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Siderurgia: obtenção de aço Prof. Teresa Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG Unidade Ubá Disciplina: Química Industrial – II/2019 Introdução Siderurgia – indústria de ferro – forma base da estrutura econômica de um país juntamente com as indústrias de carvão e cimento. Indústria siderúrgica: ferramentas de trabalho, fabricação de máquinas e equipamentos agrícolas, construção naval, tecelagem, produtos químicos, material elétrico, material bélico, etc. Grau de progresso de uma nação (padrão de vida): avaliado pelo consumo de produtos siderúrgicos. Aço: liga metálica mais utilizada atualmente. INTRODUÇÃO E HISTÓRICO NÃO HÁ REGISTRO DO INÍCIO DE PRODUÇÃO DE FERRO PELA REDUÇÃO DOS SEUS MINÉRIOS REFERÊNCIAS MAIS ANTIGAS – SUGEREM QUE FERRO FOI EMPREGADO NA ÍNDIA E CHINA POR VOLTA DE 2000 a.C. FONTES DE FERRO: METEORITOS, FERRO NATIVO (FONTES RARAS) E MINÉRIOS FERROSOS, REDUZIDOS PELO HOMEM FATOS CONHECIDOS: MINERIO DE FERRO, MISTURADO COM CARVAO SOB TEMPERATURAS ELEVADAS PRODUZ FERRO METÁLICO PRODUÇÃO DE FERRO COMEÇOU A SER SIGNIFICATIVA NO INÍCIO DO SÉCULO XIV COM AUMENTO DA ALTURAS DOS FORNOS E CONDIÇÕES DE SOPRO SE APERFEIÇOANDO SURGIMENTO DA FUNDIÇÃO (DESCARBURIZAÇÃO DO FERRO): INDÚSTRIA SIDERÚRGICA FOI IMPULSIONADA A PARTIR DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XV – PRODUÇÃO DO FERRO PELO “REFINO” DO FERRO-GUSA. MATÉRIAS-PRIMAS Minerais: contém metais em sua composição química, que podem permitir sua extração. Rochas com grande quantidade de um elemento químico livre ou combinado com outro elemento: minério (rocha = minério quando tem importância econômica – depende da concentração e viabilidade de extração do metal de interesse) Maiores jazidas de minério de ferro no mundo: - Austrália, Brasil, Estados Unidos, Rússia, França e Inglaterra - Brasil (hematita): MG, MS, PA, AM, BA Matérias primas principais: minério de ferro, carvão e calcário - Carvão: combustível, redutor do minério de ferro e fornecedor de carbono para a liga - Calcário: material fundente, gerador da escória (subproduto do processo) PREPARO DAS MATÉRIAS-PRIMAS Preparação do minério de ferro - Objetivo: obtenção de mineral concentrado em ferro (60 a 69% Fe) - Criação da porosidade que permita passagem dos gases redutores, já que os sólidos finos do mineral dificultam a entrada de ar no processo e diminuem a velocidade com que o ar pode entrar e participar da combustão. - Aglomeração do mineral: - visa melhorar a permeabilidade da carga no alto-forno, reduzir o consumo de carvão e acelerar o processo de redução. - Permite, que seja reduzida a quantidade emitida de finos, lançada pelo alto-forno no sistema de recuperação de resíduos - Processos de aglomeração: sinterização e pelotização (aglutinação dos finos do minério) PREPARO DAS MATÉRIAS-PRIMAS Preparação do carvão - Carvão mineral, que, por não possuir resistência suficiente para suportar as cargas do alto-forno, necessita de uma etapa prévia de coqueificação. - Coqueificação: carvão sofre destilação na ausência de ar, com liberação de substâncias voláteis por 18 horas a uma temperatura de 1300 oC. Produto: coque metalúrgico, poroso, composto basicamente por carbono, elevada resistência mecânica e alto ponto de fusão. Preparação do calcário - Moído e peneirado para ser utilizado no alto-forno. Não requer reação química prévia para que seja incorporado ao forno de produção do ferro. Processo Siderúrgico Três grandes etapas: 1) redução do ferro, 2) refino e 3) conformação mecânica do metal obtido. 1) Redução do ferro (e fusão do ferro) Metais: alta tendência em doar elétrons. Nos minerais são encontrados com NOX + e é necessário que sofram redução. Alto forno: estrutura cilíndrica (30 m altura), sendo constituída de 3 partes principais: cadinho, rampa e cuba (revestidos internamente por material refratário) - Cadinho: Parte inferior - Rampa: Injeção de ar aquecido, responsável pela combustão do carvão - Topo da cuba: Carregamento do minério de ferro na forma de sínter, coque e um material fundente (calcário). Para otimizar processo de fusão de hematita, utiliza-se calcário, isto é, uma substância que reage com impurezas do minério, produzindo compostos de fácil separação (escória) e permitindo que se obtenha uma mistura de ponto de fusão mais baixo. PF da hematita: 1560 oC, mas cai para 1200 – 1300 oC com o fundente. Na produção de ferro, calcário decompõe-se: CaCO3(s) + calor à CaO(s) + CO2(g) Processo Siderúrgico Ao mesmo tempo que atua como fundente, o calcário forma o subproduto siderúrgico, a escória de alto-forno. Escória: formada a 1200 oC por meio da combinação de CaO do calcário com as impurezas do minério (ganga) e as cinzas de carvão. Ex: CaO + SiO2 à CaSiO3 Demais impurezas são usadas na fabricação de adubos, cimentos ou tijolos. Coque é utilizado para promover a redução da hematita, isto é, transformação do Fe3+ em ferro metálico, Fe. C(coque) + O2 à CO2 CO2+ C(coque) à 2CO Processo Siderúrgico CO formado irá reduzir o ferro da hematita de acordo com as etapas: 3Fe2O3 + CO à 2Fe3O4 + CO2 Fe3O4 + CO à 3 FeO + CO2 FeO + CO à Fe + CO As últimas reações fundamentais ocorrem na região de temperaturas mais altas da rampa: 3Fe + C àFe3C (ferro-gusa) 3Fe + 2CO à Fe3C + CO2 No ferro-gusa se encontram incorporados Mn, Si, P e S contidos em pequenas quantidades na matéria-prima. Ferro-gusa é liberado no alto-forno para refino. Parte superior do alto forno recolhe-se: N2 (60-65%), CO (35-40%), CO2, H2, etc. Processo Siderúrgico Ferro-gusa obtido contém entre 2 a 5% de C em massa e é usado para produzir aço, cujo teor de carbono varia de 0,5 a 1,7%, o ferro-gusa é tratado em fornos especiais de refino. Em países primitivos: minérios de ferro eram transformados diretamente em aço ou ferro-doce (sem preparação intermediaria do ferro gusa). Isso ocorria porque a temperatura dos fornos não ultrapassava 1200 – 1300 oC e assim o ferro era obtido em consistência pastosa. Início do século XIV: obtenção do ferro-gusa pelos altos-fornos. Aumentou- se a temperatura da mistura minério de ferro e carvão acima de1500 oC, de modo a obter a fusão do ferro que, reagindo com uma pequena quantidade de carbono, produzia o gusa. Processos de siderurgia atuais: indiretos por não se produzir aço a partir do minério, e sim a gusa, que é descarbonizada, formando aço. Processo Siderúrgico Ferro-gusa: 2 a 5% de C, além de outras impurezas como enxofre e fósforo, na sua composição. Para obtenção de aço à REFINO do metal nos conversores ou fornos elétricos Ferro-gusa é a matéria-prima utilizada para produção de aço. As matérias- primas são carregadas através de um eletroíma para dentro de cestões. Dos cestões, os materiais ferrosos são encaminhados aos conversores ou fornos elétricos para refino. Gusa à Aço (processo de oxidação parcial – combinação do ferro e das impurezas com o oxigênio) até que a concentração de carbono e impurezas se reduzam a valores desejados. Bessemer e Thomas (1847): injeção de ar sob pressão à aço em grandes quantidades. Linz-Donawitz: injeção de O2 puro Refino do ferro-gusa: produção do aço Conformação mecânica Moldagem do aço em diversas conformações dependendo do objetivo do uso final do produto (pregos, fios de aço, concreto armado, etc) Processos:laminação a quente e trefilação - Laminação a quente Barras produzidas nas lingoteiras são reaquecidas a 1200 oC e submetidas a esforços por compressão. O aço, é forçado a passar pelos trens de laminação que, em geral, são divididos em 3 categorias: debastadores, intermediários e acabadores. Ocorre oxidação superficial da barra, formando fios e chapas de aço: carepa de laminação. - Trefilação Rolos de fios de aço são submetidos a uma deformação a frio através do estiramento do aço. Antes disso, é necessária decapagem dos fios provenientes dos laminadores a quente para remover a carepa de laminação.