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Material de Apoio GRI 1° parte (1)

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1 
 
GRI Geopolítica, Regionalização e Integração. 
 
 
- Abordagem contemporânea da geopolítica, regionalização e integração, das macro 
políticas e das novas fronteiras internacionais. 
- Trata das novas interações e tendências econômicas dos países no cenário global. 
- Aborda a compreensão do advento da regionalização e integração de mercados. 
- Analisa a tendência do fim das fronteiras físicas para os produtos e os fatores de 
produção. 
- Trata também das perspectivas e cenários futuros e de como o Brasil se insere nesse 
momento. 
 
O que é Geopolítica???? 
 
- É uma área da Geografia que tem como objetivo fazer a interpretação dos fatos da 
atualidade e do desenvolvimento político dos países usando como parâmetros 
principais as informações geográficas. A geopolítica visa também compreender e 
explicar os conflitos internacionais da atualidade e as principais questões políticas da 
atualidade. 
 
- Geopolítica é uma disciplina das Ciências Humanas que mescla a Teoria Política à 
Geografia, considerando o papel político internacional que as nações desempenham em 
função de suas características geográficas — como localização, território, posse de 
recursos naturais, contingente populacional, etc.. 
 
- É o estudo da estratégia, da manipulação, da ação. Estuda o Estado enquanto 
organismo geográfico, ou seja, é o estudo da relação intrínseca entre a geografia e o 
poder. Método de análise que utiliza os conhecimentos da geografia física e humana 
para orientar a ação política do Estado. 
 
O que é Geografia Política??? 
 
- Geografia política é um ramo de geografia (e, mais especificamente, da geografia 
humana) que se dedica ao estudo da interação entre a política e o território, 
nomeadamente no que diz respeito à administração. 
 
- A geografia política moderna reflete as características políticas frente aos aspectos 
sócio-econômicos no âmbito local, regional, nacional e internacional. Os estudos desta 
área avaliam diversos fatores que determinaram uma situação já estabelecida como, por 
exemplo, as características demográficas frente ao desenvolvimento de um ramo da 
economia. 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
O FUNDADOR DA GEOPOLÍTICA 
 
 
O raciocínio geopolítico (o aproveitamento do espaço territorial e os limites que este 
impõe à ação do Poder) sempre influenciou os governantes desde a mais remota 
Antigüidade. Contudo, a normatização metodológica da geopolítica só ocorreu no 
século XIX. 
 
FRIEDRICH RATZEL (1844-1904), geógrafo alemão, “pai da geopolítica, autor do 
livro "ANTROPOGEOGRAFIA – FUNDAMENTOS DA APLICAÇÃO DA 
GEOGRAFIA À HISTÓRIA", que formulou conceitos fundamentais para a 
abordagem geopolítica da realidade internacional. Em primeiro lugar, a função do 
Estado, é expandir e defender o espaço territorial nacional e, além disso, Ratzel 
conceituava que as fronteiras nacionais são móveis, pois são determinadas pela 
capacidade político-militar de ampliá-las e de as manter. 
Importante é ressaltar que Ratzel reflete o momento histórico da unificação da 
Alemanha pela Prússia, processo marcado pela expansão militar. A Alemanha Imperial 
(o IIº Reich) surgiria em 1871 após três guerras: a “dos Ducados”, contra a Dinamarca 
(1864), a “Guerra Austro-Prussiana” (1866) e a “Franco-Prussiana” (1870). 
O raciocínio de Ratzel expressa esta íntima ligação entre “unidade política” (proposta 
de unificação nacional), necessidade de expansão territorial e poder militar. 
 
 
 
 
3 
 
 
Teoria Geral do Estado e a Geopolítica – Estado e Território 
 
 
A primeira função do Estado é a Política: o Estado como Poder e Vontade – vontade 
que sabe o que quer e poder para realizar esta vontade por intermédio de órgãos 
adequados. 
Essa Vontade e esse Poder, embora as pessoas não os vejam, estão sempre junto ao 
indivíduo, impondo, logo que se torne preciso, restrições aos desejos e propósitos dos 
cidadãos. O Estado atua, também, ativamente sobre o indivíduo, pelo imposto, pelo 
serviço militar obrigatório, pelas políticas, programas e marcos regulatórios voltados à 
reprodução econômica e de várias outras maneiras. 
 
Da mesma forma, o Estado é cada vez mais um realizador de obras públicas (estradas, 
portos, saneamento), de ensino, de cultura, bem como de outros serviços. 
Em alguns casos, o Estado os monopoliza; em outros, outorga-os a terceiros por meio de 
“concessões”. 
 
Todos os Estados modernos tomam a si iniciativas de cultura política, de previdência 
social e até de “lucro”, como empresários-exploradores de transportes, de energia, de 
mineração, de agricultura, de indústrias. Há uma verdadeira tutela patriarcal do Estado 
sobre toda a sociedade, em seus níveis e estendida a todas as partes do território. 
 
Presentemente e cada vez com maior intensidade, o Estado só atende aos desejos e 
interesses dos indivíduos quando coincidem com os interesses do próprio Estado. 
 
Ao lado das forças políticas que o Estado coordena e dirige há muito tempo, existem 
forças econômicas e sociais que não podem ser postas à margem. Disso se infere haver 
três níveis: 
 
- o político, o econômico e o social. Examinar o papel do Estado em cada um desses 
níveis passa a ser a direção da ciência que tem o Estado como objeto, articulando teoria 
e prática. Para isso, a Teoria Política passa a lidar com novas realidades e novos 
conceitos. 
 
“País” é o território perfeitamente delimitado em sua área e forma pela linha de 
fronteiras. É esse país que dá substrato ao Estado. Para Ratzel, ao pesquisar as relações 
entre o Estado e seu território, concluiu serem íntimos os elos entre os dois, definindo o 
Estado como “um pedaço de humanidade e um pedaço de terra organizada”. “País” e 
“Povo” são os elementos a serem considerados na concepção de Estado: 
 
- ao “país” corresponde o território; “povo” tem seu equivalente em nação. Do ponto de 
vista da Política, são termos de quase igual valor. Apesar disso, no estudo do Estado, há 
algo mais vasto e profundo do que território e povo, incluindo a organização política 
(república, monarquia, parlamentarismo) e o seu poder (militar e econômico). 
 
O território é visto como um espaço definido e delimitado por e a partir de relações de 
poder. 
 
 
4 
 
 O território seria o espaço vital que tinha por referência básica a relação entre a 
sociedade e os recursos disponíveis; era o suporte para a existência e sobrevivência do 
grupo humano. 
Observa-se o território como expressão legal e moral de um Estado, sendo a união entre 
o solo e o povo que ali habita a constituição de uma sociedade. 
 
A partir de Ratzel, o estudo do território tornou-se indispensável para a compreensão 
das questões relacionadas ao desenvolvimento do Estado e do domínio territorial, já que 
este último, naquela época, representava de forma explícita a expressão concreta de 
poder. 
 
Assim, segue-se ainda a premissa de que um Estado, para ser reconhecido como tal, 
deve cumprir quatro condições básicas: 
 
- ter uma base territorial 
- ter fronteiras definidas geograficamente 
- ter uma população 
- ter um governo reconhecido por essa população e pelos demais Estados independentes. 
 
A diferença crucial entre o conceito de Estado e Nação, portanto, recai sob o fato de que 
nação é representada por um grupo de indivíduos que compartilham do mesmo conjunto 
de características, ou seja, costumes, linguagens e história. 
 
Em um mundo globalizado, a balança de poder funciona como um eixo que norteia as 
decisões. Esse eixo é composto por diversos países compesos diferentes na política 
internacional. Em conjunto, esses países conseguem fazer frente ou ao menos se 
destacar perante os chamados hegemons. O poder na geopolítica é designado por meio 
de diversas interfaces, sejam elas econômicas, políticas ou bélicas. Conjugadas, elas 
representam uma liderança, como a que há décadas é sustentada pelos Estados Unidos. 
Contudo, para John Mearsheimer, o poder ou a falta dele determina tanto a habilidade 
de influenciar quanto de ser influenciado. Essas demonstrações de poder podem ser 
diferenciadas entre duas vertentes. 
 
- poder potencial, que leva em conta os tamanhos da população e da riqueza do Estado 
em questão, que vêm a ser os fatores que sustentarão as forças. 
 
- poder concreto, ilustra o panorama contemporâneo repleto de intervenções militares e 
guerras regionais, no qual se destaca o poderio bélico. Aqui, a ênfase é dada às forças 
armadas e às forças terrestres, navais e aeronáuticas, sendo a principal delas a 
terrestre, visto que, no caso de uma conquista territorial, é ela que controlará e 
ocupará a região. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
TEORIAS GEOPOLÍTICAS 
 
Teorias Geopolíticas Clássicas (início Sec. XX até Final da Guerra Fria) 
 
TEORIA DO PODER MARÍTIMO (1890) 
 
 
 
 
 
Autor: almirante Alfred Thayer Mahan (americano). 
Foi o primeiro geopolítico a reconhecer a importância dos mares na consecução da 
política nacional em seu livro “Influência do Poder Naval na História”. 
A idéia básica de sua teoria é que: A terra é quase sempre um obstáculo, o mar quase 
todo uma planície aberta; uma nação capaz de controlar essa planície, por meio: do 
poderio naval, e que ao mesmo tempo consiga manter uma grande marinha mercante, 
pode explorar as riquezas do mundo. 
Para Mahan, o poder marítimo é elemento vital para o crescimento, a prosperidade e a 
segurança nacionais. 
Afirma, ainda, que: O poder marítimo não é o sinônimo de poder naval, pois não 
compreende apenas o potencial militar que, navegando, domina o oceano ou parte dele 
pela força das armas, mas também o comércio e a navegação pacífica que, de um modo 
vigoroso e natural, deram nascimento à esquadra e, graças a ela, repousam em 
segurança”. 
Para Mahan, o poder marítimo é elemento vital para o crescimento, a prosperidade e a 
segurança nacionais. 
6 
 
TEORIA DO PODER TERRESTRE (1904) 
 
Autor: professor e geógrafo Sir Halford J. Mackinder (inglês). 
Analisando o mapa mundi, ele observou que 75% das terras do Globo eram constituídas 
de Europa, Ásia e África; com cerca de 90% da população mundial, denominando esse 
conjunto de “Ilha do Mundo” e destacando-o como eixo central no hemisfério norte. 
Constatou, ainda, que as conquistas dos bárbaros para oeste e dos cossacos para leste 
partiram do centro-oriental, concebendo que no interior desse eixo, numa área central, 
se instalaria o poder terrestre. Denominou-se essa área de “Terra Central” ou “Terra 
Coração” (Heartland), autêntica área pivô da História. A seguir, deduziu que quem a 
controlasse dominaria a “Ilha do Mundo” e, como conseqüência, controlaria o mundo. 
Isolado dos oceanos e com grande mobilidade, teria o poder terrestre, instalado no 
“heartland”, a facilidade de se expandir na direção dos países posicionados nas 
extremidades costeiras, região que chamou de “crescente interno marginal”, tendo nas 
extremidades do ocidente a Inglaterra e do oriente o Japão. Se associasse o poder 
terrestre a essas duas extremidades com potencial de poder marítimo, estaria assegurado 
o domínio do mundo e se poderia partir para o “arco exterior insular”, a que chamou de 
“crescente externo insular”, abrangendo a América e a Austrália. 
 
 
 
 
 
 
7 
 
TEORIA DAS PAN-REGIÕES (1930) 
 
Autor: general, professor e geógrafo Karl E. N. Haushofer (alemão) 
Tendo como cerne de sua teoria as idéias difundidas por Kjëllén (a Europa liderada pela 
Alemanha, num espaço vital que se estendia da Escandinávia à Turquia), dentro dos 
princípios da “fronteira orgânica” de Haushofer, chegou à conclusão de que a posição 
da Alemanha no centro da Europa era geoestrategicamente vulnerável, por se encontrar 
cercada de Estados dinâmicos tanto a leste quanto a oeste. 
Difundiu, em seus trabalhos, alguns pontos que considerava básicos para os Estados no 
contexto mundial: 
 
- como um dos pontos básicos para as nações estaria a “autarquia”, que seria a auto-
suficiência nacional no sentido econômico, assim considerada pelos geopolíticos 
alemães da época; 
 
 
- a idéia do “espaço vital” (lebensraum), como sendo o direito de um Estado ampliar o 
seu espaço geográfico visando ao desenvolvimento da sua população, nos campos 
econômico e cultural; 
8 
 
- outra idéia básica é a visão da situação de poder marítimo x poder terrestre, concluindo 
que: as bases marítimas diminuem sua segurança em relação ao Estado com controle de 
grande massa terrestre à sua retaguarda, pois poderia mediante forte ação terrestre, 
conquistá-la; e, ainda, que o poder marítimo não é eterno, pelo seu natural desgaste e 
pela dependência de território; 
- finalmente, as fronteiras quando, explica: “as fronteiras são simplesmente a expressão 
das condições de poder político em um momento considerado”. Na sua opinião, elas 
normalmente são grandes causadoras de conflitos, em decorrência de discordâncias 
entre os interesses políticos dos confrontantes. 
Criou, então, a “Tese das Pan-Regiões” - conjugação dos espaços vitais na direção dos 
meridianos, em eixos norte-sul - envolvendo variada gama de recursos e mais 
apropriada à Alemanha pelo seu posicionamento vulnerável. 
Seguindo a tese das “áreas geograficamente compensadas”, os denominados “espaços 
vitais ativos”, possuidores de indústria e tecnologia, instalados no norte, seriam 
liderados por um Estado. Em contrapartida, os “espaços vitais passivos”, ao sul, seriam 
mantidos como simples fornecedores de matérias-primas, sem tecnologia, conformados 
a se manterem na mais estreita interdependência do norte. 
 
Assim, idealizou quatro pan-regiões: 
- Euráfrica, composta por Europa Ocidental, África e Península Arábica, sob a liderança 
da Alemanha, podendo ser auxiliada pela Inglaterra; 
- Pan-América, formada pelo Continente Americano mais a Groelândia, sob a liderança 
dos Estados Unidos; 
- Pan-Rússia, formada pela URSS, subtraindo a Sibéria, mas compensando com a 
anexação da Índia, com uma saída para o “mar quente”, o Índico, sonho desde os 
tempos de Pedro, o Grande; 
- Pan-Ásia, abrangendo a parte oriental da Ásia, a Austrália e os demais arquipélagos e 
ilhas da área. Os japoneses optaram por chamála de “Zona de Co-Prosperidade 
Asiática”. 
 
Estava, portanto, o mundo repartido pelas grandes potências e estabelecido o princípio 
diferencial do eixo norte-sul. 
Tomando conhecimento desta concepção, Hitler tentaria implantála, fazendo aliança 
com a União Soviética na tentativa de evitar a entrada da Inglaterra e dos Estados 
Unidos na 2ª Grande Guerra. Fracassan-do em seu intento, voltou-se para a implantação 
da “Teoria do Poder Terrestre”, de Mackinder, com a qual também fracassou. 
Diante das forças de influência da Europa e da Rússia, Haushofer vislumbrou a criação 
de uma barreira de Estados que classificou como “Cinturão do Diabo”, definindo-a 
como um espaço vital ocupado por países com mera aparência de soberania e 
independência, que serviria de área amortecedora entre esses dois pólos de poder. 
 
A partir de 1945, a Europa se dividia geopoliticamente perante essas forças dando 
origem à “Cortina de Ferro”. 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
TEORIA DO DESAFIO E RESPOSTA (1934)Autor: sociólogo e historiador Arnold Toynbee (inglês) 
Toynbee afirma que o destino dos povos está nas mãos de suas elites dirigentes e aceita 
a Geopolítica como conselheira e indicadora de soluções para essas elites. 
Depois de analisar a trajetória de 21 civilizações, dos sumérios aos tempos modernos, 
conclui que as civilizações que aceitaram e venceram os desafios, traduzidos por 
obstáculos ou inferioridades, se afirmaram e se desenvolveram nos contextos em que 
estavam inseridas. E as civilizações que não aceitaram, ou não mais tiveram desafios a 
enfrentar, estagnaram, regrediram e até se desagregaram. Daí, estabelece 
sua teoria na obra “Um Estudo de História”: 
As inferioridades geográficas, os obstáculos, são desafios que se antepõem ao processo 
de afirmação das nações. Ou estas superam esses desafios e se afirmam, ou não os 
superam, e são condenadas à estagnação ou à desagregação”. 
 
 
TEORIA DO PODER AÉREO (1921-1942) 
 
 
 
 
Autores: general Giulio Douhet (italiano) aviador Alexsander Seversky (russo 
naturalizado americano) 
No momento em que a teoria do poder terrestre procurava se sobrepor à do poder 
marítimo, estourava a 1ª Grande Guerra, levando os estudiosos a procurarem aspectos 
geopolíticos mais globais no âmbito das relações internacionais. 
 
Em 1921, o general italiano Douhet passou a difundir o emprego do avião como arma 
estratégica.Nessa ocasião, afirmava que, mesmo diante da importância das forças de 
terra e do mar, em pouco tempo tão importante seria o domínio do ar. 
10 
 
Preconizava o emprego do avião no interior dos países adversários, destruindo objetivos 
econômicos, sociais, políticos e militares, pois, além dos prejuízos materiais, abalaria a 
vontade de lutar do inimigo, facilitando a condução da guerra, com a seguinte 
afirmativa: 
 
“A arma aérea, a arma suprema, podia ela só irromper sobre os inimigo e obter 
a decisão, atacando em massa os centros vitais do adversário”. Era o surgimento do 
conceito de “bombardeio estratégico”, que viria reforçar a “guerra total”, preconizada 
pelo general alemão Ludendorf, durante a 1ª Grande Guerra. 
Defendia a idéia da conquista do domínio do ar, e só através dele poder-se-ia gozar da 
grande vantagem de toda a articulação do inimigo no terreno e no mar. Concluindo que 
“o Exército e a Marinha não devem por isso ver na Aeronáutica apenas um meio 
auxiliar e sim como um terceiro poder mais jovem, mas nem por isso menos importante 
na família guerreira”. 
 
Com a produção dos poderosos aviões B-36 pelos Estados Unidos, com alcance de 
5.000 milhas, Serversky observa que: “a guerra aérea transoceânica, inter-hemisférica é 
não somente possível, mas inevitável”. 
Destaca, ainda: O B-36 é um exemplo de poder aéreo estratégico de longo alcance que 
revolucionará nossas idéias sobre estratégia militar. Tais aviões podem levantar vôo do 
nosso próprio continente e, sem necessidade de bases 
em ultramar, golpear quase em qualquer ponto do território de um inimigo europeu ou 
asiático, regressando em seguida”. 
 
Estabelece, ainda, uma “área de suprimento” para cada uma das grandes potências 
tratadas, que seriam as áreas fora da área de domínio aéreo do opositor. A de apoio em 
alimentos e materiais estratégicos dos EUA seria a América do Sul; e a da URSS seria a 
África do Sul, conhecida como “área indecisa” e que, segundo a doutrina do general 
russo Gorshkov, poderia servir de trampolim para alcançar o Brasil e a Argentina. 
Esta teoria esteve presente ativamente durante todo o período da Guerra Fria, com os 
EUA mantendo o predomínio aéreo na “área de decisão”, culminando com o “Projeto 
Guerra nas Estrelas”. 
 
 
TEORIA DAS FÍMBRIAS (1942) 
Autor: professor Nicholas John Spykman (holandês naturalizado americano). 
Doutor em filosofia e diretor do “Instituto de Relações Internacionais” de Yale, nos 
EUA, baseado na teoria do poder terrestre de Mackinder, que preconizava a idéia de que 
quem dominasse o “Coração da Terra” dominaria o mundo, imaginou que a única 
defesa possível contra essa possibilidade seria ocupando as bordas da “Ilha do Mundo”, 
ou seja, as “fímbrias”, que ele chamou de “Rimland”. 
 
 
 
11 
 
 
Uma vez ocupado o “Rimland” (fímbrias), não seria possível a expansão para a “Ilha do 
Mundo”, por parte de quem ocupasse o “Coração da Terra” (Heartland). 
Conseqüentemente, não teria acesso ao resto do mundo, ou seja, o “Crescente Exterior 
ou Insular”. 
Baseado nessa teoria, após a ocupação do “Coração da Terra” pela URSS, o mundo 
ocidental passou a ocupar as “Fímbrias”, com o objetivo de impedir a expansão do 
comunismo para o restante do globo. Estabelecendo acordos e tratados, materializou a 
conhecida “Geoestratégia da Contenção”, durante todo o período da Guerra Fria, da 
seguinte forma: 
 
- com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), ocupou as “fímbrias” do 
oeste europeu; 
- com a Organização do Tratado do Centro (OTCEN), ocupou as “fímbrias” do centro-
sul da Eurásia, com base no Irã; 
- com a Organização do Tratado do Sudeste da Ásia (OTASE), ocupou o oeste da Ásia, 
com base no Japão. 
 
TEORIA DO PODER PERCEPTÍVEL (1975) 
 
Autor: coronel e professor Ray Cline (americano) 
Estabelecida a bipolaridade no mundo, tendo como pólos as superpotências EUA e 
URSS, surge a preocupação dos cientistas políticos e dos governantes no sentido de 
visualizar, com antecedência, as possíveis tendências do surgimento de outros Estados 
dispostos a participar da disputa pelo poder mundial. 
12 
 
Cria o “conceito politectônico”, que define como “estruturação política”, através de uma 
fórmula matemática que propõe determinar o potencial de poder dos Estados, em seu 
trabalho “Avaliação do Poder Mundial”. Justifica o termo “conceito politectônico” 
afirmando que sua intenção: 
Formula, assim, a Teoria do Poder Perceptível, que define como: a capacidade de um 
Estado de fazer a guerra e/ou de impor sua vontade no contexto político e econômico 
mundial. 
 
Esse poder seria calculado para cada Estado pela fórmula: 
PP = (C+E+M) x (S+W) onde: 
PP - Poder Perceptível 
C - Massa crítica (população e território) 
E - Capacidade econômica (economia, principalmente a capacidade 
industrial) 
M - Capacidade militar (conjunto da expressão militar) 
S - Objetivo estratégico (concepção estratégica) 
W - Vontade de executar a estratégia militar (vontade política nacional) 
Cada fator é submetido à análise de um grupo de pesquisadores, 
considerando: 
C - Massa crítica: para território - sua posição, extensão, e recursos 
naturais; para população - efetivo, cultura e qualidade. 
E - Capacidade econômica: produção industrial (quantidade e 
qualidade); nível de avanço tecnológico. 
M - Capacidade militar: efetivo; adestramento das forças; indústria 
bélica; desdobramento estratégico. 
S e W - história do desempenho do país nos últimos 30 anos. 
 
É interessante observar que há somatório e multiplicação de fatores mensuráveis e não 
mensuráveis. 
Os resultados demonstrados são excessivamente otimistas com relação ao Brasil, ou 
seja, capaz de impor sua vontade no contexto mundial. 
Apesar de reconhecida, esta teoria não detém bom grau de credibilidade por parte dos 
geopolíticos, em virtude de alguns critérios adotados pelo pesquisador e da 
complexidade de sua aplicação. 
 
 
Tab. 1 Tabela com os resultados das pesquisas de Cline em 1978 e em 1980 
 
 
 
 
13 
 
Novas Teorias Geopolíticas 
 
 
Houve grandes mudanças na organização mundial na última década do século XX, 
principalmente após a desagregação da URSS, com o fim da bipolarização e do conflito 
leste-oeste. (O chamado Mundo Bipolar foi caracterizado por umaperíodo em que os estados Unidos 
da América (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) despntaram como as maiores 
potencias mundiais, apresentando grande influência política, econômca e militar, interferindo nas 
relações políticas de todo o planeta) 
Com o fim da era da bipolaridade, desfeita em 1990, somente os EUA seriam uma 
efetiva potência mundial e, sendo candidatos em potencial: China, Brasil, Canadá, 
Austrália e Índia, estes dois últimos em 9º e 10º lugares. 
 
Esses países preeenchem as sete condições básicas que caracterizam as “nações 
emergentes” no âmbito das relações internacionais, segundo Terezinha de Castro, que 
são: 
 
1 - superfície territorial maior que 5 milhões de km2; 
2 - continentalidade territorial (particularidades geográficas) 
3 - acesso direto e amplo ao oceano; 
4 - recursos naturais estratégicos essenciais; 
5 - população maior que 100 milhões de habitantes; 
6 - densidade demográfica maior que 10 hab./km2; 
7 - homogeneidade racial. 
 
A partir do fim da bipolaridade e do início de uma possível multipolaridade, surgem os 
mais variados “cenários prospectivos” possíveis no mundo, fundamentados por uma 
gama enorme de estudiosos. 
 
TEORIA DOS BLOCOS (1991) 
 
Autor: conselheiro econômico Jacques Perruchan de Brochard (francês). 
Em 1991, especialista em estratégia econômica e empresarial, Brochard apresenta sua 
“Teoria dos Blocos”, também conhecida como “Teoria das Casas Comuns” ou das 
“Zonas Monetárias”, em seu livro “A Miragem do Futuro”, ocasião em que divide o 
mundo em quatro blocos, englobando Estados dos hemisférios norte e sul, cada um 
deles liderado preferencialmente por um ou mais Estados que compõem o grupo dos 
sete grandes (G7). 
Em cada bloco, vigoraria a moeda dos Estados líderes, com o valorpor eles controlado, 
os quais seriam também responsáveis pelo intercâmbio com os demais blocos. 
Os Estados do sul, por serem mais pobres, forneceriam produtos primários como 
alimento e as matérias-primas para a produção industrial dos Estados mais 
desenvolvidos do “Bloco” e absorveriam seus produtos industrializados. 
A composição dos blocos seria: 
 
A) “Federação das Américas” (“Casa Comum do Dólar”), constituída pelos Estados 
do continente americano, sob a liderança dos EUA, instituindo como moeda 
comum o dólar azul e o dólar verde seria utilizado nas operações com os demais 
blocos; 
 
14 
 
B) “Confederação Euroafricana” (“Casa Comum do Euro”) abrangeria os Estados da 
Europa e da África, adotando como moeda comum o ECU (moeda da União Européia, 
atual Euro), sob a liderança dos quatro Estados componentes do G7, a saber, Grã-
Bretanha, França, Alemanha e Itália; 
C) “União das Repúblicas Soberanas” (“Casa Comum do Rublo”), que englobaria os 
Estados da nova CEI (Rússia), Irã, Turquia, Iraque, Arábia Saudita e outros da região, 
sob a liderança da Rússia, tendo como moeda comum o rublo; 
D) “Liga Asiática” (“Casa Comum do Iene”), constituída pelos Estados do extremo 
oriente (Japão, Tigres Asiáticos, Austrália, outros da região,na expectativa de contar 
futuramente com a China), adotando como moeda comum o iene 
 
 
 
TEORIA DOS LIMES (1991) 
 
Autor: adido cultural Jean Christophe Rufin (francês) 
Especialista em relações norte-sul, apresentou sua teoria no livro “O Império e os Novos 
Bárbaros”, (Bárbaro é um termo utilizado para se referir a uma pessoa tida como não-civilizada. A palavra é frequentemente 
utilizada para se referir a um membro de uma determinada nação ou grupo étnico, vista por integrantes de uma civilização urbana 
como inferiores), editado em 1991, momento em que, conforme o autor, “o enfrentamento 
Leste-Oeste morreu e o enfrentamento Norte-Sul o substitui”. Apresenta-se como 
opositora à adoção da “Teoria das Pan-Regiões”, com grandes perspectivas de seu 
desenvolvimento a partir do fim da bipolaridade, ressuscitando a ideologia da 
desigualdade e da assimetria. 
Com o fim da bipolaridade, os Estados ricos não mais necessitam ajudar os Estados 
pobres do sul, como parceiros no contexto mundial, priorizando tratar dos seus próprios 
problemas e de seu desenvolvimento. 
Em função da “nova ordem mundial”, fundamentada na “multipolaridade”, se 
caracteriza pelo fechamento do norte numa espécie de fortaleza que vem concorrendo 
para a instalação crescente de zonas de instabilidade. Essas zonas cruciais estão 
localizadas ao longo da chamada periferia da região norte mais desenvolvida, formando 
uma linha imaginária de confinamento dos “novos bárbaros”. 
15 
 
Estas zonas de contato, também conhecidas como “dobradiças”, são utilizadas para a 
criação de Estados tampões ou de ações por parte dos “Estados diretores”, objetivando 
barrar o acesso dos “novos bárbaros à “fortaleza” e a seus satélites imediatos. 
 
- sob o enfoque demopolítico, conter as hordas do sul para que não invadam o espaço 
privilegiado do Estado diretor e de seus satélites imediatos; 
 
- sob o enfoque ecopolítico, projeta assistência aos “Estados tampões” que, apesar de 
serem do sul, encontram-se na linha limítrofe do norte. Portanto, usufruindo alguma 
assistência econômica e tendo assegurada a sua estabilidade, servem como um bloqueio 
à invasão do espaço privilegiado; 
 
- sob o enfoque geoestratégico, aceitam-se nessa faixa limítrofe Estados totalitários 
desde que contribuam com a estabilidade da região, ou ainda, atacar um Estado, por 
motivos nem sempre confessáveis, para proteger o espaço privilegiado de possível 
infiltração bárbara. 
 
 
 
 
 
16 
 
TEORIA DA INCERTEZA (1992) 
 
Autor: estrategista Pierre Lellouche (francês) 
Esta teoria, também conhecida por “Teoria da Turbulência”, é apresentada no livro “O 
Novo Mundo: da Ordem de Yalta à Desordem das Nações”, em 1992, por Lellouche, 
construindo um cenário para o século XXI, após a desagregação da URSS, afirmando 
que não será implantada uma “nova ordem mundial”, no sentido norte-sul, então 
preconizada pelos geopolíticos da época, e sim uma “desordem mundial” que pode 
durar até o ano de 2025. 
 
Defende que essa “desordem mundial” será gerada por: 
 
- instabilidades e possíveis revoluções a eclodirem nas antigas repúblicas soviéticas, 
ocasionadas pela pobreza e pela diversidade de grupos culturais na busca do poder 
regional; 
- explosão demográfica nos Estados da África; 
- distúrbios raciais e étnicos nos EUA (controlados); 
- ameaça nuclear de países islâmicos do norte da África contra a Europa; 
- rearmamento do Japão; 
- abertura da China à tecnologia e comercialização com o Japão e o ocidente. 
 
Nesse contexto, não vê os EUA em condições de dominar e conduzir a “nova ordem 
mundial”, proposta pelo desgaste provocado após a 2ª Grande Guerra e o período da 
Guerra Fria. 
 
No cenário mundial que estabelece, não considera a América do Sul como “zona de 
turbulência”(incerteza), apesar das desigualdades internas, por ser relativamente 
protegida de grandes revoluções possíveis, como a África, o mundo islâmico e a região 
do Cáucaso (Armênia, Georgia, Azerbaijão). Acredita ainda que os Estados dessa região são 
perfeitamente administráveis. 
 
Em seu livro, ainda faz menção ao Brasil, sugerindo que deve aproveitar esse período de 
turbulência para sair da estagnação sozinho (se necessário), com um grupo de Estados 
vizinhos (melhor) ou com todos os Estados da América do Sul. 
Cita, ainda, três fatos que considera importantes para esta região: a criação do 
Mercosul,( O Mercosul, como é conhecido o Mercado Comum do Sul é a união aduaneira (livre comércio intrazona e política 
comercial comum) de cinco países da América do Sul. Em sua formação original, o bloco era composto por Argentina, Brasil, Paraguaie Uruguai. Em virtude da remoção de Fernando Lugo da presidência do Paraguai, o país foi temporariamente suspenso do bloco; esse 
fato tornou possível a adesão da Venezuela como membro pleno do Mercosul a partir do dia 31 de julho de 2012, inclusão até então 
impossível em razão do veto paraguaio) principalmente se atrair outros Estados; tentativa de anulação 
do Mercosul pelos EUA com a criação da ALCA (A ALCA (Área de livre comércio das Américas) foi uma 
proposta feita pelo presidente dos Estados Unidos Bill Clinton durante a Cúpula das Américas, em Miami, no dia 9 de Dezembro de 
1994, com o objetivo de eliminar as barreiras alfandegárias entre os 34 países americanos, exceto Cuba, formando assim uma área de 
livre de comércio, cuja data limite seria o final de 2005. Na reunião de Miami foram assinados a Declaração de Princípios e o Plano de 
Ação); e a busca de ligação da UE (União Europeia é uma união económica e política de 27 Estados-membros 
independentes que estão localizados principalmente na Europa.) com o Mercosul, favorável a ambos os 
parceiros. 
 
 
 
 
17 
 
 
 
TEORIA DA TRÍADE (1961- 1992) 
 
Autor: Clube de Roma 
A elaboração deste cenário em 1961 surge das discussões e dos debates entre os 
componentes do então denominados “Clube de Roma” sobre a divisão do mundo em 
centros de poder, no exercício do domínio do mundo sem maiores riscos de conflitos, 
portanto, sobre o poder mundial mais “harmônico”. Considerada inoportuna sua 
implantação, tendo em vista o desenrolar da Guerra Fria, decidiu-se esperar um 
momento mais propício para sua implementação. Esse grupo de Estados, na 
continuidade e com algumas modificações, transformou-se no atual “Grupo dos 7” (G-
7).(EUA/Japão/Alemanha/Inglaterra/França/Itália/Canadá e “Grupo dos 8” (Rússia) 
Com pequenas modificações e adaptações à nova conjuntura, esta teoria divide o mundo 
em três grandes blocos: 
 
A) “Bloco Americano” - compreende o continente americano, sob a liderança dos 
EUA. A economia dos Estados integrantes do bloco seria “dolarizada”, suas forças 
armadas seriam reduzidas e suas missões constitucionais alteradas, de acordo com a 
política adotada pelo Estado líder do bloco; 
 
18 
 
B) “Bloco Europeu” - abrangendo a Europa, a Rússia (nova CEI), e os Estados do 
norte da África, sob liderança da Alemanha. A moeda forte seria o “marco alemão” 
(ainda não existia o Euro) e a defesa do bloco ficaria a cargo das forças conjuntas da 
União Européia. 
C) “Bloco Asiático” - composto por Japão, China, Austrália, Índia, os Tigres Asiáticos 
e demais Estados da região; a moeda corrente seria o iene. 
 
Todos os blocos ficariam sob a influência dos EUA, “líder do bloco ocidental e, agora, 
líder do mundo”, segundo o Presidente Bush (pai) em seu discurso de abertura dos 
trabalhos do Congresso Americano, em 1992. 
 
Nota-se que a configuração desses blocos se inspira na teoria das pan-regiões de 
Haushofer, no que diz respeito à divisão dos espaços geográficos e do poder político 
militar regional; de Brochard, na divisão do espaço econômico mundial e na adoção de 
moedas únicas para cada um dos blocos; e na de Rufin, o controle de áreas dobradiças 
como o norte da África para impedir a invasão dos “bárbaros” do sul. 
Não há a menor dúvida, analisando a situação mundial, que a partir do final do século 
XX se procura implementar esta teoria, por intermédio da diplomacia, da economia, e 
por vezes da, força. 
 
 
19 
 
TEORIA DO QUATERNO (1996) 
 
Autor: coronel Roberto Machado de Oliveira Mafra (brasileiro) 
O autor desta teoria, um dos mais competentes estudiosos da ciência geopolítica na 
atualidade brasileira, fundamenta sua elaboração na inferiorização atribuída ao Brasil e 
aos demais Estados da América Latina, em que essa região vem sendo tratada por 
lideranças mundiais e estudiosos como secundária. 
 
Com este espírito, constrói um cenário para o século XXI, dividindo o mundo em quatro 
blocos e apresenta fatores que o justificam: 
 
- Bloco Norte-Americano - composto pelos Estados da América do Norte; 
- Bloco Sul-Americano – constituído, inicialmente, pelos Estados da América do sul e, 
posteriormente, pelos Estados da América Central, do Caribe e do México; 
- Bloco Europeu - abrangendo os Estados das Europas Ocidental e Oriental, da Rússia e 
do norte da África; 
- Bloco Asiático - composto pelos Estados do sudoeste da Ásia. 
 
Justificativas: 
 
- criação do Mercosul; 
- possibilidade de ingresso no Mercosul pelos demais Estados da América do Sul, já 
com demonstração de certo interesse por parte de alguns, formando um bloco 
econômico único; 
- segregação da América Latina da “Civilização Ocidental”, classificada como uma 
“civilização própria”, contida na teoria de Huntington; 
- manifestações da União Européia no sentido de estabelecer relações comerciais com o 
Mercosul, antes da implantação da ALCA; 
- possibilidade de atração da África Atlântica para a área de atuação do Mercosul; 
- necessidade de tratamento do bloco sul-americano como parceiro e não como eterna 
colônia econômica por parte dos demais blocos; 
- possibilidade da concretização da “Teoria da Incerteza”, de Lellouche, em trinta anos a 
partir de 1995. 
 
Nota-se na estrutura desta teoria, com algumas modificações, uma forte influência da 
Teoria da Tríade, do Clube de Roma; da Teoria das Pan-Regiões de Haushofer, no que 
diz respeito à divisão dos espaços geográficos; da Teoria dos Limes, de Rufin; e da 
Teoria do Choque das Civilizações”, de Huntington. Em relação a esta última, como 
contestatória. 
 
As Fronteiras Nacionais e Internacionais 
 
A geopolítica como determinada pelos teóricos esta intimamente ligada ao espaço 
territorial, e às estratégias de ação dos Estados. Neste contexto, a questão da expansão 
territorial passa exclusivamente pela gestão das fronteiras, com o objetivo de: 
 
(1) proteção do espaço, 
(2) regulamentação de ações comerciais, 
(3) ações conservacionistas com relação ao meio ambiente e, 
(4) como uma correlação entre os acontecimentos políticos e o solo. 
20 
 
A geopolítica está vinculada ao poder e seu uso deste na utilização de seus 
territórios/espaço. É sabido que o espaço físico é um dos principais componentes para o 
desenvolvimento econômico, pois é o recurso principal no desenvolvimento do Estado, 
por isso, o “limite” do espaço de atuação dos Estados sempre despertou a cobiça e o 
interesse de “vizinhos” e demais colonizadores. 
Creditada ao fim do Império Romano, as fronteiras foram consideradas uma das 
principais causas de sua queda dada sua enorme extensão, aliada a decadência 
econômica e a invasão dos bárbaros. 
 
 
A Evolução da definição de fronteiras com o passar dos anos 
 
No século XIX: os limites entre os países não era uma proposta de grande vigia e/ou 
extrema importância, a menos que se tratasse da exploração de recursos naturais. Isso 
por que não existia uma grande expansão dos negócios internacionais realizados em 
grande escala a tal ponto que necessitasse de uma estrutura alfandegária complexa. O 
que existia, porém, eram áreas em que se dava a fiscalização, principalmente para 
efeitos tarifários. 
 
No século XX: a discussão a cerca das fronteiras ganhou notoriedade e gerou grandes 
controvérsias. Alguns autores defendiam que as fronteiras deveriam ser áreas de 
integração, enquanto outros reforçavam a questão histórica considerando que a 
ocupação do espaço deveria se dar segundo a origem, língua e demais aspectos culturais 
do povo em questão. 
 
 
TIPOS DE FRONTEIRAS 
 
1) Naturais: estabelecidas utilizando-se de acidentes geográficos como rio, montanha, 
oceano, porémessas nunca satisfazem por completo, e sempre são pontos de ivergências 
e contestações. 
 
2) Artificiais: Não possuem marcos geográficos relevantes, porém formada por linhas 
imaginárias resultado de acordos bilaterais, convenções, ou imposições geradas por 
meio de cálculos matemáticos, rastreamento por satélites, ou propostas astronômicas. 
 
3) Antropogeografia: estabelecidas e baseadas nos aspectos culturais homogêneos da 
região habitada levando-se em consideração as características da como: língua, etnia, 
religião etc. 
 
4) Ocupadas: estabelecida quando a proposta de demarcação divisória é habitada. 
Neste contexto observação que quando habitada no lado de um só Estado, é 
desfavorável ao que nãopossui habitante, pois possibilita a invasão afetando a 
soberania; se for habitada nos dois lados, favorece as relações políticas, econômicas e 
culturais locais entre eles, porém, será potencialmente uma zona de fricção (atrito). 
 
5) Vazias: quando a linha de fronteira não é habitada; haverá sempre nessa área um 
grau de vulnerabilidade com relação à defesa do território para ambos os Estados. 
 
 
21 
 
6) Jurídica: Pode-se identificar 3 tipos: 
 
o de jure - quando foram estabelecidas por um acordo entre as partes; 
o em litígio - quando a linha de fronteira é contestada por uma ou ambas as partes e 
encontra-se em processo de negociação; 
o em conflito - quando a linha de fronteira é contestada por uma ou ambas as partes, o 
processo de negociação está interrompido e existe um Estado de tensão entre elas. 
 
7) Estável: quanto a estabilidade podemos identificar 2 tipos: 
 
o permanentes ou de qualidade - como são consideradas as fronteiras naturais. 
o flexíveis ou de movimento - consideradas todas as outras que surgiram ao longo da 
história. 
 
 
Integração Econômica 
 
 
O conceito de integração econômica aplica-se normalmente a fenômenos de cooperação 
e unificação entre dois ou mais países, embora genericamente corresponda à ocorrência 
desse tipo de fenômenos entre espaços econômicos diferentes, eventualmente dentro do 
mesmo Estado. Assim, pode falar-se em integração econômica nacional (dentro das 
fronteiras do mesmo país), internacional (que é a mais frequente e implica a 
participação de um número restrito de países) e mundial (que engloba um número 
elevado de países à escala mundial). Normalmente, quando se fala em integração 
econômica, fala-se em integração econômica internacional. 
 
A integração econômica internacional, aplicável a um número restrito de países, tem 
como elementos essenciais a integração de mercados através do desmantelamento de 
barreiras à circulação de bens, serviços e fatores, a discriminação face a países terceiros 
e a criação de formas de cooperação entre os participantes relativamente a políticas 
econômicas, etc. As razões para a unificação de espaços econômicos internacionais têm 
normalmente a ver com duas ordens de razões: o aumento do peso a nível mundial 
através da união de esforços e questões de racionalidade econômica (a integração pode 
proporcionar ganhos importantes através de uma especialização mais adequada à 
realidade de cada país, do alargamento dos mercados e eventual aproveitamento de 
economias de escala, do aumento da concorrência dentro da área integrada, da melhoria 
dos termos de troca com os países terceiros, etc.). 
 
A integração econômica internacional pode traduzir-se em várias formas concretas, 
sendo as mais comuns as seguintes: 
 
 
a) Zona de Preferência Tarifária – ZPT 
 
Este processo de integração é bem rudimentar. Consiste apenas em assegurar níveis 
tarifários preferenciais entre os países membros do grupo, ou seja, passarão a trabalhar 
com tarifas inferiores às cobradas de países não pertencentes ao grupo. 
22 
 
Um exemplo desse tipo de integração foi a ALALC – Associação Latino-Americana 
de Livre Comércio, criada em 1960 através do Tratado de Montevidéu, composta 
inicialmente pelos países Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai, Peru e Uruguai, 
mais tarde aderiram a Colômbia, Equador, Venezuela e Bolívia. Tinha como objetivo 
estabelecer preferências tarifárias entre os países membros. 
 
b) Zona de Livre Comércio - ZLC 
 
Este modelo de integração econômica consiste na eliminação de barreiras tarifárias e 
não-tarifárias incidentes sobre o comércio entre os países envolvidos. Caracterizada pela 
livre circulação dos bens produzidos internamente e pela possibilidade de cada um dos 
intervenientes definir autonomamente a sua política face a países terceiros. 
 
Afirmam FLORÊNCIO e ARAÚJO (1996:26): 
 
"Nas discussões desenvolvidas no GATT (Acordo geral de tarifas e comércio, General 
Agreement on Tariffs and Trade), considera-se que um acordo comercial, para ser 
considerado uma Zona de Livre Comércio, deve abarcar pelo menos 80% dos bens 
comercializados entre os países membros, ou seja, devem ser eliminadas as barreiras 
que atingem pelo menos 80% dos produtos." 
 
Um exemplo deste modelo é o NAFTA – North American Free Trade Agreement 
(Acordo de Livre Comércio da América do Norte), formado entre Estados Unidos, 
México e Canadá, cujo objetivo é a eliminação de alíquotas de importação no 
intercâmbio de produtos. 
 
c) União Aduaneira – UA 
 
Esta terceira modalidade consiste em uma Zona de Livre Comércio, dotada também de 
uma (TEC) Tarifa Externa Comum. No caso, aplica-se uma mesma tarifa para os 
produtos importados provenientes de países não pertencentes ao grupo. A história nos 
diz que esta forma de integração tornou-se conhecida já no século XIX, pela Zollverein, 
que culminou na união do Reino da Prússia a outros Estados alemães menores, antes da 
unificação de 1871. 
 
FLORÊNCIO e ARAÚJO (1996:26) afirmam: 
 
"Historicamente, o caso certamente mais famoso desse gênero de integração foi a 
Zollverein (que em alemão significa exatamente União Aduaneira), planejada e 
desenvolvida na década de 1850 por Otto von Bismarck, e que proporcionou a base 
econômica para a unificação política da Alemanha." 
A Comunidade Econômica Européia, que foi instituída através da celebração do Tratado 
de Roma em 1957, também foi uma União Aduaneira até 1992, quando então passou 
para um estágio mais avançado de integração, o de Mercado Comum. 
 
 
 
 
 
 
23 
 
d) Mercado Comum – MC 
 
Este tipo de integração não prevê apenas a livre circulação de bens, como é o caso da 
União Aduaneira, mas também a livre circulação de serviços, capitais e mão-de-obra. 
Além disso, o Mercado Comum pressupõe a coordenação de políticas 
macroeconômicas, de maneira que todos os países membros sigam os mesmos 
parâmetros para fixar suas taxas de juros e câmbios e na definição de sua política fiscal. 
Exemplo único, a União Européia – UE. 
 
e) União monetária - UM que corresponde a um mercado comum com taxas de câmbio 
fixas entre os aderentes e convertibilidade total das moedas, eventualmente com a 
criação de uma moeda única 
 
f) União Econômica e Monetária – UEM 
 
Esta é a última fase, ainda não alcançada nem mesmo pelos países da atual União 
Européia, é a mais elevada etapa de integração. 
 
Para FLORÊNCIO e ARAÚJO (1996:26): 
 
"Ela ocorre quando existe uma moeda única e uma política monetária inteiramente 
unificada, conduzida por um banco Central Comunitário." 
 
Enquanto no Mercado Comum os países coordenam suas políticas macroeconômicas, na 
União Econômica e Monetária a política macro é comum para todos. Atualmente na 
União Européia existem limites para as valorizações ou desvalorizações cambiais que 
cada país pode praticar, mas dentro desses limites as autoridadeseconômicas de cada 
país atuam livremente. Ainda não há uma moeda única, mas apenas uma unidade 
monetária comum de referência. 
Na classificação dos processos de integração apresentados, percebe-se que são fases 
sucessivas de um mesmo processo, no qual cada modalidade inclui todas as 
características da anterior, com apresentação de alguns elementos novos. 
 
 
NAFTA (North America Free Trade Agreement) 
 
Assinado em 1992 e com entrada em vigor a partir de janeiro de 1994, a Zona 
de Livre Comércio da América do Norte, o NAFTA (North America Free Trade 
Agreement), tem como integrantes o México, o Canadá e os Estados Unidos 
sendo EUA o principal país do bloco. Através de reduções em barreiras 
alfandegárias existentes entre os três países membros dessa zona de livre 
comércio mantêm relações comerciais a fim de aperfeiçoar a economia nessa 
área. Esse bloco pode ser visto não somente pela ótica de uma Zona de Livre 
Comércio. Dentre os objetivos principais do NAFTA destacam-se: 
 
- Eliminação de barreiras alfandegárias a fim de favorecer a circulação de 
mercadorias e serviços entre as áreas participantes do bloco. 
- Criação de mecanismos capazes de manter o bloco e sua gestão assim equilibrando 
disputas e aplicando as resoluções preestabelecidas pelo acordo. 
 
24 
 
- Gerar uma proteção eficiente para que se assegure o direito de produção e de 
propriedade intelectual de cada país membro. 
- Diminuir a imigração de mexicanos para os Estados Unidos. Sendo essa uma das 
justificativas do NAFTA e da instalação de empresas americanas no território 
mexicano afirmando está apenas contribuindo para o desenvolvimento local. 
 
 
Outras Zonas de Livre Comércio 
 
ASEAN - A Associação das Nações do Sudeste Asiático. Membros: 
Indonésia, Malásia, Filipinas, Cingapura, Tailândia, Brunei, Vietnã, Mianmar, 
Laos e Camboja. 
 
Mercado Comum e Comunidade do Caribe (CARICOM). São membros: 
Barbados, Guiana, Jamaica, Trinidad, Tobago, Antígua, Barbuda, Belize, Dominica, 
Granada, Santa Lúcia, São Vicente, Granadinas, São Cristóvão, Névis, Suriname, 
Bahamas, Haiti. Territórios: Montserrat, ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Turks e Caicos e 
Anguilla. 
 
Comunidade Andina. Seus membros: Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, 
Venezuela e Panamá 
 
SADC (Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento). São 
membros: Angola, África do Sul, Botsuana, Lesoto, Malauí, Maurício, 
Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, 
Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue

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