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Introdução à economia e à microeconomia1

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Introdução à economia e à microeconomia
O MERCADO: OFERTA VERSUS DEMANDA
Mercado é todo ambiente onde ocorrem trocas, ou seja, onde uma empresa oferta bens e/ou serviços e um consumidor procura por bens e/ou serviços. Portanto, no caso do mercado frigorífico, existem os consumidores de carnes que demandam tais produtos e o próprio frigorífico, que é o responsável pela oferta. A interação entre esses dois agentes, o demandante e o ofertante, é que vai determinar o preço de mercado da carne bovina.
A demanda do consumidor reage de forma inversa ao preço, ou seja, se o preço da carne sobe, a demanda tende a diminuir. O frigorífico reage ao contrário, pois estará disposto a ofertar mais quando o preço estiver mais alto. É claro que essas situações são simplificações do que realmente ocorre no mercado, pois existem outros diversos fatores que também influenciam na oferta e na demanda, e é o que veremos a seguir.
Fatores que influenciam a demanda
Existem diversos fatores além do preço que interferem na procura por bens e/ou serviços. Para a maioria dos produtos, inclusive carne bovina, a renda dos consumidores, o preço de produtos substitutos ou complementares e a preferência (gosto) dos consumidores influenciam na demanda. Se a renda dos consumidores estiver aumentando, esperamos que ocorra um aumento na demanda, ou seja, consumidor com mais dinheiro consome mais. Mas o Augusto percebeu que quando a renda da população estava aumentando, a demanda reagia diferente para os diferentes produtos que o frigorífico comercializava.
Ele percebeu que o consumo de carne “de segunda” diminuía enquanto o consumo da carne “de primeira” aumentava quando a população estava com a renda mais elevada.
Nesse caso, estamos nos referindo aos bens normais (carne de primeira), que são mais consumidos quando a renda se eleva, e aos bens inferiores (carne de segunda), que, nesse caso, são menos consumidos. Augusto percebeu que diante de tal situação deveria dar um tom de maior nobreza aos produtos que sofriam queda no consumo quando a população estava ganhando mais. Por isso, hoje em dia é comum vermos embalagens mais valorizadas, carnes com recheios, cortes que há alguns anos não eram comuns. Outro fator que influi na demanda é a existência de substitutos, e nesse caso, os substitutos da carne bovina são todas as outras carnes, por exemplo, a carne de frango, de porco etc. Se acaso houver uma redução, por qualquer que seja o motivo, no preço da carne de frango, haverá provável redução na demanda por carne de vaca, isto é, com o preço do frango em baixa, os consumidores vão preferir trocar, em determinada quantidade, o consumo de carne bovina por carne de frango. O contrário também pode ocorrer: se o frango, por algum motivo, encarecer, os consumidores irão preferir o consumo da carne bovina. Vimos aqui osfatores que influenciam na demanda, porém existem fatores que também influenciam na oferta, ou seja, que fazem o frigorífico colocar muita ou pouca carne à disposição do mercado.
Fatores que influenciam a oferta
Além do preço que a carne encontra no mercado, outros fatores também interferem na quantidade ofertada no mercado, como os custos de produção (matéria-prima, salários, aluguéis), o nível tecnológico e o número de empresas existentes no mercado. O custo de produção em alta faz com que Augusto recue sua produção, pois sabe que com o custo alto, o preço se eleva e o consumidor diminui o consumo. A tecnologia é diretamente proporcional à oferta, já que, com dadas melhorias, a produtividade se eleva. E, por fim, Augusto precisa se ater aos concorrentes, pois quanto mais empresas houver no mercado, maior será a oferta de produtos, o que pode causar impacto em seus resultados.
A estrutura do mercado
Existe um fator importantíssimo na análise de mercado que não pode ser negligenciado: a estrutura em que a empresa se encontra é importantíssima para determinar as possibilidades de atuação e as estratégias. Mas, o que é estrutura de mercado? Estrutura de mercado é a forma como as empresas de determinado segmento se encontram organizadas e depende, fundamentalmente, de três fatores: o número de empresas que compõem o mercado, o tipo de produto comercializado e se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas ao mercado. Mas, no que isso influencia na atuação da empresa? Quanto ao número de empresas que compõem o mercado, quanto mais concorrentes existirem, menor será a margem de manobra do empresário e maior será o poder do consumidor nas negociações. O contrário também é verdadeiro: se o número de consumidores for grande e o número de empresas reduzido, estas exercem um poder soberano no mercado, determinando preços e quantidades ofertadas. Quanto a isso Augusto não pode reclamar, pois existem cerca de 180 milhões de consumidores no Brasil, sem contar os do exterior, para um número pequeno de frigoríficos que dominam o mercado. Em relação ao tipo de produto, significa que existem produtos que se diferenciam pela marca, pela qualidade. Pensem no melhor refrigerante que existe: com certeza, o consumo dele, muitas vezes, independe do preço, pois sua marca está consolidada. Apesar de ser apenas refrigerante, existem diferenças entre diferentes marcas, o que dá poder pra algumas empresas atuarem independentes no mercado, com mais autonomia sobre preços e quantidades ofertadas. Neste caso, Augusto percebeu recentemente que pode fazer com que a carne do frigorífico no qual trabalha seja reconhecida pela marca. Isso é algo novo para esse mercado, mas, segundo especialistas, em breve estará em vigor. Imaginem chegar ao açougue e pedir três quilos de costela Bertin, duas picanhas Minerva ou uma maminhaFriboi. Daria um ótimo churrasco, mas tal situação ainda não é corriqueira, apesar de que uma destas grandes empresas já saiu na frente, veja no SAIBA MAIS a seguir.
SAIBA MAIS
A Friboi saiu na frente e já faz uma excelente campanha!
http://www.youtube.com/watch?v=ttRSZNLI7O4
Uma empresa que impõe sua marca tem sempre mais autonomia no mercado. Se existem barreiras ou não ao acesso de novas empresas ao mercado, é um fator de imensa importância para o comportamento do empresário. Se um determinado setor é de fácil acesso, ou seja, se para abrirmos um empreendimento não é requerido tanto esforço de tecnologia ou capital, significa que o empresário tem pequena margem de manobra dentro desse segmento, pois existem concorrentes em potencial. Vamos supor que fosse esse o caso de nosso amigo Augusto, se ele subisse o preço da carne, poderia estar atraindo novos concorrentes que se sentiriam tentados a iniciar tais empreendimentos movidos por altos preços e possibilidades de lucros. Mas não é só do lado da venda que Augusto fica atento à estruturação do mercado. Ao comprar fatores de produção (boi vivo, mão de obra etc.) também existe influência das estruturas. Por exemplo, se há muita mão de obra disponível, o preço será mais baixo – e o contrário é verdadeiro. Se há muitos bois para comprar, o preço também tende a ser menor. Augusto enfrenta essa dificuldade quando quer abrir novos frigoríficos pelo Brasil, pois existem regiões que têm muita mão de obra disponível, mas pouca matéria-prima (boi vivo) e outras que apresentam a situação contrária, com muita matéria-prima e pouca mão de obra. A escassez de mão de obra, às vezes, ocorre não apenas pela falta de pessoas para trabalhar, mas também pela falta de especialização da população de determinadas regiões, o que encarece o custo de produção do bem. Vimos até aqui a parte que diz respeito à interação do consumidor com a empresa, chamada de microeconomia ou teoria de formação de preços. A seguir, abordaremos o comportamento da economia como um todo, ou seja, a macroeconomia, que analisa a interferência causada por variáveis globais, como inflação, nível de desemprego, taxas de câmbio e taxas de juros. Como essas variáveis influenciam o andamento da empresa de Augusto?
A macroeconomia e o papel do governo
A macroeconomia é a parte da economia que se preocupa com asvariáveis globais, como já foi explicado na seção anterior. O governo é o principal agente de política econômica, ou seja, é ele que busca equacionar os problemas inflacionários, determinar a taxa básica de juros da economia, diminuir o desemprego etc. Para que o governo consiga cumprir essas funções, ele utiliza diferentes políticas econômicas, que repercutem de diferentes maneiras, dependendo do setor em questão. As políticas são a fiscal, a monetária, a cambial, a comercial e a de renda. Quando o governo executa a política fiscal, quer dizer que ele está alterando a tributação ou os gastos. Ou seja, políticafiscal diz respeito às receitas e despesas do governo. Mas, em que isso influencia a empresa de Augusto? Quando o governo opta por uma política fiscal restritiva (aumento dos tributos ou diminuição dos gastos públicos), ele tem o objetivo principal de conter a inflação, pois essas políticas levam a uma redução do consumo e, com o mercado desaquecido, os preços tendem a se manter constantes ou a reduzir. Esse tipo de política não afeta somente a empresa frigorífica de Augusto e sim toda a economia, pois o consumo em queda causa problemas para as empresas, que deixam de vender e, por isso, correm o risco até de falência. Quando o governo opta por política fiscal expansionista (aumento nos gastos públicos ou diminuição dos tributos), ele visa, principalmente, fomentar a atividade econômica, expandindo o emprego e a renda. Esse tipo de política faz com que haja um aquecimento na economia, com isso, as empresas aproveitam o bom momento e expandem suas vendas. Essa expansão leva à contratação de novos funcionários, o que promove a expansão na renda gerada na economia. Imaginem uma determinada região onde o governo resolva fazer uma obra e por isso contratar empreiteiras para executar o serviço e/ou até mesmo trabalhadores locais. São postos de combustíveis vendendo mais, hotéis e pousadas com as vagas ocupadas, restaurantes servindo mais refeições e, portanto, comprando mais no mercado da cidade. Vemos, assim, a importância do papel do governo na geração de emprego e renda, seja de maneira direta ou indireta. A política monetária, bem como a fiscal, pode ser restritiva ou expansionista. Quando o governo faz política monetária restritiva (principalmente aumento dos juros), o maior objetivo é reduzir a quantidade de dinheiro em circulação para que haja um desaquecimento da atividade econômica, e não se abra espaço para inflação. A política expansionista (diminuição dos juros) é justamente a situação contrária, em que o governo objetiva a expansão da atividade econômica, ou seja, do emprego e da renda. Augusto espera sempre os momentos de baixa nas taxas de juros para recorrer a créditos e expandir as compras e contratações no frigorífico.
Mais adiante veremos o motivo pelo qual essa tal inflação é a preocupação central do governo e acaba por barrar a expansão da atividade econômica. Falando ainda de políticas econômicas, a que mais anda preocupando Augusto é a política cambial. Sabemos que o principal foco dos grandes frigoríficos brasileiros nos últimos tempos tem sido o mercado externo, ou seja, as exportações. Existem diversos fatores determinantes da exportação, como renda internacional, preço do bem no mercado interno, preço no mercado externo e a taxa de câmbio (objeto da política cambial).
A renda internacional é importante, pois é ela que determina a existência de recursos disponíveis para a compra da carne brasileira e, como vimos recentemente, em tempo de crise as exportações diminuem muito. O preço do bem no mercado externo é importante, pois se o preço lá estiver em queda, o produtor vai preferir negociar seu produto internamente. O preço do bem no mercado interno, se elevado, incentiva o produtor também a vender no mercado interno e o contrário é verdadeiro.
Falando em taxa de câmbio, tratamos do objeto da política cambial do governo, que pode executá-la retirando ou colocando moeda estrangeira no mercado. Taxa de câmbio é o preço da moeda estrangeira em reais e determina quanto o exportador vai receber ao trocar os dólares originados da exportação por reais no mercado interno. Se a taxa de câmbio estiver baixa (ou valorizada), significa que necessitamos de poucos reais para comprar dólares, mas, se pelo contrário, estiver alta, necessitamos de mais reais por dólar. Para o exportador, a última situação é a ideal, pois, ao vender para o exterior, ele recebe em dólar e, ao trocar no banco, recebe uma quantia grande em reais. Entretanto, para o governo essa situação é uma faca de dois gumes. Existe uma grande pressão por parte dos setores importadores, que sofrem quando a taxa de câmbio está desvalorizada, pois as importações ficam caras, encarecem os produtos finais e causam inflação.
Por que a inflação é tão preocupante e acaba sendo determinante nas políticas do governo?
A inflação e o mercado
A inflação é o aumento generalizado e contínuo dos preços dos bens e serviços da economia. As causas costumam ser diferentes em função das condições de cada país.
A. Tipo de estrutura de mercado do país: se existem poucas empresas dominando o mercado, ou seja, se há pouca concorrência, a tendência para elevações nos preços será grande. No caso de um país onde a concorrência é mais acirrada, os empresários ficam com capacidade reduzida de ajustar preços.
B. Grau de abertura da economia: quanto mais voltada ao comércio exterior, maior será a concorrência e, portanto, menor será a possibilidade de abusos nos preços por parte dos empresários.
C. Estrutura das organizações trabalhistas: quanto mais organizados forem os sindicatos, maior será o poder de barganha dos trabalhadores, que, com salários sempre reajustados, forçarão aumento nos preços dos bens devido ao aumento nos custos de produção.
A inflação de um país pode ser de três tipos diferentes e cada caso merece atenção e cuidados diferentes: inflação de demanda (quando há excesso de procura por bens e/ou serviços), inflação de custos (quando os custos se elevam, seja por problemas #estruturais ou conjunturais) e &inflação inercial ) (causada por mecanismos de* indexação de preços), como era comum na década de 1980).
&( Refere-se à ideia de memória inflacionária, onde o índice atual é a inflação passada mais a expectativa futura. A inflação se mantém no mesmo patamar sem aceleração inflacionária e é decorrente de mecanismos de indexação. Estes mecanismos podem ser formais e informais).
* ( A indexação, em economia, é um sistema de reajuste de preços, inclusive salários e aluguéis, de acordo com índices oficiais de variação dos preços. Em conjunturas inflacionárias, a indexaçãopermite corrigir o valor real dos salários e aluguéis e demais preços da economia, reajustando-os com base na inflação passada).
# Fatores conjunturais: São representados pela combinação de acontecimentos ou eventos num dado momento; circunstância, situação.
# Fatores Estruturais: São elementos que ajudam a construir ou desenvolver as bases econômicas de um lugar.
A inflação atormentou os governos e a população brasileira durante muitos anos e até hoje é foco das políticas, pois o mede seu retorno ainda é muito grande. Mas por que ela assusta? A inflação corrói a renda da população, causando incertezas quanto ao consumo e aos investimentos, travando, assim, a economia. Quem se lembra das dificuldades de comprar a prazo na época de altas inflações dos anos 1980? As grandes redes varejistas, que hoje possibilitam o consumo das classes baixa e média parcelando as compras em até 24 meses ou mais, só emergiram após a estabilização econômica vinda com o Plano Real, em 1994.
Existem formas diferentes para combater cada um dos três tipos de inflação:
• Inflação de demanda: para combater esse processo de inflação, a política econômica deve basear-se em instrumentos que provoquem a redução da demanda por produtos da economia. Essas são as políticas chamadas restritivas, ou seja, aumento de tributos e diminuição dos gastos públicos.
• Inflação de custos: o governo,primeiramente, deve saber quais os custos que estão causando inflação. Por exemplo, a desvalorização cambial pode causar esse fenômeno. Com o dólar caro, o produtor que necessita de matéria-prima importada enfrentará aumento nos custos de produção, o que fará com que o produto final fique mais caro.
• Para resolver esse problema, o governo pode adotar a política de câmbio fixo, na qual o dólar não varia de acordo com o mercado, ou tentar uma maior regulação no mercado de divisas para evitar a volatilidade da moeda estrangeira.
• Inflação inercial: nesse caso, o governo apenas deve deixar de utilizar mecanismos de indexação para que haja uma quebra no ciclo inflacionário. Por que Augusto deve se preocupar com a inflação? Pelos mesmos motivos que qualquer outro gestor de qualquer outra empresa do país.
• O risco do retorno de altas taxas de inflação faz com que o governo penalize todos os setores produtivos, pois as políticas de prevenção são restritivas e acabam por desaquecer o mercado.
Porque se a inflação retornar, a renda da população será corroída, reduzindo, assim, o consumo por parte dos brasileiros.
• Inflação causa distorção nos preços relativos do Brasil com o exterior, fazendo com que nossos produtos percam atratividade aos olhos de nossos parceiros comerciais, pois se tornam caros com o efeito inflacionário.
A importância da economia na gestão empresarial
Como vimos, Augusto passa por inúmeras situações que são inerentes a diversas atividades no Brasil e no mundo: a estruturação do mercado de bens e serviços; a estruturação do mercado de fatores de produção; fatores que determinam a demanda ou a oferta; políticas do governo que podem beneficiar ou não sua atividade; e a inflação, que é um tormento para todos os empresários.
REFLITA
Seja em nosso cotidiano, seja nos jornais, rádio e televisão, deparamo-nos com inúmeras questões econômicas, como:
•aumentos de preços;
•períodos de crise econômica ou de crescimento;
•desemprego;
•setores que crescem mais do que outros;
•diferenças salariais;
•crises no balanço de pagamentos;
•vulnerabilidade externa;
•valorização ou desvalorização da taxa de câmbio;
•dívida externa;
•ociosidade em alguns setores de atividade;
•diferenças de renda entre as várias regiões do país;
•comportamento das taxas de juros;
•déficit governamental;
•elevação de impostos e tarifas públicas.
Esses temas, já rotineiros em nosso dia-a-dia, são discutidos pelos cidadãos comuns, que, com altas doses de empirismo, têm opiniões formadas sobre as medidas que o Estado deve adotar. Um estudante de Economia, de Direito ou de outra área pode vir a ocupar um cargo de responsabilidade em uma empresa ou na própria administração pública e necessitará de conhecimentos teóricos mais sólidos para poder analisar os problemas econômicos que nos rodeiam diariamente. O objetivo do estudo da Ciência Econômica é analisar os problemas econômicos e formular soluções para resolvê-los, de forma a melhorar nossa qualidade de vida. (VASCONCELOS, 2009)
CONCEITO DE ECONOMIA
De acordo com Vasconcelos (2009), a palavra economia deriva do grego oikonomía (deóikos, casa; nómos, lei), que significa a administração de uma casa, ou do Estado, e pode ser assim definida:
Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem(escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo adistribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.
Essa definição contém vários conceitos importantes, que são a base e o objeto do estudo da Ciência Econômica:
• escolha;
• escassez;
• necessidades;
• recursos;
• produção;
• distribuição.
OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS
A economia é a ciência que estuda a escassez dos recursos, e é desta escassez que surgem os problemas econômicos fundamentais, que a economia tenta responder: O quê e quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir?
•o quê e quanto produzir:dada a escassez de recursos de produção, a sociedade terá de escolher, dentro do leque de possibilidades de produção, quais produtos serão produzidos e as respectivas quantidades a serem fabricadas;
•como produzir:a sociedade terá de escolher ainda quais recursos de produção serão utilizados para a produção de bens e serviços, dado o nível tecnológico existente. A concorrência entre os diferentes produtores acaba decidindo como serão produzidos os bens e serviços. Os produtores escolherão, entre os métodosmaiseficientes, aquele que tiver o menor custo de produção possível;
•para quem produzir:a sociedade terá também de decidir como seus membros participarão da distribuição dos resultados de sua produção. A distribuição da renda dependerá não só da oferta e da demanda nos mercados de serviços produtivos, ou seja, da determinação dos salários, das rendas da terra, dos juros e dos benefícios do capital, mas também da repartição inicial da propriedade e da maneira como ela se transmite por herança.
FIQUE POR DENTRO
O modo como as sociedades resolvem os problemas econômicos fundamentais depende da forma da organização econômica do país, ou seja, do sistema econômico de cada nação.
Um sistema econômicopode ser definido como aforma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade. É um particularsistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bense serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida ebem-estar.
De acordo com Vasconcelos (2009), oselementos básicos de um sistema econômicosão:
•estoque de recursos produtivos ou fatores de produção: aqui se incluem os recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), o capital, a terra, as reservas naturais e a tecnologia;
•complexo de unidades de produção: constituído pelas empresas;
•conjunto de instituições políticas, jurídicas, econômicas e sociais: que são a base da organização da sociedade.
•Ossistemas econômicospodem serclassificadosem:
• sistema capitalista, ou economia de mercado. É regido pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção;
• sistema socialista, ou economia centralizada, ou ainda economia planificada. Nesse sistema as questões econômicas fundamentaissão resolvidas por um órgão central de planejamento, predominando a propriedade pública dos fatores de produção, chamados nessas economias de meios de produção, englobando os bens de capital, terra, prédios, bancos, matérias-primas.
FUNCIONAMENTO DE UMA ECONOMIA DE MERCADO: FLUXOS REAIS E MONETÁRIOS
Uma economia de mercado funciona através de fluxos de bens (mercadorias) e/ou serviços e também através de fluxos monetários, pois como sabemos é preciso pagar por bens e serviços!
Para entender o funcionamento do sistema econômico, vamos supor uma economia de mercado que não tenha interferência do governo (por enquanto, para simplificarmos) nem transações com o exterior (economia fechada).
Osagentes econômicos são as famílias(unidades familiares)e as empresas(unidades produtoras). Asfamílias são proprietárias dos fatores de produçãoe os fornecem às unidades de produção (empresas) no mercado dos fatores de produção.
As empresas,pela combinação dos fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias no mercado de bens e serviços.
A esse fluxo de fatores de produção, bens e serviços denominamos fluxo real da economia1.
1 Um fluxo é definido ao longo de um dado período de tempo (ano, mês etc.). Diferencia-se do conceito de estoque, que é definido num dado momento do tempo, e não ao longo de um período. Em Economia, essa diferenciação é particularmente importante: por exemplo, o conceito de déficit público é um fluxo (mensal, trimestral, anual), enquanto a dívida pública é um estoque acumulado, até um dado momento.
FLUXO REAL
Fonte: Extraído de Vasconcelos, 2009.
Como pode ser observado na Figura acima, famílias e empresas INTERAGEM ENTRE SI.
As famílias são as donas dos fatores de produção (mão-de-obra,prédios, etc) enquanto as empresas fazem uso destes fatores de produção para produzir os bens e serviços que as famílias vão comprar.
Vamos exemplificar:Eu (família) trabalho no açougue (empresa). Eu dou minha mão de- obra pro açougue que beneficia carnes diversas pra outras famílias (além da minha ) comprarem.
REFLITA
No MERCADO DE BENS E SERVIÇOS,as famílias demandam bens e serviços, enquanto asempresas os oferecem;
No MERCADO DE FATORES DE PRODUÇÃO, asfamílias oferecem os serviços dos fatores de produção(que são de sua propriedade), enquanto asempresas os demandam.
Vejamos agora que é necessário PAGAR PRA CONSUMIR! Seja consumir fator de produção como mão-de-obra, ou consumir a carne que é uma mercadoria.
FLUXO MONETÁRIO	
Fonte: Extraído de Vasconcelos, 2009.
As famílias pagam pelos produtos que consomem!
As empresas remuneram os fatores de produção que utilizam!
FLUXO CIRCULAR DE RENDA
O fluxo circular da renda é a junção do Fluxo Real com o Fluxo Monetário.	
Fonte: Extraído de Vasconcelos, 2009.
IMPORTANTÍSSIMO!!!Emcada um dos mercadosatuam conjuntamente asforças da oferta e da demanda, determinando o preço. Assim,no mercado de bens e serviços formam-se os preços dos bens e serviços, enquanto nomercado de fatores de produção são determinados os preços dos fatores de produção(salários, juros, aluguéis, lucros, royalties, dentre outros).
Esse fluxo, também chamado de fluxo básico, é o que se estabelece entre famílias e empresas.
O fluxo completo incorpora o setor público, adicionando-se o efeito dos impostos e dos gastos públicos ao fluxo anterior, bem como o setor externo, que inclui todas as transações com mercadorias, serviços e o movimento financeiro com o resto do mundo.
FIQUE POR DENTRO
Os fatores de produçãosão tudo aquilo que as empresas utilizam para produzir bens e serviços. Eles são remunerados pelas empresas e existem diversas formas de remuneração, dependendo do fator de produção correspondente.
INTRODUÇÃO À MICROECONOMIA
Você já se perguntou como os preços são formados nos mercados? Na indústria? No comércio?
A Microeconomia, conhecida também como teoria dos preços, analisa a formação dos preços nos mais diversos mercados, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a quantidade de determinado bem ou serviço em mercados específicos.
Conforme lembra Vasconcelos (2009),a teoria microeconômica não deve ser confundida com economia de empresas, pois tem enfoque distinto. A Microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da demanda na formação do preço no mercado, isto é, o preço obtido pela interação do conjunto de consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou serviço.
Do ponto de vista da Administração de Empresas, que estuda uma empresa específica, prevalece a visão contábil-financeira na formação do preço de venda de seu produto, baseada principalmente nos custos de produção, enquanto na Microeconomia predomina a visão do mercado como um todo.
DEMANDA DE MERCADO
Demanda quer dizer Procura e definimos como sendo a quantidade de certo bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado período de tempo. Isto vai depender de alguns fatores. Pense: quais fatores influenciam você a comprar (demandar) algum bem ou serviço? Isto é, o que afeta sua decisão de compra?
1. O preço do bem ou serviço;
2. O preço dos outros bens (concorrentes, por exemplo)
3. A renda;
4. O gosto ou preferência do indivíduo, dentre outros.
Para estudar-se a influência isolada dessas variáveis utiliza-se a hipótese do coeteris paribus (veja no FIQUE POR DENTRO a seguir), ou seja, considera-se cada uma dessas variáveis afetando separadamente as decisões do consumidor.
FIQUE POR DENTRO
De acordo com Vasconcelos (2009), para analisar um mercado específico, a Microeconomia se vale dahipótese de que tudo o mais permanece constante(em latim,coeteris paribus). O foco de estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando-se o papel que a oferta e a demanda nele exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram de maneira absoluta.
Relação entre quantidade procurada e preço do bem: a lei geral da demanda
Há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço do bem, coeteris paribus. É a chamada lei geral da demanda.
Essa relação quantidade procurada/preço do bem pode ser representada por uma escala de procura (veja a tabela a seguir), curva de procura ou função demanda.
Fonte: Extraído de Vasconcelos, 2009.
Outra forma de apresentar essas diversas alternativas é pela curva de procura (veja a Figura a seguir). Para tanto, traçamos um gráfico com dois eixos, colocando no eixo vertical os vários preços P, e no horizontal as quantidades demandadas Q.
Assim:
CURVA DE PROCURA DO BEM X
Fonte: Extraído de Vasconcelos, 2009.
Os economistas supõem que a curva ou a escala de procura revela as preferências dos consumidores, sob a hipótese de que estão maximizando sua utilidade, ou grau de satisfação no consumo daquele produto. Ou seja, subjacente à curva há toda uma teoria de valor, que envolve, como vimos, os fundamentos psicológicos do consumidor.
A curva de procura inclina-se de cima para baixo, no sentido da esquerda para a direita, refletindo o fato de que a quantidade procurada de determinado produto varia inversamente com relação a seu preço, coeteris paribus. Matematicamente, a relação entre a quantidade demandada e o preço de um bem ou serviço pode ser expressa pela chamada função demanda ou equação da demanda:
Qd = ƒ(P)
em que:
Qd = quantidade procurada de determinado bem ou serviço, num dado período de tempo;
P = preço do bem ou serviço.
A expressão Qd = ƒ(P) significa que a quantidade demandada Qd é uma função ƒ do preço P, isto é, depende do preço P.
A curva de demanda é negativamente inclinada devido ao efeito conjunto de dois fatores: o efeito substituição e o efeito renda. Se o preço de um bem aumenta, a queda da quantidade demandada será provocada por esses dois efeitos somados:
A. efeito substituição: se um bem X possui um bem substituto Y, ou seja, outro bem similar que satisfaça a mesma necessidade, quando o preço do bem X aumenta, coeteris paribus, o consumidor passa a adquirir o bem substituto (o bem Y), reduzindo assim a demanda do bem X.Exemplo: se o preço da caixa de fósforos subir demasiadamente, os consumidores passarão a demandar isqueiros, reduzindo assim sua demanda por fósforo;
B. efeito renda: quando aumenta o preço de um bem X, tudo o mais constante (renda do consumidor e preços de outros bens estando constantes), o consumidor perde poder aquisitivo, e a demanda por esse produto (X) diminui. Assim, embora seu salário monetário não tenha sofrido nenhuma alteração, seu salário “real”, em termos de poder de compra, foi corroído.
OUTRAS VARIÁVEIS QUE AFETAM A DEMANDA DE UM BEM
Efetivamente, a procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por seu preço. Existe uma série de outras variáveis que também afetam a procura. Para a maioria dos produtos, a procura será também afetada pela renda dos consumidores, pelo preço dos bens substitutos (ou concorrentes), pelo preço dos bens complementares e pelas preferências ou hábitos dos consumidores. Se a renda dos consumidores aumenta e a demanda do produto também, temos um bem normal. Existe também uma classe de bens que são chamados bens inferiores, cuja demanda varia em sentido inverso às variações da renda; por exemplo, se o consumidor ficar mais rico, diminuirá o consumo de carne de segunda e aumentará o consumo de carne de primeira. Analogamente, tem-se a categoria de bens superiores ou de luxo: se o consumidor fica mais rico, demandará mais produtos de maior qualidade.
Temos ainda o caso de bens de consumo saciado, quando a demanda do bem não é influenciada pela renda dos consumidores (como arroz, farinha, sal). A demanda de um bem ou serviço também pode ser influenciada pelos preços de outros bens e serviços. Quando há uma relação diretaentre preço de um bem e quantidade de outro, coeteris paribus, eles são chamados de bens substitutos ou concorrentes, ou ainda sucedâneos. Por exemplo, um aumento no preço da carne deve elevar a demanda de peixe, tudo o mais constante.
Quando há uma relação inversa entre o preço de um bem e a demanda de outro, eles são chamados de bens complementares (por exemplo, quantidade de automóveis e preço da gasolina, quantidade de camisas sociais e preço das gravatas). Finalmente, a demanda de um bem ou serviço também sofre a influência dos hábitos e preferências dos consumidores.
Os gastos em publicidade e propaganda objetivam justamente aumentar a procura de bens e serviços influenciando preferências e hábitos. Além das variáveis anteriores, que se aplicam ao estudo da procura pela maior parte dos bens, alguns produtos são afetados por fatores mais específicos, como efeitos sazonais e localização do consumidor, ou fatores mais gerais, como condições de crédito, perspectivas da economia, congelamentos ou tabelamentos de preços e salários.
DISTINÇÃO ENTRE DEMANDA E QUANTIDADE DEMANDADA
Embora tendam a ser utilizados como sinônimos, esses termos têm significados diferentes. Por demanda entende-se toda a escala ou curva que relaciona os possíveis preços a determinadas quantidades. Por quantidade demandada devemos compreender um ponto específico da curva relacionando um preço a uma quantidade. Na Figura a seguir, a demanda corresponde à reta indicada pela letra D; já a quantidade procurada relacionada ao preço P0 é Q0. Caso o preço do bem aumentasse para P1, haveria uma diminuição na quantidade demandada, não na demanda. Ou seja, as alterações da quantidade demandada ocorrem ao longo da própria curva de demanda (reta D).
Alteração na Quantidade Demandada
Fonte: Extraído de Vasconcelos, 2009.
Suponhamos que agora a curva da procura inicial (veja a Figura a seguir) fosse a reta indicada pela letra D0. Sendo o bem normal, caso houvesse um aumento na renda dos consumidores, coeteris paribus, a curva da procura D0 iria se deslocar para a direita, o que estaria indicando que, aos mesmos preços, por exemplo, P0, o consumidor estaria disposto a adquirir maiores quantidades do bem, passando de Q0 para Q2. A nova curva de demanda é representada pela reta D1.
Alteração da Demanda
Fonte: Extraído de Vasconcelos, 2009.
Dessa forma, movimentos da quantidade demandada ocorrem ao longo da própria curva, devido a mudanças no preço do bem. Quando a curva de procura se desloca (em virtude de variações da renda ou de outras variáveis, que não o preço do bem), temos uma mudança na demanda (e não na quantidade demandada).
OFERTA DE MERCADO
Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período de tempo. Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários fatores; dentre eles, de seu próprio preço, do preço (custo) dos fatores de produção e das metas ou objetivos dos empresários.
Diferentemente da função demanda, a função oferta mostra uma correlação direta entre quantidade ofertada e nível de preços, coeteris paribus. É a chamada lei geral da oferta.
Podemos expressar uma escala de oferta de um bem X: dada uma série de preços, quais seriam as quantidades ofertadas a cada preço:
Fonte: Extraído de Vasconcelos, 2009.
Graficamente
Fonte: Extraído de Vasconcelos, 2009.
Matematicamente, a função ou equação da oferta é dada pela expressão:
Q0 = ƒ(P)
em que:
Q0 = quantidade ofertada de um bem ou serviço, num dado período;
P = preço do bem ou serviço.
A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem deve-se ao fato de que, coeteris paribus, um aumento do preço de mercado estimula as empresas a elevar a produção; novas empresas serão atraídas, aumentando a quantidade ofertada do produto.
Além do preço do bem, a oferta de um bem ou serviço é afetada pelos custos dos fatores de produção (matérias-primas, salários, preço da terra), por alterações tecnológicas e pelo aumento do número de empresas no mercado.
Parece claro que a relação entre a oferta e o custo dos fatores de produção seja inversamente proporcional. Por exemplo, um aumento dos salários ou do custo das matérias-primas deve provocar, coeteris paribus, uma retração da oferta do produto.
A relação entre a oferta e nível de conhecimento tecnológico é diretamente proporcional, dado que melhorias tecnológicas promovem melhorias da produtividade no uso dos fatores de produção e, portanto, aumento da oferta. Da mesma forma, há uma relação direta entre a oferta de um bem ou serviço e o número de empresas ofertantes do produto no setor.
Oferta e quantidade ofertada
Como no caso da demanda, também devemos distinguir entre a oferta e a quantidade ofertada de um bem. A oferta refere-se à escala (ou toda a curva), enquanto a quantidade ofertada diz respeito a um ponto específico da curva de oferta. Assim, um aumento no preço do bem provoca um aumento da quantidade ofertada, coeteris paribus (movimento ao longo da curva — diagrama a), enquanto uma alteração nas outras variáveis (como nos custos de produção ou no nível tecnológico) desloca a oferta (isto é, a curva de oferta).
Por exemplo, um aumento no custo das matérias-primas provoca uma queda na oferta: mantido o mesmo preço P0 (isto é, coeteris paribus), as empresas são obrigadas a diminuir a produção (diagrama b).
ALTERAÇÃO DA QUANTIDADE OFERTADA E DA OFERTA	
Fonte: Extraído de Vasconcelos, 2009.
Por outro lado, uma diminuição no preço dos insumos, ou uma melhoria tecnológica em sua utilização, ou ainda um aumento no número de empresas no mercado, conduz a um aumento da oferta, dados os mesmos preços praticados, deslocando-se, desse modo, a curva de oferta para a direita (diagrama c).
EQUILÍBRIO DE MERCADO
A lei da oferta e da procura: tendência ao equilíbrio
A interação das curvas de demanda e de oferta determina o preço e a quantidade de equilíbrio de um bem ou serviço em um dado mercado.
Seja a Tabela a seguir representativa da oferta e da demanda do bem X:
Oferta e Demanda do bem X	
Fonte: Extraído de Vasconcelos, 2009.
Como se observa na Tabela acima, existe equilíbrio entre oferta e demanda do bem X quando o preço é igual a 6,00 unidades monetárias.
Graficamente:
EQUILÍBRIO DE MERCADO
Fonte: Extraído de Vasconcelos, 2009.
Na intersecção das curvas de oferta e demanda (ponto E), teremos o preço e a quantidade de equilíbrio, isto é, o preço e a quantidade que atendem às aspirações dos consumidores e dos produtores simultaneamente. Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela de equilíbrio E (A, por exemplo), teremos uma situação de escassez do produto.
Haverá uma competição entre os consumidores, pois as quantidades procuradas serão maiores que as ofertadas. Formar-se-ão filas, o que forçará a elevação dos preços, até atingir-se o equilíbrio (ponto E), quando as filas cessarão. Analogamente, se a quantidade ofertada se encontrar acima do ponto de equilíbrio E (B, por exemplo), haverá um excesso ou excedente de produção, um acúmulo de estoques não programado do produto, o que provocará uma competição entre os produtores, conduzindo a uma redução dos preços, até que se atinja o ponto de equilíbrio E. Como se observa, quando há competição tanto de consumidores como de ofertantes, há uma tendência natural no mercado para se chegar a uma situação de equilíbrio estacionário — sem filas e sem estoques não desejados pelas empresas.
Desse modo, se não há obstáculos para a livre movimentação dos preços, ou seja, se o sistema é de concorrência pura ou perfeita, será observada essa tendência natural de o preço e a quantidade atingirem determinado nível desejado tanto pelos consumidores como pelos ofertantes. Para que isso ocorra, é necessário que não haja interferência nem do governo nem de forças oligopólicas (na economia oligopólio é uma forma evoluída de monopólio, no qual um grupo de organizações ou governospromovem o domínio de determinada oferta de produtos e/ou serviços), que tem poder de afetar o preço de mercado.
ESTRUTURA DE MERCADO
A interação entre a oferta e a demanda, que vai resultar na determinação de preço, objeto de estudo deste capítulo, é abordada sob diferentes estruturas de mercado. O termo estrutura de mercado refere-se às características organizacionais de um mercado, as quais determinam as relações entre:
• vendedores no mercado;
• compradores no mercado;
• vendedores e compradores;
• vendedores estabelecidos e novos vendedores.
A estrutura de mercado engloba as características que influenciam no tipo de concorrência e na formação de preços. Essas características são:
A. Grau de concentração de vendedores e compradores, isto é, número e tamanho de cada um no mercado. Acredita-se que uma indústria é altamente	concentrada quando apenas quatro firmas detêm 75% ou mais da produção e do mercado de um determinado produto. Nesses casos, tende a haver um grau de eficiência aquém do desejado, porque as empresas procuram alocar os recursos ineficientemente, através da interferência direta no funcionamento do sistema de preços.
B. Grau de diferenciação do produto, ou seja, grau em que um produto vendido no mercado é considerado diferente ou não-homogêneo pelos compradores. Sob o ponto de vista econômico, a diferenciação do produto objetiva tornar a curva de demanda mais inelástica (A elasticidade preço da demanda mede o quanto a quantidade demandada muda devido a uma alteração nos preços. Se a curva de demanda é elástica, receita total cai quando o preço aumenta. Se a curva de demanda é inelástica, receita total aumenta quando o preço aumenta), reduzindo assim o número de bens substitutos para este produto. Costuma-se dizer que a empresa de sucesso é aquela que consegue produzir barato algo diferenciado.
A diferenciação do produto pode ser obtida através de:
• serviços especiais aos compradores (por exemplo, uma empresa que entrega o produto na residência do comprador);
• ingredientes de qualidade superior incorporados ao produto;
• prêmios oferecidos aos adquirentes do produto;
• embalagens especiais do produto.
Curvas de Demanda segundo a Diferenciação do Produto	
Fonte: Extraído de Mendes, 2009.
Conforme podemos observar na figura acima, a curva de demanda de um produto diferenciado é mais “em pé” do que a do produto homogêneo. E qual é o porquê disso? Simples: quando um produto é diferenciado, a quantidade demandada (ou procurada) não varia muito quando o preço se desloca. Por exemplo, se a coca-cola (produto diferenciado) aumenta seu preço, ela continuará sendo vendida e a quantidade demandada cairá pouco ou nem cairá.
Ao contrário ocorre com um produto que tem vários substitutos iguais (homogêneos). Por exemplo, se você chega no supermercado e vê na sessão de ovos várias caixas diferentes, porém todas com 12 ovos. Como você escolhe? Com certeza disse: - preço! Isso porquê ovos são produtos homogêneos, então se uma granja sobe seus preços e os concorrentes não, provavelmente sua venda cairá.
CARACTERÍSTICAS DAS ESTRUTURAS DE MERCADO
INDICAÇÃO DE LEITURA
Leiam o livro Fundamentos de Economia do Professor Vasconcelos, com certeza será de grande valia para sua formação. Trata-se do livro de economia para cursos afins, mais vendido do Brasil. Didático e prazeroso são adjetivos que definem esta obra.
Introdução à macroeconomia
A palavra “economia” é muito antiga e significa basicamente “administração do lar”, ou seja, organização de recursos. Mas a economia enquanto ciência, somente pode ser considerada a partir de 1776 com o lançamento da obra de Adam Smith denominada “A riqueza das nações”. Sem dúvida é até hoje uma das mais importantes obras na área econômica. Smith organizou os pensamentos econômicos que, até então, eram fragmentados, esparsos, e neste livro escreveu sobre as funções do Estado e como as empresas e os países deveriam fazer para terem sucesso econômico.
De acordo com Smith, o Estado deveria apenas fazer valer o direito sobre a propriedade privada e garantir a segurança pública. Isto ficou denominado como “Estado Liberal”, isto é, aquele que não intervém em assuntos econômicos.
Mas esta ideia durou apenas até a década de 1930, pois com a grande depressão advinda da crise de 1929, o Estado passou a intervir de forma veemente na economia para garantir emprego e renda à população.
Em 1936, John Maynard Keynes, um dos mais notáveis economistas da história, escreveu a obra “Teoria Geral dos Juros do Emprego e da Moeda”. Nesta obra, Keynes destacava a importância do governo manter a Demanda Agregada da economia sempre em alta. Como? Através de Investimentos públicos. Keynes acreditava que o Estado tinha mais funções do que simplesmente garantir a segurança e o direito à propriedade privada, o Estado deveria gerar emprego e renda. Ele pregava o poder multiplicador do Investimento, isto é, por meio deste se gera emprego, que gera renda e enfim consumo.
O consumo aumenta sendo necessário mais investimentos que geram mais emprego, renda e consumo novamente.
Este Estado de bem estar Keynesiano durou até a década de 1970, pois a partir dos anos 1980 os países estavam endividados e, portanto, entraram num processo de desestatização (privatizações) que fora agravado na década de 1990. O setor privado passou a ditar as regras do jogo novamente e este período é conhecido como Neoliberalismo, ou seja, o novo liberal.
Atualmente, podemos dizer que o governo possui algumas funções econômicas, isto é, existem justificativas para a existência do governo. Que são:
	Funçãoalocativa, através do qual a ação do governo visa corrigir falhas da economia de mercado no uso dos recursos econômicos (fatores de produção), como é o caso de algumas externalidades. Um bom exemplo de externalidade é a poluição, em que dificilmente as empresas desejarão incorporar os custos de não poluição, a não ser que haja imposição governamental.
	Funçãodistributiva, que consiste em arrecadar impostos e contribuições dos mais ricos ou das regiões mais desenvolvidas e transferi-los para os mais pobres e regiões mais carentes.
	Funçãoestabilizadora, por meio do qual o governo procura atingir um de seus objetivos2, que é a estabilização econômica, ou seja, a estabilidade dos preços, uma das condições necessárias para que os investimentos aumentem e, com eles, o crescimento econômico, o emprego e a renda nacional. Sem dúvida, o Plano Real é um bom exemplo dessa função exercida pelo governo brasileiro.
2 Veremos adiante que o governo possui outros objetivos, como crescimento econômico, distribuição de renda e diminuição do desemprego.
As políticas macroeconômicas existem para que o governo cumpra suas funções econômicas.
ANÁLISE DO PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)
Para analisarmos a economia como um todo, devemos abordar as principais variáveis que afetama riqueza de um país, ou seja, as variáveis que afetam oPIB.
Portanto, nesta seção serão abordadas as principais variáveis: demanda agregada (Da), renda (Y), consumo (C), investimento (I), taxa de juro (r), gastos de governo (G), exportação (E), importação (M) e poupança (S).
Tendo em vista queo principal objeto da macroeconomia é a determinação do nível de atividade econômica no país, para que se possa estimar o produto internobruto, a renda gerada por esse produto e também o emprego, é fundamental excluir dosgastos (ou dispêndios) globais omontante do valor gasto com as importações, pois elasnão geram renda nem tampouco emprego aqui no Brasil.
Em suma, serão enfocados os componentes da demanda agregada ou do dispêndio nacional, queé igual a C + G + I + (E - M), a fim de se destinar a renda nacional, o produto interno bruto e o nível de emprego no país. Agora que já sabemos que a demanda agregada determina o produto, isto é, a quantidade total de bens e serviços produzidos em um país num determinado ano, é fundamental analisar cada uma das variáveis ou fatores que influenciam a demanda agregada.Assim, vamos analisar os fatores determinantes do produto. Em particular, serão analisadas as relações entre os fatores que influenciam o consumo privado, tais como renda, taxa de juros, crédito, número de prestações, riqueza. É do consumo que se tira também a relação entre poupança com a renda e a taxa de juros: a) Os gastos públicos (em consumo e em investimentos); b) O investimento privado com a taxa de juro e com o risco; c) As exportações, este é o início para demonstrar como se determina o equilíbrio da atividade econômica e o pleno emprego dos recursos produtivos.
O CONSUMO AGREGADO PRIVADO
Oconsumo privadoé o principal e o mais estável componente da demanda agregada, representando, em média, dois terços ou mais da Despesa Interna Bruta da economia brasileira, ou seja, do Produto Interno Bruto do país. Entre todos os fatores determinantes do nível de consumo, o nível de renda é, sem dúvida, o de maior importância. O consumo agregado (C) é uma função da renda disponível (Yd), chamada função-consumo, cuja notação geral é dada por: C = f (Yd). Isto significa dizer que: por renda disponível Yd entende-se aquela renda (salários, juros, aluguéis, lucros) que está à disposição do consumidor, ou seja, é a renda bruta Y deduzida dos impostos (T).
Portanto,Yd = Y - T. Assim, quanto maior o imposto, menor a renda disponível, conforme veremos no comentário sobre política fiscal, mais adiante. O consumo das famílias depende da renda que elas têm. Essa relação é positiva, ou seja, à medida que a renda aumenta o consumo também tende a elevar-se. Por outro lado, se reduz a renda, o nível do consumo fatalmente cairá. Em outras palavras,quanto maior for a renda, maiortende a ser o consumo. Admite-se que, para baixos níveis de renda, as despesas de consumo tendem a ser elevadas. Todavia, à medida que a renda se eleva, as despesas de consumo também se elevam em valor absoluto, embora passem a significar menor percentagem da renda. Em outras palavras, nas economias menos desenvolvidas, as famílias gastam proporcionalmente mais em consumo do que nas nações desenvolvidas.
Como o consumo aumenta menos proporcionalmente que a renda, quanto mais aumenta a renda da sociedade, maior é a proporção dessa renda que é poupada. Em outras palavras, pode-se dizer que o consumo cresce a taxas decrescentes com a renda, enquanto a poupança cresce a taxas crescentes. Além da renda, o consumo também é influenciado ou afetado por outras variáveis,como a taxa de juros, o valor das prestações mensais, o número de prestações, do crédito e da riqueza.
Ataxa de jurosé uma importante variável na decisão do consumo, em especial para os bens e serviços de consumo durável (automóveis, eletrodomésticos de um modo geral), que normalmente têm um valor maior e, portanto, dependem de financiamento. Como bens financiáveis, os juros têm uma direta influência sobre o valor das prestações. Assim, quanto maior o juro, maior o valor das prestações, o que, em consequência, afeta negativamente a decisão do consumo. Ademais a taxa de juros tem uma influência direta sobre a poupança, ou seja, as pessoas estarão tanto mais dispostas a aplicar recursos financeiros em poupança quanto maior for a taxa de juros (que é a remuneração da sua aplicação financeira).
Esta é a famosa Lei Psicológica Fundamental, conforme foi dita por Keynes, segundo a qual os indivíduos consomem mais conforme a renda aumenta, mas não na mesma proporção, uma vez que a poupança tende também a aumentar.
Ora, poupar mais significa consumir menos, pois poupança é uma renúncia ao consumo hoje para consumir mais no futuro. Desse modo, quanto maior a taxa de juros, mais as pessoas desejarão poupar hoje, ou seja, o consumo presente diminui. Pode-se, assim, concluir o seguinte:Quanto maior a renda e menor a taxa de juros, maior o consumo.
A taxa de juros evidentemente tem muito a ver com a oferta monetária e, também, com a demanda por moeda. Um aumento da oferta monetária, isto é, da quantidade de moeda em circulação na economia, provoca uma queda nos juros e consequente aumento do consumo de bens duráveis, em especial. Além do seu efeito sobre o consumo, na verdade a taxa de juros têm impactos diferenciados sobre os agentes econômicos, dependendo da situação desses agentes: se eles forem do setor privado (seja na situação de aplicadores, ou de devedores) ou se esses agentes forem do setor público.
Para os aplicadores privados, ou seja, aqueles que têm recursos financeiros aplicados em poupança, CDBs e fundos de investimentos (cujos rendimentos se baseiam nas taxas de juros), o aumento dos juros faz com que suas rendas aumentem (e, portanto, podem vir a consumir mais depois). Para os devedores (ou seja, pessoas que têm dívidas), o aumento dos juros faz com que suas rendas diminuam, pois elas terão que destinar mais gastos com juros. Consequentemente terão menos recursos para gastar.
Para o setor público, que, de um modo geral, tem déficit público (ou seja, gasta mais do que arrecada) e, portanto, necessita financiar-se no mercado financeiro é ruim. A escola monetária, na maioria das vezes associada à Universidade de Chicago, defende que o aumento de dinheiro em circulação provoca a elevação dos preços, ou seja, a expansão da moeda está atrelada à inflação. Na verdade, os monetaristas se preocupam muito com a expansão monetária para financiar os déficits públicos.
O aumento de juros tende a aumentar ainda mais os gastos públicos e a própria dívida pública.
Com relação às prestações, tanto o valor como o número delas têm uma influência sobre o consumo. Quanto maior o número de prestações (e, portanto, menor é o valor mensal delas), maiores as possibilidades de consumo de bens duráveis (que são financiáveis), pois os consumidores, em especial os de baixa/média renda, passam a ter condições financeiras de pagamento parcelado, apesar de as prestações se alongarem por dois ou mais anos. Essa variável (número de prestações) teve uma decisiva influência sobre o grande aumento de consumo de bens eletrodomésticos no Brasil no período 1996-1997. Nessa época, o importante para os consumidores era o fato de poder assumir as prestações, apesar de estarem pagando, ao final, duas ou mais vezes do que o valor a vista, dadas as elevadas taxas de juros. Em outras palavras, os juros altos “pesavam” menos do que a possibilidade de assumir o pagamento parcelado.
O nível de riqueza das famílias influencia, também, as decisões de consumo. As pessoas que já têm ativos (como casa, automóvel, plano previdenciário e alguma poupança) estarão mais propensas a gastar maior parte de suas rendas atuais em consumo do que aquelas que ainda não tenham nenhum desses ativos, mesmo que o nível de renda de ambas seja igual. Em outras palavras, dado o nível de renda das pessoas, tende a consumir mais quem possui mais riquezas, pois elas têm menos preocupações com o futuro.
Outro elemento determinante do consumo é a existência de crédito ao consumidor. Quanto mais desenvolvido um sistema financeiro que tenha crédito abundante, maior é o potencial de demanda por bens de consumo duráveis. Ao incluirmos a taxa de juros, a riqueza e o crédito como variáveis que influenciam o consumo, estamos nos referindo às aplicações financeiras, aos empréstimos e, portanto, ao sistema financeiro, ou seja, existindo um sistema financeiro desenvolvido, as regras desse podem estimular ou dificultar o consumo.
O estoque total de crédito concedido pelo sistema financeiro com recursos livres e direcionados totalizou R$1.706 bilhões em dezembro de 2010, elevando-se 20,6% no ano, ante expansões anuais de 15,2% em 2009 e de 31,1% em 2008, contribuindo para que a relação crédito/PIB atingisse 46,4%, ante 44,4% em 2009 e 40,5% em 2008. A participação dos bancos públicos no crédito total situou-se em 41,8% ao final de 2010, enquanto as relativas às instituições privadas nacionais e estrangeiras atingiram 40,8% e 17,4%, respectivamente.
O volume de crédito disponível em um país serve como um dos vários indicadores da capacidade de crescimentoda economia. Quanto mais empréstimos as pessoas e empresas tomam, mais recursos podem ser direcionados para consumo ou para investimentos, contribuindo para o aumento do nível de atividade. Sem dúvida, o pequeno volume de empréstimos é um obstáculo ao crescimento.
CONSUMO DO SETOR PÚBLICO
O governo, assim entendidas as administrações públicas de um modo geral, incluindo as esferas federal, estaduais e municipais e respectivas empresas estatais, também tem influência sobre oconsumo final de bens e serviços. É claro que as variáveis mencionadas (como renda, juros, prestações, riqueza e crédito) não são as que explicam o nível de consumo do setor público. Cabe ressaltar que esse tipo de consumo representa uma parcelamuito significativa do Produto Interno Bruto brasileiro. Por exemplo, o consumo final das administrações públicas está ao redor de 20% do PIB do país, ao passo que, conforme já foi mencionado, o consumo agregado privado (das famílias) absorveu a parcela em torno de 60%. Assim, pode-se dizer que, nesse período, o consumo agregado como muitos não tinham reais condições para tanto, acabaram atrasando as prestações, e o resultado foi o elevado grau de inadimplência verificado no período 1997-1998. O consumo global (privado e público) correspondeu a aproximadamente 80% do produto interno bruto do Brasil.
Esse elevado percentual do setor público no PIB decorre da forte intervenção do Estado na economia brasileira, a partir da década de 30 até meados da década de 80.
Em 1984, havia no Brasil 317 empresas estatais, sendo que 62% delas estavam ligadas ao setor produtivo e o restante era de administração descentralizada, com funções típicas de governo. Nessa época, nove enormes empresas controlavam mais de três quartos do orçamento das estatais. A partir do final da década de 80, deu-se início a uma mudança bastante radical da presença do governo no setor produtivo, com a criação do Programa Nacional de Desestatização (leia-se: privatização). Com o processo de privatização, pretendeu-se reduzir e limitar o papel do governo como estado-empresário.
INVESTIMENTO AGREGADO PRIVADO
Se a grande parte da produção de bens e serviços se destina ao consumo final (privado e governamental), outra parcela vai formar o que se chama de acumulação, ou seja, é composta por produtos ligados ao processo de formação de capital de um país. Na realidade, a acumulação diz respeito aos investimentos em bens de capital, os quais representam os acréscimos líquidos na capacidade nacional de produção. Os investimentos destinam-se à aquisição de bens de capital, que compreendem o conjunto das riquezas acumuladas pela sociedade, destinadas à geração de novas riquezas. Nesse conjunto de riqueza incluem-se: máquinas, equipamentos, ferramentas de trabalho, construções, edificações, equipamentos de transporte e equipamentos de infraestrutura econômica e social.
A função de investimento, na versão de Keynes, é indubitavelmente um dos fundamentos da procura agregada. A tomada de decisão do empresário em investir, como será visto a seguir, é resultante da comparação entre a taxa de retorno do investimento e a taxa de juros de mercado. O investimento pode ser definido como o acréscimo ao capital real da sociedade. Assim, como a poupança, ele resulta de uma abstenção do consumo imediato em relação à renda gerada no período, ou seja, estruturalmente o investimento (I) é igual a poupança (S), uma vez que eles são apenas aspectos diferentes de uma mesma realidade.
Embora a poupança resulte do comportamento coletivo dos consumidores individuais, e o investimento resulte do comportamento coletivo dos empresários e do governo, os dois se equivalem, porque qualquer um deles é igual ao excedente da renda sobre o consumo.
As igualdades estruturais e as equações fundamentais do sistema keynesiano são:
RENDA (Y) = VALOR DA PRODUÇÃO CORRENTE (VPC)
VPC = BENS DE CONSUMO (C) + BENS DE INVESTIMENTO (I)
INVESTIMENTO = PARCELA DA PRODUÇÃO DESTINADA À AMPLIAÇÃO DO ESTOQUE DE
CAPITAL
POUPANÇA (S) = EXCESSO DA RENDA EM RELAÇÃO AO CONSUMO
Ou seja:
Y = C + I
S = Y – C
Y = C + S
I = S
Fundamentalmente, o setor privado só realiza novas inversões (investimentos) se houver favoráveis expectativas de lucros. A taxa de retorno esperado do novo investimento (a qual Keynes deu a denominação deeficiência marginal do capital) é a base das decisões empresariais. Quando a eficiência marginal do capital for maior do que a taxa de juro, o novo investimento deve ser realizado. Caso contrário, o montante que seria aplicado na inversão prevista renderá muito mais se for aplicado à taxa de juros corrente. Portanto, o investimento privado (I) é uma função inversa (relação negativa) da taxa de juros (r), ou seja:I = f (r). Em outras palavras,uma queda da taxa de juros estimula os empresáriosa investir mais, e vice-versa. Assim, quanto mais baixa a taxa de juros, maior o volume de recursos que o setor privado destinará para investimentos.
A taxa de juros, na análise keynesiana, resulta do confronto da procura da moeda correspondente ao motivo de especulação e da oferta da moeda, isto é, ela é determinada no mercado monetário, que será objeto de análise mais adiante. Na realidade, o investimento depende também de outros fatores dinâmicos, como o nível derisco(leiam-se expectativas sobre as condições futuras da economia), o avanço tecnológico, ou seja, o ritmo das inovações tecnológicas, principalmente sobre os processos produtivos, o crescimento da demanda (via expansão populacional ou via aumento de renda), a política governamental, a evolução do comércio exterior, a descoberta de novos produtos e até mesmo a estabilidade política da nação.
REFLITA
Na prática, os bancos definem as taxas de juros com base na taxa básica (SELIC), acrescida de um Spread, que é a diferença entre a taxa básica e a taxa cobrada pelos produtos como cheque especial, cartão de crédito, crédito pessoal. E você se pergunta, porque o Spread é tão alto? Se ataxa básica está em torno de 10% ao ano e alguns produtos bancários chegam a cobrar 200% ao ano.
A composição do Spread é altamente influenciado por um fator chamado INADIMPLÊNCIA, ou seja, os bancos cobram nos juros o RISCO que ele tem de emprestar ao público.
Os banqueiros dizem: “No Brasil os juros são altos, pois a inadimplência é alta”!
Porém eu prefiro dizer que: “No Brasil a inadimplência é alta, pois os juros são absurdos!”
E você? Concorda comigo ou com os banqueiros?
Para maior conhecimento, leia o artigo na link que segue:
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-spread-bancario--e-o-papeldo-governo-,862852,0.htm
Entre esses fatores, cabe uma observação sobre o risco ou as expectativas sobre o futuro desta igualdade que só ocorre em situação de equilíbrio. Ressalta-se que os recursos para realizar o investimento provêm da poupança (do governo, das empresas, das famílias e do resto do mundo). Muitas vezes, a demanda para investimento (intenção de investir) está acima dos recursos disponíveis. Neste caso ocorre o desequilíbrio, economia do país.
Quanto maior o otimismo com relação ao futuro (pensando-se em economia estável e regras de jogo definidas), mais estimulados estarão os empresários a investir, pois o investimento é um tipo de aplicação de longa duração, necessitando, portanto, de um horizonte temporal de longo prazo. Neste caso, a redução de risco provoca um efeito positivo nos investimentos, deslocando a curva de investimento para a direita. Desse modo, dada a taxa de juros, quanto menor o risco, maior o investimento. Para o Brasil, é necessário e importante que os dois fatores atuem na mesma direção, ou seja, menor risco e juros mais baixos, pois assim o volume investido pelos empresários será maior.
O investimento privado depende da taxa de juros e do risco. O investimento privado ou formação bruta de capital fixo das empresas e famílias estão ao redor de 20% do Produto Interno Bruto brasileiro. Essa taxa de investimento (relação entre a formação bruta de capital fixo e o produto internobruto), no Brasil, já esteve bem acima deste patamar na década de 70. Contudo, devido aos vários problemas da economia brasileira na década de 80 (como dívida externa, inflação descontrolada, frequentes mudanças nas políticas monetária e cambial), surgiu um ambiente econômico de incertezas, de tal modo que os investimentos se retraíram. Vale ressaltar, contudo, que para que a economia brasileira gere em torno de 1,7 milhão de novos empregos demandados anualmente, a taxa de crescimento do PIB deve se situar próximo a 7% ao ano, mas, para tanto, a taxa anual de investimento global (privado e público) deve se situar no patamar de 25% do PIB.
É importante lembrar que o investimento afeta o nível de produto, porque ele é um elemento da demanda agregada. Quanto maior for o investimento ou o dispêndio em máquinas, equipamentos,edificações e construções, ou seja, em bens de capital, maior será o produto da economia (o PIB), além de gerar mais empregos e, portanto, maior renda para a coletividade.
INVESTIMENTO PÚBLICO
Além do setor privado, o governo também faz investimentos. As obras públicas, como construções de rodovias, ferrovias, aeroportos, açudes, barragens, silos e armazéns, edificações, como escolas, hospitais, e também as aquisições de máquinas e equipamentos, são bons exemplos de dispêndios do setor público na formação bruta de capital fixo do país. Na década de 70, devido à maior presença do Estado na economia, o percentual do investimento público estava ao redor de 4% do PIB. Atualmente, esse percentual é inferior a 3% se forem considerados os investimentos das Estatais, mas se for levado em consideração apenas a Administração Federal direta não chega a 1%. As compras do governo, que constituem o terceiro componente da demanda agregada, tem um efeito de alto poder sobre o nível de renda. Os gastos do governo (G) são tratados como exógenos, isto é, como uma variável que pode afetar, mas não é afetada por outras variáveis no modelo.
EXPORTAÇÕES
Um país exporta bens e serviços nacionais (E) e importa bens e serviços estrangeiros (M). Conforme foi citado, as exportações fazem parte do Produto Interno Bruto, gerando internamente renda e dispêndio, enquanto as importações transferem renda para o exterior e não fazem parte do PIB. A diferença entre as exportações e as importações representa a demanda externa líquida ou exportações líquidas. Desse modo, um aumento nas exportações líquidas X (onde X = E - M) aumenta a demanda de bens e serviços nacionais (demanda agregada), uma vez que, conforme já vimos,Da = C + G + I + X.
A expansão das exportações representa uma poderosa alavanca para o fortalecimento e expansão da demanda agregada (ou seja, da produção interna). Numa economia aberta (comércio com o exterior), as exportações fazem com que a demanda por produtos brasileiros se expanda, e, assim, a produção de bens e serviços produzidos no Brasil aumenta, gerando, em consequência, mais emprego e mais renda no território nacional. Por incrível que pareça, muitas pessoas não percebem esse efeito multiplicador das exportações sobre a economia brasileira, chegando, inclusive, a críticas do tipo: “É um absurdo que o Brasil exporte, quando há fome aqui dentro”. É fundamental que se tenha em mente que quando o Brasil exporta alguma mercadoria, o efeito é semelhante a vender aqui dentro, sob o ponto de vista de geração de renda e de emprego, sem contar que, ao exportar, estamos trazendo divisas internacionais para o país, que delas necessita para pagar as importações e outros compromissos financeiros, em especial para “bancar” o déficit na balança de serviços (isto é, pagar juros da dívida externa, remessa de lucros para o estrangeiro, pagamentosde fretes internacionais,entre outros). Em 2011, o Brasil exportou mais de US$ 250 bilhões, recorde até então.
POLÍTICAS ECONÔMICAS
Como vimos, o principal objeto da macroeconomia é estudar os elementos que determinam o nível de produção de bens e serviços (PIB), da renda nacional, do emprego e dos preços de um país, e que essas variáveis, na visão keynesiana, dependem do nível e de variações na demanda agregada, a qual é a soma dos fluxos de dispêndios em bens e serviços de consumo (privado e público), em investimento (privado e público) e exportações (ou seja, o que os estrangeiros compram de produtos brasileiros).
Quanto maior a demanda agregada por parte dos cerca de 200 milhões de brasileiros, das administrações públicas (governo), das empresas (que investem) e dos estrangeiros que compram produtos brasileiros, maior o nível de produção de bens e serviços no Brasil, maior o nível de emprego e maior o nível de renda nacional. Como para Keynes a demanda agregada influencia a produção, o controle do nível da demanda agregada é exercido pelas autoridades governamentais,ou seja, pelo governo. Essa intervenção do governo na economia faz parte da política pública.
Objetivos das Políticas Econômicas
Ao fazer as suas intervenções na economia, cujas consequências afetam a todos (consumidores, empresários, trabalhadores), o governo tem evidentemente algum objetivo. Basicamente pode-se citar quatroobjetivos da intervenção governamental, ou seja, objetivos da política econômica:estabilidade dos preços,crescimento econômico(aumento de renda e de emprego),melhor distribuição da riqueza(renda) eequilíbrionas contas externas. A prioridade do governo nesses objetivos se altera ao longo dos anos, de acordo com cada governo. Por exemplo, no início dos anos 1980, o ajuste externo era mais prioritário para o governo do que a estabilidade ou o crescimento.
Desde 1986, com o Plano Cruzado e os demais planos econômicos (Bresser, Verão, Collor I e Collor II, até chegar ao Plano Real), a prioridade número 1 passou a ser a estabilização econômica. Para o governo Lula, que se iniciou em janeiro/2003, os objetivos de política econômica mudam um pouco em relação ao governo anterior, em que a estabilidade vinha em primeiríssimo lugar. É claro que a estabilidade continua sendo importante, mas o governo atual deveria fazer um grande esforço para o país crescer mais e com melhor distribuição dessa riqueza. Quanto à repartição da riqueza, é um objetivo de mais longo prazo, uma vez que ele depende fundamentalmente da educação, a qual, infelizmente, não tem recebido a devida atenção por parte das administrações públicas.
De um modo geral, as decisões no plano macroeconômico visam melhorar a qualidade de vida das pessoas. Entre alguns dos problemas macroeconômicos que um país pode enfrentar estão: inflação(ou seja, aumento generalizado dos preços de bens e serviços), recessão ou baixo crescimento da economia, desemprego elevado, distribuição desigual de renda, variação cambial (o real em relação ao dólar pode variar muito, num determinado período), problemas no balanço de pagamentos (que registra o resumo contábil das transações econômicas do Brasil, por exemplo, com o resto do mundo), em que o país tem dificuldades em pagar suas contas externas, taxas de juros elevados no mercado interno, entre outros.
Com o objetivo de resolver ou pelo menos minimizar esses tipos de problemas econômicos, os governos fazem quase que diariamente intervenções na vida das pessoas e das empresas, via decisões políticas com interesse econômico. São basicamente quatro os objetivos de políticas econômicas: estabilidade dos preços (leia-se: inflação baixa); crescimento econômico, ou seja, crescimento da produção (de modo a garantir aumento de renda e de emprego); melhor repartição da riqueza (em particular da renda pessoal e regional); e equilíbrio nas contas externas (ou seja, que o país possa pagar seus compromissos financeiros com os demais países).
Estabilidade Econômica
Embora a estabilização econômica tenha um sentido mais abrangente, podemos entendê-la como sinônimo de estabilidade de preços, isto é, a busca por manter a inflação em nível baixo (em geral, abaixo de 6% ao ano, para um país como o Brasil, já pode ser considerado um objetivo alcançado, enquanto para os EUA esse nível é em tornode 2,5% ao ano). Taxas elevadas de inflação trazem distorções para a sociedade: piora a distribuição de renda (porque os mais pobres não conseguem, com o mesmo sucesso dos mais ricos, fazer aplicações de seu dinheiro no mercado financeiro), as aplicações financeiras passam a ter prazos menores (desestimulando os investimentos das empresas e dificultando a aquisição de moradias, por exemplo), entre outros.
Crescimento da Produção: mais renda e emprego
O crescimento econômico de um país (principalmente no caso do Brasil, que tem um elevado crescimento populacional) é, provavelmente, o mais importante objetivo de política econômica, uma vez que significa maior quantidade de bens e serviços disponíveis para a sociedade. Se a produção cresce a uma taxa superior à da população, diz-se que a produção por pessoa (a renda per capita) está aumentando. Aliás, este é talvez o único caminho para melhorar o nível de renda de um país. Como produção tem tudo a ver com emprego (inclui-se aqui não só a mão de obra, mas também outros fatores, como o emprego de recursos naturais e capital), a expansão da produção leva a geração de maior nível de emprego.
Melhora da Distribuição de Renda
Este objetivo, apesar de sua importância, praticamente nunca foi o principal em nenhum dos governos brasileiros. A péssima distribuição de renda no Brasil está, assim, a merecer que, um dia,seja objeto de preocupação dos nossos governantes. O controle da inflação no país, nos últimos anos (leia-se: Plano Real), até ajudou a melhorar esse problema (como já foi citado, em 1993, os 10% mais pobres, que detinham apenas 0,7% da renda agregada, viram sua participação aumentar para 1,1% em 2001), mas a solução para uma melhor distribuição de renda depende basicamente da melhoria na educação, especialmente nos níveis de ensino fundamental e médio. Para tanto, os ensinos fundamental e médio deveriam ser gratuitos, de qualidade, e oferecer escolas com tempo integral, como ocorre em todos os países desenvolvidos.
Equilíbrio nas Contas Externas
No balanço de pagamentos faz-se o registro contábil das transações comerciais e financeiras de um país com os demais países do mundo. Os três principais componentes do balanço de pagamentos (BP) são: a balança comercial (que registra a diferença entre exportações e importações de mercadorias), a balança de serviços (que registra as transações de serviços e de renda, tais como pagamentos de juros, turismo, fretes, remessas de dividendos e de lucros, entre outros) e os movimentos de capital (investimentos estrangeiros e ingressos de capital financeiro), além das transferências unilaterais, que, na verdade, se constituem num quarto componente do BP.
O equilíbrio nas contas externas, em especial nas transações correntes (que é o balanço entre a conta comercial e a de serviços), para um país como o Brasil, é necessário principalmente por duas razões: primeiramente porque a moeda nacional (o real, no caso do Brasil) não é aceita mundialmente (e, portanto, não pode ser usada para pagamentos de compromissos com os demais países) e, segundo, porque o Brasil não pode imprimir dólares legalmente. Se um país tem déficit nas transações correntes, ele necessariamente dependerá do ingresso de dólares no país, seja via investimentos diretos de outro país no Brasil ou via capital especulativo. Caso contrário, essa necessidade de dólares para cobrir o déficit (o que significa que estão saindo mais dólares do que entrando) só seria possível se eles viessem das reservas em dólares que o país tem. Isso só é admissível no curto prazo, e não no longo prazo, pois o volume das reservas é limitado.
Superávits permanentes podem também resultar em problemas para um país, porque o ingresso excessivo de dólares pode obrigar o Banco Central a ter que emitir moeda nacional (reais, no caso do Brasil) para fazer a conversão dos dólares por reais, uma vez que os dólares não têm livre circulação no país. Ocorre que quanto maior o volume de dinheiro (em reais) em circulação na economia, maior é a possibilidade de inflação.
Conflitos existentes
Cabe destacar a existência de conflitos entre esses quatro objetivos, ou seja, quando o governo intervém na economia para resolver um determinado problema, pode trazer consequências negativas sob o ponto de vista de outro objetivo. Por exemplo, se o governo aumenta a taxa dejuros para conter a inflação (isto é, atingir o objetivo de estabilidade dos preços), essa elevação dos juros pode desestimular o consumo e o investimento privado, retraindo a demanda agregada e, assim, pode provocar até recessão e desemprego.
São objetivos da política econômica a estabilidade de preços, o crescimento, a melhor distribuição da riqueza e o equilíbrio nas contas externas. Sem nenhuma dúvida, a partir de 1986, quando foi lançado o primeiro plano de estabilização econômica (o Plano Cruzado em fevereiro de 1986) até o final do governo Fernando Henrique Cardoso, em dezembro de 2002, a prioridade foi o combate a inflação, em que principalmente a política monetária foi utilizada como instrumento de estabilidade dos preços. Acreditava-se que nos governos posteriores o foco se alterasse um pouco, passando a ser: crescimento econômico (visando a geração de emprego) com estabilidade monetária e inclusão social (leia-se: preocupação com a repartição), mas infelizmente isso não ocorreu, pois a prioridade continuou sendo a estabilidade apesar de certo crescimento ter sido atingido, principalmente em 2010 chegando a mais de 7%.
Dilemas de política econômica: inter-relações e conflitos de objetivos
O crescimento econômico pode facilitar a solução de problemas relativos à pobreza, pois os conflitos sociais sobre a divisão do bolo produtivo podem ser abrandados quando ele aumenta. Nesse sentido, poder-se-ia aumentar a renda dos pobres sem diminuir a dos ricos. Entretanto, no Brasil e em outros países em desenvolvimento, as metas de crescimento e equidade distributiva têm-se mostrado conflitantes, fundamentalmente devido ao fator educacional, com a maioria da mão de obra com baixa qualificação e, portanto, com baixos rendimentos.
Outro conflito gerado por políticas econômicas pode ser observado entre as metas de redução de desemprego (crescimento econômico) e a estabilidade de preços. É fato que, quando o desemprego diminui e a economia aproxima-se da plena utilização de recursos, passam a ocorrer
pressões por aumentos de preços, principalmente nos setores fornecedores de insumos básicos (aço, embalagens, matérias-primas), o que explica o frequente controle do crescimento do consumo pelas autoridades para não provocar inflação. Por outro lado, observa-se que, numa situação recessiva (desemprego elevado), as taxas de inflação tendem a ceder, uma vez que as empresas estarão mais voltadas a desovar seus estoques acumulados e os sindicatos de trabalhadores não estarão tão preocupados em obter salários mais elevados, mas sim com a manutenção do emprego. Essa tendência a uma relação inversa entre inflação e desemprego.
Este dilema é denominado, na literatura econômica, trade-off entre inflação e desemprego, que é um reflexo de uma tendência cíclica da economia, alternando períodos de maior prosperidade com outros mais recessivos.
Outro exemplo bastante claro desses dilemas de política econômica ocorreu no Plano Real, a partir de 1994: a meta de redução da infl ação e de estabilização de preços foi plenamente atingida (de taxas de inflação de cerca de 50% mensais passou-se a taxas em torno de 5% a 6% ao ano). Entreos instrumentos utilizados, recorreu-se a valorização da moeda nacional perante o dólar, o que promoveu um aumento das importações e da concorrência dos produtos estrangeiros com os nacionais e o consequente barateamento dos preços internos. Entretanto, houve uma redução do ritmo das exportações (os produtos brasileiros fi aram mais caros em relação ao dólar), a balança comercial tornou-se deficitária e aumentou a vulnerabilidade externa da economia brasileira. Decidir qual o objetivo prioritário é tarefa

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