais é limitado a pacientes cuja expectativa de vida acompanha a expectativa de funcionamento do equipamento, ou para situações clínicas em que implantes repetidos são tecnicamente possíveis. Apesar desses problemas, a realidade é que milhões das pessoas estão vivas graças a esses órgãos e próteses artificiais. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 21 Biotecnologia Biotecnologia pode ser definida como uma atividade de pesquisa relacionada com a modificação de células de seres vivos para melhorar outros seres vivos ou desenvolver, microrganismos novos para fins benéficos. Dentre as atividades da biotecnologia, podem-se destacar: - Desenvolvimento de espécies melhoradas de plantas e animais para produção de alimentos; - Invenção de novos testes de diagnóstico médico para doenças; - Produção de vacinas sintéticas de células clonadas; - Engenharia Bioambiental para proteger a vida humana, animal, e vegetal de substâncias tóxicas e poluentes; - Estudo de interações nas superfícies das proteínas; - Modelamento da cinética de crescimento de fungos e células; - Pesquisa em tecnologia de enzimas; - Desenvolvimento de proteínas terapêuticas e anticorpos. Instrumentação Biomédica Atualmente os instrumentos médicos estão mais complexos e incluem sistemas eletrônicos de detecção, transdução, manipulação, armazenamento e exibição dos sinais fisiológicos. Além disso, os especialistas médicos necessitam de medições precisas de vários parâmetros fisiológicos para diagnóstico ou prescrição de procedimentos terapêuticos. Dessa forma, a quantidade e a complexidade de instrumentos e dispositivos médicos cresceu de forma impressionante. Enquanto os instrumentos médicos podem ser usados para monitoramento de pacientes e diagnóstico de doenças, os dispositivos médicos podem utilizar diferentes formas de energia elétrica, mecânica, química ou mesmo radiação com objetivos terapêuticos ou para manutenção de funções fisiológicas. Os dispositivos médicos podem ser usados para cortar tecidos, INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 22 administrar anestésicos, remover resíduos metabólicos, destruir cálculos renais, infusão de remédios, bombeamento de sangue, estimular músculos e nervos, aliviam dores etc. Por causa da sua complexidade, os dispositivos médicos são mais utilizados pela equipe médica em hospitais e centros médicos, mas também podem ser usados nas residências, onde podem ser operados pelos próprios pacientes. Física Médica A descoberta da radioatividade mostrou a necessidade de controlar as radiações ionizantes para evitar efeitos nocivos aos seres vivos, mas que poderia ser benéfica se utilizada corretamente. Com o desenvolvimento do uso da radioatividade na medicina, aumentou a importância dos físicos em várias áreas da saúde, tais como: Radioproteção: monitoramento da exposição à radiação com o uso de dosímetros; Radiodiagnóstico ou radiologia: verificação e acompanhamento dos aparelhos que utilizam raios-X e outras radiações ionizantes; Radioterapia: utilização de feixes de radiação e fontes radioativas externas para tratamento de doenças, como o câncer; Medicina nuclear: o objetivo é tornar os pacientes radioativos com pequenas doses para fins de diagnóstico e terapia. Radioproteção Os primeiros profissionais da utilização médica e industrial da radiação ionizante não conheciam adequadamente os perigos da radiação e ocorreram muitos casos de queimaduras e aparecimento de casos de câncer. Em seguida foram desenvolvidos estudos sobre os efeitos da radiação ionizante nos profissionais da saúde que manipulavam esses elementos radioativos. Por fim, surgiu a necessidade de capacitar INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 23 profissionais da física médica para controlar e planejar os níveis de radiação recebidos pelos profissionais de radiologia e pacientes. Algumas atividades do profissional de radioproteção são: - Controlar a quantidade de radiação recebida dos profissionais de radiologia, mediante monitoramento periódico dos níveis de radiação medidos nos dosímetros; - Desenvolver medidas de proteção aos profissionais de radiologia com o projeto das instalações físicas que vão abrigar os pacientes, os operadores e os equipamentos de radiação; - Planejar o tratamento adequado aos resíduos de materiais radioativos utilizados nos departamentos de radiologia. Radiodiagnóstico O objetivo dessa área é controlar a qualidade do serviço de radiologia e melhorar os procedimentos para dos equipamentos de diagnóstico por raios-X. O profissional de radiodiagnóstico realiza as seguintes funções: - Verificação das condições de operação dos aparelhos de raios-X mediante utilização de dispositivos de calibração; - Verificação da qualidade de revelação dos filmes de raios-X, mediante monitoramento das condições de operação das processadoras de filmes radiográficos; - Oferecer treinamento aos operadores dos equipamentos de raios-X e das processadoras de filmes radiográficos. Radioterapia A radioterapia se tornou a principal modalidade de tratamento ao câncer juntamente com a quimioterapia e a cirurgia. A radiação ionizante é utilizada para tratar cerca de 50% dos casos de câncer e muitos pacientes INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 24 recebem uma combinação das três modalidades. Para o tratamento adequado, o campo de radiação deve ter uma intensidade uniforme, um nível previsível e bem definido de energia para minimizar a irradiação de tecidos saudáveis. Podemos citar duas técnicas principais de radioterapia: Teleterapia: emissão de feixes de elétrons, normalmente usando aceleradores lineares; Braquiterapia: inserção intracavitária ou superficial de fontes radioativas de baixa e alta doses, usando sistema remoto de pós- carregamento de isótopos. Os serviços dos profissionais de radioterapia envolvem: - Monitoramento dos aparelhos de radioterapia, a partir da instalação, com medidas de energia e dose de radiação, que descrevem as curvas de isodoses de cada aparelho; - Modelagem do feixe a ser irradiado, mediante uso de filtros e de compensadores de tecidos, para concentrar a radiação nos tumores cancerosos e proteger as áreas saudáveis; - Planejamento do tratamento de radioterapia do paciente com a obtenção junto ao médico oncologista da dose total de radiação e da anatomia do lugar a ser irradiado. Medicina Nuclear A medicina nuclear é definida como a técnica de tornar os pacientes radioativos com objetivos de diagnóstico e de terapia. A radiação é injetada por via intravenosa, aspirada ou ingerida. A medicina nuclear apresenta as seguintes características: INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 25 - Utilização de pequenas quantidades de materiais radioativos que não afetam os processos biológicos a serem estudados; - Os marcadores radioativos utilizados penetram os tecidos e podem ser detectados fora do paciente. Assim, a medicina nuclear permite uma visão dos processos fisiológicos e do metabolismo do paciente, de modo diferente das imagens morfológicas fornecidas pelos aparelhos de raios-X. As atividades dos físicos médicos envolvidos com medicina nuclear podem ser descritas como: - Pesquisas com marcadores radioativos que possam oferecer resultados mais precisos com menor radiação para o paciente; - Diminuir a exposição à radiação ionizante dos profissionais e dos operadores dos equipamentos; - Desenvolver técnicas de processamento e tratamento das imagens obtidas dos processos fisiológicos para que representem adequadamente a situação real do paciente, minimizando possíveis interferências causadas pelos equipamentos ou ambiente do exame. INFORMÁTICA MÉDICA Nos últimos anos, a área de informática médica aumentou em complexidade e conteúdo, e praticamente todos os setores do hospital necessitam de computadores e sistemas de informação disponíveis para as suas atividades. Nesse aspecto pode-se dividir a área de informática médica nos seguintes grupos principais: - Sistemas básicos de infraestrutura de informação médica, envolvendo os sistemas de informação hospitalar (HIS), registros de pacientes baseados em computador, sistemas de informação clínica (CIS) e radiológica (RIS), INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 26 sistemas de comunicação e arquivmento de imagens (Pacs), sistemas de telepresença, telecirurgia e outras áreas relacionadas. - Sistemas especialistas para suporte no diagnóstico e tratamento de pacientes, envolvendo simuladores, inteligência artificial, sistemas baseados em conhecimento, redes neurais, robótica e realidade virtual. - Dispositivos especiais para armazenamento e consulta de informações médicas com diferentes formatos dos dados cada vez mais complexas, particularmente as imagens médicas de alta resolução. - Compartilhamento de informações digitais sobre procedimentos médicos e consultas a bancos de dados clínicos para pesquisa em âmbito nacional. Na informática médica, podem-se abordar assuntos relacionados com aquisição, compressão, armazenamento e recuperação, exibição e transmissão de imagens, como os Pacs e o padrão de formato de imagens DICOM. A tecnologia de redes de computadores e telecomunicações também apresentou um enorme desenvolvimento nos últimos anos, permitindo conexões de banda larga com taxas de transmissão cada vez maiores, mesmo com mobilidade. Essas novas tecnologias possibilitam a criação de novas aplicações multimídia como telepresença e telecirurgia, permitindo a comunicação remota em tempo real entre diferentes especialistas médicos por videoconferência. Outro grande avanço tecnológico aconteceu na área das redes sociais e aplicativos móveis, possibilitando uma comunicação simples e direta entre várias pessoas. Esses exemplos podem ser considerados uma prévia do grande potencial de desenvolvimento que a convergência tecnológica entre as áreas de informática e telecomunicações poderá proporcionar nos próximos anos. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 27 Imagens Médicas A área de imagens médicas apresentou grande crescimento com o desenvolvimento de computadores mais potentes e de menor custo. Os sistemas de imagem médica mais simples produzem uma projeção bidimensional de alguma estrutura biológica, como, por exemplo, os sistemas de radiologia convencional. Entretanto, sistemas mais complexos como a tomografia computadorizada associada à tecnologia de emissão de pósitrons (PET CT) podem gerar modelos tridimensionais, exibindo aspectos morfológicos e funcionais do metabolismo. Para gerar uma imagem de radiologia convencional, o fóton de raios-X é disparado em direção do paciente ao acionar o painel de comando. A energia dos fótons de interage e atravessa o corpo do paciente, chegando até o chassi com filme radiológico. No chassi a energia interage com a prata do filme radiográfico, produzindo uma imagem latente. O processamento radiográfico é feito com substâncias químicas (revelador, fixador e água) dentro de uma câmara escura. O colimador é um dispositivo construído com material que absorve radiação e é usado para direcionar e suavizar os feixes de radiação. O processo convencional apresenta problemas como tecnologia antiga e em desuso, equipamentos de revelação antigos e descontinuados, alto custo das substâncias químicas e filmes radiográficos, necessidade de tratamento dos resíduos químicos. Na evolução para a radiologia computadorizada (CR) é utilizado o mesmo equipamento de raios-X convencional. A formação de imagem é feita como a radiologia convencional porém o chassi com filme-écran é substituído por uma placa de fósforo ou cassete, que possui tamanhos padrão para cada tipo de exame. Não são mais necessários a revelação química e a câmara escura. O cassete é introduzido em um equipamento chamado leitor de CR. Ao inserir o cassete no equipamento, é realizada uma leitura à laser que faz com que os elétrons liberem energia em forma de luz. Essa luz é captada INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 28 por um sistema que a transforma em sinais elétricos que são digitalizados em imagens visíveis na tela do computador, para fins de pós- processamento da imagem. Na radiologia digital (DR) o exame radiológico é realizado da mesma maneira, com o paciente posicionado de acordo com o exame, porém não é mais usado chassis. O aparelho de DR é diferente do convencional, pois possui um arco em “C”, com um receptor de imagem no final desse arco. O receptor de imagem é móvel, podendo ser movimentado de acordo com o exame pretendido. A sala de raios-X ganha mais espaço, pois não é necessário a estativa nem a mesa de exame fixa. Dentre os sistemas de imagens médicas, podemos destacar: Sistemas de imagem morfológica por radiação ionizante: - Aparelhos de raios-X fixos e móveis; - Arcos cirúrgicos e intensificadores de imagem; - Tomografia computadorizada; - Mamografia e angiografia. Sistemas de imagem morfológica pela radiação não ionizante: - Ressonância magnética; - Aparelhos de ultrassonografia. Sistemas de imagem funcionais por medicina nuclear,com a utilização de radiofármacos: - Gama câmaras; - Tomografia de emissão de pósitrons (PET). INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 29 Sobre os desafios futuros na área de imagens médicas, pode-se destacar: - Ênfase na diminuição de custos de novas tecnologias, em especial menores custos de hardware e software; - Pesquisas para encontrar alternativas para os magnetos supercondutores de alto custo usados na ressonância magnética; - Desenvolvimento de técnicas para combinação de múltiplas modalidades de imagens anatômicas e funcionais para permitir uma melhor avaliação clínica pelos médicos; - Utilização de imagens médicas para executar cirurgias mais precisas, como, por exemplo, a correlação dos dados anatômicos obtidos pela varredura tomográfica durante uma cirurgia, pois pode haver movimentos de tecidos e órgãos durante o procedimento; - Uso de técnicas de realidade virtual para permitir uma melhor integração das imagens médicas com o procedimento cirúrgico. O Ambiente Hospitalar Pode-se afirmar que a Engenharia Clínica precisa interagir com diversos setores da estrutura hospitalar, em especial com a Direção Geral e com os setores da Administração, Financeiro, Compras e Jurídico. Também é necessário interagir com todas as áreas assistenciais tais como: Centro Cirúrgico, Unidade de Tratamento Intensivo [UTI], Centro de Material Esterilizado [CME], Enfermarias, Radiologia, Radioterapia, Farmácia, Laboratórios, Clínicas etc. A Engenharia Clínica também deve trabalhar em conjunto com os setores técnicos de Planejamento e Operação, tais como Infraestrutura (elétrica, obras civis, hidráulica, mecânica etc.), Gasotécnica (fornecimento de gases medicinais), Física Médica e Tecnologia da Informação. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 30 Procedimentos Hospitalares Apesar dos grandes avanços tecnológicos, a Medicina ainda baseia o diagnóstico preliminar a partir de um exame clínico bem realizado pelo profissional de saúde, com o objetivo de determinar uma hipótese principal para o diagnóstico. Em seguida, os exames complementares são necessários para um diagnóstico completo e definitivo. Nesse momento, os recursos tecnológicos disponíveis são aplicados em sua plenitude e com o máximo proveito para o paciente. Para auxiliar o processo de incorporação tecnológica, a Engenharia Clínica participa nas etapas de determinação da necessidade da aquisição; definição dos requisitos clínicos e requisitos técnicos; pesquisa de mercado; análise do impacto financeiro; preparação de um conjunto de especificações técnicas; solicitação de propostas aos fornecedores; avaliação das propostas; solicitação de demonstrações e testes de amostra; implementação do processo de compras, licitação ou pregão eletrônico; assinatura do contrato ou ordem de compra; recebimento e testes de aceitação, instalação dos equipamentos, acompanhamento do contrato e do ciclo de vida da tecnologia, procedimentos de manutenção preventiva e calibrações, desfazimento da tecnologia. Engenharia Clínica No Ambiente Hospitalar Dentre as atribuições do Engenheiro Clínico, podemos destacar: Controlar o cadastro técnico e patrimônio dos EMH e seus componentes; Auxiliar a aquisição e realizar a aceitação das novas tecnologias; Treinamento das equipes técnicas para manutenção e equipe assistencial para operação dos equipamentos; Indicar, elaborar e controlar os contratos de manutenção preventiva (MP) e manutenção corretiva (MC); INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 31 Executar a MP e a MC dos EMH no âmbito da instituição; Controlar e acompanhar os serviços de MP e MC executados por terceiros; Estabelecer medidas de controle e segurança dos EMH no ambiente hospitalar; Elaborar projetos de novos equipamentos, ou modificar os existentes, de acordo com as normas vigentes (pesquisa); Estabelecer rotinas para aumentar a vida útil dos EMH; Auxiliar os projetos de infraestrutura, física médica e informatização relacionados com aquisição e manutenção de EMH; Implantar e controlar a qualidade dos equipamentos de medição, inspeção e ensaios referentes aos EMH; Calibrar e ajustar os EMH, de acordo com padrões reconhecidos; Efetuar a avaliação da obsolescência dos EMH; Apresentar relatórios dos aspectos envolvidos com a gerência e com a manutenção dos EMH (indicadores de qualidade e produção). Dentre as principais informações que devem constar na especificação técnica para aquisição de um EMH, podem-se citar os requisitos técnicos e operacionais necessários, classificando os que devem ser obrigatórios e opcionais, definir os requisitos de infraestrutura para descobrir a necessidade de obras de adequação, definir a garantia mínima do equipamento, descrever os requisitos de treinamento técnico e operacional, verificar a necessidade de consumíveis e acessórios, solicitar testes de amostra ou avaliação técnica quando necessário, incluir na documentação a ser fornecida: registro Anvisa, manual operacional, manual técnico, cronograma de manutenções preventivas, listas de consumíveis, cronograma de atualizações previstas e verificar o ciclo de vida da tecnologia. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 32 Gestão De Tecnologia Na Área Da Saúde A utilização de sistemas de informação para armazenamento do inventário e registro de todas as intervenções técnicas nos equipamentos médico- hospitalares é fundamental para permitir uma gestão adequada da tecnologia, pois permite conhecer o parque de equipamentos instalado para programação de atividades e investimentos. O inventário e registro técnico devem ser precisos e permitir rastreabilidade. Dentre as informações necessárias podemos destacar o cadastro completo dos equipamentos e respectivos acessórios; custos de aquisição, manutenção e substituição; registros históricos das manutenções preventivas e corretivas realizadas, documentação técnica etc. Nos processos de contratação para aquisição ou manutenção de EMH existem algumas considerações que devem ser analisadas: Aquisição com garantia estendida (2 anos, no mínimo); Comodato ou locação para equipamentos mais simples e de maior quantidade (bombas de infusão, glicosímetros e mantas térmicas) a fim de simplificar e reduzir os custos totais; Terceirização para alguns serviços técnicos que podem ser realizados por outras empresas, mas devidamente fiscalizados pela Engenharia Clínica (calibração de equipamentos); Contratação por exclusividade (equipamentos de alta complexidade); Manutenção continuada (preventiva e corretiva) com inclusão total de peças, manutenção continuada com lista de peças por demanda ou manutenção continuada sem peças (apenas serviços). Nos processos de contratação devem ser considerados todos os custos envolvidos: custos de aquisição (pesquisa de preço de acordo com o mercado); custos de adequação de infraestrutura, custos de transporte e reinstalação de equipamentos substituídos, despesas de acessórios e INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 33 consumíveis (Opex), custos de contratos de manutenção continuada quando a garantia de venda terminar. Um importante ponto para se levar em consideração na aquisição de novos EMH de alto valor é que, após a garantia de venda, os custos de manutenção continuada podem ficar em torno de 10% a 15% do valor de aquisição de um equipamento novo, dependendo do tipode contrato de manutenção (cobertura total ou parcial). Indicadores de Qualidade Existem vários indicadores que justificam e comprovam a necessidade da equipe de EC na gestão do parque de EMH, independentemente de sua complexidade, tais como: Custo de manutenção em relação ao valor de um equipamento novo; Disponibilidade de equipamentos críticos; Tempo médio entre falhas (MTBF) e tempo médio de reparo (MTTR); Custo diário de um leito parado; Quantidade de ordens de serviço (OS) por período e por setor do hospital; Índice de resolutividade (chamados abertos e solucionados); Tempo médio de atendimento (TMA); Índice de manutenções preventivas e planejadas; Índice de satisfação com o atendimento. Sistema de Informação para Engenharia Clínica Para permitir uma gestão eficiente dos EMH, é necessária a utilização de sistemas de computador e bases de dados para cadastro das informações técnicas: Inventário dos equipamentos, acessórios e componentes; Registro das intervenções técnicas; Controle do ciclo de vida; INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 34 Cadastro de documentação técnica, contratos, manuais etc.; Programa de calibrações e manutenções preventivas; Implementação de relatórios técnicos e gerenciais; Cálculos de indicadores de manutenção e qualidade. É necessária uma maior integração com a equipe de TI na gestão do sistema de informação como: a definição das responsabilidades administrativas do sistema; realização de backups periódicos, gerenciamento dos perfis de acesso dos usuários às bases de dados, atualização de novas versões do sistema etc. Entretanto, garantir a exatidão no cadastro das informações ainda é um dos problemas mais críticos no uso de sistemas de informação. Dessa forma, é necessário que a equipe de Engenharia Clínica faça um cadastro cuidadoso das informações e que o sistema tenha funcionalidades que facilitem o procedimento de registro das informações técnicas, tais como: Carga das informações em lote de forma automática; Entrada de dados padronizada e checagem de consistência; Utilização de banco de dados relacional e multidimensional; Flexibilidade de elaboração de relatórios (tabelas dinâmicas); Quantidade de licenças de acesso adequadas; Permissões de leitura/modificação adequados a cada função; Treinamento continuado para cada perfil de usuário; Possibilidade de acesso móvel ao sistema (smartphones e tablets). Conclusão Neste curso, você teve a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre as áreas de atuação da Engenharia Biomédica, principalmente sobre o aspecto multidisciplinar do curso. Também foram apresentadas as principais atribuições da Engenharia Biomédica e as subáreas de Engenharia INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 35 Clínica, Instrumentação Médica, Bioengenharia, Engenharia de Reabilitação, além das interações com a Física Médica e a Informática Médica. Em especial, foram abordadas as principais atividades da Engenharia Clínica, em que sua atuação na gestão dos equipamentos médico- hospitalares exige uma interação direta e constante com as diversas áreas no ambiente hospitalar: Administração, Setores Assistenciais, Infraestrutura, Física Médica e Informática Médica. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 36 BIBLIOGRAFIA TAKTAK, A.; GANNEY, P.; LONG, D.; WHITE, P. Clinical Engineering A handbook for clinical and biomedical engineers. Academic Press, Elsevier, 2014. BRONZINO J. D. The biomedical engineering handbook. 2. ed. Boca Raton, Florida: CRC Press LLC, 2000. DYRO, J. The clinical engineering handbook. Kidlington, Oxford- Academic Press: Elsevier Academic Press, 2014 BRONZINO J. D. Management of medical technology: a primer for clinical engineers. Kidlington, Oxford- Academic Press, Elsevier, 1992. WEBSTER, J. G. Medical instrumentation: application and design. 4. ed. Boston: Houghton Mifflin Co., 2009. WEBSTER, J. G. Encyclopedia of medical devices and instrumentation. 2. ed. Vol. 1. New Jersey Wiley Interscience, 2006. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR AMORIM, A. et al. O desafio da gestão de equipamentos médico- hospitalares no Sistema Único de Saúde. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sdeb/v39n105/0103-1104-sdeb-39-105- 00350.pdf>. Acesso em: 30 out. 2016. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Manual de tecnovigilância: abordagens de vigilância sanitária de produtos para a saúde comercializados no Brasil. Brasília/DF. 2010. INTRODUÇÃO À ENGENHARIA BIOMÉDICA E À ENGENHARIA CLINICA 37 BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Reforsus. Equipamentos médico- hospitalares e o gerenciamento da manutenção. Disponível em: <http://www.frankshospitalworkshop.com/organisation/biomed_documen ts/Equipamentos%20M%C3%A9dico- Hospitalares%20e%20o%20Gerenciamento%20da%20Manuten%C3%A7 %C3%A3o%20- %20Minist%C3%A9rio%20da%20Sa%C3%BAde%20Bras%C3%ADlia.pdf >. Acesso em: 30 out. 2016. PORTALARQUIVOS.SAUDE.GOV.BR. Diretrizes metodológicas – avaliação de equipamentos médico-assistenciais – Cienciasus. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/novembro/10/Diretriz es-metodologicas-avaliacao-de-equipamento-medico-assistenciais- cienciasus.pdf>. Acesso em: 30 out. 2016. RDC 02. Gerenciamento de tecnologias em saúde em estabelecimentos de saúde. Disponível em: <http://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/legislacao/i tem/rdc-2-de-25-de-janeiro-de-2010>. Acesso em: 30 out. 2016.
Compartilhar