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Disciplina: Histologia e Embriologia Aula 6: Tecido epitelial de revestimento e tecido epitelial glandular Apresentação Nesta aula, aprenderemos mais um dos quatro tipos básicos de tecido do corpo humano. Abordaremos o tecido conjuntivo, suas características gerais, principais células constituintes e sua função. Estudaremos o que diferencia um tecido conjuntivo propriamente dito dos especializados. E, com relação aos tecidos conjuntivos especiais, comentaremos, de forma geral, as características dos tecidos adiposo, ósseo, cartilaginoso e hematopoético. Em seguida, identi�caremos um tecido conjuntivo propriamente dito, denso ou frouxo, destacando suas características morfológicas e respectivas funções. Por �m, perceberemos que o tecido conjuntivo denso pode ser subdividido em modelado e não modelado, cada um com suas particularidades. Bons estudos! Objetivos Reconhecer as características gerais do tecido conjuntivo; Esclarecer as variedades do tecido conjuntivo, propriamente dito ou especializado; Diferenciar o tecido conjuntivo propriamente dito frouxo do denso, reconhecendo sua função e morfologia. Primeiras palavras Na aula anterior falamos sobre o tecido epitelial, um dos que compõem o grupo dos quatro principais tecidos que formam o corpo humano. Comentamos que o tecido epitelial, por ser avascular, necessita do suporte de outro tipo de tecido para nutrição e oxigenação: o tecido conjuntivo. Representação de tecido conjuntivo. (Fonte: Angel Soler Gollonet / Shutterstock) Perceberemos que o tecido conjuntivo está presente em vários tecidos do nosso organismo, não só desempenhando papel de nutrição e suporte para o tecido epitelial, mas em funções de extrema importância para o funcionamento do nosso sistema. Tecido conjuntivo Características gerais Representação esquemática de células e MEC abundante no tecido conjuntivo. (Fonte: Ciências do CECB) O tecido conjuntivo apresenta diversos tipos de células imersos em abundante Matriz Extracelular (MEC), e representa um grupo de variados tecidos com diversas funções, além de ser vascularizado. (Fonte: Shiatsu Ancestral). As formas das células e os constituintes da MEC são fundamentais para determinar o tipo de tecido e, consequentemente, a função por ele exercida. (Fonte: VectorMine / Shutterstock) Esse tecido tem origem embrionária nas células mesenquimais, derivando o folheto germinativo mesoderma. Funções 1 União dos tecidos, oferecendo sustentação e preenchimento. 2 Meio de trocas de nutrientes e metabólitos. 3 Resistência à tração ou elasticidade. 4 Cicatrização. 5 Defesa contra micro-organismos. Atividade 1 - O tecido conjuntivo apresenta grande variedade, com diferenças morfológicas e funcionais. Embora existam tecidos conjuntivos do tipo propriamente dito e especializados, todos esses tecidos apresentam como características comuns: a) Células justapostas e pouca matriz extracelular. b) Diversos tipos de células imersos em abundante matriz extracelular. c) Fibroblastos e células pavimentosas, que são responsáveis pela defesa do organismo. d) Abundância em fibras colágenas, sintetizadas por macrófagos. e) Tecido avascularizado que realiza sua nutrição por difusão com auxílio do tecido subjacente. Componentes celulares comuns Muitas células encontradas no tecido conjuntivo são produzidas nele mesmo e ali permanecem, desempenhando suas respectivas funções. Algumas células são locais, enquanto outras são transitórias, tais como leucócitos, que vêm de outras partes e permanecem provisoriamente no tecido. Esses tipos de células variam entre o conjuntivo, dependendo da função desempenhada. Tecido conjuntivo frouxo | Fonte: Histofisios <http://histofisios.blogspot.com/2014/04/tecido-conjuntivo.html> O tecido conjuntivo propriamente dito é formado pelas células: 1 Fibroblastos 2 Macrófagos 3 Mastócitos 4 Plasmócitos 5 Adipócitos 6 Leucócitos As células do tecido conjuntivo especializado serão abordadas quando falarmos deles. Fibroblastos São células jovens, ativas, de formato estrelado, considerados como células essenciais do tecido, encarregados de produzir MEC, em especial com síntese de colágeno, elastina, proteoglicanas e glicoproteínas estruturais. Relacionam-se ao controle da proliferação e diferenciação celular. Quando não estão ativos e mais quiescentes, os �broblastos apresentam mudança em sua morfologia que se encontra mais retraída e fusiforme (sendo chamados de �brócitos). (Fonte: Bio Conexão). Dica Cicatrização de ferimentos Quando ocorre uma lesão, há estímulos para a proliferação dos �broblastos, que contribuem para a cicatrização, em especial com aumento da secreção dos elementos da MEC. Além disso, por estímulos também, há diferenciação das células para os chamados mio�broblastos, que participam do fechamento da cicatriz pela contração, retraindo o tecido cicatricial. (Fonte: Misodor) Macrófagos É o segundo tipo mais comum de células do tecido, geralmente, apresentam seu núcleo em formato ovoide, mas, sua forma pode variar dependendo de seu estado funcional. Os macrófagos: 1 São células ativas, com superfície irregular e projeções que facilitam no movimento ameboide, com grande capacidadede fagocitose. 2 São originadas do monócito (célula do sangue), que são capazes de atravessar a parede dos vasos e se dirigir ao tecido conjuntivo, e lá adquirem a forma do macrófago, acompanhadas de aumento do complexo golgiense, retículo endoplasmático rugoso e lisossomos, que, consequentemente, aumentam o tamanho da célula. As imagens a seguir ilustram o monócito e o macrófago. Monócito Macrófago Dica Macrófagos e Fagocitose De maneira geral, os macrófagos podem ser considerados células de defesa do nosso organismo, sendo um importante componente do sistema imune no combate aos patógenos invasores, além da remoção de restos celulares. (Fonte: Mi Sistema Inmune). Os macrófagos realizam os processos por meio de fagocitose, que através de pseudopodes englobam essas partículas, que são conduzidas para o interior da célula, onde �cam completamente envolvidas por uma estrutura chamada de fagossomo. O fagossomo se une aos lisossomos, formando o vacúolo digestivo, onde são lançadas enzimas que irão degradar essa partícula ingerida. O que não for digerido pela célula, será excretado como corpo residual. (Fonte: Brasil Escola). 1. Fagocitose de uma célula inimiga 2. Fusão de um fagossomo e um lisossomo 3. Enzimas degradam a célula inimiga 4. Fragmentos da célula inimiga 5. Liberação dos fragmentos Mastócitos São células com formato globoso e grande, com núcleo esférico e central, não apresentam prolongamentos, mas há grande presença de grânulos. Também se apresentam em grande quantidade em diversas variedades do tecido conjuntivo. (Fonte: Nem tudo é de fisio). Plasmócitos São células ovoides, com núcleo esférico, que em geral se localizam em posição excêntrica (fora do centro), com grande quantidade de retículo endoplasmático rugoso. Apresentam-se em menor número no tecido conjuntivo em estado normal, mas são abundantes em locais que possuem maior propensão à penetração de bactérias, tais como intestino. (Fonte: Pintaram). Leucócitos São considerados constituintes do tecido conjuntivo vindos do sangue por migração das células através da parede dos vasos (chamado de diapedese), onde essas células de defesa se encontram em maior quantidade em locais com propensão à entrada de agentes invasores. Os tipos mais comuns de se encontrar no tecido são: 1 Eosinó�los 2 Neutró�los 3 Linfócitos Você pode observar essas células sanguíneas na imagem a seguir. (Fonte: Biomedicina Padrão). Células adiposas São células esféricas, grandes, originadas de células mesenquimais,especializadas em armazenar gordura (falaremos delas com mais detalhes na próxima aula). (Fonte: Adipogenese). Matriz Extracelular Assim como os componentes celulares, a MEC também apresenta variação em sua composição entre os tecidos conjuntivos. É composta por componentes �brilares e não �brilares, que conferem aos tecidos suas características funcionais. Componentes não Fibrilares A substância fundamental amorfa é uma espécie de gel incolor, muito hidratado, de aspecto viscoso, rica em glicosaminoglicanas, proteoglicanas e glicoproteínas multiadesivadas, no qual as células e outros componentes se encontram imersos. Caracteriza-se por preencher espaços entre as células e as �bras do tecido, além de permitir a passagem de células e uma barreira para a entrada de micro-organismos. (Fonte: Biologia USP). Componentes Fibrilar Como já vimos, as principais �bras que compõem a MEC são produzidas pelos �broblastos, mas sua constituição pode variar entre os tecidos conjuntos e esse fato, confere suas características morfológicas e funcionais peculiares. Sendo assim, os principais elementos �brilares no tecido conjuntivo propriamente dito se referem às: Fibras colágenas, reticulares e elásticas. Vamos conhecê-los! Clique nos botões para ver as informações. O colágeno é a proteína mais abundante no corpo humano, possui mais de 20 variações conhecidas (os principais são classi�cados do tipo I ao IV). Dessa forma, as �bras colágenas, que podem variar suas características entre os tecidos conjuntivos, são os elementos �brilares mais abundantes na MEC. As �bras colágenas tipo I são as mais frequentes. Fibras colágenas (Fonte: Biologia USP). Dica Queloide É um tipo de �brose que ocorre devido ao acúmulo excessivo de colágeno. Esse depósito excessivo do colágeno que se forma na cicatriz gera um espessamento, que se projeta além da superfície da pele. Acaba sendo um problema de difícil resolução, uma vez que pode reaparecer depois de removido. (Fonte: Netcina.). São formadas essencialmente por colágeno do tipo III, além de abundância de glicoproteínas e proteoglicanas. Por apresentarem diâmetro pequeno, são muito delicadas e formam uma espécie de rede tridimensional, em especial, em órgãos hematopoéticos e linfoides. Geralmente, servem de apoio às células, gerando suporte que possibilitam se adaptar às mudanças �siológicas, em especial às relacionadas com alterações de forma e volume. Fibras reticulares (Fonte: Teliga.net). O principal constituinte é a glicoproteína estrutural, a elastina, e também apresentam mio�brilas. São mais �nas que as �bras colágenas e não apresentam estriação longitudinal, que se rami�cam e formam uma espécie de malha irregular, e como o próprio nome sugere, conferem elasticidade ao tecido. Assim como as outras �bras, são sintetizadas pelos �broblastos. Fibras elásticas (Fonte: Slideplayer). Classi�cação O tecido conjuntivo pode ser dividido em dois grandes grupos: o chamado tecido conjuntivo propriamente dito e o grupo de tecido conjuntivo especializado, com funções altamente especí�cas, dos quais fazem parte os tecidos adiposo, cartilaginoso, ósseo e hematopoético. O esquema a seguir ilustra essa classi�cação: Vamos conhecer um pouco mais sobre cada tecido. Tecido conjuntivo propriamente dito frouxo Esse tipo de tecido contém todos os elementos típicos que foram apresentados até agora com abundância de MEC, sem que nenhum desses componentes tenha predomínio acentuado. Os elementos mais comuns são os �broblastos, macrófagos, as �bras de colágeno e elástica. O tecido também apresenta vasos sanguíneos e linfáticos e �bras nervosas. Ele preenche os espaços entre as �bras e feixes musculares, além de apoiar e nutrir as células endoteliais (que são avascularizadas), e também desempenha papel na defesa do organismo. Como o próprio nome sugere, as �bras se dispõem frouxamente, são �exíveis, mas pouco resistente a trações. A imagem a seguir ilustra o tecido conjuntivo frouxo: (Fonte: Quarto Ano Anatomia). Tecido conjuntivo denso Apresenta basicamente a mesma composição do tecido conjuntivo propriamente dito frouxo. Possui os componentes celulares em menor quantidade e as �bras colágenas em abundância. O �broblasto é o tipo celular que se apresenta de maneira mais acentuada, já que se relaciona com a produção de �bras. Como o próprio nome sugere, as �bras se dispõem densamente, o tecido é menos �exível, porém mais resistente a trações. Por causa da disposição de suas �bras, pode ser subdividido em mais dois grupos: o denso modelado e o denso não modelado. A imagem a seguir ilustra esses grupos: (Fonte: Histologia Nerd). Vamos conhecer um pouco mais sobre os grupos denso modelado e denso não modelado. Clique nos botões para ver as informações. As �bras colágenas se apresentam em feixes que são arranjados sem orientação �xa. Por causa de sua organização entrelaçada, formam uma espécie de trama tridimensional, que confere ao tecido resistência às trações que são exercidas em qualquer sentido. É bastante vascularizado e pode ser encontrado, por exemplo, na derme. Tecido conjuntivo denso não modelado (Fonte: Estude Histologia). Diferente do tipo anterior, os feixes de �bras colágenas desse tecido são arranjadas em orientação �xa e paralelas, e alinhadas aos �broblastos e às células que as produzem, o que confere ao tecido mais resistência e elasticidade, quando comparado ao denso não modelado. Em geral, são organizadas dessa forma devido à resposta à tração exercida em determinado sentido, com o objetivo de fornecer o máximo de resistência às possíveis forças exercidas nesse tecido. Pode ser encontrado, por exemplo, nos ligamentos e tendões. E por não apresentarem vasos sanguíneos, a nutrição e oxigenação são realizadas por meio de difusão do tecido conjuntivo propriamente dito denso não modelado. Tecido conjuntivo denso modelado (Fonte: Histologia UFAM). Tecido conjuntivo elástico Esse tecido é formado por �bras elásticas grossas arranjadas em feixes paralelos. O espaço contido entre essas �bras é preenchido por �broblastos e �bras colágenas. Como o próprio nome sugere, apresenta grande elasticidade e sua cor é tipicamente amarelada. Isso ocorre devido à abundância de �bras elásticas. Esse tipo de tecido não é muito encontrado no corpo humano, mas pode ser observado, por exemplo, no ligamento amarelo da coluna vertebral. (Fonte: Teliga.net). Tecido conjuntivo reticular O principal constituinte são as �bras reticulares, sendo associadas às células reticulares (consideradas �broblastos especializados), o que confere facilidade na formação de arcabouços capazes de promover sustentação às células livres. São encontrados em órgãos linfoides e em órgãos formadores de células sanguíneas. Presença de fibras reticulares presentes no fígado. (Fonte: Morfologia Biomedicina UFF). Tecido conjuntivo mucoso Esse tecido apresenta MEC predominante, com presença acentuada especialmente de ácido hialurônico, mas com pouca quantidade de �bras colágenas, elásticas e reticulares, por isso possui consistência gelatinosa. É considerado o tecido essencial para a formação do cordão umbilical, sendo conhecido por gelatina de Wharton. Pode ser encontrado também na polpa dental jovem. (Fonte: Teliga.net). Atividade 2 - A classi�cação do tecido conjuntivo propriamente dito denso, basicamente se relaciona à disposição que suas �bras se apresentam. Dessa forma, o tecido conjuntivo propriamente dito denso modelado, pode ser encontrado tipicamente na(o): a) Pele b) Fígado c) Cordão umbilical d) Tendão e) Gordura 3 - Todos os nossos tecidos apresentam origem nos folhetos embrionários, formados durante o processo de gastrulação. Dessa maneira, o tecido conjuntivo é originado através da: a) Mesodermab) Ectoderma c) Endoderma d) Blástula e) Mórula Referências CARVALHO, H.F.; RECCO-PIMENTEL, S.M. A Célula. 2.ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2007. CORMARK, D. H. Fundamentos de Histologia. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. GARTNER, L.P.; HIATT, J.L. Tratado de histologia. 3.ed. Trad. Thaís Porto Amadeu. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. HIATT, J.L.; GARTNER, L.P. Tratado de Histologia em Cores. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 11.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. ROSS, M.H.; PAWLINA, R. W. Histologia – Texto e atlas. 5.ed. 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